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1º Ajuri de Ecologia Indígena: novos compromissos para o cuidado da Casa Comum no Alto Solimões

Uma Igreja com rosto amazônico é construída em sinodalidade, caminhando junto com os povos indígenas. Belém do Solimões, na Diocese de Alto Solimões tem se tornado uma referência de Igreja inculturada, que acompanha as comunidades do povo Ticuna, o mais numeroso da Amazônia, espalhado na Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Perú, mas também outros povos indígenas da região. Nessa caminhada, aconteceu de 27 a 30 de março de 2022 o 1º Ajurí de Ecologia Indígena, organizado pela Associação de Desenvolvimento Artístico e Cultural da Aldeia Indígena de Belém do Solimões (ADACAIBS) e a Associação de Mulheres Indígenas MAPANA, com a participação de mais de 300 indígenas, de mais de 30 comunidades das Terras Indígenas Eware I e Eware II, entre caciques e lideranças, com grande participação de jovens e mulheres, dos povos Ticuna, Kokama e Kambeba. O objetivo era “buscar juntos soluções possíveis, abraçar novos compromissos e projetos para os problemas urgentes, crescentes e comuns das comunidades participantes”, tendo como lema: Ngi’ã tadaugü torü ĩpata ya guanearü! (Vamos cuidar de nossa Casa Comum!). Nos encontros, onde a língua indígena é a forma de se comunicar, também se fazem presentes outras expressões culturais da região, que mostram a mística que acompanha a vida dos povos originários, o que facilita a compreensão aos indígenas de diversas etnias e línguas presentes nos encontros. Nesta ocasião foi apresentado em forma de teatro diferentes realidades que atingem aos povos: diminuição e falta de peixes, diminuição e falta de madeira, aumento do lixo, falta de saneamento básico, alcoolismo, drogas, violência… O fato de se reunir as comunidades indígenas, de caminhar juntos, em prol do cuidado da Casa Comum, se torna um elemento importante, também para a vida da região e de uma Amazônia constantemente ameaçada. O encontro foi momento para socializar experiências que ajudam entender que é possível mudar a realidade, também nas comunidades indígenas. Nesse sentido, os participantes do encontro conheceram o Projeto Guardiões ecológicos, da REPAM-Brasil; o Projeto Agrovida  (REJICARS); o Projeto Vida, das irmãs Cordimarianas, financiado por MISEREOR/FUCAI; a Eco Cooperativa Manaus; projetos de Avicultura/Agricultura da MAPANA (IDAM). Mas também escutaram os gritos que vem das comunidades, o que levou a buscar possibilidades de somar entre as diferentes instituições que trabalham na região, dentre elas a Paróquia São Francisco de Assis de Belém do Solimões, os Frades Menores Capuchinhos de Belém do Solimões, a Diocese de Alto Solimões, a Caritas, o CIMI, a REPAM-Brasil, e as comunidades indígenas. A voz das mulheres e jovens indígenas tem iluminado os participantes do encontro para “compreender aonde precisamos avançar para amadurecer como povos indígenas das terras Eware I e Eware II, com protagonismo e reponsabilidade para com a nossa Mãe Terra e as futuras gerações”. Tudo o que foi vivenciado no encontro foi recolhido no Documento Final, onde são relatadas as ações que devem ser realizadas a curto, médio e longo prazo, nascidas “de uma atenta escuta e de uma maior conscientização de todos”, e apoiadas por unanimidade. A curto prazo serão realizadas oficinas sobre cada uma das temáticas, no mês de junho, para professores e estudantes indígenas; a preparação do 9º Festival de Cultura Indígena do Eware, a ser realizado de 4 a 9 de julho de 2022, com a temática da Ecologia; prosseguimento do 1º AJURI de Ecologia Indígena, envolvendo também as comunidades que não se fizeram presentes. A médio e longo prazo, os participantes decidiram elaborar o projeto de um centro cultural de formação; realizar, durante o 9º Festival de Cultura Indígena, o próximo Encontro Geral das comunidades do Eware I e II, com a presença dos caciques, para dar vida oficial ao Centro Cultural e planejar os próximos passos; projeto para um centro de triagem de materiais recicláveis para comercialização; projeto para abertura de uma delegacia indígena em Belém de Solimões. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1  Com informações dos Frades Menores Capuchinhos de Belém do Solimões

Grita pela Vida na esperança de um mundo melhor

Deus ouviu o clamor de seu povo no Egito e enviou um libertador. Acreditamos em um Deus que não é alheio ao sofrimento do povo, que não olha para o outro lado diante das injustiças, que acolhe, abraça e cuida das vítimas, mas que faz isso através da gente. 15 anos atrás nasceu a Rede um Grito pela Vida, uma iniciativa da Vida Religiosa no Brasil para acompanhar as vítimas de um crime ignorado secularmente: o tráfico de pessoas e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Tem sido uma caminhada nem sempre fácil, que desde 2011 também está presente na Amazônia, rota de tráfico de pessoas e local de exploração sexual de crianças e adolescentes, muitas vezes disfarçada, provocando situações gritantes que tem como consequência o sofrimento de muitas vítimas inocentes. “No Grito da Vida nasce a Esperança”, foi o lema escolhido pela Rede um Grito pela Vida para comemorar seus 15 anos de caminhada. São palavras que devem nos levar a tomarmos consciência da necessidade de não ficarmos calados diante de situações que geram morte, que acabam com os sonhos de tanta gente. Um grito que tem que ser coletivo e que deve ser assumido como consequência da nossa condição de cidadãos e cidadãs, mas também da nossa fé, do nosso compromisso com um Deus libertador, solidário, compassivo, misericordioso. A fé nos ajuda a ir além, a superar os medos que muitas vezes nos acomodam e nos impedem assumir as causas do povo que sofre. A fé no Deus de Jesus Cristo nos leva a sair de nós e nos colocarmos no lugar do outro, dos invisibilizados, dos descartados por uma sociedade construída em base da exploração dos pequenos. O Evangelho nos leva a gritar, a anunciar a Boa Nova, que se traduz em gestos e atitudes concretas em favor da vida plena para todos e todas, também para aqueles que sempre foram colocados na margem da história. O que é que está apagando nossa voz? O que está nos impedindo de nos comprometermos na defesa da vida? Por que aos poucos a gente vai perdendo a esperança de lutar por um mundo melhor para todos e todas? O que faz com que a gente se encerre dentro de si e esqueça que bem próximo de nós tem pessoas que são vítimas da exploração sexual e do tráfico humano? As comemorações tem que ser momentos para nos impulsionar e nos fortalecer, para colher forças que nos ajudem a continuar na luta. A vida continua nos chamando e nos desafiando a ir além, a olhar as vítimas e dizer para elas que estamos dispostos a ficar do seu lado, a acompanhar seu sofrimento e continuar apostando na vida. Esse é um chamado para a gente, para mim, para você, para todos e todas nós. Não olhe para o outro lado, não pense que não tem nada a ver com a gente. Tem sim, se convença disso, assuma seu compromisso e se torne um libertador, uma libertadora, que tire do sofrimento as pessoas que hoje continuam sendo escravizadas por uma sociedade cruel, sem sentimentos, que olha para as pessoas como objetos e não como portadoras de vida plena. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Ir. Valmí Bohn: “Lutar por justiça e por políticas em prevenção do tráfico humano, são desafios constantes”

No dia 30 de março de 2007 nascia, como uma iniciativa da Conferência dos Religiosos do Brasil, a Rede um Grito pela Vida. Após 15 anos de caminhada é momento de “louvor e agradecimento por toda a caminhada feita”, segundo a Irmã Valmí Bohn, SDP, atual coordenadora da Rede. Tem sido um tempo de colocar-se a caminho, buscando “ajudar a resgatar as vidas que estão sendo ameaçadas”, especialmente “as mulheres, crianças, adolescentes e pessoas que são traficadas e exploradas”, afirma a religiosa da Divina Providência. Segundo ela, com a maior visibilidade da rede, conquistada aos poucos, “vai se tornando cada vez mais visível a necessidade do ser humano assumir o seu papel de cuidar da vida de outro ser humano”. A religiosa destaca a figura do Papa Francisco como aquele que “conseguiu trazer para a sociedade mundial esse desafio, esse problema da exploração, do abuso, do tráfico humano, de pessoa vendendo pessoa”. Junto com isso, insiste na “missão de sensibilizar, de capacitar, de informar, de denunciar, de ir tecendo redes e parcerias nessa luta por justiça e por políticas em prevenção do tráfico humano”. Para isso convida a “se abrir para ouvir e acolher os gritos das crianças, jovens, mulheres aliciadas para o tráfico humano e exploração sexual e laboral”. A Rede um Grito pela Vida está completando 15 anos, como a gente poderia definir esse caminho assumido principalmente pela Vida Religiosa do Brasil? A gente pode resumir de uma forma de louvor e agradecimento por toda a caminhada feita. Em nosso trabalho sempre partimos de uma mística que é inspirada no projeto de Jesus, que convida para abrir as portas, para sair, para atravessar as ruas, para atravessar o rio, para atravessar as nossas fronteiras pessoais e ir ao encontro dos outros. Essa saída, leva a colocar-se a caminho, nos leva a querermos sempre de novo ajudar a resgatar as vidas que estão sendo ameaçadas. Também temos muito presente os carismas congregacionais, os carismas que cada pessoa traz dentro de si, nessa defesa de uma posição de indignação, de compaixão, de profecia, na defesa dos direitos humanos, a gente vai tentando resgatar a vida que está aí. Nesses 15 anos, a gente fez o papel de se colocar nesse caminho junto com as mulheres, crianças, adolescentes e pessoas que são traficadas e exploradas. É um tempo de muita graça, de muito louvor por toda a caminhada que foi feita durante esses 15 anos nos diferentes estados dos nosso país. A gente está no momento em 22 estados, com 28 núcleos. É um espaço pequeno em alguns lugares, mas que nos faz voltar à proteção, ao resgate das vidas ameaçadas. Poderíamos dizer que a Rede um Grito pela Vida é uma expressão de uma Igreja samaritana, assumida pela Vida Religiosa. O que isso tem representado na caminhada da Vida Religiosa no Brasil? Podemos dizer que é um espaço que a Vida Religiosa assumiu como Conferência dos Religiosos do Brasil, e a partir daí esse processo de realmente abraçar a causa na defesa da vida das mulheres e crianças. Claro que nem toda a Vida Religiosa abraça isso, porque tem também outras causas desafiantes para abraçar e assumir. Porém, é sempre um desafio para a Vida Religiosa, assumir esse processo de se lançar e se colocar a caminho, de promover gestos concretos na defesa da vida, em todos os sentidos e em todas as circunstâncias, porque o tráfico humano tira toda a dignidade do ser humano, e um dos grandes papéis da Vida Religiosa é ajudar a resgatar essa dignidade para que a pessoa possa se reestruturar e possa reiniciar uma vida mais digna dentro de uma sociedade cruel, que explora muito hoje o ser humano em todas as dimensões. Em que mudou a sociedade brasileira e a realidade do tráfico humano nesses 15 anos? Com a visibilidade que a Rede vai conquistando em cada espaço, em cada instância social nos diferentes estados, nessa conquista de espaço vai se tornando cada vez mais visível a necessidade do ser humano assumir o seu papel de cuidar da vida de outro ser humano, de não ficar somente ao redor de si, mas também de ter um olhar além. As redes sociais hoje dificultam isso também, porque a rede social, se a pessoa não cuida, ela se volta a si mesma e esquece quem está ao seu redor. A visibilidade da Rede que a gente consegue, a nível de Brasil e da América Latina, vai ajudando também as pessoas a tomarem consciência da necessidade dessa abertura, de poder olhar para o outro como um ser humano, como alguém que precisa de ajuda, como alguém que precisa de uma relação próxima para poder também ser um portador de vida para com as pessoas com que ela convive. O tráfico humano sempre foi uma realidade escondida. Até que ponto a Rede um Grito pela e outras iniciativas similares no Brasil e no mundo estão ajudando a tomar consciência sobre isso e se realmente na Igreja e na Vida Religiosa do Brasil são realizados esforços para que esse crime seja mais visível e combatido com mais força? Diante desses 15 anos de atividades, no começo era muito invisível o crime do tráfico humano. Hoje já, com 15 anos de atividades da Rede, nos diferentes estados, com as muitas e variadas atividades e ações concretas, tanto a nível de Vida Religiosa, como também na sociedade civil, que é um espaço que foi se conquistando aos poucos, a gente consegue marcar uma presença e tornar muito mais visível esse crime, que precisa ser olhado com muito carinho, que precisa ser olhado com muita misericórdia, com muita compaixão, para poder ajudar essas pessoas que são necessitadas e que sofrem violência das mais diferentes formas. Não só da violência do tráfico humano, mas também os outros tipos de violência que hoje rondam o tempo todo à pessoa humana. A nível de Brasil, a gente tenta, da melhor forma, mesmo sendo grupos pequenos, dar uma visibilidade maior, também pela participação e…
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Mercúrio: a ameaça que mata aos poucos a população da Amazônia

A contaminação por mercúrio dos rios da Amazônia tem se tornado manchete nas últimas semanas, mas na verdade estamos falando de uma problemática que vem de longe. Além disso, a contaminação das águas é só a ponta do iceberg dentre as consequências da mineração ilegal de ouro, que afeta às populações tradicionais de diferente maneira. “Os problemas começam com a devastação da floresta, afugentando a caça, com escassez de alimentos para as populações tradicionais, também de plantas que são utilizadas como medicamentos, provoca um desequilíbrio do ecossistema local, altera a população de mosquitos com aumento da malária, inclusive em suas variantes mais letais, e outras doenças transmitidas por mosquitos”, afirma Paulo Cesar Basta. A chegada de trabalhadores estranhos ao local do garimpo provoca o desequilíbrio da organização social, segundo o pesquisador da Fiocruz. “O garimpo coopta as comunidades pagando para se manter presente no território, e coopta homens jovens que deixam suas famílias e vão em busca de dinheiro fácil”, provocando desassistência das famílias. Estamos diante de uma realidade sem regulamentação ambiental, nem regulamentação trabalhista, onde acaba se criando regímenes de trabalho análogos à escravidão. Junto com isso tudo o que está em volta: alimentos enlatados de baixa qualidade, álcool, droga, redes de prostituição, violência sexual contra mulheres, contra crianças, espalhamento de doenças sexualmente transmissíveis, uma rede de problemas associados ao garimpo, insiste o epidemiologista. O mercúrio é utilizado desde a antiguidade, uma técnica simples e relativamente barata. Mesmo no garimpo mecanizado, o mercúrio continua sendo usado. Quanto mais rudimentar mais desperdício de mercúrio, sendo usado entre dois e oito quilos de mercúrio por cada quilo de ouro, que posteriormente é queimado até virar vapor, provocando uma pneumonites química e outras graves lesões em diferentes partes do corpo. O mercúrio excedente é jogado no leito do rio sem nenhum cuidado. “Sendo mais pesado do que a água sedimenta no leito do rio onde passa por um processo de transformação mediado por microrganismos e se transforma em metil mercúrio ou mercúrio orgânico, que entra na cadeia alimentar, sendo contaminados todos os animais do rio e todos os que se alimentam de produtos do rio, também o ser humano”, segundo Paulo Basta. Isso faz com que a ingesta de peixe, principal fonte de proteína alimentar na Amazônia, faça com que a pessoa possa se contaminar, ficando no corpo por muito tempo, pudendo provocar lesões graves. Recentemente a mídia informou que 75 por cento da população de Santarém está contaminada por mercúrio, algo que Paulo Basta, que participou da pesquisa considera exagerado. Na verdade, foi um estudo onde foram avaliadas 472 pessoas, das que 75 por cento presentaram elevados índices de contaminação. Isso mostra que o problema da contaminação da população da Amazônia pelo mercúrio, ele não se restringe a povos indígenas e povos tradicionais, mas atinge a todos aqueles que consomem pescado, que vem de áreas atingidas pelo garimpo. No meio ambiente, o mercúrio fica até cem anos, segundo pesquisador, provocando doenças em adultos e crianças, ainda mais graves. No caso dos adultos pode provocar alucinação, convulsões, perder a sensibilidade das mãos, dos pés, ter dificuldades para caminhar, passar a depender de cadeira de rodas, perder a visão, a audição. Além desses sintomas graves, existem outros que podem se confundir com qualquer uma outra doença, como dor de cabeça crónica, zumbido no ouvido, dificuldade para enxergar, sentir gosto metálico permanente na boca, ansiedade, dificuldades para dormir. Com as crianças as doenças podem começar no feto, com casos em que a criança morre durante a gestação, ter paralisia cerebral, malformação congénita. Também manifestações subclínicas, que não são de fácil detecção, e podem comprometer a criança para o resto da vida. Quando a criança é submetida a altos índices de mercúrio durante a gestação, pode ter dificuldade em seu desenvolvimento, demorando para se sentar, engatinhar, dar os primeiros passos, falar, não brinca da mesma maneira, tem dificuldade de aprendizado na escola. Isso vai arrastar para toda sua vida, dadas as limitações cognitivas, que são atribuídas ao mercúrio. Tudo isso leva a perpetuar o ciclo de pobreza, de miséria, de desigualdade, insiste Paulo Basta.  Desde a realidade local, Valdeci Oliveira, do Conselho Pastoral de Pescadores da Arquidiocese de Santarém, afirma que os impactos são evidentes, sobretudo no município de Aveiro, no Rio Tapajós, próximo da região de garimpo, com mudança na coloração da água e impactos na saúde dos moradores. Ela participou da pesquisa realizada em Santarém, afirmando que nas comunidades indígenas e ribeirinhas a contaminação por mercúrio pode chegar a atingir 90 por cento da população. Diante disso, ela mostra preocupação por como as pessoas vão sobreviver em relação a essa realidade. Isso vai atingindo a saúde das pessoas, inclusive psicologicamente. Diante disso, a Pastoral dos Pescadores está acompanhando o povo, especialmente os mais idosos, que tem o peixe como um alimento saudável e recomendável, como fonte de proteína, e agora veem essa realidade mudada. Também estão sendo promovidos encontros com o Ministério Público tentando buscar alternativas, “mas só falar e não ter uma resposta dos governantes, o que é de direito, é algo que não muda a realidade”, insiste Valdeci Oliveira. Ela relata que é comum ver dragas passando em frente de Santarém rumo a Itaituba e nada é feito, mesmo com o sofrimento que está sendo provocado. Cuidar do povo, daqueles que cuidam do povo, é importante neste momento, trabalhar com as lideranças para que possam ser multiplicadores nas bases, afirma a membro do Conselho Pastoral de Pescadores. Ela vê necessário “tentar um debate maior, num seminário, para tratar dessas mazelas que estão acontecendo e tentar cobrar do poder público e dos órgãos ambientais o cumprimento da lei”. Por isso, “não pode se esperar uma grande tragedia em forma de uma doença coletiva, algo que por outra parte já está acontecendo”. Junto com isso destaca a presença no Conselho Municipal de Saúde, buscando implementar nas Unidades Básicas de Saúde esse cuidado maior e esse acompanhamento a toda a população. Também buscar como trabalhar com as pessoas que estão contaminadas, como é…
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15 anos da Rede um Grito pela Vida: “Tecida por muitas mãos, por muitas vidas, por muitos rostos”

A celebração dos 15 anos da Rede um Grito pela Vida, que acontece no dia 30 de março de 2022, é momento para “poder fazer memória de um caminho percorrido”, segundo a Ir. Rose Bertoldo, que coordena o Núcleo de Manaus da Rede um Grito pela Vida junto com Diana Fernandes. A Rede um Grito pela Vida, nascida em 30 de março de 2007, iniciou sua caminhada no Regional Norte 1 em 2011, momento em que foi criado o Núcleo de Manaus. Posteriormente foram criados os núcleos de Itacoatiara, Roraima, Tefé e Anori. A Rede um Grito pela Vida também contribuiu na criação da Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que trabalha no Brasil, na Colômbia e no Peru. No Regional Norte 1 da CNBB, uma das causas permanentes é: “migrantes e vítimas do abuso e exploração sexual e do tráfico de pessoas”, reafirmando a importância do trabalho da Rede um Grito pela Vida. Para a secretária executiva do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos de Brasil, se trata de “uma rede que ao longo desses 15 anos foi tecida por muitas mãos, por muitas vidas, por muitos rostos“. No momento em que a Rede um Grito pela Vida completa 15 anos, a Ir. Rose Bertoldo afirma que “queremos agradecer por cada pessoa, homem e mulher, que fez parte da Rede um Grito pela Vida, que faz parte, e tem contribuído nesse processo de prevenção às violências, do abuso, da exploração sexual e do tráfico de pessoas”. A Ir. Rose Bertoldo disse que “guardamos em nossos corpos o rosto de muitas crianças, meninas, mulheres e homens, as quais fizeram parte desse processo de formação”. A religiosa do Imaculado Coração de Maria, destacou que “com o coração agradecido celebramos esta festa da Rede um Grito pela Vida”. “Nesses 15 anos não podemos esquecer de promover o sentimento maior, que é de gratidão”, segundo Diana Fernandes. Ela destaca “como somos gratas”, afirmando que “sabemos que passamos por muitas escutas difíceis, por cada rosto de criança e de adolescente ao relatar um abuso, uma exploração sexual, como também de mulheres de tráfico de pessoas”. As coordenadoras do Núcleo da Rede um Grito pela Vida de Manaus, lembraram o lema da celebração dos 15 anos: “15 anos, no Grito da Vida nasce a Esperança”. O Núcleo Manaus faz memória dos 15 anos com uma celebração na sede da Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil, às 14 horas do dia 30 de março, que será transmitida pelo Facebook do Regional Norte 1 da CNBB. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Eleita Nova Presidência da CEAMA, Dom Leonardo primeiro vice-presidente

A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) reuniu-se em Assembleia Ordinária de modo presencial (em São Paulo), e virtual, nos dias 26 e 27 de março de 2022. Segundo informam as Equipes de Comunicação da CEAMA e daRede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), os participantes refletiram sobre os progressos realizados nos últimos anos e os desafios enfrentados para avançar na implementação do Sínodo para a Amazônia através dos Núcleos Temáticos. A Assembleia foi oportunidade para estudar o plano para a reforma dos Estatutos que contribuirá para o fortalecimento e consolidação da CEAMA, tendo como fundamento a sinodalidade e tudo o que tem sido vivenciado na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. O propósito é prestar um serviço às jurisdições eclesiásticas da Pan-Amazônia. Após a renúncia da Presidência, eleita na primeira Assembleia Ordinária da Conferência Eclesial em 29 de junho de 2020, formada pelo Cardeal Cláudio Hummes, Dom David Martínez de Aguirre Guinea, bispo do Vicariato de Puerto Maldonado (Peru) e Dom Eugênio Coter, bispo do Vicariato de Pando (Bolívia), foi eleita a nova presidência. O novo presidente da CEAMA é o cardeal Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo (Peru), atual presidente da REPAM. O primeiro vice-presidente será Dom Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus, sendo eleito segundo vice-presidente Maurício López, coordenador do Centro de Redes e Ação Pastoral do Celam. Dom Eugenio Coter foi ratificado como representante dos bispos amazônicos na presidência da CEAMA. O novo presidente agradeceu ao cardeal Hummes pelo trabalho desenvolvido desde 2014 na presidência da REPAM e da CEAMA, pedindo aos participantes da Assembleia para com a força do Espírito Santo continuar a caminhada, “com uma estratégia de encarnação no território amazônico na complementaridade entre a CEAMA e a REPAM nesta tarefa”. O cardeal Pedro Barreto insistiu na necessidade de que “os povos originários e as comunidades tradicionais da Amazônia se sintam refletidos como parte desta Igreja e na defesa da vida na Amazônia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1, com informações de CEAMA e REPAM

Encontro da PJ Regional Norte1 revê processos e a caminhada da Pastoral

A Coordenação Regional da Pastoral da Juventude (PJ) se reuniu em Manaus de 25 a 27 de março de 2022. Segundo Raely Cardoso, que atualmente assume a Secretaria Regional da Pastoral da Juventude, o encontro da Coordenação Regional acontece duas vezes ao ano, e dele participam os coordenadores e coordenadoras de cada diocese e prelazia do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), onde a Pastoral da Juventude está articulada. É um momento de espiritualidade, rever processos e ver como está a caminhada da Pastoral da Juventude em cada uma das Igrejas particulares que fazem parte do Regional Norte1. De fato, afirma Raely Cardoso, o coordenador ou coordenadora de cada diocese e prelazia é um elo entre a Coordenação Regional e a Igreja local. O encontro que aconteceu em Manaus “serve para que a gente possa repensar o projeto, conhecer a realidade de cada uma das Igrejas e planejar nossas ações”, afirmou Raely Cardoso. O encontro também está sendo momento para renovar a Equipe de Coordenação Regional, que segundo a jovem “é momento de renovação na Igreja, renovação na nossa espiritualidade e principalmente no nosso processo”. Os jovens têm mostrado sua felicidade por poder retomar os encontros presenciais, algo que foi dificultado nos últimos dois anos em consequência da pandemia da Covid-19. Também destacam que estão tendo um feedback positivo das realidades, dado que os grupos de base nas dioceses e prelazias estão voltando a se rearticular, um sinal de que “a Pastoral da Juventude continua firme e forte na caminhada”, enfatizou Raely Cardoso.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Seminário de Formação sobre Tráfico Humano: um crime invisibilizado que “crucifica milhões de pessoas em todo o Planeta”

Mais de 90 lideranças de todas as regiões do Brasil estão reunidas nos dias 24 e 25 de março para participar do Seminário Nacional (online) de Formação para o Enfrentamento ao Tráfico Humano. O evento conta com a organização da Comissão Episcopal Pastoral Especial de Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O Seminário foi aberto com uma Audiência Pública, onde em uma mesa de diálogo, que teve como tema “O papel da Igreja, da Sociedade, do Estado no Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas”, representantes da Comissão dos Direitos Humanos do legislativo, Ministério Público do Trabalho e organizações da Sociedade Civil tem debatido, em um olhar amplo, aprofundando as realidades que promovem o tráfico de pessoas, os mecanismos de acompanhamento e a construção concreta de articulação e formação nas bases. Estamos diante de um tema difícil, pois ele é “invisibilizado pela sociedade”, segundo Dom Evaristo Spengler. O Presidente da Comissão Episcopal Pastoral Especial de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB lembrava a Campanha da Fraternidade de 2014, que abordou essa temática, que levou as paróquias, as comunidades a se perguntar se o tráfico de pessoas ainda é um problema. Cabe lembrar, segundo o bispo da Prelazia de Marajó, que a escravidão foi legal no Brasil até pouco mais de 100 anos atrás, e que “essa mentalidade ainda persiste em muitas pessoas ainda, e talvez na sociedade como um todo”. O bispo falava de uma realidade que trata as pessoas como mercadoria e de como o tráfico de pessoas se reinventou com a pandemia, usando muito as redes sociais, buscando aumentar o lucro para pessoas gananciosas e sem escrúpulos. Nessa conjuntura em que o lucro domina, a pessoa vira um objeto, algo que se faz realidade de uma forma muito sutil. Dom Evaristo lembrou as palavras do Papa Francisco, em que diz que “o mundo não terá paz enquanto não houver uma cultura do cuidado”. Frente a isso, ele falou da cultura da guerra, que começa pela competição, a concorrência, o fato de querer mais, educando para o vale tudo, o que demanda uma nova mentalidade de solidariedade, de cooperação, da cultura da paz que nos fala o Papa Francisco. O presidente da Comissão chamou a todos a contribuir, também a Igreja, segundo nos lembram os documentos do Concílio Vaticano II, algo que tem sido assumido pela Comissão Episcopal Pastoral Especial de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB. A mesma atitude deve estar presente na sociedade e no Estado, em um trabalho em rede que leve a fazer realidade uma vida digna para todos.   Os desafios para o combate ao tráfico humano no Brasil foram abordados por Natália Suzuki da Organização Repórter Brasil. A jornalista partiu da ideia de que estamos diante de uma questão que impacta a sociedade como um todo. Essa é uma realidade que “deve nos incomodar profundamente, deve nos provocar todos os dias a nos indignar e a lutarmos contra”. De fato, estamos diante de uma temática nova na Agenda Pública, que até poucos anos atrás era só abordado por grupos específicos. Aos poucos tem entrado dentro das políticas públicas, algo que ainda não é algo simples, segundo Suzuki. Estamos diante de um crime que vem camuflado com outras coisas, dificultando os diagnósticos. Isso deve nos levar a entender que “o tráfico de pessoas, quase sempre está relacionado com alguma outra prática criminosa”, como algo que ajuda a entender onde está o problema, afirmou a jornalista. A isso se junta a escassez de recursos do Poder Público, o que demanda o envolvimento da sociedade civil e da Igreja, para ajudar a mudar o contexto, para mudar a vulnerabilidade dos indivíduos e reduzir a desigualdade. Para isso se torna de grande importância a incidência em nível local, trabalhar em rede, superar o que já sabemos e fazer diagnósticos novos que levem a uma política de combate ao tráfico de pessoas. Uma expressão do tráfico de pessoas é o trabalho escravo, uma temática que foi abordada pelo Procurador Italvar Filipe de Costa Medina do Ministério Público do Trabalho, que começou sua fala definindo o trabalho escravo como um crime, segundo recolhe a legislação brasileira. No Brasil existem trabalhadores que são “tratados como uma coisa, desprovidos da sua dignidade”, segundo o Procurador. Ele mostrou as diferentes modalidades de trabalho escravo: trabalho forçado, jornada exaustiva, mostrando exemplos de como isso se torna realidade no país, recordando também os passos dados nas últimas décadas no combate ao trabalho escravo, onde a Igreja católica teve um papel decisivo. A legislação brasileira recolhe os fatos que determinam o que constitui trabalho escravo, sendo reclamadas pelo Procurador políticas públicas que enxerguem essa realidade. Nesse sentido, relatou alguns dos passos que já foram dados e as atuações que estão sendo realizadas desde o Ministério Público e a Polícia Federal, insistindo na importância de que as pessoas sejam conscientes que essa realidade existe e que “as denúncias sejam levadas aos órgãos competentes para que o trabalho escravo seja combatido e definitivamente erradicado no país”. O papel do Governo Federal no Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas foi abordado pela deputada Erika Kokay, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O Brasil participa de uma história que “é permeada por um povo escravizado, são milhões de pessoas que foram arrancadas da sua própria existência e foram escravizadas aqui no Brasil”, segundo a deputada, que refletia sobre a coisificação e desumanização vivida por essas pessoas, algo que foi “carregado no corpo e na alma”. Em suas palavras refletiu sobre a condição de sujeito e a liberdade como algo que determina a humanidade da pessoa, o que rompe o tráfico de pessoas, que promove a visão da pessoa como mercadoria. No Brasil desaparecem 226 pessoas por dia, muitas delas submetidas ao tráfico de pessoas, segundo a deputada, que também refletiu sobre a discriminação como causa da exploração sexual de crianças e adolescentes. Ela chamou a fazer um grande movimento no conjunto da sociedade, a construir redes, buscando condições de cuidado para todos…
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Florestas, água, seu cuidado é decisivo, mas será que nós temos consciência disso?

Florestas, água, elementos fundamentais para a sobrevivência da vida no Planeta Terra, para a humanidade ter um plano de futuro. Seu cuidado resulta decisivo, mas será que nós temos consciência disso? Na última segunda-feira 21 de março, foi comemorado o Dia Internacional das Florestas, e no dia 22 de março o Dia Mundial da Água. Infelizmente, para muita gente, isso passou batido, estamos diante de algo que de fato pouco ou nada importa para uma grande parcela da população. Será que somos conscientes das consequências dessa falta de cuidado, ainda mais dessa falta de interesse? A destruição das florestas, especialmente da Floresta Amazônica, tem aumentado exponencialmente nos últimos anos. A mesma coisa podemos dizer da poluição das águas, um bem cada vez mais escasso para bilhões de pessoas. Poderíamos dizer que florestas e água são elementos intrinsecamente relacionados. Sem florestas, a água diminui e sem água as florestas morrem. As causas dessa situação muitas vezes têm a ver com a ganância de uns poucos que prejudica toda a população, mas também com a falta de um compromisso sério da sociedade em defesa daquilo que garante a vida em plenitude para todos e todas. Na Amazônia está sendo notícia nas últimas semanas algo que muita gente já sabia, a alta concentração de mercúrio nos rios, o que está atingindo a cada vez mais pessoas. Em algumas regiões 90 por cento da população ribeirinha e 70 por cento da população urbana tem altas concentrações de mercúrio no corpo, o que provoca doenças, em alguns casos muito graves. Isso é consequência do garimpo, uma atividade cada vez mais presente na região, muitas vezes com a conivência do poder público, que ameaça gravemente as águas e em menor medida as florestas, mas que sobretudo tem consequências muito sérias para a vida do povo e para a sobrevivência dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. Não podemos esquecer que eles têm sido os guardiões seculares das águas e florestas amazônicas. A preocupação com esse cuidado deve ser atitude presente em todas as pessoas, mas esse chamado ainda é mais forte para aqueles que acreditam no Deus Criador de uma Casa Comum que Ele mandou cuidar e preservar. Um cristão que não se preocupa com o cuidado das águas, das florestas e de tudo aquilo que é expressão do Deus Criador, deve se questionar em referência a sua fé, pois o primeiro elemento que define Deus é ser Criador. Mais uma vez estamos diante de uma oportunidade de nos questionarmos como humanidade, de fazer escolhas sobre os caminhos a serem trilhados. Diante do espólio que vemos em relação com as florestas e as águas, qual é nossa atitude como pessoas, como sociedade, como igrejas? Somos conscientes da importância do nosso compromisso urgente para com um maior e melhor cuidado? Nosso descaso terá consequências graves, o que nos faz responsáveis pelo futuro da humanidade. Somos desafiados a um compromisso sério que faça com que o rumo mude e a toma de consciência sobre o cuidado se torne prioridade para todos e todas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 -Editorial Rádio RioMar

Papa Francisco envia carta aos bispos pedindo unir-se ao Ato de Consagração do dia 25

É com um senso de proximidade e gratidão que o Papa Francisco se dirige aos bispos do mundo inteiro em uma carta divulgada em 23 de março de 2022. Em sua carta (Ver Aqui), o Santo Padre quer que os prelados se unam a este “gesto da Igreja universal, que neste momento dramático leva a Deus, através da Mãe d’Ele e nossa, o grito de dor de quantos sofrem e imploram o fim da violência, e confia o futuro da humanidade à Rainha da Paz”. Segundo o Papa Francisco afirma em suas palavras iniciais, “já passou quase um mês do início da guerra na Ucrânia, que está a causar sofrimentos cada dia mais terríveis àquela atormentada população, ameaçando mesmo a paz mundial”. Neste contexto, a carta afirma: “Nesta hora escura, a Igreja é fortemente chamada a interceder junto do Príncipe da Paz e a fazer-se próxima a quantos pagam na própria pele as consequências do conflito“. O Santo Padre sente-se agradecido “a todas as pessoas que estão a responder, com grande generosidade, aos meus apelos à oração, ao jejum e à caridade”. Referindo-se à Consagração das nações em conflito ao Imaculado Coração de Maria, que acontecerá no dia 25 de março, e na qual ele diz acolher “numerosos pedidos do Povo de Deus”, o Papa diz que deseja “realizar um Ato solene de Consagração da humanidade, particularmente da Rússia e da Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria“. O fato de que o Ato de Consagração, programado para por volta das 18h30, vai ser realizado no contexto de uma Celebração da Penitência, que acontecerá na Basílica de São Pedro às 17h00, horário de Roma, é porque “é bom predispor-se para invocar a paz renovados pelo perdão de Deus“. O Papa Francisco convida cada um dos bispos “a unir-se ao referido Ato, convocando os sacerdotes, os religiosos e os outros fiéis para a oração comunitária nos lugares sagrados, no dia de sexta-feira 25 de março, de modo que o santo Povo de Deus faça, de modo unânime e veemente, subir a súplica à sua Mãe“. Para isso, ele transmite o texto da oração de consagração, a ser recitado naquele dia, em união fraterna. Finalmente, o Papa agradece “pela disponibilidade e a colaboração”, abençoando cada um dos bispos e dos fiéis confiados a seu cuidado pastoral, implorando a proteção de Jesus e da Virgem Santa lhes guarde, e pedindo-lhes que rezem por ele.   ATO DE CONSAGRAÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA   Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz. Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor! Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história. Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio. Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.   Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;  Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.   O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas.…
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