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Assembleia Prelazia de Borba: “Retomar o caminho a partir da esperança”

“Deus chama a gente para um momento novo”. Com a música de Zé Vicente, Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva iniciava a Assembleia avaliativa e celebrativa da Prelazia de Borba, que tem acontecido nos dias 5 e 6 de novembro de na sede da Prelazia. O bispo definia o encontro como “um acontecimento eclesial que nos chama para um encontro de irmãos”. Nas palavras de abertura, Dom Zenildo falou de sonhos, sinodalidad e perspectivas, lembrando os estragos provocados pela pandemia e insistindo em “buscar a vacina e não cair no negacionismo”. Segundo o bispo tem sido um momento para “retomar o caminho a partir da esperança”, um momento de celebração, de acolhida, de confraternização, de partilha da vida das paróquias. As novas perspectivas a partir da sinodalidade foi ponto de reflexão dos participantes da assembleia. Segundo o bispo, “esta assembleia tem sido um novo ardor, um novo aquecimento para nossas lideranças, para nossas comunidades”. A Prelazia de Borba foi dividida em quatro foranias, que receberam o nome dos evangelistas, querendo assim descentralizar para melhor servir, acompanhar e formar o povo. A Prelazia de Borba abriu o Ano da Palavra, que tem como tema “A Palavra habitou entre nós” e seguirá o Documento 114 da CNBB. O Ano da Palavra “vem para dar um impulso em nossas prioridades e motivações”, tendo como objetivo “animar, reforçar e formar para a Evangelização”. O Ano da Palavra pretende ajudar a “conhecer a Deus, tomar consciência de sua vontade”. Ao longo do próximo ano serão celebrados congressos bíblicos em cada umas da foranias, multiplicados os grupos de reflexão, formar ministros e catequistas… As lideranças vítimas da Covid-19 foram lembradas na Assembleia, realizando uma carreata da esperança com faixas pelas ruas da cidade. A Assembleia foi encerrada com uma Eucaristia na Catedral de Santo Antônio, que segundo Dom Zenildo foi um momento de gratidão, de renovação da Aliança com Deus, com a sinodalidad, com a nossa missão na Prelazia”. O bispo insistiu em que “a pandemia, os problemas, os desafios não nos devem nos afastar de Deus, do plano, da vontade de Deus, da evangelização”. Ele pediu a intercessão de Nossa Senhora para continuarmos servindo, animando, dinamizando o Reino de Deus”. Dom Zenildo agradeceu o empenho dos padres, das irmãs, do laicato, por esta assembleia tão dinâmica e tão comprometida com a causa do Reino de Deus”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

CEAMA e REPAM à COP26: “Mudanças de rumo de uma vez por todas”

Não permanecer em silêncio diante da COP26. Esse é o propósito da Carta da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA e da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, aos líderes participantes do evento, que está sendo realizado em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro. A carta quer expressar “nosso sentimento de desconcerto e, ao mesmo tempo, de impotência ao contemplar e experimentar o caos que vive nosso Planeta, entre outras coisas, por causa da mudança climática e suas consequências catastróficas para a humanidade e para a casa comum”. Depois de ouvir “o grito dos pobres e também o grito da Terra”, eles advertem sobre “as atuais condições em que vive nosso Planeta ameaçado e atormentado“, o que foi retomado no Documento Final do Sínodo para a Amazônia, onde se diz que a floresta “se encontra numa corrida desenfreada para a morte “. Por esta razão, eles veem a Amazônia como “um lugar estratégico para a humanidade e para nosso Planeta”, que está deteriorado. Em vista disso, advertem que “precisamos urgentemente lutar contra toda essa degradação numa região que ‘se mostra diante do mundo com todo seu esplendor, seu drama e seu mistério’”, como foi dito no início da Querida Amazônia. A carta reconta algumas dessas ameaças, lembrando que “os pobres são os primeiros a pagar a conta de toda essa problemática ecológica e climática“. Diante desta realidade, advertem os líderes reunidos na COP26 que “necessitamos cuidar de nossa casa comum e tomar medidas de extrema urgência diante da violência que os territórios e os povos amazônicos e suas culturas sofrem”. Em um mundo quebrado, onde medidas radicais são necessárias, eles dizem aos líderes que “vocês têm em suas mãos a oportunidade de tomar providências transcendentais que revertam a grande catástrofe que se avizinha“. Insistindo que “não podemos esperar mais”, eles pedem ” resultados palpáveis e que conduzam a mudanças de rumo de uma vez por todas”. Isto deve ser traduzido, declara a carta, em “honestidade, coragem e responsabilidade, sobretudo dos países mais poderosos e contaminantes“. O bem comum deve ter precedência sobre o privilégio, para o qual “não existe o direito de manter certa comodidade diante da dor e da pobreza dos outros”. Fazendo um chamado a não perder a esperança, CEAMA e REPAM dizem recorrer “ao bom Deus para que ilumine vocês, a fim de que estejam à altura das atuais circunstâncias”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Walmor: “A indiferença em relação aos pobres é um veneno que adoece a alma humana”

A V Jornada Mundial dos Pobres, que será celebrada no dia 14 de novembro, tem sido o tema de reflexão do Seminário da Jornada Mundial dos Pobres, organizado pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A Igreja do Brasil escolheu como tema da Jornada, “Sentes Compaixão?”, e como lema “Sempre tereis pobres entre vós”, fazendo um chamado a entender a urgência de diminuir a desigualdade. O presidente da CNBB se referiu à Jornada Mundial dos Pobres como “oportunidade para capacitar o nosso coração, reconhecendo a presença dos pobres entre nós, em cenários que nos envergonham e nos apontam um longo caminho para fazer valer a fraternidade universal”. Segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, “a indiferença em relação aos pobres é um veneno que adoece a alma humana”. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) fez um chamado a reconhecer nos pobres a presença do irmão, a contribuir com políticas públicas que favoreçam a superação com urgência de tantos e vergonhosos cenários de exclusão e desigualdade social, a buscar respostas para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, a partilhar o sofrimento de cada pobre, com muita empatia e solidariedade, a partilhar e não se conformar com dar esmolas. Frei Luiz Carlos Susin refletiu sobre a pobreza desde a constatação da pobreza real e a resposta adequada para isso. Segundo o religioso, diante da naturalização da pobreza, se faz necessário entender a pobreza como produção de uma sociedade, como algo social, que forma parte da história da sociedade. Diante disso a sociedade é desafiada a resolver os desequilíbrios que provocam a pobreza, algo que algumas sociedades faziam, colocando como exemplo o Ano Jubilar em Israel. Segundo o frade capuchinho, “precisamos de sentimentos, precisamos acessar o sofrimento dos pobres, expondo-nos a nós mesmos a este sofrimento”. Esse sentimento, conhecido como compaixão, ele se perguntou se é um sentimento realmente universal, uma questão que surge diante da “indiferença cruel que não se sensibiliza”, presente nas pessoas. A compaixão, segundo o religioso, “a gente aprende não com a racionalidade e sim com a sensibilidade, a gente aprende não com a cabeça, a gente aprende se expondo aos outros, em exercícios que são um processo de iniciação”. De fato, “a compaixão, a hospitalidade, a generosidade, são a alma de toda religião. Uma religião que não tivesse essa alma, seria vã, e seria possivelmente uma ideologia de tipo escapatória”. O religioso refletia sobre a capacidade de fazer renúncias, de entender a compaixão como sentimento que nos une, como ato de liberdade. A Irmã Maria Inês Ribeiro viu o Seminário como oportunidade para “fazer crescer em nós essa sensibilidade e essa compaixão”. A presidenta da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), refletia sobre Evangelii Gaudium, onde aparece o esforço do Papa Francisco para “retomar o Vaticano II e dar um novo rumo à Igreja, mostrar o caminho para nós, cristãos e cristãs, do Evangelho”. A religiosa refletiu sobre a importância da economia solidária, da agroecologia, da união das pessoas, a sensibilidade e a partilha, da acolhida. Ela mostrou sua alegria diante da solidariedade e trabalho concreto em favor dos pobres, experiências que foram apresentadas ao longo do Seminário. Nessas realidades, a palavra mais forte, segundo a presidenta da CRB, é o acolhimento, destacando cinco verbos que o Papa Francisco coloca na Evangelii Gaudium: primerear, envolver-se, acompanhar, frutificar e celebrar. Finalmente, a irmã Maria Inês abençoava o Papa Francisco porque proclamou a Jornada Mundial dos Pobres, “para nos sensibilizar cada vez mais, para que cresçamos na compaixão, e possamos não só celebrarmos, mas partilharmos concretamente com os nossos irmãos, porque não é só dar, mas é solidarizar-se, escutar e envolver-se”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Alternativas a uma economia que mata: uma urgente mudança de paradigma

A economia é uma questão constantemente abordada pelo Papa Francisco em seu Magistério, fazendo uma proposta que aos poucos está sendo assumida, sobretudo pelos mais jovens, como caminho de futuro: “A economia de Francisco”, que no Brasil recebe o nome de “Economia de Francisco e Clara”. Refletir sobre esse tema foi a proposta de um convite que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), faz toda primeira quinta-feira de cada mês na live “Igreja no Brasil Painel”, um espaço conduzido por Dom Joaquim Mol Guimarães, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB. Desta vez o tema foi: “Cristãos, esta economia mata!”, e contou com a presença da presidenta do Instituto Casa Comum, Silvana Bragatto, e seu esposo, o historiador, escritor e consultor em políticas públicas Célio Turino. Segundo Dom Mol, “o Papa Francisco é contundente contra tudo o que fere a dignidade humana e o que fere o meio ambiente, a nossa casa comum”, insistindo em que “ele é forte e implacável contra o sistema econômico que globalizou a miséria de grande parte da população mundial e favoreceu a riqueza de uma pequena parte da população mundial”. Como proposta alternativa o Papa fez a proposta da Economia de Francisco, “pacto intergeracional que visa mudar a economia atual e dar uma alma à economia do amanhã, para que esta seja justa, inclusiva e sustentável”, segundo o bispo auxiliar de Belo Horizonte. Comentando as propostas do Papa Francisco, Dom Mol refletia sobre a necessidade de uma mudança de paradigma, um aspecto presenta na reflexão do Papa Francisco diante de um sistema econômico que é injusto em sua raiz, onde o mercado por si só não resolve tudo. Daí nasce o dever moral de fazer a justa distribuição dos frutos da terra e do trabalho humano, devolver aos pobres o que lhes pertence. Em sua reflexão, Silvana Bragatto partia da ideia de que o mundo atualmente está cada vez mais desigual, mostrando a necessidade de uma economia que proporcione qualidade de vida para as pessoas. Nos deparamos com uma economia baseada no egoísmo, na competitividade, no lucro, com crianças educadas para a competitividade. Frente a isso, ela propõe uma economia de confiança, de afeto, de respeito. A professora destaca a necessidade de realmar a economia, de conhecer experiências de novas economias, algo que quer mostrar a Articulação Brasileira de Francisco e Clara.   Segundo Célio Turino, “o sistema mais ilógico que a humanidade já produziu é o sistema chamado capitalista, porque ele é baseado na acumulação e no crescimento continuo”. Ele se questiona “Como apostar nesse sistema num planeta que é finito?”. Frente à globalização atual, Turino diz pensar numa globalização poliédrica, que mantem a especificidade de cada um. Junto com isso uma economia do Cuidado, da dádiva, da festa, do bem viver, do suficiente, que promove a harmonia do individuo com ele mesmo, a harmonia do individuo com a comunidade, a harmonia da comunidade humana com a coletividade da vida, com os outros seres. O historiador vê a Economia de Francisco como “o grande guarda-chuva para essas outras práticas econômicas que existem, que muitas vezes são invisibilizadas, desrespeitadas e desprezadas”. Ele relatava experiências de economia circular, destacando a importância de mostrar realidades e possibilidades diferentes. Para Silvana, a Economia proposta pelo Papa Francisco é uma economia do cuidado, do afetivo, do respeito, da vizinhança. São realidades que querem ser trabalhadas nas Casas de Francisco e Clara, definidas por Célio Turino como “incubadoras dessas novas economias, espaços de discussão de vida comunitária”. Tudo isso para combater uma realidade histórica presente no Brasil e na América Latina, que tem como fundamento, segundo Turino, a desumanização dos povos que viviam no continente, o desrespeito aos conhecimentos desses povos. Isso criou uma mentalidade, sustentada pela elite, que gerou racismo e uma mentalidade de tudo voltado para fora, uma elite que sempre viveu de costas para o povo, que criou um ódio aos pobres, algo presente em toda América Latina. Existem propostas alternativas, segundo Silvana Bragatto, sustentadas numa economia circular, que favorece o acordo entre vizinhança, a partilha, o aproveitar o que já se tem, um novo conceito de produção que abaixa o preço e contribui com o meio ambiente, o reparo dos produtos. Nesse ponto, ela refletia sobre a renda básica universal, proposta pelo Papa Francisco, que definia como “combustível para fazer a criatividade aflorar e criar economias circulares”. Tudo isso, em vista de “estimular o desenvolvimento da economia que protege a vida, que estimula a vida, ao contrário daquela que mata”, segundo refletia Dom Mol no final de um encontro virtual que colocou em foco, mais uma vez, elementos muito presentes na vida do povo, que sofre as consequências dessa economia que mata e favorece exclusivamente às elites.

Comunhão: caminho e necessidade

Nunca podemos esquecer que juntos somos mais, que o individualismo não pode tomar conta da vida da gente. Diante daqueles que querem colocar na cabeça da gente que somos mais do que os outros, que podemos nos virar sozinhos, temos que mostrar que devemos nos preocupar em caminhar junto com os outros. Na Igreja católica a gente fala de comunhão, um elemento indispensável para ser Igreja. Podemos dizer que quando quebramos a comunhão, a gente deixa de ser Igreja. Nossa Arquidiocese de Manaus vivenciava no último domingo, 31 de outubro, um momento de comunhão com a entrega do Pálio ao Arcebispo Metropolitano. Tanto Dom Giambattista Diquattro, Núncio Apostólico no Brasil, quanto Dom Leonardo Steiner, insistiam na importância da comunhão. O representante do Papa Francisco no Brasil insistiu em que “o Pálio significa também comunhão com Pedro, com o Santo Padre, o Papa Francisco, e significa ser pastores pela unidade e na unidade”. Dom Leonardo também ressaltou que o Pálio é “sinal e símbolo da comunhão com o Santo Padre, o Papa Francisco”. Mas também uma comunhão que se vive na colegialidade, segundo Dom Giambattista: “o Pálio também expressa a colegialidade dos bispos, a sinodalidade da Igreja. Ninguém é pastor sozinho, somos pastores na sucessão dos apóstolos, pastores na comunhão da colegialidade, na comunhão diacrónica e sincrónica, no kairós da comunhão unitária e eclesial”. No mesmo sentido, o Arcebispo de Manaus disse ver o Pálio como “sinal e símbolo de unidade entre as nossas igrejas particulares que formam nossa província eclesiástica de Manaus”. Uma atitude presente na história da Igreja na região, “uma unidade que na história sempre esteve presente como caminho de evangelização, como cuidado mutuo, como pertença à Igreja na Amazônia. Unidade entre os bispos e por isso unidade entre as nossas igrejas nas diferenças necessárias”. Infelizmente, essa não é uma atitude assumida por todos na Igreja, onde a falta de comunhão, especialmente com o Papa Francisco, mas também com uma Igreja sinodal, em saída, que se faz presente nas periferias geográficas e existências, está se tornando uma realidade. Nos deparamos com cardeais, bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas que fazem questão de quebrar a comunhão, que se posicionam claramente contra aquilo que é fundamental para ser Igreja, se colocando como modelo de católico, quando na verdade são exemplos do contrário. É hora de parar e pensar, de encontrar caminhos de comunhão, também numa sociedade e num país onde muitos se empenham em gerar divisão e enfrentamento. Reflitamos juntos para encontrar caminhos que nos ajudem a assumir atitudes diferentes, mais humanas, mais cristãs, mais de Deus, pois Ele é comunhão de pessoas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Radio Rio Mar

Dom Leonardo: “É urgente uma mudança de cultura ambiental, no mundo, mas especialmente no Brasil”

Um caminho sofrido e alentador, assim define Dom Leonardo Steiner o percurso das Conferências climáticas. Nestes dias em que acontece a COP26, o arcebispo de Manaus, que participou na COP21 de Paris, marcada pela Encíclica Laudato Si´, reflete sobre “as necessidades urgentes de mudança no modo de viver e do conviver com a terra”. Tudo está ligado ao lucro, e “nesse sentido é urgente uma mudança de cultura ambiental, no mundo, mas especialmente no Brasil”, afirma o arcebispo. Segundo ele, mesmo diante de alguns retrocessos, “as COP são oportunidades de manter a discussão, o diálogo, a reflexão, aprofundando sempre mais a questão das mudanças climáticas”. No Brasil, o panorama mostra “o descaso em relação ao meio ambiente, especialmente em relação a Amazônia”, denuncia o arcebispo de Manaus. Diante disso, se faz importante “a insistência da Igreja na Amazônia”, que “deve ser capaz de suscitar novos caminhos, renovar as estruturas, organizações sociais, incentivar ordenamentos jurídicos que preservem o meio ambiente, mostrar a beleza, a poesia, a arte da Amazônia”. O Papa Francisco pede uma mudança de rumo para alcançar os objetivos do Acordo de Paris e para assegurar que decisões concretas sejam tomadas na COP26. O que os países – especialmente o Brasil – precisam fazer na COP26 para minimizar os impactos climáticos que já vivemos? O caminho das Conferências climáticas tem sido sofrido e alentador. Os diálogos têm demonstrado as realidades gritantes e as necessidades urgentes de mudança no modo de viver e do conviver com a terra. A dificuldade maior é sempre econômica; é dinheiro. A poluição do ar, das águas, a devastação das florestas, a destruição pelo garimpo está ligada ao lucro, ao dinheiro. Não interessa o futuro, a vida dos povos, dos pobres, o desaparecer de culturas, a beleza, a poesia, a harmonia. Nesse sentido é urgente uma mudança de cultura ambiental, no mundo, mas especialmente no Brasil. Na COP, há necessidade de metas mais ambiciosas a curto prazo, um fundo ecológico que ajude na preservação das florestas e na recomposição das mesmas, na urgente despoluição do ar e das águas (saneamento básico). Mas talvez, se os países todos buscassem educar para a ecologia, despertar para o cuidado da casa comum, teríamos mais chance de uma terra também habitável no futuro. A ecologia está ligada a uma compreensão de dominação e lucro ou compreensão de cuidado e cultivo. Em 2015, o senhor fez parte da delegação enviada pelo Vaticano para a 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), que aprovou o maior acordo climático do mundo. A cada cúpula, as previsões são mais catastróficas e muitas das metas estabelecidas pelos países não são cumpridas. Como o senhor avalia o efeito prático das Conferências do Clima até agora? A COP21 foi marcada pela Encíclica Laudato Sì de Papa Francisco. Presente nos debates, fundamentando a necessidade de metas. Os encontros, os debates entre delegações foram decisivos para chegar a um acordo que fosse aceito pelos países participantes. É sempre difícil negociar quando existem realidades nos diversos países que exige mudança em relação ao cuidado do meio ambiente. A França desempenhou uma liderança frutuosa e a Delegação brasileira foi muito atuante. Apesar dos retrocessos depois da COP21, essas Conferência são importantes por manterem viva a discussão e a busca de soluções em relação às mudanças climáticas. Se formos analisar as conferências, veremos um caminho onde se vai construindo consensos e buscando metas. Temos governos que negam a necessidade de uma responsabilização em relação à casa comum, por negarem a ciência. As COP são oportunidades de manter a discussão, o diálogo, a reflexão, aprofundando sempre mais a questão das mudanças climáticas. As ações não caminham como desejamos, nem mesmo conforme a necessidade, apesar do perigo que estamos a correr. Mas não poderão dizer que não buscamos, não tentamos superar a crise em que nos encontramos. O governo brasileiro vem sendo criticado por sua política ambiental, principalmente pelo aumento do desmatamento nos últimos dois anos, o enfraquecimento das políticas e órgãos ambientais e a defesa da exploração de recursos naturais em terras indígenas. Em uma mudança de discurso, o governo prometeu que o Brasil eliminará o desmatamento ilegal até 2030. O senhor acredita numa atuação mais efetiva do Brasil na defesa da Amazônia? Soa como um bom propósito. O que temos ouvido, visto e sentido é o descaso em relação ao meio ambiente, especialmente em relação a Amazônia. Não que o Cerrado esteja protegido e a Mata Atlântica, o Pantanal e outros estejam a salvo. O descaso é grave. O que nos mantém na atenção, na discussão, na reflexão é a própria sociedade através dos povos indígenas e ribeirinhos, das igrejas, de entidades que cuidam do meio ambiente, dos meios de comunicação que percebem a necessidade de mudança de rumo. O garimpo tem sido uma destruição, não apenas das matas, mas também das águas. As populações indígenas e ribeirinhas acabarão eliminadas pelo alto índice de mercúrio no organismo devido as águas contaminadas dos rios. As políticas, o desmonte dos órgãos ambientais, como também do órgão de relação com os povos indígenas, saltam aos olhos e demonstram que os pobres e o meio ambiente podem ser menosprezados e descartados.   O Papa Francisco defende um mundo “interconectado” e afirma que “não se pode agir sozinho, é fundamental o empenho de cada um para a tutela dos outros e do meio ambiente”. Como a Igreja da Amazônia pode contribuir com o debate e a construção de caminhos diante da crise ecológica? No Compêndio da Doutrina Social da Igreja encontramos uma sabedoria que nos ajuda iluminar a pergunta: “A caridade social leva-nos a amar o bem comum e a buscar efetivamente o bem de todas as pessoas, consideradas não só individualmente, mas também na dimensão social que as une”. Está em jogo toda a obra criada e toda a humanidade. Somos chamados a caminhar juntos. O isolamento, a ideologia fechada leva à morte e pode levar à destruição do planeta terra. A insistência da Igreja na Amazônia,…
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Dom Walmor reza “pelas famílias enlutadas deste tempo de pandemia”

As palavras do Mestre, onde diz: “Eu sou a Ressurreição e a Vida, quem crê, ainda que tenha morrido, viverá”, é “uma palavra forte que devolve a alegria aos corações desesperançados”. Dom Walmor Oliveira de Azevedo quer no Dia dos Finados mostrar ao povo brasileiro que “a presença de Jesus entre nós ensina que não há razão para temer a morte”. O arcebispo de Belo Horizonte (MG), afirma que “trata-se de uma passagem que faz parte do caminho de todos indistintamente, e no fim, conforme a vida de Jesus nos revela, a dor e a morte serão superadas, a vida resplandecerá”. O dia 2 de novembro é momento em que “a saudade aperta o coração, com especial reverência aos nossos”, segundo Dom Walmor. Ele lembrou “particularmente às vítimas da Covid-19”, que no Brasil já tirou, oficialmente, a vida de 607.922 brasileiros e brasileiras. Segundo o arcebispo, “por vezes experimentamos a angustia e a tristeza, esse sofrimento faz parte da nossa travessia e da nossa condição humana, devemos reconhece-lo e acolhe-lo, mas nunca desistir de seguir adiante”, uma atitude mais do que necessária diante da atual realidade brasileira. O arcebispo de Belo Horizonte refletiu que “a cada dia damos passos novos, na direção do momento em que estaremos todos juntos na plena comunhão com os que nos precederam e já estão na Casa do Pai”. Diante disso, “nesse caminho temos a missão de edificar desde já o Reino de Deus, fazendo da nossa vida uma oferta para o bem do mundo”. Dom Walmor vê como “um bom sentido do Dia de Finados, lembrar que cada dia é oferta, um dom que se desdobra em serviço à sociedade”. Movido por um sentimento de finitude, que nos lembra que “o nosso tempo neste mundo corre veloz, e ninguém sabe quando a sua hora chegará”, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), convida a que cada pessoa “cuide de fazer o bem agora, para que a sua vida reflita a Luz de Cristo, iluminando sempre o caminho de outras pessoas”. Ele também convidou neste Dia de Finados, a rezar “por todos os que já se encontram junto de Deus”. Mas também, “visitando as boas lembranças guardadas em nosso coração, agradecidos pela oportunidade da convivência dos laços de amor construídos”. Segundo o arcebispo, “a saudade é sinal forte que nos une aos que já não estão mais entre nós”. Finalmente rezou por todos, “pelas famílias enlutadas deste tempo de pandemia”, pedindo que “Cristo Rei, que venceu a dor e a morte, e ressuscitou, guie os seus passos, sustente sempre uma esperançosa alegria no seu coração”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Acolitato de candidato ao diaconato permanente no Alto Solimões

No encerramento do Mês Missionário, no dia 31 de outubro, Dom Adolfo Zon Pereira presidiu a Eucaristia, na Igreja Co-Catedral São Paulo Apóstolo, em São Paulo de Olivença, diocese do Alto Solimões. Na celebração o candidato ao diaconato permanente, o Sr. Alpelino Ferreira Flores recebeu o Ministério do Acolitato. A ordenação diaconal, na mesma Igreja onde hoje recebeu seu novo ministério, está marcada para o dia 19 de dezembro deste ano de 2021. A Diocese do Alto Solimões, especialmente depois da celebração do Sínodo para a Amazônia, tendo em conta as propostas que surgiram, especialmente no Documento Final do Sínodo, tem incentivado em grande medida o diaconato permanente. Já são vários os diáconos permanentes ordenados e também os candidatos que devem ser ordenados nos próximos anos. A celebração também foi momento em que foi recebido e renovado o oficio de 5 Ministras e um Ministro da Eucaristia. Este último dia do Mês Missionário também foi oportunidade para que o pároco local, padre Marcelo Gualberto, assina-se a renovação do convênio missionário entre a Diocese de Uruaçu – GO e a Diocese do Alto Solimões – AM, que lhe permite permanecer na missão no Alto Solimões por mais 3 anos. O padre Marcelo agradecia ao Bispo da Diocese de Uruaçu, Dom Giovani Caldas, e ao Bispo Do Alto Solimões, Dom Adolfo Zon Pereira pela confiança depositada, mesmo na minha pequenez e limitações confiar em estar junto ao povo de São Paulo de Olivença”. Na celebração, os presentes rezarem pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Leonardo Ulrich Steiner, que neste domingo tem recebido o Pálio das mãos do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambatistta Diquattro. Dom Adolfo Zon agradeceu ao arcebispo de Manaus, “pelo seu serviço à unidade da Igreja na Amazônia, por uma igreja ministerial e inculturada”. A celebração é mais uma mostra de uma Igreja que quer caminhar em comunhão com o Papa Francisco e seus sonhos expressados na Querida Amazônia, a exortação pós sinodal do Sínodo para a Amazônia, em comunhão com o Regional Norte 1 e a província eclesiástica de Manaus, que hoje viu como seu Arcebispo Metropolitano recebia o Pálio. Mas também uma Igreja ministerial, onde as mulheres, como acontece em tantas paróquias e comunidades do Regional, assumem diferentes ministérios e serviços, uma Igreja diaconal, servidora, presente na vida do povo, que vai ao encontro daqueles que vivenciam sua fé nos rios e igarapés, nas estradas e ramais da Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1  Com informações e fotos da Paróquia de São Paulo de Olivença

Dom Leonardo recebe Pálio: sinal de “comunhão com Pedro, com o Santo Padre”

A Catedral Metropolitana de Manaus acolheu neste domingo, 31 de outubro, a entrega do Pálio ao arcebispo metropolitano, Dom Leonardo Ulrich Steiner. Abençoado e enviado pelo Papa Francisco, o Pálio foi entregue pelo Núncio no Brasil, Dom Giambattista Diquattro. Segundo lembrou no início da celebração, “o Pálio nos lembra do jugo sagrado de Cristo que é colocado em cada batizado”, afirmando que se trata de “um jugo de amizade e como tal um jugo suave, mas também um jugo exigente, é um jugo que forma para a sua escola, a sua vontade, a sua verdade, o seu amor”. O Pálio é feito da lã do cordeiro, abençoada na festa de Santa Inês, e nos lembra, segundo Dom Giambattista, “o pastor que se tornou um cordeiro por amor a nós”. Se dirigindo a Dom Leonardo, o Núncio disse: “recorde que somos sempre chamados a ser pastores do seu rebanho que permanece sempre seu e não se torna nosso”. Igualmente, o Pálio, lembrou o representante pontifício no Brasil, “torna-se o símbolo da vocação, do chamado de Cristo, o Bom Pastor”. Ele destacou que “o Pálio significa também comunhão com Pedro, com o Santo Padre, o Papa Francisco, e significa ser pastores pela unidade e na unidade”. Finalmente, disse que “o Pálio também expressa a colegialidade dos bispos, a sinodalidade da Igreja. Ninguém é pastor sozinho, somos pastores na sucessão dos apóstolos, pastores na comunhão da colegialidade, na comunhão diacrónica e sincrónica, no kairós da comunhão unitária e eclesial”. Depois de Dom Leonardo Steiner renovar sua fé e o seu juramento de fidelidade e comunhão com o Papa, com a missão e com o povo de Deus, Dom Giambattista Diquattro colocou sobre os ombros do arcebispo de Manaus o distintivo com que a Igreja reconhece aqueles a quem confia a missão de arcebispos. Na sua homilia, o arcebispo de Manaus, comentou as leituras do 31º domingo do tempo comum, refletindo sobre o amor, para o qual despertamos quando somos amados. Lembrando um pensamento de Santo Agostinho, afirmou que “Deus não te pede muitas coisas, porque por si mesmo, o amor é o pleno cumprimento da lei”. Também lembrou as palavras do Papa Francisco, que nos lembram que “o amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis, se sustentam um ao outro”. O arcebispo fez um chamado a “colocar-se à escuta, aproximar-se, estar ao lado dos carentes e deserdados, descartados e famintos, esses irmãos e irmãs estão a aumentar na nossa Arquidiocese”. Por isso, fez ver às comunidades cristãs a necessidade de viver relações transformativas, ser comunidades que acompanham. Dom Leonardo vê o Pálio como “sinal e símbolo da comunhão com o Santo Padre, o Papa Francisco”. Segundo ele lembrou, “depositado junto ao túmulo de São Pedro antes de ser benzido e enviado pelo Santo Padre, e sinal da nossa comunhão com o sucessor de Pedro, como também de comunhão entre as nossas igrejas da metropolia”. “Sinal e símbolo de unidade entre as nossas igrejas particulares que formam nossa província eclesiástica de Manaus”, algo expressado na presença de Dom José Albuquerque e Dom Tadeu Canavarros, bispos auxiliares de Manaus, Dom Mário Pasqualotto, bispo auxiliar emérito de Manaus, e Dom Gutemberg Freire Régis, bispo emérito de Coari, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo de Itacoatiara, e o padre Waïbena Atama Mahoba Mellon, administrador prelatício de Tefé. Segundo o metropolita, estamos diante de uma “unidade que na história sempre esteve presente como caminho de evangelização, como cuidado mutuo, como pertença à Igreja na Amazônia. Unidade entre os bispos e por isso unidade entre as nossas igrejas nas diferenças necessárias”. Ele assumiu o compromisso de zelar pela comunhão e pela unidade, “uma comunhão entre as nossas igrejas tornará presente a comunhão com o ministério petrino, e na unidade que entre as nossas igrejas se tornem assim presentes os sonhos de Querida Amazônia”. Finalmente, o arcebispo lembrou que “o Pálio deseja rememorar, recordar que nos pertencemos como Igreja, que estamos sempre em comunhão e que temos um compromisso e uma responsabilidade entre nós igrejas da Amazônia. Mas é também um convite à fortaleza diante dos grandes desafios que devastam a Amazônia, fortaleza para ser sinal de esperança, de transformação, edificação e vida fecunda”. Por isso, em nome da Igreja de Manaus e da província eclesiástica, agradeceu “ao Santo Padre o envio e a entrega do Pálio a traves de seu Núncio Apostólico”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

John Omondi, novo padre para a Arquidiocese de Manaus

A Arquidiocese de Manaus tem mais um novo padre. Neste sábado, 30 de outubro, Dom Leonardo Steiner ordenava presbítero o diácono John Omondi Omungi. Nascido no Quênia, após ter iniciado sua formação com os Missionários da Consolata, concluiu sua formação na Arquidiocese de Manaus. Para o novo presbítero, “ser padre na Amazônia significa servir o povo que se encontra na região amazônica, servir com amor e carinho”. Segundo o padre John, “sabemos que são povos diferentes, culturas diferentes, mas estando aqui por mais de 7 anos, aprendi algo da cultura da Amazônia. É justamente servir esse povo, sabendo que é algo bem diferenciado”. Na sua homilia, o arcebispo de Manaus, começou sua reflexão falando sobre “a disponibilidade de quem se sente tocado por Deus”, insistindo em que se trata de “disponibilidade pessoal, prontidão de quem serve a Jesus no serviço à Igreja, na Igreja”. Essa disponibilidade é a resposta a um chamado que não é nosso, segundo Dom Leonardo. É uma “disponibilidade sem trocas, sem exigências, apenas na gratuidade e na liberdade”. Se dirigindo àquele que ia ser ordenado, o arcebispo de Manaus disse que “o teu eis-me aqui, indica o caminho da prontidão em todos os dias da tua vida presbiteral: livre, incondicionado, em todos os instantes, em todos os momentos, em todas as situações”, insistindo em que “é o Senhor que chama e envia”. Deus envia para anunciar a paz, “ao modo de Jesus: de tal forma que Ele seja visível, presente”, afirmou Dom Leonardo. Ele definiu o presbítero, o padre, como aquele que “é sempre um profeta”, mas também como “um plantador de esperança, um edificador da paz, um anunciador de um amor único e salvador”. Lembrando lema sacerdotal do novo presbítero; “Procurai e acareis! Pedi e recebereis”, Dom Leonardo chamou John a “procurar como Ele te procurou ao te amar”. Por isso convidou o novo padre com estas palavras: “procura, suplica, busca, implora e verás como Ele te será uma benção e tu serás a benção para o povo de Deus”. “O amor só pensa no bem, o amor só sabe amar”, segundo o arcebispo, um amor que “transpira gratuidade”, que é “transparência de doação, busca ilimitada de recondução”. Ele lembrou que pela ordenação, o sacerdote se faz servo e profeta, convidando os padres presentes a fazer memória do dia da sua ordenação sacerdotal, a renovar seu eis-me aqui, envia-me. Também a rezar pelas vocações, agradecendo a todos os que fizeram possível com seu cuidado que o novo padre chegasse a ser ordenado. Um sentimento de gratidão que também se fez presente no novo padre no final da celebração. Ele, chegado da África, mostrou-se disponível para servir com amor ao povo da Arquidiocese de Manaus, ao povo da Amazônia, neste novo serviço que a Igreja lhe encomenda. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1