Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Autor: cnbbnorte1blog@gmail.com

Paróquia de Belém do Solimões reforma Marcenaria Indígena Sustentável

Um projeto surgido em 2007, as que aos poucos foi se renovando e descobrindo novos modos de trabalho. A “Marcenaria Indígena” em Belém do Solimões nasceu do esforço dos Frades Menores Capuchinhos e a Paróquia São Francisco de Assis. Os Frades Capuchinhos sempre lutaram e caminharam junto ao povo e a juventude para servir a vida plena, na Evangelização e Promoção Humana. Com o decorrer do tempo, hoje, a “Marcenaria Indígena Sustentável” se tornou uma importante expressão da atuação da MAPANA – Associação das Mulheres Indígenas, alcançando direta e indiretamente uma faixa de 25 mil indígenas das terras demarcadas Indígenas Eware I e Eware II, das etnias Ticuna, Kokama, Kanamari, Kambeba. Um projeto que conta com a colaboração do ICS – Instituto Clima e Sociedade (Rio de Janeiro), a AMAZON RELIEF (Canadá) e a MZF – FRANZISKANER HELFEN (Missionszentrale der Franziskaner e.V. – Alemanha). A marcenaria acaba de ser reformada após um trabalho que começou em janeiro de 2021 e tem sido concluído neste mês de setembro. O projeto busca acreditar e apoiar a MAPANA na gestão e reorganização mais sustentável deste projeto tão importante para a vida dos povos indígenas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 Com informações do Blog Povo Ticuna Belém do Solimões

Assembleia Regional Norte1: “A partir de uma Igreja Sinodal continuar construindo caminhos de vida”

O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realiza nesta semana, de 19 a 22 de setembro, na Maromba de Manaus, a 49ª Assembleia Regional, com o tema: “Santarém Encarnação na realidade e Evangelização Libertadora: caminho de comunhão participação e missão”. Os bispos das nove dioceses e prelazias, coordenadores de pastoral, representantes dos povos indígenas e das pastorais em nível regional estão convidados, sendo esperados mais de 70 participantes, um número significativo depois de dois anos de pandemia, segundo a Ir. Rose Bertoldo. Comentando a programação da assembleia, a Secretária Executiva do Regional Norte1 afirma que inicia com “uma análise de conjuntura sociopolítica e econômica, tão necessária nestes tempos às vésperas das eleições”, tendo como assessores o professor Marcelo Seráfico e Dom Adolfo Zon, Bispo da Diocese de Alto Solimões. Uma assembleia “marcada por estudos principalmente do Documento de Santarém bem como a partilha do estudo realizado em preparação para o Sínodo sobre sinodalidade que vieram das dioceses”, destaca a Ir. Rose Bertoldo. A religiosa lembra também a importância da “partilha da caminhada missionária fundamentadas a partir das diretrizes que estão sendo colocadas em prática em cada Igreja particular”, analisando os avanços realizados na concreção das diretrizes no último ano e vendo como seguir avançando desde a perspectiva de Santarém e do Sínodo.  A Secretária Executiva do Regional também lembra que “queremos acolher a chegada e a presença de Dom José Altevir da Silva, novo Bispo da Prelazia de Tefé, em nosso meio sendo a primeira Assembleia que ele participa no Regional, bem como a acolhida de Dom Leonardo como Cardeal da Amazônia”. “Uma assembleia que nos enche de esperança pois temos muito muita clareza do caminho que o Regional vem construindo ao longo desses anos e queremos a partir de uma Igreja Sinodal continuar construindo caminhos de vida”, segundo a Ir. Rose Bertoldo. Cada uma das pastorais vai ter seu espaço para partilhar sua caminhada, sendo também abordada a 6ª Semana Social Brasileira, e questões relacionadas com a Comissão para a Amazônia, que tem como presidente o Cardeal Steiner, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), e a Conferência Eclesial da Amazônia (REPAM). Junto com isso, o Congresso Missionário Nacional, que irá acontecer em Manaus em 2023, a experiência Missionária de Seminaristas, a ser realizada também em Manaus no próximo janeiro, o Decreto e Proteção de Menores e as conclusões da 59ª Nacional da CNBB. No dia 23 de setembro, os bispos continuarão reunidos para tratar questões referentes ao Seminário São José e a caminhada dos seminaristas. No mesmo dia será realizado o Lançamento da Faculdade Católica do Amazonas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Eduardo Brasileiro: Economia de Francisco y Clara, “uma resposta a partir dos territórios”

Un encontro que desperta uma grande ansiedade entre os participantes. O Encontro da Economia de Francisco que acontece em Assis de 22 a 24 de setembro, com dois anos de demora em consequência da pandemia da Covid-19, passou de ser um evento, marcado por um encontro dos jovens com o Papa Francisco, a ser um processo global, onde uma comunidade global quer se empenhar na mudança do modelo económico vigente no mundo inteiro. No Brasil, segundo relata Eduardo Brasileiro, um dos cem jovens brasileiros que participarão do encontro em Assis, a grande diferença está no fato de que junto com Francisco entrou Clara, e com ela se fez presente “a perspectiva das periferias, das mulheres, de tudo aquilo que é excluído da lógica do capitalismo”. Segundo Brasileiro, a Economia de Francisco e Clara se tornou no país um movimento social, um espaço de denúncia, um lugar onde fazer propostas de uma outra organização do Estado, onde se fazem presentes políticas públicas, dinâmicas culturais, fazendo aparecer expressões que hoje são apagadas. Um Encontro que é uma oportunidade para conhecer as experiencias de resistência em outros países, em outros continentes, em outras realidades culturais, descobrindo outros modelos alternativos de desenvolvimento, afirma Eduardo Brasileiro. Ele insiste em que “neste evento não há desejo de conversar com os grandes líderes globais, que se sentem numa mesa e negociem com os jovens”. O representante do Brasil, insiste em que “há uma maturidade política, uma habilidade política de quem está construindo a Economia de Francisco y Clara que é perceber que são os territórios, se empoderando sobre processos cada vez mais de democracia económica, de organização popular, que geram um processo de transformação”. Eduardo Brasileiro insiste em que a Economia de Francisco y Clara, “ela não deve ser uma resposta para o mundo única, mas ela tem sua resposta a partir dos territórios”. Isso o leva a afirmar a necessidade de entender a Economia de Francisco e Clara como “uma expressão a partir dos territórios e não como uma plataforma que pega um documento para debater com políticos ou empresários”, e sim como “um processo de retomada das experiências territoriais”. No caso do Brasil, se busca que o Estado se torne “o grande propulsor de uma retomada ecológica, de construção de políticas públicas, de investimento em renda e trabalho, um Estado que se volta ao território como um potencializador de políticas públicas, de desenvolvimento territorial”. Uma expressão disso é a economia solidária, “que gera renda, trabalho cooperado, superação da fome a través da agroecologia”, mas também os bancos comunitários, o orçamento participativo, que leve a “discutir para onde está indo o orçamento do povo”. O grande parceiro da Economia de Francisco e Clara é, segundo Eduardo Brasileiro, o Pacto Educativo Global, que leve a discutir dentro das escolas, dos espaços de educação global e comunitária, nas comunidades eclesiais, ajudando a “perceber o território como lugar de potencialidades, não como lugar de ausências”, e com isso a “uma retomada do comunitário”. Frente à postura de Margaret Thatcher na década de 80, quando ela dizia que “não existe sociedade”, potenciando o auge do neoliberalismo no mundo, Eduardo Brasileiro ressalta as palavras do Papa Francisco na Evangelii Gaudium, onde diz: “não deixem que os roubem a comunidade”, apontando que “o caminho de construção de um novo pacto social, ecológico, económico, educativo, ele passa por uma experiência comunitária de economia para os bens comuns, de economias para os territórios, para o desenvolvimento sustentável, para uma nova arquitetura económica”. O atual cânone económico, onde economia é ausência de dinheiro, onde tudo é construído desde a escassez, é o que provoca segundo Brasileiro, posturas que não vem futuro para a atual sociedade. Tudo isso em consequência de um modelo de extração, de corporações que expoliam os recursos dos países. A alternativa é “realmar a economia, colocá-la no centro da vida da pessoa e de todos os outros ecossistemas, olhar para os territórios com maior criatividade”. Uma Economia impulsada pelo Papa Francisco, considerado pelos jovens como “a maior autoridade política viva com preocupação pelos caminhos da humanidade. Ele é o que mais consegue vociferar, aglutinar forças denunciando esse modelo de morte, seja com a migração, seja contra as guerras, seja apontando a insensatez do mercado, do modelo climático, das políticas públicas”. A presença do Papa Francisco no encontro, “ele já nos compromete ao modelo que priorize uma economia comprometida com processos de vida”, ressaltando que ele consegue promover uma escuta favorável da parte do mundo, uma atitude assumida pela Igreja do Brasil, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pelas pastorais, que tem aberto muitos espaços para a Economia de Francisco y Clara. Eduardo Brasileiro faz um chamado a “resgatar um catolicismo de compromisso com a profecia, com os mais pobres, a não perder de vista os pobres e a Mãe Terra”. Um Papa que compromete a continuar, pois a Economia de Francisco e Clara tem o compromisso de gerar uma geração de jovens provocada pelos apelos que estão surgindo, gerando uma juventude comprometida com a transformação global, ressalta Eduardo Brasileiro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Michele Silva: “Muitas vezes nós até nos sentimos minoria fazendo o bem”

Um convite “a entrarmos na dinâmica da construção de uma nova sociedade, pautada na justiça e no bem comum”, é o chamado da Liturgia da Palavra neste 25º Domingo do Tempo Comum, segundo a Ir. Michele Silva. Comentando a parábola do administrador que aparece no Evangelho de Lucas, a religiosa afirma que “altera os números, que rouba em seu próprio benefício e essa atitude ainda é elogiada pelo seu senhor”. Ela reflete sobre “com quantas situações nós nos deparamos, com realidades em que as pessoas cometem fraudes, enganam e ainda são elogiadas pelos seus atos”, lembrando a frase do Evangelho que diz: “os filhos das trevas são mais espertos e inteligentes dos que os filhos da luz”. Segundo a Ir. Michele, “muitas vezes nós até nos sentimos minoria fazendo o bem, lutando pela justiça, querendo o bem comum, mas esse é o ensinamento que Jesus nos deu, quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes”. Diante disso, ela enfatiza que “nós não podemos nos esquecer a profecia, a luta pela justiça!” No Salmo, a religiosa destaca que “o salmista louva o Senhor que cuida, que ama os pobres”, afirmando que “como cristãs e cristãos, essa deve ser a nossa opção de vida, lutar pela justiça, e por aqueles que são mais vulneráveis”.   Em relação com a realidade social atual, a Ir. Michele denuncia “quantas pessoas estão vivendo na miséria, passando fome, são violentadas, enquanto nós presenciamos cenas de desgoverno, que não valorizam a vida. Nós não podemos ficar indiferentes diante destas realidades, como mulheres, como homens cristãos e cristãs, temos que lutar pela justiça, pelo bem comum, e criar uma mentalidade mais crítica diante da realidade”.  Junto com isso, ela insiste em que “nós não podemos ser indiferentes ao que acontece ao nosso redor, inclusive na dimensão da política, temos que ter posicionamento, lutar pela justiça e pelo bem comum”. Algo que nasce da Palavra de Deus, pois “e Evangelho nos provoca a uma ação diferente, e esse deve ser o nosso gesto concreto neste tempo em que vivemos, nessa realidade. Nós não podemos deixar de denunciar e anunciar o Reino de Deus, o reino da justiça, da igualdade, da sororidade e do amor, onde todos e todas tenham os mesmos direitos e igualdade”, enfatiza a religiosa. A Ir. Michele ressalta que “nenhuma pessoa que faz gestos de corrupção pode achar que é melhor do que os outros, ou que pode se beneficiar por um tempo, mas a justiça sempre prevalece”. Segundo ela, “esse deve ser o nosso ideal como cristãs, como pessoas que pensam diferente e que lutam por uma nova sociedade”.  Finalmente, a religiosa convida na próxima semana, que “nós possamos nos sentir iluminadas e fortalecidas por esta palavra e também possamos transformar a vida que clama ao nosso redor”. Para isso deseja “a todas e todos que tenham uma abençoada semana e que possamos levar a Palavra de Deus para transformar os corações e as mentes, especialmente daqueles que não querem se abrir para um novo caminho da justiça”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Alessandra Smerilli: “Ser a expressão da misericórdia e do amor do Papa com os pobres”

Secretária de “um Dicastério que está muito no coração do Papa Francisco“, que assumiu um firme compromisso com a reforma proposta pela Praedicate Evangelium, algo tornado conhecido nos últimos dias ao apresentar sua nova organização. A salesiana Alessandra Smerilli é uma das mulheres que ocupa um dos mais altos cargos de responsabilidade na Cúria Romana, algo que ela assume “com um grande senso de responsabilidade e competência, porque se eu trabalhar bem, abriremos as portas para tantas outras mulheres“. Ela o faz no Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, de onde procura estabelecer uma estreita relação entre a Cúria e as igrejas locais. Nesta entrevista ela analisa a Economia de Francisco, alguns dias antes do encontro em Assis, e o papel dos jovens no futuro da humanidade, destacando a importância de cuidar da vida de todos e para todos, uma vida plena que nunca deve depender das circunstâncias. Francisco se apresentou no início de seu pontificado como o Papa dos pobres. Para alguém que trabalha no “Dicastério dos Pobres”, isso significa uma responsabilidade maior? Desde o momento em que cheguei aqui, entendi que este é um Dicastério que está muito no coração do Papa Francisco. E a responsabilidade é ser verdadeiramente o que um dicastério deve ser, como vemos na Praedicate Evangelium, estar ao serviço. Não é apenas o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, mas o Dicastério ao serviço, acima de tudo, dos mais pobres. E para fazer isso queremos ter um relacionamento o mais próximo possível com as igrejas locais, porque acreditamos que é lá que o desenvolvimento humano integral é realmente feito, não aqui em Roma. E, portanto, nosso objetivo é poder estar em contato, poder escutar, poder acompanhar as igrejas locais, não por nós mesmos, mas acompanhando as igrejas locais a fim de ser um instrumento de desenvolvimento humano integral. Fala de acompanhamento, de ser uma presença. Uma das dificuldades da Igreja é ser essa presença, uma presença entre os pobres, os migrantes, aqueles que são vítimas do tráfico de pessoas e tantas outras realidades que a Igreja acompanha e se esforça para acompanhar, mas nem sempre consegue fazê-lo. Do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, quais são os passos que são dados, como se busca que essas atitudes sejam assumidas pelas igrejas locais? Pensamos que é necessário estabelecer um diálogo com as igrejas locais. Isto significa que escutamos, tanto quando os bispos vêm aqui como quando estamos em contato com as diferentes regiões do mundo. Ouvimos seus desafios, seus problemas e suas boas práticas, mas, ao mesmo tempo, estamos ocupados procurando as notícias, vendo o que está acontecendo e informando as igrejas locais para ajudá-las a estar mais a serviço. Isso significa diálogo, que ouvimos e ao mesmo tempo tentamos estimular as igrejas locais, sem substituí-las. Não queremos substituir, queremos ser proativos, queremos que quando surgir qualquer problema sério, por exemplo com migrantes ou com refugiados, façamos as igrejas locais entender que talvez elas não estejam percebendo o problema e ajudá-las a enfrentar essa situação. A senhora é economista e poderíamos dizer que uma das causas da pobreza é uma economia errada, algo que temos visto nos diferentes regimes econômicos ao longo da história. Como podemos promover uma economia baseada na pessoa e não no lucro, como podemos promover isso com base na Doutrina Social da Igreja? Esta é uma questão importante, mas também muito difícil. Por um lado, devemos ajudar as igrejas locais a mostrar sempre as experiências de uma boa economia, de uma economia para a vida e não de uma economia que mata. Por outro lado, é necessário pensar com uma visão para o futuro, um processo que nós, como Dicastério, estamos seguindo. O processo lançado pelo Papa Francisco, a Economia de Francisco, que no Brasil é a Economia de Francisco e Clara, é uma esperança. Qual é a ideia inicial do Papa Francisco? Se você pedir aos grandes economistas que realizem reformas, nada vai acontecer, porque uma pessoa treinada durante vinte ou trinta anos de uma certa maneira não consegue mudar completamente. Em vez disso, se nos voltarmos para os jovens, que estão começando agora, e sabemos que os jovens são autênticos, os jovens têm sonhos e ideais e são capazes de apostar suas vidas nesses sonhos e ideais, colocando todos juntos, podemos criar um núcleo de pessoas capazes de regenerar a economia, colocando a pessoa no centro e não o lucro, lutando e denunciando as desigualdades, pensando em uma economia que respeita o meio ambiente, que escuta o grito da Terra e dos pobres. Há esperança para o encontro que acontecerá em Assis de 22 a 24 de setembro, um encontro de jovens economistas que trabalham há dois anos e no qual o Papa estará presente. Acreditamos que a partir deste encontro virá a energia que ajudará estes jovens a fazer destas mudanças uma realidade. Eles são nosso futuro, mas também nosso presente. Nós, como Dicastério, desejamos continuar a acompanhar estes jovens após este encontro. Podemos dizer que os jovens compreendem melhor a Economia de Francisco e podem ser vistos como uma esperança, como pessoas que assumem estas dimensões de uma nova economia, de uma ecologia integral, de procurar alternativas ao sistema atual, que na opinião de muitos está nos levando ao fim? Pelo que pude ver e experimentar com estes jovens, porque no início eu estava no comitê organizador do Encontro de Economia de Francisco, mas com o trabalho do Dicastério tive que deixá-lo por um tempo, mas desde o início conheci estes jovens, devo dizer que tenho muita esperança nisto, porque é claro que os jovens não são apenas nativos digitais capazes de se conectar, criando uma rede global, mas também são nativos ecológicos. Para eles, todas as questões relacionadas ao meio ambiente e a compreensão de que não podemos continuar assim é algo natural, está dentro deles, eles não precisam ser convencidos. Pelo contrário, são eles que procuram convencer os outros, porque são eles que têm mais tempo para viver…
Leia mais

Política: não diga que não lhe interessa, se encante com ela e faça realidade um mundo melhor

Fazer política é uma necessidade na vida de todo ser humano, uma obrigação para todos os cristãos. No final das contas, fazer política é cuidar do que é comum, buscando fazer realidade um mundo melhor para todos e todas. Infelizmente, muitas pessoas dizem abertamente: “Eu não me interesso por política”, uma afirmação que deveria nos levar a refletir como sociedade, mas também como Igreja, pois são muitos os católicos que dizem abertamente que fazer política não é coisa de Deus. Diante disso, o grande desafio é fazer com que as pessoas se encantem com a política, uma proposta que o Conselho Nacional do Laicato do Brasil, com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tem lançado neste ano de 2022. No dia 2 de outubro, as eleições determinarão o rumo de um país a cada dia mais polarizado e dividido, consequência daqueles que não se interessam pela verdadeira política e sim por uma política que só quer defender a qualquer custo o interesse de pequenos grupos de poder. Em um país onde o voto é obrigatório e onde muita gente vota porque tem que votar, é decisivo refletir sobre aquilo que determina as escolhas dos candidatos aos diferentes cargos públicos no poder executivo e no poder legislativo, entendendo as consequências do voto em cada um dos diferentes poderes. Quando a gente professa a fé cristã é obrigado a entender que a política é “a forma sublime de caridade”, e junto com isso a se preocupar com a justiça e a fraternidade, elementos que não podem ficar de fora de uma sociedade que quer ser lugar onde se vive a cidadania. Ser cidadão é um direito, mas diante da atual realidade social temos que nos perguntarmos: Todos os brasileiros e brasileiras tem hoje carta de cidadania? O Brasil é um país onde os direitos cidadãos não atingem à totalidade da população. Isso na medida em que um bom número de brasileiros e brasileiras ficam de foram de políticas públicas garantidas pela Constituição do país e que devem fazer parte da vida de todas as pessoas. Quando a gente se encanta com a política, quando somos conscientes do que significa a política na prática, vamos descobrindo aquilo que falta na vida das pessoas e lutando para que isso se torne uma realidade na vida de cada cidadão. Para fazer política, o diálogo é uma atitude da qual a gente não pode abrir mão. Na medida em que vamos confrontando as ideias que cada um tem em relação com a construção de um mundo melhor para todos e todas, vamos nos encantando com a política e aprendendo a respeitar àqueles que por caminhos diferentes também querem fazer realidade esse mundo melhor para todos e todas. Essa totalidade é condição necessária para que a política seja verdadeira, para que aos poucos todos possamos nos encantar e dialogar em busca de caminhos comuns. A sociedade se constrói na medida em que todos nós nos implicamos, nos encantamos e tomamos consciência que juntos somos mais, que a felicidade não pode ser privilégio de pequenos grupos e sim algo a ser promovido em beneficio de todos, também daqueles que não pensam igual a gente. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Conceição Silva: “O amor e a misericórdia de Deus são como a mãe que nunca abandona seus filhos”

No Mês da Bíblia, o evangelho do Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum, “ele nos apresenta um Deus como Pai/Mãe, que nos ama incondicionalmente, que é misericórdia e compaixão”, segundo Conceição Silva. Um texto que relata as parábolas da ovelha perdida, a moeda perdida e o filho pródigo. Segundo a representante das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, “Jesus nos dá mais um exemplo da maravilhosa graça de Deus”. Ela afirma que a primeira e segunda parábola “mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. Ele ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera”. Em relação com a terceira parábola, ela “apresenta um pai que não guarda pra si sua herança, não é obcecado com a moralidade de seus filhos, que a misericórdia vai além da justiça humana, e só busca a felicidade de seus filhos”, lembra Conceição. Ela ressalta que “o pai sabia que o filho mais novo precisava passar por um processo de conversão, tomar consciência de suas atitudes, por isso, quando ele volta sente-se perdido econômica e moralmente”. Diante disso, “a acolhida do pai foi amorosa, cheia de compaixão. Nesse momento ele não deu só o perdão, mas restabeleceu sua dignidade de ser humano, de filho”, afirma a representante das Pastorais Sociais. Em relação com o filho mais velho, ela vê que “apesar de ser justo e perseverante, não é capaz de aceitar a volta do irmão, e os gestos de acolhida de seu pai”. Analisando a realidade atual, Conceição afirma que “podemos notar esses dois tipos de filhos: as vezes por estarmos na igreja todos os domingos, comungar, fazer atividades na igreja, não nos faz ‘melhores’, ou ‘privilegiados’ de Deus, porque deus veio salvar a todos sem exceções, principalmente os excluídos e excluídas da sociedade”. Ela reflete que “as vezes, nós que estamos dentro da Igreja não apoiamos, nem aceitamos pastorais da Igreja que trabalham na sociedade como: Pastoral do Migrante, do Povo de Rua e principalmente dos encarcerados”. Diante disso insiste em que “Deus quer salvar a todos e todas!”, se perguntando: “quem somos nós para julgar? condenar?”. Conceição insiste em que “o amor e a misericórdia de Deus são como a mãe que nunca abandona seus filhos, que luta, protege, para dar uma vida digna, porque seu amor é incondicional, assim como nosso Deus de paciência, alegria, misericórdia justiça e amor”. Por isso, questiona “e você já sentiu esse imenso amor incondicional de pai/mãe? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Deixar que a Palavra penetre em nossas vidas e seja instrumento que orienta nosso agir

Acreditamos em um Deus que se comunica, que se faz presente no meio de nós. Ao longo da história, Ele se comunicou com a humanidade a través de sua Palavra, que tem orientado, iluminado, marcado o caminho de seu povo. A questão é até que ponto essa Palavra é importante na nossa vida, até que ponto ela conduz minha vida, a vida das nossas famílias, a vida da nossa sociedade, a vida da nossa Igreja. A Palavra de Deus é bem mais do que um texto escrito, a gente poderia dizer que é um texto vivo, que na medida em que ele é assumido, na medida que orienta nosso agir, ela vai renovando a vida. Um Deus que foi comunicando o modo de alcançar a Terra Prometida, mesmo sabendo que Ele nem sempre era escutado. Mesmo assim, como nos ajuda a entender o Livro de Josué, que a Igreja católica tem proposto em 2022 como texto de estudo, a Palavra quer nos ajudar a perceber que Deus nunca deixa sem resposta nossa súplica confiante. Ir ao encontro de Deus através dessa Palavra, que do mesmo modo que conduziu o Povo de Israel no deserto, continua nos guiando, nos respondendo, nos mostrando o caminho da plenitude, da Terra Prometida. Ele sempre está com a gente, mas também Ele nos mostra o modo de agir na medida em que o temos como nosso Deus. Somos chamados a descobrir no meio de nós aqueles que são instrumentos de Deus, aqueles que Ele coloca no nosso meio para conduzir a história. Também entender que o que Deus coloca ao nosso dispor, não pode ser só para acapara-lo e sim para partilhá-lo, para viver a comunhão, para caminhar juntos, em harmonia, para ser instrumento de vida digna para todos e todas. Uma Terra Prometida que tem que ser cuidada, um chamado que a gente vive no Tempo da Criação, que deu início no dia 1º de setembro e vai até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, aquele que nos marcou o caminho da ecologia integral, o caminho do cuidado das criaturas, de tudo aquilo que nosso Pai Criador colocou a dispor de todos e todas. Não podemos esquecer o significado preeminente da Palavra na vida das comunidades, onde ela se torna aquela que aglutina a vida celebrativa da comunidade. Penso em muitas comunidades do interior, que cada domingo se encontram em volta da Palavra para partilhar a vida, mas também para iluminar essa vida desde a proposta de um Deus que sempre caminha com seu povo. Que essa Palavra possa penetrar em nossas vidas, que nos transforme nos diferentes aspectos que fazem parte do nosso cotidiano, que faça de cada um, de cada uma de nós, pessoas comprometidas na construção de um mundo melhor para todos e todas, imagem daquele que constantemente se comunica. Será que vamos escutá-lo? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rário Rio Mar

Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira procura estratégias comuns para combater

As regiões de fronteira representam sempre um risco mais elevado para as vítimas de tráfico humano. O combate a este crime é um desafio para a Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira – RETP do Brasil, Peru e Colômbia. A fim de avançar neste caminho, desenvolveu um seminário, com o apoio da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Caritas da Diocese de Alto Solimões, com o objetivo de contextualizar e gerar estratégias para enfrentar este problema que afeta os mais vulneráveis. Realizado em Tabatinga (AM), de 2 a 4 de setembro, reuniu 65 pessoas dos três países, com 16 localidades representadas no total. Um encontro que teve como primeiro passo a partilha de conhecimentos anteriores relacionados com o tráfico, permitindo aos participantes reconhecer o problema como uma questão que afeta milhões de pessoas no mundo. Dalila Figueiredo e Graziella Rocha, membros da Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Criança e da Juventude (ASBRAD), estiveram presentes para assessorar os participantes. Após partilharem sobre a realidade do tráfico na região da Tríplice Fronteira e no mundo, os participantes tiveram a oportunidade de aprender conceitos básicos sobre esta realidade. Na apresentação destes conceitos, foi dada ênfase ao objetivo deste crime como a intenção de exploração e lucro; a intenção do traficante de deslocar a vítima entre países ou cidades com o objetivo de a destacar da sua zona de proteção, a exploração dos sonhos das vítimas, bem como o risco provocado nas pessoas pela vulnerabilidade local, como a ausência de emprego ou vulnerabilidades pessoais, como ser vítima de violência. Isto deu lugar ao trabalho em grupo, seguindo os critérios de origem geográfica, buscando reunir os casos de tráfico que ocorrem com mais frequência nas suas localidades. Com base nesta informação, cada um dos grupos dramatizou tudo isto em plenário, procurando colocar em perspectiva os casos e as formas como estes crimes ocorrem. Estas apresentações foram complementadas pela análise das assessoras do encontro, a fim de ajudar a identificar as diferentes formas de trabalho dos traficantes. Quando se tratou de abordar estratégias, foram apresentadas as diferentes legislações em cada um dos três países. Os participantes procuraram chegar a acordos, sublinhando a importância da cautela e da utilização de canais formais para a apresentação de queixas, bem como cuidar da vítima e respeitar as suas decisões e desejos. No final do seminário, cada grupo apresentou ações que se comprometeram a realizar em cada local. Um seminário que foi uma fonte de alegria, nascido do fato de ter conhecido diferentes culturas, mas também de encontrar compromissos para levar a cabo ações de prevenção e enfrentamento do tráfico humano. Foi um momento de enriquecimento pessoal, como os participantes reconheceram, mas sobretudo um momento de reforço para continuar o trabalho que a RETP iniciou.    Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Com informações de Hugo Vasquez Nazareno

Grito dos Excluídos: “Deus nos ouve, o problema é os governos nos ouvirem”

Brasil comemora neste 7 de setembro o Bicentenário da sua Independência, uma data que desde 1995 está unida ao Grito dos Excluídos, que sempre tem como tema “Vida em Primeiro Lugar”. Em 2022 o lema do 28º Grito dos Excluídos é: “Brasil: 200 anos de (In)Dependência. Para quem?”. Uma pergunta importante em um país que nunca se tornou independente, ao dizer de muitos. Ao longo desta Semana da Pátria, o Grito dos Excluídos está sendo realizado de diferentes modos. Em Manaus aconteceu no dia 5 de setembro, Dia da Amazônia, com a celebração de uma missa, presidida pelo Cardeal Leonardo Steiner, os bispos auxiliares e dezenas de padres, contando com uma boa representação do povo de Deus da Arquidiocese de Manaus, e uma passeata na rua, pedindo os direitos que lhe são negados ao povo. Um grito necessário, segundo o Cardeal Steiner, “o grito da recordação, o grito da mostração, o grito da visibilização de tantos irmãos e irmãs que são excluídos da nossa vida social. São excluídos da habitação, da casa, são excluídos da terra, são excluídos do emprego, são excluídos na justiça. São excluídos da própria sociedade em termos de religião, de fé, de educação. Quantas exclusões na saúde, na segurança”, lamentou Dom Leonardo. Uma manifestação extremamente importante segundo o padre Alcimar Araujo, em que a Igreja católica sai às ruas há 28 anos, independentemente dos governos. Um grito que neste ano é extremamente importante diante da “PEC da devastação”, que quer liberar a exploração do garimpo nas terras indígenas sem nenhum critério, segundo o vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus.   Depois do tempo da pandemia, em que morreu tanta gente, o padre Alcimar afirmou que poder reunir as pastorais sociais e os movimentos sociais “quer dizer que nós não aceitamos essa situação”, insistindo em que é necessário que a gente deixe de ser espectador para a gente ser protagonista da nossa vida, da vida do povo”. Ele denuncia que “o custo de vida aumentou, o desemprego aumentou, a pandemia matou muita gente, e a gente percebe que se a gente ficar calado com tudo isso, é concordar com aquilo que está acontecendo”. O vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus, afirmou que “vir aqui é muito importante para reacender a esperança dos cidadãos e cidadãs para que sempre lutem, não se calem, se organizem, façam resistência para ser ouvidos”. O padre Alcimar afirmou saber que “Deus nos ouve, o problema é os governos nos ouvirem”. Mesmo assim, ele disse que “nós queremos gritar, queremos dizer que não estamos contentes, o nosso povo está morrendo fome, nosso povo está sem direitos, nosso povo sem emprego”. Diante disso, ele finalizou afirmando que “é necessário a gente estar junto, reivindicando, gritando e lutando”. Diante de tanta exclusão, consequência da doença, da má fé, “Jesus vai convidar para que venham para o meio”, segundo Dom Leonardo. Seguindo as leituras da Missa Amazônica, o cardeal mostrou que “ele não quis deixar este homem da mão seca do lado, excluído, ele o leva para o meio, pede para estender a mão e salva a convivência”, ressaltando que “existe agora a possibilidade de uma relação nova porque veio para o meio, ele foi novamente inserido na vida da comunidade”. Refletindo sobre a sociedade atual, ele fez ver “quantas pessoas de mão seca na nossa sociedade, quanta agressão, quanta exclusão também das criaturas”. Segundo o Cardeal da Amazônia, “Jesus quer todos no meio, todos participando, todos ativos, ninguém excluído”, mostrando que é necessário salvar. Dom Leonardo disse que “o nosso grito deve ser o grito de todos aqueles que se sentem excluídos”, insistindo na necessidade de convidar para todos vir para o meio, também “os excluídos na saúde, na segurança, na educação, os excluídos de uma convivência familiar, da paz”, que tem que ter direito a participar, direito a estar no meio. Um grito que deve ser salvífico, “um grito que realmente salva, ergue, transforma”, um grito para que todas as criaturas se sintam inseridas. O Arcebispo de Manaus chamou a não cair na imoralidade da exclusão, de afastarmos as pessoas do nosso meio, de excluir as pessoas por causa da raça, da cor, da cultura, de alguém não seguir a mesma fé que nós. Finalmente, ele convidou a que o Grito dos Excluídos seja um grito redentor.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1