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50 anos do Cimi: “Novas formas de estar presentes com os povos indígenas”

No dia 23 de abril de 1972 nascia o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), uma das grandes vozes proféticas na sociedade e na Igreja em defesa dos primeiros habitantes das terras que hoje são chamadas de Brasil. 50 anos de vida e missão junto aos povos originários, marcados pelas lutas e conquistas, pela partilha de vida com os povos indígenas, secularmente marginalizados e vítimas de preconceito por parte da sociedade dominante. Para comemorar tão importante acontecimento foi realizada uma celebração online, com mais ou menos 300 participantes, junto aos povos indígenas e a todos aqueles que fizeram parte desta história de 50 anos, como amigos, aliados, companheiros de caminhada, dentre eles vários bispos. Um dia de celebrar, de festejar, a través de uma celebração dividia em dois blocos: semear e brotar. A celebração lembrou aos presentes que semear no Cimi é fazer memória dos ancestrais, buscar um novo jeito de ser Igreja que acolhe os pobres, especialmente os povos indígenas. Nessa perspectiva, celebrar o Jubileu é esperançar, uma festa que projeta para o futuro, após 50 anos de mística e espiritualidade que sustentam a caminhada, 50 anos de lutas e de convivências, desde a certeza da presença do Ressuscitado ao lado daqueles que tem caminhado com o Cimi nos seus 50 anos de caminhada. “Um dia de Graça e de celebração! Um dia de alegria e de esperança!”, segundo Dom Roque Paloschi. Uma celebração que “na verdade começou há 50 anos, quando um grupo de missionários e missionárias, leigos e leigas, bispos, religiosos e religiosas, destemidos, ousados, animados pelo Concílio Vaticano II e pela Conferência de Medellin, mas sobretudo provocados pela realidade que viviam os povos indígenas, começaram a abrir caminhos novos na Igreja, novas formas de estar presentes com os povos indígenas e de ser fiéis ao Evangelho”, afirmou o Presidente do Cimi . O bispo destacou que tem sido “uma atuação marcada pela defesa da justiça, dos direitos, da diversidade cultural, dos territórios e, de maneira particular, do protagonismo dos povos indígenas como sujeitos de sua própria história”. Uma celebração que faz reconhecer “a força e a sabedoria dos povos indígenas em sua resistência e persistência por defender a vida, por defender seus territórios e suas formas diversas de ser, suas culturas e sua profunda espiritualidade”. Dom Roque reconheceu as “tantas e tantos missionários que deram sua vida pela causa dos povos indígenas, pela Causa do Reino”, os tantos bispos que prestaram seu apoio à atuação do Cimi e a luta dos povos indígenas. Mas também fez ver que ainda há muito trabalho a ser feito, nos dias de hoje “em que os povos indígenas estão sendo permanentemente assediados em seus territórios e seus direitos sistematicamente violados e questionados”. Uma celebração no tempo pascal, que nos lembra, em palavras de Dom Roque, que “somos testemunhas de tantos crucificados em nossos dias, tantos territórios invadidos, tanta violência contra os povos indígenas, tanto preconceito e tanta política de morte”. Por isso destacou as palavras do Ressuscitado: “Não tenhais medo!”, chamando a reafirmar “nosso compromisso, pessoal e coletivo, com a vida dos povos indígenas, com a defesa de seus direitos e de seus territórios”. A defesa dos direitos, culturas e territórios dos povos indígenas é uma missão assumida pela Igreja do Brasil, lembrou Dom Walmor Oliveira de Azevedo. O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, citando Querida Amazônia destacou a importância do território para os povos indígenas. O arcebispo de Belo Horizonte enfatizou a contribuição da Igreja para mudar de rumo e mostrar à sociedade que os povos indígenas são mestres na ecologia integral. Daí chamou a entrar num caminho de conversão, insistindo em que o trabalho do Cimi precisa continuar a florescer, para com os povos indígenas aprender a viver na Casa Comum, para em união assumir a tarefa de promover a dignidade para os povos indígenas. A história do Cimi é uma história que nasceu teimosa, como nova proposta eclesial, abraçando novas realidades dos povos indígenas sem vez e sem voz. Uma caminhada de escuta, de luta por cada território e a sobrevivência de cada povo frente a um mundo hostil. Uma história de estar com, em um processo de inculturação, tendo como palavras chave: terra, cultura e direitos indígenas. Uma história construída de um processo de diálogo e de esperança dentro da Igreja católica, contra os projetos de morte contra os povos indígenas, frente às tentativas de assimilação, deles deixarem de ser indígenas, diante do fascínio pela civilização e o progresso, frente à resistência dos povos. Uma opção que trouxe perspectivas de diálogo desde o reconhecimento da diversidade presente no Brasil, frente a um modelo econômico e sócio-político, buscando uma conscientização sobre a existência e resistência dos povos indígenas, mas também a autodeterminação e protagonismo desses povos, que possibilitasse a organização e a luta, a construção de alianças e políticas públicas diferenciadas. Assim foi feita a memória dos mártires e uma lembrança dos fatos marcantes em cada uma das décadas na voz de missionários do Cimi. Tudo isso intercalado com músicas, cantos indígenas, testemunhos sobre o que é ser Cimi, palavras que emocionaram os presentes e lembraram a importância da vida encarnada ao longo de 50 anos de caminhada, algo concretizado em muitos rostos e nomes recordados ao longo da celebração, algo importante para continuar a caminhada contribuindo com a missão do Cimi, uma caminhada chamada a traspassar fronteiras territoriais e eclesiais, a seguir construindo uma pastoral indígena latino-americana, ecumênica e inter-religiosa. Uma história que tornou o Cimi uma referência para o mundo na defesa dos povos indígenas, segundo Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi por muitos anos. O bispo emérito do Xingu lembrou a vida entregada de tantos missionários e missionárias ao longo dos 50 anos de caminhada, daqueles que junto com os povos indígenas têm construído uma história de luta e resistência. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo ordena 8 diáconos e lhes pede: “Tornem-se homens disponíveis, serviçais”

A Arquidiocese de Manaus tem 8 novos diáconos permanentes, ordenados neste 23 de abril na Catedral Nossa Senhora da Conceição, pela imposição das mãos de Dom Leonardo Steiner, que definia a celebração como “um momento de Igreja, eles estarão ao serviço da Igreja, das comunidades”. Os novos diáconos são Agamenon de Assis Silva, Agdo Freitas Guimarães Filho, Carson Farnela Duarte, Edivaldo Pereira da Silva, Arley Oliveira Barcelar, Marcio Pedro Gomes dos Santos, Paulino Pedro da Conceição Maciel, Valtemir Livino Ribeiro. Na homilia, após acolher as esposas e comunidades às quais os novos diáconos irão servir, o Arcebispo Metropolitano de Manaus começou refletindo sobre a escolha, algo que vem do outro, já presente nos Atos dos Apóstolos, onde a primeira comunidade cristã escolhe seus diáconos. A ordenação é o último passo daqueles que foram chamados, “e hoje diante da Igreja respondem eis-me aqui”, lembrava Dom Leonardo, que vê nisso um sinal de prontidão. O Arcebispo lembrou que no Evangelho é Jesus que escolhe, reafirmando que “toda vocação é um chamado, uma escolha”, definindo a história da nossa Igreja como “uma história de chamado, sempre um chamado, uma vocação que pede uma ressonância, uma consonância”, que cada um responde na cotidianidade. Dom Leonardo insistiu em que “é o amor que escolhe, não somos nós que escolhemos”, algo que os novos diáconos já têm experimentado no Sacramento do Matrimonio. “O amor de Deus é livre, terno, cheio de misericórdia, este é o amor que chama”, destacou o Arcebispo, que insistiu em algumas atitudes necessárias: disponibilidade, abertura, prontidão, disposição, graça de servir. E junto com isso, “servidores, lavadores dos pés”. Se referindo ao Evangelho lido na celebração, Dom Leonardo disse que “o Evangelho vem a nos indicar o caminho da transformação de quem recebe o ministério diaconal”, como um serviço para estar continuamente a caminho, ir pelo mundo inteiro e a toda criatura, refletindo sobre os tantos mundos para serem percorridos para servir a Palavra, a Caridade, dentre eles “o mundo da violência, da guerra, da desfraternidade, da imoralidade, da destruição, da desavença, do desconforto, da fome, do frio”, onde o Arcebispo chamou a ser a Boa Nova, servir. Também chamou a se sentir enviados a todas as criaturas, que “hoje estão sendo destruídas, massacradas, pela ganância, pelo dinheiro que mata”, algo que se vê especialmente na nossa Amazônia. Desde a liberdade, Dom Leonardo chamou os diáconos a servir uns aos outros no amor, servindo a todos, especialmente aos pobres e descartados, a exemplo do amor de Jesus. O Arcebispo lhes pediu aos novos diáconos que “pela imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo tornem-se homens disponíveis, serviciais, servir a todos no amor, um amor que serve, um amor serviço”. Afirmando que “somos uma Igreja constitutivamente missionária, uma Igreja constitutivamente sinodal”, o Arcebispo chamou a servir com generosidade e alegria, sem procurar as primeiras filas, a través dos diferentes serviços que fazem parte do ministério da Igreja, “tudo na fecundidade da Igreja, na fecundidade pessoal”. Daí chamou a ser humildes, a cultivar a vida familiar, a ser sinal de esperança e de conforto para as famílias em dificuldades, sentir-se felizes por estar com a família, a comunidade, a Igreja, estar próximos dos pobres e neles ver a Jesus que bate na nossa porta através deles, ser catequista, ensinador. Os novos diáconos “inserem a família na ação evangelizadora e sacramental na Igreja”, afirmou Dom Leonardo. Se dirigindo às esposas, filhos e outros familiares, o Arcebispo disse que “a família se torna força para exercer esse ministério com dignidade e alegria”, agradecendo às famílias pelo apoio à vocação dos novos diáconos, e também a todos os que os acompanharam no processo de formação, encerrando suas palavras fazendo de novo o chamado para que “disponham-se ao serviço uns dos outros através do amor”, lema escolhido pelos diáconos para sua ordenação. Lembrando esse lema, um dos diáconos, em representação de todos, definiu a ordenação como uma nova etapa em suas vidas, agradecendo a Deus que os escolheu para a missão e a todos aqueles que fizeram possível chegar neste dia, especialmente seus familiares e os párocos que os acompanham em suas áreas missionárias e paróquias.     Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encontro de Pastoral de Alto Solimões: Igreja em saída para continuar no processo sinodal

A Diocese de Alto Solimões encerrou nesta quinta-feira, 21 de abril, seu Encontro de Pastoral, iniciado no dia 18 de abril no Centro de Formação frei Ciro em Tabatinga (AM), que contou com a participação de 74 representantes das 8 paróquias que fazem parte da Diocese. O tema do encontro foi “Por uma Igreja Sinodal”, e o lema “Comunhão, Participação e Missão”. O encontro, que contou com a presença do bispo diocesano, Dom Adolfo Zon, foi oportunidade para realizar importantes momentos de espiritualidade, dentre eles a solene Celebração da Missa dos Santos Óleos com a renovação das promessas sacerdotais dos presbíteros e a consagração a Deus e ao povo das religiosas e dos religiosos. As reflexões em grupos e nas plenárias privilegiaram diferentes temas, dentre eles a escuta diocesana em vista do sínodo de 2023 e a ecologia e o cuidado da casa comum. O encontro também foi momento para realizar o planejamento das pastorais diocesanas: Pastoral da Criança, da Juventude, Caritas, Vocacional, Diáconos, Indígena, Comidi, Cebs, Carcerária e Sobriedade.  Um profissional da contabilidade orientou ao respeito aos secretários paroquiais, e na plenária apresentou as novas exigências no campo, respondendo também às perguntas e esclarecendo dúvidas. Mesmo na sua complexidade, a economia, na busca do necessário para a vida e dentro da verdade, integra essencialmente o caminho sinodal.  O Encontro foi animado pelo grupo de Animação de Canto da Catedral de Tabatinga, que com seus instrumentos e vozes, animaram os diferentes momentos, desde a artística encenação de abertura até a celebração final, envolvendo os participantes nas diferentes dinâmicas realizadas ao longo dos diferentes dias, também na animada Noite Cultural. Os participantes dizem dar graças a Deus pela experiência pascal do Encontro Pastoral da Diocese do Alto Solimões, mais uma oportunidade para aprofundar na necessidade de uma Igreja em saída para continuar partilhando o processo sinodal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 (Com informações do Padre Zezinho)

Luta por direitos dos povos indígenas: uma tarefa comum e ineludível

Luta e resistência são condições indispensáveis na conquista de direitos. Na sociedade brasileira, racismo e preconceito são atitudes presentes em muita gente, o que deve levar a uma reflexão em busca de desterrar aquilo que impossibilita a fraternidade e a cidadania plena. !9 de abril é comemorado no Brasil o “Dia do Índio”. Os povos originários do Brasil vêm reclamando há muito tempo que esse nome seja mudado para “Dia dos Povos Indígenas”, uma terminologia que evita continuar caindo em erros históricos, nascidos do fato de Américo Vespucio pensar que tinha chegado às Índias. O olhar folclórico em relação aos povos indígenas ainda está muito presente na mente de muitas pessoas, ficando longe da realidade que vivem os povos originários. A falta de respeito pelos diretos que a Constituição Federal Brasileira os garante é uma realidade cada vez mais presente, que deveria levar à sociedade a se posicionar em favor daqueles que são os primeiros habitantes das terras que hoje são conhecidas como Brasil. As ameaças contra o território, inclusive com o apoio e incentivo do poder público, se tornaram uma constante. As dificuldades para o aceso a direitos garantidos como é a saúde e a educação tem se tornado algo cada vez mais presente, uma realidade que aumentou com a pandemia da Covid-19, dificultando a sobrevivência desses povos, que tem visto como muitos dos seus membros, especialmente os anciãos, vieram a óbito, algo que compromete os conhecimentos tradicionais e com isso o futuro de sua cultura e identidade. Por isso, o Dia dos Povos Indígenas tem que ser visto como momento de reflexão, de resistência, de luta, de resgate de uma história e uma cultura que carrega conhecimentos milenares, que tanto tem aportado na construção de um mundo melhor. Diante das múltiplas violações que os povos indígenas vêm sofrendo se faz mais do que necessário reagir para que esses povos possam continuar conquistando espaços que lhes pertencem. Os povos indígenas brasileiros passam por situações vergonhosas, que deveriam indignar à sociedade, mas que são ignoradas. A denúncia realizada esta semana pela Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), onde mostra seu repúdio diante da violência contra o povo Yanomami, é mais um exemplo disso. Não podem ser toleradas as violações e crimes que sofre o povo Yanomami, vítima de alarmantes e desesperadores ataques criminosos. A invasão do garimpo ao seu território tem provocado violência sexual contra mulheres e crianças, algo que acontece com o completo descaso do governo federal brasileiro. O povo Yanomami, como acontece com os outros povos indígenas no Brasil, “encontra-se ameaçado, violentado e em grande vulnerabilidade sob precárias condições de vida, fome, desnutrição e sujeitos a adquirirem doenças endêmicas, infectocontagiosas como a malária, dentre outras”, denuncia a nota do CEPEETH. A pregunta que devemos nos fazer é: será que vamos ficar calados e continuar olhando para o outro lado? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Seminário São José de Manaus: “Formar padres com consciência indígena e com rosto amazônico”

Um ano atrás, pudendo ser considerado mais um fruto do Sínodo para a Amazônia, em seu empenho em fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e indígena, o Seminário São José de Manaus criou o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas “Yüü”. No “Dia dos Povos Indígenas”, como deveria ser chamado, segundo reclamam os povos originários do Brasil, aquele que pejorativamente é conhecido como “Dia do Índio”, um termo acunhado por Américo Vespucio pensando ter chegado às Índias, foi comemorado o primeiro aniversário de algo que pode ser considerado como “uma maloca espiritual”, segundo o padre Rubson Vilhena. Para o vice-reitor do Seminário São José de Manaus, o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas é motivo de orgulho, pois ajuda a “aprofundar em nossas raízes, em nossa cultura”. É por isso que os formadores do Seminário, onde se formam os seminaristas das 9 dioceses e prelazias do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dentre eles indígenas de 8 povos, agradecem os seminaristas que participam do Núcleo, insistindo na necessidade de amazonizar a Igreja, mas não com imposições, para não cair em erros do passado no sentido contrário. Um desses seminaristas que participam do Núcleo de Reflexões Pluriétnicas é Eliomar Rezende Sarmento, do Povo Tukano, seminarista da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, na região com maior porcentagem de indígenas do Brasil.  Segundo ele, “o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas tem o objetivo de contribuir e fortalecer a identidade indígena dentro do processo formativo e pedagógico do Seminário São José, tendo em vista essa plurietnicidade de seminaristas de várias regiões e de várias dioceses”, insistindo em que se busca “formar padres com consciência indígena e com rosto amazônico”. O Dia dos Povos Indígenas no Seminário de Manaus, impulsado pelo Núcleo de Reflexões Pluriétnicas, tem sido um momento em que puderam ser vistos alguns traços dessa Igreja com rosto indígena à qual nos chama o Papa Francisco. O uso de elementos que fazem partes dos rituais indígenas são expressões que também estão presentes no universo cristão, a fumaça como sinal de proteção, o pajé como aquele que invoca o espírito para curar as doenças, cuidar da comunidade, proteger a vida, a saúde e o trabalho. Algo que também se descobre na correlação existente entre a narração da Criação no Livro do Gênesis e a origem do mundo e da humanidade em diferentes cosmovisões indígenas. No encontro se fez presente a jovem indígena Geana Batista, mestranda em psicologia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que vê o 19 de abril como “momento de reflexão, de resistência, de luta”. Segundo a indígena do Povo Baniwa, “temos nossa história, nossa cultura, nossos corpos, nossos direitos violados”, relatando as dificuldades que os jovens indígenas enfrentam no contexto urbano diante da pressão, racismo e discriminação contra os povos originários no Brasil. Geana Batista é consciente que os povos indígenas “já conquistamos muitos espaços como indivíduos graças às lutas dos nossos antecessores, de lideranças indígenas”, o que a leva a reafirmar a importância das lutas para que os povos indígenas tenham respeitados os direitos garantidos pela Constituição Brasileira: educação, saúde, moradia, território. Para isso, ela destacou a necessidade da juventude indígena se tornar protagonista. No início da luta dos povos indígenas teve um papel destacado a Igreja católica, segundo Jaime Diakara, doutorando em Antropologia. O indígena do Povo Desano refletiu sobre os diferentes modos de entender a vida nas diferentes culturas, afirmando que a Universidade muitas vezes não entende o pensamento indígena. Ele insistiu na necessidade de uma luta coletiva, pois ela não pode ser individual. Nesse sentido, o movimento indígena é prejudicado pelas divisões existentes nele, colocando as dificuldades que os indígenas encontram para viver na cidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

CEEPETH repudia a violência sexual de garimpeiros contra mulheres e crianças Yanomami

A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou nesta segunda-feira, 18 de abril, uma nota de repúdio à violência contra o povo Yanomami. A nota, assinada pelo presidente da CEPEETH, Dom Evaristo Spengler, “vem a público expressar, veementemente, sua indignação e repúdio diante da violência sofrida pelo povo Yanomami, especialmente a invasão do garimpo ao seu território, a violência sexual contra mulheres e crianças e o completo descaso do governo”.  O relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”, divulgado em 11 de abril, construído pela Hutukara Associação Yanomami, “denuncia a dramática realidade em que vivem as comunidades Yanomamis do Amazonas e de Roraima”. O garimpo “cresceu 46% nas reservas indígenas em 2021”, denuncia a nota, e também que “os números de ataques criminosos contra as comunidades Yanomamis são alarmantes e desesperadores”. A situação é tão grave, que são relatados “a violência sexual e estupros sofridos por adolescentes e mulheres yanomamis, praticados por garimpeiros invasores que desenvolvem atividades criminosas de extração de ouro”. Junto com isso as consequências da contaminação por mercúrio, “afetando a saúde dos rios e florestas e das populações que ali vivem”. Isso leva o CEPEETH a afirmar que “o povo Yanomami encontra-se ameaçado, violentado e em grande vulnerabilidade sob precárias condições de vida, fome, desnutrição e sujeitos a adquirirem doenças endêmicas, infectocontagiosas como a malária, dentre outras”. O relatório recolhe também os efeitos da Covid-19 para os povos indígenas, denunciando que “tudo isto é fruto da inoperância do Estado brasileiro, em particular do governo federal, que de forma explícita vem desenvolvendo ações para expulsar os povos e comunidades de suas terras tradicionais; concedendo sobretudo títulos de propriedade aos que se apossam de terras públicas, em especial onde se encontram os povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e áreas ambientais”. A CEPEETH, “fiel ao seu compromisso místico-profético com os clamores dos pobres e da terra”, mostra na nota sua solidariedade e compromisso às lideranças indígenas na voz de Dário Kopenawa, que exige maior compromisso do governo brasileiro para combater o garimpo diante da muita violência e vulnerabilidade que o povo Yanomami está sofrendo. Por isso, a CEPEETH “repudia e denuncia com indignação, toda forma de exploração e violência em especial, a violência sexual contra Mulheres, adolescentes e crianças”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

CPT lança o Caderno de Conflitos no Campo – Brasil 2021

Foi lançado nesta segunda-feira 18 de abril na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o Caderno de “Conflitos no Campo – Brasil 2021” da Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo vinculado à CNBB. O relatório, considerado um dos maiores aportes da CPT à sociedade brasileira, registrou 1.768 conflitos no campo em 2021, um 13,92% a menos em comparação à 2020 que registrou 2.054 ocorrências. São situações que envolvem questões ligadas à terra, à água e aos direitos trabalhistas, que mostram a disputa pela terra e pelo território no Brasil, atingindo direta ou indiretamente 897.335 pessoas. O lançamento contou com a presença do secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, o presidente da CPT, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, e representantes da Comissão Pastoral da Terra, dos povos indígenas, dos povos do campo e de organizações relacionadas com a Reforma Agraria. O presidente da CNBB, Dom Walmor Azevedo de Oliveira, enviou uma mensagem aos participantes do lançamento. Em suas palavras, destacando a importância do relatório, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) recordou as palavras do Papa Francisco: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”. Segundo o secretário-geral da CNBB, o acesso à terra e a informação real, em contraposição às falsas notícias, são condições essenciais numa verdadeira democracia, cada vez mais ameaçada no Brasil. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro relacionou o trabalho da Comissão Pastoral da Terra e tudo o relacionado com o Caderno de Conflitos com o processo da 6ª Semana Social Brasileira, que tem como tema “Por terra, teto e trabalho”. O foco dos conflitos por terra e por água no Brasil hoje está na Amazônia Legal, que registrou 641 conflitos por terra em 2021 (49,49% do total), 124 por água e 54 ocorrências de trabalho escravo. Os povos indígenas são um dos coletivos mais atingidos. Nesse sentido, Jaque Kuña Aranduhá, liderança indígena do povo Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul (MS), destacou a importância do Cadernos, que considera uma ferramenta importante para a luta dos povos indígenas do Brasil. Um dos povos indígenas mais atingidos em seu território em 2021 foi o Povo Yanomami, cujo território está sendo duramente afetado pelo garimpo ilegal. Segundo o Relatório, em 2021 foram registradas 109 mortes na Terra Indígena Yanomami em decorrência de conflitos com os garimpeiros ilegais, o que significa um aumento de 1.110%. Do total, 101 mortes foram registradas no estado de Roraima. Segundo o presidente da CPT, nascida em 1975, “nascemos e existimos para cuidar da vida”, colocando o Caderno de Conflitos como um exemplo desse cuidado com a vida, inspirado em Jesus Bom Pastor e que busca o bem comum, “tantas vezes ameaçado pelo capitalismo selvagem, pelas mineradoras, pelo agronegócio, pelas madeireiras e pelo garimpo ilegal”. O bispo da Prelazia de Itacoatiara enfatizou que a CPT procura “estar perto das famílias ameaçadas e que sofreram algum tipo de violência, injustiça e crime”. A CPT está perto “para ser solidário, encorajar, proteger, mas também ajudar a divulgar o que acontece e que não encontra espaços sempre nos meios de comunicação”, insistiu Dom José Ionilton, que também se referiu à importância da incidência política diante dos projetos de lei que ameaçam e prejudicam os pequenos e traz benefício para quem já tem o capital. Uma situação que piorou nos últimos anos segundo o bispo, que lembrou as vítimas da luta pela terra no Brasil. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações da CNBB Nacional

Ir. Rose Bertoldo: “Frente a tantos sinais de morte, precisamos ser mulheres portadoras de esperanças”

“As mulheres continuam sendo as primeiras testemunhas da Ressurreição”. Com essas palavras começa sua reflexão a Ir. Rose Bertoldo, comentando o Evangelho do Domingo da Páscoa. O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil inicia uma nova experiência: “Com Voz de Mulher”. Mulheres do nosso Regional irão comentar o Evangelho dominical, iluminando desde o universo feminino a vida das nossas comunidades. A exemplo de Maria Madalena, que “no primeiro dia da semana, foi ao tumulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do tumulo”. Segundo a secretaria executiva do Regional Norte1 da CNBB, se referindo às mulheres que sempre tinham acompanhado Jesus, “elas acordaram cedo naquele primeiro dia da semana, o dia se fez claridade. Andavam apressadas. Levavam a boa notícia da Ressurreição. Superaram o medo e saíram correndo anunciando aos discípulos que Jesus tinha ressuscitado”. “O processo vivenciado pelas mulheres gera boa-nova, uma boa notícia que nasce do cotidiano da vida das mulheres, das coisas simples, do cuidado da vida”, segundo a Ir. Rose Bertoldo. “Elas se fazem missionarias da primeira hora porque nunca desistiram, porque nunca aceitaram a morte como resposta definitiva, porque em comunidade sempre cultivaram e cultivam a esperança”, afirma a religiosa do Imaculado Coração de Maria. “As mulheres fizeram uma experiência muito profunda da Ressurreição de Jesus em suas vidas, e conseguiram transmitir por sua fé e amor a Jesus”, destaca a Ir. Rose. Segundo ela, “essa experiência transmitiram aos discípulos e foi sendo transmitida de geração a geração, e continuam sendo as mulheres as primeiras testemunhas da Ressureição, pois são presença viva nas comunidades”. A religiosa afirma que “as mulheres exerceram um protagonismo intenso em toda a vida de Jesus, muitas Marias com o seu amor, com seu empoderamento, sua fé, coragem, determinação, ousadia, suas lutas por mais dignidade para outras mulheres, permaneceram fieis até a morte de Cruz. Acolheram, apoiaram, fortaleceram Jesus na hora da dor, seguiram seus passos, foram discípulas, testemunhas da Ressurreição e apoiadoras do Cristo Ressuscitado!”. Ela enfatiza que “para as mulheres a morte não tem a última palavra, mas a vida nova, plena, da igualdade, da festa, da partilha, do amor”. Olhando para a realidade atual, a religiosa coloca que “frente a tantos sinais de morte, num mundo ferido pela guerra, pelas tantas violências que destrói a humanidade, destrói a nossa casa comum, mais do que nunca precisamos ser mulheres portadoras de esperanças, sair correndo na certeza de que é urgente cuidar da vida”. A secretária executiva do Regional Norte1 diz que “continuamos anunciando o Cristo Ressuscitado, dando testemunho de alegria, da esperança, para que a ciranda da vida, iniciada por mulheres possa continuar com a nossa presença transformadora que gera vida; pois a fé no Ressuscitado nos impulsiona a ir ao encontro dos crucificados no hoje da história, nos coloca a seu lado, para partilhar com eles a certeza de que Deus está vivo no meio de nós, ressuscitando, libertando da morte e gestando uma nova criação”. Finalmente, reafirma que “nessa experiência fundante da primeira comunidade, se baseia a força missionária da Igreja que através dos séculos continua proclamando: ‘O Senhor Ressuscitou, verdadeiramente, aleluia!’”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Edson Damian: “No encontro com Cristo Crucificado, Ressuscitado, encontraremos a força para manter viva a nossa esperança”

Na festa da Ressurreição, Dom Edson Tasquetto Damian, afirmou em mensagem de vídeo que “celebrar a Páscoa em tempos de guerra é acreditar no amor que vence o ódio, na luz que vence as trevas, na verdade que vence a mentira, na justiça que vence a exploração, na liberdade que vence a dominação, na vida que vence a morte”. O presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), anuncia com alegria que “Cristo Ressuscitou, ressuscitemos com Ele!”. O bispo de São Gabriel da Cachoeira insiste em que “no encontro com Cristo Crucificado, Ressuscitado, encontraremos a força para manter viva a nossa esperança, para reconstruir a Pátria, onde haja terra, trabalho, teto e pão para todos”. Dom Edson faz um forte a apelo, dizendo: “vamos dar as mãos para reconstruir um Brasil justo, solidário, fraterno e feliz, onde sejam respeitados os direitos de todos, a começar pelos pobres, excluídos e descartados”. Finalmente, após afirmar mais uma vez que “Cristo Ressuscitou, ressuscitemos com Ele, para vencer as pandemias e acabar com as guerras”, deseja uma “Feliz e esperançadora Páscoa, com o povo santo e fiel de Deus, com todos os homens e mulheres de boa vontade”.

Dom Leonardo na Missa Crismal: “Todos somos Igreja, uma Igreja que faz o caminho juntos”

A Arquidiocese de Manaus celebrou na manhã da Quinta-feira Santa a Missa dos Santos Óleos, de novo, depois de dos anos sem possibilidade de fazê-lo, na Catedral Metropolitana. Refletindo sobre “o Espírito que unge para ungir!” começou sua homilia Dom Leonardo Steiner. O Arcebispo de Manaus disse admirar o cuidado da Igreja em oferecer os óleos, que são “lenitivo, conforto e esperança; presença de misericórdia, de santidade”. Uma liturgia, a dos óleos, que “expressa o ser Igreja, uma Igreja sinodal”. Uma Igreja que se reuniu “na diversidade de serviços, pastorais, que visibilizam a maternidade da Igreja e o amor de Deus para com todas as criaturas”. O arcebispo destacou “os óleos a nos indicar e possibilitar o ser Povo de Deus a caminho”. Se dirigindo aos presbíteros, Dom Leonardo afirmou que na celebração do Santo Crisma, “renovamos o desejo de unção do Espírito na Igreja, o Povo de Deus, a quem servimos com alegria”. Chamando a lembrar o dia da ordenação, o Arcebispo de Manaus destacou o fato de “renovarmos a ação do Espírito que nos faz ungidores do Povo de Deus”, insistindo em renovar a disponibilidade e prontidão. Uma unção para “derramar o óleo da alegria e da esperança aos necessitados com a força da presença, da caridade, da palavra, do acolhimento, do perdão”, d estacando a importância de “aliviar, confortar, amaciar os embates da vida com a unção”. Uma esperança que unge, segundo Dom Leonardo, e o faz mesmo nos sentindo “deprimidos, oprimidos e até desiludidos, adiante de tanta violência, dor sofrimento, ataques à vida em fraternidade, à democracia, diante da crueldade da ideologia que mata, da guerra”. O Arcebispo de Manaus chamou a refletir sobre uma sociedade onde “o outro tornou-se um inimigo”, denunciando tanta morte que o levou a afirmar que “tem-se a impressão de que perdemos nossa humanidade, aquele sentir como pessoa a pessoa do outro”. Diante disso, ele chamou a descobrir que o Espírito “nos faz presença de esperança e consolo”. Na celebração em que os presbíteros renovam suas promessas, em nome dos bispos e das comunidades, Dom Leonardo agradeceu aos padres a sua vida e ministério, “a disponibilidade, a fidelidade, a prontidão, a presbiteralidade de cada um”. Junto com isso, ele agradeceu aos presbíteros “pelo cuidado e acolhimento junto com as comunidades, famílias e pessoas”, também pela “vida de oração, de estudo, as horas que estão diante de Jesus”. Outros elementos colocados como agradecimento foi de viverem simples, “codividir as dores, as alegrias, uma presença de esperança e santidade”. Ele foi agradecendo aquilo que como Arcebispo considera importante, agradecendo especialmente os padres que aceitaram “servir as nossas comunidades do interior e as nossas comunidades das periferias, elas desejosas de Deus”. Dom Leonardo insistiu em que “todos somos Igreja, uma Igreja que faz o caminho juntos”. Isso numa Igreja generosa, expansiva, livre e libertadora, católica. Uma Igreja que deseja servir, ungir a todos”. Diante disso, o Arcebispo ressaltou que “somos Igreja, presença do Reino! Uma presença de profecia, alegre, de fraternidade. Finalmente, Dom Leonardo chamou os presbíteros a “ser ungidores da benevolência, da mansidão, da esperança, da misericórdia”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1