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Pastorais e Movimentos Sociais realizam em Manaus ato em Defesa das Florestas

O Dia Mundial das Florestas tem sido oportunidade para refletir sobre uma realidade cada vez mais preocupante, para assumir o que aprecia nas faixas presentes no evento que concentrou um grupo de pessoas no entorno do Teatro Amazonas da Manaus: “O Amanhã da Amazônia é Agora”. A Ir. Agostinha, da Comissão Pastoral da Terra, destacou a importância do momento, afirmando que “nós estamos indignados, revoltados, com os descasos do governo, com tudo o que está acontecendo com a nossa floresta, com o nosso meio ambiente”, denunciando o desmatamento, o garimpo, as queimadas, insistindo em que a vida precisa ser respeitada, e chamando a assumir a responsabilidade de cuidar da Casa Comum. Nas diferentes falas foram denunciados os ataques do atual governo contra as florestas, uma mostra da falta de compromisso com os diversos povos. De fato, as florestas, a questão ambiental tem sido negligenciada há décadas no Brasil pelos diferentes governos. Os ataques contra os povos tradicionais são orquestrados por grupos de poder econômico, social e político, sendo alvos do ódio. Essas pessoas são vítimas do racismo ambiental, atacadas em consequência da invisibilização e da falta de mobilização. “Nós não podemos nos calar diante dessa realidade de morte”, afirmou a Ir. Rose Bertoldo, que destacou a importância de mobilizar a sociedade para essas lutas. Segundo a coordenadora da Rede um Grito pela Vida, “durante muito tempo, a gente se acomodou, e a gente hoje se depara com essa realidade tão grande de morte, de assassinato das lideranças que defendem as causas dos povos indígenas, dos territórios, dos quilombolas, das mulheres”, insistindo em que “a gente tem que dar um basta a isso”. Diante do ano eleitoral que o Brasil está vivendo, a religiosa chamou a “mobilizar a sociedade a partir dos nossos espaços, para que a gente possa ir criando uma consciência coletiva de mudança”, que ela vê como único caminho para fazer frente a um governo de morte, e evitar continuar enterrando lideranças, ativistas, que defendem os seus territórios, os seus povos. O Brasil está vivendo “um momento delicado, extremamente desafiante”, segundo o padre Alcimar Araujo. O vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus mostrou sua preocupação porque grande parte das pessoas que se posicionam em defesa da Amazônia são pessoas de fora, algo que agradece, mas fazendo um chamado para a população local se levantar. “A gente não pode ficar calado diante de projetos que vem para a Amazônia, a toque de caixa, com a mesma lógica que tem vindo sempre, de exploração”, insistiu o padre Alcimar. Ele denunciou situações acontecidas em vários lugares da Amazônia, as falsas promessas, afirmando que “a gente não pode olhar tudo isso com tranquilidade, e ficar olhando, e contemplando, e se contentando com as nossas falas internas”. Diante disso, ele disse que “é necessário a gente se organizar, é urgente a gente se organizar”. Segundo o vice-presidente da Caritas da Arquidiocese de Manaus, “a gente está sendo tratado sempre como colônia, olhado como lugar de exploração, e nunca como sujeitos, e a gente precisa ser sujeito de nossa terra, de nossa região”, insistindo na importância de se posicionar, de ampliar e tornar maiores atos como o acontecido no entorno do Teatro Amazonas, mesmo reconhecendo que se organizar como a grande dificuldade do momento atual. Por isso, ele chamou a “juntar os outros que pensam como nós”, dado que “a Amazônia precisa se posicionar, a Amazônia precisa se levantar, a Amazônia precisa ter vez e voz, e isso não vem de graça, só vem se a gente se organiza”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Entidades eclesiais participam da Assembleia do Povo Sateré

O Centro de Formação Paraiso II, em Marau (AM) acolheu nos dias 15 e16 de março a Assembleia do Povo Sateré, onde dentre outras entidades se fez presente o SARES – Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental, e a Equipe Itinerante, assim como o padre Oziel Cristo da Diocese de Parintins, e Ir. Idalina, do CIMI – Conselho Indigenista Missionário. A Assembleia foi momento para refletir sobre o Estatuto da Associação, que busca proteger o povo, defender a terra, a cultura. Diante de pessoas que se dizem lideranças e representantes dos povos indígenas, mas que de fato não os representam, foi indicado que as associações é a forma de legal de validar a luta dos povos indígenas e suas verdadeiras lideranças. Diante disso foram esclarecidos os deveres dos associados e o papel da direção, que tem que trabalhar para que os objetivos sejam alcançados. Também foi refletido sobre a necessidade do combate a ideologias de opressão, reforçadas pela elite brasileira, sendo discutidas propostas a serem colocadas no Estatuto. A Assembleia do Povo Sateré foi momento para refletir sobre a Violência contra as mulheres e Direitos Humanos, que contou com a assessoria da Defensora Pública Estadual Elânia Cristina, abordando diversas questões em relação com as mulheres indígenas, insistindo em que “não é possível viver em uma sociedade feliz enquanto as mulheres sofrerem violência física, moral, psicológica, sexual”. Nesse sentido, descreveu a violência contra mulher como uma outra pandemia. Diante disso fez um chamado aos homens a conversar com suas mulheres, sonhar juntos, ser amigos, fazê-las felizes para assim construir uma família feliz. Por isso, insistiu em que a violência doméstica deve ser denunciada e os que a praticam precisam ser punidos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Leitorado e admissão às ordens sacras marcam Festa de São José no Seminário

O Seminário São José de Manaus, onde se formam os seminaristas do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), celebrou hoje a festa do seu padroeiro. Na Eucaristia, presidida por Dom Leonardo Steiner e concelebrada por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, os formadores do Seminário e padres da Arquidiocese de Manaus, receberam o Ministério de Leitor Hugo Barbosa e Raimundo Nonato, e foram a admitidos as ordens sacras Leonardo Morais e Kleber Oliveira. No dia em que a Arquidiocese celebra o encerramento do Ano de São José, o Arcebispo de Manaus definiu São José como “o homem de sonhos”, como “o homem da escuta e não da palavra, ou melhor da palavra escutada, porque feito de sonhos, ouve a palavra, e no ouvir da palavra se coloca sempre a caminho”. Dom Leonardo foi descrevendo o que fez José sonhar, mas também o que significa a escuta que ele definiu como “fazer hermenêutica dos sonhos”, destacando a importância de abrir caminhos, de se colocar a caminho. Uma vida sem sonhos se torna frágil, frustrante, segundo o Arcebispo de Manaus, que pediu que “São José nos ajude a compreender os sonhos, a escutar os sonhos, para sermos aqueles que Deus confiou uma vocação e assim nos tornarmos pessoas humanas”. Àqueles que pediram a admissão às ordens sacras os perguntou se eles sonham, lembrando que “a vocação é um sonho que Deus despertou em nós”, insistindo na necessidade de escutar “para que ao assumir esse sonho, vocês estejam sempre a caminho, assim como José”. Dom Leonardo afirmou que “sonhos não são certezas, sonhos são progressões, sonhos são atrações, sonhos são impulsos, sonhos são desejos, sonhos são amores”. Aos dois seminaristas que pediram o Ministério do Leitorado, Dom Leonardo os fez ver que é um momento para se colocar ainda mais a caminho da rota presbiteral. Para isso, “necessitarão de muita escuta”, falando do seu desejo de “que sejam bons escutadores”, pois “hoje temos uma grande necessidade de escuta”, para evitar que as palavras passem e não despertem sonhos. Nesse sentido, o Arcebispo de Manaus fez ver que “quando ouvida, a palavra conduz”, lembrando que “leitores significa escutadores”, de uma Palavra que deve dizer por onde caminhar. Também mostrou a gratidão da Arquidiocese pelo pedido realizado pelos seminaristas para serem admitidos às ordens sagradas e do Leitorado. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Arquidiocese de Manaus encerra Ano de São José, a quem “o sonho o coloca de novo no caminho da receptividade”

Uma Missa no Santuário São José da capital amazonense encerrou o Ano de São José na Arquidiocese de Manaus. Dom Leonardo Steiner, que presidiu a celebração, começou lembrando que “São José peregrinou pelas nossas comunidades, visitou as nossas casas, admiramos a paternidade de São José”, junto com isso “sua presença discreta, como diz o Papa Francisco, um homem que vive na sombra, não gosta de aparecer, São José o homem silêncio, o homem do trabalho, o homem da família, aquele que cuidou de Jesus”. Na homilia, o arcebispo de Manaus destacou a importância de “poder manifestar a nossa fé, nos manifestarmos em público, juntos”. Lembrando as palavras do texto do Evangelho, falou sobre o nascer de Jesus, que “é um Mistério que se manifesta na nossa realidade, mas que vai se manifestando nos sonhos, os sonhos que são para ser ouvidos, não falados. Sonhos que são ouvidos e porque José ouve, desaparece o drama, a confusão, e ele assume Maria, e cuida de Maria e do Menino Jesus, e nascido cuida até o fim”. Dom Leonardo perguntou: “Quem de nós não sonha?”, e afirmou que é “infeliz quem não sonha”. Segundo o arcebispo, “são sonhos de beleza, são sonhos dramáticos, são sonhos de amor, são sonhos de santidade, quantos sonhos cada um de nós sonha”. Por isso, ele insistiu em que “são esses sonhos, quando bem ouvidos, que nos colocam a caminho, são esses sonhos que nos abrem ao Mistério de Deus”. “Também como José, no meio da confusão, no meio da indecisão, no meio de quase abandono, o sonho o coloca de novo no caminho da bondade, no caminho do amor, no caminho da receptividade”, afirmou Dom Leonardo Steiner, que lembrou as palavras da Sagrada Escritura que o definem como “um homem justo, o homem da justiça”. O sonho relatado pelo Evangelho na Solenidade de São José é um dos seus sonhos, talvez o mais importante, pois, segundo o arcebispo, “José na sua confusão, consegue identificar a bondade de Deus”. Diante da guerra que o mundo está vivendo, mas também diante da violência que está sendo vivenciada na sociedade de Manaus, o arcebispo chamou a sonhar com a paz, algo que segundo ele fez José, “e quando ele sonhou tomou o caminho da receptividade, o caminho do acolhimento”. Dom Leonardo também refletiu sobre a realidade daqueles que “sonham com o pai que não tiveram”, fazendo um chamado a assumir a paternidade, pedindo fazer um trabalho de conscientização “para que as crianças tenham ao menos o sobrenome do pai, e quem dera que tivera um amor paterno, como teve Jesus de José”. Igualmente, Dom Leonardo chamou a sonhar com a santidade, insistindo em que “sonhar faz bem, acalenta o coração, alivia a alma, os pés se tornam mais suaves, mais ágeis, os ombros se tornam mais leves quando nós sonhamos”, sonhos cotidianos, assim como José, “um carpinteiro, que sonhou, e realizou o sonho de Deus de amar a humanidade, de amar cada um de nós e cuidando o filho seu”, pedindo realizar o sonho de Deus, “um Reino de bondade, um Reino de fraternidade, um Reino de paz”, e também sonhar como São José e nos colocarmos a caminho. No final da celebração, após os agradecimentos do pároco do Santuário São José, agradeceu a presença de todos, “uma presença bonita, participada, da nossa Igreja, que deseja publicamente manifestar a sua fé”. Também destacou a importância da visita da imagem de São José em todas as comunidades, e todos os que fizeram possível a celebração de encerramento.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Tarcísio Chagas de Castro Guimarães novo presbítero para o clero de Parintins

Na manhã desta solenidade de São José, foi Ordenado Presbítero para o Clero Diocesano da Diocese de Parintins, o Diácono Tarcísio Chagas de Castro Guimarães. Natural da Comunidade do Caburaí, do outro lado do Rio Amazonas. Tarcísio cresceu na fé em sua Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, região de Palmares em Parintins. Sua formação na etapa do discipulado se deu na Diocese de Patos de Minas onde cursou a Filosofia. Já a etapa de configuração se desenvolveu no Seminário São José em Manaus, tendo cursado a Teologia no Instituto Regional, o ITEPES. A Celebração aconteceu na Catedral de Nossa Senhora do Carmo com presença de agentes de diversas comunidades e quase todo o Clero da Diocese de Parintins, presidida pelo Bispo Dom Giuliano Frigenni. Também estiveram presentes o Pe. Alex Mota da Prelazia de Itacoatiara, companheiro de caminhada do Tarcísio e o reitor do Seminário Arquidiocesano São José Pe. Zenildo Lima. Em sua Homilia o Bispo Dom Giuliano percorreu o caminho da realidade humana alcançada pela Graça até a Missão. À Luz do Evangelho do Bom Pastor (Jo 10), destacou a vocação como “fruto da liberdade” que se dispõe a uma relação amorosa com o mistério de Cristo. Daí brota todo autêntico desejo de cuidar do povo de Deus e, de fato, a necessidade de “estar próximo dos pobres, dos jovens, dos doentes, dos idosos, dos encarcerados… estar onde o povo de Deus estiver”, exortava Dom Giuliano. Destacou a realidade do “presbitério como o espaço de comunhão onde o ministério presbiteral se realiza” e reiterou em seu discurso a acolhida junto ao clero de Parintins. Por fim apresentou o dinamismo da missão como o horizonte do ministério e destacava, até mesmo a possibilidade de se dispor para as regiões mais longínquas e conflituosas “nem que seja a África ou Ucrânia”!  Na mesma celebração foi apresentada a provisão que nomeou Pe. Tarcísio Chagas como vigário paroquial da Paróquia São Francisco Xavier na Vila Amazônia. Em seu discurso de agradecimento o novo presbítero resgatou seu trajeto de caminhada vocacional e não sem comoção, destacou o testemunho de seus pais na constância da oração: “vocês foram a minha segurança”. Na mesma celebração foram recordados os 23 anos da Ordenação Episcopal de Dom Giuliano Frigeni. A primeira Missa do Pe. Tarcísio acontecerá neste domingo, 20 de março as 17 horas em sua paróquia de origem, Nossa Senhora de Lourdes. Padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José de Manaus

Arquidiocese de Manaus inaugura Mausoléu no cemitério do Tarumã

No encerramento do retiro do clero, que aconteceu de 14 a 17 de março, assessorado por Eugênio Rixen, bispo emérito da Diocese de Goiás, com o tema “Espiritualidade quaresmal dentro do espírito do Vaticano II e da sinodalidade”, que contou com a participação de 70 padres, e teve a Palavra de Deus como eixo fundamental, foi inaugurado o Mausoléu da Arquidiocese de Manaus. Em uma celebração eucarística, presidida por Dom Leonardo Ulrich Steiner foi abençoado um projeto sonhado há alguns anos, e que se tornou realidade no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, localizado no bairro Tarumã, zona Oeste de Manaus. A obra foi realizada com recursos doados por um benfeitor anônimo. Segundo informa a assessoria de comunicação da Arquidiocese de Manaus, o espaço será um local de descanso, onde repousarão os corpos dos padres falecidos, onde se pode rezar e recordar a vida de sacerdotes que doaram a vida no serviço nesta Igreja de Manaus. Segundo Dom Leonardo, faz algum tempo que os padres observaram a necessidade de ter um local para enterrar membros falecidos de seu clero, sendo não apenas um espaço para deixar os corpos dos nossos padres, mas também um lugar de memória e homenagens. Em sua homilia, Dom Leonardo destacou a importância em sempre recordar a vida daqueles que já partiram, que já estão na presença de Deus, e que este será um espaço para este fim. Ao novo mausoléu serão transferidos os restos mortais de padres que foram sepultados em outros locais para concentrar ali a memória dos sacerdotes que se doaram ao serviço na Igreja católica de Manaus. Na celebração foram recordados alguns dos padres já falecidos que fizeram parte do clero da Arquidiocese de Manaus. A benção do Mausoléu foi realizada pelo arcebispo metropolitano no final da celebração, momento em que foi entronizada a imagem da Imaculada Conceição, padroeira da Arquidiocese, e os padres presentes foram convidados a depositar flores e velas aos pés de Nossa Senhora. Representando a Prefeitura de Manaus, o secretário da Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (SEMULSP), Sabá Reis, entregou ao arcebispo uma certidão de propriedade do espaço, atendendo em definitivo à solicitação deste espaço que, conforme informações da SEMULSP, foi projetado pelos garis e construído pelos coveiros da SEMULSP. O novo Mausoléu da Arquidiocese de Manaus conta com oito gavetas e 33 ossuários, sendo considerado um monumento para visitação. De acordo com o secretário da SEMULSP, o espaço atende a solicitação da Arquidiocese e servirá para homenagear os religiosos que trabalharam intensamente na região metropolitana de Manaus. Com informações de Ana Paula Gioia Lourenço – Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Manaus

Santarém: Evangelizar desde a concretude da realidade

Ler o Evangelho, que deve ser considerado fonte de todo processo evangelizador, nos faz entender a metodologia de Jesus no anúncio da Boa Nova. Ele sempre parte de realidade concreta, da vida do povo, da cultura e da linguagem do povo simples, que em volta dele entende suas palavras e descobre nelas uma fonte de vida. O Documento de Santarém, que está completando 50 anos em 2022, também tem a realidade, neste caso amazônica, como ponto de partida no processo evangelizador da Igreja da Amazônia, afirmando a importância dos valores dos povos amazônicos, mas também as limitações e perigos.   Nessa perspectiva, no momento de elaborar as Linhas Prioritárias, atendendo a essa realidade Amazônica, “a Igreja da Amazônia opta por quatro prioridades e por quatro séries de serviços pastorais, à luz destas duas diretrizes básicas: Encarnação na realidade e Evangelização libertadora”. Nesse sentido, a encarnação na realidade é vista como “anterior e subjacente a toda Pastoral como programa ou ação, e supõe uma vontade permanente de conversão ao verbo Encarnado”. Se faz uma exigência, insiste o Documento de Santarém, “um total entrosamento com a realidade concreta do homem e do lugar”, algo que se realiza pelo conhecimento e pela convivência com o povo, na simplicidade e na amizade do dia a dia. Na realidade concreta vai se testemunhando o Evangelho, se fazendo concretude uma evangelização libertadora, sem dicotomias, que possibilita a toma de consciência. Algo que se torna visível nas comunidades, que o Documento de Santarém chama de Comunidades Cristãs de Base, chamadas a ser “como fermento no meio da massa”.  Por isso o texto insiste, dependendo da realidade de cada comunidade, em que “o processo varia de lugar para lugar de acordo com a circunstância situacional da comunidade”. Santarém insiste em que “a Pastoral deve ser de acordo com o ambiente”, tendo em conta a realidade e as situações e problemáticas que fazem parte da vida do povo. A partir daí vai se configurando os programas e serviços evangelizadores, em todos os níveis. Do mesmo modo que Jesus, quando percorria os caminhos da Galileia, apontava para o povo, para a realidade, Santarém nos lembrava as palavras do Papa Paulo VI que disse que “Cristo aponta para a Amazônia”. Hoje, a Igreja católica continua apontando para a Amazônia, algo que ficou ainda mais claro com o Sínodo Especial para a Região Pan-Amazônica. No início da Exortação pós sinodal Querida Amazônia, falando sobre o sentido da Exortação, o Papa Francisco insiste no propósito de “oferecer um breve quadro de reflexão que encarne na realidade amazónica uma síntese de algumas grandes preocupações já manifestadas por mim em documentos anteriores, que ajude e oriente para uma recepção harmoniosa, criativa e frutuosa de todo o caminho sinodal”. O Santo Padre sempre insiste nos processos, que mais uma vez podemos dizer começaram muito tempo atrás. Citando Laudato Si´, onde o Papa Francisco afirma que “a constante distração nos tira a coragem de advertir a realidade dum mundo limitado e finito”, ele afirma na Querida Amazônia que “muitas vezes deixamos que a consciência se torne insensível”, algo que deve nos levar a refletir sobre a importância da concretude da realidade no trabalho evangelizador. Isso demanda avançar no caminho da inculturação, algo que a Igreja da Amazônia vem fazendo desde Santarém, buscando entender que “Deus operou de várias maneiras, porque a Igreja possui um rosto pluriforme, vista ‘não só da perspectiva espacial (…), mas também da sua realidade temporal’”, segundo recolhe a Querida Amazônia. Por isso, vamos continuar sonhando, buscando “avançar por caminhos concretos que permitam transformar a realidade da Amazónia e libertá-la dos males que a afligem”, que nos diz Querida Amazônia. No final das contas, o Evangelho tem que nos levar a fazer realidade um mundo melhor para todos e todas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Superar uma violência que nos tire da mira das armas

A violência deixou de ser um conceito e se tornou algo próximo, muito próximo da gente, uma violência que faz com que a vida da gente dependa de um dedo colocado no gatilho de uma arma que pode ser disparada por alguém que pouco ou nada tem a perder. Em qualquer lugar que você estiver, na rua, no ônibus, no rio, inclusive dentro da própria casa, corre o risco de ficar na mira da arma. A gente não fala de coisas que aparecem nos jornais e sim de situações pelas que nos últimos dias a gente passou e também pessoas próximas, o que nos faz ver com preocupação o futuro de uma sociedade que se precipita ladeira embaixo. A coisa mais fácil é culpabilizar aqueles que empunham as armas, que não estão livres de culpa, mas também não podemos dizer que eles são os únicos culpados. Somos também vítimas de um Estado falido, onde as políticas públicas se tornaram inexistentes, onde se quer disfarçar a falta de segurança pública querendo colocar armas na mão do povo, armas que também estão nas mãos de pessoas que as usam para delinquir. O desemprego, sobretudo entre os mais jovens e entre os estratos sociais mais baixos aumenta a cada dia, o que faz com que outras alternativas, claramente ilícitas, se tornem opção, muitas vezes a única escolha. Sem emprego, sem expectativa de vida, sem perspectivas claras de futuro, as alternativas se reduzem, e todos somos prejudicados por uma situação social que também, em maior ou menor medida, ajudamos a criar. Aí a gente logo diz que nada tem a ver com tudo isso, mas na verdade afirmar isso é consequência da nossa falta de reflexão, de nos questionarmos sobre o rumo de uma sociedade da qual todos e todas fazemos parte. Na vida social, os problemas são igual bola de neve, que só cresce na medida em que a deixamos rodar, na medida em que nos desentendemos daquilo que acontece do nosso lado. Cada vez mais, nos isolamos atrás das nossas falsas seguranças, nos desentendemos de situações que estão do outro lado do muro que temos levantado para supostamente nos proteger. Mas sabemos que não podemos viver eternamente isolados, e que antes ou depois vamos nos tornarmos vítimas desse sistema enfermo. Como mudar a realidade? O que fazer como sociedade para oferecer alternativas reais para aqueles que hoje fazem escolhas erradas? Como contribuir para superar situações que só serão resolvidas na medida em que todos nos envolvamos? O que eu posso fazer? O que eu vou fazer para que o futuro seja diferente, para que a sociedade do amanhã não sofra com aquilo que hoje nós estamos sofrendo? Não é só com os outros, também é comigo, com você, com todos nós. Antes ou depois, essa violência vai chegar próxima de você, mas nesse momento dificilmente vamos resolver o que deveria ter sido resolvido antes, muito antes. Não esqueça que estar na mira sempre é um grande risco, e cuidar da vida sempre tem que ser prioridade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Altevir iniciará sua missão na Prelazia de Tefé no dia 1° de Maio

A Prelazia de Tefé comunicou que seu novo bispo, Dom José Altevir da Silva, iniciará sua missão como novo bispo da Prelazia no dia 1° de maio, data em que acontecerá sua posse canônica. Nomeado no 9 de março pelo Papa Francisco, o novo bispo, religioso espiritano, congregação ligada estreitamente à história da Prelazia, é bispo desde dezembro de 2017, data em que assumiu sua missão como bispo da Diocese de Cametá (PA). O novo bispo sucede como bispo da Prelazia de Tefé a Dom Fernando Barbosa dos Santos, da Congregação da Missão, nomeado pelo Papa Francisco bispo da Diocese de Palmares (PE), no dia 9 de junho de 2021, cargo que assumiu em 22 de agosto do mesmo ano. Segundo informações da Prelazia de Tefé, em breve será anunciado a programação completa da acolhida e posse canônica do novo bispo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Jônisson da Silva Rolim ordenado presbítero na Prelazia de Itacoatiara

A Prelazia de Itacoatiara tem desde a noite deste sábado 12 de março mais um presbítero. Pelas mãos de Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, foi ordenado sacerdote o diácono Jônisson da Silva Rolim. Em sua homilia, Dom José Ionilton, seguindo as palavras do Evangelho de Lucas pronunciadas por Jesus na sinagoga de Nazaré, afirmou que “a unção é para o envio, para a missão”, convidando o novo presbítero a “manter o olhar fixo em Jesus”. Na passagem do Evangelho de João, lido na celebração, aparece Jesus Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas. Partindo dessa imagem, chamou Jônisson, a ser “um presbítero pastor, como Jesus”, a gastar a sua vida para que “as pessoas que você vai servir como padre, tenham vida”, a “estar com suas ovelhas”, de modo especial “aquelas que mais precisam de você, de seu cuidado, de seu amor, de sua solidariedade: os empobrecidos, os excluídos, os marginalizados”. O bispo afirmou que “as ovelhas gordas e que estão no curral precisarão menos de você”, fazendo-o ver que “se tiver que escolher um dia alguém para estar próximo, escolha os últimos, os abandonados, os marginalizados”, lembrando as palavras do Documento de Aparecida que chama a “dedicar tempo aos pobres”, em todo momento e circunstância.   Para isso se faz necessário procurar em Deus sua força, na oração, na meditação da Palavra, nos sacramentos. Assim é chamado a ser presbítero de Cristo, que escolhe. Presbítero que, segundo Aparecida, deve ser discípulo, com profunda experiência de Deus; missionário, movido pela caridade pastoral que o leve a cuidar do rebanho e a procurar os mais distantes; servidor da vida, atento às necessidades dos mais pobres, comprometido na defesa dos direitos dos mais fracos e promotor da cultura da solidariedade; cheio de misericórdia, disponível para administrar o sacramento da reconciliação. Seguindo os conselhos do Papa aos presbíteros em um discurso de 22 de fevereiro de 2022, lembrou ao novo padre, mas também a todos os presbíteros, ações e atitudes com “sabor evangélico”; não cair em “espiritualismos desencarnados”, aprender a interpretar a realidade com os olhos do Senhor, sem fugir do que acontece; intensificar a vida de oração; obedecer sabendo aprender a ouvir e lembrar que ninguém pode afirmar ser detentor da vontade de Deus; viver o celibato desde relações saudáveis; ser pastores do Povo e não “clérigos de estado”, nem profissionais do sagrado; evitar a clericalização dos leigos; e para manter viva e fecunda a vocação, estar perto de Deus, perto do bispo, perto dos sacerdotes e perto do Povo de Deus. No final da celebração, o novo presbítero, formado no Seminário São José de Manaus, que esteve representado pelo reitor, padre Zenildo Lima, começou refletindo sobre a imagem do Bom Pastor, que sempre o cativou, definindo o pastor como “aquele que age, reúne, cuida, protege, escuta suas ovelhas, as conhece, as educa, as faz crescer e as ama, dá a vida por elas”. Em seu ministério disse que “não agirei por mim mesmo, mas pela graça de Deus, iluminado pelo Espírito Santo”. O padre Jônisson agradeceu aqueles que fizeram parte do seu percurso vocacional, começando pela sua família, de modo especial seus país, de quem diz foram seus primeiros animadores vocacionais. Também agradeceu ao bispo pela sua escuta, pelos seus conselhos, afirmando que pode contar com ele, ao clero da Prelazia, ao reitor do Seminário São José de Manaus, e seu irmão de turma, ao padre Edinei, ordenado no mês passado na Diocese de Coari, à Vida Religiosa, aos seminaristas e aqueles que colaboraram na ordenação. Também ao povo da sua paróquia de origem e das paróquias por onde ele passou em seu percurso vocacional. Finalmente, pediu ao povo da paróquia onde vai iniciar sua vida presbiteral, que “me amem e cuidem de mim, e colaborem com meu ministério”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1