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Rede Clamor aprova o Documento de Identidade e os Estatutos “para prestar um melhor serviço aos migrantes”

  A Rede Clamor encerrou sua Assembleia, realizada em Bogotá de 15 a 17 de fevereiro, em clima de alegria, conforme expresso por seu presidente, Dom Gustavo Rodríguez Vega. Uma das razões é que “nosso documento de identidade foi aprovado, nossos estatutos e fizemos a eleição dos vários cargos da Rede Clamor”, destacando a reeleição de Elvy Monzant como secretário executivo para os próximos 4 anos. Esta rede existe oficialmente desde 2017, “mas agora tivemos a oportunidade de repensar-nos como rede e assim fazer este documento de identidade e estatutos“, de acordo com seu presidente. O arcebispo mexicano insistiu que “isto nos fortalece como uma rede para prestar um melhor serviço a nossos irmãos migrantes, refugiados e vítimas de tráfico humano”. Uma das representantes do Brasil na Assembleia foi a irmã Rose Bertoldo, coordenadora da Rede Um Grito pela Vida no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A religiosa do Imaculado Coração de Maria foi eleita coordenadora da Comissão de Articulação e Serviços para os próximos 4 anos. A sinodalidade marca a vida da Igreja neste momento, uma reflexão que tem estado presente na Assembleia da Rede Clamor. Neste contexto, o padre Fabio Baggio levou os participantes a se perguntarem como passar de uma pastoral de assistência para uma pastoral que procura compartilhar oportunidades. Tudo isso em uma época de mudanças que exige uma visão proativa e não reativa da Igreja. De acordo com o subsecretário da Seção de Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, devemos procurar ser fermento no mundo, vendo a sinodalidade como um processo comprometido com a transformação. A partir daí ele refletiu sobre o que é o Sínodo, que ele definiu como um momento eclesial, como caminhar juntos na mesma direção, rumo à unidade, uma necessidade diante das ameaças de divisão, que aumentaram com a pandemia.  Padre Baggio refletiu sobre as três palavras-chave do Sínodo: comunhão, participação e missão. O religioso scalabriniano vê o Sínodo como uma oportunidade para uma conversão pastoral em chave missionária e ecumênica, chamando a entender que não se trata de fazer outra Igreja, mas uma Igreja diferente. Neste sentido, ele alertou sobre três riscos: o formalismo, que reduz o Sínodo a um acontecimento, o intelectualismo, que separa a reflexão da realidade, e o imobilismo, que permanece no “sempre foi assim”, um veneno na vida da Igreja. É necessário, portanto, aprender a sonhar juntos, insistiu ele. Esta dimensão de sinodalidade também foi abordada por Maurício López, que partiu da experiência da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, perguntando: “Como fomos transformados pela experiência concreta que vivemos no processo de escuta em preparação à Assembleia Eclesial? O que a experiência da Assembleia Eclesial produziu em nós? Como vamos responder às interpelações do Espírito? O coordenador do Centro de Redes e Ação Pastoral do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), insistiu na necessidade de uma escuta recíproca para que ela seja verdadeira. Partindo da ideia de conversão pastoral, nascida em Aparecida, Maurício questionou como o que ouvimos nos transforma, convidando a Rede Clamor a continuar sendo, e a ser ainda mais, uma presença de escuta e diálogo, para contribuir com os processos de formação e incidência. Em seu discurso, ele insistiu que os migrantes devem ser acolhidos, protegidos, integrados, vistos como uma oportunidade e não como uma ameaça, algo que pode ser visto na crescente falta de hospitalidade. Ele enfatizou a necessidade de responder à dor e ao sofrimento dos migrantes e das vítimas do tráfico de pessoas. Analisando a Assembleia Eclesial, ele a vê como um evento único, ainda mais porque ocorreu em meio a uma pandemia, uma oportunidade de avançar como Igreja na América Latina e no Caribe, destacando a grande participação no processo de escuta e em uma assembleia presencial e virtual, que mostrou testemunhos que tornaram visíveis as muitas realidades diferentes do continente. Uma assembleia que desafia os batizados a passar do “eu” para o “você”, a superar o clericalismo, a ser uma Igreja inclusiva, que apresentou 12 urgências e 41 desafios, que “são essenciais para nossa Igreja”, e também para a Rede Clamor. Alguns migrantes participaram da Assembleia da Rede Clamor, como Jaqueline González, que pode ser considerada uma migrante por partida dupla. Nascida no departamento colombiano de La Guajira, ela emigrou para a Venezuela aos 15 anos de idade, de onde retornou ao seu país depois de trinta e poucos anos. No entanto, ela se sente como uma migrante em sua própria terra, por causa de seu sotaque, sua dificuldade de adaptação ao seu país, problemas de moradia e trabalho. Na verdade, ela é formada em enfermagem e não conseguiu um emprego porque não tem dinheiro para reconhecer seu diploma. Ela define sua participação na Assembleia como “uma prancha para aqueles que estão naufragados, como uma luz na escuridão, saber que a Igreja Católica, juntamente com outras instituições, está cuidando de seu bem-estar e para que todos os países possam aceitar e oferecer-lhes a dignidade que todo ser humano deve ter como um filho de Deus“. Ela insiste na necessidade de aceitar os migrantes, “que não importa de que país eles venham, o que eles devem ter em mente é que nós também somos seres humanos e também estamos passando por algum tipo de trauma, dor ou tragédia para deixar tudo para trás e nos jogarmos num abismo sem saber o que vai acontecer com nossas vidas”. Dom Jorge Eduardo Lozano, enviou saudações à Assembleia da Rede Clamor. Depois de definir o tráfico como “uma realidade criminosa que nos envergonha como seres humanos“, e “um drama muito sério que nos mostra a baixeza em que conseguimos cair”, ele contou situações presentes na vida das vítimas, enganadas, sequestradas, forçadas a vícios, prostituídas, entre outras situações que provocam traumas dos quais é difícil escapar para aqueles que são libertados das redes de tráfico. Estes não são crimes casuais ou isolados, mas “o resultado da operação de estruturas pecaminosas que se consolidam através de organizações criminosas cujo objetivo é explorar outros irmãos…
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Estar no meio do povo, requisito necessário para ser Igreja que evangeliza

No último sábado 12 de fevereiro, Querida Amazônia, a exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia completou dois anos, uma boa oportunidade para refletir sobre os desafios que esse momento histórico na vida da Igreja da Amazônia, mas também na vida da Igreja universal, nos deixou. O texto do Papa Francisco tem ajudado a ir marcando o caminho a seguir, uma Igreja que escuta, que se faz presente no meio do povo, que abre espaços para que o povo possa dizer como deveríamos caminhar como Igreja católica e os passos a serem dados nos diferentes âmbitos que fazem parte da vida da nossa Igreja. Querida Amazônia nos invita a sonhar, a olhar em frente, a entrar em um caminho de conversão que faça possível responder aos anseios do povo, especialmente daqueles que surcam os rios da Amazônia, que se aglomeram nas periferias de cidades onde os direitos dos mais pobres não são respeitados, que lutam por direitos que a Constituição garante para os povos indígenas e comunidades tradicionais, que são deixados de lado pela sociedade, e muitas vezes, infelizmente, também pela Igreja. É por isso que estarmos presente como Igreja nas comunidades da periferia, nas comunidades indígenas, nas comunidades ribeirinhas, deve ser um esforço cada vez maior, uma reflexão que Dom Leonardo Steiner fazia recentemente. Segundo o arcebispo de Manaus, “as comunidades deveriam perceber que pertencem à Igreja, à Arquidiocese. Um elemento importante é que elas sintam que a Arquidiocese está com elas; elas são Igreja, Arquidiocese, e não tenham a percepção de que foram abandonadas. Estar com elas! ajudar e apoiar na criação e organização de novas comunidades. Elas percebam a solidariedade entre todas as comunidades”. Os questionamentos de Dom Leonardo devem nos levar a olhar a realidade de um modo diferente, a nos fazermos presentes na atenção e no diálogo, mas também a descobrir as riquezas que encerram, levando em consideração tudo o que faz parte da sua vida, descobrindo que “tudo deveria ser transformado pela força do Evangelho”, segundo nos lembra o arcebispo de Manaus. A presença nas comunidades, mesmo limitada, é sempre motivo de felicidade para um povo que acolhe de coração e sente-se contemplado com essas visitas que alegram a caminhada das comunidades. Mesmo diante das dificuldades motivadas pelas distâncias, o custo e uma agenda cheia de compromissos, essa presença, esse estar no meio do povo, se faz requisito necessário para ser Igreja que evangeliza. Sonhar nos leva a encontrar forças para descobrir caminhos que nos ajudam a superar dificuldades, a deixar para trás obstáculos que pareciam insuperáveis. Sonhemos com uma Igreja mais presente, mais companheira de caminho, mais preocupada em construir juntos, mesmo que devagar, aquilo que pode ajudar a fazer carne o Evangelho da Vida. Ver o sorriso com que aqueles que sempre ficaram do lado de fora da história recebem a gente é algo que faz esquecer as dificuldades que a gente enfrenta para chegar até lá. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

3 vocacionados acolhidos no Centro Vocacional São João Maria Vianney da Diocese de Alto Solimões

Na manhã de 13 de fevereiro de 2022, na Missa Dominical das 07 horas, a Igreja Matriz da paróquia São Paulo Apóstolo, na cidade de São Paulo de Olivença, Diocese de Alto Solimões, acolheu a apresentação dos vocacionados que iniciarão a experiência vocacional neste 2022 no Centro Vocacional Diocesano São João Maria Vianney. Os jovens que irão participar dessa experiência são: Alciney Benedito, natural da comunidade de Vendaval, Paróquia Indígena São Francisco de Assis de Belém do Solimões; Allan Roberto, natural de São Paulo de Olivença, Paróquia São Paulo Apóstolo; e Jonathas Januário, natural de Santo Antônio do Içá, Paróquia Santo Antônio de Lisboa. 2022 será um ano de preparação em vista do seu futuro ingresso no Seminário Propedêutico. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo: “Querida Amazônia nos incentiva a sermos uma Igreja que leva em consideração todas as realidades”

Querida Amazônia inspirou a vida da Igreja na região amazônica, também na Arquidiocese de Manaus. Dom Leonardo Steiner, arcebispo da circunscrição eclesiástica com mais população da região, analisa os passos dados na Arquidiocese, que está vivenciando a Assembleia Sinodal Arquidiocesana. O arcebispo destaca a importância da escuta, o que vai ajudar a descobrir “como deveríamos ser como Igreja Católica”. A tarefa será “despertar as pessoas para novos caminhos, especialmente quanto à inculturação da fé, da espiritualidade, dos ministérios”. Dom Leonardo insiste no “esforço de estarmos nas comunidades da periferia, nas comunidades indígenas, nas comunidades ribeirinhas”. Mas também de fazer com que essas comunidades “caminhem autonomamente, assumindo os ministérios, celebrando a presença de Jesus e do seu Reino”. É momento de sonhar, de entender que “se desenvolvimento significa destruição, estamos mal”. Sempre em vista de “uma Amazônia com menos contrastes sociais”. Depois de dois anos da Querida Amazônia, como estão sendo concretizados os sonhos do Papa Francisco na Igreja da Amazônia, particularmente na Arquidiocese de Manaus? O Regional Norte I da Conferência Nacional dos Bispo do Brasil (CNBB), na elaboração de orientações ou Diretrizes buscou inspiração e força na Querida Amazônia. As igrejas da Pan-amazônia estão contribuindo e na expectativa de orientações que estão sentido discutidas e elaboradas pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). Além de refletir a Carta de Papa Francisco, na Arquidiocese, o passo mais significativo que temos dado é a Assembleia Sinodal Arquidiocesana. É a tentativa de envolver todas as comunidades e as expressões eclesiais no processo sinodal. A escuta realizada como processo sinodal que levou a documento final e a Carta com os quatro sonhos, iluminará nosso caminho eclesial. Papa Francisco em Querida Amazônia nos apresenta quatro sonhos que indicam a totalidade da vida que está a na Amazonía. A sinodalidade busca ouvir as realidades que os sonhos apontam. Escutar para propor a presença da Igreja mais missionária, mais misericordiosa, mais profética. Abrir espaços sempre mais significativos para que as comunidades possam se manifestar e dizer como deveríamos ser como Igreja Católica; que ministérios são necessários, como levarmos em consideração as expressões de religiosidade, como levar em consideração as culturas. Como ir mais ao encontro dos necessitados, dos pobres. A grande diversidade da Igreja que está na Arquidiocese de Manaus exige muita escuta, para caminharmos juntos com nossas diferenças e diferentes tradições. O Sínodo para a Amazônia tinha como objetivo a busca de novos caminhos. Até que ponto a Igreja e a sociedade amazônica sentem a necessidade de avançar nesses novos caminhos? A Igreja na Amazônia foi buscando caminhos, foi encontrando modos de navegar nessas terras, nesses rios, para anunciar a Jesus e ser expressão do reino. Se buscarmos sonhar como nos propõe Papa Francisco, necessitamos caminhar, navegar. A ameaça em relação ao meio ambiente, fica sempre mais crítica, a ameaça aos povos indígenas fica sempre mais incontrolável. A participação dos leigos é extraordinária, mas como expressar essa participação em todos os momentos da vida eclesial, sem clericalismo. Certamente será tarefa despertar as pessoas para novos caminhos, especialmente quanto à inculturação da fé, da espiritualidade, dos ministérios. Provavelmente as comunidades indígenas, as comunidades ribeirinhas nos oferecerão elementos importantes para o caminhar de nossa igreja arquidiocesana. Levar em consideração a escuta, já presente nas Assembleias Arquidiocesanas, ajudará nessa busca. A Arquidiocese de Manaus está marcada pela realidade urbana, principalmente da periferia, mas também pelas comunidades ribeirinhas e indígenas. Quais os passos que estão sendo dados em cada uma dessas realidades a partir da reflexão do Sínodo para a Amazônia, recolhida na Querida Amazônia e no Documento Final do Sínodo? Existe um esforço de estarmos nas comunidades da periferia, nas comunidades indígenas, nas comunidades ribeirinhas. As comunidades deveriam perceber que pertencem à Igreja, à Arquidiocese. Um elemento importante é que elas sintam que a Arquidiocese está com elas; elas são Igreja, arquidiocese, e não tenham a percepção de que foram abandonadas. Estar com elas! ajudar e apoiar na criação e organização de novas comunidades. Elas percebam a solidariedade entre todas as comunidades. Também que elas caminhem autonomamente, assumindo os ministérios, celebrando a presença de Jesus e do seu Reino. Estar na atenção e no diálogo, a buscar expressões religiosas que possam fazer parte da liturgia, nas celebrações das comunidades, especialmente indígenas e ribeirinhas. O texto Querida Amazônia nos incentiva a sermos uma Igreja que leva em consideração todas as realidades, não apenas eclesial. Tudo deveria ser transformado pela força do Evangelho. Como arcebispo de Manaus, a maior cidade da Amazônia, quais são seus sonhos para a Amazônia e para a Igreja que caminha nesta região? Os sonhos são muitos. É importante sonhar. Os sonhos nos motivam. Sermos mais atuantes quanto à vida das comunidades eclesiais. Na nossa realidade atentos e atuantes quanto ao meio ambiente. A Laudato Sì´ nos abriu o horizonte da compreensão: passarmos da desfrutação e destruição para o cultivo e cuidado. Ir criando uma cultura do cuidado e do cultivo. Vemos como avança a destruição do meio ambiente e tudo em nome do desenvolvimento. Se desenvolvimento significa destruição, estamos mal. Temos uma contribuição a dar cuidando do meio ambiente, das nossas culturas os povos originários, do estilo de viver que leve harmonia. Uma Amazônia com menos contrastes sociais: possibilidades de emprego, de educação, de saúde. É missão da Igreja, faz parte da evangelização, estarmos na atenção da harmonia social, do bem cultural do cuidado da casa comum. Uma Igreja que esteja sempre mais presente nas periferias, nas realidades ribeirinhas e ali possa demonstrar o caminho das bem-aventuranças. Todos possam perceber que em Jesus e seu reino é possível transformar, viver a beleza da vida. Uma Igreja samaritana, onde as pastorais servem e interagem para o bem dos pobres, dos necessitados. Nesse sentido assumirmos o espaço da antiga cadeia pública para oferecer acolhimento e solidariedade aos pobres, necessitados, será a concretização do sonho de nossa igreja em Manaus como Igreja dos pobres. Estamos para celebrar 70 anos como Arquidiocese. Este lugar da caridade e da solidariedade será um marco e sinal do nosso desejo de vivermos…
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Padre Zenildo Lima: “Na Querida Amazônia, nós temos um novo norteamento mais lúcido para as dinâmicas do Seminário”

A formação daqueles que um dia serão os presbíteros da Amazônia foi uma das reflexões presentes no Sínodo para a Amazônia. As conclusões foram recolhidas no Documento Final do Sínodo e na Querida Amazônia, que está completando dois anos de sua publicação. O padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José de Manaus, foi um dos auditores na Assembleia Sinodal. Ele reflete sobre os encaminhamentos realizados, reconhecendo que “foi um pouco freado por esse contexto de pandemia”. Mesmo assim, está sendo oportunidade para “uma tomada de consciência da necessidade real de uma verdadeira reformulação dos caminhos, nos itinerários, dos processos pedagógicos, na formação presbiteral”. Conhecer as reflexões do Sínodo e dos documentos conclusivos, onde são confirmadas as intuições já presentes anteriormente no Seminário São José de Manaus, “se torna agora uma condição necessária aqui no nosso seminário para um jovem candidato ao ministério presbiteral para servir às igrejas da Amazônia”. Daí a importância de iniciativas que vão surgindo no Seminário São José, como o Núcleo de Reflexão Pluriétnica, “expressão de tentativas de mudanças, e o que é bonito, a partir dos seminaristas, a partir de dentro”. O padre Zenildo defende uma necessária conversão eclesial e uma revisão da ministerialidade, que ajuda em uma maior presença da Igreja nas comunidades. Um processo que está ajudando na reformulação da formação dos seminaristas, a “repensar o ministério presbiteral”, insistindo em “um ministério que é capaz de trabalhar com o ministério das mulheres”. Tudo isso gera confiança a ajuda “nesse caminho que nós vamos fazendo como Igreja da Amazônia”. Uma das reflexões do Sínodo para a Amazônia, que recolhe o Documento Final e a Querida Amazônia, que está completando dois anos da sua publicação, é a formação dos futuros sacerdotes. Como isso está se concretizando depois de dois anos? Para a gente falar de encaminhamentos ou de concretização de indicações o de pistas da Querida Amazônia, a gente pode abordar a partir de duas perspectivas, uma de um desdobramento mais prático, mais concreto, que foi um pouco freado por esse contexto de pandemia. Sobretudo no que diz respeito a articulações ou demandas pastorais que implicavam mais mobilidade da Igreja. Outra diz respeito a atualização de compreensões. Nesse campo da formação presbiteral, a grande contribuição, e isso a gente pode falar de um grande desdobramento nos processos de formação presbiteral das igrejas da Amazônia, diz respeito a uma tomada de consciência da necessidade real de uma verdadeira reformulação dos caminhos, nos itinerários, dos processos pedagógicos, na formação presbiteral. Não tenho informação que algum seminário tenha dado passos concretos nesse sentido, senão a própria CEAMA, que tem iniciado um processo, inclusive neste mês de fevereiro haverá um encontro sobre isso, que quer discutir novos caminhos para a formação presbiteral a luz do Sínodo, do Documento Final e da Querida Amazônia. Inclusive, aqui no Seminário São José de Manaus, onde se formam os seminaristas das 9 igrejas que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma iniciativa que surgiu no último ano foi o Núcleo de Reflexão Pluriétnica. Qual a leitura que pode ser feita disso? Concretamente no nosso Seminário Arquidiocesano São José, que é um seminário da Arquidiocese, um seminário da província, um seminário do Regional em certo modo, primeiramente o Sínodo, ele trouxe a confirmação e lucidez do que nós tínhamos como intuições aqui na casa, aqui no seminário. Se a gente pode falar de desdobramento, além do estudo, se torna agora uma condição necessária aqui no nosso seminário para um jovem candidato ao ministério presbiteral para servir às igrejas da Amazônia, ele tem que passar por um contato com as reflexões do Sínodo e as indicações dos documentos conclusivos, Documento Final e Querida Amazônia. Um segundo elemento, a concepção de como se pensa a totalidade do processo de formação no Seminário São José de Manaus, é perpassada por essas perspectivas da Querida Amazônia, e concretamente dos seus sonhos. Quer dizer, se tem em vista que o presbítero egresso do Seminário de Manaus, alguém com esta capacidade de envolvimento com as grandes questões que desafiam a vida dos pobres, o sonho social; que tem a capacidade de dialogar com as emergências culturais e teológicas das populações amazônicas, o sonho cultural; despir-se de um modelo litúrgico mais centro-europeu para um modelo mais inculturado, a necessidade de compreender que o ministério tem que ser evidenciado dentro de uma nova dinâmica eclesial que não pode ser marcada pelo clericalismo, o sonho eclesial; e necessariamente, a pastoral de um presbítero formado na Amazônia tem que considerar a grande tarefa que é o cuidado da Casa Comum, o sonho ecológico. Nós temos um novo norteamento mais lúcido para as dinâmicas do Seminário. Aí iniciativas mais concretas evidenciam esses elementos, como esse Núcleo de Reflexão Pluriétnica, num seminário que já tem 9 etnias, nos ajuda em certo modo a colocar em prática as reflexões, seja do ponto de vista do sonho social, seja do ponto de vista do sonho cultural. A compreensão das dinâmicas da fé, a partir também da experiência religiosa das populações indígenas, no caso das etnias presentes aqui no Seminário. Tudo percebe que nesse Núcleo de Reflexão, que está engatinhando, está nos seus primeiros passos, tenhamos uma nova resposta muito concreta de uma nova vertente no Seminário. Não é só uma atividade, uma nova aditividade dentro do mesmo Seminário, senão correria o risco de ser vinho novo em odres velhos. Mas já é expressão de tentativas de mudanças, e o que é bonito, a partir dos seminaristas, a partir de dentro. Uma das reflexões que surgiram no Sínodo foi passar de uma Igreja de visita, aquilo que tradicionalmente foi feito pelos padres na Igreja da Amazônia, para uma Igreja de presença. Como incentivar isso naqueles que estão se formando para serem os padres da Igreja da Amazônia nos próximos anos e décadas? Isso passa muito aproximadamente da questão da dimensão pastoral, da dimensão missionária da formação presbiteral. Os estudantes das dioceses e prelazias do interior do Estado do Amazonas e…
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Dom Ionilton: “Continuamos tentando levar adiante os 4 grandes sonhos do Papa Francisco”

A pandemia da Covid-19, que estourou pouco depois da publicação da exortação pós-sinodal Querida Amazônia, que está completando dois anos, é vista por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira como um fator decisivo para afirmar que “nós aqui na Prelazia de Itacoatiara, não conseguimos avançar muito”. Segundo o bispo, as diferentes crises provocadas pela pandemia, que na Prelazia de Itacoatiara já causou mais de 500 mortes, e fez com que “tiveram que ser suspendidas todas nossas atividades presenciais”, pode ser visto como um dos motivos que tem provocado. Diante dessa realidade, Dom Ionilton afirma que “nós trabalhamos através das redes sociais, fizermos várias lives de formação sobre o Documento Final, sobre Querida Amazônia, usamos bastante nas nossas homilias, reflexões, encontros e também através dos programas de rádio que a Prelazia tem durante a semana e também aos domingos”. Junto com isso, o bispo da Prelazia de Itacoatiara destaca que “também a Prelazia esteve sempre em sintonia com a caminhada do Regional Norte1 nas suas reflexões e estudos com os bispos da Amazônia brasileira, que estiveram reunidos virtualmente para analisar há pouco tempo a caminhada pós-sinodal nesses dois anos do Sínodo”. Em verdade, afirma Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, “a gente tem uma certa dificuldade ainda, existe uma certa resistência por parte de muitas pessoas, por parte de alguns irmãos do clero e também por parte de algumas pessoas da caminhada laical, que apesar de tudo o que foi feito no pre-sínodo, ainda permanecem muito resistentes às principais propostas que foram sugeridas, discutidas, aprovadas e confirmadas pelo Papa Francisco na Querida Amazônia”. Nessa conjuntura, o bispo insiste em que “nós continuamos aqui tentando levar adiante esses 4 grandes sonhos do Papa Francisco, que são os sonhos do Sínodo: o sonho social, o sonho cultural, o sonho ecológico e o sonho eclesial”. Para isso, “nós organizamos, a partir de uma proposta da REPAM, um grupo que se chama multiplicadores do Sínodo, tem um padre, tem uma religiosa, tem leigos, e fazem um esforço danado para tentar criar essa sensibilização de envolver a questão do Sínodo na liturgia, na catequese, nas atividades de festa de padroeiro, e assim por diante, mas ainda é um processo bastante lento”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Vítimas do tráfico humano, cuida-las é minha obrigação

Cuidar dos outros, especialmente dos mais fracos e vulneráveis é um elemento que deveria estar presente em cada ser humano, mas esse cuidado tem que ser uma obrigação na vida dos cristãos. Quem não cuida, quem não ama, algo que pode ser definido como a atitude fundamental do Deus de Jesus Cristo, não é discípulo, não é cristão. Desde 2015, uma data instituída pelo Papa Francisco, que tem no cuidado das vítimas do tráfico de pessoas uma das suas prioridades, no dia 8 de fevereiro acontece o Dia Mundial de Oração contra o Tráfico de Pessoas. Na festa de Santa Josefina Bakhita, alguém que sofreu as consequências do trafico humano, a Igreja deixa claro que tem lado, o lado das vítimas. As mais ameaçadas pelo crime do trafico humano são as mulheres e as crianças, representando 72% das vítimas. Podemos dizer que as crianças e as mulheres são as mais suscetíveis a exploração de trabalho precário e abusos. Estamos diante de uma realidade antiga, mas que a pandemia da Covid-19 aumentou. O desemprego, a fome, a violência doméstica, dentre outras, são situações que aumentam a vulnerabilidade e, em consequência, a possibilidade de cair nas redes do tráfico de pessoas. Durante muito tempo, o tráfico de pessoas foi uma realidade esquecida, também pela Igreja católica. Aos poucos, e aí a gente tem que reconhecer a importância do impulso do Papa Francisco, a Igreja vai assumindo essa causa como própria. No Brasil, o primeiro passo decisivo foi dado pela Vida Religiosa, criando a Rede um Grito pela Vida, que em 2022 comemora 15 anos de caminhada e de cuidado com a vida de mulheres, adolescentes e crianças. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil também se fez consciente da importância de combater esse crime e criou a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfretamento ao Tráfico Humano (CEPEETH), promovendo essas temáticas na vida da Igreja do Brasil. O tema para 2022 é “A Força do Cuidado – Mulheres, Economia, Tráfico de Pessoas”, algo que tem levado o Papa Francisco a afirmar que “por tudo isso, uma economia sem tráfico de pessoas é uma economia corajosa – é preciso coragem. A coragem de conjugar o lucro legítimo com a promoção do emprego e de condições dignas de trabalho. Em tempos de grande crise, como o atual, essa coragem é ainda mais necessária”.  Ninguém pode ser tratado como mercadoria, e isso é algo que deve ser assumido por uma sociedade onde o lucro se tornou algo que marca a maioria das relações. Por isso é inadiável a reflexão, oração e mobilização para conhecer, debater e enfrentar a realidade de milhares de pessoas submetidas a trabalhos análogos a escravidão e outras formas de exploração. Trata-se de cuidar, das pessoas, especialmente das vítimas, da casa comum, da vida. Isso não é tarefa dos outros, é minha missão, minha obrigação, meu desafio que devo enfrentar cada dia. Cuidar nos faz humanos, mas também divinos, semelhantes daquele que cuida e ama sem medida, também da gente. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Abertura do Ano Letivo no Seminário Sant’Ana em Coari

No dia 08 de fevereiro de 2022, com a solene celebração eucarística presidido por Dom Marcos Piatek, iniciaram as atividades formativas no seminário Sant’Ana da Diocese de Coari. Da solene liturgia participaram o Pe. Josinaldo Plácido, reitor do nosso seminário, o Pe. Mariano, formador da Diocese do Alto Solimões, as irmãs da Sagrada Família e os 09 seminaristas – formandos. Um deles vem da Diocese do Alto Solimões onde Dom Adolfo Zon é bispo. Acolher os jovens no nosso seminário propedêutico vindos das Igrejas vizinhas é uma iniciativa que tem algum tempo e até agora deu certo. Dom Marcos acolheu os seminaristas e na sua homilia lembrou a importância da formação no processo do discernimento vocacional. Fazendo referência ao rei Salomão da primeira leitura disse, que o rei Salomão era um homem sábio, um bom administrador, um construtor, inclusive do templo, um homem famoso. Infelizmente, no final de vida, se desviou do caminho de Deus, caindo na idolatria. A falta da primazia de Deus o levou à decadência. Esse fato mostra a importância da permanente construção da nossa adesão a Deus e da formação do ser humano. Referindo-se ao evangelho do dia o bispo lembrou a importância de uma profunda experiencia de Deus na nossa caminhada vocacional. Não são suficientes apenas os atos externos de piedade como lembrou Jesus que disse aos fariseus: esse povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim (Mc 7,6). Daí a importância do coração e da verdadeira vida espiritual. Só a formação integral vai tornar um jovem, futuro presbítero “rei, profeta e sacerdote”. O Papa Francisco na “Querida Amazônia” lembra a importância do clero autóctone, da pastoral vocacional e da necessidade de ministros que possam compreender a partir de dentro a sensibilidade e as culturas amazônicas. Esta formação deve ser eminentemente pastoral e favorecer o crescimento da misericórdia sacerdotal” (QA 86-90). Nossa gratidão a todos aqueles que rezam e que colabora com a obra vocacional, inclusive materialmente. Rezemos pelos nossos presbíteros e pelas vocações sacerdotais! Diocese de Coari

Dom Edson Damian: “Os povos indígenas se identificam plenamente com os sonhos do Papa Francisco”

Ao completar dois anos da exortação pós-sinodal Querida Amazônia, Dom Edson Damian, lembra que “a convocação do querido Papa Francisco para realizar um Sínodo Especial para a Amazônia, provocou grande alegria e esperança entre as comunidades”. O bispo de São Gabriel da Cachoeira lembra que “nós ficamos muito felizes porque foi escolhido o padre Justino Sarmento Sarmento Rezende para ser perito na elaboração do documento de preparação para o Sínodo, o primeiro padre salesiano indígena da nossa região”. Junto com isso, em segundo lugar, Dom Edson faz memória de que “nós recebemos o Documento Preparatório e as comunidades indígenas responderam com muita alegria as perguntas”. Nesse ponto destaca que “ouvi várias pessoas dizer: pela primeira vez o Papa quer escutar os povos indígenas, e como se sentiam felizes em participar”. “Para a realização do Sínodo, por ser a diocese mais indígena do Brasil, teve uma representação muito significativa na Assembleia Sinodal, pois lá estava o padre Justino como perito, e foram escolhidas mais duas religiosas indígenas, de duas diferentes congregações”, lembra o bispo. Falando do conteúdo da exortação pós-sinodal, o bispo de São Gabriel da Cachoeira, reconhece que “os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia vieram fortalecer os sonhos dos povos indígenas da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, que abrange a imensa bacia do Rio Negro, com 294 mil quilómetros quadrados, e é a região melhor preservada da Amazônia”. Dom Edson Damian lembra que “menos de 10% da floresta foi derrubada, e isto se deve à presença dos povos indígenas. 90% por cento da população são povos indígenas de 23 etnias e ainda falam hoje 18 línguas”. “Esses povos indígenas se identificam plenamente com os sonhos do Papa Francisco, ainda mais quando são chamados guardiões da floresta”, insiste o bispo. Ele lembra que os povos indígenas da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, “eles conhecem os segredos da terra e a tratam como mãe, como casa comum”. Avaliando os avanços nos sonhos recolhidos na Querida Amazônia, Dom Edson disse que “no sonho eclesial, já há tempo estão acontecendo celebrações inculturadas, com danças indígenas, cantos nas diferentes línguas, um começo para irmos elaborando uma missa no rito amazônico”. O bispo lembra “um princípio pastoral que nos orienta em todas as atividades, que é seguinte: ‘a Boa Nova das culturas indígenas acolhe a Boa Nova de Jesus’. Antes da chegada dos missionários, o Espírito Santo estava agindo a través das semina Verbi, que foram colocadas nos corações dos povos indígenas e nas culturas desta região”. Em relação ao sonho cultural, destaca que “algo novo já começa a acontecer para concretizar o sonho cultural do Papa Francisco. Estamos realizando entre nós, em colaboração com a Rede de Educação Intercultural Bilingue na Amazônia (REIBA), o primeiro núcleo da educação escolar indígena bilíngue com a ajuda da REPAM e dos padres jesuítas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Mauricio López: “O ritmo da Igreja na América Latina tem o selo de Querida Amazônia”

Como “um processo que continua“, é assim que Mauricio López vê os passos dados desde a publicação de Querida Amazônia, a exortação pós-sinodal de um Sínodo no qual o atual coordenador do Centro de Redes e Ação Pastoral do Celam participou de forma muito ativa, em sua qualidade de Secretário Executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). A grande novidade deste processo está na “irrupção de um novo sujeito eclesiológico dos povos, comunidades e da Igreja encarnada na Amazônia”, elemento que, nas palavras de Mauricio López, “continua avançando e dando vida a toda a Igreja e a este território“. Mais do que apenas um documento inspirador, o auditor sinodal enfatiza que “Querida Amazônia acolheu, afirmou e abraçou um programa”. E acima de tudo, ele disse que “esta periferia que irrompeu no centro para ajudar, para iluminar, continua avançando com este programa”. Para Maurício, “há muita vida em movimento na Amazônia, independente da terrível situação pandêmica que continua a atingir, sobretudo, os povos mais vulneráveis, e que reflete precisamente a urgência de novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Neste contexto de pandemia, ele insiste que “percebemos que ainda há uma necessidade imperativa e inegável de transformar a dinâmica eclesial, de continuar a tecer a conversão pastoral”. Por esta razão, ele destaca o papel do Papa Francisco, como alguém que “intui, abraça a história de um caminho já percorrido, afirma-o no momento da renovação eclesial e o projeta para frente”. A partir daí, Mauricio López enfatiza que, “neste sentido, vemos realmente que o processo ainda está vivo, que foi absolutamente decisivo na resposta muito mais profunda, mais testemunhal, profética, eficaz e consensual da Igreja em meio a esta pandemia e com uma visão absoluta de continuar tecendo esta conversão junto com a Igreja regional e com a Igreja universal“. Falando das realizações concretas, ele enumerou algumas delas: “primeiro, a apropriação que muitas comunidades, povos, organizações e órgãos eclesiais fizeram do processo”. A partir daí, ele define Querida Amazônia como “uma carta de amor do Papa para afirmar que suas propostas e vozes são relevantes e, em muitos lugares, algumas das grandes novidades ainda estão sendo refletidas, levadas em conta, incorporadas como propostas pastorais que Querida Amazônia apresenta”. Em segundo lugar, a criação da Conferência Eclesial da Amazônia, a CEAMA, “que é um fruto direto desta experiência do Sínodo e afirmada pela Exortação Apostólica, é agora o instrumento capacitador, em construção, mas já com aprovação canônica ad experimentum do Papa Francisco, para assegurar que, em uma chave estrutural, com uma visão de longo prazo e com uma perspectiva territorial-regional e plenamente eclesial, continuem a ser feitos progressos nestes processos“. No processo de desenvolvimento da CEAMA, ele enfatiza que “comissões e grupos de trabalho estão sendo criados, e alguns deles vêm articulando suas reflexões há algum tempo, definindo um caminho a seguir, e no momento atual, eles continuam a avançar com um planejamento pastoral que está sendo feito para a CEAMA”. Tudo isso focalizou “algumas das questões mais urgentes: a questão da ministerialidade, a questão da formação para essa ministerialidade, os ministérios da mulher, aspectos da espiritualidade inculturada, algumas questões associadas à ecologia integral, o cuidado com a casa comum, questões também associadas às áreas de comunicação, a defesa dos povos, os direitos humanos e, acima de tudo, outros elementos facilitadores, como a criação do rito amazônico, os diáconos permanentes, etc.”. A outra grande novidade, segundo Mauricio López, são “muitas das instâncias que já foram articuladas em torno dos processos de transformação eclesial neste território, tanto eclesial como não“. Aqui se destaca a REPAM, “que desempenhou um papel absolutamente decisivo na escuta e preparação do Sínodo Amazônico, que levou à Querida Amazônia”. Juntamente com ela, CLAR, CELAM, a Cáritas da América Latina e muitas das alianças que estão sendo estabelecidas em termos de articulação com os povos indígenas, como o Fórum Social Pan-Amazônico, como a Aliança Mundial para a Amazônia. São órgãos que “receberam um forte impulso desta Exortação Apostólica para reafirmar suas causas, seus canais, seus processos, suas agendas”, reafirma Maurício. Em sua reflexão, ele ressalta que “a amplitude de visão de Querida Amazônia conseguiu atender aos apelos do território, mas delinear, com a mão corajosa e clarividente do Papa Francisco, o impulso para o futuro porque as mudanças são necessárias agora, progressivamente, mas agora”. Tudo isso acontece “na chave da Igreja, em um ritmo lento, mas concreto, visível e evidente”. Em termos de ecologia integral, “mudanças que precisam ser feitas agora diante da enorme crise ambiental que estamos vivenciando” são reafirmadas. Para Mauricio López, “vimos como todos esses órgãos discerniram desde Querida Amazônia para reorientar suas missões, reafirmar suas missões, afirmar ainda mais as causas da incidência política e continuar a produzir transformações que durante a pandemia, como já expresso, estão agora tendo ainda maior relevância”. Por esta razão, ele não hesita em dizer abertamente que “se não tivéssemos tido a Assembleia do Sínodo Amazônico, o processo de escuta e a Exortação Apostólica, estou absolutamente certo de que a resposta da Igreja à pandemia em articulação com a sociedade e as comunidades teria sido muito mais frágil, mais fragmentada, menos decisiva”. Isto não significa que não tenha sido insuficiente, pois “os irmãos e irmãs que vivem neste território continuam sendo crucificados, assassinados por defender a vida, perseguidos, criminalizados; o desmatamento cresceu incessantemente durante a pandemia, mas a força dos processos também foi investida com a presença do Espírito Santo, graças a esta Exortação Pós-Sinodal que tem agora dois anos”. Falando de mudanças específicas no nível da América Latina e do Caribe, a partir de seu papel no CELAM e de sua destacada participação em todo o processo da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, tanto na escuta, na sistematização das vozes, quanto na metodologia, ele enfatiza que “toda a dinâmica de renovação e reestruturação do CELAM, já aprovada para os próximos dois anos, é explicitamente inspirado pelos quatro sonhos pastorais do Papa na Querida Amazônia, quatro sonhos que vêm do povo de Deus, que refletem a…
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