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Comissão de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB: incidência e formação prioridades para 2022

Retomar o processo das ações realizadas nos últimos dois anos de missão da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a partir da conjuntura social e econômica. Esse foi o propósito da reunião realizada em São Paulo nos dias 6 y 7 de dezembro, onde participaram os bispos, padres, religiosas e leigos e leigas que fazem parte da comissão. Segundo Alessandra Miranda, articuladora da Comissão, estamos diante de uma realidade que “tem gerado ainda mais vulnerabilidade social e empobrecimento da população, tornando as práticas do tráfico de pessoas ainda mais evidentes entre as crianças, adolescentes e jovens, assim como mulheres e pessoas exploradas pelo trabalho escravo”. Segundo ela, “as tecnologias virtuais têm sido um elemento extremamente perigoso no recrutamento de pessoas para a exploração sexual e do trabalho”. Para os anos 2022 e 2023, a Comissão, que conta com a presença de Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, e da Ir. Rose Bertoldo, articuladora do Núcleo da Rede um Grito pela Vida em Manaus, priorizará o eixo de formação, através de atividades e oficinas nacionais e territoriais para capacitar multiplicadores e multiplicadoras para atuação nessas realidades. Junto com isso serão elaboradas estratégias de comunicação para incidência social e formação, assim como momentos nacionais de diálogos com o poder público e canais de denúncias e processos de formação com adolescentes e jovens. Enquanto às ações, elas estão baseadas na compreensão da dignidade humana e das potencialidades dos territórios, com foco na violência e exploração sexual, trabalho escravo, violação contra meninas e mulheres e migração. Desde a Comissão insistem em que para um melhor desenvolvimento dos trabalhos, serão de grande importância as articulações com redes eclesiais e da sociedade civil de enfrentamento ao tráfico de pessoas. Junto com isso, para a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB, também é uma prioridade da comissão, seu fortalecimento organizacional e incidência para prevenção e enfrentamento das violações dos direitos, especialmente do tráfico de pessoas. Segundo Dom Evaristo Spengler, “a luta pelo direito à vida é a liberdade de todos os seres humanos não é tarefa de alguns escolhidos, mas uma exigência do Evangelho para todos os que creem em Cristo”. Para o bispo da Prelazia do Marajó e presidente da Comissão, “essa comissão junta-se ao sonho do Papa Francisco de que toda a Igreja, desde os cardeais, passando pelos bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, até o mais anônimo entre os fiéis, assuma a luta contra esse pecado que brada aos céus – a transformação de corpos em mercadoria para produzir lucro – que é o tráfico humano”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Ir. Laura Vicuña Pereira Manso: Diante do sofrimento dos yanomami, “necessidade de a Igreja fazer ecoar essa voz”

Mais de 20 mil garimpeiros ilegais têm invadido a Terra Indígena Yanomami, no estado de Roraima, no extremo norte do Brasil. A consequência é um sofrimento que vai aumentando cada dia, com um perigo real de se tornar um genocídio. A Igreja católica tem se tornado uma das grandes aliadas dos povos indígenas, assumindo a necessidade de ecoar sua voz, segundo a Ir. Laura Vicuña Pereira Manso, agente pastoral do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), e representante dos povos originários na Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). A religiosa denuncia nesta entrevista o que está atrás da situação que atinge ao povo Yanomami, mas também aos povos indígenas em geral, mostrando a importância que eles têm no futuro da Amazônia e do Planeta. Não podemos esquecer que eles são os grandes defensores da casa comum. Nos últimos meses, a situação do povo yanomami, em consequência da atuação dos garimpeiros, tem piorado cada vez mais, sendo relatadas situações que poderiam ser consideradas como um genocídio. Para alguém que conhece a realidade, como agente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), qual é realmente a situação do povo yanomami neste momento? A situação do povo yanomami é um continuo de violências e de violações de direitos. Se a gente for olhar historicamente, no ano de 1993, houve a chacina de Haximu, onde uma aldeia inteira foi exterminada, por conta de conflitos e invasão de garimpeiros na Terra Yanomami. Trago esse fato para exemplificar o contínuo de invasões que ocorrem na Terra Yanomami. Na verdade, as invasões, elas permaneceram de décadas passadas, e continuam até hoje, com o agravamento de violências, com o agravamento também dessa pandemia que ocorre em escala mundial, e ainda deixando em extrema vulnerabilidade esse povo. Isso ocorre nos últimos anos, sobretudo nos últimos três anos do atual governo, em que houve um recrudescimento da violência contra os povos indígenas. Houve uma legitimação da invasão dos territórios, e os invasores se sentiram muito mais fortalecidos e muito mais legitimados pelas falas e pelas posições do atual presidente, que abriu os territórios indígenas para que seja um espaço de exploração económica em todo o território brasileiro. Recentemente, Dom Erwin Kräutler, numa entrevista, analisando os resultados da COP26, disse que um dos grandes perigos do Brasil é considerar a Amazônia como algo exclusivo do país, sem a obrigação de dar satisfação do que acontece na Amazônia. Diferentes organizações, dentre elas a Igreja católica, através do CIMI, da CEAMA, da REPAM, está pressionando organismos internacionais. Por que é importante essa pressão e qual o papel que os organismos internacionais deveriam ter na defesa dos povos originários da Amazônia brasileira? A Amazônia, ela sempre foi tema de debate através das décadas, porque a Amazônia sempre foi também um território promissor e de avanço das fronteiras económicas. O Sudeste, o Centro-Oeste, são totalmente explorados e totalmente sendo espaço de grandes fazendeiros. Fica a Amazônia, que já em épocas passadas, no século passado, com as primeiras colonizações, sempre foi vista como uma terra onde se podia fazer dinheiro. Com essa ideologia, no decorrer dos tempos, se foi firmando essa postura de que a Amazônia é um espaço só do Brasil, e não como um espaço que é de toda a humanidade, por ser um dos biomas que inclusive controla toda a parte do clima em escala mundial. Todos os biomas se interconectam, mas a Amazônia, por ser essa grande floresta húmida, tropical, existente, nessa região do continente americano, e também por ser uma floresta que ela equilibra o clima em nível mundial, isso contraria os grupos econômicos que estão querendo avançar contra a Amazônia. É importante a pressão de organismos internacionais porque quem mantem a floresta em pé são os povos indígenas, são as comunidades tradicionais. E justamente, essas comunidades e os povos originários são muito violentados por terem um estilo de vida que mantem a floresta e o equilíbrio do Planeta, essa ecologia e integralidade que os povos têm no cuidado da casa comum. E isso contraria os grupos econômicos que veem a natureza, a floresta, a vida, só como mercadorias que podem ser compradas e vendidas. Essa relação dos povos originários, das comunidades tradicionais com o meio em que vivem, a terra como mãe, a água como vida, isso é um empecilho para esse tipo de desenvolvimento tecnocrata que mata tudo e que mata a vida. É justamente a pressão de organismos internacionais que vai chamar a atenção e que vai de fato ser essa voz que defende os povos que vivem na Amazônia. E a Igreja, com certeza, é uma grande aliada dos povos originários e dos povos amazônicos, sobretudo a partir do Sínodo da Amazônia, onde a Igreja reafirma o seu compromisso de ser aliada das lutas dos povos, na defesa da vida, da terra e dos direitos. Fala sobre um elemento importante, que é a Igreja como aliada dos povos originários, sobretudo a partir do Sínodo para a Amazônia. Realmente os povos originários experimentam e se sentem mais protegidos em consequência dessa aliança com a Igreja? Com certeza é uma aliança que defende a vida, que defende os sistemas próprios de vida de cada povo, porque nós temos no Brasil 305 povos, com sistemas próprios de vida, com culturas, com espiritualidades. Que um organismo, como é a Igreja católica, que valoriza, que respeita essa diversidade, e visibiliza para o mundo a grande riqueza e potencial dos povos originários e amazônicos, com certeza é um ganho muito grande. A gente gostaria de lembrar quando o Papa Francisco esteve em Puerto Maldonado, na abertura do Sínodo para a Amazônia, diante dos povos que lá estávamos, de vários países da Pan-Amazônia, o Papa Francisco pedia que a Igreja fosse essa voz que fizesse ecoar a voz dos povos indígenas e todo o sofrimento que os povos indígenas padecem na Amazônia, todas as violações e violências. O Papa Francisco afirmou que nunca os povos indígenas estiveram tão ameaçados, por conta dessas frentes econômicas. A partir dali a Igreja assume dar eco aos povos indígenas. Não falar pelos…
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Projeto Ajuri pela Vida na Amazônia, da Cáritas Brasileira, é homenageado na Prelazia de Itacoatiara

O projeto Ajuri pela Vida na Amazônia recebeu, em Setembro, uma homenagem durante desfile cívico da comunidade ribeirinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, pertencente à Prelazia de Itacoatiara, em reconhecimento das ações em combate à Covid-19 no interior do Amazonas, realizadas em 2020 durante a primeira edição do projeto, que é desenvolvido pela Cáritas Brasileira – Articulação Norte 1, com financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e recebe apoio da Catholic Relief Services (CRS). Para Shirlene da Silva Sousa, primeira secretária da comunidade e integrante da igreja Assembleia de Deus tradicional local, foi uma honra fazer parceria e participar do desfile cívico da Escola Municipal Vereador Luiz de Oliveira Onety, onde houve espaço para prestar as devidas homenagens ao projeto. “Diante do acontecimento mundial da pandemia enfrentado pela humanidade, a Covid-19 lamentavelmente levou uma quantidade significativa de vítimas, colocando pavor entre todos os povos”. Shirlene complementa: “As igrejas do Senhor, sem placa de denominação, sem distinção de raça, cor, etnia, se uniram nessa batalha para clamar a Deus que enviasse socorro de recursos e apoio, tanto espiritual quanto material. Assim, Ele enviou à nossa comunidade o Ajuri, que muito ajudou no combate à Covid-19, doando kits de higiene para as famílias que esperavam na providência de Deus. Por isso, a igreja vem agradecer a todos que, direta ou indiretamente, ajudaram na luta contra a Covid, em especial ao Ajuri que muito ajudou as famílias deste lugar”. A consultora técnica da CRS para resposta de emergência, Anna Hrybyk, considera que essa homenagem é de suma importância para o fortalecimento das ações do projeto. “Esse reconhecimento do projeto Ajuri nesta comunidade ribeirinha nos impulsiona a empenharmos cada vez mais esforços para promover a continuidade das ações de higiene e saúde para famílias nos lugares mais longínquos da Amazônia, tanto no combate à Covid-19 quanto para prevenir o risco de contaminação de outras infecções”, ressaltou Anna. União e esperança Atualmente, durante a segunda edição do projeto, as famílias cadastradas na comunidade continuarão sendo beneficiadas com kits de prevenção à covid-19 Além da entrega dos kits, os/as educadores/as sociais também irão fazer demonstração do uso correto da máscara, orientações de higiene e lavagem correta das mãos, baseadas nos cinco momentos críticos para lavar as mãos, assim como sobre o distanciamento social e a sensibilização quanto à necessidade de se tomar as duas doses da vacina contra a Covid-19. Na primeira edição do projeto, mais de 150 famílias, correspondendo um total de mais de 600 pessoas, foram atendidas diretamente na comunidade ribeirinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizada no lago do Batista, no rio Arari, as quais receberam os kits de higiene e prevenção à Covid-19, entregues durante cinco meses consecutivos. Ajuri Pela Vida na Amazônia  A segunda fase do projeto Ajuri Pela Vida na Amazônia tem como objetivo permitir o acesso de famílias em situação de vulnerabilidade e alto risco de transmissão de COVID-19 a insumos relacionados a WASH (água, saneamento e higiene), para que possam manter comportamentos de prevenção, bem como seja possível melhorar a retenção de conhecimento dessas famílias. Essas práticas serão desenvolvidas em comunidades de 9 municípios amazônidas (Coari, Tefé, Maraã, Alvarães, Fonte Boa, Juruá, Uarini, Itacoatiara e Parintins), através da orientação popular para promoção de higiene, distribuição de kits de higiene e prevenção, conscientização sobre a importância de adesão à vacina, bem como a sensibilização para a adoção à lavagem adequada das mãos como principal fator de prevenção eficaz contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, assim como pode evitar outras doenças infecciosas, transmitidas por vírus ou bactérias. Isto é, uma ação que pode parecer simples, mas que pode salvar vidas.  Ao total, além das 4 mil famílias cadastradas na primeira edição do projeto, nesta segunda edição 1400 novos núcleos familiares serão beneficiados, correspondendo um quantitativo de 22.500 pessoas atendidas diretamente pelas ações aplicadas por uma equipe multidisciplinar, como educadores/as, assistentes sociais, psicóloga e comunicadores/as. Assessoria de Comunicação do Projeto Ajuri

Assembleia Eclesial: o grande avanço foi sua realização

Toda primeira quinta-feira de cada mês a Igreja do Brasil tem uma cita marcada com “Igreja no Brasil Painel”. Dom Joaquim Mol, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, convida para a reflexão sobre temas atuais da Igreja no Brasil. Desta vez foi a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, encerrada no último domingo 28 de novembro, que o bispo auxiliar de Belo Horizonte definiu como “uma experiência única”, mostrando o desejo de que sejam muitas realizadas no futuro. O tema do encontro virtual foi: “Mais sim, menos não: por uma Igreja Sinodal em saída para as periferias“, lembrando todo o processo da Assembleia Eclesial no Brasil desde o processo de escuta, que foi fonte do Documento para o discernimento comunitário, segundo lembrou Dom Mol. As convidadas foram duas mulheres: Sônia Gomes de Oliveira, Coordenadora do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, que integrou a Comissão Nacional de Animação da Assembleia Eclesial e participou virtualmente, e a irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, presidenta da Conferência dos Religiosos do Brasil, presente no México durante a Assembleia. A religiosa afirmou que essa Assembleia foi e será uma grade graça para a Igreja da América Latina e do Caribe, insistindo em que pela primeira vez foi realizada uma Assembleia Eclesial. Ela destacou a presença do povo de Deus e citou o exemplo do cardeal Gracias, chegado dessas a Índia, para aprender conosco da América Latina”. Também destacou a participação sincera e responsável de todos os que se envolveram no processo de escuta, mesmo com pouco tempo e limitado. Para a irmã Maria Inês foi uma graça estar com o povo de Deus e com Nossa Senhora de Guadalupe, caminhar entre os peregrinos, relatando sua emoção diante do povo sedento de Deus e com uma fé imensa. Também destacou o fato de ter sido uma Assembleia única, os que estavam presenciais e virtuais, pois os que estavam reunidos no México participavam dos grupos virtualmente. Ela insistiu em que sabemos que é um processo, na importância da escuta, mas também na realização, insistindo em que agora deve ser percorrido o caminho pela frente, passo a passo, o caminho se faz andando. Nesse sentido, afirmou que faltou um grito profético sobre o que devemos fazer, os passos a serem dados. A partir dos 12 desafios, a religiosa enfatizou que “a nossa Igreja precisa responder a aqueles desafios”. A coordenadora do laicato relatou o testemunho de uma mulher durante o processo de escuta, que disse querer participar da Assembleia e convidar mulheres que estão em situação de prostituição e violência por que o Papa Francisco as convidava a serem ouvidas. Segundo Sônia Gomes de Oliveira, a Assembleia representou a Assembleia dos organismos do Povo de Deus celebradas no Brasil, mas também foi vista como “ensaio para o que nós queremos sobre a sinodalidade”. Lembrando a reflexão inicial do primeiro dia dos trabalhos, citou a pergunta do padre Fidel Oñoro, que questionou “o que nos motiva a estar aqui?”. Ela relacionou a Assembleia com os 3 Reis Magos, que “começaram entender que era necessário mudar a rota”. Por isso, definiu a Assembleia como momento para mudar o caminho, a rota, as estruturas e caminhar a partir de essas experiências. Destacou as liturgias e momentos orantes, fantásticos, com um olhar de denuncia e presença da Igreja da América Latina. Também citou a importância dos testemunhos, algo que fazia parte do programa no início do trabalho da tarde, onde apareceram realidades do povo negro, povos indígenas, mulheres, jovens, laicato. A mesma coisa com o trabalho de grupos, destacando que mesmo com línguas e procedências diferentes, “conseguimos nos entender”. Mas também disse que o que era ecoado não conseguia ser reverberado na síntese. Finalmente, voltando ao exemplo dos Reis Magos, insistiu em que “é possível perceber que podemos mudar o caminho para salvar vidas”. Sobre a relação entre a Assembleia e o Sínodo sobre a Sinodalidade, Sônia insistiu em aproveitar a experiência, tendo em conta as coisas muito positivas e os pontos negativos. Segundo ela se faz necessário aproveitar e repensar as escutas, buscando maior presença nas periferias, “para fazer ecoar gritos presentes nas nossas igrejas e precisam ser reverberadas no Sínodo”. Nesse processo, envolver todas as pessoas na escuta e somar mais desafios além dos 12 recolhidos pela Assembleia. Já a irmã Maria Inês lembrou a importância histórica das Assembleias dos Organismos do povo de Deus no Brasil, com a participação de todos. Em referência aos 12 desafios se faz necessário leva-los à prática na paroquias, comunidades, pastorais sociais, como contribuição para o Sínodo. Junto com isso, insistiu em que temos que dar mais protagonismo ao laicato, que é a base que vai impulsar essa Igreja sinodal, vencer o clericalismo, que é o destrói a nossa caminhada de Igreja. Dom Mol lembrou que é aos poucos que a gente vai integrando esses desafios, chamando as convidadas a colocar os avanços desde Aparecida. Nesse ponto a presidenta do laicato destacou que a própria realização da Assembleia Eclesial já é um avanço, citando como exemplo os 2 leigos brasileiros em Aparecida, frente aos 120 na Assembleia Eclesial. Também os documentos do Papa Francisco, insistindo na importância do Sínodo para a Amazônia. Sabendo da importância dos 12 desafios insistiu em aquele que fala do encontro pessoal com Jesus Cristo encarnado no continente, pois sem ele não vamos conseguir fazer realidade os outros. Por isso destacou uma presença de Jesus que tem que nos transformar e nos ajudar a entender nossa missão, aprender a ler cruzes para chegar à Ressurreição. Finalmente, a irmã Maria Inês colocou o maior avanço no protagonismo do Papa Francisco, suas escolhas e forma de ser, algo expressado desde o início do seu pontificado, com sua primeira viagem a Lampedusa, mostrando onde é o lugar da Igreja, do lado dos mais pequeninos, abandonados e excluídos. Ela insistiu que o lugar da vida consagrada é onde a vida mais sofre, pois todos os institutos foram fundados para acompanhar situações de sofrimento humano. Também que, se coração não…
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Assembleia eclesial: A sinodalidade construída juntos

Percorrer caminhos, que a gente sabe que existem, mas não são bem conhecidos, sempre é uma possibilidade, mas também um desafio, nem sempre fácil de enfrentar. O final da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, encerrada no último domingo, 28 de novembro, deve ser um momento para avaliar até onde a gente chegou, num percurso que ainda vai ser longo. Diante de um fato histórico e inédito a gente tem que agir com prudência, mas também com esperança. Me imagino quem inventou o carro, e as dificuldades que no início teve para faze-lo funcionar. Hoje a gente vê a grande diversidade de carros que existem no mundo, mas sem esquecer que todos eles, dos mais simples aos mais sofisticados, são carros. Imagino a sinodalidade como algo similar, que no futuro terá muitas expressões diversas, que conseguirão encantar muita gente, mas nem todos. Sabemos que nem todo mundo gosta de carro… As diferenças enriquecem a essência e o fato de nem todo mundo gostar sempre é um desafio para melhorar e conseguir um dia encantar àqueles que sempre vem defeito em tudo, inclusive àqueles que um dia diziam detestar os carros. Acompanhar o processo da Assembleia Eclesial tem nos ajudado a conhecer um pouco mais sobre a essência da sinodalidade. O modo em que ela foi realizada abre novas possibilidades de futuro, sobretudo pensando no próximo Sínodo, favorecendo a universalidade e catolicidade da Igreja. Os grupos foram expressões de diversidade ministerial e geográfica, mulheres e homens, que realizam diversos serviços e missões eclesiais em lugares diversos e distantes, mas que se esforçam em caminhar juntos e experimentar, mesmo que virtualmente, a unidade de alma e coração. Não esqueçamos que estamos diante de algo que está engrenando, que estamos nos adentrando numa trilha estreita no meio de uma densa floresta, onde Deus é nosso GPS, mas que nem sempre sabemos interpretar a rota à perfeição. Vai ter momentos em que a gente vai ter que parar, e escolher o caminho a seguir diante de diferentes possibilidades, um caminho que, agora sim, estamos convencidos deve ser escolhido entre todos, depois de todo mundo ter falado e sobretudo escutado, num discernimento comunitário. Não esqueçamos que o caminho está cheio de empecilhos, alguns naturais, mas outros colocados intencionalmente por aqueles que sempre viveram para dificultar tudo aquilo que não sai deles. Estando unidos vamos conseguir enxergar melhor tudo isso e sobretudo supera-lo. A palavra que vem na mente da gente neste momento é esperança, confiança em Deus, que é quem sustenta uma sinodalidade que nasceu daquele que é Trindade, unidade na diversidade. Somos muitos os que estamos convencidos que juntos somos mais, ainda mais contando com a força que vem de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Coordenação regional da Pastoral Carcerária participa de debate sobre os rumos da entidade durante assembleia nacional

Foi realizado no último fim de semana de novembro, dias 27 e 28, a Assembleia Nacional da Pastoral Carcerária, em Brasília.  O evento contou com a presença de 32 pessoas; além da coordenação nacional e seus assessores, representantes de 23 estados marcaram presença, assim como o Bispo Referencial da Pastoral Carcerária Nacional, Dom Henrique Aparecido de Lima, e Dom Philip Eduard Roger Dickmans, Bispo Referencial das Pastorais Sociais da CNBB Regional Norte 3. Dentre os presentes esteve Zarete Pereira, do Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima.   A assembleia também contou com a assessoria do Irmão Silvio da Silva, secretário executivo da CNBB Oeste 1, que facilitou o diálogo entre os participantes.  Foram debatidos diversos temas relacionados à organização interna da PCr, como temas que dizem respeito ao cárcere no geral. Foram feitas alterações no regimento interno da Pastoral Carcerária Nacional, que regulamenta a organização da entidade como o todo.  Os membros da coordenação nacional trouxeram temas importantes para o debate na Assembleia: o Padre Almir Ramos, vice coordenador da PCr Nacional, falou sobre a questão da saúde dos/as agentes da Pastoral Carcerária e da saúde no cárcere como uma prioridade da Pastoral Carcerária Nacional, diante das inúmeras enfermidades que habitam estruturalmente as unidades prisionais do país e da pandemia do coronavírus, que assolou o cárcere e a sociedade. A situação da mulher encarcerada é historicamente uma prioridade da Pastoral Carcerária, por isso as especificidades da violência sofrida por elas, com a facilitação de Rosilda Ribeiro, coordenadora da PCr para a questão da mulher encarcerada, foi um ponto importante de discussão.  Também houve momentos de mística, celebração e confraternização, como uma procissão de homenagem ao ao Patrono São José, seguindo a declaração do Papa Francisco, e à Nossa Senhora Aparecida.  No último dia, a CNBB se fez presente para agradecer e animar o trabalho da Pastoral Carcerária Nacional, na presença do assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora, Frei Olavio Dotto. A Irmã Petra Silvia Pfaller, coordenadora nacional da PCr, encerrou a assembleia, agradecendo a todos os presentes pela participação e partilhas, e pela colaboração da equipe nacional. Desejou um bom retorno a todos e, com a benção de D. Henrique, os agentes retornaram para seus estados, com a esperança renovada na missão por um mundo sem cárceres. Por Pastoral Carcerária Fonte: https://carceraria.org.br/igreja-em-saida/assembleia-nacional-da-pastoral-carceraria-debate-os-rumos-da-entidade

Dom Cláudio: “Tempos difíceis, mas também abertos a inovações e novos sonhos”

Uma mensagem inspiradora, de alguém a quem Mauricio López se referiu como “um embaixador do transbordamento do Espírito”. Dom Cláudio Hummes se dirigiu aos participantes da Assembleia Eclesial reconhecendo que “os tempos atuais são difíceis, desafiadores, mas também abertos a inovações e novos sonhos”. Um exemplo desses novos sonhos é esta Assembleia Eclesial, insistiu o presidente da CEAMA. Dom Cláudio lembrou a homilia da missa que o Papa Francisco celebrou logo após sua eleição com os cardeais do Conclave, que teve como fundamento as palavras caminho e caminhar. O Papa insistiu em derrubar muros e construir pontes para sair, para ir ao encontro das periferias e com elas construir “caminhos eclesiais, caminhos sinodais”. Caminhos que fizeram parte da Igreja primitiva, retomados no Concílio Vaticano II e sustentados no sensus fidei e sensus fidelium. Uma Igreja sinodal, “uma instituição pastoral e missionária, constituída não somente de bispos, mas também de representantes das demais categorias do povo de Deus”. O cardeal lembrou o longo processo para chegar nesta Assembleia, lembrando do processo vivido no Sínodo para a Amazônia onde o povo foi “ao encontro de todos, mas especialmente dos mais sofridos e pobres das periferias geográficas e existenciais da Panamazônia com o objetivo de escutar, escutar e escutar”. O presidente da CEAMA também lembrou as palavras do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, em 2013, onde falou que “a Igreja está na Amazônia não como aqueles que tem as malas na mão para partir depois de ter explorado tudo que puderam”. O Papa chamou a consolidar “o rosto amazônico da Igreja”, pedindo para isso ousadia e coragem. Tudo isso foi se concretizando com a criação da REPAM, um processo que foi explicitado pelo cardeal Hummes, e que o purpurado vê como semente desta Assembleia Eclesial, “em que não participam e decidem apenas os bispos, mas todo o povo de Deus, segundo o Concílio Vaticano II”. Seu presidente, também lembrou da criação da CEAMA, aprovada canonicamente pelo Papa Francisco em 9 de outubro, que Dom Cláudio define como “aquele ponto firme irreversível”, para toda a Igreja. “O Papa pode agora constituir Conferências eclesiais em qualquer outra parte da Igreja no mundo”, insistiu. Isso é visto como “um avanço extraordinário!”, mostrando o desejo da CEAMA de “participar plenamente desta nova fase da Igreja na América Latina e Caribe em termos de uma Igreja Sinodal, que se alimenta das grandes propostas de Aparecida e do Vaticano II”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Sinodalidade do Povo de Deus: “Envolver todos os sujeitos eclesiais em relações horizontais”

Citando o Papa Francisco, onde ele diz que “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”. Foi assim que Rafael Luciani iniciou sua intervenção na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que junto com Maria Dolores Palencia refletiu sobre “A sinodalidade do povo de Deus”. As palavras do Papa são, segundo o teólogo venezuelano, uma convocação “a toda a Igreja para discernir um novo modelo eclesial que seja fruto desta nova fase na recepção do Concílio Vaticano II”. Portanto, a sinodalidade não é algo novo, como disse Paulo VI, Luciani, em uma das sessões do Concílio, pediu “uma definição mais completa da Igreja”. A América Latina tem “sinais emergentes de um novo modelo eclesial em chave sinodal”, lembrou a religiosa mexicana, citando a reestruturação do CELAM, a criação da CEAMA, a realização dos Sínodos Diocesanos e Conselhos Plenários, e também esta nova Assembleia Eclesial. O primeiro passo neste caminho, salientou Luciani, é “a conversão de toda a Igreja através da escuta, do aconselhamento e da construção de consensos”. O teólogo insistiu na escuta, que para ser autêntica “deve envolver todos os sujeitos eclesiais, em relações horizontais fundadas na dignidade batismal e no sacerdócio comum de todos os fiéis”. É um caminho de sinodalidade que nos compromete, afirmou Maria Dolores Palencia, a rever como escuto e a quem escuto. Também o que representam os gritos daqueles que sempre foram silenciados: povos indígenas e afrodescendentes, mulheres, pessoas e comunidades LGBTT.   Para isso, a atitude é “superar relações desiguais de superioridade e subordinação típicas do clericalismo, e apostar na necessidade recíproca e trabalhar em conjunto”. A participação não é uma concessão, mas um direito para todos, e é um dever de tomar conselhos baseados na escuta daqueles que exercem autoridade, de acordo com Luciani. Algo que Santo Oscar Romero já disse, nas palavras de Maria Dolores Palencia, e que deve nos levar a entender que “escutar não é genérico nem abstrato”, acrescentou o teólogo venezuelano, que citou o Sínodo da Amazônia como exemplo, tanto no processo de escuta como nos documentos pós-sinodais. O desafio é abrir mentes e corações para a Ruah, que emerge na diversidade, nas periferias, entre os vulneráveis e os silenciados, a religiosa lembrada novamente.  Uma escuta que “não é um fim em si mesma”, para Luciani. É realizada para poder trabalhar em conjunto “para que decisões pastorais possam ser tomadas”, algo que define o significado e o objetivo de um processo eclesial sinodal. E para fazê-lo sabendo que é realizado em “pequenos e simples passos, talvez insignificantes…”, como a Irmã Maria Dolores assinalou, mas que eles têm que ser dados.  Estamos diante de algo que é mais do que “uma mera prática afetiva e ambiental, sem se traduzir efetivamente em mudanças concretas que ajudem a superar o atual modelo institucional clerical”, insistiu Luciani. Por esta razão, ele chamou para aproveitar esta Assembleia Eclesial para avançar na sinodalidade. Isto porque “o futuro da Missão está em jogo”, disse Maria Dolores Palencia, que apontou a necessidade de deixar para trás “o modelo clerical, estagnado e seus privilégios”, e fortalecer a ideia de que “é todo o povo de Deus que é responsável por ações transformadoras, flexíveis, atentas às necessidades das novas gerações e junto com elas, que podem recriar uma comunidade eclesial participativa, de consenso, com novas e diversas formas de viver a autoridade e de tomar decisões”.   Há sinais de esperança, como esta Assembleia Eclesial, vista por Rafael Luciani como “um exercício da eclesialidade de todo o Povo de Deus”, que implanta um modelo no qual “não devem mais ser os bispos a tomar as decisões para todo o Povo de Deus”. Algo que foi construído na Igreja no continente “em meio à perseguição, ao descrédito, à dúvida e à morte”, lembrou a freira mexicana. Por esta razão, ela insistiu que não devemos “parar e reconhecer as coisas novas que estão surgindo a fim de abrir espaços”. Luciani pediu, com base na Episcopialis Communio, que “esta Assembleia Eclesial dê lugar a uma autêntica sinodalização de toda a Igreja do continente e que a América Latina continue a ser uma Igreja fonte para a Igreja universal”. Para isso, ela defendeu “a criação de mediações e procedimentos para o envolvimento de todos os fiéis e o estabelecimento de modalidades permanentes de participação, que consideram os leigos como sujeitos plenos na Igreja”. Para isso, Maria Dolores Palencia apelou a “recriar as redes de comunicação e participação para que este desafio de um laicato plenamente reconhecido chegue realmente a todos”, uma dificuldade, mesmo quando o bispo é a favor de uma maior participação dos leigos e de uma maior consulta antes das decisões, algo assumido na Igreja no continente pelos bispos que ela mencionou. O teólogo venezuelano levantou questões sobre a concretude desta sinodalidade na vida da Igreja. Portanto, em resposta, a religiosa destacou a necessidade de aprender das realidades sociais e eclesiais que há muito tempo estão silenciadas, perguntando-se como vamos nos ajudar uns aos outros, como vamos gerar novos caminhos. Isto na perspectiva e no desafio de “criar uma nova cultura de consenso eclesial”, afirmou Luciani, colocando São Cipriano como exemplo desta jornada sinodal e desafiando a Assembleia a ser “um primeiro sinal emergente desta nova forma eclesial de proceder sinodalmente”. Para isso, a oração e a escuta mútua “a fim de dar os primeiros passos, com medo e tremor, mas sem parar”, enfatizou Ir. Dolores Palencia. Segundo a religiosa, “é melhor ter uma igreja com erros e desacertos, pronta para se levantar e recomeçar, do que paralisia, pânico, que impede a passagem do Espírito e endurece”. Um bom começo e uma provocação à qual quem estava no auditório responderam com umas das palmas mais fortes ouvidas durante toda a semana. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1  

Carta do Seminário da CF pede “uma Educação mais humanizada e integral”

SEMINÁRIO DE FORMAÇÃO PARA MULTIPLICADORES DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2022   CARTA ABERTA   “Na Educação habita a semente da esperança” (Papa Francisco, 2019)   O olhar atento do Papa Francisco aos sofrimentos da humanidade, fome, pobreza, exclusões, injustiças, desalentos, abandonos, violência, entre outros, o fez entender a necessidade de cuidar da dignidade dos/as filhos/as de Deus. Entende Francisco que o processo de transformação social passa pela Educação: “Se queremos o mundo mais fraterno, devemos educar as novas gerações para ‘reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente de sua proximidade física, do ponto da terra onde cada um nasceu ou habita’ (FT, 1)” (Discurso de Papa Francisco, 05/10/2021). Nesse sentido, Francisco propôs o Pacto Educativo Global “para reavivar o compromisso em prol e com as novas gerações, renovando uma paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz da escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão” e, ao mesmo tempo, convoca a TODOS a “unirem esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna” (Francisco, PEG, 2019). No Brasil, a construção de uma Educação mais humanizada e integral é um desafio de dimensão gigantesca, dado o rumo a que o sistema conduziu o processo educativo desde sua base. Presenciamos com indignação a forma excludente em que se transformou a Educação Brasileira, negando a muitos o direito de aprender, de ter acesso ao conhecimento e de poder resgatar e fortalecer a sua dignidade. Temos consciência de quão árdua é esta tarefa e de quanto esforço precisaremos para cumprir esta missão. “A realidade da educação nos interpela e exige profunda conversão de todos” (TB CF 2022, nº 5).  Diante dos desafios, anima-nos a Esperança. Com esta certeza, nós, Igreja Católica na Amazônia, reunida como Regional Norte 1, sentimo-nos interpelados/as pela Campanha da Fraternidade 2022, a qual traz como tema Fraternidade e Educação e lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), cujo objetivo é “promover diálogos a partir da realidade do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário” (TB CF 2022). De fato, a Educação é a chave de transformação social, resposta coletiva de amor e cuidado, assim como nos ensina e inspira o Mestre Jesus. “Educação não transforma o mundo, Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”, já nos dizia o grande educador Paulo Freire. Por isso, queremos transformar o mundo, no chão amazônico e em sintonia com o cuidado da Casa Comum, à luz da Ecologia Integral, reconhecendo as raízes e a ancestralidade, valorizando a pedagogia amazônica: do encontro das águas; das vivências comunitárias dos povos indígenas, das comunidades tradicionais, populações urbanas; da sabedoria ribeirinha e camponesa da alternância e respeito com a terra e com as águas; da igreja povo de Deus que acolhe aos migrantes; do puxirum da inclusão; da ciranda popular que celebra a beleza da vida. Convidamos a Igreja povo de Deus do Regional Norte 1, educadores/as, famílias, instituições de ensino público e privado, municipal e estadual, universidades, pastorais, movimentos e serviços, aos que promovem a Educação Popular a somarem conosco nesta Campanha da Fraternidade 2022, para sermos luzeiros da Esperança e da Vida, nos passos de Jesus de Nazaré, com sabedoria e amor. Reconhecemos a necessidade de intensificar a ação da Pastoral da Educação no Regional, “como serviço evangelizador da Igreja junto aos educadores e às comunidades escolares” (TB CF 2022, nº 261), com o propósito de transformar o mundo a começar por cada um de nós, e vivendo o itinerário da transformação comunitária e social que nos engaja e nos faz partícipes e mediadores dos quatro sonhos de Papa Francisco para Amazônia (social, cultural, ecológico e eclesial). Neste caminho, pedimos a Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia e “Mãe Educadora, com a sabedoria dos pequenos e pobres”, que “nos ajude a educar e servir com a pedagogia do diálogo, da solidariedade e da paz” (cf. Oração da CF 2022). Avancemos para as águas mais profundas da cultura do encontro.  Manaus, 24 de novembro de 2021.  

Sinodalidade: “Uma sinfonia cantada em uma infinita possibilidade de variações”

Quatro pesos pesados de uma Igreja que quer ser sinodal, diferentes formas de viver a fé, de diferentes ministérios e serviços eclesiais. Tudo isso esteve presente em um dos destaques da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. A reflexão do longo painel realizado na manhã de quinta-feira, 25 de novembro, no qual girou em torno do tema: “Da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe em direção ao Sínodo da Sinodalidade”, contou com a presença de dois cardeais da Cúria Vaticana, Marc Ouellet e Mario Grech, a presidenta da Vida Religiosa no continente, Liliana Franco, e Mauricio López, leigo mexicano e coordenador do Centro de Redes e Ação Pastoral do Celam. Alguém que, como Secretário Geral do Sínodo, “quase todos os dias tenho que falar sobre a sinodalidade e o Sínodo da sinodalidade”, disse sentir-se honrado por poder dirigir-se à Assembleia Eclesial, a continuação de uma história de “comunhão eclesial, que poderia ser um exemplo para muitas Conferências Episcopais”. O cardeal definiu este encontro como “uma expressão da visão pastoral do Papa Francisco“, e uma ponte entre o Sínodo sobre a Amazônia e o Sínodo sobre a Sinodalidade. O Cardeal Grech refletiu sobre “a estreita relação entre sinodalidade e missão“, presente na Evangelii Gaudium, “um documento sobre a dimensão missionária da Igreja”, sobre o avanço da Igreja. A partir daí ele refletiu sobre a “comunidade sinodal”, que “tem um desejo inesgotável de oferecer misericórdia”, que “sabe dar frutos”, que “sabe celebrar”. Para o Secretário do Sínodo dos Bispos, “a Igreja cresce em sinodalidade, assume uma forma cada vez mais sinodal, quanto mais ela vive e pratica um estilo sinodal”. Diante disso, ele nos convidou a “pensar sobre o cenário da missão de uma Igreja não-sinodal”. Para o Cardeal Grech, “um projeto missionário só pode emergir do processo sinodal de escuta-discernimento, que é também um exercício de discipulado“. Neste sentido, ele lembrou o conceito de “sinodalidade missionária”, que aparece no Documento Final do Sínodo para a Amazônia. A partir daí ele lançou um desafio aos presentes: “O aprofundamento da ligação entre estas duas dimensões da Igreja poderia ser uma das contribuições mais significativas desta Assembleia e do caminho sinodal das Igrejas da América Latina e do Caribe”. É uma questão de dar continuidade a uma “caminhada conjunta” presente na história da Igreja no continente. Ele também destacou a contribuição da Igreja da América Latina e do Caribe no método de escuta, esperando “uma contribuição que abra perspectivas sobre como tornar operativas as instâncias intermediárias da sinodalidade”. Junto com isto, ele alertou sobre as divisões na Igreja, que exigem uma conversão sinodal, e sobre “aqueles grupos e seitas cristãos que promovem uma compreensão individualista e íntima da fé“. Diante disso, “a resposta mais confiável é a da comunhão”, segundo o cardeal, em uma Igreja onde “a tradição não é um canto em uníssono”, mas “uma sinfonia, onde cada voz, cada registro, cada timbre vocal enriquece o único Evangelho, cantado em uma infinita possibilidade de variações”. O Cardeal Ouellet começou por se fazer algumas perguntas: “Qual é o sonho de uma Igreja sinodal? Uma nova moda? Uma estratégia de comunicação? Uma ideologia disfarçada de programa pastoral? Um método para a conversão missionária da Igreja?” O sonho do Papa Francisco de uma Igreja sinodal provoca reações diferentes, embora o cardeal quis deixar claro que “o Papa acredita no Espírito Santo e quer que aprendamos a ouvi-lo melhor em todos os níveis da Igreja”. Isto significa “escutar a todos e a cada um com atenção, sem pressa, sem ideias preconcebidas ou preconceitos“. O que importa ao Papa, segundo o Prefeito da Congregação para os Bispos, não é “um novo modelo de Igreja”, mas “a fé dos batizados e daqueles a serem batizados”. O cardeal canadense insistiu que o que é fundamental é a certeza da fé, algo muito presente na Bíblia. Por esta razão, “uma Igreja sinodal é uma Igreja que caminha na fé“, algo que se reflete no Magistério continental e no do Papa Francisco, e presente ao longo da história da evangelização no continente, o que lhe deu uma unidade “que foi forjada no sangue de muitos mártires”. Uma Igreja sinodal na América Latina e no Caribe que deve ser necessariamente mariana. Olhando para o próximo Sínodo, ele destacou a importância da participação, da comunhão, da missão, refletindo sobre cada uma dessas dimensões. O presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina agradeceu a oportunidade de participar da Assembleia, parabenizando o Celam “pelo esforço empregado nesta organização complexa e criativa em tempos de pandemia”. Algo que encorajará o próximo processo sinodal, afirmou o cardeal, que concluiu seu discurso refletindo sobre as vocações em uma Igreja sinodal. A irmã Liliana Franco, em nome da Vida Religiosa do Continente, começou afirmando que estamos “enfrentando um processo, um itinerário de encontro e conversão“, no qual é necessário “colocar-nos no lugar da humildade, reconhecer nosso pecado”, e mudar os modos de nos relacionarmos. Estamos diante de “um novo olhar contemplativo, mais teológico e encarnado”, que deveria nos levar a “aguçar nosso olhar para contemplar a realidade e aguçar nosso ouvido para escutar o Espírito que nunca cessa de gemer”. A partir daí, a comunhão é tecida, a partir da escuridão e da luz do humano, entre fragilidade e graça. Estamos diante de uma época de testemunhas, porque somente desta forma “nossa narrativa se torna credível“. Para isso, o caminho é “o discernimento, a atenção à realidade, a capacidade de ouvir o grito de Deus”, enfatizou a presidenta da CLAR. É uma experiência tornada possível pelo Espírito, “que nos encoraja a tecer o vínculo, o relacionamento, a amizade, o afeto em nossa vida diária e nos exorta a amar, acreditar e cuidar um do outro, a dar um lugar um ao outro, a não nos excluirmos um do outro”. Tudo isso em uma dinâmica eclesial de continuidade e progresso, concretizada na diversidade de dons, carismas e estilos. Mas sem esquecer que “no mais autêntico dos encontros, as identidades pessoais não são eliminadas“. A Vida…
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