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Jornada Mundial dos Pobres: estar com os pobres como modo de evangelizar

A Jornada Mundial dos Pobres, instituída pelo Papa Francisco, tem se tornado um momento de reflexão para a Igreja e para a sociedade. Em 2021 esta Jornada acontece pela quinta vez, e nos desafia a nos questionar: “Sentes Compaixão?”. Dentro das atividades da Semana dos Pobres, a Igreja de Manaus organizou o “Seminário da V Jornada Mundial do Pobre”. Segundo Dom Leonardo Steiner, “o Papa nos dá os meios de como evangelizar, de como viver o Evangelho, um novo método de viver na Igreja”. Nesse novo modo de evangelizar, segundo o arcebispo de Manaus, é fundamental “estar com os pobres, mostrar a razão de ser o Reino de Deus”. Além das palavras, segundo Dom Leonardo, somos chamados a evangelizar a través dos gestos, da acolhida, do caminhar juntos. O arcebispo insistiu em que “nossas palavras estão perdendo sua força e vigor”, sendo desafiados a aprender com Jesus, que “tomava as crianças no colo, ressuscitava mortos, dava comida, caminhava, tocava nos migrantes”. A Igreja de Manaus é desafiada a organizar melhor a caridade, segundo seu arcebispo. Para isso está sendo criado o Vicariato da Caridade. Tudo isso, numa Igreja que tem alma missionária, tem gestos, tem braços, tem pernas, afirmou Dom Leonardo. Esses braços e pernas se concretizam na Igreja de Manaus no trabalho de diferentes pastorais, comunidades, congregações e fraternidades. Algumas delas contaram sua experiência no trabalho com os pobres, especialmente com os moradores de rua e com os migrantes. A Comunidade Nova Aliança, a Fraternidade o Caminho, a Pastoral do Povo de Rua, o Serviço Pastoral do Migrante, a Pastoral Indigenista, ajudou os participantes do Seminário a entender a necessidade de ser sinal da misericórdia, a servir e caminhar com aqueles que mais sofrem. Na Igreja de Manaus, “esta Jornada teve um impulso maior, tentando descentralizar as ações, sensibilizar as paróquias, porque a Jornada Mundial, em primeiro lugar, é para a Igreja, e a Igreja sensibiliza a sociedade”, segundo o padre Alcimar Araújo. O Vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus insistiu em que “o Seminário é extremamente importante para a gente juntar as pessoas que trabalham diretamente com os pobres, os desfavorecidos”. Isso é visto como “um embrião para depois, como é o desejo de Dom Leonardo, fazer o Vicariato da Caridade, para a gente potencializar as nossas ações, formando rede e tendo mais apoio para atender essas pessoas”, segundo o padre Alcimar. Ele destacou a importância do Seminário como espaço onde “cobrar do poder público, porque eles têm sua obrigação, eles têm a gestão do dinheiro, que é público. Esse dinheiro muitas vezes é mal gasto, esse dinheiro muitas vezes vai pelo ralo da corrupção, esse dinheiro não volta, como deveria voltar, para a sociedade civil”.     Para o vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus, “é importante que nós, sociedade civil organizada que trabalha, faz alguma coisa pelos pobres, também cobrássemos para que o governo fizesse sua parte”. Segundo o padre Alcimar, “há muita coisa que pode ser feita, e a gente precisa estar cobrando do governo para que isso seja realmente uma realidade que melhore a vida do nosso povo”. Numa sociedade em que vivemos rodeados pelos nossos problemas e nem sempre olhamos para os outros, a Dra. Alzira Costa Melo, procuradora chefe do Ministério Público do Trabalho no Amazonas e Roraima, chamou a refletir sobre o papel do Ministério Público na sociedade, sobre o papel do procurador, chamado a enxergar o sofrimento que é causado pela violação dos direitos humanos. Diante disso, se faz necessária a cobrança da parte do Ministério Público e dos órgãos de fiscalização. Segundo a procuradora, além das ameaças, que tem aumentado com a pandemia da Covid-19, existem no Brasil as ameaças políticas. Um exemplo disso é a Proposta de Emenda Constitucional conhecida como a “PEC da Mordaça”, que pretende impor limitações ao Ministério Público no seu trabalho fiscalizador em defesa dos direitos humanos. A Dra. Costa Melo insistiu em que “os recursos nunca serão suficientes para a atenção aos pobres”, incentivando a urgência de políticas que pensam em soluções além do emergencial. Estamos diante de um trabalho multidisciplinar, que precisa da colaboração de todos os atores sociais. Nesse sentido, o representante do Conselho de Segurança Alimentar insistiu em que o Conselho está querendo ser um espaço plural, onde possam ser cobrados os direitos dos brasileiros. Por isso, é importante implementar políticas diferenciadas para ajudar a superar as situações de pobreza, buscando superar as causas estruturais dessa pobreza. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Violência Estrutural: “Se a dor do outro não doe em mim, vou me desumanizando”

“Refletir sobre o fenômeno da violência estrutural como processo de construção histórica e ideológica, dentro e a partir do momento histórico em que nosso país se encontra”, foi o objetivo da “Conferência Interdisciplinar sobre Violência Estrutural: Reflexões para uma agenda de processos humanizadores”, organizada pelo Seminário São José de Manaus e o Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia (ITEPES). Diante de uma realidade em que “a violência estrutural sacrifica vidas todos os dias em nosso país”, a conferência abordou essa problemática desde a psicologia, a filosofia, a pastoral e a teologia. Em representação do Seminário São José, o padre Jardson Sampáio destacou a importância de os jovens refletir sobre esta temática. O diretor do ITEPES, o padre Ricardo Castro, afirmou que “o conhecimento não é só teórico, mas é um conhecimento para realidades invisibilizadas ao longo da história, que neste momento da história se tornam gritantes”. Elayne Cardoso abordou a questão da violência estrutural, refletindo sobre a relação entre violência e saúde, que segundo a psicóloga se tornou problema de saúde pública. A violência tem se convertido em algo normalizado, parte de nossos atos e modos de nos relacionarmos, segundo Elayne, que citou vários fatores que provocam violência, que considera a violência como algo que funciona em espiral, como algo que tende a crescer. A psicóloga afirmou que a violência nunca é justificável por si mesma e sempre serve alguns interesses. Segundo ela, a violência cria inimigos, o que naturaliza as ações e justifica a violência. A sociedade chegou numa situação em que a violência foi internalizada como padrão de relação social, uma realidade que no Brasil pode ser dito que se tornou violência de Estado. A realidade da violência a partir do existencialismo foi a abordagem do professor Arthur Hidalgo, tendo como referentes Franz Kafka e sua obra “O Processo”, e “A Peste” de Albert Camus, um escrito que cobrou nova relevância com a pandemia da Covid-19. Mostrando elementos da vida de ambos autores, o professor da Faculdade Salesiana Dom Bosco, de Manaus, apresentou o existencialismo como uma corrente filosófica que tem a liberdade como princípio. Em palavras do professor, “o ser humano faz suas escolhas”, insistindo em que “somos livres para escolher, mas também responsáveis por nossas escolhas. Seguindo os postulados do existencialismo, ele afirmou que segundo essa corrente filosófica, “a vida humana não tem sentido, a não ser o sentido que se dê a ela”. A partir daí, o homem é definido como ser humano em projeto, afirmando que a vida humana tem sentido quando ela tem um projeto. Para abordar a violência, se faz necessário ter presente o horizonte da construção da cultura da paz. Segundo a Ir. Rose Bertoldo vivemos numa sociedade que “não nos deixa sentir e pensar a dor do outro”. Segundo a religiosa, “se a dor do outro não doe em mim, vou me desumanizando”. A partir do trabalho na Rede um Grito pela Vida, a Ir. Rose afirmou que “a violência sexual contra crianças e adolescentes é um crime com autor conhecido”. De fato, os números são assustadores, insistindo em que não são números, são vidas, situações que afetam diretamente o desenvolvimento do ser humano. A religiosa se perguntava: “o que fazer para quebrar os ciclos de violência?”. Ela fazia algumas propostas para isso: denunciar, capacitar os profissionais, garantir a presença das crianças na escola, ajudar as crianças a identificar as violências, fortalecer a rede de proteção… Desde a teologia e a religião, o padre Ricardo Castro salientou que somos movidos pela cultura, que é o que nos torna humanos. Segundo ele, é de Deus que emanam as compreensões do ser humano. O diretor do ITEPES insistiu na necessidade de compreender a estrutura da religião para não se converter em instrumento de violência. Ele abougou pela capacidade de fazer uma autocrítica e a necessidade de promover diálogos, seguindo as propostas e atitudes do Papa Francisco, que tem assumido essa disposição para o diálogo como postura vital.

Pobreza: uma pandemia que se supera desde a compaixão

A pobreza é uma realidade com presença secular na vida da humanidade. Podemos dizer que a pobreza tem diferentes causas, mas também somos desafiados a assumir que superar a pobreza é possível. Para isso se faz necessário estarmos dispostos olhar os outros com sentimentos diferentes, deixando para trás o egoísmo, que pode ser considerada como uma das causas da pobreza, e assumindo a partilha. A gente partilha quando sente compaixão pelos outros, uma pergunta que coloca na nossa frente a Jornada Mundial dos Pobres deste ano. Instituída pelo Papa Francisco, neste próximo domingo, 14 de novembro, acontece a quinta edição. Na sua mensagem para esta Jornada, o Papa Francisco nos lembra que “toda a obra de Jesus afirma que a pobreza não é fruto duma fatalidade, mas sinal concreto da sua presença no nosso meio”. O Santo Padre insiste em que “os pobres são verdadeiros evangelizadores”. Isso acontece, nos lembra a mensagem pontifícia, “porque permitem descobrir de modo sempre novo os traços mais genuínos do rosto do Pai”. Além das ações, o Papa pede atenção para com os pobres, se preocupar com eles, partilhar a sua sorte, a exemplo de Jesus. Nos envolvermos diante do sofrimento dos outros, especialmente dos vulneráveis e descartados, pode ser considerado como um termómetro que mede nossa capacidade de viver a compaixão, que pode ser considerada atitude indispensável na vida dos discípulos. A partilha é uma atitude que deve ser assumida, como algo que gera fraternidade, reforça a solidariedade e cria as premissas necessárias para se alcançar a justiça, segundo a mensagem do Papa Francisco. Num momento histórico em que a pobreza no Brasil está aumentando, devemos nos questionar sobre o que fazer para superar essa realidade que cada dia mais atinge a pessoas próximas da gente. A pandemia pode ser considerada como uma das causas do aumento da pobreza, mas não podemos negar que as decisões políticas também contribuem para o aumento da pobreza. A falta de políticas públicas, o recorte dos direitos trabalhistas, o aumento da inflação, sobretudo dos produtos de primeira necessidade, está fazendo com que a vida dos mais pobres fique cada dia mais difícil. A fome, a população de rua, o desemprego, e outros indicativos da pobreza aumentam a cada dia, e isso faz com que seja urgente a toma de medidas para superar uma realidade cada vez mais cruel. Ver pessoas procurando comida num caminhão de lixo não pode nos deixar indiferentes. Fazemos parte de uma sociedade que cria guetos, que considera os pobres como pessoas aparte. Na verdade, é a própria estrutura social que produz a pobreza, e isso demanda respostas concretas, fomentando a solidariedade social e a generosidade. Mas somos capazes de fazer isso? Desde a fé nossa resposta tem que ser clara: a compaixão nos faz felizes e nos ajuda a entender que salvar o outro, especialmente aquele que sofre, é nos salvarmos a nós mesmos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Mensagem dos Bispos pela COP26: “Ações urgentes, audaciosas e eficazes”

Os bispos brasileiros, o país com o maior território amazônico, considerado um dos pulmões do Planeta e com uma importância decisiva no futuro das mudanças climáticas, tem lançado uma mensagem por ocasião da COP26 (ver aqui). Assinada pelo presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, também conta com a assinatura do Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia – CNBB, o Cardeal Dom Cláudio Hummes, de Dom Sebastião Lima Duarte, Presidente da Comissão Episcopal Especial para a Ecologia Integral e Mineração – CNBB, do Presidente da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora – CNBB e do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Dom José Valdeci Santos Mendes, de Dom Erwin Kräutler, Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), do Presidente da Cáritas Brasileira, Dom Mário Antônio da Silva, de Dom Roque Paloschi, Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), e de Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A mensagem mostra a atenção do episcopado brasileiro “aos debates, acordos e deliberações da Conferência da ONU (COP26)”, que segundo eles “se apresenta ao mundo como esperança”. Diante do “atual contexto socioambiental que demanda ações urgentes, audaciosas e eficazes”, esperam ações que “combatam as mudanças climáticas e garantam a continuidade de todas as formas de vida”. Os bispos pedem interpelações por parte da Conferência do Clima, relatando a situação do Brasil, “que tem territórios e biomas ameaçados”, e sofre em diferentes regiões os efeitos do aumento da emissão de gases de efeito estufa. Eles também denunciam as queimadas no país, algo que contribui com o aquecimento do planeta e vai mudar as condições climáticas em algumas regiões do país, aumentando as “desigualdades sociais, degradação de territórios, fazendo desaparecer espécies animais e vegetais”. A mensagem insiste em que “a Igreja Católica no Brasil, no horizonte da Doutrina Social da Igreja e em comunhão como Papa Francisco, reafirma o seu compromisso com a justiça socioambiental, na perspectiva da Ecologia Integral”. Junto com isso, os bispos mostram sua preocupação “diante das ameaças aos povos tradicionais e seus territórios”. Afirmando que só tecnologias não conseguirão solucionar a catástrofe ambiental em curso, os bispos consideram a COP26 como “decisiva, pelo dever ético de oferecer aos governos inspirações para suas políticas locais no enfrentamento das mudanças do clima, bem como o fortalecimento da solidariedade internacional”. Também são pedidas medidas fortes para quem não promover o cuidado da Casa Comum. Finalmente, mostram seu compromisso em continuar “acompanhando as agendas socioambientais no Brasil, promovendo a dignidade da pessoa humana, o cuidado com a Casa Comum, no horizonte de uma Ecologia Integral”, assim como a exigência do cumprimento das deliberações da COP26. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Núcleo Lux Mundi promove curso de proteção de crianças, adolescente e vulneráveis

A proteção das crianças, adolescente e vulneráveis é uma das prioridades da Igreja, uma das grandes insistências do Papa Francisco. A Igreja do Brasil criou em dezembro de 2020 o Núcleo Lux Mundi, uma parceria entre a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). Para a Igreja brasileira é fundamental enfrentar todos os casos de violências sexuais em crianças, adolescentes e vulneráveis, cometidos por presbíteros, religiosos (as), formandos (as), seminaristas e leigos. O propósito do Núcleo Lux Mundi é buscar auxiliar as dioceses na aplicação de políticas para prevenção e encaminhamentos relacionados à chaga dos casos de abusos sexuais na Igreja. Também formar e educar os conselhos diocesanos e religiosos, por meio de capacitações e itinerários orientativos personalizados. Para avançar nesse caminho, promoverá o curso de capacitação regional “O Serviço de proteção: as constituições e atribuições”. A Igreja católica no Brasil, segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, avança no fortalecimento de mecanismos e ações para proteger ainda mais os pequeninos. O agir se inspira na palavra de ordem ‘Tolerância Zero’ em relação a violência! O curso, dividido em cinco sessões, acontecerá em modalidade online de 29 de novembro a 14 de dezembro e está destinado aos membros dos Conselhos Diocesanos de Proteção à Crianças e Adolescentes, como também para delegados das respectivas dioceses. O Brasil será dividido em dois grupos, o primeiro vai atingir a Região Norte e Nordeste do país, e o segundo o restante das regiões. Segundo Dom José Negri, bispo de Santo Amaro (SP) e presidente da Comissão Especial de Proteção da Criança e do Adolescente da CNBB, “será uma excelente oportunidade de encontro com diversos especialistas que aliados à Igreja contribuem educativamente nas mais variadas frentes e dimensões do indivíduo. Desde os últimos papas até o Papa Francisco, sempre tivemos essa ideia clara: Que as nossas Igrejas, nossos ambientes eclesiais precisam estar preparados para terem realmente uma segurança e as crianças, adolescentes e vulneráveis possam se sentir protegidos”. Durante oito horas e meia, que é a carga horária do curso, serão apresentados procedimentos para implementação de serviços de prevenção e combate ao abuso sexual nas estruturas pastorais da Igreja Católica, Dioceses e Congregações Religiosas com a função de cuidado e proteção empenhando-se em duas frentes: prevenção e Centro de Escuta. Entre os assessores do curso, o consultor jurídico da CNBB, dr. Hugo Sarubi Cysneiros, o bispo auxiliar de Brasília (DF), dom José Aparecido, a doutora em Bioética Daiane Priscila, a doutora em Direito Danielle Espezim, e o doutor em Teologia Moral padre Celito Moro. Com informações da CNBB e CRB Nacional

Coordenadores de Pastorais e Organismos recebem Diretrizes aprovadas na Assembleia Regional

Os coordenadores das pastorais e dos organismos do Regional Norte 1 se reuniram nesta terça-feira, 9 de outubro, na sede do Regional em Manaus. O encontro foi momento para apresentar e entregar as Diretrizes da Ação Evangelizadora do Regional Norte 1 da CNBB 2022-2024 (aqui pode baixar em PDF) , e planificar os seminários sobre a Campanha da Fraternidade e o Sínodo da Sinodalidade, que serão realizados de 22 a 25 de novembro na Maromba, com a participação de 4 representantes de cada uma das dioceses e prelazias. As Diretrizes, segundo o diácono Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte 1, são fruto de uma caminhada, e foram aprovadas pelos participantes da 48ª Assembleia do Regional Norte 1 da CNBB, que foi realizada de 20 a 23 de setembro. Na evangelização da Amazônia, as diretrizes colocam a centralidade da comunidade eclesial missionária, segundo afirma Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira e presidente do Regional Norte 1, na apresentação das diretrizes. Segundo Dom Edson, nas comunidades eclesiais missionárias “deve acontecer a dinamização da ministerialidade, com destaque à figura do catequista, ao protagonismo exercido por mulheres, à formação sociotransformadora”. As Diretrizes estão “em profunda comunhão com as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, atentos as indicações do Sínodo para a Amazônia e considerando a caminhada de nosso Regional”. Nelas aparecem 5 dimensões: missionariedade, Palavra, Igreja servidora e defensora da vida, Igreja irmã da Criação e Igreja Celebrante e Contemplativa. Em cada uma das dimensões são relatados elementos do caminho percorrido desde às últimas Diretrizes, onde aparecem os passos dados em diferentes níveis. Junto com isso são colocadas as propostas de novos passos, que em cada uma das dimensões respondem a um dos sonhos da Querida Amazônia. Segundo descrito na conclusão, os sonhos da Querida Amazônia, “os trouxemos para mais próximo de nós e a estes demos uma feição mais local com indicações de operacionalidade segundo as exigências dos clamores do nosso chão”.

Cáritas inicia cadastros de famílias amazônidas para receberem kits de prevenção à Covid-19

O projeto Ajuri pela Vida na Amazônia iniciou, nesta primeira semana de novembro, o cadastro de 1.400 novas famílias localizadas em comunidades rurais, urbanas, periurbanas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas no interior do estado do Amazonas, para receberem orientações sobre saúde e higiene, bem como kits para prevenção e combate à Covid-19. Nesta segunda fase, o projeto chegará a mais de 100 comunidades que se encontram no contexto de vulnerabilidade social de nove municípios amazônicos: Coari, Tefé, Maraã, Alvarães, Fonte Boa, Juruá, Uarini, Itacoatiara e Parintins. Serão 4.500 famílias diretamente beneficiadas pelas ações do projeto, totalizando 22.500 pessoas atendidas. A consultora técnica da CRS para resposta de emergência, Anna Hrybyk, ressalta que essa etapa irá possibilitar a geração de resultados qualitativos para os comunitários. “Nesse momento de emergência, o projeto pretende alcançar os lugares mais longínquos, onde até mesmo as políticas públicas não estejam conseguindo chegar. Portanto, o cadastramento das famílias é de fundamental importância para todos os demais processos de desenvolvimento do projeto, pois é a partir desse primeiro contato com as comunidades que será possível fazer um diagnóstico rápido para levar esperança de qualidade de vida para essas pessoas”, explicou Anna.  Os cadastros são realizados por educadores sociais do projeto, que se deslocam até as comunidades para conhecer a realidade de cada família. Programação Após a etapa de realização dos cadastros, a previsão é de que, no início de dezembro, aconteça a primeira entrega dos kits de higiene para as famílias cadastradas, bem como elas possam participar de encontros a fim de receber as orientações dos educadores sociais, que irão implementar a ferramenta de WASH (água, saneamento e higiene) em cada comunidade. Além da entrega dos kits, os educadores sociais também irão fazer demonstração do uso correto da máscara, orientações de higiene e lavagem correta das mãos, baseadas nos cinco momentos críticos para lavar as mãos, assim como sobre o distanciamento social e a sensibilização quanto à necessidade de se  tomar as duas doses da vacina contra a Covid-19.  Os kits que serão distribuídos nas regiões de abrangência do projeto contém álcool em gel, máscara facial de pano reutilizável, água sanitária e sabão antibacteriano, para incentivar a lavagem das mãos. Ajuri Pela Vida na Amazônia A segunda fase do projeto Ajuri Pela Vida na Amazônia tem como objetivo permitir o acesso de famílias em situação de vulnerabilidade e alto risco de transmissão de Covid-19 a insumos relacionados a WASH (água, saneamento e higiene), para que possam manter comportamentos de prevenção, bem como seja possível melhorar a retenção de conhecimento dessas famílias. Essas práticas serão desenvolvidas em comunidades amazônidas de 9 municípios (Coari, Tefé, Maraã, Alvarães, Fonte Boa, Juruá, Uarini, Itacoatiara e Parintins), por meio  da orientação popular para promoção de higiene, distribuição de kits de higiene e prevenção, conscientização sobre a importância de adesão à vacina. O trabalho também inclui  a sensibilização para a adoção à lavagem adequada das mãos como principal fator de prevenção eficaz contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, assim como pode evitar outras doenças infecciosas, transmitidas por vírus ou bactérias.   Ao total, além das 4 mil famílias cadastradas na primeira edição do projeto, nesta segunda edição 1400 novos núcleos familiares serão beneficiados, correspondendo um quantitativo de 22.500 pessoas atendidas diretamente pelas ações aplicadas por uma equipe multidisciplinar, como educadores, assistentes sociais, psicólogos e comunicadores. O projeto Ajuri pela Vida na Amazônia é desenvolvido pela Cáritas Brasileira e Cáritas Articulação Norte 1, com financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e apoio da Catholic Relief Services (CRS). Atualmente, o projeto segue em sua segunda fase de realização, continuando com as ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus nos territórios do interior do estado do Amazonas. Hanne Assimen Projeto Ajuri pela Vida na Amazônia – Cáritas Regional Norte 1

Dom Leonardo pede aos políticos ler a Fratelli tutti para “abrir horizontes importantes para a ação política”

O primeiro aniversário da encíclica Fratelli tutti, publicada pelo Papa Francisco em 3 outubro de 2020, fez com que as comissões de Direitos Humanos e Minorias, Educação, Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa e de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados realizaram, nesta segunda-feira, 8 de novembro, um seminário sobre fraternidade e amizade social. Os participantes foram o secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB, Daniel Seidel, que destacou na encíclica seu empenho em buscar recolocar a melhor política acima da economia; a representante do grupo de trabalho da Economia de Clara e Francisco da PUC Minas, Maria Oliveira, que vê a encíclica como “um caminho de conversão política para abrir os olhos”; Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que pediu aos parlamentares que a Fratelli Tutti seja inspiração para projetos de reformulação do poder e das instituições do país. Também participaram do seminário o vigário da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, padre Júlio Lancelotti; a representante do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), Romi Benke; a presidente do Conselho Nacional de Leigos do Brasil, Sônia Oliveira; o bispo da prelazia do Alto Xingu-Tucumã no Estado do Pará, dom Jesus Maria López Mauleón; e Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo metropolitano de Manaus. Segundo Dom Leonardo, a Fratelli tutti “é um texto eminentemente político, texto que nos ajuda a compreender o que significa a política, mas também o que significa a nossa missão como políticos, como pessoas dadas à política”. O arcebispo identificou a político com o cuidado das relações da nossa convivência humana como um todo, definindo a encíclica como “um texto que ajuda a compreender as relações mais profundas, mais necessárias”. Falando sobre o número 241, que fala das lutas legítimas e do perdão, Dom Leonardo disse que “as relações, elas são feitas de confrontos, elas são feitas de embates, mas elas são feitas também do perdão. Senão, não existe fraternidade, não existe cidade, isto é não existe convivência humana”. Segundo ele, “não se trata de propor um perdão, renunciando aos próprios direitos perante um poderoso, corrupto, um criminoso, ou alguém que degrada a nossa dignidade”. Dom Leonardo afirmou que “somos chamados a amar a todos, sem exceção, mas amar um opressor não significa consentir que continue a ser tal, nem leva-lo a pensar que é aceitável o que faz. Pelo contrário, ama-lo corretamente, procurar de várias maneiras que deixe de oprimir, de tirar o poder, de não saber usar o que desfigura como ser humano”. Para o Arcebispo de Manaus, “perdoar não significa permitir que continuem a espezinhar a própria dignidade e a dignidade do outro, ou deixar que um criminoso continue a fazer o mal”. Dom Leonardo insistiu em que “quem sofre injustiça tem de defender vigorosamente seus direitos, precisamente porque deve guardar a dignidade que lhes foi dada, uma dignidade que Deus dá”. Na política, Dom Leonardo disse que “nós temos necessidade de termos pessoas que compreendam as relações mais profundas da nossa sociedade”. Aos políticos, que estão envolvidos diretamente com decisões políticas a respeito da nossa sociedade, “poderiam ler o texto, compreender a profundidade e perceber como o político, a política deve procurar estabelecer diálogos de profundidade”, insistiu. Em palavras de Dom Leonardo, se faz necessário insistir nas decisões “que fazem emergir aquilo que é próprio da dignidade, da justiça, da fraternidade e da liberdade”. Finalmente, o arcebispo de Manaus insistiu em ler a Fratelli tutti, pois “isso poderá abrir horizontes importantes para a ação política de cada um, de cada uma, ou de todos nós”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Frutos da presença da Igreja no meio do Povo Indígena

O Sínodo para Amazônia veio a impulsar e confirmar a presença missionária junto aos povos indígenas, estar com eles, viver em suas comunidades, abraçar suas lutas, celebrar suas festas, ser presença que acompanha, que encoraja, que fortalece pelo fato de estar no meio deles. “Uma Igreja de rostos amazónicos requer a presença estável de responsáveis leigos, maduros e dotados de autoridade… Os desafios da Amazónia exigem da Igreja um esforço especial para conseguir uma presença capilar que só é possível com um incisivo protagonismo dos leigos” (QA 94). Quando os leigos e leigas conhecem, vivem e testemunham o Evangelho, o Reino se faz presente. Cada um se reconhece amado e chamado por Deus, descobre seu dom dentro da Comunidade e com disponibilidade participa responsavelmente assumindo os serviços que são necessários em função dos irmãos.  Faz um ano, que começou uma nova experiência de missão, com a presença missionária estável na Comunidade Indígena Ticuna de Umariaçú I, na Diocese do Alto Solimões. Nunca antes tinha havido missionários morando com eles, foi necessário construir uma casa, numa terra que o cacique e seu conselho doaram. Passar da pastoral da visita à pastoral da presença foi um desejo gestado lentamente, rezado, conversado e especialmente sustentado na relação de carinho e respeito estabelecida entre a Igreja e o Povo Ticuna. Viver com eles na comunidade tem o presente da cotidianidade, como oportunidade para conhecer e amar sua realidade, seus ritos, suas formas de comportamento frente à vida, a doença, as dificuldades e a morte. É outra cultura, por isso, como missionários estamos chamados a tirar nossas sandálias para acompanhar cuidadosamente a vida do povo, reconhecendo as sementes do Verbo presentes no meio deles.    Em quanto à vida da Igreja, é gratificante perceber que quanto mais conhecem Jesus, seus ensinamentos e as verdades de nossa fé, mais cresce neles o desejo de participação na vida da Comunidade Cristã e seus diversos serviços.  O tempo de pandemia, no qual foi solicitado para eles permanecer na comunidade, foi propicio para formar os Celebrantes da Palavra e assim eles presidirem as celebrações dominicais. Também se formaram quatro coros, dois de jovens, um de mães e outro de pais, que são escalados por cada domingo para animar a celebração litúrgica. Neste último domingo 7 de novembro, com a presença de Dom Adolfo Zon Pereira, bispo diocesano, na Comunidade de Umariaçú I, foram enviados um grupo de seis coroinhas para o serviço do altar e apresentados dez novos catequistas para crianças, os quais trabalharão todos os sábados com mais de cem crianças. “É necessário aceitar corajosamente a novidade do Espírito capaz de criar sempre algo de novo com o tesouro inesgotável de Jesus Cristo, porque a inculturação empenha a Igreja num caminho difícil, mas necessário… Não tenhamos medo, não cortemos as assas ao Espírito Santo” (QA 69). Meu nome é Verônica Rubí, sou missionária leiga ad gentes, argentina de nacionalidade, da Diocese de Mar del Plata, Licenciada em Serviço Social de profissão e Marista de espiritualidade. Há mais de 7 anos que partilho a vida e a fé no coração da Amazônia, na tríplice fronteira Brasil- Peru- Colômbia, aqui conheci o Povo Indígena Ticuna, eles me evangelizam.   Verónica Rubí, Missionária leiga na Diocese do Alto Solimões

Diocese de Coari, uma Igreja Sinodal, marca novos caminhos para a Evangelização

A Diocese de Coari realizou de 5 a 7 de novembro sua 6ª Assembleia Diocesana de Pastoral, que aconteceu na Casa de Retiro Santo Afonso, na sede da diocese. Tanto a abertura como o encerramento foram com uma Eucaristia presidida pelo bispo diocesano, Dom Marcos Piatek. A 6ª Assembleia Diocesana da Diocese de Coari teve como tema: “Numa Igreja Sinodal, construindo juntos novos caminhos para a Evangelização“, segundo explicou o bispo diocesano na abertura dos trabalhos, refletindo sobre o papel missionário da Igreja, que está centrado na evangelização. Nas suas palavras foi explicando o propósito da assembleia, onde no primeiro dia foi momento para as paróquias partilhar sua caminhada pastoral. A assembleia, que contou com a assessoria do padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José de Manaus, onde são formados os seminaristas do Regional Norte 1 da CNBB, dentre eles os seminaristas da Diocese de Coari, foi explanando o tema central, questionando a Caminhada da Igreja a partir da proposta sinodal, uma dimensão importante na Igreja da Amazônia, especialmente depois do Sínodo para a Amazônia, onde o padre Zenildo foi auditor. Se referindo ao Sínodo sobre a Sinodalidade, que o Papa Francisco deu inicio no dia 10 de outubro deste ano no Vaticano e posteriormente foi realizada a abertura em todas as igrejas particulares do mundo no dia 17 de outubro, abordou as palavras chave que devem nortear o processo de escuta, que está dando os primeiros passos: Comunhão, Participação e Missão. A Diocese de Coari, num contexto de pandemia, que tem provocado numerosos desafios, mas também grandes criatividades, procurou durante a 6ª Assembleia Diocesana novos caminhos para a Evangelização a partir de Jesus Cristo e em comunhão com as Diretrizes da Ação Evangelizadora do Regional Norte 1 e da Igreja do Brasil. Partindo desse contexto foi construído o projeto de Evangelização diocesano. Para isso foi questionado sobre os caminhos ou diretrizes que precisam ser incorporados à atuação da Igreja para que a mesma possa promover uma participação real de todo povo de Deus. Tendo como horizonte o Sínodo sobre a Sinodalidade, os participantes da Assembleia foram expressando seus sentimentos e ideias para esse processo de consulta. A partir desse debate foram sendo elaboradas as propostas que têm sido recolhidas no Plano de Pastoral da Diocese, aprovado na 6ª Assembleia Diocesana de Pastoral. Tudo isso, que tem sido fruto de uma construção sinodal, que busca novos caminhos para a evangelização, será o fundamento da caminhada das paroquias, comunidades, pastorais e movimentos que fazem parte da Diocese de Coari. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1