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Simpósio dos Povos Indígenas gera propostas e ações recolhidas na Carta final

Foi dada a conhecer a carta do Simpósio Povos Indígenas, r-existência às políticas neoliberais na Amazônia, onde recolhe os debates acontecido em um encontro realizado nos dias 27, 28 e 29 de abril de 2022 em Manaus, que teve como objetivo “pensar, discutir e propor estratégias urgentes e necessárias para o bem viver dos povos e o desenvolvimento verdadeiro da Amazônia, não exploratório como vem acontecendo” No encontro participaram representantes de diferentes organizações indígenas e movimentos sociais, contando também entre os organizadores com a Caritas Arquidiocesana de Manaus e o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES. A carta denuncia a “devastação da Amazônia por vários ângulos e em todas as direções”, afirmando que “os povos originários nesse país chamado Brasil, ainda não conseguiram ter de volta sua autonomia e seus direitos constitucionais assegurados pelos entes públicos federais”, pois uma coisa é o que está escrito e outra a prática. A carta fala sobre as temáticas das mesas redondas realizadas e o que foi discutido nos grupos de trabalho, buscando “discutir diretrizes e ações em defesa do bem-viver, que geraram propostas sobre Participação e Consulta Prévia Livre e Informada, Formação e Mobilização, Planos de Vida e Sustentabilidade, Saúde, Territórios Indígenas, Educação, e Juventude Indígena. O texto da carta recolhe as ações concretas para cada uma das propostas, dizendo que foi indicada uma comissão para acompanhar essas demandas e mobilizar as instituições indígenas e indigenistas para concretizar esses objetivos, colocando os nomes daqueles que fazem parte dessa comissão. CARTA DO SIMPÓSIO POVOS INDÍGENAS, R-EXISTÊNCIA ÀS POLÍTICAS NEOLIBERAIS NA AMAZÔNIA  Nas últimas décadas, estamos assistindo à devastação da Amazônia por vários ângulos e em todas as direções. São ambientais, culturais, sociais e político-jurídica. Tudo está sendo queimado, as leis que garantem nossos direitos à vida devastado em cada espécie da flora, da fauna, pessoas, práticas culturais e conhecimentos próprios que estão desaparecendo. Passados mais de 500 anos do início do processo colonizador civilizatório, os povos originários nesse país chamado Brasil, ainda não conseguiram ter de volta sua autonomia e seus direitos constitucionais assegurados pelos entes públicos federais. A Constituição Federal de 1988, reconheceu os direitos territoriais, sociais e políticos conforme seus usos e costumes, suas línguas e autonomia. Mas não é o que se vê na prática. Diante desse cenário, foi realizado nos dias 27, 28 e 29 de abril de 2022, em Manaus, o Simpósio Povos Indígenas, r-existência às políticas neoliberais na Amazônia, que teve como objetivo pensar, discutir e propor estratégias urgentes e necessárias para o bem viver dos povos e o desenvolvimento verdadeiro da Amazônia, não exploratório como vem acontecendo diante dos projetos de lei 191/2020 sobre mineração em terras indígenas e 490/2007 marco temporal e das políticas neoliberais que ferem os Direitos Indígenas. O simpósio foi organizado pela Cáritas Arquidiocesana de Manaus, Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES, Grupo de Estudo e Pesquisas em Educação Escolar Indígena e Etnografia – Universidade do Estado do Amazonas – UEA, Laboratório Dabukuri – Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Conselho Indigenista Missionário – CIMI, Fórum Estadual de Educação Escolar e Saúde Indígena do Amazonas – FOREEIA, Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM. O evento contou com a participação de 99 pessoas e 56 instituições indígenas e não indígenas, a saber: AIKIRA, AIMEAM, AIMM, AIRM, AIUE, AKGV, AKIM, Aldeia Gavião, Aldeia Soares, Aldeia Tururukari-uka, Aldeia Cípia, Aldeia Miratu, AMARN, AMISM, APTRQAM, Art’s Regionais, ASPANA, ASPIARA, ASPTEAM, Maloca Bayaroa, CAPSOL, Ineamanatã, Jurupari, Karuara, Liderança Jovem, Lua Verde, MEIAM, MSE AÇÃO/RB, Mukuura Baré, Mura Parque das Laranjeiras, Nova Vida, Onça Pintada, OSBAV, OSPINA, Paroquia São Pedro, Pastoral do Migrante, São João Tupinambá, São Mateus, Uryry, Waikiru, Watchimauco, Watyamã, Yupirunga, Cáritas, CIMI, CIR, CMM, FOREEIA, MAKIRA ETA, PGE/AM, Rede Biribá, Sares, Seminário São José, UEA, UFAM, Secoya. Durante o evento foram realizadas três mesas redondas, que tiveram as seguintes temática: i) Povos Indígenas e Defesa do Bem-Viver: Violação de Direitos Meio à Devastação Jurídica da Amazônia; ii) Povos Indígenas e Defesa do Bem-Viver em Meio as Multidevastações da Exploração Mineral nas Terras Indígenas na Amazônia; iii) Povos Indígenas e a Defesa do Bem Viver: Buscando Caminhos para o Direito à Cidade. Após cada mesa redonda foram realizados grupos de trabalho para discutir diretrizes e ações em defesa do bem-viver, que geraram as propostas sistematizadas abaixo:   Participação e Consulta Prévia Livre e Informada ·         Quando forem ser indicados indígenas para ocupar cargos no legislativo e executivo é necessário observar o perfil dos candidatos. Só podem ser indicadas pessoas que não se corrompam, tenham comportamento transparente, bom diálogo e comunicação com o movimento indígena e estejam comprometidas com causas coletivas. ·         Garantia de vagas para indígenas em todas as instituições do executivo e legislativo. ·         As comissões especiais que tratam de assuntos indígenas na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas e nas Câmaras Municipais devem sempre contar com representação dos povos indígenas em todas as instituições. ·         Essencial que os povos indígenas sejam consultados de forma prévia, livre, informada, adequada e de boa fé frente a todos as medidas que afetem suas vidas ou territórios. Toda medida administrativa ou legislativa a gente tem direito de se apropriar, pedir mais informação e deve ser feita a consulta. Políticas que vem de cima para baixo, que vão contra a nossa vontade, temos direito de derrubar.   Formação e Mobilização ·             – Mobilização e união e reivindicação contínua é sempre necessária, um meio de conquistar nossos direitos e objetivos. ·  –         Existem os programas de governo que deveriam implementar políticas públicas, e temos que formar nossas lideranças para fiscalizar os orçamentos e colocar lideranças em postos estratégicos. ·           – Necessário promover a formação sobre às lideranças de forma contínua e imediata sobre os direitos indígenas e estratégias de reivindicação, especialmente sobre a constituição e convenção 169 da OIT. ·        – Elaboração de cartilhas sobre os direitos dos povos indígenas, que devem ser veiculadas para as comunidades indígenas e para todos os órgãos públicos que trabalhem oferecendo serviços…
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Prelazia de Borba recebe visita da Coordenadora Estadual da Pastoral da Criança

Maria Inês Freitas, Coordenadora Estadual da Pastoral da Criança, visitou nos dias 10 e 11 de maio de 2022 a Prelazia de Borba. No encontro, realizado na sede da Prelazia, estiveram presentes os líderes que compõem o Ramo da Paróquia Cristo Rei e Nossa Senhora Aparecida. Também estiveram presentes neste encontro o Pároco da Paróquia Cristo Rei Pe. Laércio Paz, Pe. Vylson Barbosa, Diac. João Paulo, Diac. Luiz Rosinaldo, Ir. Penha, Assessora da Pastoral na Prelazia, junto com a Coordenadora de Setor Laurene Pantoja e o Coordenador de Pastoral da Prelazia, Ademir Jackson. O objetivo da reunião foi o diálogo para o fortalecimento e animação da Ação Missionária da Pastoral da Criança nas Comunidades do Ramo. O encontro foi oportunidade para abordar a Campanha do dia 18 de maio, Dia de Combate ao Abuso e Exploração sexual de Crianças e Adolescentes. Na quarta-feira de manhã, a coordenadora e sua equipe visitaram à paróquia Nossa Senhora Aparecida, onde conversaram com Pe. Joseph Raj A Samy sobre desmembramento da Pastoral da Criança da Paróquia Cristo Rei e a implantação dessa Pastoral na Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1, com informações da Prelazia de Borba

Comitê REPAM – Núcleo Manaus escolhe nova articulação

Depois de um tempo, o Comitê REPAM – Núcleo Manaus reuniu nesta terça-feira, 10 de maio, no auditório da CNBB Regional Norte 1, para retomar as atividades do comitê, partilhar das novas iniciativas e rearticular suas ações em conjunto com as pastorais sociais e organismos, fortalecendo as atividades já existentes, incluindo nas atividades tudo aquilo que é feito enquanto REPAM, sendo salientado a importância de dar visibilidade às atividades realizadas. Durante o encontro foi nomeada a nova coordenação com Padre Paulo Tadeu Barausse, Patrícia Cabral e a Ir. Elis Alberta Ribeiro dos Santos, que será a articuladora do Núcleo, e que estarão contribuindo junto a articulação da REPAM-Brasil. O comitê pretende ampliar os debates sobre a Economia de Francisco e Clara, as sugestões propostas a partir do Sínodo para a Amazônia, no Documento Final do Sínodo e a Querida Amazônia. Também foi colocada a importância da caminhada junto com a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) e o processo sinodal da Arquidiocese de Manaus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1, com informações de Patrícia Cabral 

Caritas Alto Solimões organiza Seminário sobre Resíduos Sólidos

A Caritas da Diocese de Alto Solimões organizou de 06 a 08 de maio um Seminário sobre Participação Cidadã, com o tema: “Resíduos Sólidos”, e o lema: “Ecologia Integral, Bem Viver, Sem Lixo, Sem Luxo”. O encontro contou com a participação de 40 representantes das Paróquias Imaculada Conceição, de Benjamin Constant, Paroquia São Sebastião, de Atalaia do Norte e a Paróquia de Santos Anjos, de Tabatinga. O assessor do encontro foi o padre Carlos Alberto Pinto da Silva, que pontuou diversos assuntos, dentre eles Ecologia Integral e o papel que assumimos diante da sociedade e o cuidado com a mãe natureza. Ao longo do encontro foi ressaltado a importância dos 5R – Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Repensar e Recusar, sendo refletido sobre a importância de assumir ações simples e que podem mudar o mundo, lembrando a responsabilidade que temos de embelezar o mundo, esperançar as pessoas e ousar propor o evangelho adotando a missão do cuidado para com a natureza, nossa Casa Comum. No Seminário se fizeram presentes Marxer Antônio Colares Batista e Railma Pereira Moraes, professores do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Amazonas- IFAM, que abordaram a temática os Resíduos Sólidos e a diferença entre resíduos e rejeito. O Seminário teve um momento de compromisso concreto, com um mutirão de limpeza, denominado “juntando lixo com inteligência”, realizado no bairro das Comunicações onde decorria o encontro. Finalmente, após um trabalho em grupos foram apresentadas ações concretas a serem realizadas em um trabalho local, nas comunidades onde cada um dos participantes mora, sendo assumido por eles um compromisso pessoal. No momento de partilha foram apresentadas diferentes ideias, dentre elas a redução do uso de sacolas plásticas, passando a fazer uso de sacolas ecológicas, separação do lixo adequada em casa e a organização de mutirões ecológicos nos bairros e ao redor das comunidades de cada um dos participantes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações de Caritas Alto Solimões

Conceição Silva: “Nós mulheres, pastoras, temos que ter o amor por cada um dos nossos filhos”

No quarto domingo do Tempo Pascal, Conceição Silva, coordenadora das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, nos diz que o Evangelho desse dia “nos fala sobre o Bom Pastor, o pastor que cuida das ovelhas, o pastor que ama as suas ovelhas”. Ela vê isso em Jesus, “o pastor que conduz as suas ovelhas”, falando de pastor e pastoras, “as mulheres são boas pastoras também”. Se referindo à realidade, Conceição Silva afirma que “nós podemos ver nas comunidades, nas áreas periféricas, nos movimentos, sempre as mulheres são as que conduzem, são as lideranças. Elas cuidam dessas ovelhas com amor de mãe”, algo que lembra no dia em que o Brasil comemora o Dia das Mães. Para elas, “vai essa mensagem de amor, de afeto, de cuidado, cuidado com a vida, cuidado com os filhos, cuidado com os pais, cuidado com os organismos que participam, cuidado com o trabalho”, destaca. Segundo a coordenadora das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, “essas são as mulheres batalhadoras, são mães, que muitas vezes são mãe e filho, às vezes a família inteira, às vezes a avô que cuida do filho, do neto, mas são mulheres guerreiras, que durante todo o dia trabalham, e quando chega a noite vão cuidar dos filhos, dar carinho, dar amor”. Segundo ela, “essa é uma grande mensagem de Jesus, que nós mulheres, pastoras, temos que ter o cuidado e o carinho, temos que ter o amor por cada um dos nossos filhos e as nossas atividades”. A coordenadora das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, “para que aconteça a construção de um novo Reino, é necessário lutar, é necessário ter esperança”. Conceição Silva coloca um exemplo, de alguém que considera um exemplo de mãe, com uma doença degenerativa, que tem um filho autista e hiperativo. Ela conta que “essa mãe, para que seu filho tenha todo o carinho, toda a atenção, ela passa a noite inteira acordada porque ele não consegue dormir”, acompanhando-o a madrugada inteira para evitar dar remédios fortes para ele. Só dorme o tempo que ele dorme, algo que se repete todas as noites. Isso é visto por Conceição como um amor de mãe, de mulher que cuida, uma mulher que está sempre a disposição de dar carinho, de dar afeto. No Dia das Mães, ela quer homenagear todas as mães, “as mães negras, as mães indígenas, as mães ribeirinhas, e todas as mães enfim”. Por isso, ela deseja: “parabéns, somos todas vencedoras”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Ionilton decreta não aceitar recursos de políticos, de madeireiras, de mineradoras

Não receber “recursos financeiros, em moeda ou em outros bens, de políticos, de madeireiras, de empresas de mineração, de exploração de petróleo e gás”. Esse é o decreto de Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia de Itacoatiara, dado a conhecer no dia 05 de maio de 2022. Segundo o decreto, dirigido aos padres e coordenadores e coordenadoras de Comunidades, Pastorais, Organismos, Grupos e Movimentos, “contribuem para o desmatamento e a expulsão de suas terras dos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e pequenos agricultores”. O Decreto está inspirado na afirmação do Papa Francisco recolhida em Querida Amazônia, onde diz que “não podemos excluir que membros da Igreja tenham feito parte das redes de corrupção, por vezes chegando ao ponto de aceitar manter silêncio em troca de ajudas econômicas para as obras eclesiais”. O Papa Francisco recomenda “prestar uma atenção especial à procedência de doações ou outro tipo de benefícios”, assim como ficar atentos à injustiça e crime que se faz realidade nas “operações econômicas, nacionais ou internacionais que danificam a Amazônia e não respeitam o direito dos povos nativos do território e sua demarcação, à autodeterminação e ao consentimento prévio”. Tudo isso com a colaboração das autoridades. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Diante da atual situação social e política não podemos ficar calados

Anunciar o Evangelho e denunciar as injustiças é missão de todo batizado e batizada. Diante da realidade a Igreja é continuamente desafiada a ser profética, uma atitude presente no episcopado brasileiro, que no final da primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, dirigiu ao povo brasileiro uma mensagem de fé, esperança e corajoso compromisso com a vida e o Brasil. “O quadro atual é gravíssimo. O Brasil não vai bem!”, denunciam os bispos, afirmando que “a fome e a insegurança alimentar são um escândalo para o País, segundo maior exportador de alimentos no mundo, já castigado pela alta taxa de desemprego e informalidade”. Uma realidade que não pode nos deixar indiferentes, que tem que nos levar como Igreja a tomar postura. Não podemos ficarmos calados diante da “dilapidação dos ecossistemas, o desrespeito com os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, a perseguição e criminalização de líderes socioambientais, a precarização das ações de combate aos crimes contra o meio ambiente e projetos parlamentares desastrosos contra a casa comum”, algo que tem muito a ver com a Amazônia, onde a cada dia que passa vemos as consequências dessas atitudes. A violência tomou conta do Brasil, algo presente no campo e nas cidades, vemos como a liberação do garimpo em terras indígenas, a flexibilização da posse e do porte de armas, e tantas outras realidades fazem com que o sofrimento aumente, algo que denunciam os bispos. Não podemos olhar para o outro lado diante do desrespeito pela Constituição, não podemos contribuir com um clima que transforma adversários em inimigos, que deteriora o tecido social. Ainda mais neste ano eleitoral, carregado de incertezas e radicalismos, onde ser cidadãos é algo que ninguém pode deixar de assumir, ainda mais sabendo das tentativas de ruptura da ordem institucional. Os bispos insistem em algo que algumas pessoas podem considerar estranho, mas que só relata a atual realidade que o Brasil vive: “a manipulação religiosa, protagonizada tanto por alguns políticos como por alguns religiosos, que coloca em prática um projeto de poder sem afinidade com os valores do Evangelho de Jesus Cristo”. Jesus denuncia no Evangelho a manipulação religiosa, algo que foi usado para conduzi-lo à morte, se servindo de mentiras, outra realidade muito presente hoje no Brasil no fenómeno da “disseminação das fake news, que através da mentira e do ódio, falseia a realidade”, nos dizem nossos bispos. Diante disso o chamado é claro: um compromisso autêntico com a verdade e o respeito aos resultados nas eleições. Os bispos conclamam “toda a sociedade brasileira a participar das eleições e a votar com consciência e responsabilidade, escolhendo projetos representados por candidatos e candidatas comprometidos com a defesa integral da vida, defendendo-a em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural. Que também não negligenciem os direitos humanos e sociais, e nossa casa comum onde a vida se desenvolve”. O chamado é claro e não pode ser diferente diante da realidade atual, mas será que a gente vai assumir? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Padre Dário Bossi: “Laudato Si´, talvez tenha seus principais profetas em populações minoritárias”

A mega mineração está cada vez mais presente na América Latina, com um grande aumento durante a pandemia, uma época em que os lucros das empresas de mineração dispararam. É uma conta que é paga pelas comunidades, pelos trabalhadores e pela natureza. Lutar contra isso é um dos objetivos da Rede de Igrejas e Mineração, da qual o Padre Dário Bossi é membro. Nesta entrevista ele nos fala sobre a realidade das comunidades afetadas, os passos dados, destacando a Caravana pela Ecologia Integral em Tempos de Extrativismo, que recentemente percorreu vários países europeus, incluindo uma visita à Cúria do Vaticano. O desafio é avançar em tudo o que é apontado na Laudato Sí, que as Igrejas façam “um exame de consciência muito severo e exigente para se perguntar até que ponto corre a Igreja o perigo de ser cumplice deste sistema de morte que está saqueando os territórios e a natureza”. Renovar a “opção, como diz a encíclica Laudato Si´, pelos pobres e pela Mãe Terra”. Qual é a realidade latino-americana em torno à mineração atualmente? A opção pelo extrativismo predatório em América Latina vem de longe. Foi uma opção que atravessou diversos países e diversos espectros políticos, da direita à esquerda, no continente todo. Porém, neste último período, a crise da pandemia, o aumento da pobreza, da inflação, os impactos que a guerra na Ucrânia tem provocado na segurança no acesso às matérias primas, aos combustíveis fósseis, aos fertilizantes, em general ao minério, junto com a falta de segurança dos fluxos financeiros e uma volta ao ouro como instrumento que garante a estabilidade financeira, tem contribuído para aumentar ainda mais o ritmo avassalador do extrativismo. Tanto é que nos anos da pandemia, os lucros das mineradoras em América Latina têm aumentado vertiginosamente. O que é escandaloso se a gente for olhar a queda do Produto Interno Bruto dos países, a queda do acesso mínimo a salários e direitos da população. O aumento da distância entre os mais ricos e os mais pobres tem sido contribuído também pelo aumento dos lucros das grandes mineradoras. Quem está pagando a conta de tudo isso? Estão pagando três grandes categorias: as comunidades, que tentam defender seus territórios e modos de vida, os trabalhadores e a natureza. Cada vez mais as comunidades estão sendo ameaçadas, porque a necessidade de um extrativismo que expanda as fronteiras, o freio é a chamada licença social, que as empresas nem sempre conseguem obter. A licença ambiental é conferida pelos estados, que são geralmente cumplices das grandes empresas, mas a licença social tem que ser garantida pelas pessoas que moram nos territórios, e nem sempre isso é tão fácil de conquistar. Frente a este conflito aumenta a ameaça, a ameaça aos indígenas, como acontece aqui no Brasil com os projetos de liberar a mineração em terras indígenas, a ameaça aos camponeses, ameaças às comunidades que querem manter um outro tipo de relação com seus territórios. Também os trabalhadores estão pagando a conta, porque a gente viu isso fortemente na pandemia, mas repercute ainda hoje. A força de negociação das empresas frente a uma perda de direitos, a uma perda de salários, a uma necessidade de trabalho das pessoas, aumentou. As pessoas tiveram que se submeter cada vez mais a descontos na reivindicação de direitos trabalhos. A mineração foi reconhecida durante a pandemia como uma atividade essencial, o que é absurdo, paradoxal. Se a gente for olhar os estoques de minérios que estão estocados em muitos países, não era tão essencial. Era possível reduzir ou até suspender por um tempo a extração durante a pandemia. Mas ela aumentou de ritmo durante a pandemia, o que mostra a perda de força de negociação do trabalhador frente ao poder da empresa. Disso é obvio que quem paga a conta é a natureza porque a expansão da mineração em regiões até então, como territórios indígenas, áreas protegidas, parques naturais, áreas de fronteira, que até então vinham sendo vinculadas a uma legislação mais rigorosa, se perdeu. Tanto do ponto de vista da mineração ilegal, do garimpo, como do ponto de vista da mineração industrial, a expansão acaba afetando os direitos da natureza. Está fazendo algumas denúncias que vêm sendo feitas nos últimos anos por diferentes organizações, inclusive da Igreja católica, em referência à mineração. Recentemente, uma caravana latino-americana visitou 6 países da Europa, fazendo essas e outras denúncias, inclusive no Vaticano. Qual a importância que essa caravana pode ter de cara ao futuro? A caravana quis dialogar tanto com a sociedade civil como com as Igrejas, tinha um dúplice objetivo. Queria primeiramente levar solidariedade do Sul Global a uma Europa que vem se sentido fortemente ameaçada pela guerra, que é uma guerra de disputa de territórios por matérias primas. Uma guerra que disputa canais de escoamento e de fluxo de matérias primas. Por tanto é uma guerra que os países do Sul vivem constantemente, talvez de modo menos visibilizado, mas constantemente efetivo, nas mortes, na militarização dos territórios, na aliança entre exércitos, empresas e atividades ilegais extrativas. Um Sul Global que quer mostrar sua solidariedade a Europa e gritar que a fonte deste tipo de violência bélica não é nada mais que o modelo de extrativismo predatório que vem se reproduzindo em terras que até então se sentiam protegidas, seguras, em paz. Além dessa solidariedade, a caravana quis levar a denúncia desse modelo e das guerras vividas desse lado. Inclusive a denúncia das consequências e perspectivas que o novo contexto de conflito internacional irá provocar nos países do Sul Global, não só na América Latina, mas também em África. Por último, a caravana quis fazer um apelo à solidariedade, levantar a capacidade que a sociedade civil e a Igreja europeia sempre tiveram, e que precisa reanimar de aliar-se às Igrejas e às comunidades latino-americanas. Depois de 7 anos da encíclica Laudato Si´, até que ponto ela tem sido assumida pela Igreja? Até que ponto a Igreja tem assumido que defender a Casa Comum é uma missão que não pode ser deixada para trás?…
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Padre Lúcio Nicoletto é escolhido Administrador Diocesano da Diocese de Roraima

A Diocese de Roraima escolheu seu administrador diocesano na manhã desta terça-feira, 3 de maio, após ter ficado como sede vacante com o início da missão do anterior bispo, Dom Mário Antônio da Silva, como novo Arcebispo de Cuiabá (MT), acontecida no dia 1º de maio. Aquele que vai conduzir a Diocese de Roraima pastoral e administrativamente até a chegada do novo bispo é o padre Lúcio Nicoletto, atual Vigário Geral da Diocese de Roraima. Após ser escolhido pelo Colégio de Consultores, em entrevista à Rádio Monte Roraima, o novo administrador diocesano agradecue “a  confiança dos meus irmãos padres, e que representa a confiança de toda a Igreja de Roraima”. O padre Lúcio Nicoletto disse que sente-se “muito pequeno neste momento, mas o que me fortalece é a confiança e a amizade que sempre me acompanhou até agora e que eu acredito que não vai dimunuir”. O novo administrador diocesano chegou na Diocese de Roraima em junho de 2016, depois de 11 anos como missionário na Diocese de Duque de Caxias (RJ). Ele é originário da Diocese de Pádova (Itália). O administrador diocesano disse esperar que seja o mais rápido possível a chegada do novo bispo. Ele vê este momento que está vivendo a Diocese de Roraima como uma oportunidade “para aprendermos que a Igreja é comunhão de pessoas”, algo que explicita o que significa uma Igreja sinodal, neste tempo em que a Igreja Universal está vivenciando um novo Sínodo. O padre Lúcio vê seu papel como “ajudar o Colegio dos Consultores a governar a Diocese nesse tempo interino”. Em relação à posse de Dom Mário Antônio da Silva como Arcebispo de Cuiabá, o padre Nicoletto diz ter sido uma experiência muito bonita. “Experimentamos uma acolhida além das nossas expectativas”, afirmou, “a gente percebeu nos olhos de todos uma grande expectativa, um grande desejo de se encontrar com o novo pastor que estava chegando, um desejo de caminhar juntos dentro de uma perspectiva de renovação da história daquela diocese”. Finalmente, o novo administrador pediu que “todos se unam no só coração, numa oração incessante ao Espírito Santo para que Ele possa suscitar um novo pastor para nossa diocese, e ao mesmo tempo rezar para que o Espírito Santo possa iluminar o coração de todos nós”, fazendo um chamado à “maturidade para que cada um continue na própria missão”, insistindo em que, mesmo na sede vacante, “a nossa história continua”, algo que é fruto “do compromisso de tantos batizados e batizadas das nossas comunidades, da cidade, do interior, do entusiasmo com que cada um vive e testemunha a própria fé”, se comprometendo a continuar o que se estava fazendo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Altevir: “Que Deus me conceda esta graça de amar este povo e em defesa da vida”

Um momento importante para a Prelazia de Tefé, assim vê Dom Leonardo Steiner a celebração da posse de Dom José Altevir da Silva que aconteceu na tarde do dia 1° de maio na Catedral de Santa Teresa d´Ávila. Ele foi nomeado pelo Papa Francisco lembrou o arcebispo de Manaus, que agradeceu ao padre Mellon pelo tempo que esteve à frente da Prelazia, e saudou quem participava da celebração pelas diferentes transmissões, especialmente as comunidades ribeirinhas do interior, que são tantas. Dom Leonardo vê o tempo atual como “um momento decisivo para a Igreja de Tefé, mas também para nossa Igreja da Amazônia”, pedindo para Dom Altevir que seja “esse pastor que acompanha cuida, e dê continuidade a essa trajetória tão bonita da nossa Igreja que está em Tefé”. Depois do chanceler ler o decreto que nomeia Dom Altevir como novo bispo da Prelazia de Tefé, Dom Leonardo passou o báculo para o novo bispo da Prelazia e o conduziu à cátedra, de onde presidirá a Igreja particular de Tefé. O báculo, que em palavras do seu arcebispo, a Arquidiocese de Manaus está devolvendo à Prelazia de Tefé, é o báculo usado por Dom Sérgio Castriani, bispo da Prelazia de Tefé e mais tarde Arcebispo de Manaus, falecido em 2021, uma figura de grande importância para o povo da Prelazia de Tefé, segundo Dom Leonardo. Na homilia, o novo bispo da Prelazia de Tefé, começou saudando os bispos e todos os que se encontravam na celebração, falando em primeiro lugar “dos leigos, das leigas, essa Igreja toda ministerial, essa Igreja Povo de Deus”, do superior geral da Congregação do Espírito Santo, chegado desde Roma. Também saudou as autoridades, lembrando que no dia anterior fez a “posse civil”, que definiu como um momento importante que abre portas e janelas na sociedade, promovendo o diálogo, e lutando juntos pelo bem comum, pelo bem do povo. O novo bispo saudou os padres, diáconos da Prelazia, “os meus diretos colaboradores“, também os religiosos, religiosas, os animadores de comunidade, ribeirinhas, indígenas, da cidade, pessoas com quem espera contar no dia a dia. Do mesmo modo cumprimentou a secretária do Regional Norte2 e os padres da Diocese de Cametá, onde até agora foi bispo. Dom Altevir pediu a intercessão de São José Operário e de Santa Teresa, lembrando da posse canônica de Dom Mário Antônio em Cuiabá, acontecida na manhã deste 1º de maio, para quem pediu orações. Falando da posse, ele disse que não é posse da Prelazia, porque “a Prelazia é uma porção do povo de Deus, que pertence a Deus, não é posse de um cargo administrativo”, e sim posse do “oficio de pastor, do oficio do amor”, lembrando as palavras de Santo Agostinho que dizem que “apascentar é oficio de amor”, o que faz referência às palavras de Jesus a Pedro neste terceiro domingo da Páscoa. Segundo o novo bispo de Tefé, “amor e missão são inseparáveis”, e junto com isso que apascentar é alimentar, se perguntando de que o povo tem fome, que além do alimento, é “fome por um bom atendimento no campo da saúde, fome por educação, fome por dignidade, por justiça social, fome do Deus da Vida”. Falando sobre a Eucaristia na Amazônia, que às vezes acontece uma vez por ano, disse que “é uma Eucaristia que fortalece aquele povo por longos e longos dias, que sabe repartir o pouco remédio que tem no meio da mata, a pouca farinha que tem”. Na liturgia da Palavra disse encontrar alguns caminhos: a obediência a Deus, a convicção de que o amor e a missão são inseparáveis. O bispo recorreu três imagens do Evangelho do dia, a imagem do pastor, do agricultor e do pescador, que ajudam a compreender a missão.   No início do seu ministério pastoral na Igreja de Tefé, Dom Altevir pediu a Deus que “aumente em nós o ardor missionário, para irmos ao encontro de todos os povos, respeitando as culturas, especialmente dos povos originários, povos indígenas, ribeirinhos e falar a todos de Jesus e sua encantadora mensagem”. O bispo insistiu na imagem de um Deus que “se aproxima de nós para renovar conosco sua aliança”, que nos pergunta: Tu me amas? Tu me amas mais do que estes? Afirmando que a resposta tem que conduzir ao serviço mais radical: cuidar, alimentar, proteger, apaziguar as suas ovelhas sem medo dos lobos devoradores, afirmando que hoje existem muitos no Brasil, Dom Altevir pediu “que Deus me conceda esta graça de amar este povo e em defesa da vida dos povos, dos rios, da terra, da nossa casa comum, me entregar”. No final da celebração diversas pessoas falaram em representação da Prelazia, mostrando a alegria e a festa que está vivendo a Prelazia de Tefé. Francisca Andrade, representando a coordenação de pastoral e os leigos; o superior geral da Congregação do Espírito Santo; Dom Fernando Barbosa, atual bispo de Palmares (PE) e predecessor de Dom Altevir, que lembrou a história da Prelazia marcada por uma história construída por muitos missionários; Dom Edson Damian, que como presidente, mostrou a alegria do Regional com a chegada do novo bispo, num momento em que a Igreja da Amazônia é chamada a pôr em prática as conclusões do Sínodo e fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico, denunciando a realidade que vivem os povos indígenas e o povo do Brasil, que passa fome e vê recortados seus direitos. A acolhida contou com as palavras do padre Mellon, administrador da Prelazia até a chegada do novo bispo, que destacou a importância de sermos uma Igreja sinodal e em comunhão, que marcou os meses da vacância. Também houve as palavras do representante da Diocese de Cametá e do Regional Norte2. Finalmente, Dom Altevir deu seu obrigado a todos de coração, antes de dar a benção de Deus, pedindo que Ele entre no coração, na casa dos ribeirinhos, de todas as pessoas, para que assim possamos viver com amor a missão que Ele nos confiou”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1