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São Gabriel da Cachoeira: Protagonismo Juvenil caminho para superar dificuldades do cotidiano

Trabalhar em rede se torna um desafio cada vez mais urgente, uma rede que liga a Igreja com outras instituições que fazem parte da sociedade. Uma importância redobrada quando isso ajuda a construir o futuro, quando estamos diante de um trabalho com os mais jovens. Nessa perspectiva pode ser entendido o encontro realizado em São Gabriel da Cachoeira nesta sexta-feira 23 de setembro. Organizado pela Secretária Estadual de Educação, a Diocese de São Gabriel da Cachoeira, em parceria com o Centro Juvenil Salesiano e a Fazenda da Esperança, foi abordado o tema do Protagonismo Juvenil. Os participantes foram adolescentes e jovens das escolas Dom Miguel Alagna, Dom João Marchesi, CETTI, e Colégio São Gabriel. Ao longo do encontro, os adolescentes e jovens apresentaram a realidade vivenciada no seu cotidiano: ausência dos pais no processo educacional, falta de políticas públicas para os jovens, necessidade de cuidado da saúde mental, abuso sexual, uso de álcool e outras drogas, exploração sexual, homofobia, xenofobia, feminicídio, dentre outras situações presentes no seu dia a dia. Trata-se de demandas, mas também de sonhos de uma vida digna com direito a diversidade, estudo de qualidade, respeito, um mundo melhor. Sonhos que na medida em que são conhecidos pelos outros, se tornam possibilidades reais. Sonhos que se sonhando juntos deixam de ser ilusão e se tornam sinal de solução. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Informações Ir. Cidinha Fernandes e Pe. Maurício Sete

Faculdade Católica do Amazonas: “Dar continuidade a esses passos tão profundos marcados na história da nossa Querida Amazônia”

A preocupação tanto com a formação inicial como com a formação permanente dos presbíteros está presente na Igreja da Amazônia. O Papa Francisco na exortação apostólica pós-sinodal “Querida Amazônia” faz um chamado a “rever a fundo a estrutura e o conteúdo, de modo que adquiram as atitudes e capacidades necessárias para dialogar com as culturas amazónicas”, insistindo em que “esta formação deve ser eminentemente pastoral e favorecer o crescimento da misericórdia sacerdotal”. Uma proposta que também aparece no Documento Final do Sínodo para a Amazônia quando fala de itinerários de formação inculturada. Um itinerário formativo espiritual que “deve ser uma escola comunitária de fraternidade, experiencial, espiritual, pastoral e doutrinal, em contato com a realidade das pessoas, em harmonia com a cultura e a religiosidade locais, próxima aos pobres”. Por isso, a Assembleia Sinodal propõe “um plano de formação que responda aos desafios das Igrejas locais e a realidade amazônica”. São elementos que se fazem presentes na Faculdade Católica do Amazonas, apresentada neste 23 de setembro com a presença dos bispos do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e de autoridades da sociedade e da Igreja católica no Amazonas. Uma sociedade que reconhece o papel da Igreja na educação do povo do Amazonas, segundo mostrou o Dr. Aristóteles Alencar, presidente da Academia Amazonense de Letras, que fez uma resenha da educação católica no Amazonas, uma oportunidade para revisar a história da Igreja da Amazônia, definindo a nova faculdade como o coroamento de um trabalho centenário. A ideia da Faculdade Católica do Amazonas surgiu um ano atrás, no dia 23 de setembro de 2021, durante a 16ª Assembleia da Associação Amazônica para Pesquisa e Educação Cristã (AAPEC). No último ano foi realizado um amplo trabalho, que Dom Edson Damian, presidente do Regional Norte1, agradeceu em nome dos bispos. Um trabalho que teve a participação do padre Ricardo Castro, Diretor da nova faculdade, que considera um kairós, expressão de “novos tempos de mulheres e homens de corações renovados, decolonizados, para novas possibilidades na Amazônia”. Ele afirmou que “nós vislumbramos como Faculdade tempos amazônicos”, lembrando que carregam “as responsabilidades de uma longa tradição histórica, a memória da Igreja missionária nesse chão, nessa realidade, memória de nossos povos, povos indígenas, povos ribeirinhos, povos quilombolas”, mas também a memória dos mártires e sábios do campo académico e das culturas da Amazônia, buscando “o cuidado pela vida, o cuidado e realização da nossa missão”. Para isso pediu que o Cristo que aponta para a Amazônia, em palavras de Paulo VI, ele “ilumine nossas mentes, nossas ações e nossos caminhos educativos”. E junto Ele, a Mãe da Amazônia, que seja companheira e mestra de labutas para “nos tornarmos cada vez mais amazônidas”. O cardeal Steiner, que disse ter saudade do seu tempo de professor, começou afirmando que “somos seres pensantes, só o ser humano pensa”, algo que obriga “a nos responsabilizar pelo nosso existir”, fazendo com isso uma referência ao lema da Faculdade Católica do Amazonas: “Vida e Verdade”. O Arcebispo de Manaus fez ver a responsabilidade de pensar, meditar, a vida que nos é dada, algo que se faz a partir do Mistério da Encarnação. Se referindo ao pensamento do Papa Francisco em Querida Amazônia, o cardeal fez um chamado à responsabilidade de “ler a realidade em sua totalidade”, em uma hermenêutica da totalidade, uma missão que deve ser assumida pela Teologia. Tudo isso em vista de buscar a verdade do existir do humano, em meio da violência, da pobreza, de tantos conflitos, neste vale de lágrimas, ressaltando que “quando encontramos a verdade no existir, se eleva a esperança”. Uma faculdade pretenciosa, segundo Dom Leonardo, que deseja “pensar a vida e a verdade, mas a partir de um Deus Encarnado”. Uma faculdade dentro de uma trajetória eclesial, em que “a Igreja foi sempre de novo tentando evangelizar, missionar, pensar a sua ação evangelizadora, como pensar o ser humano, como pensar as comunidades, como estar presente e o fez de maneiras tão diversas, mas procurou fazer também com a academia”. Uma faculdade que o cardeal não vê como ponto de chegada e sim um “dar continuidade a esses passos tão profundos marcados na história da nossa Querida Amazônia”. Uma Faculdade que Dom Leonardo quer “nos ajude a pensar”, insistindo em que “ela está ao serviço das nossas igrejas”, mas também da sociedade, agradecendo o diálogo sempre presente entre a sociedade, o mundo académico e a Igreja no Amazonas, um diálogo necessário para que “possamos pensar como é esse Deus que parece ausente no tempo da ciência e da técnica”. A partir daí descobrir a presença do Verbo Encarnado e “como Faculdade ajudarmos a construir uma sociedade mais justa, cada vez mais fraterna, uma sociedade que sai a cuidar de se mesma, uma sociedade saudável, onde ninguém se sente descartado, violentado, desprezado”. Uma Faculdade que seja “expressão da familiaridade de nosso povo”, que se faz presente na solidariedade e receptividade do povo, que faz a quem chega se sentir em casa. Tudo isso tendo presente que pensar a educação é pensar nas futuras gerações e no futuro da humanidade, é algo profundamente arraigado na esperança e exige generosidade e coragem.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Regional Norte1 encerra 49º Assembleia com propostas sobre Ministerialidade, povos indígenas e juventude

Uma Assembleia de muita escuta, uma atitude cada vez mais presente na Igreja. A 49ª Assembleia Regional Norte1, realizada de 19 a 22 de setembro na Maromba de Manaus, tem sido momento para que os participantes possam partilhar a vida das igrejas particulares, das pastorais e movimentos, e juntos construir os elementos que possam ajudar na caminhada das igrejas locais, que não podemos esquecer são “os grandes agentes de concretização das Diretrizes regionais”, segundo enfatizou o padre Zenildo Lima. Uma Assembleia sem vaidade, atitude sobre a que refletiu Dom Giuliano Frigenni, â luz das leituras da Liturgia do último dia do encontro. Segundo o Bispo de Parintins, “a vida sem Cristo se torna uma vaidade”, chamando a ficar atento diante dos ídolos, das ideologias, das construções ideológicas. Frente a isso, ele convidou a fazer memória, a reconhecer Jesus presente em toda realidade, insistindo em que “nada é vaidade para nós, tudo é encontro com Ele”. Uma Assembleia que Dom Edson Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional Norte1 definiu no momento de clausura como “um tempo de sinodalidade, de comunhão“. Desde a realidade sociopolítica, eclesial e pastoral, os participantes da 49 Assembleia Regional Norte1 refletiram sobre o papel da Igreja diante da situação atual. Uma reflexão que não pode ser esquecido, tinha como ponto de partida o tema do encontro: “Santarém – encarnação na realidade e evangelização libertadora: caminho de Comunhão, Participação e Missão. Em relação à Dinamização da Ministerialidade, uma reflexão presente na Igreja universal, mas sobretudo na Igreja da Amazônia, foram propostas algumas ações, como é “um ministério conferido pelo bispo aos cristãos leigos e leigas, com mandato oficial e reconhecimento nas instâncias locais”, que exerceria, como de fato acontece em muitas comunidades nas igrejas locais do Regional Norte1, os serviços da Celebração da Palavra, o serviço à Eucaristia, introduzir os irmãos e irmãs na fé, administrar o Batismo, testemunha qualificada do Matrimônio, responder oficialmente pela comunidade, e ainda outras atribuições de acordo com a realidade da comunidade. Nesse sentido, foi destacado a importância da figura do Catequista nas comunidades ribeirinhas e das lideranças indígenas. Também o protagonismo exercido por mulheres, garantindo-lhes participação em instâncias de decisão. Deve ser procurar o reconhecimento dos serviços e a real diaconia do grande número de mulheres que hoje dirigem comunidades na Amazónia e procurar consolidá-los com um ministério adequado de mulheres dirigentes de comunidade, colocou a Assembleia. Junto com isso, outros ministérios, como o Ministério do Missionário e Missionária; do Cuidador da Casa Comum; a solicitação à Santa Sé a Ordenação Presbiteral daqueles que já exercem o diaconato permanente de modo frutífero, um pedido do Documento Final do Sínodo para a Amazônia; a valorização e envolvimento nas ações de evangelização dos presbíteros que deixaram o exercício do ministério e constituíram família; implementar o Ministério do Catequista instituído pelo Papa, bem como o Leitorato e Acolitato conferido às mulheres. Tudo isso valorizando os ministérios que surgem das comunidades, não ministérios que são impostos desde fora. Ver o que a comunidade necessita, o que ela está pedindo. Para fazer isso realidade, as igrejas particulares são desafiadas a estar atentas às demandas das comunidades eclesiais e assim reconhecer pessoas aptas para novos ministérios, marcando linhas para um processo de formação de ministros. O Regional também tem sido chamado a dar passos, com a realização de um Seminário Regional sobre Ministérios a partir de lideranças locais, avançar no diaconato permanente conferido às mulheres, um pedido do Documento de Santarém 2022, criando um grupo de estudos sobre a questão reunindo mulheres que pensam a partir da Amazônia. O Regional Norte1 tem entre suas prioridades a opção preferencial pelos povos indígenas, com suas culturas, identidades e histórias, apoiando o trabalho do Conselho Indigenista Missionário e das organizações indígenas da sociedade civil, o que tem levado à Assembleia a propor a ampliação da Pastoral Indigenista, apoiar as populações indígenas a partir de suas próprias indicações, com uma atitude de escuta, a fomentar e formar grupos de lideranças locais para proteção de territórios, e também incentivar a sustentabilidade dos povos a partir das perspectivas de economia solidária – Economia de Francisco e Clara. Os indígenas presentes na Assembleia partilharam a realidade dos povos originários, suas lutas, o trabalho da Igreja, dos missionários, mas também dos catequistas locais. Eles insistiram na necessidade de escutar os indígenas, de inseri-los nos processos. Também denunciaram o garimpo, as madeireiras, a pesca predatória, o álcool, as drogas, relatando situações de jovens indígenas que tomam gasolina, a falta de políticas públicas para que o povo tenha um sonho na frente. Um elemento destacado foi a necessidade de formação política nas comunidades indígenas, e junto com isso fazer alguma coisa para que o povo possa se empoderar. Áreas indígenas onde o trabalho evangelizador é muitas vezes conduzido pelos leigos, que se tornam referentes na vida das comunidades acompanhadas por eles. Isso demanda apoio para criar lideranças que assumam o trabalho de evangelização em cada uma das comunidades. Para isso, algumas dioceses criaram escolas de formação, uma ajuda na evangelização dos catequistas nas áreas mais distantes. Do mesmo modo ser presença junto aos quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, seringueiros e demais povos e comunidades tradicionais, para defenderem suas terras, territórios, águas, mediante o fortalecimento da Comissão Pastoral da Terra, do Conselho Pastoral dos Pescadores, da Pastoral dos Afro-brasileira. Trata-se de valorizar e apoiar ações comunitárias e territoriais em torno de práticas sustentáveis na agricultura familiar e do intercâmbio intercultural de saberes e conhecimentos tradicionais. Do mesmo modo, visando combater a violência cada vez mais presente nos rios, que dificulta a vida do povo e o trabalho missionário, instigar Políticas Públicas e uma Audiência Pública sobre a violência perpetrada pelos piratas nos rios. Em relação com a juventude foi colocado a necessidade de retomar um caminho de aproximação dos jovens, refazendo por eles uma opção preferencial, promovendo seu acompanhamento em todos os contextos e em suas diversas expressões: formando líderes, incentivando o protagonismo, estimulando o voluntariado, reforçando a catequese, desafiando os jovens à missionariedade,…
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Ir. Elis Ribeiro dos Santos desde Assis: “Construir projetos juntos a partir da defesa dos nossos povos”

A diversidade é um elemento presente no Encontro da Economia de Francisco que acontece em Assis de 22 a 24 de setembro. Do evento fazem parte três jovens indígenas, duas brasileiras, Bárbara Borum Cren, e Elis Alberta Ribeiro dos Santos, e a peruana Ilu Fernández, entrevistadas por Silvonei José para VaticanNews em português. Bárbara chegou em Assis desde o Alto Rio Doce, no Estado de Minas Gerais, uma região montanhosa, onde ela diz se conectar com a ancestralidade presente nas montanhas, que “guardam as memórias ancestrais dos nossos povos originários daquelas terras”. A jovem indígena afirma ter nascido na luta em defesa dessas montanhas, hoje destruídas pela mineração, diante do qual ela diz sentir “dores no meu próprio corpo, porque elas são meu próprio corpo”. Isso leva a jovem indígena a defender os povos massacrados pela questão das riquezas minerais nessa região. Ela denuncia que “foi declarada uma guerra de extinção para o meu povo”. Hoje são duzentas famílias indígenas na região, durante muito tempo escondidas para sobreviver, um tempo em que não podiam dizer que eram indígenas. Por isso, estar em Assis é “uma oportunidade imensa para ecoar as nossas vozes que há muito tempo foram silenciadas”, sendo sua presença “continuidade dessa luta das minhas ancestrais que lutaram, que morreram, que foram estupradas”. Uma presença indígena que está em todo o continente americano, não só na Amazônia, insiste Bárbara, que insiste nessa presença indígena em todos os lugares, nas cidades, nas aldeias, nas montanhas, no Cerrado, na Mata Atlântica, insistindo na estreita relação dos povos indígenas com os elementos de cada bioma. A jovem indígena relata as dificuldades para lutar pela natureza, “especialmente quando estamos no território tendo que lidar frente a frente com essa colonização que avança”. Povos indígenas que tem que “enfrentar com os próprios corpos o avanço da mineração, o avanço do capital nas terras, o avanço do agronegócio”, que provoca perseguições, violências e muitas mortes. Mesmo morando na cidade e estar aparentemente integrada, “a integração realmente não existe”, e estar na cidade é estar constantemente lidando com as tentativas de acabar com os povos indígenas. Elis é indígena do povo Mura, no Estado do Amazonas, e religiosa da Congregação da Divina Providência. Nascida em Manaus, onde seus ancestrais migraram da região do município de Itacoatiara, em consequência dos projetos coloniais, que acabaram com o ambiente onde eles viviam. A religiosa fala sobre a importância de “uma tecnologia que possa defender a natureza, o ambiente em que a gente vive, essa composição que compõe os nossos corpos”. Ela insiste na conexão entre os rios, as florestas e os nossos corpos. Como indígena, a Ir. Elis diz trazer o diferencial para a Vida Religiosa, numa congregação de origem alemã, querendo “trazer as vozes indígenas para que as irmãs possam assumir essa luta junto com a gente”. Sua congregação, presente em diferentes locais da Amazônia, diz querer se juntar a todo o movimento da Igreja, do Sínodo para a Amazônia, da REPAM, da qual ela faz parte, ao Cardeal da Amazônia, buscando promover “toda essa reflexão a partir de uma perspectiva indígena”, que leve a uma liturgia desde uma perspectiva indígena, que as vozes indígenas sejam ecoadas, que as pessoas possam aprender dos indígenas e possa ser realizada uma reparação histórica, também enquanto Igreja. Tudo isso, segundo a religiosa da Divina Providência, “para que as populações indígenas possam realmente se sentir parte, desde uma verdadeira sinodalidade, e construir projetos juntos a partir da defesa da Amazônia, a partir da defesa dos nossos povos que estão sendo ameaçados, assassinados pelo atual governo brasileiro, porque o genocídio no Brasil está institucionalizado, a polícia mata”. A Ir. Elis diz ter levado até Assis as vozes dos kaiowá do Mato Grosso, “diariamente assassinados e perseguidos, como também nós somos perseguidos quando ocupamos nossos lugares na universidade, nós sofremos de um racismo estrutural”, fazendo um chamado a ter suas vozes e conhecimentos tradicionais valorizados, e construir suas epistemologias a partir de seus saberes tradicionais. Jaén (Peru) é uma cidade onde vivem os povos indígenas Wampis e Awajun. A jovem peruana, que vive nessa cidade, diz que quer tornar visíveis os problemas enfrentados pelos povos indígenas do norte do Peru, cuja união com a natureza, que permite a sustentabilidade, se destaca. Estes problemas têm a ver com o tráfico de drogas, o corte ilegal de madeira e o tráfico de terras, um fenômeno crescente que também aumentou o número de líderes indígenas assassinados nos últimos anos por aqueles que querem assumir o controle de seus territórios e depois comercializá-los, algo que eles também fazem com o corte ilegal de madeira como um passo preliminar às plantações de monoculturas.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Juntos somos mais e chegamos mais longe

Na Igreja católica hoje se fala muito de sinodalidade, mas na verdade esse caminhar junto é uma preocupação presente há muito tempo. No Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil essa sinodalidade se faz presente nas assembleias do Regional, que acontece pela 49ª vez de 19 a 22 de setembro na Maromba de Manaus. As Assembleias do Regional Norte1, onde participam os bispos, padres, representantes da Vida Religiosa, do laicato e dos povos indígenas, são momentos em que se concretiza uma Igreja de comunhão, participação e missão, temática presente no Sínodo sobre a Sinodalidade que está acontecendo na Igreja e que vai ter sua assembleia sinodal em 2023. A 49ª Assembleia Regional Norte1 analisou a realidade sociopolítica e eclesial como elementos que ajuda a encontrar o caminho a seguir. Uma caminhada que se concretiza na vida das dioceses e prelazias, mas também das pastorais e movimentos, que tem apresentado os elementos presentes na vida cotidiana ao longo dos últimos 12 meses. A orientação dessa caminhada está nas Diretrizes para a Ação Evangelizadora do Regional, alimentadas pela vida pastoral, e no último ano de modo especial pela comemoração dos 50 anos do Encontro de Santarém, que foi motivação do IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal que aconteceu em Santarém no mês de junho de 2022. Assumir que juntos somos mais e chegamos mais longe é um desafio na vida da Igreja. O conhecimento mútuo, a caminhada conjunta, ajuda a superar esses desafios. Daí a importância da Assembleia Regional, expressão de uma Igreja sinodal onde todos são chamados a estar à escuta de todos e todos à escuta do Espírito Santo, que se faz presente em todos os batizados e batizadas. A Assembleia Regional, onde são escutadas as vozes chegadas das várias igrejas particulares que fazem parte do Regional Norte1, as vozes nascidas dos diferentes ministérios presentes na vida da Igreja, representa um elemento fundamental na vida de uma Igreja que na Amazônia quer assumir uma evangelização libertadora que parte da encarnação na realidade. Como assumir a necessidade de caminhar juntos nos diferentes espaços da Igreja, mas também da sociedade? Quais os passos a serem dados para sermos presença do Deus da vida em meio a uma sociedade que cada vez precisa mais de sua presença e de sua luz? Como fomentar o diálogo, a fraternidade, a sororidade na Igreja e na sociedade? Como superar visões individualistas da realidade e da fé que nos distanciam daqueles que deveriam ser vistos como companheiros e companheiras na caminhada? É tempo de construir juntos, de entender as dinâmicas que nos ajudam a descobrir os fundamentos da nossa vida e da nossa fé. Não duvidemos que isso nos enriquece e nos aproxima dos outros, mas também de um Deus que é comunidade e que nos chama a ver nos outros a presença de um irmão, de uma irmã, e não de um inimigo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Altevir: “A misericórdia do Pai, ela deve nos anteceder sempre nos caminhos da missão”

Uma Igreja onde quem chega se sente encantado diante de tanta coisa bonita acontecendo. As palavras de Dom José Altevir da Silva na celebração eucarística com que a 49ª Assembleia Regional Norte1 iniciou seus trabalhos no seu terceiro dia, ajudam a entender a dinâmica que vai além das atividades e da programação da missão, descobrindo “esse paradigmático que surge a partir da ligação, do jeito bonito de celebrarmos, de partilhar, da paciência de ouvir o outro”, segundo o Bispo da Prelazia de Tefé, para quem “a essência da missão passa por essa escuta e chega aos nossos corações”.   Dom Altevir destacou a presença de Jesus no meio dos publicanos e pecadores, o que incomodou muito aos fariseus. Diante disso fez ver que “não existe vivência da Palavra de Deus sem a misericórdia, sem a caridade”, e junto com isso que “a misericórdia do Pai, ela deve nos anteceder sempre nos caminhos da missão”. O Bispo da Prelazia de Tefé insistiu “na misericórdia infinita de Deus diante daqueles e daquelas que chama para a missão”, que chama não pelos méritos, mas “por pura misericórdia dele”, chamando também àqueles que são completamente diferentes. O bispo chamou a irmos ao encontro de uma Igreja ministerial, a ser dom de Deus na vida das pessoas, buscando “assimilar, buscar acreditar, que não somos nós que fazemos a missão. A missão é de Deus e devemos ser instrumentos afinados em suas mãos”. Dom Altevir chamou a “ir para as galileias da nossa Amazônia”, para o lugar dos pobres, a seguir o exemplo de Mateus e levar os pecadores até Jesus, movidos pela “confiança tremenda na misericórdia de Deus”. Uma misericórdia de Deus presente na vida e no lema episcopal do Papa Francisco, que experimentou na sua vida a misericórdia de Deus e o levou a ser religioso, lembrou Dom Altevir, que chamou a aprender a lidar com o Evangelho da misericórdia e da esperança, especialmente junto ao povo mais sofrido, mais abandonado, “para que assim nós possamos atrair os pecadores a Jesus para em Jesus encontrar o caminho da verdadeira libertação”. Uma missão que se vive na sinodalidade, uma reflexão presente na Igreja católica dentro do processo sinodal que está sendo vivido a caminho do Sínodo de 2023. Uma sinodalidad que tem como fundamente uma Igreja povo de Deus, comunidade, que aparece na Lumem Gentium, uma Igreja que recupera a dignidade de todos os batizados no interior da comunidade eclesial, se tornando sujeitos ativos na missão, segundo o padre Jânio Negreiros. O Coordenador de Pastoral da Diocese de Parintins recolheu as experiências vividas na etapa diocesana do Sínodo nas igrejas particulares do Regional Norte1, que mostram a unidade na diversidade e a necessidade de uma nova mentalidade, de uma Igreja que atinge a todos, chamada a seguir a proposta eclesial que o Papa Francisco apresenta na Evangelii Gaudium. O padre Jânio foi apresentando o que aparece de positivo na escuta sinodal (vida de fé, comunhão, protagonismo feminino, juventude criativa, leigos e leigas engajados), mas também as preocupações (individualismo, competitividade, escândalos de abusos sexuais e financeiros, autoritarismo, clericalismo, falta de sentido eclesial), que nascem da realidade eclesial do Regional Norte1. O coordenador de pastoral apresentou elementos que favorecem e motivam o caminhar juntos, mas também chamou a reagir numa “atenção emergencial”, diante da “diminuição significativa da presença dos jovens na Igreja”. Ele apresentou alguns desafios do Sínodo, questionando sobre o modo de ser mais sinodais e as dificuldades para caminhar juntos. No Regional Norte1, segundo foi apresentado na Assembleia, as pastorais são expressão desse trabalho em comunhão. Cada uma dessas pastorais foi mostrando sua presença em cada uma das dioceses e prelazias, algo que tem se concretizado no último ano nos encontros a nível local e regional. Dentro do Regional existem organismos comuns, como a Comissão de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis, que crio uma comissão de escuta e encaminhamento, não para resolver os processos, em nível regional, voltada exclusivamente para os abusos cometidos por padres, religiosos, religiosas e agentes de pastoral. Um passo a mais no combate aos abusos, buscando a dignidade da criança, dos adolescentes e as pessoas vulneráveis, algo ressaltado pelo Papa Francisco. Também tem caráter regional o Tribunal eclesiástico, mesmo sendo recomendado um trabalho nas dioceses e prelazias que ajudem na resolução dos processos canónicos. Numa Igreja missionária, como é o Regional Norte1 essa dimensão tem estado e vai estar presente. Foi relatada a participação no Congresso Missionário Nacional para Seminaristas realizado em João Pessoa em julho com a presença de 8 seminaristas do Regional Norte1, buscando fomentar a abertura à missão ad gentes. Também a Experiência Missionária para Seminaristas denominada “Pés a Caminho” e que será realizada de 5 a 17 de janeiro de 2023 na Arquidiocese de Manaus, e o Congresso Missionário Nacional de 11 a 15 de novembro de 2023, também em Manaus, organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias. De cara ao futuro, a 49ª Assembleia Regional fez propostas em relação à ministerialidade, povos indígenas e juventudes, discutidas em grupos: laicato, presbíteros, Vida Religiosa, diáconos e bispos. Propostas que respondem à realidade do Regional, inspiradas nas propostas surgidas do Sínodo para a Amazônia e do Documento dos 50 anos de Santarém. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Realidade sociopolítica, eclesial e pastoral fundamento da caminhada do Regional Norte1

Analisar a conjuntura sempre tem sido um elemento importante para a Igreja do Brasil. Seguindo esse costume, depois da celebração presidida por Dom Leonardo Steiner, em que foi acolhido como Cardeal da Amazônia pelo Regional Norte1, foi analisada a conjuntura social e eclesial. O Brasil, tem sido historicamente uma sociedade marcada sistematicamente por desigualdades em que poucos tem acesso a muito e muitos têm acesso a pouco, segundo Marcelo Seráfico. Uma realidade atual, que se faz visível na insegurança alimentar, que atingem 60% por cento da população, mesmo com o aumento da exportação de alimentos, no trabalho informal, na falta de moradia, com uma parte significativa da população, no Amazonas 50%, que vive em favelas, a perda de direitos trabalhistas. Segundo o professor da Universidade Federal da Amazônia (UFAM), a Constituição de 1988 surgiu para reparar as desigualdades, algo que não se conseguiu. Hoje a sociedade brasileira está marcada pelo autoritarismo, a violência como algo normalizado, que se tornou entretenimento nos meios de comunicação e nas conversas entre as pessoas, afirmou Seráfico, que falou da “normalização do absurdo”, de uma sociedade que expulsou aqueles que mais precisam através de mecanismos econômicos. Uma população desencantada com a política, que foi aproveitado por políticos sem escrúpulo, que tem conduzido à criminalização, à agressão do diferente, à suspensão do diálogo, à educação para a competição. Isso demanda, segundo o professor resolver os problemas históricos, a autoritarismo histórico nas relações. Mas também, olhando para a sociedade atual, diante da tentativa de liquidação do país, que na Amazônia se faz visível na medida em que é vista como lugar de expansão da fronteira de exploração, que se dá de forma violenta, de maneira brutal, voltar a um projeto de país onde existe a coisa pública, onde se fale de distribuição, de novas estratégias e políticas, que superem as fronteiras. Isso numa Igreja onde o grande protagonista é o Papa Francisco, segundo Dom Adolfo Zon, que analisou a conjuntura eclesial. Um Papa, considerado como exemplo para a Igreja, que aposta numa “Igreja despojada, em saída, dialogal, evangelizadora, todos caminhando juntos, a serviço da paz e do cuidado da criação”. Um Papa que insiste na sinodalidade como caminho e na importância do povo de Deus e da missão, querendo combater “a auto referencialidade, o clericalismo, o mundanismo espiritual e litúrgico, o pelagianismo pastoral, o gnosticismo doutrinário”, o que segundo o bispo, “tem deixado uma porção de clérigos e seminaristas aborrecidos com o Papa”. Dom Adolfo foi relatando diferentes experiencias de sinodalidade vividas na Igreja do Brasil nas últimas décadas, uma sinodalidade que “exige mudanças no Direito Canônico”, uma sinodalidade que, mesmo aos poucos, vai se fazendo presente no maior protagonismo das mulheres, dos leigos, em espaços de decisão, inclusive na Cúria Vaticana. Também mostrou a maior presença no Colégio Cardinalício de purpurados chegados das periferias, destacando que em um conclave os europeus já não seriam europeus. O Bispo da Diocese de Alto Solimões falou sobre posturas contrárias ao Magistério do Papa Francisco, sobre influencers que “agradam o ouvido popular com aspectos devocionais e catequese tradicional”, que “apresentam rigidez, agressividade, acusações a inimigos, com juízos inadequados e injustos”. Dom Adolfo também relatou “o índice crescente e preocupante de depressão e de suicídios de clérigos”, as contradições presentes na Igreja, as consequências da pandemia, que também é vista como ajuda para “sensibilizar e refletir sobre a vulnerabilidade, a finitude, a necessidade de amparo e de elaboração de perdas no luto, de escuta e de acompanhamento pastoral”. O Regional Norte1 tem como fundamento da sua caminhada eclesial as Diretrizes, que nos ajudam a perceber que nossos processos pastorais, mesmo com as dificuldades, continuam avançando. Isso apareceu na partilha da caminhada das dioceses e prelazias do Regional no último ano, mostrando as ricas experiencias que fazem parte da vida das igrejas particulares do Regional Norte1 da CNBB. Diretrizes que tem elementos comuns com o Documento nascido do IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, realizado com motivo dos 50 anos do Encontro de Santarém, “certidão de batismo da Igreja da Amazônia”. Documentos que tem como base a encarnação na realidade e a evangelização libertadora, “um chamado para que todo processo de evangelização não se distancie do anúncio kerigmático”, segundo o padre Zenildo Lima. Buscar uma evangelização que interfira na vida das pessoas, uma Igreja que não tem atitudes em torno de si mesma e sim da vida das pessoas. Isso em profunda comunhão com a caminhada da Igreja do Brasil. Umas Diretrizes que a 49ª Assembleia do Regional Norte1 quer fazer avançar segundo as interpelações do Encontro de Santarém do passado mês de junho. Elementos que incidem em múltiplos elementos presentes na vida das igrejas particulares, das paroquias e comunidades, das pastorais e movimentos, marcadas pela missionariedade, “carteira de identidade da Igreja da Amazônia”, como a definiu o reito do Seminário São José, pela sinodalidade, assumida mesmo nas dificuldades provocadas pelas grandes distâncias que fazem parte das igrejas do Regional Norte1, pela ministerialidade, e tantos outros elementos que enriquecem uma caminhada que anima a continuar avançando. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Regional Norte1 acolhe seu Cardeal, que espera que “demos passos para que a Igreja possa dar passos”

O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vive com alegria o carinho do Papa Francisco pela Amazônia, uma atitude que teve um grande gesto com a nomeação cardinalícia de Dom Leonardo Steiner, metropolita da província eclesiástica de Manaus. O Cardeal da Amazônia, que relatando sua estadia em Roma com motivo do consistório destacou a grande esperança que a Igreja universal está depositando na Igreja da Amazônia, dizendo esperar que “demos passos para que a Igreja possa dar passos”. Dom Leonardo, que presidiu a Eucaristia que deu início aos trabalhos do segundo dia da Assembleia, que acontece de 19 a 22 de setembro de 2022, representadas nos mais de 70 participantes da 49ª Assembleia do Regional e nos seminaristas das dioceses e prelazias que se formam no Seminário São José, insistiu mais uma vez, como tem feito desde que conheceu sua nomeação, que seu cardinalato “é mais um gesto do Papa Francisco em relação às nossas igrejas que estão na Amazônia, não é uma questão pessoal”. O cardeal Steiner se referiu às palavras do Papa Francisco quando ele entregou os distintivos cardinalícios, onde mostrou “o olhar dele para as igrejas que estão na Amazônia, não um olhar para os bispos, um olhar para a Igreja que está na Amazônia”. Uma Igreja que “procurou nesse tempo todo ser uma Igreja encarnada, uma Igreja participante das dificuldades, das tensões, das injustiças”, insistindo em que estamos diante de “um pequeno sinal do Papa Francisco do que ele espera de nós como Igreja que está aqui encarnada e procura ser uma Igreja consoladora e libertadora”. Agradecendo os presentes que cada uma das dioceses e prelazias do Regional entregaram para ele, que definiu como “bonitos e significativos”. Como já tinha feito na homilia, Dom Leonardo destacou a importância da Palavra, um elemento presente em seu lema episcopal. “O Verbo feito carne”. Uma Palavra presente nas igrejas do Regional, uma Igreja que “no meio das intempéries nós vamos nos gestando uma Igreja na força da Palavra”. “Uma Palavra que vai nos gestando, nessa dinâmica da maternidade da Palavra”, afirmou o purpurado, que vê a Palavra como aquilo que “vai tornando a vida cada vez mais harmónica, para que a vida chegue a sua plenitude e se torne palpável e visível”. O cardeal Franciscano lembrou do pedido de Francisco de Assis aos seus irmãos, chamando-os “a que concebessem a Palavra e a dessem à luz”. Uma Palavra que ao se tornar luz aparece como “Palavra consoladora, Palavra de Vida”, que vai nos transformando e nos tornando na Palavra irmãs e irmãos. Uma Palavra que em nós se torna visível, sensível, uma Palavra que vai formando, gestando comunidades através de séculos, algo que na Amazônia faz parte da vida das comunidades mais distantes, que “são gestadas continuamente pela Palavra”. Uma Palavra que vai se tornando visível “nos nossos gestos, na nossa proximidade, na nossa samaritaniedade, no nosso despojamento, nosso esvaziamento, no nosso acolhimento. Uma Igreja presente, ativa, transformadora, libertadora, que nós queremos ir meditando nesses dias, uma Igreja que realmente vai se encarnando”. Uma Igreja que, segundo Dom Leonardo, “vai percebendo que sem a Palavra, ela não liberta”, insistindo em “como estamos hoje necessitados de uma libertação”. Uma Palavra que “ajuda a transformar as nossas realidades sociais, e por que não dizer, as nossas realidades políticas”. No Evangelho do dia, Dom Leonardo também disse ver “uma Palavra de esperança, uma Palavra iluminadora para perseverarmos nesse caminho que estamos trilhando há tanto tempo, um caminho que é uma herança de uma Igreja que caminhou tanto através dos séculos”. A partir daí mostrou seu desejo de continuar caminhando “numa Igreja que sai, que todos somos povo de Deus, uma Igreja profundamente sinodal”. Uma Igreja onde o Verbo se fez carne e habita os beiradões, as aldeias, os quilombos, os assentamentos, as periferias. Uma Igreja que com seu cardeal, reafirma seu compromisso como Igreja junto aos povos que habitam nossa Querida Amazônia, a exemplo de Santarém, numa encarnação na realidade e evangelização libertadora, caminho de comunhão, participação e missão. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

49ª Assembleia Regional Norte1 inicia com o Sínodo e Santarém como pautas em destaque

Uma assembleia marcada pelo Sínodo sobre a Sinodalidade, os 50 anos de Santarém e o Documento Memória e Gratidão que surgiu do encontro realizado no mês de junho, que acontece 15 depois da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O Regional Norte1 da CNBB realiza de 19 a 22 de setembro sua 49ª Assembleia com a participação de mais de 70 pessoas chegadas das noves dioceses e prelazias que compõem o Regional, que se apresentaram no início dos trabalhos. Um tempo para refletir sobre o trabalho realizado na fase diocesana do Sínodo, que segundo o Cardeal Mário Grech, teve uma grande participação, dado que a prática totalidade das conferências episcopais do mundo enviaram seus relatórios, com sugestões muito positivas, segundo recolhe a carta enviada pelo Secretário do Sínodo aos bispos. Na carta, o Cardeal Grech insiste em que a sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio. Uma Igreja sinodal onde todos são chamados a estar à escuta de todos e todos à escuta do Espírito Santo. O processo sinodal está mostrando a riqueza espiritual e pastoral que existe na Igreja, a presença do Espírito Santo no santo povo de Deus, onde todos os batizados são chamados a caminharem juntos. O Documento Memória e Gratidão, fruto do encontro dos 50 anos de Santarém, será base para implementar as diretrizes e ações evangelizadoras no Regional Norte1, segundo o presidente do Regional, que insistiu na comunhão, participação e missão, como elementos fundantes da 49ª Assembleia, chamada a experimentar o trabalho do Espírito Santo, de baixo para cima. Dom Edson Damian destacou a participação dos leigos, leigas e dos indígenas, para que eles tenham a palavra e a voz, pedindo que o Espírito Santo ilumine e conduza os participantes da Assembleia. O presidente do Regional Norte 1 ressaltou a Mensagem ao povo de Deus da 59ª Assembleia Geral CNBB, destacando elementos presentes no texto que devem levar à reflexão. Iniciada com um momento orante, o primeiro dia da 49ª Assembleia do Regional Norte1 teve como momento mais destacado a apresentação do relatório da presidência, realizada por Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo de Borba e Secretário do Regional, e a Ir. Rose Bertoldo, Secretária Executiva do Regional, recolhendo o acontecido de outubro de 2021 a setembro de 2022. Um relatório que quer ser uma pequena memória da caminhada do Regional, mas também da Igreja universal, da América Latina e do Brasil. Um relatório que mostrou as numerosas atividades que ao longo do ano foram acontecendo e as forças vivas que existem com diferentes rostos. Também para agradecer “a todas as lideranças, agentes de pastoral que entregam a vida pela causa do Reino de Deus no chão da Amazônia e para além dela”. Tudo isso na dinâmica da sinodalidade, um caminho já consolidado no Regional Norte1 da CNBB. Um ano marcado pela escolha de Dom Leonardo Steiner como cardeal, o Cardeal da Amazônia, porta-voz e colaborador direto do Papa Francisco. O relatório foi colocando os muitos elementos e momentos mais destacados ao longo do ano em diferentes níveis, um ano em que os bispos do Regional Norte1 realizaram a visita Ad Limina ao Papa Francisco de 20 a 24 de junho de 2022. Dentre outros foi colocado a Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe, a 59ª Assembleia Geral da CNBB realizada em duas etapas, uma virtual em abril e uma presencial no início de setembro, os 50 anos do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os 15 anos de Aparecida, o IV Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que comemorou os 50 anos do encontro de Santarém, o Encontro Nacional de Presbíteros, o Congresso Missionário Nacional de Seminaristas. Também os muitos encontros, seminários, assembleias realizadas pelas diferentes pastorais e pelo Regional Norte1. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Missionário da Consolata Indígena baré é ordenado presbítero em Manaus

Em celebração realizada na paróquia Santa Luzia na noite de 17 de setembro, o jovem missionário Inácio Cordeiro Padrão foi ordenado presbítero pela oração e imposição das mãos do arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Steiner. Além da numerosa participação de seus familiares, a celebração contou com participação de 21 sacerdotes missionários da Consolata, religiosos e diocesanos, além de inúmeras religiosas, leigos missionários e fiéis de Manaus e região. Natural de São Gabriel da Cachoeira, na Amazônia brasileira, é o oitavo de dez filhos do colombiano Paulo Padrão e de Maria Cordeiro, brasileira e indígena Baré. Iniciou sua formação com os missionários da Consolata em 2009 e realizou seus estudos no Brasil, Argentina e Quênia. A primeira destinação missionária do neopresbítero será em Moçambique. “NÃO TE ESQUEÇAS DAS TUAS RAÍZES INDÍGENAS” Na homilia, Dom Leonardo Steiner, exortou ao padre Inácio, que é natural do povo indígena Baré, para que mantenha e sempre se lembre de suas raízes e da fonte de sua fé. “Não te esqueças das tuas raízes indígenas, da casa do povo de onde vieste, da fé recebida, da força cultural que te gerou. Seja padre, continuando a beber da mesma fonte cultural, da mesma fonte da fé. O mesmo modo de ser que faz ser um povo, serão tuas forças e graças com as forças e graças do Evangelho”. O arcebispo de Manaus também recordou da missão que terá o neopresbítero, como missionário da Consolata e no ministério que assume. “Como verdadeiro missionário da Consolata ‘anuncia Jesus Cristo onde ainda não é conhecido!’ Deixa-te inspirar em todos os momentos, ações e exercícios de tua missão e do teu ministério pela Consolação. A Consolata é o modelo e guia, inspiração para levar ao mundo a verdadeira consolação que é Jesus, seguindo o modo de vida do Bem-aventurado José Allamano [fundador dos missionários da Consolata]. Como homem da consolação, persevera no amor e seja fiel à Eucaristia, na devoção a Maria, na obediência à Igreja e ao Papa, no espírito de família e na estima e amor ao trabalho”. Em forma de oração-reflexão, o cardeal ressaltou alguns elementos importantes para que Inácio possa viver intensamente seu ministério: “Caro irmão Inácio, Deus te conceda a graça de ser um fiel pregoeiro do Consolador, Jesus Cristo; cuidador e samaritano dos mais pobres, para que o Consolo seja visibilizado; o Consolador cuide de ti e possas dar a tua vida pela vida do Reino. Amém.” SACERDOTE FIEL E MISERICORDIOSO Nascido em 18 de maio de 1989 no Município de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas, extremo norte do Brasil, na fronteira com Colômbia e Venezuela, Inácio Cordeiro Padrão é o oitavo de dez filhos de Paulo Padrão e Maria Cordeiro. Seu pai é natural da Colômbia e a sua mãe é brasileira do povo originário Baré. Padre Inácio Cordeiro com sua família da etnia Baré em Manaus. Em 2006, depois de terminado seu ensino fundamental, Inácio migrou para Manaus, deixando sua terra, seus pais, irmãos e amigos, para continuar seus estudos. Terminado seus estudos secundários em 2008, logo trabalhava e estudava na Escola Técnica da Rede Salesiana. Em 2009 ingressou na casa de formação do Instituto Missões Consolata da Região Amazônica, realizando o ano de propedêutico e os estudos de Filosofia, na Universidade Salesiana Dom Bosco Manaus. Depois de um período em sua família, esteve em Roraima, acompanhando pastoralmente o povo Yanomami e Macuxi. Em 2016 foi destinado a Buenos Aires, na Argentina, onde viveu o ano de Noviciado, onde professou os votos religiosos em 30 de dezembro do mesmo ano. Destinado ao Quênia, no continente africano, realizou seus estudos teológicos na Universidade Tangaza  College de Nairóbi e seu ano de serviço missionário junto ao povo Turkana, na paroquia Canpi Garba Mission. Neste ano de 2022, em celebrações realizadas em Nairobi, emitiu sua profissão perpétua como Missionário da Consolata no dia 11 de fevereiro e foi ordenado Diácono no dia 12 de fevereiro. Inspirado na passagem bíblica de Hebreus 2,17, “sacerdote fiel e misericordioso”, no dia 17 de setembro, festa litúrgica da missionária da Consolata e mártir, a bem-aventurada Leonella Sgobarti, o diácono Inácio foi ordenado presbítero pela oração e imposição das mãos do Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, na paróquia Santa Luzia. Na manhã de 18 de setembro presidiu sua primeira missa na comunidade Santa Maria Goretti, na zona leste de Manaus, onde os missionários da Consolata estiveram presentes por muitos anos e que atualmente estão os Missionários de Maria Imaculada. Como Missionário da Consolata, o padre Inácio Cordeiro Padrão, exercerá seu ministério e serviço missionário em Moçambique, no continente africano. Fonte: Consolata América