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Dom Cláudio Hummes: “Concretizar a sinodalidade do processo como metodologia eclesial”

Retomar e implementar as tarefas da CEAMA para 2022, “em favor da missão da Igreja na nossa querida Panamazônia”. Este foi o objetivo da mensagem (veja aqui) em vídeo lançada pelo Cardeal Claudio Hummes, presidente da entidade. Em um caminho legitimado e iluminado pelo Sínodo para a Amazônia e seus documentos norteadores, assim como pela criação e reconhecimento canônico da CEAMA, o cardeal brasileiro chama a “caminhar juntos, respeitando as nossas legítimas diferenças, e mantendo-nos em rede entre nós e em comunhão jubilosa e real com nosso querido Papa Francisco“. Para o presidente da CEAMA, a sinodalidade deve ser a metodologia eclesial, na qual todos participam, procurando ser uma “Igreja em saída“, que “derruba os muros e constrói pontes para chegar e escutar a todos, com prioridade aos pobres”, insistindo em alcançar os povos indígenas e com eles buscar os avanços necessários. O Cardeal Hummes chamou a “socializar o que cada comunidade está fazendo e inspirar as demais em seu próprio trabalho“, lembrando a necessidade de “elaborar e pôr em prática um Plano de Pastoral de Conjunto”, algo que já está sendo feito e que “quer tornar real uma pastoral missionária de uma Igreja que visa não somente as comunidades e pessoas humanas, mas toda a criação, a natureza, numa ecologia integral”. Dom Cláudio também fez um chamado a assumir a preservação do meio ambiente e que “procuremos desenvolver o espírito e a prática sinodais” nas comunidades. O presidente da CEAMA enfatiza a urgência de treinar futuros pastores indígenas ordenados e incentiva os bispos a avançar no caminho da inculturação da fé. O cardeal Hummes também assinalou outras necessidades, tais como a criação de uma Universidade Católica Pan-Amazônica, insistindo no apoio do CELAM e da REPAM. Finalmente, Dom Cláudio enfatizou a importância do trabalho diário nas comunidades locais, insistindo que “é ali que se deve escutar as bases e com elas elaborar e realizar concretamente o básico do que nos pede todo este processo sinodal“. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte-1

Em encontro com o Papa Francisco, Dom Mário Antônio agradece sua colaboração para a Igreja na Amazônia

Na manhã desta quinta-feira, 13 de janeiro, aconteceu o encontro do Papa Francisco com a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O episcopado brasileiro foi representado pelos dois vice-presidentes da entidade, Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima (RR). O presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, que ficou no Brasil acompanhando as vítimas das enchentes, e que deve chegar em no próximo domingo, 16 de janeiro, e o secretário geral, Dom Joel Portella Amado, que na semana passada testou positivo para a Covid-19 e não viajou, não participaram do encontro com o Santo Padre. Após o encontro no Vaticano os dois vice-presidentes da CNBB foram entrevistados pelo diretor da edição portuguesa de Rádio Vaticano – Vatican News, Silvonei José. Na conversa com o jornalista, os prelados partilharam o encontro que poucos minutos atrás tinha acontecido com o Papa Francisco. Dom Jaime Spengler definiu o encontro como “muito fraterno, muito simples”, afirmando que o motivo do encontro é a visita que usualmente a presidência da Conferência faz ao Santo Padre todos os anos. Já Dom Mário Antônio, salientou que “o Papa Francisco, primeiramente nos deixou muito a vontade, e até que pediu que a gente falasse com espontaneidade”. Segundo o bispo de Roraima, “comentamos com ele a realidade do nosso Brasil, da nossa Conferência, o momento que vive o Brasil nessa questão da pandemia nesses dois últimos anos, e esperanças que nos motivam a ir adiante”. Dom Mário Antônio destacou que “ele sempre nos dizia, vai em frente”. Também foi oportunidade para o bispo falar ao Papa Francisco “da nossa Amazônia, sobretudo agradecer a exortação pós sinodal Querida Amazônia, e outros desdobramentos que o Papa Francisco tem colaborado para a Igreja na Amazônia e também no Brasil e no mundo”. O segundo vice-presidente da CNBB destacou como algo que ficou bastante forte para eles, foi que “ele nos olhava a sempre nos fez entender a necessidade de ternura e proximidade, neste tempo de retomada e também de superação da pandemia”. O bispo de Roraima insistiu na “proximidade com o nosso povo, nas comunidades, proximidade com as pessoas e famílias que sofrem como luto ou com a doença”. Para Dom Mário Antônio, “como Igreja devemos passar a ternura e o carinho que sentiram no Papa Francisco a todas as pessoas”. O Papa está muito consciente “daquilo que vivemos, daquilo que fazemos no Brasil”, segundo Dom Jaime Spengler. No encontro foi partilhado o vivido na 58ª Assembleia Geral da CNBB e o que se espera da próxima, que será feita em duas modalidades online e presencial, se o vírus o permitir, em duas etapas, comentando a agenda mais importante, que seria “a aprovação do documento sobre a Palavra de Deus na vida das comunidades e a votação sobre a tradução do Missal que virá”, afirmou o primeiro vice-presidente da CNBB. Também foi partilhado sobre os desafios do Colégio Pio Brasileiro, em Roma, principalmente o baixo número de estudantes, que segundo Dom Jaime Spengler “precisamos incrementar este número”, os 15 anos da Assembleia de Aparecida, cujas comemorações terão início em maio. Nesse momento, o Papa insistiu em que “ainda precisamos avançar respeito daquilo que o documento indicou”. Um momento muito intenso e fraterno, segundo o arcebispo, em que o Papa Francisco tentou sempre “nos impulsionar”. Dom Jaime destacou do Papa as seguintes palavras: “avancem, coragem, vamos em frente, oração, juntos, comunhão, fraternidade”. Dom Mário Antônio da Silva insistiu em que “o Papa Francisco é um homem que tem esperança, e na medida em que ele confia nas pessoas, confia na Igreja, ele é um homem que abre caminhos pela sua criatividade. Ora pela palavra e ora pelo gesto e pelo silêncio”. Para o segundo vice-presidente da CNBB, o encontro “nos dá esperança de poder contar com a presença do Papa Francisco até mesmo na Amazônia”. O Papa, como é costume, pediu à Igreja do Brasil que reze por ele, segundo Dom Mário Antônio, que afirmou que “a gente sabe que ele reza muito pela nossa Igreja, no Brasil, na Amazônia, e é um homem que fala ao coração”, algo que o bispo de Roraima pede ao Espírito Santo, “que tenhamos essa capacidade de falar ao coração das pessoas neste ano de 2022”. Ao comentar sobre o momento económico, político, social do Brasil, Dom Jaime Spengler afirmou que o Papa Francisco “aponta para aquilo que Fratelli tutti propõe para as nossas comunidades”. Diante de um momento desafiador, “que exigirá de nós prudência, discernimento, oração, capacidade de diálogo“, o arcebispo de Porto Alegre chamou a “construir pontes”. Dom Mário Antônio também destacou dentro da conversa com o Papa Francisco “a questão ecológica, olhando para a Amazônia e também para todo o mundo”. Essa questão ecológica é, segundo o bispo de Roraima, um desdobramento de Aparecida, “que depois o Papa Francisco retrata de maneira contundente, clara, na Laudato Si, na chamada para a conversão ecológica, e que todos, mulheres e homens abracemos de maneira corajosa a ecologia integral”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Desastres ambientais: consequência da falta de consciência e cuidado

As últimas semanas tem nos trazido as tantas notícias das enchentes, secas, destruição, sofrimento, morte, situações cada vez mais presentes no Brasil e no mundo, realidades que devem nos levar a refletir e descobrir o que a gente está fazendo de errado. O cuidado da Casa Comum se tornou algo para ontem, algo que deve ser assumido pela humanidade como uma prioridade inadiável. Aos poucos, as pessoas vão se tornando conscientes disso, mas o caminho a percorrer ainda é longo. Fazer com que o cuidado do ambiente se torne algo assumido por todos é um desafio para o qual as pessoas precisam ser educadas. Querida Amazônia fala sobre “Educação e hábitos ecológicos”, insistindo em que “a grande ecologia sempre inclui um aspeto educativo, que provoca o desenvolvimento de novos hábitos nas pessoas e nos grupos humanos”. Por isso, seguindo a proposta do Papa Francisco na exortação pós sinodal do Sínodo para a Amazônia temos que tomar consciência de que “não haverá uma ecologia sã e sustentável, capaz de transformar seja o que for, se não mudarem as pessoas, se não forem incentivadas a adotar outro estilo de vida, menos voraz, mais sereno, mais respeitador, menos ansioso, mais fraterno”, algo que é constituído a partir de processos educativos. Estamos diante de uma disjuntiva entre cuidado e lucro, caminhos opostos que conduzem à vida e à morte. A falta de cuidado da Casa Comum é um claro exemplo daquilo que o Papa Francisco chama de economia que mata. São muitos os exemplos disso, especialmente nas últimas semanas, em que as manchetes dos jornais nos mostram as consequências da falta de cuidado com um Planeta que a cada dia sofre mais. A tomada de consciência de cada pessoa é importante, mas também somos desafiados a exigir políticas públicas que coloquem o foco no cuidado da Casa Comum, e não no interesse de pequenos grupos de poder, que colocam o lucro acima da vida, especialmente dos mais pobres, que são os primeiros em sofrer as consequências das mudanças climáticas. Diante de um poder público que olha para o outro lado, que favorece os poderosos, que promove a destruição daquilo que é de todos, somos desafiados a dar um chega e dizer que não aceitamos seguir num caminho que nos leva à destruição e a morte. É tempo de se organizar e procurar alternativas que visem a sustentabilidade do Planeta e de todas as espécies que o habitam. Os sinais são cada vez mais claros, mas também é certo que não tem pior cego do que aquele que não quer enxergar. O que fazer para ajudar a sociedade a tomar consciência da situação que o Planeta e a humanidade vivem? Como ajudar os negacionistas a enxergar os sinais que provocam sofrimento, dor e morte? Como aprender a fazer realidade um Planeta sustentável, que não seja ameaçado? Não podemos esquecer que tomar consciência e aprender a cuidar é o caminho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Pastoral ticuna transfronteiriça: avançar numa Igreja com rosto amazônico

O Sínodo para a Amazônia ajudou a Igreja da região a tomar consciência da necessidade de acompanhar a vida dos povos que habitam em países diferentes. O Documento Final, no número 13 afirma que “territórios de circulação indígena tradicional, separados por fronteiras nacionais e internacionais, exigem uma pastoral transfronteiriça capaz de compreender o direito à livre circulação destes povos”. Essa pastoral transfronteiriça tem sido um empenho na Diocese do Alto Solimões. A paróquia de Belém do Solimões, que acompanha o povo ticuna, vem dando passos para fazer realidade uma Igreja intercultural. De 4 a 8 de janeiro de 2022, 204 ticunas de 27 comunidades, que fazem parte do Vicariato Apostólico de Leticia (Colômbia) e da Diocese do Alto Solimões, se reuniram para participar do 2º Encontro Geral da Pastoral Ticuna, coordenado pelos Frades Menores Capuchinhos, e as Missionárias da Imaculada e os Missionários de Guadalupe. O encontro aconteceu na paróquia São Francisco de Assis, comunidade de Belém do Solimões, dentro da Terra Indígena EWARE. Nele participaram Ministros da Palavra, Catequistas, Agentes do Dízimo, Jovens, coordenadores, Missionários, Caciques, tanto homens quanto mulheres. Ao longo de 5 dias, tem sido um momento de partilhas, escutas dos desafios de cada comunidade, trabalhos em grupo, e formações em torno a 4 pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Ao longo do encontro foi valorizada a língua e cultura ticuna, com instrumentos musicais indígenas, celebrações, terço e louvores todo dia. O encontro também refletiu sobre o Sínodo 2021-2023, que tem como tema “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”, sendo encaminhado tudo o que foi refletido aos bispos da Dioceses do Alto Solimões, Dom Adolfo Zon, do Vicariato Apostólico de Leticia, Dom José de Jesús Quintero Díaz e ao Papa Francisco. No final do encontro, as comunidades presentes no encontro assumiram compromissos para viver neste 2022, entre outros: celebrar de forma inculturada todo Domingo; fazer catequese e rezar o terço toda semana; cuidar melhor da natureza (ecologia); cuidar dos jovens formando grupos e lutando juntos contra o alcoolismo; continuar a preparar e enviar mais missionários/as ticuna para ajudar as comunidades e Paróquias mais enfraquecidas; rezar mais pelas vocações e organizar melhor a pastoral vocacional ticuna. Buscando uma melhor articulação e se fortalecer como povo ticuna católico em nível diocesano e transfronteiriço, foi planejado e aprovado um calendário pastoral para 2022, onde serão realizadas formações bíblicas para os Ministérios e Sacramentos como também encontros em prol da ecologia, da cultura e da luta contra os problemas juvenis (o alcoolismo, a violência e o suicídio…) educando para a feliz sobriedade. A grande participação tem sido motivo de alegria para os organizadores do encontro, que tem vivido este momento como uma grande celebração. Uma oportunidade para amadurecer uma Igreja com rosto indígena e missionário, um desafio e uma dificuldade, mas que aos poucos vai dando passos que ajudam a torna realidade uma das propostas do Sínodo para a Amazônia.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Com informações da Paroquia de Belém do Solimões

35º Curso de Verão do CESEEP: “Reconstruir a Vida e a Sociedade com Saúde para Todas as Pessoas”

O Curso de Verão do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), tem se tornado uma referência no Brasil. Em 2022 acontecerá em modo online, “para não colocar em risco a vida de voluntários e participantes”, a 35ª edição, de 6 a 15 de janeiro, com o tema “Reconstruir a Vida e a Sociedade com Saúde para Todas as Pessoas”, e mais uma vez com a coordenação do padre Oscar Beozzo e Cecília Bernardete Franco.   Diante dos desafios impostos pela pandemia de Covid-19, o 35º Curso de Verão pretende descobrir e compartilhar “as saídas construídas por comunidades, movimentos sociais, ambientais, culturais e políticos, entidades científicas e pessoas conscientes e comprometidas, aqui e ao redor do mundo”.   Segundo os organizadores do Curso, “a situação é complexa, difícil, por vezes desesperadora, como vivenciam dolorosamente nossas famílias e instituições e como apontam os estudos e vozes abalizadas”. Recolhendo as palavras da Mensagem da 58ª. Assembleia Geral da conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao povo brasileiro, em 16 de abril de 2021, “o Brasil experimenta o aprofundamento de uma grave crise sanitária, econômica, ética, social e política, intensificada pela pandemia, que nos desafia, expondo a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. Embora todos sofram com a pandemia, suas consequências são mais devastadoras na vida dos pobres e fragilizados”.   Nesta conjuntura, marcada pela crise global, são destacados três aspectos, que serão tratados pelo Curso de Verão nos próximos três anos: Saúde, tema abordado neste ano, tentando responder à pandemia e à morte; Educação, em 2023, frente ao obscurantismo e ao negacionismo; Trabalho, em 2024, frente à fome e ao desemprego.   O propósito, se afirma desde o Curso de Verão, “é de se construir nova sociedade, com saúde, educação e trabalho para todas as pessoas, dentro de um projeto ambientalmente sustentável, economicamente justo e socialmente igualitário, acolhedor da rica diversidade étnica, cultural, linguística e religiosa de nosso país, no respeito às diferenças todas e no socorro imediato aos mais vulneráveis”.   Para isso colocam os povos originários como fonte de aprendizado, afirmando que “eles trazem do seu passado e de sua resistência milenar um modo diferente de se organizar e de conviver harmonicamente entre si e com a natureza”, insistindo em que “temos muito o que aprender com eles e com a sabedoria popular”.   O curso vai iniciar analisando “a realidade e os fundamentos que justificam escolhas entre distintos projetos de sociedade”. Num segundo momento, partindo da Bíblia e os conhecimentos das tradições de religiões não cristãs, serão discernidos “compromissos frente às mudanças necessárias, para que todas as pessoas vivam dignamente”. O 35º Curso de Verão será oportunidade para “a troca de experiências concretas de pessoas, grupos, comunidades e igrejas, sobre as formas de sobrevivência em relação à saúde neste tempo de pandemia”. Como é tradição no Curso de Verão, “a metodologia do curso seguirá os princípios da Educação Popular, com destaque para a troca de saberes e de experiências como ponto de partida; para o aprofundamento de conteúdos e compromisso ao retornar às práticas locais”. Junto com isso, o Curso de Verão “tem como pilares estruturantes o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, a arte, o cuidado com as pessoas e com nossa Casa comum e o mutirão”. Junto com a apresentação de conteúdos, haverá momentos de vivência de mística e de arte, bem como a possibilidade de reflexão dos conteúdos em pequenos grupos, nas Rodas de Conversa. Também será dedicado um tempo para a partilha de projetos e experiências acerca de diferentes maneiras de se cuidar da saúde. Se trata de um curso oferecido a lideranças de comunidades e movimentos sociais, com prioridade para jovens e leigos, e propõe que as pessoas se organizem em seus locais de origem, para acompanhar o curso em grupos, de modo que os temas e experiências sejam acessíveis ao maior número possível de pessoas das comunidades, grupos religiosos e movimentos sociais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

A exemplo dos Santos Reis, o que oferecer ao Menino Deus e à sociedade?

6 de janeiro é a festa dos Santos Reis, fazendo memória daqueles Magos do Oriente que seguindo a estrela chegaram em Belém e ofereceram seus presentes ao Menino Deus. Deixaram tudo para seguir aquele sinal e chegar para adorar aquele que seus conterrâneos tinham ignorado. Se alguém perguntasse para nós o que ofereceríamos como presente ao Menino Deus, com certeza muitos de nós encheríamos a boca falando sobre muitas coisas boas, dizendo que a gente ama muito a Deus e a Jesus. Diante disso, penso nas palavras da Primeira Carta de João, “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê”. O desejo de oferecer ao Menino Deus tem que nos levar a sentir a necessidade de oferecer à sociedade da qual a gente faz parte, onde Ele continua se encarnando hoje, de oferecer aos mais pobres e vulneráveis, imagem daquele que nasceu no presépio, na periferia, no meio dos excluídos. A religião nunca pode ser um instrumento para se evadir da realidade concreta que faz parte da nossa vida, e sim um motivo para enxergar e nos comprometer com aqueles que são presença do Deus encarnado no meio de nós. O que a sociedade brasileira precisa de nós neste momento da história? Uma pergunta que deve ser respondida por cada um e cada uma de nós, pessoalmente, mas também uma pergunta que deve ser respondida como Igreja, como sociedade. Somos chamados a construir um mundo melhor para todos e todas a partir daquilo que a gente tem de melhor, sem guardar para nós as nossas capacidades. O individualismo, o ódio ao diferente, a falta de empatia com aqueles que sofrem, atitudes cada vez mais presentes na sociedade, também no Brasil, devem ser enfrentados como comunidade que se preocupa com um futuro cheio de incertezas. Para isso é imprescindível o envolvimento por completo de todos e todas. Não é suficiente nos envolvermos pela metade, guardarmos para nós uma parte daquilo que a gente pode e deve dar. A sociedade precisa de pessoas comprometidas com o bem comum, com mudanças sociais cada vez mais urgentes e necessárias, com elementos que façam possível superar desigualdades históricas que favorecem situações que provocam situações que nos afastam e nos enfrentam. Mas para isso devemos colocar ao dispor dos outros o que temos de mais precioso, nossa solidariedade, nosso compromisso com os pobres, com os vulneráveis, com as vítimas de todo tipo de violência, nosso compromisso com a democracia e a defesa dos direitos humanos. Refletir sobre isso se torna um desafio num ano em que o Brasil deve enfrentar processos sociais e políticos que vão marcar o futuro a médio e longo prazo. A sociedade precisa encontrar caminhos de futuro, e para isso o nosso envolvimento se torna decisivo. Não tenha medo de se comprometer e fazer realidade um mundo melhor. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Walmor Oliveira de Azevedo: “É tempo de reconstruir o Brasil, reconstruir a sociedade na justiça e na paz”

No início do ano 2022, ainda marcado no Brasil pela pandemia da Covid-19, que tem atingido tão gravemente a população do país, especialmente os mais pobres, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lançou uma mensagem onde afirmou que “a humanidade deve compreender que o chamado novo normal não pode significar uma volta ao passado”. “As atitudes egoístas, o consumo sem limite, o descaso com a casa comum e a indiferença em relação aos mais pobres têm provocado muitos adoecimentos”, insiste Dom Walmor Oliveira de Azevedo. Por isso, “o novo ano precisa, pois, inspirar mudanças profundas”, que segundo ele, são transformações que “devem começar na interioridade de cada um de nós”. Diante dessa exigência, o arcebispo de Belo Horizonte faz ver que “os cristãos têm o desafio de apontar o caminho, sendo exemplares no seguimento de Cristo Jesus. Isso significa semear a fraternidade, a amizade social, a partir de gestos de solidariedade e defesa dos direitos e da justiça”. Segundo Dom Walmor, “os discípulos de Jesus, quando olham para cada pessoa reconhecem, aí está um irmão, uma irmã. Sentem, pois, compaixão, não se deixando dominar pela indiferença e pelo ódio”. Nessa perspectiva, destaca que “a meta para 2022 precisa se construir, reconstruir sempre mais a fraternidade, a amizade social, sobre os pilares da solidariedade e dos ensinamentos de Jesus Cristo nosso Senhor”. Seu presidente recorda que “já estamos no contexto do Ano Jubilar para celebrar os 70 anos da CNBB, 14 de outubro de 2021 a 14 de outubro de 2022”. Ele vê este momento como “oportunidade para reverenciar a trajetória de sete décadas de nossa Conferência Episcopal, homenageando a evangelizadores e pastores, que ajudaram a tecer essa bonita história, nos deixando uma profética herança”. Neste Ano Jubilar, segundo o arcebispo de Belo Horizonte, “avançaremos mais na tarefa de investir numa igreja sinodal, efetivamente de comunhão e participação fecundos da missão”. Ele insiste que “não será, pois, simplesmente um tempo de comemorações, contemplaremos a nossa história, atentos aos desafios vencidos pelos evangelizadores que nos precederam para revigorarmos, sempre cada vez mais, o compromisso de ajudar o Brasil a se tornar mais justo, solidário e fraterno”. Finalmente, Dom Walmor insiste em que “É tempo de reconstruir o Brasil, é tempo de reconstruir a sociedade na justiça e na paz”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Zenildo: “É tempo de ser presença e esperança”

AMIGO E AMIGA Felicidades! No inicio deste novo ano, uno-me a seu coração, com amizade e preces, para reavivar a chama na esperança, alimentada pela presença amorosa de Deus – Palavra, que se faz mistério de amor e nos preenche de esperança. A você, meus sinceros votos de Paz, de amor e de justiça. Muitos estabelecimentos irão avisar: “Fechados para balanço”. Ao lado desta decisão, cada cristão é chamado a tomar a decisão de abrir-se para a gratidão, para um bom retiro, para a oração, para a paz, pois vale lembrar que a vida vai ser nova, o ano vai ser novo, você vai ser presença se acontecer à mudança no interior de cada pessoa.  Quando muda nosso mundo interior, muda todo mundo exterior. Não haverá tempo novo, nova vida, Novo mundo, sem mudança em nossa realidade exterior. É tempo de ser presença e esperança – Isso vai acontecer na Prelazia de Borba a partir da Palavra de Deus, pois estamos vivendo o Ano da Palavra.  O apostolo Pedro é muito claro a esse respeito: “Pois deveis saber, antes de tudo, que nenhuma profecia da Escritura é objeto de explicação pessoal”(2Pd 1,20). A palavra de Deus deve ser lida com a fé da Igreja, que recebeu a garantia da presença do Espirito Santo para se manter na verdade. A primeira carta de João diz: ”Deus é amor”. Logo, esse ano novo, ano da Palavra em nossa prelazia, devemos ter um novo comportamento, uma nova relação de fraternidade, de compaixão e de profetismo… Pois, o fundamento de 2022 precisa ser o amor como baliza e alicerce.  Assim, nosso comportamento será humano e humanizado. Basta ver a orientação da doutrina social da Igreja que nos diz: “O comportamento da pessoa é plenamente humano quando nasce do amor, manifesta o amor e é ordenado ao amor. Esta verdade vale também no âmbito social: é necessário que os cristãos sejam testemunhas profundamente convictas e saibam mostrar, com a sua vida, como o amor é a única força que pode guiar à perfeição pessoal e social e mover a história rumo ao bem”. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja n° 580). Por fim, Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe da Igreja e nossa Mãe, abençoai a todos os brasileiros no ano de 2022. Interceda por nossa prelazia de Borba! Seja presença! Tenha esperança! Eis o que diz o papa Francisco para todos e todas: “Não deixem roubar a esperança! A esperança nos leva adiante”. Deus vos abençoe! Feliz Ano Novo! Fraterno abraço! Dom Zenildo.

2022: oportunidade e desafio para descobrir com urgência novos caminhos

Existem momentos em que a gente olha para trás, mas também para frente. O final do ano é um tempo de avaliação, mas também de procurar caminhos a seguir no tempo novo que se inicia, de perguntar sobre os avanços que a gente tem dado no ano que se encerra, pessoalmente, mas também como família, comunidade, sociedade. Tempo de avaliar os retrocessos, pois só assim a gente vai poder endireitar o rumo. Se a gente tivesse que definir 2021 com uma palavra, acho que a grande maioria destacaria a pandemia e as consequências que ela trouxe para a humanidade. É verdade que podemos encontrar lições positivas nela, mas tem sido um tempo de dor, de luto, de sofrimento, de morte. A solidariedade, a empatia, a preocupação pelos outros se apresentam como grandes desafios para o futuro da humanidade, especialmente no Brasil, onde tudo isso parece que está sendo esquecido por uma parcela importante da população. Acordar diante de uma realidade a cada dia mais cruel se apresenta como um grande desafio para 2022. A situação em que vivemos no Brasil, e a disputa política em 2022 devem levar o povo brasileiro a refletir profundamente sobre as escolhas a serem feitas como país. Fazer realidade uma sociedade onde o povo possa usufruir daquilo que lhe pertence é uma necessidade a ser resolvida urgentemente. A pandemia tem mostrado as consequências da falta de investimento naquilo que garante a vida do povo. Os cortes na saúde, na educação, nos direitos trabalhistas, têm provocado dor e sofrimento para milhões de pessoas, famílias. A vida de muitos brasileiros e brasileiras tem piorado no último ano, mas também é verdade que os mais ricos ficaram ainda mais ricos, às custas do aumento da pobreza entre os mais pobres. Numa sociedade anestesiada se faz mais do que urgente encontrar caminhos de futuro, que garantam vida em plenitude para todos e todas. Construir o presente e o futuro é missão de todos e para isso todo mundo é desafiado a se envolver, a não ficar impassível diante de situações que estão prejudicando gravemente a vida do povo. Olhar para o outro lado, uma atitude cada vez mais presente em boa parte do povo brasileiro, só ajuda a piorar uma situação muito complicada. A fé é um compromisso, uma fé desencarnada, que não quer se envolver na vida cotidiana, no sofrimento dos mais pobres, é algo que nos afasta de Deus. Não podemos esquecer que acreditamos num Deus que se encarna, que se faz gente, que se envolve na vida do povo, que tem lado, o lado dos excluídos, daqueles que a sociedade coloca do lado de fora. 2022 está chegando, e ele tem que ser um motivo a mais para refletir e encontrar caminhos de mudança, uma mudança radical, fundamentada num mundo melhor para todos e todas, fundamentada na construção do Reino de Deus, que deve marcar o caminho a seguir. Vivamos o novo ano como uma oportunidade que Deus nos dá, sejamos semente de esperança, especialmente para aqueles que não encontram motivos de felicidade em seu dia a dia. Feliz 2022! Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Marcos preside missa de desagravo em capela profanada em Beruri

Na noite desta segunda-feira, 27 de dezembro, Dom Marcos Piatek, bispo da diocese de Coari, presidiu missa de desagravo na Capela de São Pedro, uma das comunidades da paróquia da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré. A capela sofreu ato de vandalismo e profanação no dia 21 de dezembro, sendo destruídas as imagens e profanada a Eucaristia e os objetos sagrados, algo que a Diocese de Coari, em nota emitida, definiu como um episódio de intolerância religiosa, dado que nada foi furtado. Como foi relatado pelo pároco e documentado com fotos, a cabeça da imagem de São Pedro, padroeiro da comunidade, foi quebrada, assim como a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, da qual foram arrancadas a cabeça e as mãos. Além disso, as hóstias consagradas foram retiradas do sacrário e diversos objetos sagrados, que estavam na sacristia foram jogados do lado de fora da capela. Na nota emitida, Dom Marcos Piatek anunciou que seria realizada a missa de desagravo, na qual a comunidade católica da cidade de Beruri compareceu em grande quantidade de pessoas, ocupando a igreja e a praça. Segundo o bispo, a grande participação e uma mostra “da firmeza na fé e a comunhão transformadora na vida da igreja”. Na Missa, concelebraram com o bispo de Coari os padres Luís Carlos, Edinaldo Nascimento e o Pároco Delaci Araújo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1