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Comissão para a Amazônia e REPAM-Brasil: “Sonhar uma Política para o Bem Comum na Amazônia”

Em vista das eleições de 2022, a Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), tem lançado um apelo aos eleitores/eleitoras e candidatos/candidatas, que leva por título: “Tempo de Sonhar uma Política para o Bem Comum na Amazônia”. A nota, assinada pelo Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus, e por Dom Evaristo Pascoal Spengler, Bispo do Marajó, faz um chamado à “efetivação de políticas públicas eficazes, com o cuidado integral com nossa Casa Comum, a Mãe Terra e com o bem comum, objeto da verdadeira política”, ao tempo que convida a participar no processo democrático. O texto denuncia aqueles que têm muito, o que ameaça os povos da Amazônia, consequência da “insaciedade voraz do capital…, que contaminam e destroem as fontes da vida”, causando “dor, sofrimento e morte dos amazônidas”. Também reflete sobre “a emergência climática na Amazônia e no Planeta”, que pode levar “a um ponto de irreversibilidade do processo predatório nos territórios amazônicos”. Diante da atual conjuntura, é pedido “uma política que pensa com visão ampla”, segundo a proposta de Fratelli tutti, uma “política melhor”. Frente a isso, os bispos da Amazônia repudiam “às lideranças políticas, em todas as esferas de poder, que defendem ou promulgam projetos de morte na Amazônia”, confiando seu apoio “a todo projeto político que promova e proteja os direitos das pessoas e da natureza”. O texto relata uma série de propostas concretas pela preservação e cuidado da Amazônia, lançando um apelo ao Brasil e ao mundo: “Amazoniza-te!”. Isso deve levar à “defesa das culturas, da biodiversidade e do clima, como expressão de amor profundo pela vida, pela paz, pelo cuidado da Criação a ser deixada às próximas gerações”. A Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e a REPAM-Brasil conclamam a votar pela Amazônia, “deixando-se encantar pela Verdadeira Política, elegendo candidatos/as cujos projetos promovam a dignidade da pessoa humana, combatam a pobreza e as desigualdades sociais, estaquem as mudanças climáticas e protejam a Amazônia, seus povos e suas comunidades tradicionais”. Finalmente, dizem sonhar com o Papa Francisco, seus sonhos relatados em Querida Amazônia e imploram à Nossa Senhora de Nazaré, Mãe da Amazônia, “que inspire eleitores e eleitoras, os candidatos e candidatas nas eleições deste ano, para que todos assumam o compromisso de promover a vida em abundância para todas as pessoas, bem como a responsabilidade de cuidar e guardar o jardim sagrado que é a Amazônia”. Texto completo da Nota. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “Títulos não nos fazem mais filhos e filhas de Deus”, afirma em acolhida da Igreja de Manaus

A sinodalidade sempre foi um distintivo da Igreja de Manaus, algo que Dom Leonardo Steiner, Arcebispo da capital do Amazonas desde janeiro de 2020, apoiou e incentivou. De fato, ele convocou uma Assembleia Sinodal Arquidiocesana, que neste domingo 4 de setembro entregou ao povo de Deus o Instrumento de Trabalho que será trabalhado na Assembleia Sinodal, programada para o mês de outubro. Foi nessa celebração na Catedral Nossa Senhora da Conceição que o “Cardeal da Amazônia“, um título que ele reconheceu gostar, pois entende seu cardinalato não como algo pessoal e sim em função do seu serviço na Igreja da região amazônica, à qual está tão ligado o Papa Francisco, foi acolhido pela Igreja de Manaus, um povo que não oculta sua alegria diante da uma nomeação que pela primeira vez na história tem um arcebispo de Manaus como protagonista. Uma celebração onde se fez presente o clero, a vida religiosa, os leigos e leigas que lideram a vida das paróquias, áreas missionárias, comunidades, pastorais e movimentos na Arquidiocese. No início da celebração o cardeal foi acolhido por uma religiosa, um presbítero e um leigo em representação do povo de Deus, pedindo que continuasse sendo voz da Igreja da Amazônia, agora junto ao Papa Francisco. Palavras acolhidas pelo novo cardeal com gratidão, que mais uma vez insistiu em que “eu entendo o cardinalato como serviço”. Ele lembrou sua família de 16 irmãos, destacando a figura do seu pai e sua mãe, pessoas de uma fé muito profunda, uma fé que agradece ter herdado no leite materno, uma fé que levou adiante através da sua vocação. Também lembrou e agradeceu por ter sido introduzido na espiritualidade de Francisco de Assis, “uma espiritualidade da gratuidade, do serviço”, que tem orientado sua vida. Do mesmo modo que ele falou para as autoridades no evento do sábado 3 de setembro, o Cardeal Steiner disse ser “muito grato por todas as manifestações de carinho, de afeto, que tenho recebido, mas o que me alegrou mesmo foi ouvir de várias pessoas que mais uma vez o Papa Francisco se lembrou de nós”. Algo que leva o Arcebispo de Manaus a querer ficar “junto aos pequenos e pobres, e ajudar a que nossa Igreja seja cada vez mais sinodal”, uma forma de ser Igreja que reconheceu presente na Igreja da Amazônia ao longo da história. Na homilia, Dom Leonardo começou fazendo um chamado a “sermos todos discípulos missionários, discípulas missionárias, povo de Deus”, indicando o que significa esse discipulado, que é “um aprender, um saber”. Isso significa, em palavras do cardeal, “ir com Ele para onde Ele o desejar, ir com Ele até a morte e morte de Cruz”. Ele insistiu em definir a Cruz como “uma tensão criativa, uma tensão libertadora”, chamando a assumir as tensões existências, as tensões da nossa cotidianidade, da nossa convivência, as nossas dúvidas de fé, não como frustração, mas como possibilidade, como chance a avançar sempre mais na fé. O cardeal refletiu sobre o que significa fazer a vontade do Pai, desde o dinamismo da liberdade e da gratuidade de Deus, afirmando que “fazer a vontade do Pai é estar na dinâmica amorosa do Pai”. No mês de setembro, Mês da Bíblia, convidou a “ela sempre mais seja presente na nossa evangelização, na nossa ação pastoral, nos nossos encontros, nas nossas reuniões, sempre a Palavra como centro, porque é Jesus”, uma palavra que é instrumento de encontro e força de uma presença, segundo o Arcebispo de Manaus. A Palavra foi quem guiou a caminhada sinodal na Arquidiocese de Manaus, segundo Dom Leonardo, que agradeceu a todos os que ajudaram na caminhada sinodal. Lembrando as palavras do Papa Francisco na missa com os novos cardeais no dia 30 de agostou, citou aqueles em que o Santo Padre disse que “a admiração é o caminho da salvação, e nos alertava para o perigo de nos sentirmos eminentes, a tenção de se sentir-se mais alto, de sentir-se eminentíssimo, de se sentir uma eminência”, que o Papa definiu como “o verme da mundanidade”. Nessa perspectiva, o novo cardeal afirmou que “títulos não nos fazem mais filhos e filhas de Deus”, pedindo que “Deus me dê a graça da simplicidade”. Tudo isso na perspectiva da Palavra, especialmente neste mês de setembro, pedindo “nos ajude a descobrir a grandeza e tomar a Cruz sobre os ombros e caminhar, no meio das dificuldades, mas especialmente no meio das alegrias”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Amazonas acolhe seu cardeal, uma nomeação com a qual “o Papa mais uma vez se lembrou da Amazônia”

Acolher como sociedade civil aquele que desde o momento de sua nomeação fui chamado de “Cardeal da Amazônia”, em palavras do padre Zenildo Lima, condutor do evento, foi o propósito do ato realizado na Catedral Nossa Senhora da Conceição no dia 3 de setembro. O reitor do Seminário São José, lembrando o Sínodo para a Amazônia, onde ele foi auditor, disse ver a nomeação cardinalícia como algo relacionado com o território amazônico, “por causa da sua importância estratégica, merece cuidados que passam por novos caminhos de evangelização e de ecologia integral”. Um momento de alegria, segundo Dom Luiz Soares Vieira, que definiu a Amazônia como “uma região que empolga, uma região de um povo que entusiasma, uma região de um povo que luta pela vida”. O Arcebispo emérito de Manaus, fazendo ver que a Amazônia é além da ecologia, afirmou que “a ecologia só se entende quando lá existem pessoas que estão convivendo com a natureza”. Se dirigindo ao novo cardeal, Dom Luiz Vieira insistiu em que “nós precisamos gostar dessa região, gostar de nosso povo, é um povo que nos ensina muita coisa”. Uma região onde o arcebispo emérito disse ter aprendido a “pensar no presente”, algo que segundo ele modificou completamente sua vida. Dom Luiz afirmou ter dado um pulo de alegria quando saiu a nomeação de Dom Leonardo Steiner, dado que “a Amazônia hoje é um tema de discussão nacional, um tema de discussão internacional”, insistindo em que a Amazônia tem que dizer o que deseja, o que quer, desde quem vive nela. Como conselheiro do Papa, o Arcebispo emérito de Manaus, disse que Dom Leonardo “vai ser a voz da nossa região amazônica no pastoreio universal da Igreja”, insistindo em que “a voz da Amazônia chega, graças a Deus e ao Papa Francisco, ao pastoreio universal da Igreja”, algo que vê como um momento bonito. Algo que tem que fazer com que “esta região vai ter um povo respeitado, vai ter um povo amado, vai ter uma voz que vai ter voz, para ser o povo que vence, o povo que constrói, o povo que sabe conviver com a natureza, o povo que sabe exigir que sejamos tratados com dignidade”, ainda mais depois de “muitos e muitos anos que nós fomos considerados colônia”. Uma região que já foi chamada de inferno verde, de paraíso, insistiu. Finalmente, Dom Luiz insistiu ao novo cardeal que agora assume um serviço. O prefeito da cidade, Davi Almeida, que disse viver sua fé na Igreja Adventista, reconheceu a importância da Igreja católica na vida da sociedade, uma Igreja que vive a fé na prática, uma Igreja que faz o bem sem olhar a quem, algo que ele disse ter experimentado na vida da sua família. Ele reconheceu e mostrou sua gratidão pelo trabalho que a Igreja católica faz, inclusive chegando ondo o governo não chega. O prefeito definiu como uma honra para o Amazonas a nomeação do novo cardeal, pedindo para ele que Deus o ilumine e proteja, e que “possa continuar esse trabalho fantástico que a Igreja católica desenvolve em todo o mundo especialmente aqui no Estado do Amazonas”. Também definiu como “um dia muito feliz, um dia muito importante, que nós estamos celebrando aqui mais um gesto que o Papa Francisco faz com a Amazônia”, o governador do Estado do Amazonas. Wilson Lima lembrou do Sínodo para a Amazônia e da relevância que teve o momento em que o Vaticano abriu suas portas para que governadores, prefeitos, pensadores da Amazônia estivessem discutindo a Amazônia dento do Vaticano, reconhecendo o papel do saudoso Dom Cláudio Hummes para que esse momento acontecesse, definindo o cardeal recentemente falecido como “essa voz no Vaticano em defesa da Amazônia”. O Governador definiu Dom Leonardo como “representante da Amazônia”, destacando a importância de a Amazônia ter essa voz junto ao Vaticano, junto à Igreja católica, junto ao Papa, porque o mundo todo conhece a palavra Amazônia, o mundo todo ouve falar da Amazônia. Uma palavra que é referida aos recursos naturais e preservação, segundo Wilson Lima, que afirmou a maior importância da proteção do cidadão, algo que disse ter visto no novo cardeal, que vê como mais uma voz junto ao Papa Francisco das populações indígenas, os negros, os ribeirinhos, os caboclos. Por isso, o governador desejou sucesso na missão e as bençãos de Deus para Dom Leonardo, colocando o Estado do Amazonas a disposição para “defender a nossa Amazônia”. Saudando os presentes e aqueles que acompanharam o evento através dos meios de comunicação, o novo cardeal reconheceu que sua alegria diante de sua nomeação não foi algo pessoal, e sim “ouvir de as pessoas dizerem, o Papa mais uma vez se lembrou da Amazônia”. O Arcebispo de Manaus afirmou que “o Brasil era conhecido um tempo pelo futebol e pelo samba. Hoje mundialmente quando se vai, se escuta sempre de novo Amazônia”, um tema sempre presente nas muitas entrevistas que teve que dar em Roma com motivo do consistório. Lembrando das palavras do Arcebispo emérito, ele definiu o povo da Amazônia como “um povo acolhedor, um povo fraterno, um povo de uma fé profunda”. O novo cardeal denunciou que “a violência que se encontra hoje na nossa região, ela não é daqui, ela vem de fora”. Alguém que se sente em casa na Amazônia, disse que “o Papa Francisco pensou na Amazônia ao nomear um bispo cardeal”, afirmando ser o cardeal da Pan-Amazônia, que inclui nove países. Dom Leonardo disse ir fazer “todo o esforço para que a nossa Igreja de Manaus continue sempre a ser uma Igreja profundamente missionária, com uma presença contínua, para que nossa Igreja esteja junto aos nossos pobres, para que todas as pessoas que têm necessidade possam ser acolhidas, independentemente da religião, de raça, de cor, independente também de nação”. Finalmente, Dom Leonardo lembrou das palavras do Papa Francisco na missa do dia 30 de agosto, onde ele dizia que “deveríamos ser pessoas que admiram, admirar Deus presente no meio de nós, admirar as ações de Deus, sermos…
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Dom Luis Marín: “Na sinodalidade sou a favor da ‘política das três pes’: paciência, perseverança e presença”

O Sínodo sobre a Sinodalidade está a avançar e acaba de completar a sua primeira fase, a chamada fase diocesana. Isto sem esquecer que “a sinodalidade nunca acaba, porque pertence à Igreja na sua essência“. Dom Luis Marín de San Martín, subsecretário do Sínodo, fala-nos sobre isto. Expressando a sua gratidão pelo caminho percorrido, “uma excelente base para avançar”, salienta “o entusiasmo que existe sobretudo entre os leigos pela proposta sinodal“, o que o impressiona. Mas ao mesmo tempo reconhece que “ainda há muito clericalismo: se o pároco, ou o bispo, for favorável, a sinodalidade prossegue, e se não for, pode impedi-la”. São dificuldades que se deparam com o que ele chama a “política dos três pes“: paciência, perseverança e presença. Para os enfrentar, o que nem sempre é fácil, “a primeira coisa é cuidar e aprofundar a experiência de Cristo”, para superar o individualismo egoísta, o que segundo o subsecretário do Sínodo “é um verdadeiro escândalo”, e para nos ajudarmos uns aos outros. Um caminho no qual “é necessário tomar decisões que talvez sejam arriscadas, tomar medidas, procurar sempre como servir melhor“. É uma questão de assumir que “toda a Igreja está a evangelizar, pois é comunitária e sinodal”, que “a exigência de testemunhar Cristo é para cada cristão, todos nós devemos evangelizar”, superando o pessimismo e o medo. Também superar a tentação do igualitarismo e o desejo de avançar com base nas maiorias, salientando que o caminho a seguir é a comunhão. Está agora a começar uma nova fase, a fase continental, algo novo na história dos sínodos, que tomará medidas que conduzirão ao Instrumentum Laboris para a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se realizará em outubro de 2023. O Secretariado do Sínodo manifestou a sua vontade de “esclarecer, acompanhar e ajudar em tudo o que for necessário“. A primeira etapa do Sínodo, a etapa diocesana, acaba de terminar. Sabendo que ainda não viu em profundidade tudo o que chegou, quais são as suas primeiras impressões? Concluímos a fase diocesana, mas a primeira coisa a lembrar é que a sinodalidade nunca acaba, porque pertence à Igreja na sua essência. A Igreja é sempre sinodal, em todas as suas realidades e em todas as suas manifestações. A conclusão da fase diocesana não significa o fim do processo sinodal, nem mesmo no que diz respeito à realidade diocesana ou nacional. As conferências episcopais, dioceses e paróquias devem continuar a trabalhar e a desenvolver os temas que aparecem nas respectivas sínteses. As sínteses são um ponto de partida, não um ponto de chegada. Podemos dizer que, em geral, a chama da sinodalidade foi acesa. De fato, 98% das Conferências Episcopais nomearam uma pessoa de referência sinodal e quase a mesma percentagem delas enviou a síntese. Uma percentagem tão elevada nunca foi atingida em sínodos anteriores. Estamos muito gratos a todos aqueles que tornaram isto possível, especialmente às equipes sinodais e a todos aqueles que levaram a sério esta oferta de graça e colaboraram. Certamente, no que diz respeito às conferências episcopais, o processo tem corrido muito bem. Mas ainda há muito a fazer. Precisamos de refletir sobre como melhorar a audição, a abertura, a inclusão, o discernimento, o testemunho, etc. Estas são questões que precisamos de considerar e que nos devem ajudar a continuar ao longo do caminho, corrigindo onde for necessário. Mas não há dúvida de que temos uma excelente base para avançar, para continuar a avançar. Outros aspectos a destacar, em termos de realizações e desafios? Estamos perante um precioso testemunho de vitalidade na Igreja, de comunhão na fé, que não muda, mas é melhor compreendido e aprofundado como uma experiência do Cristo vivo. Ao mesmo tempo, existe uma abertura progressiva à pluralidade, à integração das diferenças como enriquecimento mútuo. Somos desafiados a desenvolver a dimensão espiritual e orante em todo o processo, que é verdadeiramente uma dimensão de escuta e discernimento no Espírito Santo. E o desafio da comunidade, da fraternidade eclesial, que o eixo da vida da Igreja seja o amor, a caridade. Ninguém é supérfluo. Outro tema muito positivo é o entusiasmo que existe, especialmente entre os leigos, pela proposta sinodal. É impressionante. Infelizmente, porém, há grupos ou indivíduos que não encontraram canais de escuta e participação. O cenário básico para o desenvolvimento da sinodalidade é a paróquia. A maioria deles tem funcionado muito bem. Mas noutros, o pároco ignorou ou bloqueou o processo. Isto mostra-nos que ainda há muito clericalismo: se o pároco, ou o bispo, for favorável, a sinodalidade vai em frente, e se não for, pode bloqueá-la. Devemos avançar para outro estilo, outra forma de viver a eclesialidade: da dimensão do serviço e não do poder, da participação e da corresponsabilidade. Além disso, há grupos, especialmente os que se encontram à margem ou na periferia, que nos enviaram as suas sínteses diretamente para a Secretaria do Sínodo. Muitos já chegaram. Alguns mostram a sua desconfiança a nível paroquial ou diocesano. O que fizemos, na maioria dos casos, foi redirecionar todo este material para a respectiva Conferência Episcopal, para que possa ser integrado. Quando tal não foi possível, retomámos as sínteses no nosso material para estudo e discernimento. Gostaria também de destacar a bela experiência de comunicação, escuta, intercâmbio e relacionamento que temos tido, desde a Secretaria do Sínodo, com os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo, com os patriarcas orientais, com tantos bispos, com os representantes da vida consagrada e movimentos laicais, com os dicastérios da Cúria Romana. Tem sido e continua a ser imensamente rico. Pessoalmente, esta experiência ajudou-me a conhecer e amar mais a Igreja, a diferenciar o essencial do acessório ou circunstancial, a valorizar o que une, a ser solidário com as Igrejas em peregrinação no meio das dificuldades e da dor, a ter consciência da urgência da evangelização. Fez-me crescer como cristão, religioso e bispo. Face a estes desafios, como convencer aqueles que têm mais dificuldade em entrar nesta dinâmica? Todos temos de compreender e aceitar que a sinodalidade é algo que pertence à…
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Ir. Cidinha Fernandes: “O jeito de amar de Jesus é o de dar a própria vida”

No início do Mês da Bíblia, neste vigésimo terceiro domingo do Tempo Comum, a Ir. Cidinha Fernandes nos faz ver que “somos convidados a tomar nas mãos a Palavra de Deus, palavra a ser lida, escutada, refletida, vivenciada como compromisso cotidiano na vida pessoal, familiar, na comunidade e no mundo”. Comentando a leitura do livro da Sabedoria, a religiosa Catequista Franciscana nos questiona: “qual é a pessoa que pode conhecer os desígnios de Deus?”, ao que responde que “este propósito é dado a quem busca a sabedoria e o Espírito de Deus”. No evangelho de Lucas (14, 25-33), é relatado que grandes multidões acompanhavam Jesus. A essas multidões, Jesus as fala “das condições para o seguir, da necessidade de se desapegar de pai, mãe, filhos, e da própria vida para ser discípulo, discípula  e acrescenta que é preciso tomar a cruz e caminhar atrás Dele, Jesus. Reflete sobre a necessidade de verificar o que é necessário para se terminar um projeto iniciado, utilizando como exemplos a construção de uma torre, ou o rei que vai enfrentar um adversário. Conclui dizendo que, quem não renunciar a tudo o que tem não pode ser discípulo”. Segundo a Ir. Cidinha, “Jesus é radical!”. Ela insiste em que “para ser discípulo é tudo ou nada, ele quer ser o primeiro em nossas vidas e não um terceiro. No momento em que Ele fala às multidões está caminhando para Jerusalém para doar a própria vida, e por isso nos pede tudo, sua mesma qualidade de entrega, a vida toda e na totalidade.  Ele não aceita menos do que podemos dar.  Jesus é o centro da vida do discípulo, quem ama põe o Amado no centro de tudo!”. Em relação com nossas vidas, a religiosa afirma que “vamos aprendendo de Jesus essa qualidade de amar, precisamos crescer no amor, o que exige …treinar, treinar e treinar, cair, cair, mil vezes, mas também levantar e de novo, recomeçar, nos colocar no Caminho Dele”. Ela insiste em que “enquanto caminho vou me apaixonando cada vez mais por Jesus, por seu projeto e, assim vou me transformando, modificando, modelando o meu jeito de ser, de relacionar e de entregar a própria vida”. “Jesus não pede que não eu ame a mim mesma, meus pais. Ele pede que eu ame a mim mesma, aos meus pais e os outros como Ele Ama”, segundo a missionária na Diocese de São Gabriel da Cachoeira. Ela destaca que “o jeito de amar de Jesus é o de dar a própria vida, em solidariedade, cuidado, como totalidade. Um jeito de amar que   assume a cruz como caminho, não por gostar de sofrer, mas a cruz como caminho de solidariedade e de amor”. Um Evangelho que “nos desafia a não transformar o outro, a outra em objeto de satisfação, de lucro, prazer, não é um amor egoísta, egocêntrico, não toma posse, mas se abre para doar, gerar, cuidar da vida”, ressalta a religiosa. Um seguimento de Jesus, um discipulado que “não é algo imposto”, afirmando que “é preciso querer ser discípulo”, como Jesus nos fala: “se alguém vem a mim”. Tudo isso, “evoca uma liberdade que só quem ama é capaz de oferecer, acolher e compreender. Quem escolhe ser discípulo, discipula, trilha um caminho de liberdade amorosa que o faz capaz de desapegar, de não possuir nada, até a própria vida”. Finalmente, a Ir. Cidinha afirma que “a palavra de Deus para nós é um grito de profecia neste mundo, que para ser feliz não é preciso possuir muito, tomar posse do outro, da terra, o   que priva o ser humano de sua liberdade plena”. Por isso a religiosa pede, “que sejamos capazes de, a cada dia ir aprendendo de Jesus o jeito de amar, na radicalidade do tudo, o que nos caracteriza como seus seguidores e seguidoras”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Leonardo Steiner chama a “voltarmos nosso olhar para a Amazônia que nos ensina e sempre nos acolhe”

A 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi encerrada nesta sexta-feira, 2 de setembro com uma celebração eucarística no Santuário Nacional de Aparecida, Padroeira do Brasil, presidida pelo Arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, que definiu a celebração como momento para louvar e agradecer a Deus que acompanhou o caminhar da CNBB ao longo de 70 anos. Refletindo sobre as leituras da liturgia do dia, Dom Leonardo, criado cardeal pelo Papa Francisco no consistório celebrado na Basílica de São Pedro no dia 27 de agosto, afirmou que “somos sempre novos surpreendidos pelo amor com que somos amados, amadas, um amor redentor, libertador, gratuito”. Segundo o Arcebispo da capital do Amazonas, “somos todos participantes do verdadeiro banquete onde fomos conquistados, atraídos pelo amor que nos amou primeiro”. Dom Leonardo questionou sobre a possibilidade de que “nos tenhamos descuidado e entrado na sonolência, no distanciamento, da relação, do convívio”. Segundo o cardeal, “perdemos o cuidado e o cultivo da proximidade, da maturação, de uma relação de amor”. Desde a presença do esposo, ele fez ver que isso “exige maior maturidade, despojamento, liberdade, sintonia, pois é uma relação santificadora onde somos sempre mais revestidos do esposo”. Recordando as palavras de São Paulo, onde diz “já não eu vivo, mas Cristo vive em mim”, Dom Leonardo lembrou que quando vivemos na proximidade do Esposo, “somos sempre alimentados pela sua presença, mas também dos apareceres do caminho”. Nessa perspectiva, falando sobre o jejum, o cardeal afirmou que “jejuar por jejuar não desperta para a grandeza e a nobreza do seu seguimento”, definindo o jejum como “o exercício do vazio, do esvaziamento, uma abertura de receptividade, uma espera, uma saudade. Jejum, abrir espaço, ser receptividade do mistério que transforma”, referindo esse jejum ao Mistério da Cruz. No jejum da relação, afirmou Dom Leonardo, “há possibilidade de uma intimidade transformativa, vida nova, Ressurreição”, ressaltando que “no esvaziamento de nós mesmos nasce a possibilidade da fecundação da vida nova, pela suavidade da gratuidade Cruz-Ressurreição, isto é amor”. Aprofundando na reflexão sobre o jejum, o purpurado se referiu à ausência do esposo, que “nos leva â saudade, saudade do tempo da graça, saudade do tempo do amor”. O cardeal questionou: “as intempéries da vida que cobrem às vezes a nossa cotidianidade, a nossa nobreza e dignidade, justiça, fraternidade, paz, democracia, ética, estão a nos despertar para um jejum?”. Uma questão que cada vez mais cobra uma resposta da sociedade brasileira diante da atual situação pela qual o país está passando, como foi recolhido na Mensagem ao Povo Brasileiro sobre o Momento Atual. Dom Leonardo chamou a “despertamos para a necessidade da ética, da democracia, da justiça, da dignidade”. A ausência de democracia, de paz, “começamos a perceber a importância de todos esses elementos”, enfatizou Dom Leonardo, pois “caso contrário perderemos os olhos, o olfato, as cores, os sabores da nossa convivência social”. Um jejum que na parábola do Pai misericordioso “trona-se caminho de retorno”, recebendo o filho “beijos e abraços que o devolvem ao banquete do amor”. Por isso, ele chamou a “sermos fiéis e não abandonarmos o convívio”, e junto com isso a “permanecermos fielmente no aconchego da graça do amor”. Falando sobre a Assembleia presencial, Dom Leonardo vê isso, depois de 3 anos de ausência de encontro entre os bispos em consequência da pandemia, como oportunidade para “estarmos na comunhão, na colegialidade”, como momento “para percebermos as graças e as belezas das nossas igrejas particulares”. O novo cardeal da Amazônia, citando Querida Amazônia, disse que “expressamos uma Igreja que busca uma hermenêutica da totalidade”, afirmando que “todas as realidades necessitam de transformação, dignificação, santificação”, insistindo mais uma vez em “como nos fez bem estarmos juntos, na mesma comunhão, com as nossas diferenças, com os nossos sonhos”. O Arcebispo de Manaus chamou a “voltarmos nosso olhar para a Amazônia, a Querida Amazônia, os povos, as culturas, a prodigalidade na natureza, a força suave das águas, a solidariedade, o acolhimento do nosso povo, a alma religiosa dos pequeninos, a pobreza e os pobres, a originalidade dos povos, a Amazônia que nos ensina e sempre nos acolhe”. Uma região onde “essa Igreja missionária que navega nas contrariedades e que constitui comunidades de base com a força dos leigos, uma verdadeira presença viva, com a força e a presença da Vida Religiosa e de tantos missionários presbíteros”. Uma Igreja, citando palavras do Documento de Santarém, “encarnada e libertadora”. Isso, “numa Amazônia de mil rostos e mil sonhos, sempre mais delapidada, destruída, poluída, violentada, no entanto sempre mais amada”. Por isso, o cardeal fez ver que “não necessitemos jejuar por ter perdido a poesia, os lares, as culturas, as criaturas, tudo o que abriga e deixa ser”. Mas também que “não necessitemos jejuar, sentir saudades do tempo em que tínhamos uma casa para a qual sempre podíamos voltar, uma casa para todos”. Palavras que Dom Leonardo encerrou pedindo que “permaneçamos sempre com o Esposo, permaneçamos sempre a caminho”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Em Mensagem ao Povo Brasileiro, bispos denunciam corrupção que “subtrai o que pertence aos mais pobres”

No final da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Aparecida de 28 de agosto a 2 de setembro, os bispos tem lançado uma Mensagem ao Povo sobre o Momento Atual, um costume nas últimas assembleias do episcopado brasileiro. O texto começa afirmando ter presente “a vida e a história de nossas comunidades, o rosto de nossa de gente, marcado pela fé, esperança e capacidade de resiliência”, dizendo assumir as alegrias e esperanças do povo. Os bispos insistem na necessidade de traduzir a fé “em compaixão e solidariedade concretas”. Daí “o compromisso com a promoção, o cuidado e a defesa da vida, desde a concepção até o seu término natural”, incluindo aí a família, a ecologia integral e o estado democrático. Os bispos mostram preocupação diante do “tempo difícil em que vivemos”, que aparece na situação de “complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade brasileira”. Nessa perspectiva, os bispos denunciam “os alarmantes descuidos com a Terra, a violência latente, explícita e crescente, potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas”, algo motivado pelo desemprego, a falta de acesso à educação de qualidade para todos, a fome. A Mensagem faz um firme chamado a proteger a jovem democracia brasileira, chamando a um amplo pacto nacional. Ainda mais no ano em que o Brasil comemora o bicentenário de sua Independência, que deve levar a “ter presente que somos uma nação marcada por riquezas e potencialidades, contudo, carente de um projeto de desenvolvimento humano, integral e sustentável”. Junto com isso, se faz o chamado ao “compromisso autêntico com a verdade, com a promoção de políticas de Estado capazes de contribuir de forma efetiva para a diminuição das desigualdades, a superação da violência e a ampliação do acesso a teto, trabalho e terra”. Tudo isso desde a cultura do encontro e do diálogo, em busca de “ser uma nação realmente independente e soberana”. Os bispos mostram suas preocupações: a manipulação religiosa e a disseminação de fake News. Também denunciam “a corrupção, histórica, contínua e persistente”, que “subtrai o que pertence aos mais pobres”. Junto com isso insiste na promoção da Lei da Ficha Limpa, em vista do processo eleitoral que o Brasil está vivendo, ameaçado por tentativas de ruptura da ordem institucional. Diante dessa conjuntura, os bispos do Brasil reiteram “nosso apoio incondicional às instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados das eleições”, chamando à participação no processo eleitoral e escolher candidatos “que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum”. Leia na íntegra a Mensagem da CNBB ao povo brasileiro sobre o momento atual Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Papa Francisco acolhe com empatia os novos Estatutos da Conferência Eclesial da Amazónia

Na manhã de sexta-feira, 2 de setembro, o Papa Francisco recebeu a Presidência da Conferência Eclesial da Amazónia (CEAMA). O objetivo da reunião foi o de lhe apresentar os novos estatutos modificados que explicitam a identidade eclesial e amazónica da CEAMA. Uma audiência que o Cardeal Pedro Barreto definiu como “uma experiência de grande empatia com o Sumo Pontífice. Empatia porque vimos claramente que ele aceitou este processo sinodal que levou à Conferência Eclesial da Amazónia”. O Santo Padre e a CEAMA viveram desde o início uma grande comunhão, como o seu presidente assinala. Os novos estatutos baseiam-se, sublinha o cardeal peruano, “na orientação do Vaticano II, especialmente na sua eclesiologia do Povo de Deus com a Constituição Dogmática Lumen Gentium, e os novos estatutos também assumem a missão da Igreja que o Vaticano II inclui na Constituição Pastoral Gaudium et Spes“. O Cardeal Barreto sublinha também que “de uma forma muito particular, os estatutos incorporam o Documento Final do Sínodo para a Amazónia e a exortação apostólica Querida Amazónia, em que o Papa Francisco assume o Documento Final”. O presidente da CEAMA destaca “a sabedoria do Santo Padre, que vem de um profundo discernimento que ele experimentou como Bispo de Roma e que ele nos transmite, encorajando-nos a viver uma experiência sem precedentes, mas que ele confirmou: a criação pública, canónica e jurídica desta Conferência Eclesiástica da Amazônia, motivo de alegria perante uma realidade irreversível na história da Igreja, por ser a primeira Conferência Eclesiástica de uma região, um bioma com uma grande biodiversidade e uma grande diversidade cultural, que, como diz o próprio Papa Francisco, são os guardiões da natureza”. Finalmente, o Cardeal Barreto quis reafirmar que “o Papa Francisco, com uma lucidez impressionante aos 85 anos de idade, e que está a viver a experiência de um processo sinodal que está em curso e que é definitivamente um sinal de esperança para a Igreja universal“. A partir daí vê este momento como algo muito importante, sublinhando que é motivo de “muita alegria, muita esperança porque a CEAMA é uma realidade na vida da Igreja e da missão evangelizadora na Amazónia”. Os estatutos, como o Papa Francisco salientou, podem não ser perfeitos, dada a novidade da CEAMA e o seu sentido eclesial, mas não pode haver razão para se preocupar em cometer erros, porque o importante é “avançar, como uma planta que temos de regar“, disse o Padre Alfredo Ferro, SJ. Durante a audiência, o Papa Francisco foi informado sobre diferentes aspectos. Dom Eugenio Coter, falou-lhe sobre o encontro realizado com o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sobre o Rito Amazónico, que teve lugar a 1 de setembro. Pela sua parte, o secretário executivo falou-lhe do trabalho dos núcleos em que a CEAMA está dividida: pastoral intercultural, formação, ministério da mulher. Segundo o Padre Ferro, o Papa salientou a importância de se avançar na questão do ministério das mulheres, reconhecendo a sua liderança e apelando a uma reflexão teológica muito mais profunda sobre este ministério. Do mesmo modo, o Santo Padre foi informado por Mauricio López sobre o progresso do programa universitário amazónico, uma universidade desde a Amazónia, desde os territórios, desde as proposta das comunidades e das necessidades concretas. Neste sentido, foi-lhe falado da inauguração da Cátedra Cardeal Claudio Hummes, que teve lugar na semana passada em Quito durante uma reunião em que se discutiu a Universidade Amazónica. A figura do Cardeal Hummes esteve muito presente no diálogo com o Papa, de acordo com Alfredo Ferro. Quanto àquele que foi o primeiro presidente da CEAMA, o Papa Francisco recordou que durante a sua visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude em 2013, o Cardeal Hummes fez-lhe ver que a América Latina não poderia ser compreendida sem a Amazónia e o planeta não poderia ser compreendido sem a Amazónia, algo que ressoava com o Papa. Uma audiência na qual o Papa Francisco recebeu vários presentes, incluindo uma virgem de barro feita por uma camponesa, ou vários objetos feitos de pau Brasil, lembranças oferecidas pela REPAM e CEAMA ao Santo Padre. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

De volta para casa, colocar a mão na massa para implementar a Reforma da Igreja

Um encontro de todos os cardeais é coisa rara, acontece quando um Papa morre e tem que eleger o sucessor e mais alguma vez que o Santo Padre decide reunir seus colaboradores mais próximos para refletir sobre assuntos importantes na vida da Igreja. Quando o Papa Francisco foi escolhido em 2013, um dos pedidos que recebeu foi a reforma da Cúria Vaticana. Para isso iniciou-se um processo de discernimento que pudesse ajudar a descobrir os novos caminhos que a Igreja católica precisa. Não só aqueles que estão no Vaticano, mas também todos os batizados e batizadas que vivenciam sua fé em todos os cantos do Planeta. Mais do que normas concretas, o Papa Francisco chamou a anunciar o Evangelho, um pedido que aparece na Constituição Apostólica que ele escreveu para recolher o refletido ao longo de nove anos. Seu nome é Praedicate Evangelium, que a gente poderia traduzir por pregai o Evangelho. Aprofundar no conteúdo do texto do Papa tem sido a motivação dos quase duzentos cardeais que se reuniram no Vaticano na segunda e terça-feira. Dentre eles, pela primeira vez, um cardeal da Amazônia, o Arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, alguém que tem mostrado seu compromisso em levar o clamor da Amazônia e de seus povos até o Santo Padre. A Amazônia tem um lugar preferente no coração do Papa Francisco. Ele tem mostrado repetidamente sua preocupação e carinho pelo bioma amazônico, seus povos e sua Igreja, com gestos concretos que demostram essa afirmação, dentre eles o Sínodo para a Amazônia, que também pode ser visto como momento em que surgiram aportes importantes nesse processo de reforma que agora tem ficado mais explícito de por onde deve avançar. O encontro dos cardeais com o Papa tem destacado elementos que tem que estar presentes na vida da Igreja: a comunhão, a missão, a presença no meio dos pobres, a presença dos leigos, também das mulheres, em espaços de toma de decisão, dentre outros elementos chamados a ajudar na implementação da Reforma. Nessa implementação em todos os níveis de Igreja está o passo decisivo desse processo. É hora de colocar a mão na massa e traduzir em gestos, atitudes e propostas o espírito da Praedicate Evangelium. Quem faz parte da vida da Igreja católica tem que se perguntar: o que deveria ser feito em nossa comunidade, em nossa paróquia ou área missionária, em nossa diocese para aos poucos implementar a reforma? Toda reforma precisa de mudanças, nem sempre fáceis de assumir, mas que são necessárias para implementar tudo aquilo que pode fazer realidade o que é procurado, uma Igreja que responda melhor ao desígnio de Deus, uma Igreja mais viva, melhor presença de Jesus Cristo no meio de seu povo. É tempo disso, de concretizar e fazer carne o que está no papel. Só assim a gente vai poder dizer que a reforma está andando. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Em Carta ao Papa, Bispos do Brasil alegram-se pela nomeação cardinalícia de dois de seus membros

Os bispos do Brasil, reunidos na 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), enviaram uma Carta ao Papa Francisco (ver aqui), onde relatam ao Santo Padre os acontecimentos mais importantes que fazem parte da vida da Igreja do Brasil: 70 anos da CNBB, 15 anos de Aparecida, 18º Encontro Eucarístico Nacional. Tudo isso em espírito de colegialidade e sinodalidade, atitudes presentes no tema da 59ª Assembleia Geral da CNBB. O texto, assinado pelos 4 membros da Presidência, fala sobre “a conclusão da fase diocesana do Sínodo em todas as Igrejas Particulares do Brasil o que nos proporcionou a oportunidade de conhecer um retrato da escuta sinodal realizada nas comunidades eclesiais de todo o nosso País”. A carta faz um listado dos pontos fundamentais que ao longo da Assembleia estão sendo abordados pelos bispos brasileiros, destacando dentre eles a pesquisa “Saúde Integral do Clero”, que segundo recolhe o texto, busca “traçar um diagnóstico do estado da saúde dos ministros ordenados”. A pesquisa mostrou que “muitos dos problemas de sofrimento psíquico, cansaço por sobrecarga de atividades, experiências de solidão, estilo de vida sedentário e pouco saudável, que já existiam de modo latente, foram agravados com a pandemia de Covid-19”. O propósito da Igreja do Brasil é “encontrar caminhos de acompanhamento pastoral dos ministros ordenados, no horizonte da melhora da nossa qualidade de vida e de ministério”. Um outro elemento importante que a Carta ao Papa Francisco dos Bispos do Brasil recolhe são eleições do próximo mês de outubro, algo que acontece no mesmo ano em que o país comemora 200 anos da sua Independência, mostrando preocupação diante do “clima de tensão entre os Poderes da República”. Diante desta situação que o Brasil está vivendo, seus bispos afirmam ter “se esforçado para animar as pessoas e as organizações da sociedade civil, através do Pacto pela Vida e pelo Brasil, dentro da tônica de amizade e cooperação social”. Uma atitude motivada pela “irrenunciável missão de nos empenharmos na promoção da pessoa humana à luz da fé cristã”. Os bispos manifestam ao Papa Francisco “proximidade fraterna e apoio no exercício do seu ministério petrino”, que definem como “serviço exigente e indispensável à unidade e comunhão da Igreja Católica”, afirmando que “em que pesem os desafios, o seu testemunho segue luminoso e fecundo para vida da Igreja”. Finalmente, os bispos do Brasil, que ao longo deste ano estão realizando a Visita Ad Limina, mostram “comunhão com o consistório que ora se realiza”, manifestando sua alegria “pela nomeação cardinalícia de Dom Leonardo Ulrich Steiner e Dom Paulo Cézar Costa”. Ao Papa Francisco dizem assegurar-lhe suas preces e “com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, rogamos bênçãos profusas sobre Vossa Santidade e seu ministério”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1