Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Autor: cnbbnorte1blog@gmail.com

9º Festival de Cultura e Musica Indígena do EWARE mostra a riqueza do povo Ticuna

Valorizar a cultura é um dos objetivos da Igreja na Amazônia, uma proposta que cobrou um impulso maior com o Sínodo para a Amazônia. O povo ticuna, que habita a região da Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, realizou mais uma vez, durante a última semana, o Festival de Cultura e Musica Indígena do EWARE. O 9º FIE, onde participaram 34 comunidades da Região do Alto Solimões, desde o município de Santo Antônio do Iça até a Colômbia, contando com a presença de caciques e representantes do poder público municipal, foi voltado para a ecologia e foi uma oportunidade para mostrar a importância do cuidado da Casa Comum, mas também de mostrar o protagonismo, responsabilidade e talentos dos povos indígenas. O encontro, que contou com a cobertura da Rádio Nacional do Alto Solimões e a Rádio Indígena A’uma, foi mostrando a cultura de cada uma das comunidades participantes em seus cantos, danças e apresentações. Também foi momento para realizar a Assembleia Geral dos Caciques do EWARE I e EWARE II, que ao longo do encontro, que teve como lema: “Vamos lutar juntos”, buscaram como proteger sua terra sagrada e promover a vida a través da natureza e das culturas. Elementos presentes na cultura indígena foram utilizados ao longo do encontro: arco e flecha, zarabatana, corrida com toras… Homens e mulheres de todas as idades revelaram suas habilidades, também naquilo que sempre esteve presente na vida do povo, como acender o fogo sem fósforos, e outras realidades, que mesmo não sendo mais cotidianas, querem ser preservadas pelo povo ticuna. Insistindo na necessidade de uma forte conscientização sobre a ecologia integral, sobre a preservação da cultura indígena, sobre a conscientização em contra das drogas e do alcoolismo, especialmente entre os mais jovens, o 9º Festival de Cultura e Musica Indígena do EWARE foi encerrado. Os organizadores destacam que foi um grande ajuri, um momento de encontro e trabalho em comum, mas também uma celebração marcada pela fraternidade e a união. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações do Blog Belém do Solimões

Ir. Rose Bertoldo: “Um olhar, uma palavra amiga, um abraço, sermos escuta atenta, restitui a dignidade da vida”

No 15º domingo do Tempo comum, a Ir. Rose Bertoldo comenta as leituras desde um olhar feminino. A secretária executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), começa destacando na leitura do livro do Deuteronômio, como Moises fala ao povo pedindo que escutem a voz de Deus e observam os mandamentos. Segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria, essa palavra não é distante: “a palavra está bem ao teu alcance, esta em tua boca e em teu coração”. A cita bíblica a leva a dizer que “a Palavra de Deus não é inacessível, está ao alcance de todos, quando a acolhemos em nosso coração e a transformemos em pratica do cuidado com a vida”. Na segunda leitura, a Ir. Rose diz perceber “a centralidade da pessoa de Jesus, sua mensagem e sua pratica nos conduzem ao coração de Deus, somos a imagem de Deus na medida que nos deixemos modelar pelas palavras e ensinamentos de Jesus”. A religiosa vê o mesmo ensinamento no Evangelho, que relata a conhecida parábola do Bom Samaritano. Diante do texto evangélico chama a se perguntar: “de quem eu me faço próxima? De quem eu me aproximo? Me aproximo de quem está caído e necessitado de ajuda? Me aproximo das meninas vitimas do abuso, da exploração sexual, das mulheres violentadas, dos migrantes, daqueles e daquelas que pensam diferente de mim, daqueles que expressam sua fé de forma diferente da minha?”. A religiosa afirma que “fazer com que o mundo seja melhor implica nos fazermos próximas dos outros, daqueles que são mais vulneráveis”. Segundo ela, “a gente se define pela maneira como nos fazemos próximos uns dos outros, essa proximidade se dá através da presença que acolhe, cuida, fortalece laços, alimenta a comunhão”. Daí, a Ir. Rose coloca alguns verbos que nos levam a ação: “ver, enxergar, sentir compaixão, cuidar”. Olhando para a vida, a secretária executiva do Regional Norte1, coloca que “quando a gente vê o outro ferido, machucado, a gente se mobiliza para a ação, a compaixão, para se importar diante da dor do outro. Sentir o outro é decisivo, eu só vejo a partir de onde meus pés pisam, porque desperta para uma ação concreta”. No texto do Evangelho, destaca a religiosa, “o samaritano ficou afetado ao contemplar o drama do outro, não ficou indiferente, olhou, aproximou-se, enfaixou as feridas, deu dignidade e o colocou numa situação de segurança. Uma atitude que termina alterando o caminho e sua vida, seus planos foram mudados. Alguém ferido cruzou seu caminho e já não pode viver à margem desse encontro”. Essa atitude do samaritano, leva a Ir. Rose Bertoldo a afirmar que “quando a gente se envolve numa causa, sente a dor do outro, a gente não fica indiferente e sim faz a opção e entrega a vida”. Por isso, ela insiste em que “somos convidadas a nos aproximar, sentir compaixão contribuir para que o outro possa restaurar a sua identidade pessoal, a sua dignidade”. A religiosa repara no convite de Jesus ao final do texto, que vê como uma grande provocação para cada uma de nós: “vá, e faça a mesma coisa”. “Com esse imperativo, Jesus nos chama a uma conversão radical”, segundo a religiosa, que insiste em que “devemos sair dos espaços seguros de nós mesmos, igualar-se ao samaritano e fazer o que ele fez: cuidar da vida, restituindo a dignidade”. Nessa perspectiva, a Ir. Rose se questiona: “quantos corpos caídos no chão temos hoje? Corpos abandonados pela sociedade, pelo Estado, por nós mesmos”. “Destes corpos feridos nasce o grande clamor da acolhida, da solidariedade. O verdadeiro seguimento de Jesus nos faz dirigir nosso olhar para os feridos, os caídos, as exploradas sexualmente, deixadas no caminho, crianças, adolescentes, juventudes, mulheres, migrantes e tantos outros, os mais vulneráveis”, relata a religiosa. Ela chama a “contribuir para restituir a dignidade, a vida plena”. Para isso, “às vezes basta um olhar, uma palavra amiga, um abraço, sermos escuta atenta, que restitui a dignidade da vida”. Finalmente, a Ir. Rose coloca um grande desafio: “ser presença samaritana no cotidiano, aguçar sempre mais nosso olhar, deixar se envolver pelo outro, nos colocarmos no caminho que nos leva ao encontro de tantas pessoas às quais nos fazemos próximas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Cláudio: um legado que continuará dando frutos de vida na Amazônia

A Amazônia ocupa hoje um lugar importante na caminhada da Igreja. A gente poderia dizer que o Papa Francisco tem muito a ver com isso, mas ninguém pode duvidar da importância do trabalho do Cardeal Hummes nesse destaque. Hoje a Igreja da Amazônia ilumina a caminhada da Igreja universal, foi desde a Amazônia que o Papa Francisco fez um chamado à Igreja a sonhar, a sonhar sem medo, a ser mais utópica, a caminhar sem medo. Para isso, o Santo Padre encontrou em Dom Cláudio um confidente, alguém com quem sonhar junto, com quem sonhar em comunhão. O falecimento de Dom Cláudio Hummes, acontecido nesta segunda-feira, 04 de julho, deve nos levar a agradecer a Deus pelo compromisso de alguém que assumiu as causas da Amazônia e de seus povos como próprias. Mesmo sem morar na região, ele sempre se fez presente e se tornou uma ponte entre a Amazônia e o Vaticano, entre a periferia e o centro. Diante de seus muitos afazeres e serviços prestados à Igreja ao longo da sua vida, “sua missão amazônica” será lembrada como um dos principais dentre esses serviços. Algo que Dom Cláudio assumiu até praticamente o final da sua vida, doando suas poucas forças finais ao serviço de um processo que tem ido plantando sementes que vão dar frutos abundantes para a Igreja no futuro. Uma das muitas coisas que Dom Cláudio admirava na Amazônia eram os túmulos dos missionários que morreram e foram sepultados em sua terra de missão. O mesmo compromisso assumido por esses homens e mulheres em favor da missão, podemos dizer que também foi assumido de um modo diferente, mas com a mesma entrega, pelo cardeal agora falecido. Alguém que sempre chegou na Amazônia para escutar, para promover o trabalho em rede, em sinodalidade, desde a base, buscando caminhos novos, considerados escândalo em outros lugares, mas que respondiam aos clamores dos povos e de uma Igreja que vive dentro de uma realidade completamente diferente. Uma Igreja e uns povos que desde a encarnação e a interculturalidade pretendem fazer vida hoje, nesta região, a Boa Notícia do Evangelho. Um legado que sem dúvida vai permanecer e vai continuar dando frutos, nascidos e cultivados no meio dos diferentes povos que habitam esta imensa e rica região chamada Amazônia, fonte de vida para o mundo e para a Igreja universal. A Amazônia tem mais um intercessor ao lado do Pai, mais alguém para continuar guiando e orientando uma caminhada cheia de vida e esperança para todos, sobretudo para aqueles que sempre ficaram do lado de fora da história. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Comissão Episcopal para a Amazônia: a missão que marcou a vida do “Prefeito do Clero Emérito”

A partida física das pessoas faz com que as reações apareçam, ainda mais quando estamos diante de alguém que marcou a vida da sociedade e da Igreja. Sobre Dom Cláudio tem se falado muitas coisas após sua morte, mas a gente quer lembrar daquilo que marcou sua vida nos últimos anos. Em 2010, o Cardeal Hummes deixou a Congregação do Clero, onde era prefeito desde 2006, e voltou para o Brasil. Aos 76 anos de idade, a pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o “cardeal aposentado” assumiu a Comissão Episcopal para a Amazônia em 2011, e começou visitar as igrejas da Amazônia. Mesmo idoso, ele não hesitou em se deslocar até os lugares mais distantes para escutar, para conhecer a vida dos povos e assumir como próprias as causas da Amazônia, das gentes que a habitam. Lembro o relato de Dom Edson Damian sobre uma vista de Dom Cláudio à comunidade indígena de Iauraté, no Rio Uaupés, na fronteira entre o Brasil e a Colômbia. Segundo o Bispo de São Gabriel da Cachoeira, o cardeal embarcou na voadeira, navegou durante horas, e sentou-se com paciência para escutar o povo, para descobrir a riqueza de sua vida, mas também os clamores nascidos das ameaças que atingem os povos da Amazônia. Dom Cláudio será lembrado por ter sido presidente da Rede Eclesial Panamazônica (REPAM), da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), relator geral do Sínodo para a Amazônia, mas tudo isso foi consequência da missão assumida como presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, uma missão que fez com ele pudesse fazer realidade um sonho que ele sempre teve: ser missionário na Amazônia. Em Dom Cláudio podemos dizer que se tornaram realidade as palavras de alguém que pode ser considerado uma referência para a vida da Igreja na Amazônia no pós Concílio Vaticano, Dom Pedro Casaldáliga. Que foi Bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, disse que “minhas causas valem mais do que minha vida”. Mesmo com a saúde debilitada, o Cardeal Hummes continuou doando sua vida pela Amazônia até o fim. Aos poucos, as águas da Amazônia foram inundando sua vida, alimentando sua existência, até fazer transbordar ao mundo aquilo que aos poucos ia descobrindo. Sempre pensando na vida em plenitude, dos povos e de um bioma cada vez mais ameaçado. A voz profética de Dom Cláudio foi chegando mais longe e foi ficando mais forte, mais firme, ajudando muitas pessoas, na Igreja e na sociedade, a não ficar indiferentes diante do necessário cuidado de uma região e dos povos cada dia mais ameaçados. Uma voz que denunciou o avanço do garimpo, do desmatamento, do agronegócio, e de tantas realidades que foram degradando o bioma amazônico. Uma voz que sempre chamou a estar atentos à destruição da Amazônia, para daí “nos engajar na luta pela preservação e no cuidado com a Amazônia e com a Casa Comum”, segundo lembrou na comemoração do Dia da Amazônia, em 5 de setembro de 2021. Podemos dizer que o legado de Dom Cláudio deve nos levar a olhar o futuro desde aquilo que ele falou naquele 5 de setembro de 2021: “há que se ter esperança, e há também que se enveredar na construção de modelos sustentáveis de produção, consumo e economia”. Isso vai se tornar realidade concreta na medida em que consigamos realizar “pequenos gestos simbólicos, como plantar uma árvore, revitalizar o jardim de casa ou buscar informações sobre como e onde são produzidos os alimentos que compartilhamos nas mesas de nossas casas”. Ainda na Capela Sistina, no momento em que o Cardeal Bergoglio passou a ser o Papa Francisco, Dom Cláudio lhe disse uma frase lembrada muitas vezes desde aquele momento: “Não esqueça dos pobres”. Francisco nunca esqueceu dos pobres, mas também não esqueceu da Amazônia, duas causas partilhadas por dois grandes amigos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Giuliano Frigenni: “A Amazônia me ensinou a obedecer a um ritmo que não é o meu”

No dia 1º de julho, Dom Giuliano Frigenni completou 75 anos, idade canônica em que os bispos tem que apresentar sua renúncia ao governo pastoral da diocese. O Bispo de Parintins afirma que é “um momento de muitos sentimentos, primeiro de gratidão por ter chegado até o fim desta estação da minha vida”. Ele vê seus últimos 23 anos como bispo como “os mais cheios de responsabilidades, de dons, de alegrias, de sofrimento”. “Um tempo de comunhão com os outros bispos”, segundo Dom Giuliano, vivido desde a responsabilidade de “fazer apaixonar o Povo de Deus pelo Reino de Deus, sentir que o Reino de Deus é algo a ser acrescentado à vida”. Missionário na Amazônia há 43 anos, ele considera a região como “um mundo cheio de mistério, um mistério que se revela porem nas pessoas”. Aos 75 anos, o Bispo da Diocese de Parintins diz se sentir “como quando entrei na sala de aula para começar a aprender a escrever”. Depois de entregar sua renúncia ao Santo Padre, ele quer viver este momento desde o desejo imenso “de falar menos, de meditar mais, de agradecer mais, e de acompanhar o crescimento da Igreja no Brasil”, lembrando momentos importantes vividos ao longo dos últimos anos, insistindo em que “toda esta vida tão rica não tem ponto final”. Dom Giuliano quer aproveitar o futuro para “silenciar, um silencio cheio de vida”, querendo “ecoar dentro da minha vida a grandeza de ter nascido, de ter sido batizado, de ter encontrado uma paróquia que me iniciou à vida, de ter começado trabalhar nas fábricas, lá que senti a vocação, porque sentia na fábrica onde eu trabalhava o ódio contra Cristo e a Igreja”.  Ele afirma nunca ter se arrependido de entrar no PIME, e também de ter obedecido ao Papa João Paulo II, “mesmo não sabendo quase nada daquilo que é o trabalho do bispo”. O que pede para o futuro é um tempo para “me arrepender e permitir que o meu coração se torne mais grato do que presunçoso, mais silencioso do que falador”. Junto com isso, que “a amizade que nasceu entre mim e muitos padres da Diocese de Parintins, padres que eu tive a graça de consagrar padres”, destacando a familiaridade com eles, mas também “a paternidade de um pai que vê os filhos crescer mais sábios, mais inteligentes, mais atuantes do que ele”, padres com a capacidade de “olhar a realidade, amando-a e querer que ela não seja o lugar de exploração, de violência, de pretensão ou de luta pelo poder”. O bispo chama a “viver o presente tendo no coração a presença de Cristo”, lembrando a Christus vivit, onde o Papa faz ver que é pela presença de Cristo, que “a nossa vida se torna vida”. Na Amazônia, Dom Giuliano Frigenni diz ter aprendido, “primeiro a não correr”, insistindo em que “na Amazônia, a primeira coisa importante é a pessoa, escutar as pessoas, gastar tempo, que não é gastar, é se admirar de como Deus chegou primeiro na vida dessas pessoas, chegou com uma bondade, com uma sabedoria, e também chegou com sofrimentos que encontrei”. O bispo afirma que “aprendi a ver aquilo que no mundo se tenta esconder”, dizendo que “na Amazônia fui obrigado a estar com as pessoas”. Ele insiste em que a Amazônia ensina o método da missão, da encarnação e a inculturação, de encontrar amigos, reconhecer nestes amigos aqueles com quem partilhar a missão. Dom Giuliano lembra de padres e bispos que marcaram sua vida, que segundo ele, junto com seu pai, “me transmitiram o sentido da vida”. Ele afirma que “a Amazônia tem esta mágica de colocar em primeiro lugar a própria realidade que determina o ritmo das pessoas”. Segundo o bispo, “quase, quase, o homem não tem que fazer nenhuma violência, até quando tem que cortar uma árvore, o faz porque é necessário, para construir a casa, a canoa ou o cabo do machado ou um remo, mas tudo é feito para a vida”. O Bispo da Diocese de Parintins insiste em que o homem da Amazônia não procura o lucro acima de tudo, o que leva alguns a questionar sobre a falta de desenvolvimento. Nesse sentido, ele se pergunta sobre o que é o desenvolvimento e o progresso “que passa por cima de milhares, às vezes de milhões de pessoas”. Dom Giuliano afirma que “a Amazônia me colocou diante daquilo que é o tesouro aos olhos de Deus, cada pessoa, cada família, cada povo, cada língua, cada rio tem os réus ritmos. A Amazônia me ensinou a obedecer a um ritmo que não é o meu”. Ele vê os 43 anos vividos no Amazonas como “um tempo para começar a se apaixonar por Deus, que nos deu a vida, me deu a graça da vocação missionária, e de ter encontrado rapazes e moças, homens e mulheres que partilharam esta fé e que crescemos juntos”. Uma história sólida, segundo o bispo, “construída por um Outro, o Espírito Santo, que me permite conhecer o Cristo e revelar o Pai”, o que leva a destacar, vendo como isso ajudou a crescer às pessoas, que “a vida não passou inutilmente”, pois fez com que hoje homens e mulheres “tenham no coração a presença de Cristo e através desta presença aprendam a amar”. Olhando para o presente e o futuro, Dom Giuliano não diz “missão cumprida”, e sim diz a Deus, “me ajuda a continuar, a te agradecer e a te encontrar”. Ele insiste em que “se tiver saúde, gostaria muito de continuar, até em outras dioceses que a gente visitou nestes 23 anos”, falando da possibilidade de dar um tempo em outras igrejas do Regional Norte1. Neste tempo de espera, até que o Papa Francisco aceite a renúncia de Dom Giuliano e seja nomeado um novo bispo, ele gostaria que a Igreja de Parintins “viva este momento com desejo de crescer cada vez mais”. Ele define a diocese onde tem sido bispo nos últimos 23 anos como “uma Igreja, como diz o Papa Francisco,…
Leia mais

Faleceu Dom Cláudio Hummes, uma voz em defesa da Amazônia

Faleceu nesta segunda-feira, 04 de julho, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo, com 87 anos de idade, após prolongada enfermidade, segundo informou com uma nota de pesar e esperança o Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo. Nascido em Salvador do Sul (RS), em 08 de agosto de 1934 entrou na vida religiosa da Ordem Franciscana dos Frades Menores, recebendo a ordenação sacerdotal em 3 de agosto de 1958 e a ordenação episcopal em 25 de maio de 1975. Foi bispo diocesano de Santo André (SP), Arcebispo de Fortaleza e Arcebispo de São Paulo. Sendo bispo de Santo André, onde permaneceu por 21 anos, se destacou pela defesa dos trabalhadores, por apoiar os sindicatos e participar de greves como bispo encarregado da Pastoral Operária na CNBB. Depois de dois anos como Arcebispo de Fortaleza, foi nomeado Arcebispo de São Paulo em 15 de abril de 1998, dando impulso à pastoral vocacional, à formação dos sacerdotes e à evangelização da cidade. No Consistório de 21 de fevereiro 2001 foi nomeado cardeal pelo Papa São João Paulo II, sendo Prefeito da Congregação do Clero de 2006 a 2011. De volta ao Brasil, foi nomeado presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Rede Eclesial Panamazônica (REPAM) e da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). O Cardeal Hummes dedicou os últimos anos de sua vida à defesa da Amazônia e de seus povos, percorrendo muitas das igrejas particulares da região e sendo sempre uma voz em defesa de uma região onde o clamor da Terra e dos pobres é o mesmo. Ele não hesitou em denunciar o desmatamento, os megaprojetos predatórios e as doenças da terra e das pessoas. O cardeal falecido sugeriu seu nome como pontífice ao Cardeal Jorge Mário Bergoglio. Eles estavam sentados juntos na Capela Sistina, dizendo ao amigo, no momento em que foi eleito: “Não se esqueça dos pobres”. No Sínodo para a Amazônia, Dom Cláudio foi relator geral, promovendo novos caminhos para a Igreja na Amazônia: inculturação e interculturalidade, a questão da escassez de sacerdotes; o papel dos diáconos e das mulheres, o cuidado com a Casa Comum no espírito da ecologia integral. Ele sempre insistiu em ver o Sínodo para a Amazônia como um processo, nas novas perspectivas que o Sínodo abriu para a Igreja da Amazônia e do mundo, algo que está sendo realizado com a aplicação das propostas sinodais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Grech: “Sínodo da sinodalidade deve ajudar a aprofundar a eclesiologia e o sentido do ministério ordenado”

Um grupo de bispos do Regional Noroeste e Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se encontraram com o Cardeal Mário Grech, Secretário do Sínodo dos Bispos, para partilhar a caminhada do Sínodo em diferentes dioceses e prelazias da Amazônia. Os bispos partilharam os passos dados ao longo do processo de escuta na fase diocesana, que está sendo encerrada nas próximas semanas. Segundo os bispos, as Igrejas da Amazônia estão preparadas para esse processo de escuta dado o caminho feito no Sínodo para a Amazônia. Nesse sentido, foi destacado que os povos indígenas se sentem valorizados por serem escutados de novo pelo Papa Francisco. A Igreja da Amazônia tem uma caminhada sinodal que se remonta a Santarém e o Documento surgido naquele encontro em 1972, algo que marcou a caminhada eclesial na região, onde as assembleias sinodais sempre foram comuns em muitas dioceses e prelazias, com uma grande presença de leigos com voz e voto. Alguns bispos partilharam que aqueles que estão oferecendo maior resistência ao processo sinodal são os padres novos, chegando em alguns casos a bloquear o processo. Não podemos esquecer que a Igreja da Amazônia, segundo foi comentado no diálogo, é uma Igreja laical. Em muitas comunidades a presença dos presbíteros é uma ou duas vezes por ano, e são os leigos e leigas que sustenta a vida da Igreja nesses locais. O próprio cardeal Grech reconheceu que essa caminhada sinodal na Igreja do Brasil e da América Latina é a fonte da vida no continente latino-americano e caribenho. Foi colocado como grande desafio a formação de lideranças, reconhecendo a falta de recursos humanos e econômicos para fazer isso realidade. O Secretário do Sínodo dos Bispos afirmou a importância da formação, mas também advertiu sobre a necessidade de cuidado para não criar grupos de elite. Em algumas dioceses esses espaços de formação já existem, sendo fonte de novas lideranças e espaços que mudam o coração das pessoas. Em relação com o Sínodo para a Amazônia, os bispos afirmaram que a grande maioria das pessoas acolhem, mas também existem pequenos grupos, incentivados pelo poder econômico e político que se empenham em ir contra as propostas do Sínodo para a Amazônia. Trata-se de grupos negativos, agressivos nas redes sociais, contrários ao Papa Francisco e ao Vaticano II, dominados pelo piedosismo. Nesse sentido, foi colocado que a pandemia travou a aplicação e divulgação do Sínodo para a Amazônia na região. Alguns bispos comentaram que na verdade, a caminhada sinodal no Brasil já foi muito mais forte. O Sínodo para a Amazônia e o Sínodo da Sinodalidade, leva a retomar o vivenciado, o cuidado com a Criação e com os pobres. Ao elo do Sínodo para a Amazônia, se insistiu em que para ser Igreja de presença e não só de visita, uma de suas propostas, se faz mais do que necessário a formação do laicato. Foi colocado em destaque a retomada do Documento de Santarém, algo que aconteceu recentemente com a realização do encontro em que se fez memória do Documento de 1972, sendo elaborado um novo documento que Dom Leonardo Steiner entregou ao Papa Francisco, que mostrou sua vontade de ler. Um Documento que retoma as linhas prioritárias de 1972: encarnação na realidade e evangelização libertadora, agora iluminado com novos desafios, principalmente o fechamento para a questão social, o que provoca ataques contra ataques contra a Igreja. Na Amazônia existem realidades que geram graves dificuldades, como é o narcotráfico, o avanço do desmatamento, garimpo, agronegócio, a falta de emprego, o descaso com a educação, moradia, saúde, tudo o que faz com que falte uma vida digna para o povo. Ao mesmo tempo, os bispos tem manifestado ao cardeal Grech sua alegria diante das iniciativas de cuidado do Papa Francisco com a Amazônia. Foi colocado como o Sínodo para a Amazônia ajudou a avançar no caminho da ministerialidade. Junto com isso os bispos abordaram a questão da formação nos seminários como um grave problema. Os bispos estão preocupados diante da falta de conhecimento do Concílio Vaticano II. Diante disso, o Sínodo sobre a sinodalidade deve ajudar, segundo o cardeal Grech, a aprofundar a eclesiologia e o sentido do ministério ordenado. Ele também colocou os passos a serem dados na fase continental do Sínodo, com assembleias eclesiais para escutar o povo de Deus e depois assembleias episcopais, ressaltando novamente as palavras do Papa Francisco em que adverte sobre a necessidade de evitar que as assembleias eclesiais se tornem grupos de elite. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Michele Silva: “Jesus convida no caminho: segue-me, mas as pessoas dão desculpas”

“Refletir sobre como assumimos a missão que nos é confiada por Deus”, é o convite que a Liturgia da Palavra do 13º Domingo do Tempo Comum nos faz, segundo a Ir. Michele Silva. A religiosa chama a se perguntar: “O nosso seguimento a Jesus Cristo é profético? O que é prioridade em nossa vida?”   Comentando a primeira leitura, a Ir. Michele destaca que o primeiro livro dos Reis “nos chama a assumirmos nossa missão sendo profetizas da esperança, a partir da experiência de Eliseu que foi ungido por Elias, para seguir sua missão profética”. Em relação ao Salmo, “o salmista diz que o Senhor nos ensina o caminho para a vida. Com sua presença temos um refúgio seguro e felicidades sem limites!” A passagem da carta aos Gálatas, segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria nos diz que “temos a confirmação de que fomos chamadas para a liberdade – É para a liberdade que Cristo nos libertou!”. Ela questiona: “se olharmos para a nossa realidade, quantas situações nos aprisionam?”, respondendo que “precisamos de libertação do machismo, do clericalismo, da homofobia, da xenofobia e de tantas outras realidades preconceituosas que nos escravizam”. Por isso, a religiosa insiste em que “somos conduzidas pela Divina Ruah, portanto não estamos condicionadas à nenhuma lei ou preceito ultrapassado”. Na passagem do Evangelho segundo Lucas, a Ir. Michele Silva destaca que “Jesus partiu para Jerusalém, e enviou mensageiros à sua frente. Eles entraram num povoado de Samaritanos, que não os receberam bem porque pareciam ir a Jerusalém. Tiago e João perguntaram a Jesus se poderiam mandar descer fogo do céu, sobre eles… Mas Jesus os repreendeu e seguiram o caminho”. A passagem relata que “nesse caminho uma pessoa disse que queria seguir Jesus aonde que ele fosse: Jesus então foi duro: ‘as raposas têm tocas e os pássaros ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça’”, segundo a religiosa. Ela ressalta que “Jesus convida no caminho: segue-me, mas as pessoas dão desculpas: deixa eu primeiro enterrar meu pai, me despedir da minha família, e Jesus deixa claro que o Projeto do Reino de Deus é exigente e precisa ser prioridade em nossas vidas!”. Olhando para a vida das pessoas relata que às “vezes queremos ‘descer fogo’ naquilo que nos incomoda, no patriarcado, nas violências, nos desgovernos, nas desigualdades sociais, e em tudo o que não nos agrada, mas Jesus nos ensina ao seguimento coerente, que transforma a realidade, mas sem violência!”. Finalmente a Ir. Michele disse que “a adesão ao seguimento de Jesus Cristo é exigente, no entanto nos abre para uma liberdade que ultrapassa nossos esquemas limitados”. Para isso, ele pede “que o Imaculado Coração de Maria possa conduzir a nossa missão, nos inspire a uma vivência profética libertadora e transformadora da realidade!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Norte1 e Noroeste encerram visita ad limina “de comunhão, onde se escuta mutuamente e se dialoga”

Os bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) encerraram nesta sexta-feira, 24 de junho, sua visita ad limina, que iniciaram na segunda-feira, dia 20, com um encontro com o Papa Francisco que podemos considerar de grande importância, pois foi lá, segundo revelou Dom Roque Paloschi em entrevista a Vatican News, que o Santo Padre disse que não tem intenção de renunciar ao pontificado, uma especulação presente nas últimas semanas em diferentes meios de comunicação. Um encontro com o Papa Francisco marcado pela extrema cordialidade, segundo Dom Edson Damian, que lembrou a liberdade presente nas mais de duas horas de conversa com o Santo Padre. Segundo o presidente do Regional Norte1 da CNBB, “as visitas a todos os dicastérios, elas foram muito boas, pois em todos eles se respira a Praedicate Evangelium, a Cúria Romana a serviço do Papa e das conferências episcopais”. O Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira destaca que “eles nos deram a liberdade para falar e para expor nossas preocupações e nos escutar com muito respeito e atenção”. O Presidente do Regional Norte1 enfatiza que “é um tempo novo para nossa Igreja”, junto com isso afirma que “voltamos para a Amazônia com muita esperança, com muita alegria, e sabendo que aqui nos escutam e vão nos ajudar muito, sobretudo para aplicar as conclusões do Sínodo para a Amazônia, a enculturação do Evangelho, a liturgia incluturada, e incluso insistem em que façamos um rito amazônico para as nossas Igrejas”. Em relação com isso, o último dia aconteceu o encontro com o Dicastério do Culto Divino y Disciplina dos Sacramentos, presidido por Dom Arthur Roche, que começou fazendo “uma recepção especial ao meu ‘novo’ confrade de 27 de agosto”, Dom Leonardo Ulrich Steiner, que junto com ele será criado cardeal no próximo consistório. O encontro, mais uma vez em um clima de diálogo fraterno, quis responder aos relatórios quinquenais enviados pelos bispos, tendo como base o Motu Próprio Traditionis Custodes e Antiquum ministerium.   Segundo afirmou o prefeito do dicastério no discurso inicial, os relatórios enviados mostram o grande número de catequistas e ministérios. Ele também abordou a atual situação do Brasil e convidou os bispos a partilhar sobre como a pandemia marcou a vida litúrgica das Igrejas. Seguindo as conclusões do Sínodo para a Amazônia, diante da falta de Eucaristia em muitas comunidades, o Dicastério está aberto à discussão em relação com isso. Mons. Roche foi abordando os diferentes sacramentos e chamou os bispos a investir em formação litúrgica dos padres, seminaristas e leigos. Junto com isso, o cardeal eleito valorizou o processo de iniciação cristã e a piedade popular no Brasil, criticando “essas mentalidades fechadas [que] usam esquemas litúrgicos para defender seu próprio ponto de vista”, ressaltando que “adaptações são uma coisa, reescrever o roteiro é outra”. Finalmente, insistiu aos bispos em que não estão sozinhos, em que sua responsabilidade é local, mas também universal, em que caminhar juntos, esta é a nossa força, e que “o Santo Padre e este Dicastério estão convosco, a vosso serviço”. Ser Igreja que evangeliza, um elemento chave, respondendo à realidade atual, que muda constantemente, daí a importância de caminhar junto com o Dicastério para a Evangelização, outro dos encontros realizados no último dia, presidido pelo Cardeal Fisichella. Evangelizar na atual realidade brasileira, conhecida pela Secretaria de Estado, com quem os bispos partilharam a situação do povo da Amazônia, que “continua vivendo de forma precária devido às políticas públicas que não favorecem nossos povos tradicionais, indígenas, ribeirinhos, caboclos, quilombolas e outros”. Uma terra “esquecida e explorada por interesses econômicos espúrios, tirando suas riquezas naturais, sem priorizar a vida do ser humano que ali habita”. Os bispos foram relatando os ataques à Amazônia, a sua biodiversidade e aos seus povos, a realidade dos migrantes, do sofrimento provocado pela pandemia, também na economia, em um povo esquecido e abandonado, mais uma vez. Uma realidade que faz com que a pobreza aumente, o que também dificulta a manutenção das estruturas eclesiais. Uma visita marcada pela comunhão, segundo Dom Leonardo Steiner, que ao analisa-la, afirmou que “o espírito de comunhão cresceu muito, já vinha crescendo com o Papa Francisco, onde se escuta mutuamente e aonde se dialoga. Esse espírito, ele esteve presente em todos os momentos, ao começar pelo Santo Padre, que depois de ouvir, ele deu sempre uma palavra, e assim em todos os dicastérios”. O Arcebispo de Manaus insistiu na admiração dos dicastérios diante da extensão de algumas dioceses e uma palavra de gratidão para os bispos, “que vivem como grandes missionários, de maneira simples, que se deslocam pelos rios, às vezes quinze dias para alcançar uma última comunidade”, algo que surpreendeu aos dicastérios, que insistiram em que “estão aqui em Roma, na Cúria, ao serviço da Igreja”. Dom Leonardo destacou que “esse modo de compreender o próprio serviço da Cúria, isso que mudou, e isso é muito bom para nós que vivemos na região, mas especialmente para aquele bispo que vive lá no interior, que precisa lutar tanto para poder alcançar as comunidades, sofre com a questão económica, sofre com a falta de clero, mas receber uma palavra de ânimo, eu acho que isso é muito bom”. Ele destaca o bem que esse espírito fez, essa comunhão que se criou, a palavra de encorajamento do Papa, insistindo em que “ele está conosco”, algo que ele experimenta em sua nomeação como cardeal, que não vê como um mérito pessoal e sim como um gesto do Papa com a Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Bispos denunciam desmonte na educação, abuso e exploração sexual de menores e destruição ambiental na Amazônia

O diálogo é caminho de comunhão, algo que ajuda a construir juntos e fazer realidade o Reino de Deus no mundo. Os bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em visita ad limina de 20 a 24 de junho de 2022, estão visitando os diferentes dicastérios, sempre em um clima fraterno, de escuta e diálogo, algo que está sendo destacado constantemente pelos bispos ao longo da semana. Nesta quinta-feira foi a vez para visitar o Dicastério para a Cultura e a Educação, a Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores e o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral. O Dicastério para a Cultura e a Educação valorizou muito positivamente, segundo os bispos, a Campanha da Fraternidade realizada na Quaresma deste ano. Ela complementou e divulgou o Pacto Educativo Global, uma das bandeiras do Papa Francisco. Junto com isso, foi destacado, segundo os bispos, a Comissão que a CNBB organizou para levar adiante o Pacto Educativo Global, com propostas muito contextualizadas para a realidade brasileira. Os bispos aproveitaram o encontro com o Dicastério para criticar duramente as políticas do atual governo brasileiro, que desmontou praticamente o Ministério da Educação, colocando pessoas incompetentes, envolvidas em escândalos de corrupção, com desvio de verbas, o que provocou a recente prisão do penúltimo ministro da educação, que junto com alguns pastores evangélicos desviaram e aplicaram o dinheiro para municípios governados por prefeitos com posturas próximas ao Ministério e ao próprio governo. Brasil passa por uma situação de corte de verbas destinadas à educação, algo que principalmente na Amazônia tem se sentido, chegando a vivenciar situações em que nem sequer a merenda escolar chega para as populações pobres das periferias, nem para os povos indígenas, mais uma vez excluídos pelas políticas do governo. Na Amazônia, o abuso de menores é uma realidade presente, algo que acontece muitas vezes no seio das famílias. Também a exploração sexual de crianças e adolescentes, o turismo sexual com menores, existem na região, segundo tem relatado os bispos aos membros da Comissão presentes no encontro com os Regionais Noroeste e Norte1 da CNBB. Os bispos acentuaram o trabalho da Rede um Grito pela Vida, onde principalmente a Vida Religiosa, assumiu esta causa com muita coragem, indo a fundo nas denúncias quando descobrem esses crimes relacionados com o tráfico humano e a exploração sexual de menores. Também foi mostrado a credibilidade que a Igreja da Amazônia tem, pois quando surgem esses problemas, a própria sociedade civil recorrer à Igreja. As equipes de profissionais competentes, advogados e psicólogos, eles ficam muito felizes pela iniciativa da Igreja e de seu aporte para acompanhar as pessoas que são exploradas e as famílias. Uma panorâmica geral da situação amazônica foi apresentada aos membros do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, um encontro presidido pelo cardeal Michael Czerny, alguém muito próximo dessa realidade, pois ele foi um dos secretários do Sínodo para a Amazônia. No discurso, iluminado com estatísticas detalhadas, foi mostrado o potencial que tem a região amazônica, mas também toda a destruição que está acontecendo na Amazônia em consequência da mineração, do garimpo ilegal, o agronegócio, o desmatamento. Nesse ponto também foi denunciada a atitude do governo atual, que está favorecendo e incentivando na prática toda essa destruição na Amazônia. Encerrando as celebrações nas quatro basílicas do Papa, os participantes da visita ad limina celebraram a Eucaristia na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, presidida por Mons. Roque Paloschi, que incentivou a viver a comunhão. Uma região e uma Igreja marcadas pela presença missionária, inclusive na atualidade, também entre os bispos, pois são poucos nos regionais Norte1 e Noroeste nascidos na região amazônica, encontra na figura do grande missionário da primeira Igreja a força para continuar sendo essa Igreja que se faz presente no meio dos povos da região, para se colocar ao serviço seguindo a voz de Deus, para ir por todo o mundo, por toda essa imensa Amazônia, e pregar o Evangelho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1