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Encontro de Jovens na Tríplice Fronteira: “Diversidades como motivação para se conhecer e trabalhar juntos”

Organizado pelo Eixo Igreja em Fronteiras, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), aconteceu no último sábado 14 de agosto o Encontro de Lideranças Jovens da Tríplice Fronteira: Brasil, Peru e Colômbia. 49 jovens e 14 adultos dos vicariatos de San José del Amazonas (Peru), Letícia (Colômbia), e a diocese do Alto Solimões (Brasil), representando 12 comunidades, se encontraram na cidade de Letícia em busca de projetos comuns, descobrindo que é possível superar as fronteiras físicas, imaginárias e culturais. Mesmo diante das dificuldades para chegar, numa Amazônia onde as distâncias fazem com que nem sempre seja fácil realizar esse tipo de encontros, os jovens responderam ao convite dos missionários e missionárias que trabalham nas três igrejas particulares que o Rio Amazonas une nesse ponto da Amazônia. Jesuítas, Maristas, Lassalistas, lideranças locais indígenas e não indígenas, diáconos, missionários leigos e leigas, fizeram um trabalho de preparação conjunta para fazer possível esta novidade na caminhada da Igreja que navega nos rios amazônicos. De fato, segundo reconhece Verônica Rubi, missionária leiga na diocese do Alto Solimões e que faz parte da coordenação do Eixo Igreja em Fronteiras da REPAM, a experiência, que estava sendo realizada pela primeira vez, foi muito positiva, sendo superados facilmente os desafios de falar diferentes línguas (espanhol, português, ticuna), fazer parte de diversas nacionalidades e culturas e estar presentes jovens indígenas (ticuna, yaguas e cocama) e não indígenas. Segundo a missionária, foi um “encontro de comunhão, as diversidades foram motivação para se conhecer e trabalhar juntos”. Iniciado com uma mística, conduzida pela comunidade ticuna de Nazaret (Colômbia), onde a imagem de Maria com rasgos indígenas, realizada em madeira na própria comunidade, mostrou a importância de uma Igreja inculturada, o encontro foi momento para proporcionar um espaço para a juventude para conhecer os sonhos que eles têm, refletindo juntos sobre os sonhos profissionais, sociais e religiosos, trabalhar as ameaças sobre esses sonhos e descobrir quem são os “ladrões de sonhos”, que muitas vezes atentam contra os desejos da juventude, segundo Verônica Rubi. Ao longo do encontro, os jovens foram trabalhando os sonhos da Igreja, apresentados pelo Papa Francisco na Querida Amazônia. Os participantes foram expressando de diferentes modos aquilo que é significativo para eles desses sonhos que aparecem na exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia. Mas também foi pensado como concretizar esses sonhos nas diversas realidades locais que fazem parte da vida dos participantes do encontro e das comunidades onde eles vivenciam sua fé. Tudo isso conduziu a assumir compromissos que foram apresentados num momento de mística. Mais um passo para concretizar as decisões do Sínodo para a Amazônia, que colocou entre suas propostas esse trabalho que supera as fronteiras amazônicas, que muitas vezes não respondem ao imaginário dos povos que nela habitam e são fruto de decisões históricas daqueles que chegaram de fora e de diferentes formas invadiram não só o território, mas também a vida dos povos que nele habitam. O importante é que os jovens, na avaliação final, mostraram seu desejo de continuar esse caminho iniciado no encontro, mais uma esperança de que os sonhos, quando se sonham juntos, podem se tornar realidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“Desafios e horizontes para a ecoteologia no mundo contemporâneo”, tema do encontro virtual da REPAM-Brasil

Refletir as temáticas provocadas pelo Sínodo para a Amazônia e seus desdobramentos a partir da ecoteologia é o objetivo do Encontro de Ecoteologia, promovido pela Rede Eclesial Pan-Amazônica REPAM-Brasil, entre os dias 18 e 19 de agosto, das 9h às 12h30, com transmissão online através das redes sociais da entidade. Com uma participação prevista de mais ou menos 60 pessoas, entre bispos, assessores da REPAM-Brasil, lideranças dos comitês locais da rede e convidados, o encontro quer materializar algo que em 2020, após o Sínodo para a Amazônia, a pandemia não deixou realizar. Segundo o coordenador de articulação da REPAM-Brasil, Paulo Martins, em 2020 houve uma tentativa de realizar o encontro presencial, mas o agravamento da pandemia de Covid-19 não permitiu a realização. “Este ano, superando as limitações geográficas e fazendo uso das tecnologias de comunicação, o Encontro de Ecoteologia será realizado no formato virtual”, explica. Para a diretora executiva da Rede, Ir. Maria Irene Lopes, a iniciativa vai ao encontro dos apelos e sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia. “O debate proposto na metodologia da atividade irá permitir que os participantes reflitam questões centrais do debate sinodal que inspiram toda a comunidade na busca de novos caminhos para a evangelização”, destaca. A religiosa espera que o encontro possa “contribuir com a reflexão e responder aos anseios do Papa Francisco construindo novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Na programação está previsto a realização de quatro painéis de debate, seguidos de discussão em plenária. No primeiro dia, os temas são: “A espiritualidade da escuta: o caminho do Sínodo para a Amazônia”, com a assessoria do padre Dário Bossi, e o “Documento Final e Querida Amazônia: compromissos e horizontes ecoteológicos para os novos caminhos”, que contará com os aportes da professora Márcia de Oliveira. Já no dia 19 os painéis discutem “Fratelli tutti e o Sínodo para a Amazônia: relações e intuições para a ecoteologia”, com Moema Miranda e o irmão Afonso Murad, e os “Desafios e horizontes para a Ecoteologia no mundo contemporâneo”, com a participação do padre Ricardo Castro. Há ainda momentos de mística e espiritualidade, que integram todo o encontro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Mário Antônio: “É hora de pensar e gerar um mundo melhor para as crianças e as nossas famílias”

Lembrando as palavras do Evangelho onde Jesus diz que “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”, Dom Mário Antônio da Silva convidou num vídeo para participar do encontro com as famílias. Segundo o bispo de Roraima, o encontro, onde são convidadas todas as famílias da Região Norte, vai acontecer nesta quarta-feira, 18 de agosto, às 19:30 no horário de Brasília. Para participar é só acessar o canal de YouTube da Pastoral da Criança. O encontro pretende “proclamar a alegria do amor na família”, segundo o vice-presidente segundo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Junto com isso, Dom Mário Antônio faz um chamado a que “possamos unidos promover, defender e cuidar da vida”. Nas suas palavras, o bispo de Roraima insiste em participar, “pois é hora de pensar e gerar um mundo melhor para as crianças e as nossas famílias”. Segundo a coordenadora da Pastoral da Criança da diocese de Roraima, a irmã Pedrina Oliveira, no Ano de São José, o encontro das famílias da Pastoral da Criança, quer mostrar como “a exemplo de São José, os pais e familiares contribuem para a promoção de um lar harmonioso, com respeito, educação e paciência”. Segundo a religiosa, “são valores aprendidos na infância, que levamos para toda a vida”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo Steiner: “Peço, com insistência, que incentivemos as pessoas a buscarem a vacina”

As resistências que algumas pessoas estão colocando diante da vacina contra a Covid-19, que já provocou, segundo números oficiais da Fundação de Vigilância em Saúde, 13.622 mortes no Estado do Amazonas, fez com que o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, numa mensagem dirigida ao Povo de Deus da Arquidiocese de Manaus, pede “com insistência, que incentivemos as pessoas a buscarem a vacina”. A mensagem, que pede para ler em todas as celebrações, começa agradecendo “a todas as famílias e comunidades que continuam a seguir as orientações e determinações enviadas para superar a pandemia do COVID19”. Junto com isso destaca a “contribuição significativa no cuidado para com os irmãos mais necessitados através das cestas básicas, material de higiene pessoal e, especialmente, na preservação da saúde nas nossas celebrações e encontros”. Segundo o arcebispo, a vacina, “ela é necessária para criar uma imunidade que possa eliminar a transmissão do vírus”. Por isso, Dom Leonardo insiste em que “quanto mais tempo demorar a imunização da população, mais facilmente o vírus passa por mutações, dificultando o controle do mesmo”. Dom Leonardo Steiner insiste em que “é um dever ético e moral ser vacinado. É nossa contribuição que oferecemos às nossas famílias e à sociedade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Papa Francisco chama a Vida Religiosa a “inculturar a fé e evangelizar a cultura”

A Conferência Latino-americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR) organizou de 13 a 15 de agosto o Congresso virtual Continental de Vida Religiosa com o tema “Rumo a uma vida religiosa intercongregacional, intercultural e itinerante”. No primeiro dia do Congresso o Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo onde recordou “quão importante é o desafio que nos apresenta a inculturação da fé para a vida consagrada”. Ele fez um chamado a “descobrir que a unidade não é uniformidade, mas pluriforme harmonia”, seguindo suas palavras recolhidas na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium”. O Santo Padre destacou que “quem faz a harmonia é o Espírito Santo”, algo que deve se traduzir “numa pluriforme harmonia para assumir as diferenças, valorizar as particularidades, em um espírito de uma saudável e aberta interculturalidade”. Segundo o Papa, “esta presença é necessária para que possa acontecer e se desenvolver uma teologia inculturada, que se possa ser adequada à realidade local, que possa ser veículo de evangelização. Não esqueçamos que uma fé que não se incultura não é autêntica”. Partindo dessa ideia o Papa Francisco fez um convite “a entrar naquilo que vai nos dar nessa realidade, que vai nos dar o verdadeiro sentido de uma cultura, que está na alma dos povos”. Por isso pediu aos religiosos e religiosas para que “entrem na vida do povo fiel, entrem com respeito em seus costumes, em suas tradições, procurando levar em frente a missão de inculturar a fé e de evangelizar a cultura”. Segundo ele, como já disse na Evangelii Gaudium, “é um binômio: inculturar a fé e evangelizar a cultura. Valorizando o que o Espírito Santo semeou nos povos, que também é um dom para nós”. A falta da inculturação, faz com que a vida cristã e a vida consagrada, acabe nas “posturas gnósticas mais aberrantes e mais ridículas”, segundo o Papa Francisco. Ele colocou como exemplo disso a liturgia e denunciou que “o importante é a ideologia e não a realidade dos povos, e isso não é Evangelho”, fazendo um chamado a “inculturar a fé e evangelizar a cultura”. Segundo o Papa, “a vida consagrada é especialista em comunhão; a vida consagrada é itinerante e promotora de fraternidade”, criticando a tentação atual de buscar a “sobrevivência”, a pensar nos números, na eficácia, o que “poderia converter vocês em discípulos temerosos, fechados no passado e abandonados à nostalgia. Esta nostalgia que no fundo são os cantos das sereias da vida religiosa”. Diante disso, o Papa pediu “aproveitar a oportunidade de percorrer com o Senhor os caminhos da esperança, reconhecendo que o fruto está sob a guia exclusiva do Espírito Santo”. Para isso o caminho é “respeitar o santo povo fiel de Deus, evangelizar, dar testemunho e o resto deixar ao Espírito Santo”. Ele pediu para a vida religiosa recordar que “a alegria, expressão mais alta da vida em Cristo, constitui o melhor testemunho que podemos oferecer ao santo povo fiel de Deus, a quem somos chamados a servir e acompanhar em sua peregrinação até o encontro com o Pai”. Por isso, ele insistiu na alegria, paz, gozo, senso de humor, em não perder esta graça! Acima de tudo destacou como é triste “ver homens e mulheres consagrados que não tem senso de humor, que levam tudo a sério”. Finalmente pediu “que o Espírito Santo lhes conceda a luz da sua graça, para que possam ser sempre homens e mulheres de encontro, de fraternidade”, junto a proteção da Virgem e o já famoso pedido para rezar por ele.

Coordenações do Regional Norte 1 preparam Assembleia Regional

As coordenações das pastorais, organismos e movimentos do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) se encontraram nesta quinta-feira, 12 de agosto, para preparar a 48ª Assembleia Regional Norte 1, que vai acontecer de 20 a 23 de setembro. O encontro, o primeiro presencial desde o início da pandemia, foi momento para partilhar o que tem sido a vida das diferentes pastorais, organismos e movimentos durante o tempo da pandemia da Covid-19, que tem marcado a vida do povo e da Igreja do Regional no último ano e meio. Tem sido um tempo em que a virtualidade se tornou o meio para continuar os trabalhos, algo nem sempre fácil, dada a dificuldade de internet no interior da Amazônia. Mesmo diante das dificuldades, várias pastorais reconhecem que foram desenvolvidos trabalhos interessantes ao longo do tempo da pandemia. Foi destacado a parceria entre diferentes pastorais, o trabalho de formação e que a virtualidade possibilitou em alguns casos a participação das dioceses e prelazias do interior nesses espaços de formação. Quase todas as pastorais tem desenvolvido ações de ajuda diante dos efeitos da pandemia. Ajuda material, com cestas básicas e kits de higiene, mas também atendimento psicológico e acompanhamento das pessoas atendidas pelas pastorais, se servindo da tecnologia para acompanhar na medida do possível o sofrimento das pessoas, tentando responder às urgências e demandas que foram surgindo. Também foi relatado que muitos agentes foram contagiados pela Covid-19 e alguns vieram a falecer. Algumas pastorais estão recomeçando os encontros presenciais. Em relação com a 48ª Assembleia Regional, que tem como tema central “Construção das Novas Diretrizes da Ação Evangelizadora a Luz do Sínodo para a Amazônia”, o secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB, diácono Francisco Lima, disse que as Novas Diretrizes serão construídas tendo em conta as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da CNBB e as decisões do Sínodo para a Amazônia. Esse trabalho, que deveria ter acontecido no ano de 2020, mas que não foi realizado pois a pandemia impediu a realização da Assembleia Regional, terá em conta os aportes das dioceses e prelazias. Desta vez a assembleia, em consequência da pandemia, terá menos tempo de duração e menos participantes. Entre os convocados para a assembleia estão bispos titulares, auxiliares e eméritos, o administrador da Prelazia de Tefé, os coordenadores diocesanos de pastoral, um representante de cada diocese e prelazia e os coordenadores ou um delegado das pastorais em nível regional. Durante o encontro foram formadas as equipes de trabalho para a assembleia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Vida religiosa: presença eclesial nas periferias da Amazônia

O Mês Vocacional nos leva a refletir sobre as diferentes vocações e o que elas representam na vida do cristão, na vida da Igreja e também na vida da sociedade. Neste domingo, 15 de agosto, a Igreja do Brasil celebra o dia da Vida Religiosa, e isso tem que nos levar a refletir sobre esse modo de ser discípulos e discípulas no seguimento de Jesus. Na Amazônia, a presença da vida religiosa sempre teve um papel decisivo. Durante séculos, os religiosos e religiosas representaram uma presença destacada, quase única, na evangelização de uma região onde as grandes distâncias e a diversidade de povos, culturas e realidades sempre foi um desafio a mais. O padre Cláudio Perani falava de “estar onde, com e como ninguém quer estar”, um modo de vida assumido por muitos religiosos e religiosas na Amazônia. O jesuíta nascido na Itália, que nesta semana completou 13 anos do seu falecimento, considerado como um dos grandes profetas da Amazônia, promotor de iniciativas que levaram a vida religiosa a ser presença eclesial nas periferias geográficas e existências da Amazônia, ajudou a entender melhor o papel da vida religiosa no meio aos povos da região. São muitas as histórias que contam os exemplos de vida entregada dos religiosos e religiosas na Amazônia. Recentemente, visitando o cemitério dos espiritanos em Tefé, vi como muitos missionários, a grande maioria chegados de longe, doaram sua vida. É admirável ver como muitos deles morreram ainda jovens, após pouco tempo na missão, inclusive dando sua vida, literalmente, para salvar a vida de outras pessoas. Esse é só um exemplo de tantos missionários e missionárias que definharam sua vida nos rios e florestas amazônicas. Mas a vida entregada dos religiosos e religiosas na Amazônia não é só coisa do passado. Sua presença continua semeando vida em muitos cantos da região amazônica, no meio aos mais vulneráveis, acompanhando as vítimas de uma economia que mata, de projetos que só buscam favorecer os interesses de grupos de poder político e econômico. Acompanhar a vida das comunidades indígenas e ribeirinhas, do povo da periferia, dos moradores de rua, das vítimas do tráfico de pessoas, das juventudes, e de tantas outras realidades e pessoas que lutam pela vida em plenitude, é um dos elementos presentes na Vida Religiosa que peregrina na Amazônia, especialmente na vida religiosa feminina, testemunha de compromisso encarnado no meio do povo e de doação para que todos tenham vida e vida em abundância. Estamos diante de testemunhos de vida entregada até o fim, de gente que nunca mediu esforços, que colocou os outros na frente. Quando a gente se depara com missionários e missionárias que depois de 30, 40, 50 ou ainda mais anos de missão na Amazônia, continuam sendo semente de alegria na vida do povo, a gente entende que é Deus que chama e que a gente só responde à vocação recebida. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Cláudio Hummes: “O povo, ele também sabe para que lado sopra o Espírito Santo”

“A Conferência Eclesial da Amazônia, modelo de sinodalidade na Igreja”. Esse foi o tema do webinar organizado pelo Grupo de Pesquisa Teologia e Pastoral, da Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte, em parceria com o Centro Loyola, o Instituto Santo Tomás de Aquino e a PUC Minas. O evento, conduzido pelo Padre Geraldo de Mori e o Irmão Denilson Mariano, faz parte do projeto Tecendo Redes, diálogos on-line de Teologia Pastoral. O convidado foi Dom Cláudio Hummes, presidente da Conferência Eclesial da Amazônia O cardeal Hummes começou dizendo que, a pedido do Papa Francisco, “não é uma conferência episcopal, é uma conferência eclesial”, que inclui todos aqueles que fazem parte do Povo de Deus. Estamos diante da única conferência desse tipo no mundo, salientou Dom Cláudio, afirmando que “ela quer ser uma inspiração para toda a Igreja em termos de um caminho de sinodalidade, que hoje é de fato o caminho que a Igreja quer palmilhar na direção do seu futuro”. Se faz necessário entender o que é, segundo o cardeal, sabendo que mesmo agindo ainda está esperando o reconhecimento canônico de Roma, seguindo as orientações do Papa Francisco. O estatuto que está sendo elaborado está demorando porque vai ser um modelo para outras conferencias eclesiais pelo mundo afora, insistiu o presidente da CEAMA. Ele foi apresentando a história da CEAMA, partindo da Conferência de Aparecida, onde o Papa Francisco começou a perceber a importância da Amazônia, sendo arcebispo de Buenos Aires e o presidente da comissão de redação do texto, da qual também fazia parte o cardeal Hummes. No Documento de Aparecida, lembrava o cardeal Hummes, aparecem questões que fazem referência à Amazônia, sobre o cuidado do meio ambiente, mas também sobre criar uma Igreja com rosto amazônico, uma Igreja inculturada, uma Igreja que sabe trazer elementos das culturas dos povos, uma Igreja que soubesse formular um plano de pastoral para toda essa região, formada por nove países e muitas culturas, mas que também respeitasse as diferenças, um trabalho a ser revisado continuamente, algo dinâmico, um processo. A Igreja do Brasil, seguindo as reflexões do Concilio Vaticano II, de uma Igreja Povo de Deus, uma Igreja missionária, uma Igreja inculturada, vinha assumindo isso, seguindo o apontado pelo Documento de Santarém em 1972, e sendo discutido cada ano nas Assembleias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No início do milênio foi criada pela CNBB uma Comissão Episcopal Especial para a Amazônia, que ele mesmo preside desde sua volta ao Brasil após ser Prefeito da Congregação do Clero. Ao longo da sua presidência visitou 34 dioceses e prelazias da Amazônia, visitando as comunidades locais, conhecendo as dificuldades da Igreja na Amazônia. Aos poucos, Dom Cláudio disse que foi vendo a necessidade de um trabalho em rede, que tirasse as comunidades do isolamento e resolver juntos os grandes problemas, muitas vezes similares. Nessa conjuntura foi criada, em setembro de 2014, a Rede Eclesial Pan-Amazôniaca (REPAM), onde “todo mundo começou a se dar as mãos”, começando a visitar, a ouvir, a planejar juntos, a dialogar, e conversar sobre como ser Igreja inculturada, com rosto amazônico, como tinha sugerido Aparecida. Foi algo que desde o início o Papa Francisco apoiou e abençoou. A partir dai foi surgindo a ideia de um Sínodo para a Amazônia, celebrado em outubro de 2019. Dom Cláudio destacou a importância do Documento Final e da Querida Amazônia, que são os sonhos do Papa Francisco a partir de tudo o que até ali foi formulado. O cardeal define a preparação do Sínodo para a Amazônia como “um grande exercício de sinodalidade”, em que a REPAM ouviu as comunidades para elaborar o Instrumento de Trabalho. “Ali se viu como o povo quer falar, como o povo quer ser escutado”, segundo o presidente da CEAMA, insistindo em que “o povo, ele também sabe para que lado sopra o Espírito Santo”, uma expressão do “sensus fidei”, de que “os fieis também sabem o que é que a fé nos diz sobre como viver a fé nos tempos de hoje em vista do futuro”. Ele insistiu na necessidade de os bispos escutar o povo, as famílias, pois “no batismo todos recebem o Espírito Santo que lhes dá esse sentido da fé”, algo que considera fundamental para a sinodalidade, que “se baseia nisto na verdade”, no Povo de Deus que mostra como ser discípulo missionário hoje e se santificar. Uma das propostas do Sínodo foi a criação de um organismo episcopal que pusesse em prática o Sínodo no território. Mas o Papa, que sempre está além de nós, lembrava Dom Cláudio, fez a proposta de um organismo que envolve todas as categorias do Povo de Deus, onde todos sejam membros. Um organismo com autonomia própria, o que fez com que surgisse a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). Era uma coisa totalmente nova, que aos poucos tinha que ser elaborada, vinculada ao Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), que segundo o cardeal também está fazendo um processo de renovação para ser mais sinodal. A CEAMA foi criada em 29 de junho de 2020, que mesmo sem ser aprovada canonicamente vem trabalhando para pôr em prática o Sínodo no território. Dom Cláudio insistiu em que é um processo, “que se autocorrige, que se autoalimenta” com a força do Espírito e o sentido da fé do Povo de Deus. Por isso, o cardeal chamava a participar, a ser sujeitos desse processo, algo que a CEAMA está fazendo ao trabalhar o plano de pastoral para dinamizar, articular e acompanhar as propostas do Sínodo no território. Ele insistiu em que “é um trabalho em rede, com todas as culturas, com todos os países”. Segundo o cardeal Hummes, não existe a formula mágica para que a sinodalidade comece a aparecer e sim o trabalho do povo para que isso avance, insistindo em sentar juntos, escutar juntos. Dom Claudio, falando do CELAM, que está preparando a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, disse que “está querendo se transformar dentro dessa dinâmica sinodal”, sendo um exemplo muito grande para as conferencias…
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Diocese de Coari conta com mais um diácono transitório: Edinei Lima de Souza

Neste último sábado, 7 de agosto de 2021, a diocese de Coari celebrou a Ordenação Diaconal de Edinei Lima de Souza, mais um passo a caminho do sacerdócio. A celebração, que contou com a presença dos padres, das irmas religiosas, seminaristas e representantes das dez paroquias que compõem a diocese de Coari, foi presidida pelo bispo diocesano, Dom Marcos Piatek. Na celebração se fizeram presentes os pais e irmãs do novo diácono e o vice-reitor do Seminário São José de Manaus onde Edinei Lima de Souza estudou a filosofia e a teologia, padre Marciney de Oliveira Marques. Também participou da celebração o padre Silvio Marques Sousa Santos, professor do Itepes de Manaus, onde o novo diácono estudou teologia, além dos dois seminaristas da Diocese de Parintins. Dom Marcos Piatek, na sua homilia, disse que “a diocese de Coari está em festa, esta noite é abençoada”. Segundo o bispo, “toda nossa vida humana, ela é iluminada pela graça de Deus”, mostrando essa presença da graça nos sacramentos. Ao falar sobre as funções do diácono, Dom Marcos disse que o diácono é o homem da Palavra, o servidor do altar, aquele que atende as necessidades das pessoas praticando a caridade. O bispo insistiu na necessidade de o diácono olhar para Jesus Servo, aquele que não veio para ser servido, mas para servir. Por isso, ele destacou que “o diácono serve a Deus, serve à Igreja, serve ao povo”, agradecendo a Deus pela vocação do novo diácono e sua ordenação, aos formadores e professores e à família por “oferecer seu filho ao serviço do Reino de Deus”, fazendo um chamado a criar a cultura vocacional nas famílias e nas paróquias. O novo diácono transitório escolheu como lema de seu ministério: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,34). Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Ionilton: “Ouvir o grito dos infelizes e ajuda-los a se libertarem do que lhes causa sofrimento”

“Os problemas da nossa vida podem nos tirar o gosto de viver”, uma ideia que Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira disse hoje na homilia do 19º Domingo do Tempo Comum, atualizando a experiência de Elias narrada no Primeiro Livro dos Reis, onde ele pediu para si a morte. Segundo o bispo da Prelazia de Itacoatiara, “a experiência de Elias é a nossa experiência, ou seja, é uma experiência humana”. Diante disso, ele insistiu em que “faz-se necessário manter nossa comunhão com Deus e com os outros”. Mas também refletiu sobre a necessidade de “fortalecer nosso serviço pastoral de atendimento a quem enfrenta os problemas humanos e sociais: fome, doença, desemprego, drogas, ataques à democracia, aprovação de projetos de leis no Congresso que ameaça os povos indígenas, ribeirinhos, pequenos agricultores”. “O projeto de Deus para nós é a vida”, enfatizou Dom Ionilton, afirmando que “Deus tem para nós uma vocação e missão”. Segundo ele, “precisamos enfrentar os problemas com esta convicção da fé: Deus quer que vivamos, Deus quer que estejamos a serviço da vida”, se questionando se estamos agindo “para ajudar quem sofre, para libertar quem está vivendo passando grandes provações?” Seguindo o que Dom Ionilton chamou de bons conselhos de Paulo, recordou o “Espírito que mora em nós desde o nosso batismo”, de “trabalhar para pôr fim as maldades que existem no mundo que vivemos: as injustiças, a destruição do meio ambiente, as violências, as mentiras (fake news) nas redes sociais e meios de comunicação”. Junto com isso ele pediu que “Não nos cansemos de fazer o bem. Não deixemos o mal prevalecer jamais”. O bispo da prelazia de Itacoatiara fez um chamado a, imitando a Deus, “ouvir o grito dos infelizes e ajuda-los a se libertarem do que lhes causa sofrimento”, e a rezar pelas famílias, “para que a família viva o amor”. Dom Ionilton refletiu sobre a murmuração, propondo que “em vez de murmurar vamos conversar, dizer o que pensamos, colocar-nos à disposição para ajudar, pedir explicação do que se ouve e não apenas falar mal”. Também refletiu sobre a Eucaristia, afirmando à luz da reflexão do Sínodo para a Amazônia, que “milhares de católicos e católicas não podem receber a Eucaristia, porque faltam ministros que fazem a Eucaristia acontecer; porque faltam recursos para que os ministros possam ir mais vezes até as comunidades ribeirinhas e de estrada”. Diante dessa realidade, no Mês Vocacional, pedia rezar “para que a Igreja encontre caminhos para que todos possam receber todo domingo a Jesus, o Pão Vivo descido do céu”. No final da homilia, o bispo refletiu sobre realidades atuais, o Dia dos Pais, que ele definiu como “participante da obra criadora de Deus Pai”, como aquele que “não apenas gera uma nova vida, mas cuida, acompanha, educa, protege”, questionando como os filhos e filhas cuidam dos pais. Também falou sobre a vacina, mostrando os números no Brasil e no Amazonas, insistindo em que “ainda precisamos continuar tomando todos os cuidados para derrotar a Covid-19: isolamento, máscara, higienização”. Também abordou uma questão que está gerando polêmica nas últimas semanas, o voto impresso, colocando a posição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que apoia a votação eletrônica, afirmando que “achamos desnecessário retroceder ao tempo do voto impresso”, recordando a nota emitida nesta semana pelo Pacto pela Vida em apoio ao presidente do TSE que foi ofendido publicamente pelo presidente da República. Junto com isso, pediu oração “para que o Senado derrube o PL que foi aprovado esta semana na Câmara dos Deputados, que se for aprovado e virar Lei, vai trazer muito prejuízo para o meio ambiente no Brasil e aqui na Amazônia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1