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Papa Francisco nomeia cardeal Dom Leonardo Steiner

O Papa Francisco deu a conhecer no Ângelus da Solenidade da Ascensão do Senhor o nome dos novos cardeais da Igreja. Na lista aparecem 16 novos cardeais eleitores e mais 5 que já superaram a idade de 80 anos, idade limite para participar de um futuro Conclave. Entre os novos cardeais está Dom Leonardo Ulrich Steiner, Arcebispo Metropolitano de Manaus, e o Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa. Dom Leonardo Ulrich Steiner, que assumiu a Arquidiocese de Manaus em janeiro de 2020, é o primeiro cardeal da Amazônia brasileira, uma região de particular importância para o Papa Francisco. Após a celebração do Sínodo para a Amazônia, em outubro de 2019, a nomeação do novo Cardeal Steiner, que receberá seu capelo no consistório do dia 27 de agosto, é um novo impulso para uma Igreja missionária e encarnada na vida dos povos. Para o Regional Norte1, a nomeação do Arcebispo de Manaus como novo cardeal da Igreja católica representa um motivo de grande alegria e mais uma prova do grande carinho que o Papa Francisco tem pela Igreja da Amazônia e pelos povos que a habitam. Sem dúvida, os povos da Amazônia têm mais uma voz profética em sua defesa no meio a tantas ameaças que os cercam. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Rose Bertoldo: “A Ascensão de Jesus nos desafia a romper a estreiteza de nossa vida”

Na Solenidade da Ascensão de Jesus ao Céu, a Ir. Rose Bertoldo afirma que “temos a certeza de que nosso destino é o Céu e a certeza de que, na Terra, somos peregrinas, peregrinos, pois acreditamos na eternidade como vida definitiva“. A Secretária Executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), ressalta que “no Evangelho desse domingo Jesus despede-se dos discípulos, tem plena consciência de sua missão e de sua fidelidade ao Pai. Na sua trajetória junto aos discípulos contribuiu para que eles tivessem consciência da continuidade, da missionariedade, pois a presença do Reino no mundo dá o sentido para a vida das pessoas, dos cristãos e cristãs”. Segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria, “a Ascensão significa que Jesus está definitivamente na comunhão com o Pai”. Isso a leva a dizer que “para nós seguidores e seguidoras de Jesus, a Ascensão é abertura para o cotidiano, para a realidade do serviço. É preciso partir e viver o chamado do Mestre para prolongar, neste mundo, seu modo de Ser e de Viver”. A Ir. Rose destaca que “aquele que vive não escapou do mundo; sua Ascensão significa expansão e presença no universo inteiro, plenificando tudo em todos; Ele agora assume todos os rostos, identifica-se com toda a humanidade e continua a caminhar pelas Galileias dos excluídos e excluídas, das periferias, dos pobres, das mulheres, das juventudes, acampa junto aqueles que vivem às margens do sistema que mata e exclui em todas as suas formas”. Para a Secretária Executiva do Regional Norte1, “ao celebrarmos a entrada de Jesus na Glória, não celebramos uma despedida ou um distanciamento, mas um novo modo de presença; celebramos a proximidade radical d’Aquele que é, realmente, o Emanuel, o Deus-conosco para sempre”. Junto com isso, “ao ‘subir aos Céus’, Jesus se faz mais radicalmente próximo de todos, ultrapassando tempo e espaço. Ascensão não é afastamento, mas uma maneira nova de fazer-se presente a todos e em todos os lugares”. “O que Jesus faz é restabelecer e assegurar a proximidade e comunicação com toda a humanidade”, segundo a religiosa. Daí ela insiste em que “isso deve nos dar uma grande alegria, pois Ele permanece aqui na terra, junto a nós. Assim, a Ascensão de Jesus nos desafia a romper a estreiteza de nossa vida para expandi-la a horizontes mais inspiradores”. A Ir. Rose lembra do Dia Mundial das Comunicações Sociais, comemorado na Solenidade da Ascensão do Senhor, afirmando que “somos convidadas a escutar com o ouvido do coração”. Isso porque “a escuta corresponde ao estilo humilde de Deus. Ela permite a Deus revelar-se como Aquele que, falando, cria a humanidade à sua imagem e, ouvindo-o, reconhece-o como seu interlocutor”. A religiosa insiste em que “Deus ama o ser humano: por isso lhe dirige a Palavra, por isso ‘inclina o ouvido’ para o escutar”.  Daí convida a “que este tempo de presença de Jesus Ressuscitado nos ajude a sermos ouvido que escuta, pois a escuta é condição da boa comunicação e coração que acolhe”. Ela também lembra da Semana Laudato Si´, vivenciada de 22 a 29 de maio, lembrando “o sétimo aniversário da encíclica histórica do Papa Francisco sobre o cuidado da criação Laudato Si´.  Escutando e caminhando juntos, renovamos nosso compromisso socioambiental do cuidado da nossa casa comum”. Finalmente lembra da Semana de Unidade de Oração pelos Cristãos: “’Vimos o seu astro no oriente e viemos prestar-lhe homenagem’ é um ‘convite para trabalharmos juntos’, de modo que possamos construir um futuro ‘no qual todos os seres humanos possam experimentar a vida, a paz, a justiça e o amor’. Somos chamadas a ser um sinal de Deus, vivendo de forma concreta a unidade na diversidade”, afirma a religiosa. “A benção de Jesus aos Apóstolos alcança a nós que agora vivemos, e ela é envio em missão”, destaca a Secretaria Executiva do Regional Norte1. Segundo ela, “olhar para sua subida ao céu significa que isso também nos será possível se fizermos o que Ele nos mandou, se andarmos em seu caminho”. Por isso, “na espera da vinda do Espirito Santo é hora de caminhamos na fraternidade, no amor, na sinodalidade como comunidade eclesial que sonha tempos melhores para toda humanidade”, conclui a Ir. Rose Bertoldo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O novo humanismo do Papa Francisco: ser pessoas normais, concretas, simples, com o pé no chão

“O novo humanismo a partir do Papa Francisco”, foi o tema de mais uma live organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dentro do programa “Igreja no Brasil -Painel” realizada neste 26 de maio, com a presença do padre Manfredo Araújo de Oliveira, Maurício Abdalla e Moisés Sbardelotto, conduzidos por Dom Joaquim Mol Guimarães. Uma discussão que tem sido precedida pela lembrança da Conferência de Aparecida, que está completando 15 anos neste mês de maio. Segundo o Bispo Auxiliar de Belo Horizonte, “estamos trazendo o Papa Francisco sob as luzes do Papa Francisco”, algo recolhido num livro que está sendo lançado, onde participam 25 autores renomados, com uma riqueza de reflexão muito grande. O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB refletia sobre um tempo marcado pela presença de um pequeno grupo de bilionários que “condenam milhões de pessoas à pobreza, miséria, à fome, ao estado permanente de fome”, testando assim os Estados de direito, com uma grande influencia das novas tecnologias, que nem sempre aportam elementos positivos. Nessa realidade, o Papa Francisco foi definido por Dom Mol como “uma voz que representa um farol neste mundo em crise, obscurecido por muitas situações que desumanizam o humano”. O debate partiu da pergunta: “Quais são os pressupostos deste novo humanismo apontado pelo Papa Francisco e como eles se expressam no Magistério do Papa Francisco?”. O padre Manfredo afirmou, citando o Papa Francisco, que o modo de organizar a sociedade, sobretudo a economia, destrói o ser humano, falando sobre a poluição mental gerada por milhões de informações ao mesmo tempo, que dificulta a capacidade de pensar, de uma reflexão profunda. O novo humanismo proposto pelo Papa Francisco supera o antropocentrismo próprio do Iluminismo da Modernidade, segundo o professor emérito da Universidade Federal do Ceará. Frente a isso o Papa insiste no valor próprio de cada realidade, “que se radica na sua própria constituição”, algo fundamental para construir um projeto alternativo ao projeto tecnocrático, onde o ser humano é responsável pela Criação, dado que “tudo está entrelaçado com tudo, tudo faz parte de uma grande unidade na imensa diversidade e complexidade dos seres”, superando assim tentações de domínio, conduzindo a uma adequada visão do todo, ao cuidado com a natureza e com os pobres, pois “degradação ambiental e degradação social caminham juntas, como fruto do paradigma moderno”. O eco humanismo é o que define o novo humanismo do Papa Francisco, segundo Maurício Abdalla, juntando os direitos dos seres humanos e da natureza. O filósofo vê aí a base da Laudato Si´, se referindo ao grito da Terra e grito dos pobres, que falava Leonardo Boff, integrado num só clamor. Abdalla afirmou que esse humanismo é um anticapitalismo, dado seu caráter anti-humano e antinatureza, algo presente nos discursos do Papa Francisco aos movimentos populares. Frente ao capitalismo, a alternativa hoje é a organização a partir da base, segundo o professor de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo. Uma sociedade marcada pelo lucro, sem importar o que dá esse lucro, tudo vira mercadoria. Diante disso, ressaltou o eco humanismo como um convite a pensar alternativas que ajudem a transformar as atuais estruturas. Moisés Sbardelotto abordou a questão do testemunho no Papa Francisco, algo que ele não duvida em dizer que faz, “em primeiro lugar do próprio Evangelho” e de suas opções ao longo da sua vida. Como termo humanismo, o Papa questiona o sentido que damos ao humano, segundo o professor da PUC Minas, trazendo à tona a raiz comum que está no humus, algo explícito na Laudato Si, que ele assume ao dizer que “nós mesmos somos terra”. Junto com isso destaca a ideia de comum para entender o humanismo do Papa Francisco, o fato de ser filhos e filhas da mesma terra nos faz irmãos e irmãs. Comum que leva a ser “pessoas normais, pessoas concretas, pessoas simples, com o pé no chão, e por tanto comuns, que saibam, dialogar, conviver, com as suas irmãs e seus irmãos sejam quem forem”. Sbardelotto define ao Papa Francisco como “muito terráqueo, preocupado com a realidade concreta das pessoas, que vivem hoje no nosso Planeta, e da possibilidade de existência desse Planeta diante de tanta destruição. Ele destaca uma das máximas do pensamento do Papa Francisco: “a realidade é mais importante do que a ideia”, algo que o jornalista relacionava com a espiritualidade, muitas vezes metafísica, esquecendo-nos da realidade. Ele refletiu sobre elementos presentes no Papa Francisco: a Igreja em saída às periferias geográficas e existenciais, onde estão presentes os pobres, os descartados; as viagens internacionais, uma mostra de suas escolhas eclesiais e políticas; seus encontros com os movimentos populares; o Dia Mundial dos Pobres; a ideia da Alegria em seus documentos; uma Igreja samaritana, ao serviço; a Reforma da Cúria… Respondendo às perguntas dos participantes, o padre Manfredo advertiu que nós estamos caminhando para um Apocalipse ecológico-social, o que está ligado a um sistema económico. Diante disso o Papa Francisco faz uma reflexão ética, querendo responder a  “uma economia material que se desloca”, refletindo sobre as causas estruturais da forma de organizar a vida hoje. Diante da cultura do descarte, algo intrínseco ao capitalismo, segundo Maurício Abdalla, abordando a questão da Economia de Francisco e Clara, ele disse que “ao colocar o ser humano e a natureza no centro, você tem uma contradição fundamental com os propósitos do sistema capitalista, submetendo a economia ao ser humano e à natureza, e não ao contrário, como é comum no sistema atual”. Para poder impulsionar o novo humanismo, Moisés Sbardelotto, com as palavras do Papa Francisco, afirmou que a Igreja tem que voltar a sua missão inicial, que é anunciar o Evangelho. Isso significa “testemunhar em palavras e obras essa misericórdia do Pai, especialmente tocando a carne sofredora de Cristo no pobre”. Uma Igreja que não se preocupa consigo mesma, mas que olha para fora, sai pelas estradas, o que é desafiador, incómodo, comprometedor, nos põe em risco. No Brasil, uma Igreja que olha para as periferias, para aqueles que sofrem,…
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Semana Laudato Si´: O Planeta está na cama do hospital, a Amazônia na UTI

Em 2015, o Papa Francisco escreveu sua primeira Encíclica: “Laudato Si´”, um texto que pretendia refletir sobre o cuidado da Casa Comum, e fazer isso além dos muros da Igreja, em diálogo com a sociedade, uma atitude fundamental para fazer realidade esse cuidado. Para lembrar da importância dessa Encíclica e dos ensinamentos que ela encerra foi criada a Semana Laudato Si´, que em 2022 acontece de 22 a 29 de maio. A realidade planetária em questões meio ambientais é cada vez mais complicada, até o ponto de ter que concordar com uma afirmação lida recentemente que diz: “Se o Planeta Terra fosse uma pessoa, provavelmente hoje estaria deitado em alguma cama de hospital com intravenosa de morfina no braço para aliviar as muitas e atrozes dores que o afligem”. Na Amazônia, em Manaus, poderíamos dizer que a realidade é ainda mais preocupante, até o ponto de poder afirmar que: Se a Amazônia, se Manaus, fosse uma pessoa, com certeza estaria na UTI. Os efeitos do garimpo, do desmatamento, das queimadas, do lixo, são cada dia mais evidentes. A enchente dos rios e igarapés que cortam a cidade de Manaus mostram que o lixo tomou conta da cidade, uma imagem dantesca, que deve nos levar a refletir. Cada um de nós e todos juntos como sociedade somos desafiados a nos perguntarmos o que estamos fazendo errado para ter chegado nessa situação. O lixo que polui até limites absurdos os nossos rios é meu, é seu, é de todos nós. Não estamos dispostos a assumir uma mudança radical de hábitos, não queremos nem saber de conversão ecológica. Inclusive nós, cristãos católicos, inclusive aqueles que dizemos admirar as palavras, gestos e atitudes do Papa Francisco, deixamos a Laudato Si no estante e esquecemos que suas palavras devem se transformar em atitudes concretas. Quando vamos tomar consciência de que a responsabilidade pelo cuidado do Planeta é nossa? O que adianta exigir responsabilidades do poder público se eu não estou disposto entrar no caminho da conversão ecológica? Quando vamos enxergar que nossas atitudes, mesmo aquelas que a gente faz por instinto, muitas vezes são contrárias ao necessário cuidado da Casa Comum? O respeito pela obra do Criador deveria ser um elemento fundante na vida de todos aqueles que professamos a fé N´Ele. A atual realidade nos desafia a assumir essa atitude e tomar postura no campo da política, da economia, do relacionamento com os outros. Nosso compromisso é fundamental para uma mudança cada vez mais urgente e necessária. Tudo aquilo que a gente faz, por pequeno que seja, representa um passo a mais ou a menos no caminho do cuidado da Casa Comum. Seja consciente que isso aí tem a ver com você, não fique se fazendo de desentendido, não queira carregar só nas costas dos outros uma missão que também é sua. Se hoje estamos aqui é pelo compromisso que nossos antepassados tiveram no cuidado do ambiente. Será que para você não é importante que seus descendentes possam dizer no futuro a mesma coisa? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A Igreja da Amazônia se encontra para fazer memória dos 50 anos de Santarém

A comemoração dos 50 anos de Santarém pode ser considerado um dos momentos marcantes da Igreja da Amazônia em 2022. Fazer memória de um momento histórico que ajudou a assumir os novos caminhos nascidos no Concílio Vaticano II e latino-americanizados em Medellín em 1968. De 6 a 9 de junho, no Seminário São Pio X, mesmo local em que se reuniu a Igreja da Amazônia 50 anos atrás, quase 100 participantes, bispos, presbíteros, religiosos e religiosas, leigos e leigas da Igreja da região e de outros locais do Brasil e da América Latina, querem atualizar à luz do caminho percorrido, especialmente das orientações surgidas no Sínodo para a Amazônia, o legado de Santarém, que teve como fundamento a concretização de uma Igreja encarnada e inculturada.  O encontro quer ser um momento de espiritualidade, destacando a acolhida de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia, que se deslocará desde Belém para estar presente em um momento singular da vida da Igreja da região, como é a comemoração dos 50 anos de Santarém. A presença de Nossa Senhora de Nazaré quer ser também um reconhecimento à religiosidade popular na Amazônia, sustento secular da fé do povo do bioma amazônico. Uma presença que, segundo o padre Vanthuy Neto, seguindo o acontecido em Aparecida, quer visibilizar “a religiosidade popular e a maternidade de Maria”. O padre da diocese de Roraima lembra que no Documento de Santarém, Nossa Senhora de Nazaré é considerada “a Rainha da Amazônia”. Daí, ele vê três sentidos nessa presença: o encontro não é só dos bispos, mas um encontro que quer fazer um diálogo com a experiência da religiosidade popular, da piedade, da fé do povo, algo presente no Círio de Nazaré; pedir que Nossa Senhora ajude a concretizar na Amazônia as experiências dessa Igreja que cada vez mais deseja armar sua tenda no meio do povo e que o Evangelho se torne fermento na vida das comunidades, da sociedade; agradecer à Mãe de Jesus pela companhia, e, no serviço do qual ela é modelo, ir ao encontro de quem está mais frágil e necessitado, acolhendo o Mistério de Deus que se realiza em meio aos pobres. Também será realizada uma Eucaristia de Ação de Graças pelos 50 anos do Documento e os frutos recolhidos ao longo do caminho. Junto com isso, em outra celebração, serão lembrados os mártires da Amazônia, homens e mulheres que movidos pelo Evangelho entregaram sua vida em defesa da casa comum e dos povos que habitam a região amazônica. Um encontro que acontece 50 anos depois daquele em que “a Igreja na Amazônia assumiu como missão, encarnação na realidade e evangelização libertadora, missão que ainda continua necessária e urgente”, segundo Dom Mário Antônio da Silva. O arcebispo de Cuiabá afirma que é por isso que “50 anos depois fazemos memória e assumimos novos compromisso”. O segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), faz ver que “é preciso revisitar e permanecer vinculados ao espírito que gerou o Documento de Santarém como processo missionário”. Dom Mário Antônio usa a imagem dos ramos e a videira, como “indicativo para que possamos prosseguir produzindo os frutos para a vida humana e toda a Criação, na Amazônia e em todo o mundo”. Ele insiste em que “celebrar 50 anos de Santarém é assumir o compromisso de caminhar juntos, de ser Igreja sinodal, e responder aos desafios de hoje como pastores próximos do rebanho e interpelados pelas periferias existenciais e geográficas”. O Arcebispo de Cuiabá diz ver também o fato de celebrar Santarém como oportunidade para “proclamar a sabedoria dos povos originários na Amazônia, e reconhecer que nossas comunidades oferecem respostas para os problemas da Amazônia”. Por isso, ressalta que “é necessário escutar às comunidades e valorizar seus saberes, experiências e culturas”. Finalmente, Dom Mário Antônio da Silva, diz que “a Igreja na Amazônia se reúne e renova compromissos de vida e de vida em abundância para todos”, pedindo que “o Espírito Santo nos ilumine nos preparativos e realização do Encontro: 50 anos de Santarém na vida da Igreja na Amazônia”. O encontro terá como ponto de partida uma análise de conjuntura sociopolítica e eclesial, algo de fundamental importância diante da atual realidade, condicionada pelos ataques à floresta e aos povos que nela habitam, pelo clima político cada vez mais conturbado em razão das eleições que acontecem neste ano de 2022, e pela realidade eclesial, fortemente marcada pela pandemia, mas esperançada diante deste tempo sinodal que está vivendo. Ao longo do encontro serão elaborados um Documento Final, uma Mensagem ao Povo de Deus, uma Mensagem ao Papa Francisco, e uma Mensagem a Dom Cláudio Hummes, durante muitos anos presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), primeiro presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), e que se encontra em tratamento de saúde. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

3ª Assembleia Geral Ordinária do Conselho de Leigos da Arquidiocese de Manaus elege Nova Presidência

O Conselho Arquidiocesano de Leigos de Leigas da Arquidiocese de Manaus realizou sua 3ª Assembleia Geral Ordinária, no sábado (21/05) com o tema “Cristãos Leigos e Leigas, Povo de Deus, no Caminho Sinodal”. Na pauta estava uma Análise de Conjuntura, A questão da Casa Comum, o CNLB sua missão e organização e a eleição da nova presidência. Após oração inicial o arcebispo de Manaus falou sobre a importância do laicato e de sua presença na Igreja e na Sociedade. Dom Leonardo Steiner destacou o Documento 105 da CNBB – Cristão Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade e a cartilha Encantar a Política lançada pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB e parcerias. Padre Geraldo Bendaham, Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus animou o laicato presente para participar ativamente de todas as etapas da Assembleia Sinodal Arquidiocesana que está acontecendo e destacou a importância do laicato, em especial das leigas que doam suas vidas para ação pastoral, evangelizadora e missionária da Igreja. A Análise de Conjuntura foi feita pelo jesuíta Adriano Luis Hahn do Serviço de Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES que destacou indicadores sociais e como está precária a questão do meio ambiente, em especial das queimadas, garimpo e pecuária extensiva. Também trouxe indicadores de como a pobreza e extrema pobreza aumentaram nos últimos 5 anos e desmistificou a narrativa do “perigo comunista” propagado na sociedade brasileira com dados dos números de parlamentares federais e de prefeituras que estão na média 80% com partidos de centro-direita, direita e extrema-direita, conta cerca de 20% com partidos de centro-esquerda, esquerda e extrema esquerda. Na segunda parte da Análise de Conjuntura a professora da UFAM, jornalista Ivânia Vieira, trouxe um olhar mais regional e nos questionou sobre a defesa do modelo Zona Franca de Manaus, o avanço de políticas que atacam os povos originários e tradicionais no Amazonas, bem como a questão da influência da geopolítica internacional sobre a Amazônia. Ela também chamou atenção sobre qual espiritualidade estamos pregando, a de um Jesus Cristo encarnado na realidade do povo ou um Jesus Cristo da prosperidade e do pronto-socorro? Patrícia Cabral, presidente do Conselho, lembrou da força que o laicato tem em potencial e que pode e deve ser desenvolvida, sendo preciso que cada leigo e leiga assuma sua missão de batizado e seja sal da terra nesse mundo. Na parte da tarde, Mary Nelys do Sares Falou sobre a questão da Sinodalidade e aprofundou a questão da problemática socioambiental, lembrou da Encíclica Laudato si’ e a Exortação Pós-Sinodal Querida Amazônia, ambas do Papa Francisco. O assessor do Conselho, Nilson Moreira, encerrou o momento de reflexão e formação com apresentação do CNLB, seu objetivo, missão e sua história na arquidiocese de Manaus, no Regional Norte 1 e em nível nacional. Além disso, Nilson apresentou inúmeras atividades, ações e participação do Conselho de Leigos e Leigas nos últimos anos, com destaque a presidente Patrícia Cabral presente em inúmeras ações do povo de Deus e também representando nossa Igreja em ações no meio da sociedade e campanhas públicas.  Eleita nova presidencial do CALL No último Triênio fizeram parte do Conselho Arquidiocesano de Leigos e Leigas (CALL), Patrícia Cabral (presidente), Adan Lopes (vice-presidente), Roberto Rivelino (secretário geral), Ivani Jacaúna (secretária adjunta), Ana Maria Soares (tesoureira geral) e José Ricardo Wendling (tesoureiro adjunto). A Comissão Eleitoral apresentou a única chapa inscrita para eleição da nova presidência denominada Cristãos Leigos e Leigas da Igreja de Manaus em Missão e seu respectivo plano de trabalho. O Plano destacou revisão do Plano Trienal do Organismo, Ativação do Colégio Deliberativo, Presidência Colegiada, Criação de Comissões de Assessoria Permanente, Formação, Fé e Política, Comunicação e de Juventudes. A Assembleia então aclamou a chapa que foi eleita para um triênio 2022 a 2025 e é comportar por: ·     – Presidente – Francisco Meireles da Equipe da Campanha da Fraternidade e Paróquia Divino Espírito Santo; – Vice-Presidente – Mercy Soares da Equipe Economia de Francisco e Clara e da Paróquia São Bento; – Secretária Geral – Maria Oswaldina Pinheiro da CPT Manaus; – Secretária Adjunta – Andreza Weil da Equipe da Campanha da Fraternidade e Secretária do Setor Centro Histórico; – Tesoureira Adjunta – Elisinete Santos da Equipe de Articulação do Laicato do Regional Norte 1 e das CEBs; – Tesoureiro Adjunto – Edney Manauara da Pastoral da Comunicação e da Comunidade São Cristóvão do Santuário de Fátima. Após a aclamação da nova presidência Ivani Jacaúna, Ana Maria e José Ricardo agradeceram pelo tempo em que serviram à Igreja no CALL nos últimos três anos e Francisco Meirelles em nome da presidência recém eleita também agradeceu a participação e presença de cerca de 40 lideranças laicais da Arquidiocese de Manaus presente na Assembleia. E por fim Nilson Moreira conduziu a oração final de agradecimento a Deus pela Assembleia realizada. Por: Edney Manauara – Vice-coordenador da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Manaus e membro da Comissão Nacional de Comunicação do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNC/CNLB)

Dom Leonardo Steiner: Praedicate Evangelium, “A razão de ser da Cúria é a evangelização”

A Reforma da Cúria tem sido um processo longamente trabalhado pelo Papa Francisco e seus colaboradores. Uma reflexão recolhida na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium. Ela nos mostra, segundo Dom Leonardo Steiner, que “a razão de ser da Cúria é a evangelização, a missão da Igreja”. A Constituição nos faz ver que “estamos retornando às fontes. Irmos percebendo que a graça de viver o Evangelho e de anunciar está na comunidade de fé”, afirma o Arcebispo de Manaus. Ele reflete sobre o clericalismo à luz da caminhada da Igreja da Amazônia, insistindo em que “cada ministério tem seu lugar, tem sua missão”, e junto com isso que “uma Igreja sinodal ajudar-nos-á na superação do clericalismo”. O arcebispo também fala da experiência da Igreja da América Latina e o Caribe, com uma “reflexão teológica e eclesial a partir dos pobres”. Junto com isso reflete sobre uma novidade surgida do Sínodo para a Amazônia, a CEAMA, e as novas possibilidades que ela oferece. Tudo isso no caminho sinodal, sustentado na escuta, que “deverá ajudar a Igreja a ser presença transformadora”. No dia 19 de março o Papa Francisco deu a conhecer a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, que entrará em vigor no dia de Pentecostes, festa que faz memória do envio dos discípulos a evangelizar com a força do Espírito Santo. Até que ponto é importante a ênfase que a nova Constituição faz na pregação, no anúncio do Evangelho como prioridade fundamental na vida da Igreja e de todo batizado? A missão da Igreja é evangelizar. A última palavra de Jesus aos discípulos foi de envio: “Ide”; enviados para anunciar. Como Ele foi enviado pelo Pai, assim envia os discípulos a evangelizar. Nos discípulos estão todas as gerações de discípulos missionários. Os ministérios, as vocações, os carismas, as pastorais, são modos de anúncio que o Espírito Santo suscita na Igreja. A Igreja como esse movimento que o Evangelho desperta e o Espírito mantém e vivifica. As Comunidades eclesiais, as dioceses e prelazias, as Conferências Episcopais, a Cúria Romana deveriam ser a reverberação do “Ide!” A Constituição Apostólica emposta todo o serviço da Cúria partindo da evangelização. A razão de ser da Cúria é a evangelização, a missão da Igreja. Todos os batizados estão na graça do “Ide”. Como é bom sermos recordados da nossa missão e a que servem as estruturas. Supera-se, assim, o modo da normatização, da cobrança e passa-se à recordação, ao apoio, à ajuda, ao cuidado, ao pastoreio. Todos a serviço do Reino de Deus. Em um encontro que o Papa Francisco teve com os jesuítas chilenos em 2018, afirmou que o Vaticano II só seria assumido plenamente depois de 100 anos. A Reforma da Cúria e da Igreja recolhida na Praedicate Evangelium pode ser considerado um passo decisivo nesse caminho? Praedicate Evangelium evidencia o próprio da Igreja, a missão da Igreja: evangelizar. O Concílio Ecumênico Vaticano II nos colocou a caminho. O movimento de deixar-se inspirar pelo mistério da encarnação, da redenção é renovador e purificador. Mudar estruturas, modos de agir, de anunciar, exige tempo. É processo, uma cultura! Cultivar o espírito das comunidades primeiras, narrada nos Atos e testemunhada pelo Padres. Num primeiro momento vemos um caminhar animado, depois vem a insegurança e o desejo de retornar ao que era e, por fim, a busca de ser sempre mais fiel ao Evangelho sob a inspiração Espírito Santo. Existe uma caminhada. Ao lermos e estudarmos os textos do Magistério damo-nos conta do processo iniciado e desenvolvido, apesar de oposições e desinformações. Evangelii gaudium, ajudou a perceber o horizonte que ilumina e os passos que somos provocados a dar. A Constituição oferece um significado mais profundo e exigente ao serviço da Cúria, pois é um caminhar junto: todos anunciando e vendo como melhor proclamar e viver o Evangelho. A Reforma da Cúria abre maior autonomia para as Igrejas particulares e os bispos na caminhada pastoral. Como isso pode favorecer a vida da Igreja e os processos evangelizadores? As igrejas particulares são a visibilização da Igreja através de suas comunidades, de sua ação misericordiosa, da sua pastoral. Nelas acontece a ação do Espírito que tudo vivifica, transforma. Ali acontece a vida do Evangelho. Na medida em que cada igreja particular oferece a Palavra, o Pão, serve aos desvalidos e excluídos, torna-se sinal da fraternidade, do acolhimento, é consolo e reconciliação, ela testemunha, anuncia a vida que nasceu da cruz e da ressurreição. Assim, elas vão assumindo a missão, a razão de existir: evangelizar, viver o Evangelho. Assumindo os processos evangelizadores que o Magistério propõe, que a Conferência Episcopal oferece, elas crescem se tornam sinais do Reino. Uma igreja aprendendo com a outra. É na igreja particular que se torna visível o modo de ser e viver que o Crucificado-Ressuscitado deixou. Nos tempos antigos a vida do Evangelho acontecia na Igreja particular, na comunidade. Estamos retornando às fontes. Irmos percebendo que a graça de viver o Evangelho e de anunciar está na comunidade de fé. É na comunidade que se é revestido de Cristo, é a comunidade que cuida da distribuição do pão e as vestes, que acolhe os desacolhidos. É na comunidade, no testemunho de cada fiel que Cristo se torna visível. O clericalismo é um dos grandes pecados da Igreja segundo o Papa Francisco, um elemento que de novo aparece na nova Constituição. Como ajudar a superá-lo e avançar em uma Igreja sinodal, edificada a partir do Batismo? Vamos descobrindo que todo o Povo de Deus participa da missão evangelizadora; todos as pessoas batizadas participam e são Igreja. Na Amazônia percebemos como os leigos se sentem Igreja, como participam ativamente assumindo ministérios, participando das pastorais, responsabilizando-se pela Comunidade. Cada ministério tem seu lugar, tem sua missão, expressa o ser Igreja, o Reino de Deus. Vamos superando o clericalismo na medida em que oferecemos formação para aprofundamento da fé, abrimos mais espaço aos leigos e leigas, incentivamos a participação de todos no processo da sinodalidade. Uma Igreja sinodal ajudar-nos-á na superação do clericalismo. Na reflexão teológica, na formação para o presbitério,…
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Raely Cardoso: “Quem está com Deus, consegue sentir tranquilidade que vem através da nossa fé”

A garantia de que todo aquele que guardar a Palavra será revestido da força de Deus, é o que descobre no Evangelho do VI Domingo da Páscoa Raely Cardoso. A secretária da Pastoral da Juventude do Regional Norte1 da CNBB também vê na passagem a promessa do Divino Espírito Santo que Jesus nos faz, nos deixando um sentimento de paz, que é sinal da presença de Deus em nossas vidas. “Quem está com Deus, mesmo atravessando por tribulações, mesmo que o mar esteja agitado, mas consegue sentir tranquilidade que vem através da nossa fé”, segundo a jovem da Diocese de Coari. Um texto que “é uma instrução para que os discípulos soubessem o que fazer a partir da Morte e Ressurreição de Jesus”, ela afirma, “lhes dando uma garantia: todo aquele que creia será revestido de força e da glória divina”. A coordenadora da PJ vê na passagem do Evangelho do VI Domingo da Páscoa uma referência a nós, “que neste período pandémico vivemos um luto coletivo”, afirmando que “Jesus nos ensina que a morte não é motivo para sentir apenas tristeza, mas também é necessário, devido a nossa esperança alimentar a confiança na vida eterna”. Se referindo à Festa de Pentecostes que se aproxima, Raely diz que “é valioso tentar reconhecer na nossa vida a presença do Espírito Santo e assim passar a viver de uma nova maneira, com menos insegurança, menos tristeza, desânimo, falta de fé, e que possamos passar a reconhecer ainda mais a força do Espírito Santo revestindo nossas vidas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cone Sul destaca os avanços da Assembleia Eclesial e vê o clericalismo como principal obstáculo

Os Encontros Eclesiais Regionais, um novo passo no processo da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, foram encerrados na sexta-feira, 20 de maio. Foram realizados quatro encontros na última semana, a última com a Região Cone Sul do Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (Celam), que inclui Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai. Apresentado mais uma vez por Paola Calderón, do Centro Celam de Comunicação, e pelo Padre David Jasso, Secretário-Geral Adjunto, o encontro começou com o hino da Assembleia Eclesial, desta vez em sua versão em português, que nos chama a ser corresponsáveis pela ação pastoral da Igreja a partir da perspectiva do discipulado e da missão, convidando-nos a aderir ao caminho sinodal, e a oração, na qual, através do símbolo do chapéu, a vida dos povos da América Latina e do Caribe foi colocada nas mãos de Deus, a vida dos mais pobres, que  sofrem as consequências da pobreza, uma realidade que aumentou com a pandemia da Covid-19. Um encontro no marco do 15º aniversário de Aparecida, comemorado na semana passada na Casa da Mãe do Brasil, onde o Celam esteve presente. Precisamente na sede do Celam, em Bogotá, de onde o encontro foi coordenado, os documentos e objetos que fizeram parte da V Conferência do Celam foram coletados e brevemente apresentados aos participantes do Encontro Eclesial Regional. A família foi um dos temas presentes em Aparecida, e uma família presente na V Conferência foi o casal chileno Pilar Escudero e Luis Jensen. Em seu testemunho aos participantes do encontro, Pilar descreveu Aparecida como “uma experiência eclesial única“, como “uma tentativa séria, uma tentativa consciente de caminhar juntos”, algo tão atual neste tempo de preparação para o Sínodo. Um caminho conjunto que começou meses antes, reunindo contribuições que foram levadas em conta e que tomou forma na experiência diária de 13 a 31 de maio de 2007. Por esta razão, ela enfatizou o estarmos juntos, “tentando descobrir a vontade de Deus para nossa Igreja em todo o continente”, com uma metodologia participativa, insistindo que “foi possível participar de tudo”. O objetivo de Aparecida era definir o que significa ser discípulo, enfatizou, focalizando a realidade latino-americana, algo inseparável de ser missionário. O trabalho intenso, dia e noite, que foi “uma experiência da ação do Espírito Santo”, mostrou a necessidade de um novo Pentecostes para a Igreja na América Latina e no Caribe, insistiu Pilar. Aparecida é “memória viva que continua a inspirar cotidianamente os passos da nossa Igreja”, segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo. O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil vê a V Conferência Geral do Celam, onde ele participou, como “um acontecimento especialmente marcante na vida da Igreja latino-americana e caribenha”. Quase três semana de espiritualidade e reflexões profundas, destacando a grande presença de milhares peregrinos, que com sua oração inspiraram os pastores e seus assessores, afirmou o Arcebispo de Belo Horizonte. O presidente da CNBB destaca a presença amorosa do Papa Bento XVI e do então arcebispo de Buenos Aires, hoje Papa Francisco, “que na atualidade afirma o potencial evangelizador do Documento de Aparecida”. Junto com isso, a “marcante presença do povo de Deus” e sua comunhão com o episcopado, “expressando do modo forte a fé em Jesus Cristo pela intercessão materna de nossa amada mãe Maria”. Em Aparecida, “o povo simples, peregrino, trouxe e sempre traz as marcas de um continente sofrido, de muitos pobres, com desafios sérios a serem superados”, afirmo Dom Walmor. Uma presença que vê como fruto da ação do Espírito Santo, para inspirar o caminho da V Conferência, ajudando a superar os momentos de impasse na elaboração do Documento. “O Espírito Santo gestou caminhos corajosos, inspirações proféticas”, interpelando à Igreja do continente e do mundo, ressaltou o arcebispo de Belo Horizonte. Uma Conferência que “reafirmou ainda mais a opção preferencial pelos pobres”, que mostrou uma Igreja que acolhe todas as pessoas, para a partilha da Palavra, da Eucaristia, da misericórdia e da missão de proclamar o Reino de Deus, segundo o arcebispo. Um Documento que continua vivo no Magistério do Papa Francisco, que consolida uma fé “que precisa ser mística, mas igualmente deve ser profética”. Dom Walmor Oliveira de Azevedo insistiu em que “não é possível amar a Deus enquanto se age com indiferença em relação ao próximo, que é meu irmão, minha irmã”, pedindo rezar por aqueles que “movidos pela sua fé, tem trabalhado incansavelmente na defesa da dignidade da pessoa humana, dos pobres e dos marginalizados”. Ele lembrou as palavras do Papa Bento no discurso de abertura: “a Igreja católica é advogada de justiça e defensora dos pobres, diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas que ainda hoje clamam aos céus. O presidente da CNBB também pediu seguir Fratelli tutti, “exercitar nossa capacidade para escutar o outro, especialmente os pobres”, e junto com isso, “contribuir ainda mais para que resplandeça a dignidade humana, para que cada pessoa seja respeitada indistintamente, para que a vida possa ser compreendida como um dom preciso, protegida e preservada em todas suas etapas”. Tudo isso no caminho sinodal, construindo um novo jeito de ser Igreja, povo de Deus para sermos cada vez mais uma Igreja de comunhão, participação e mais missionária. Como tem sido costume ao longo dos quatro encontros desta semana, foi apresentado o trabalho do Centro de Gestão do Conhecimento do Celam, que tem como objetivo reunir conhecimentos úteis para a tomada de decisões pastorais, assumindo a eclesiologia do Povo de Deus e desenvolvendo um caminho sinodal, nas palavras de seu diretor, Guillermo Sandoval, que também relatou os temas que estão sendo tratados atualmente por este centro, estudos alinhados com os desafios pastorais decorrentes da Assembleia Eclesial. Antes de se reunirem em grupos, os participantes do Encontro Eclesial Regional ouviram as palavras do Padre Agenor Brighenti, com as quais o membro da equipe teológica do Celam quis ajudar a compreender a situação atual de Aparecida e em que medida os elementos que ele considera mais destacados da V Conferência do Celam estão presentes ou ainda pendentes…
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Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, uma pandemia que mata sonhos

1.557 crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual em Manaus de abril de 2021 até abril de 2022. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o 18 de maio, deveria nos levar a tomar consciência de um crime cruel que marca a vida da pessoa desde os primeiros anos e faz com que as sequelas se torem uma lembrança que a acompanha e condiciona toda a vida. Mesmo sendo um número alto, todos sabemos, ou deveríamos saber, que as vítimas são muitas mais, que o medo em denunciar ainda está muito presente. São muitos os fatores que fazem com essas denúncias não aconteçam, dentre elas as ameaças dos abusadores, quase sempre pessoas próximas, inclusive do entorno familiar, o que condiciona gravemente o combate desse crime. Uma criança abusada vai perdendo a capacidade de sonhar, inclusive de viver em plenitude, vai se apagando sua alegria e se tornando alguém de quem a tristeza, o choro, a desolação, vai tomando conta. A criança vai perdendo o direito a viver com dignidade, a ter sua sexualidade respeitada, e isso é algo que a sociedade não pode tolerar. 18 de maio é o dia do Faça Bonito, um dia para tomarmos consciência da necessidade de mudar essa realidade, de dizer não, alto e forte, ao abuso e exploração de crianças e adolescentes, de denunciar, de mudar uma realidade cruel que não pode ser mais ignorada nem justificada, de jeito nenhum. Cobrar políticas públicas que ajudem no combate desse crime se torna uma necessidade urgente, ainda mais em um país onde o cuidado com os vulneráveis parece ter perdido o interesse daqueles que conduzem seus destinos. Sem investimento em políticas de proteção, de fiscalização, de educação, se torna cada vez mais difícil combater esse crime. Diante disso, cada um de nós, mas todos juntos como sociedade, somos desafiados a nos questionarmos: o que estou disposto fazer para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes? Até que ponto estou disposto a me involucrar para acabar com um crime que condiciona gravemente a vida das crianças e adolescentes, das famílias? Sou consciente que esse não é um problema dos outros, das vítimas, mas também meu? Só quando a gente para e pensa nas consequências das nossas ações ou omissões podemos tomar consciência daquilo que representam as nossas atitudes. Ficar de braços cruzados nunca pode ser a solução, olhar para o outro lado nunca pode ser o caminho, fazer de conta que não tenho nada a ver com isso é uma atitude covarde que nos desumaniza. Mesmo hoje, sendo 19 de maio, tenha consciência que essa é uma luta de todos os dias, que na medida em que eu me envolva, eu posso salvar a vida de alguém, de uma criança, de um adolescente. Vamos combater, vamos denunciar, vamos fazer bonito, fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, especialmente para nossas crianças e adolescentes. Será que eles podem contar com você? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar