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Ir. Maria Inês Ribeiro: “Ser profecia, presença, curar, redimir, salvar, libertar, fora disso não há sentido para a Vida Consagrada”

Como uma “experiência de uma escolha de Deus”, assim vê a irmã Maria Inês Ribeiro sua vocação. A presidenta da Conferência dos Religiosos do Brasil, no contexto do Dia da Vida Religiosa, reflete sobre a vida consagrada num momento caótico. A irmã Maria Inês é consciente dos desafios que enfrenta a Vida Religiosa, insistindo na “abertura aonde a vida realmente mais necessita, aonde realmente precisa da presença salvadora, redentora de Deus”. Por isso, ela destaca que a necessidade “de ser profecia, de ser presença, de curar, de redimir, de salvar, de libertar, fora disso não há sentido para a Vida Consagrada”. Diante disso se faz necessário sair do comodismo e buscar o caminho para poder avançar, insiste a religiosa. Também faz um chamado a se envolver no processo sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, lançando uma mensagem de coragem para descobrir “como ser resposta, como ser consagrados no mundo de hoje”.  No dia 2 de fevereiro a Igreja comemora o Dia da Vida Religiosa, um momento que representa uma recordação especial para os religiosos e as religiosas. O que significa ser religioso, religiosa, hoje no Brasil? A vocação religiosa significa um chamado de Deus, a nossa fé nos coloca muito claro que é um chamado de Deus, uma experiência que fazemos do desejo de doar nossa vida aos outros, de uma experiência de fé realmente. Quando eu olho a minha história desde muito criança, adolescente, o desejo que eu tinha era exatamente colocar a minha vida ao serviço dos outros, ser útil, ser servidora, ser servidora daqueles que precisavam. Era muito presente na minha vida, e para muitos de nós também essa experiência de uma escolha de Deus, de um chamado de Deus, para estar a serviço, estar realmente como pessoa escolhida, destinada, reservada. O religioso, a religiosa, é aquele que se reserva para o Senhor e está ao serviço das obras do Reino. Isso é ser religioso hoje, religiosa hoje. A senhora fala de estar ao serviço, ser presença, uma presença que deve ser para todas as pessoas. Mas diante da realidade que o mundo e o Brasil estão vivendo hoje, a vida religiosa hoje tem um desafio especial a ser presença nas periferias, na vida dos vulneráveis? Nós estamos vivendo um momento caótico, um momento de caos, de grande confusão e desordem em nossa humanidade, em nosso Brasil. E essa situação afeta profundamente, tem consequências pastorais, tem consequências espirituais, institucionais, econômicas, sociais, e que também nos deixam como consagrados e consagradas, muito perplexos. Essa situação de pandemia nos colocou a todos meio acomodados, e aqueles que são mais sensíveis, nós ficamos meio vislumbrados e quase sem forças para enfrentar a situação. A vida religiosa hoje está muito desafiada, com os números pequenos que todos temos, diante de tantas situações, envelhecimento, a falta de vocações. Nos deixa assim porque o lugar da vida consagrada, por todas as experiências que nós vivemos, os nossos fundadores e fundadoras, todos eles iniciaram com essa abertura aonde a vida realmente mais necessita, aonde realmente precisa da presença salvadora, redentora de Deus. Nossa fé nos coloca aonde o mundo precisa, nos atira, como foi a presença de Deus no Êxodo, que está vendo esse povo que sofre. Eu vi, e para muitos de nós é também a mesma experiência, nós estamos vendo. E temos, graças a Deus, muitas pessoas empenhadas. Cresce entre nós um desejo muito forte, estamos preparando a assembleia nacional da CRB e nós estamos vendo que precisamos que ressignificar a nossa Vida Religiosa. Não vamos salvar todas as situações do Brasil, mas nós temos que estar muito atentos, muito atentas, aonde realmente é o lugar da Vida Consagrada, é ali que nós devemos responder aos clamores. Se não, não tem sentido a nossa Vida Consagrada. Aí é que carece de olharmos com mais profundidade, por que é que não atraímos mais vocações, porque estamos fugindo a nosso carisma, estamos fugindo a nossa presença profética. Porque comunidades, grupos, congregações, novos grupos que estão surgindo com essa atenção aos mais pobres, pequenos, periferias, eles estão rodeados de pessoas que querem somar com eles, somar com elas, isto é muito visível. Realmente, o lugar da Vida Consagrada é de ser profecia, de ser presença, de curar, de redimir, de salvar, de libertar, fora disso não há sentido para a Vida Consagrada. A senhora fala de certa acomodação da Vida Religiosa neste tempo de pandemia. De cara ao futuro, quais são os desafios e os novos caminhos que a pandemia está colocando para a Vida Religiosa no Brasil? A gente sente uma certa acomodação, primeiro é o próprio receio, porque nós temos na Vida Consagrada uma porcentagem mais numerosa de pessoas mais vividas, de pessoas envelhecidas. O desafio está em redefinir, rever nossas obras, atividades, carismas. Nós vamos viver daqui para frente como Vida Consagrada um desafio muito grande, não só em desaparecimento de grupos, com muitos grupos em Brasil que estão terminando seus dias. Outros, mesmo pequenos, estão entusiasmados no sentido de retomar o carisma, de rever realmente a sua presença, esse é o grande desafio para a Vida Consagrada no momento. Alguns acham que é um fenómeno passageiro, outros estão empenhados e estão realmente querendo resinificar para sermos sinais do Evangelho, da presença de Cristo no mundo, do serviço apostólico, significativo para os irmãos e irmãs que mais precisam de nós. O problema que nós vemos é que não está só no individuo, está na instituição, nós estamos vendo as vezes muitas das nossas instituições, ainda muito preocupadas com a manutenção das obras. Obras educacionais, mas muitas estão perdendo o chão pela concorrência de inúmeras escolas particulares. Há pouco tempo um bispo me disse de sua preocupação porque na sua diocese tinham fechado duas escolas católicas. A resposta que eu dei para o bispo foi que essas irmãs poderiam ir para a periferia e ver as crianças que estão sem escola, talvez recomeçar lá, como fez a sua fundadora, como fez o seu fundador. E vai vir os recursos para recomeçar com…
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Santarém: 50 anos do Vaticano II da Amazônia

O Concilio Vaticano II marcou decisivamente a vida da Igreja, especialmente na América Latina, o continente que se empenhou em trazer para a realidade local as reflexões do último concilio na história da Igreja. Medellín pode ser considerado o Vaticano II da América Latina, e na mesma linha, Santarém poderia ser visto como o Vaticano II da Amazônia brasileira. Em 2022 é comemorado os 50 anos do IV Encontro Pastoral da Amazônia, realizado de 24 a 30 de maio de 1972, lembrando as palavras do Papa Paulo VI, quem disse que “Cristo Aponta para a Amazônia”, que levo a Igreja da região a buscar as Linhas Prioritárias da Pastoral da Amazônia. Foi o encontro que reuniu a grande maioria dos prelados da Amazônia Brasileira, que o Documento, assinado por 26 bispos e administradores diocesanos, considera “homens sensíveis aos problemas e aspirações dos homens e dos grupos humanos que ocupam o espaço amazônico”. Eles ressaltaram elementos que hoje, 50 anos depois, continuam vigentes, destacando a simplicidade, espontaneidade, fortaleza e religiosidade presentes numa região com uma cultura vinculada à amplitude da natureza. Em 1972, os bispos já alertaram sobre as limitações e perigos da realidade da Amazônia, intuindo problemáticas que com o tempo foram se acentuando. Nessa conjuntura, a Igreja da Amazônia optou por “quatro prioridades e por quatro séries de serviços pastorais, à luz destas duas diretrizes básicas: Encarnação na realidade e Evangelização libertadora”. A Encarnação na realidade é fruto do conhecimento e convivência com o povo, e queria levar a elementos que depois foram retomados: “superar todo paternalismo, todo etnocentrismo, todo modelo importado, pré-fabricado ou artificial de vida”. Mas também se torno ponto de partida da Evangelização libertadora, sem dicotomias, atenta “aos sinais de lugar e do tempo, das culturas e dos grupos, da natureza e do homem”, que busque conscientizar para a libertação do homem. Dai surgiram propostas de formação de agentes de Pastoral, numa Igreja ministerial, para sacerdotes, vida religiosa e leigos, fundamentada na realidade local, visando a ação e o trabalho em equipe, sempre em contato com suas comunidades locais. Também foram propostas as matérias que deveriam fazer parte dessa formação, insistindo na reciclagem dos agentes. No Documento de Santarém se fala da criação de Comunidades Cristãs de Base como “um dos objetivos primários da Pastoral Amazônica”. Seguindo o modelo de Medellín, são vistas como “o primeiro e fundamental núcleo eclesial” e como elemento fundamental para transformar o tipo tradicional de Paróquia. Assim aparece a proposta de “comunidades ambientais de base, como fermento no meio da massa”, para as cidades, superando as desobrigas nas zonas rurais e buscando que a comunidade “seja o fator propulsor do desenvolvimento integral do homem como sujeito de sua promoção”. Ao falar da Pastoral indígena, afirma que “a Igreja na Amazônia, sem favor algum, tornou-se historicamente a maior responsável pelo índio”, relatando os perigos que ameaçavam os povos indígenas. O CIMI, criado pouco tempo atrás foi apresentado como nova perspectiva de trabalho, insistindo na necessária colaboração entre as Igrejas da Amazônia e o Conselho Indigenista Missionário. Santarém abordo a pastoral nas estradas e outras frentes pioneiras que estavam surgindo na época, apresentando as problemáticas que estavam aparecendo. Por isso, insistiu na necessidade de agentes bem preparados para acompanhar essas realidades, propondo alguns elementos a serem considerados. Também sugere encontros em diferentes níveis, assim como formação de agentes nos Institutos de Pastoral, que devem buscar “desenvolver um esforço sério e sistemático de reflexão, pesquisa e documentação sobre a realidade sociológica e a situação do homem amazônida”. Junto com isso foi abordada a questão dos Meios de Comunicação Social, insistindo “a necessidade de a Igreja estar presente nos meios de comunicação social”. Santarém nos mostra a capacidade de olhar o futuro com perspectiva assumido pela Igreja da Amazônia 50 anos atrás. A história tem demostrado que foi um momento que ajudou a fazer realidade, a partir dos sinais dos tempos, uma Igreja com rosto amazônico, comprometida na defesa da vida e dos povos que dela cuidam. Conhecer e aprofundar no Documento continua sendo um desafio que não pode ser deixado para trás. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

70 lideranças da Diocese de São Gabriel da Cachoeira aprofundam no conhecimento da Bíblia e da Eclesiologia

A formação de lideranças sempre foi um desafio para a Igreja da Amazônia, que se tornou ainda maior depois do Sínodo para a Amazônia. Sempre buscando uma maior presença como Igreja nas comunidades, aos poucos estão sendo dados os passos que ajudam a fazer realidade esse propósito. Na Exortação pós-sinodal, refletindo sobre o debate em torno à ordenação de ministros locais, Querida Amazônia diz que “não se trata apenas de facilitar uma presença maior de ministros ordenados que possam celebrar a Eucaristia. Isto seria um objetivo muito limitado, se não procurássemos também suscitar uma nova vida nas comunidades. Precisamos de promover o encontro com a Palavra e o amadurecimento na santidade por meio de vários serviços laicais, que supõem um processo de maturação – bíblica, doutrinal, espiritual e prática – e distintos percursos de formação permanente”. É uma formação que pretende estabelecer um diálogo com as culturas locais, um caminho que em algumas dioceses foi iniciado décadas atrás, mas que agora está sendo incentivado com maior força, buscando avançar na interculturalidade. Na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, que tem a maior porcentagem de população indígena do Brasil, sempre houve missionários que se empenharam em assumir na caminhada das comunidades a riqueza das culturas locais, a través de cantos, ritos, línguas, que foram introduzidos na liturgia e nos processos de formação. Em continuidade com essa caminhada, está acontecendo o segundo módulo da Escola de Formação de Lideranças, que de 17 a 29 de janeiro reuniu cerca de 70 lideranças das 11 paróquias da diocese. Uma iniciativa fruto da Assembleia Diocesana, que busca oferecer formação teológico pastoral para as lideranças das diversas comunidades de todo o território da diocese. Se fizeram presentes representantes de 9 dos 23 povos que habitam a Diocese de São Gabriel da Cachoeira. Na primeira semana, de 17 a 21 de janeiro, os participantes aprofundaram no conhecimento do Novo Testamento, com a assessoria do biblista Mauricio Sete, sacerdote missionário Fidei donum da diocese de Módena, pároco da Catedral de São Gabriel da Cachoeira. Foi momento para estudar os evangelhos, fazendo uma introdução a cada um dos evangelhos e se centrando na figura da Virgem Maria, aprofundando assim em questões relacionadas com a Mariologia. A partir do dia 24 de janeiro, iniciaram a etapa da Eclesiologia, acompanhados pelo padre Zenildo Lima, reitor do Seminário Arquidiocesano de Manaus, onde se formam os seminaristas dos Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do qual faz parte a diocese de São Gabriel da Cachoeira. Segundo o padre Zenildo, “as reflexões sobre a Eclesiologia retomam toda a caminhada da Igreja enquanto participante da história da salvação”. O assessor afirma que foram abordadas “as principais ideias eclesiológicas a partir do Concilio Vaticano II, perpassando Medellín, Puebla e a Conferência de Aparecida. Da mesma forma, as inspirações da Evangelii Gaudium e do Sínodo da Amazônia”, onde o padre Zenildo participou como auditor da Assembleia Sinodal. O encontro tem sido uma ocasião de aprofundar o Documento com as Diretrizes Pastorais do Regional Norte 1 aprovado em última assembleia, que segundo o reitor do Seminário de Manaus, “também apresenta a identidade da Igreja da Amazônia”. Também houve oportunidade para os participantes se envolverem no processo de escuta do Sínodo sobre a Sinodalidade. No encontro se fez presente Carlo Krieger, embaixador do Luxemburgo no Brasil em visita a São Gabriel da Cachoeira. Segundo Dom Edson Damian, “ele quis conhecer a realidade da nossa diocese, por ser a mais indígena do Brasil”, ficando “encantado com tudo aquilo que ele viu, se sentindo à vontade no meio dos nossos povos indígenas”. Para o bispo local, “foi uma visita de dois dias, mas carregada de um sentido muito grande”, do representante diplomático de um país, que segundo o embaixador caberia mais ou menos 100 vezes no território da diocese mais extensa do Brasil, com 294 mil quilómetros quadrados. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dia de Combate ao Trabalho Escravo: denunciar para recuperar o direito a viver

O combate ao trabalho escravo deveria ser uma prioridade no Brasil, algo que a gente sabe não é bem assim. Tem gente que se empenha nisso, inclusive tem gente que já morreu combatendo uma realidade que deveria estar desterrada do país. Em 28 de janeiro de 2004, 3 auditores fiscais do Trabalho foram assassinados em fazendas da região de Unaí (MG). Em homenagem a eles, foi criado em 2009 o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, celebrado em 28 de janeiro. Estamos diante de uma data que deve levar à sociedade brasileira a tomar consciência da necessidade de se envolver nesse combate, em todos os níveis, poder público e sociedade civil organizada. No mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 40 milhões de pessoas são vítimas do trabalho escravo contemporâneo. Pessoas que são vistas como mercadoria ao serviço de uma economia que mata, que impede as pessoas realizar sonhos, construir com seu esforço uma vida melhor para elas e para suas famílias. O trabalho escravo é uma realidade mais presente em pessoas vulneráveis. A ameaça do desemprego, da fome, o desespero diante do sofrimento próprio e das pessoas mais próximas, fazem com que essas pessoas se tornem com maior facilidade alvos das redes de tráfico humano. Existem regiões e coletivos no Brasil onde isso sempre foi uma realidade presente, mas com a pandemia da Covid-19, que aumento exponencialmente o desemprego e a fome, tem se tornado uma ameaça ainda maior. Em 25 anos, de 1995 a 2020, no Brasil foram resgatados mais de 55 mil trabalhadores e trabalhadoras pelas entidades de combate ao trabalho escravo. Um número que de fato não contempla a verdadeira realidade, ainda mais nos últimos anos, que a pandemia, como a gente já falou, se junta ao desmonte dos órgãos de fiscalização, incentivado por um governo que vê os Direitos Humanos, e qualquer tipo de direito, como privilegio e não como direito de todos os brasileiros e brasileiras. Também não ajuda o olhar para o outro lado, uma atitude presente em muita gente, algo motivado por diferentes fatores. Tem gente que sabendo não denuncia por medo, outros porque concordam e justificam esse tipo de situações, ou simplesmente por desinteresse e falta de empatia com o sofrimento alheio, atitude que podemos considerar dominante numa sociedade onde o salve-se quem puder está se tornando norma de comportamento. Pensar em escravidão não é se imaginar histórias do passado, de africanos que chegaram por milhões nas costas brasileiras e acorrentados eram vendidos. Essa página tétrica na história da humanidade continua vigente, de modo diferente. O agronegócio, as fábricas clandestinas de roupa, e tantas outras realidades continuam acorrentando muitos homens e mulheres com grilhões invisíveis, mas que amarram firmemente as pessoas. O grande desafio é denunciar e exigir a atuação firme e decidida dos órgãos de combate ao Trabalho escravo. Sem consciência social se torna mais difícil dar os passos na erradicação de uma realidade que degrada a condição humana, que questiona o grado de humanidade de uma sociedade muitas vezes desumana. Não duvide, denuncie, esse é o caminho para mudar a realidade, para garantir a liberdade de todos e todas! Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Walmor: “Um cristianismo que se baseia na teologia da prosperidade é um cristianismo torto”

Estudos recentes mostram que na América Latina, sobretudo no Brasil está se dando a passagem do catolicismo ao pentecostalismo, um debate abordado na entrevista de Dom Walmor Oliveira de Azevedo a Rádio Vaticano-Vatican News. Segundo o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), esse “é um movimento já de décadas”, que define como “uma grande transformação cultural e religiosa”. Mesmo assim, o arcebispo de Belo Horizonte vê necessário uma análise mais profunda, dado que “é um tema importante e fundamental no trabalho evangelizador”. Estamos diante de “um movimento no trânsito religioso, de ida maior, mas também de retorno”, insiste Dom Walmor. Afirmando que é um tema que está sendo estudado e que provoca preocupação, “a preocupação não é simplesmente na perspectiva do número”. Os bispos do Brasil, segundo seu presidente, “queremos que o Brasil seja cristão, católico de modo especial”, dizendo com todo respeito que “há um crescimento pentecostal a partir de um cristianismo torto”, enfatizando a necessidade de “propor o cristianismo na sua autenticidade”. O arcebispo de Belo Horizonte foi relatando o que seria um cristianismo torto: “um cristianismo que se baseia na teologia da prosperidade é um cristianismo torto. Um cristianismo que não se baseia na solidariedade universal e na fraternidade é um cristianismo torto. Um cristianismo que não olha a experiência profunda de se debruçar sobre os pobres e sofredores, é torto. Um cristianismo que não projeta luzes numa reorganização da sociedade é torto. Um cristianismo que também não devolve esperança e alegria de viver numa fé profunda é torto”. Segundo o presidente da CNBB, “o Brasil e a América Latina têm diante de si o desafio de ser cristão”. Para isso insiste em que “no centro da experiência cristã, evangélica ou católica, há o tema o tema da autenticidade”. Ele coloca como grande trabalho a fazer, “que muitos vivam a experiência, a fé cristã católica”, algo que vê como “um enorme desafio e que a CNBB como serviço à Igreja no Brasil, tem como tarefa primordial”. Para isso, se faz necessário novas respostas, “a partir das Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”. Seguindo a riqueza da tradição da Igreja no Brasil, o presidente do episcopado coloca como desafio, “uma mudança de mentalidade, de jeito de ser, de dinâmica missionária”, insistindo na importância “do modo de ser na experiência de fé daqueles que são missionários e missionárias”. Enfatizando que a Igreja no Brasil tem horizonte e rumo, diz que “nós precisamos é fortalecer uma grande experiência de fé”. Dom Walmor relatou a resposta dada no início do século diante de uma pergunta sobre o grande desafio para a Igreja no terceiro milénio, quando ele disse que “o grande desafio é a fé como experiência”. Segundo o arcebispo de Belo Horizonte, “não é a fé apenas como conservação intelectual, racional e doutrinal”. Destacando a importância do tesouro de mais de dois mil anos que a Igreja carrega, insistiu em que “o grande desafio é exatamente uma fé como experiência, uma experiência que toque a vida das pessoas”. Além da organização, da gestão, se faz necessário “uma promoção na rede de comunidades, na vida de todas as nossas igrejas particulares, no modo de ser de cada ministro, uma experiência de fé que seja autêntica, que toque corações, que responda às demandas”. Por isso, ressaltou mais uma vez que frente ao pentecostalismo ou o ateísmo, a Igreja deve insistir em que “a fé é uma experiência, uma experiência que responde às demandas que nós todos, seja qual for a nossa cultura e, a nossa condição, estamos à procura”. O desafio é “encontrar nesse caminho respostas para que as pessoas vivam a fé como experiência”, encerrou Dom Walmor. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Alexandre Costa: “Necessidade de colocar na urna e nas ruas a pauta em defesa da Amazônia”

Os desastres naturais que estão acontecendo no Brasil nas últimas semanas, eles têm a ver com as mudanças climáticas, segundo nos relata Alexandre Costa, professor da Universidade Estadual do Ceará. Doutor em Ciências Atmosféricas, ele trabalha há cerca de 20 anos com as questões climáticas. Nesta entrevista, um dos autores principais do Primeiro Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, que tem um projeto de divulgação científica voltado para a divulgação das ciências do clima, nos ajuda a entender quem está contribuindo para que tudo isso aconteça. Diante de tanta desinformação, muitas vezes auspiciada pelo poder económico e político, a sociedade é chamada a tomar consciência da gravidade da situação. Alexandre Costa considera o Papa Francisco como um dos grandes aliados nesta luta em defesa do meio ambiente, da Casa Comum. Uma luta que deve ser assumida no campo da política, onde chama a eleger àqueles que tem a defesa do meio ambiente como agenda prioritária. O Brasil está vivenciando nas últimas semanas, mas é algo que acontece quase todos os anos, muitas enchentes em diferentes regiões do país, e ao mesmo tempo secas em outras regiões, cada vez mais prolongadas e que cada vez tem consequências mais graves. Qual a leitura diante desses fenómenos que estão acontecendo cada vez com maior frequência no Brasil e no mundo? Existe uma variabilidade natural do sistema climático. Isso é bem conhecido, a alternância de eventos, de “El Niño, la Niña”, modificam o comportamento do sistema meteorológico, mas é preciso a gente colocar de uma forma muito nítida para todo mundo, que o comportamento de uma atmosfera, hoje com 415 partes por milhão de CO2, é um comportamento muito diferente de uma atmosfera com 280 partes por milhão, como no período pré-industrial. Basicamente, a atmosfera aquece devido a uma relação física bastante simples que existe entre temperatura e pressão de vapor de saturação do vapor d´água, ou seja, a quantidade de vapor d’água que existe no Planeta. Quando o Planeta aquece, a atmosfera se torna capaz de armazenar mais vapor d´água, e aí a gente passa a ter um binômio de eventos extremos associados com essa mudança de comportamento. Se a atmosfera, ela requer uma maior quantidade de vapor d´água para saturar, ela vai extrair mais água da superfície, e aí nós temos maiores taxas de evaporação e evapotranspiração, termina o nível dos reservatórios hídricos baixando mais rapidamente, a humidade do solo baixando mais rapidamente. Você coloca um estres maior sobre a vegetação, porque as taxas de transpiração aumentam, tanto vegetação natural quanto culturas agrícolas, e aí você vai tendo secas mais intensas, mais duradouras. A perda acelerada de humidade do solo e de ressecamento da vegetação facilita aumentos de calor severo e os incêndios florestais. De outro lado, por ser agora um reservatório maior de vapor d´água, uma vez que esse vapor d´água se condense e comece a produzir nuvens, você tem matéria prima a mais para produzir chuvas muito intensas e muito concentradas, furacões mais intensos. Esse binômio de eventos extremos, de seca de um lado e do outro chuvas muito intensas, tempestades severas, esses fenómenos vão se intensificando com uma causa comum, que é justamente o aquecimento global e o consequente aumento da quantidade de vapor d´água. Há muitos anos a minha comunidade científica vem alertando, o aquecimento global não é simplesmente você subir a temperatura, isso está longe de ser a principal questão. A principal questão é o conjunto de alterações generalizadas do sistema climático, inclusive a mudanças das estatísticas de eventos extremos, que se tornam mais intensos e mais frequentes. O senhor fala sobre uma proposta científica, sustentada em longos anos de estudo e em fatos aceitos por uma grande maioria da população, mas que cada vez encontra mais oposição em determinados grupos políticos e económicos no Brasil. Como ajudar a tomar consciência dessas propostas científicas, mas que muitas vezes, motivados por interesses económicos e políticos, esses grupos estão querendo combater? O importante é a gente entender que o fenómeno do negacionismo, ele não é de agora. As pessoas se surpreenderam do negacionismo da pandemia, mas a gente que lida com a questão climática, já tem enfrentado a questão do negacionismo climático há muito tempo. Na realidade, as grandes petroquímicas, a indústria de combustíveis fosseis, em particular as petroquímicas dos Estados Unidos, com destaque para a Esso, mas o conjunto delas, representadas pelo Instituto Americano do Petróleo, já sabiam, pelo menos desde final da década de 70, que a continuidade do uso de combustíveis fosseis, iria produzir radicais, mudanças perigosas, a elevação da temperatura, a perda de massa nas regiões polares, a elevação do nível dos mares. Isso já era amplamente conhecido. Em 1978, a Esso, ela mesma fez estudos sobre isso, que confirmava o que as ciências do clima começavam a apontar. Depois, a única coisa que eles fizeram foi financiar o negacionismo, reclutar pessoas do meio académico, da empresa, da política. Tem um documento inclusive dos anos 90, da chamada Global Planet Coalition, que se tornou público e que diz muito claramente que eles só iriam conseguir a vitória se conseguissem fazer com que a população em geral passasse a perceber incertezas nas ciências do clima, quando políticos passassem a aderir a agenda deles, quando a cobertura de imprensa defendesse um equilíbrio entre a ciência e explicações alternativas, e quando os defensores do protocolo de Kyoto fossem vistos pela sociedade como pessoas fora da realidade, alarmistas, catastrofistas exagerados. No caso do Brasil, isso foi adotado pela bancada do agronegócio, a gente tem picaretas, pilantras negacionistas, que vem do meio académico e que são fortemente bancados pelo agronegócio. A tragedia, primeiro nos Estados Unidos com Trump, depois no Brasil com Bolsonaro, é que o negacionismo chegou ao poder político. Se as agendas já eram insuficientes, a chegada ao poder desses governantes negacionistas, compromete seriamente o tipo de mudança profunda e rápida que estamos precisando. Fazer uma transição energética que nos livre dos combustíveis fosseis e zerar o desmatamento, e rever nossas práticas agropecuárias e seus efeitos. A próxima…
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“Não se pode aceitar a campanha de sabotagem em torno da vacinação pediátrica”

A vacina das crianças tem gerado uma nova polémica na sociedade brasileira, num país que infelizmente se tornou referência mundial de más práticas no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Diante disso o Pacto pela Vida e Pelo Brasil acaba de lançar mais um comunicado onde afirma que “é urgente pensar com lucidez, responsabilidade e profundo sentido ético” em milhões de crianças e adolescentes brasileiros. O texto mostra a “necessidade de imunização da população infanto-juvenil, como já vem ocorrendo em vários países”. Por isso, os presidentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), denunciam que mesmo sabendo que “a vacinação teria que chegar às crianças”, o que aconteceu foi que “mais uma vez armou-se o circo da insensatez no Brasil, buscando semear o tumulto e afastar o país do seu destino”. Os assinantes denunciam a tentativa de “minar a confiança dos pais diante do que é correto e inadiável fazer”, criticando as manobras para desacreditar as vacinas, com declarações infundadas, evitando assim o que “é correto e inadiável fazer: vacinar as crianças, garantindo-lhes proteção diante de um agente infeccioso grave”. O texto coloca em destaque o histórico reconhecimento internacional ao Brasil “pelo seu programa de imunização”. Diante disso, insistem em que “hoje não se pode aceitar a campanha de sabotagem em torno da vacinação pediátrica, no curso de uma pandemia ainda longe de ser controlada, desprezando o direito à vida e à saúde de uma faixa etária com cerca de 69 milhões de brasileiros”, algo inaceitável “no país que, tristemente, tornou-se um dos recordistas de mortes por Covid no planeta – cerca de 622 mil óbitos até o momento, boa parte deles evitável”. Desde o Pacto pela Vida e pelo Brasil se denuncia que “o Brasil pouco ou nada aprendeu nesses mais de dois anos de luta contra o vírus”. Uma prova disso são as “declarações enganosas de autoridades do governo, na contramão do que tem sido feito pela autoridade sanitária”. O texto denuncia a falha como Nação, que se tenha aberto mão de compromissos éticos e retrocedido no tempo. Diante disso destaca que a sociedade brasileira, ela “escuta o que diz a ciência e assim defenderá o direito à vacina infantil, contra o SARS-CoV-2”. Diante disso, conclamam “governadores e prefeitos a não poupar esforços para que a imunização pediátrica avance rapidamente pelo país, em grandes mutirões, alcançando todas as crianças, e sem esquecer jamais das que vivem em condição de vulnerabilidade”. O mesmo chamado faz às mães, pais, familiares e professores a exigir “o futuro dos mais jovens”, e a toda a sociedade a “formar conosco um cinturão de lucidez no enfrentamento da pandemia, que esperamos ver superada”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Arquidiocese de Manaus e Prelazia de Itacoatiara lançam orientações diante da nova onda da Covid

Diante da nova onda da Covid e o alto impacto que está tendo no Estado do Amazonas, a Arquidiocese de Manaus e a Prelazia de Itacoatiara lançaram orientações a ser seguidas diante da nova situação. Dom Leonardo Steiner, agradece em sua mensagem (ver aqui) pelas atitudes dos diferentes membros da Igreja neste tempo de pandemia, sendo “presença de ânimo, de solidariedade e de misericórdia”. Diante da nova onda determinou que a ordenação diaconal marcada para o dia 12 de fevereiro próximo na catedral, seja adiada. Junto com isso pede para que seja orientada a participação nas celebrações das pessoas já vacinadas, e que sejam respeitas as Orientações do Governo do Governo. Junto com isso devem ser guardados os protocolos de distanciamento, uso de máscara e higienização. O preceito dominical pode ser observado em uma celebração da semana, e as pessoas impossibilitadas, participem das celebrações pela TV e pelos outros meios de comunicação. Por sua parte, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, determinou a suspensão das atividades nas paróquias da Prelazia até 6 de fevereiro de 2022, tanto as celebrações dos sacramentos, inclusive as missas, como as reuniões, formações, encontros, e todas as atividades. Junto com isso, foi determinado o adiamento, por tempo indeterminado, da 19ª Assembleia Pastoral da Prelazia, prevista de 11 a 13 de fevereiro. O comunicado insiste na importância da vacina, pedindo aos católicos não disseminar informações contrárias à vacinação. Também pede que as paróquias façam o possível para transmitir as celebrações da Eucaristia. O trabalho nas secretarias será determinado de acordo com a realidade de cada paróquia. Finalmente se pede a intercessão dos padroeiros e padroeiras “pela aceleração do processo de Vacinação e pelo crescimento da consciência de nossa responsabilidade no combate desta pandemia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Vacina para crianças: a ideologia nunca pode estar acima da vida

A pandemia tem nos mostrado atitudes que durante muito tempo ficaram disfarçadas, mas que diante da crise foram aparecendo. São situações que tem que nos levar a refletir como sociedade, a avaliar o modelo civilizatório que está sendo construído, onde o povo confia mais na opinião de algumas pessoas do que no trabalho científico, avaliado por anos de estudo e trabalho. A ciência permitiu superar doenças que ao longo de muitos anos mataram muitas pessoas, doenças que hoje são quase inexistentes, pois as vacinas fizeram com que elas fossem superadas. Isso foi fruto do esforço de cientistas, que dedicaram sua vida a possibilitar que muitas vidas pudessem ser salvas. A vacina contra a Covid-19, a pandemia que já matou mais de cinco milhões quinhentas setenta e duas mil pessoas, mais de seiscentas e vinte um mil no Brasil, tem sido motivo de polémica em muitos países, sendo o Brasil um dos países que isso gerou mais divisão e enfrentamento, muitas vezes por questões ideológicas e não por questões sanitárias. O baixo número de vacinados, que muitas pessoas veem como consequência do incentivo do poder público, numa tentativa de evitar destinar recursos públicos àquilo que a Constituição garante, uma saúde de qualidade para toda a população, coloca em risco a saúde de todo mundo, pois a menos vacina, a possibilidade de contagio e a gravidade da doença aumentam. Tentar dificultar a vacina de crianças é a nova estratégia, uma atitude daqueles que querem tampar o sol com a peneira, quando na verdade a vacina das crianças contra todo tipo de doenças, ainda mais no Brasil, é algo que faz parte da sociedade brasileira há décadas, salvando a vida de muitas crianças ao longo destes anos. O incentivo da vacina, também das crianças, tem sido uma cobrança e um incentivo da Igreja católica desde o início da pandemia. O Papa Francisco, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e grande parte da Igreja católica tem apostado na defesa da vida, insistindo em superar ideologias que geram morte, dor e sofrimento em muita gente, ideologias que infelizmente são apoiadas por pequenos grupos de católicos, ou que se dizem tais, indo contra aquilo que o Papa e os bispos do Brasil defendem. Nossa sociedade deve refletir, se questionar e fazer escolhas claras. Não dá para ficar acima do muro, para estar com Deus e com o diabo, para não apostar decididamente na defesa da vida. Nestes dias em que o número de contagiados e de mortes está aumentando no Brasil e no mundo de modo alarmante, somos chamados a nos posicionarmos claramente em favor da vida. Crer em Deus deve nos levar a isso, a defender a vida sempre, a lutar contra aqueles que colocam interesses pessoais, políticos, econômicos, ou do tipo que for, acima dessa defesa da vida. É tempo de tomar posição e dizer abertamente que a vida, especialmente dos pequenos, está acima de tudo, também das ideologias que matam. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Sônia Gomes de Oliveira: “Não podemos nos furtar de caminhar nesse processo da sinodalidade que o Papa tanto nos chama”

O Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) acaba de lançar a “Agenda Formativa em Defesa da Vida do ano de 2022”. A presidenta do CNLB, Sônia Gomes de Oliveira, em entrevista, nos fala sobre os passos a serem dados pelo laicato brasileiro para caminhar em direção a uma Igreja sinodal, em saída para as periferias, a serviço da vida. A Agenda, com 131 páginas, tem sido disponibilizada em formato virtual (ver aqui), mas também pode ser impressa. Distribuída nos 12 meses do ano, apresenta textos, imagens, reflexões e testemunhos, que podem ser usados por cada grupo para seu trabalho e reflexão, segundo insiste a presidenta do CNLB. Qual a importância da formação do laicato para assumir a proposta do Papa Francisco de ser uma Igreja sinodal, uma Igreja em saída, uma Igreja que se faz presente nas periferias? Na verdade, a proposta é trazer o laicato para assumir o seu protagonismo enquanto batizados, entendendo o seu papel fora da Igreja, seu papel de testemunha nessas realidades onde ele vive, e que é isso que o Papa Francisco tem nos chamado. Por que o leigo é aquele que está nesse chão, aquele que está nessa realidade, e por isso ele tem que viver essa realidade. Por isso que nós ao elaborarmos esta Agenda Formativa, ao pensarmos esta agenda a partir do olhar, do trabalho, da visão e da espiritualidade que o Papa Francisco tem nos trazido, com esse olhar da sinodalidade, é que nós queremos trazer o laicato para entender esse chão que ele está, este processo que o Papa Francisco tem nos chamado, para que nós tenhamos um laicato maduro, um laicato que consiga entender a realidade onde ele está, o chão onde ele está, e possa testemunhar a partir desta realidade onde ele está para que ele possa viver realmente esse testemunho de onde ele vive. A Agenda Formativa é interativa e vai refletindo cada mês sobre momentos importantes na vida da Igreja e da sociedade. A partir dessas temáticas e dos testemunhos que aparecem recolhidos em cada um dos meses, como ajudar o laicato a ter esse olhar para fora do templo, para a sociedade, como se posicionar na defesa da vida fora do templo? Justamente nesse sentido que nós queremos. A Agenda é uma forma de contribuir para que o laicato tenha um subsídio. Muitas vezes se fala que não se tem como preparar uma reunião, o que refletir. A Agenda é um subsídio que nós damos para que na reunião mensal ter o que refletir, trazendo realidades de Norte a Sul do país, daquilo que o Papa Francisco tem nos convocado, realidades sociais, como a Semana Social Brasileira, Semana dos Pobres, com testemunhos de cristão leigos e leigas, de bispos, de padres que estão aí, que dão a vida pela nossa Igreja. Nós não nos furtamos de mostrar um rosto de uma Igreja que, a partir de Jesus Cristo é presente e que dá um testemunho do Evangelho, a partir de uma encarnação. Nós queremos que o laicato possa ter na sua vida diária, na sua formação, a partir do seu encontro mensal, uma sugestão que nós damos para que eles possam estar fazendo essa sintonia com o que a Igreja do Brasil está refletindo, mas o que as nossas periferias, a nossa realidade social está apontando. Este ano para nós é desafiador. É um ano que nós temos a Semana Social, é um ano que estamos discutindo a democracia do nosso país, e nós precisamos que o nosso laicato tenha clareza, que é um ano de eleição e nós precisamos ter clareza que somos chamados a testemunhar dentro da política, que é um dos campos específicos para a atuação dos cristãos leigos. A Agenda aponta muito isto para nós, e nós queremos muito pautar isto na nossa Agenda. Qual a proposta do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro para que esse trabalho seja realizado nos grupos, nas bases, ao longo de 2022? Ao longo de 2022, além de esta Agenda que a gente quer propor para o ano todo, nós temos a nossa Assembleia anual, que é uma assembleia eletiva, e que nós vamos fazer uma recuperação da Assembleia Eclesial. Nessa Assembleia Geral Ordinária, nós vamos a estar recuperando um pouco, trazendo esse olhar. Uma das propostas centrais que nós queremos trazer para nossa Assembleia Geral Ordinária, é “Sinodalidade e missão: Cristãos leigos e leigas em saída para as periferias”. Esse é o tema central para nós cristãos leigos nesse ano, entender que somos chamados para uma Igreja em saída, e como leigos e leigas, é as periferias o campo nosso. Isso, porque nós queremos continuar nessa sinodalidade, mas também pensando que o campo específico de missão nosso são as periferias, e em sintonia com a Assembleia Eclesial e o Sínodo que o Papa tanto está nos chamando. Não podemos nos furtar de caminhar nesse processo da sinodalidade que o Papa tanto nos chama. Fala sobre a sinodalidade, uma prioridade da Igreja universal para 2022 e 2023. Como esta Agenda Formativa pode ajudar a Igreja do Brasil, especialmente o laicato, a se envolver neste Sínodo sobre a Sinodalidade? O que nós queremos agora é uma divulgação maior, nós queremos que cada presidente regional possa divulgar isto no seu Regional, na sua diocese, os parceiros que nós temos em cada diocese, e chegar no grupo mais simples que tiver, e que a gente possa conseguir estar fazendo essa reflexão. O nosso material, ele está muito em sintonia com aquilo que a Igreja do Brasil traz, com aquilo que o Papa Francisco tem apresentado, com aquilo que as nossas pastorais, os nossos movimentos, os nossos organismos da Igreja têm apresentado. O Conselho de Leigos não é um organismo que está fora daquilo que a Igreja do Brasil tem pensado. Uma forma de sinodalidade, de colegialidade, que nós também queremos contribuir com esta Igreja universal, com esta Igreja do Brasil e com esta Igreja da América Latina, para nos vivenciarmos tudo aquilo que o nosso Papa tem…
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