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Diácono Francisco Lima: “Momento de partilha, de reflexão, de apontar caminhos, de olhar para a ação como Igreja”

Todos os anos no mês de julho e no mês de novembro acontece a reunião dos secretários executivos dos regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Desta vez aconteceu na última quarta-feira, 14 de julho, e por causa da pandemia, o encontro aconteceu de forma virtual. Segundo o diácono Francisco Andrade de Lima, secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB, “tratamos de muitos assuntos para a caminhada da Igreja como o novo processo do Sínodo que o Papa Francisco está convocando, um Sínodo que nos chama exatamente para refletir sobre a nossa comunhão, esse nosso jeito de caminhar juntos que o Papa está nos chamando para refletir sobre essa sinodalidade, esse jeito de ser Igreja, esse jeito necessário de caminhar juntos”. Um outro ponto de reflexão durante a reunião foi a Lei de Proteção de Dados. Segundo o diácono Francisco, “nós como Igreja temos muita responsabilidade com isso”. Também foi refletido sobre o novo Documento de Estudo da CNBB, o Documento 114, “E a Palavra habitou entre nós”, aprovado na última assembleia da CNBB, no mês de abril. Além disso foram abordadas questões relativas ao trabalho dos secretários e secretárias nos regionais, dioceses e prelazias. Também foi abordada a questão da Economia de Francisco e Clara, “esse jeito de viver sem explorar, mas com uma vida digna”. Mesmo realizado de forma virtual, isso “não diminui nem um pouco esse espírito de comunhão entre nós, entre os secretários regionais, entre a secretaria geral da CNBB, entre os colaboradores que fazem com que a missão da Igreja no Brasil aconteça”, segundo Francisco Andrade de Lima. O secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB destaca que foi “um momento de partilha, de reflexão, de apontar caminhos, de olhar para a ação como Igreja”. O encontro foi coordenado pelo padre Marcus Barbosa Guimarães, subsecretário adjunto de pastoral da CNBB. Ele destacou “a disponibilidade, alegria e comprometimento desses secretários e secretarias regionais. Essa generosidade dos participantes é que faz o nosso trabalho fluir, com mais leveza e solidariedade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 Com informações da CNBB

O jogo que o Brasil tem que ganhar

No último sábado aconteceu a final da Copa América, uma competição que muitos questionaram desde antes de começar. O futebol, ou para melhor falar, tudo o que envolve, é considerado por muitos como uma nova expressão do Circo Romano. O famoso “Pão e Circo”, era a forma em que os imperadores desviavam o foco nos momentos críticos do Império. Muitos entenderam a organização da Copa América como uma tentativa do governo brasileiro de desviar o foco diante de uma situação cada vez mais crítica, onde às consequências da Covid-19, que tem provocado muita dor e sofrimento em grande número de famílias brasileiras, se une uma situação econômica cada vez mais precária, com um grande aumento dos preços daquilo que é básico na vida do povo mais simples, e uma corrupção cada vez mais evidente, que atinge o mais alto escalão dos diferentes poderes. Um Brasil-Argentina, mesmo que seja numa Copa América desvirtuada, sempre é um acontecimento para muitos brasileiros, que desperta as paixões de uma das maiores rivalidades mundiais no futebol. Pelo que a gente viu nas redes sociais, muitos brasileiros torceram a favor da Argentina, o que tem provocado o receio daqueles que, seguindo a história, não entendem essa atitude. Na verdade, esse torcer a favor da Argentina é uma forma de manifestar um mal-estar cada vez mais presente entre os brasileiros, cansados de uma realidade social e política que não coloca os melhores jogadores em campo para superar as crescentes dificuldades que o país deveria enfrentar. Muita gente cansou de assistir um jogo em que muitos só pensam em se próprio, sem se importar com o coletivo. Quando todo mundo se une, é mais fácil vencer o adversário e o Brasil tem muitas realidades que podem se tornar invencíveis por falta de estratégia de jogo, por falta de um treinador que coloque os jogadores no lugar certo, que promova a união, o jogo coletivo e não faça com que cada um só procure seu pedaço do bolo. O pior que pode acontecer com um país é perder o prestigio e o respeito diante dos outros. Demora muito para construir isso, mas pode ser perdido em pouco tempo, quase sempre por falta de estratégia e união. Mas ainda pior do que perder o reconhecimento no exterior, é perder o reconhecimento do próprio povo. Essa falta de reconhecimento, quando é denunciado, não quer dizer que ninguém torce contra e sim que as pessoas querem que as coisas mudem para melhor. O Brasil está diante de um jogo que pode definir seu futuro, que se perder pode ser eliminado do panorama internacional, rebaixado de categoria, ficando de fora de muitas coisas decisivas no futuro do povo brasileiro. Esse é o jogo que não pode perder, mas para isso é preciso que o time jogue bonito. Quem pode fazer que isso aconteça é aquele que decide a tática de jogo, e isso parece que cada vez está menos claro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Caritas Alto Solimões promove encontro de formação com 200 lideranças tikuna

No marco das formações que a paróquia São Francisco de Assis, em Belém do Solimões, Diocese do Alto Solimões, organiza para suas lideranças, aconteceu na semana passada a formação em língua tikuna com as lideranças das comunidades indígenas. No final de julho vai acontecer a mesma formação com as lideranças das comunidades que falam português. Desta vez, a formação, onde participaram mais de 200 pessoas de 23 comunidades tikuna, foi para conhecer o que é a Caritas, “foi a primeira vez que as lideranças tikuna tiveram contato, conhecimento, com esta temática”, segundo Veronica Rubi. Segundo a coordenadora diocesana da Caritas, “foi necessário ir desde o significado da palavra Caritas”, insistindo no significado do Amor de Deus e a necessidade de isso ser assumido pelos agentes Caritas. Junto com isso foi explicitada a missão da Caritas Brasileira: “Testemunhar a anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social”. No encontro foram apresentadas as três linhas de ação da Caritas do Alto Solimões: Promoção Humana, que deve velar por vida digna para todos, trabalhando na prevenção de abusos e violências e na formação de lideranças no âmbito da economia solidária; Políticas Públicas, que visa a formação continuada para uma participação cidadã, na defesa de direitos, especialmente de pessoas em situação de vulnerabilidade; Emergência, com um olhar atento e uma atitude de prontidão estar organizados para dar resposta a situações concretas de urgência. O encontro serviu para, num momento de espiritualidade, refletir sobre a vida do padroeiro da Caritas, São Oscar Romero, da padroeira das pessoas vítimas do tráfico de pessoas, Santa Bakhita, e dos mártires da Amazônia, Chico Mendes e Ir. Dorothy, “pessoas que com sua vida e testemunho nos animam no serviço e no trabalho da Caritas”, segundo Veronica Rubi. Em um outro momento de espiritualidade, foi feita uma leitura inculturada da parábola do Bom Samaritano, com realidades presentes na região, como são os piratas que atacam as comunidades do Solimões, tentando assim aproximar o Evangelho da vida do povo. No final do encontro, os participantes agradeceram o conteúdo repassado e as ferramentas apresentadas, que vai ajudar no trabalho nas comunidades no serviço a quem mais precisa e na atenção para com os mais necessitados. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Preparação do Batismo em família: uma proposta pastoral em tempos de pandemia

  A pandemia da Covid-19 tem desafiado a pastoral da Igreja. A impossibilidade de se encontrar presencialmente fez com que fosse necessário buscar caminhos alternativos para continuar o trabalho evangelizador, especialmente em regiões onde a dificuldade de acesso a internet impede fazer encontros virtuais. Uma das regiões onde isso acontece é no interior da Amazônia. Diante disso, a gente vai se deparando com experiências que tem ajudado no trabalho pastoral e que inclusive podem ser assumidas como caminho de futuro, também após a pandemia. Na diocese do Alto Solimões, a paróquia São Sebastião, da cidade de Atalaia do Norte – AM, celebrava no último domingo, 11 de julho, o batismo de 12 crianças. A proposta da paróquia para a preparação dos pais e padrinhos foi fazer os encontros em família. Ao longo de 4 semanas, eles foram fazendo os encontros seguindo o subsídio elaborado pela paroquia. Cada semana, na missa dominical, os pais e padrinhos foram partilhando as reflexões surgidas durante a semana, recebendo o subsídio para a seguinte semana. A reflexão partia da Palavra de Deus e dos sinais do batismo: cruz, água, óleo, luz. Após invocar o Espírito Santo, as famílias liam uma passagem do Evangelho, respondiam às perguntas sugeridas e refletiam sobre o sinal proposto para cada um dos encontros. Algumas das reflexões das famílias foram relatadas na celebração do Batismo, mostrando assim como as pessoas vão descobrindo na sua vida cotidiana a presença do Deus que acompanha a caminhada do seu povo. Os relatos das famílias têm ajudado a descobrir como eles enxergam a presença da cruz, da água, do óleo e da luz na vida do dia-a-dia, e como isso os compromete com sua família e com os outros. Segundo reconhecem os membros da Pastoral do Batismo, estamos diante de uma experiência que pode ser adotada, nem só em tempo de pandemia. Eles destacam a importância das visitas dos membros da equipe às famílias, uma experiencia que pode ser assumida por outras pastorais, como a catequese de adultos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Centro de Pastoral em Atalaia do Norte é reinaugurado com formação sobre direitos de crianças e adolescentes

Os desafios econômicos, sempre presentes em muitas paróquias da Amazônia, têm aumentado durante a pandemia da Covid-19. A paróquia São Sebastião, na cidade de Atalaia do Norte – AM, diocese do Alto Solimões, no dia 12 de outubro de 2020, como consequência de um temporal, viu como o telhado do Centro Pastoral foi completamente destruído. Ao longo dos últimos meses, a paróquia, diante da falta de recursos, foi organizando diferentes eventos para conseguir reformar o telhado e assim poder dar continuidade aos trabalhos pastorais que são realizados no Centro. Com a ajuda da Prefeitura Municipal de Atalaia do Norte, que providenciou a mão de obra, no último dia 7 de julho foi inaugurada a reforma. Depois de oito meses fechado, o Centro Pastoral São Sebastião foi inaugurado com os trabalhos do Instituto de Assistência à Criança e Adolescente – Santo Antônio/IACAS. Foi um momento de formação, na tentativa de mobilizar e agir, capacitando os profissionais das instituições que realizam trabalhos diretamente com essa demanda. Ao longo de três dias, foram abordadas diferentes temáticas: Um olhar para a infância: a história de conquista da garantia de direitos de crianças e adolescentes no Brasil, que contou com a assessoria de Amanda Ferreira; Analise coletiva do cenário local sobre a situação de crianças e adolescentes e as violências; devolutiva do diagnóstico da rede de proteção local; Violência contra criança e adolescente e seus conceitos, coma assessoria de Ana Paula Agiole; Sistema de garantia de direitos, estudo de caso e construção do fluxo de atenção às vítimas de violência sexual. Segundo a equipe de pastoral da paróquia de São Sebastião, o desafio é organizar para colocar em pratica as orientações recebidas. A proposta é fazer isso por meio de oficinas e a leitura dos recursos facilitadores no que diz respeito às questões sociais e econômicas que mais afetam a vida das crianças e adolescente do Município de Atalaia do Norte. A recuperação do Centro de Pastoral, fruto do esforço de muita gente, vai favorecer as iniciativas e os trabalhos sociais e pastorais na paróquia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Um rosto amazônico da Economia de Francisco e Clara: proposta de uma forma de vida com sabor a Evangelho

A Economia de Francisco, que no Brasil recebe o nome de Economia de Francisco e Clara, é uma das reflexões presentes na caminhada da Igreja nos últimos meses. Aos poucos, através de encontros virtuais, está sendo aprofundado o que é essa nova proposta de economia, mas também o que não é essa economia de Francisco Clara. “É um tempo de semeadura”, segundo a Ir. Michele Silva, que junto com Andrei Thomaz Oss-Emer, membros da Articulação Brasileira de Francisco e Clara, assessoraram um encontro onde foi abordada a Economia de Francisco e Clara na Amazônia Legal. Estamos diante de uma proposta de economia com alma, inclusiva, efetivamente humana, que cuide da Casa Comum, uma economia que valorize a vida e não a competição, uma economia que humaniza e cuida da Criação, inclui os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. A caminhada da Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara na Amazônia foi assumida no dia 27 de fevereiro de 2021, que aconteceu o Primeiro Encontro Regional da Amazônia Legal. Aos poucos a proposta do Papa Francisco via sendo assumida, tentando que cobre um rosto amazônico, fazendo realidade uma economia solidária, popular, de comunhão, indígena, cooperativa, dos ribeirinhos, das mulheres, das moedas e bancos sociais, entre outras. Segundo Dom Ionilton Lisboa de Oliveira a Economia de Francisco e Clara possibilita “repensar o jeito de fazer economia no mundo”. O bispo da Prelazia de Itacoatiara destacava a importância dos participantes do encontro se tornar “divulgadores desse caminho de fazer economia que o Papa Francisco propõe, uma economia que faz viver e não mata, uma economia que traga vida e não uma economia que traga morte”. Deve ser, segundo o presidente da Comissão Pastoral da Terra, uma economia que “não seja uma economia que gira em torno do lucro para um pequeno grupo de pessoas”. Pelo contrário, “deve se algo que seja imagem da cultura do Bem Viver, que traga vida para todos”, segundo o bispo. Ele lembrava o a 6ª Semana Social Brasileira passa também pelo eixo da economia. O tema do encontro foi “Juventudes, Amazônia e a Economia de Francisco e Clara”. A Ir. Michele Silva e Andrei Thomaz apresentaram as vilas que fazem parte da Economia de Francisco e Clara, onde cada vila é associada com um tópico principal da economia de hoje e de amanhã. As Vilas Temáticas são Finanças e humanidade; Agricultura e Justiça; Energia e pobreza; Lucro e vocação; Negócios em transição; Gestão e dom; Trabalho e cuidado; Políticas e felicidade; CO2 da desigualdade; Vida e estilo de vida; Negócios e Paz; e Mulheres pela Economia. Segundo a Ir. Michele Silva, “as Vilas ou Aldeias foram subdivisões em grupos temáticos, realizadas com os jovens selecionados para o encontro em Assis”. A religiosa insistia em que “são laboratórios de diálogo, escuta e partilha de vida, com o propósito de encontrar soluções conjuntas e caminhos alternativos para uma nova economia!”. Os jovens, com o apoio de economistas experientes, estão pensando de forma crítica e sustentável, soluções para os problemas do mundo contemporâneo. Cada vila, que foram apresentadas detalhadamente no encontro, tem como nome um binômio composto por duas palavras que, em diálogo são capazes de dar nova alma à economia.  Estamos diante de uma proposta de uma forma de vida com sabor a Evangelho. Trata-se de reflexões presentes no pensamento Francisco, tanto nas suas encíclicas, como Fratelli tutti e Laudato Si´, assim como em seus discursos. O encontro foi momento para se questionar sobre como Construir as “Malocas” que contemplem a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara na realidade da Amazônia Legal. Nesse sentido, se faz preciso identificar as iniciativas que já existem, escutar as pessoas que dinamizam essa economia, subsidiar essas iniciativas que favorecem economias alternativas, ligar as Malocas à realidade local, reconstruir as Casas de Francisco e Clara na Amazônia Legal. As Casas de Francisco e Clara, segundo a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara, “nascem como lugares de vivência e imersão, através dos quais a prática da Economia de Francisco e Clara acontece na vida das comunidades”. Nessa experiência, o chamado é a todas as pessoas, mas especialmente às juventudes, numa experiencia onde ecologia e economia são vividas de maneira integral. As Casas de Francisco e Clara são guiadas por 10 Eixos Místicos, que na Amazônia são iluminados desde as espiritualidades locais. Partindo da realidade amazônica se faz necessário pensar uma caminhada para a Economia de Francisco e Clara, a partir dos elementos da cultura local, ter uma atenção especial as realidades urbanas. O trabalho em grupos foi um momento para avançar nas iniciativas que contemplam a Economia de Francisco e Clara na Amazônia Legal e práticas concretas que podem ser pensadas. Foram colocadas as feiras solidárias, a Fazenda da Esperança, os grupos de agricultura familiar, o cuidado com os rios e igarapés, a Pastoral da saúde, as comunidades extrativistas, as mudanças nos hábitos de consumo, valorizando o comércio local, coleta seletiva de lixo, o artesanato, trabalhos de ecologia local e oficinas para geração de renda, trabalho inter-religioso, segurança alimentar, criação de peixe, cooperativas de economia solidária, organização do povo, pastoral do Povo de Rua, dentre outras muitas propostas e iniciativas que estão sendo realizadas e planejadas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

CNBB conclama pela apuração de todas as denúncias “em vista de imediata correção política e social dos descompassos”

A situação que vive o Brasil tem provocado a reação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, que numa breve e contundente nota, publicada nesta sexta-feira, 9 de julho, “levanta sua voz neste momento, mais uma vez, para defender vidas ameaçadas, direitos desrespeitados e para apoiar a restauração da justiça, fazendo valer a verdade”. A nota, assinada pela presidência da CNBB, define o momento que está vivendo a sociedade democrática brasileira, como “um dos períodos mais desafiadores da sua história”. Diante da gravidade deste momento, os bispos afirmam que essa situação “exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos”. O episcopado brasileiro destaca “a trágica perda de mais de meio milhão de vidas”, uma situação “agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da COVID-19”. Citando as palavras da Mensagem da 56ª. Assembleia Geral ao Povo Brasileiro, publicada em 19 de abril de 2018, os bispo lembram que “Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque”, uma realidade cada vez mais presente na sociedade brasileira, que atingem os mais altos órgãos do poder executivo e legislativo. Diante dessa realidade, os bispos brasileiros dizem apoiar e conclamar “às instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos descompassos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Um dia sem mortes por Covid-19: uma luz de esperança a ser cuidada

Pela primeira vez em 16 meses, nesta terça-feira, 6 de julho, o Estado do Amazonas não teve nenhuma morte por coronavírus. Podemos dizer que essa é uma grande notícia, uma das melhores notícias dos últimos meses, algo que é um sinal de esperança no meio de tanta dor e sofrimento, que já acabou com a vida de ao menos 13.349 amazonenses. Ninguém sabe o que vai acontecer daqui para frente, mas se faz necessário tomarmos consciência de que o vírus será superado na medida em que a gente assuma o cuidado coletivo como prioridade fundamental. Para isso temos que ter solidariedade e empatia, entender que existem elementos que podem ajudar a superar a pandemia. Um deles é a vacina, que está sendo aplicada em grande quantidade no Estado do Amazonas, mas que, incompreensivelmente alguns se negam a receber, ignorando que sua decisão prejudica nem só eles como os outros, especialmente as pessoas com quem eles têm uma convivência mais próxima. A gente sabe que uma maçã podre pode fazer com que todas as outras apodreçam. O cuidado coletivo, ainda mais em uma sociedade onde cada vez mais é colocado na cabeça da gente que o outro é um inimigo, é uma atitude fundamental a ser assumida e testemunhada. Não podemos esquecer que a ciência, sim a ciência, isso que muitos se empenham em negar seu valor e importância, diz que no processo evolutivo, os seres humanos começaram a serem considerados como tais quando deram sinais evidentes de cuidado com os outros. Aquele que não cuida do outro não pode ser considerado um ser humano, pois a animalidade ocupa uma porcentagem maior no seu ser do que a humanidade. Infelizmente podemos dizer que ainda tem muito animal que diz ser humano, mas de fato não é. O ser humano tem que ser solidário e mostrar empatia para ele ser considerado como tal. Cultivar e promover essas atitudes que fazem parte do convívio social, especialmente nas nossas famílias, se faz algo inadiável. Quando a solidariedade e a empatia se tornam presentes na vida da gente, vamos percebendo que a felicidade e a alegria começam a tomar conta de nós. O mundo se torna melhor, e não podemos esquecer que fazer realidade um mundo melhor para todos e todas deve ser uma preocupação sempre presente na vida da gente. O que eu devo fazer para que assim seja? Como colaborar para que o cuidado coletivo, a solidariedade, a empatia se tornem atitudes mais presentes na minha vida e na vida daqueles mais próximos da gente? Como deixar para trás a dor e o sofrimento que tem estado tão presentes no meio de nós nos últimos meses? O fato de vivenciar um dia sem mortes no Estado do Amazonas vítimas da Covid-19 é algo que deve ser motivo de gratidão, mas também de toma de consciência de que é possível superar a pandemia e que isso depende da gente. É só entender e assumir que o cuidado coletivo, a solidariedade e a empatia é o caminho a seguir. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Garantir água de qualidade nas comunidades: mais uma missão da Igreja na Amazônia

A dificuldade de ter água para beber, água de qualidade num lugar onde a abundância de água impressiona. Isso acontece na região do Alto Solimões, na Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, no coração da Amazônia. Numa floresta de grande biodiversidade, muitas vezes sua riqueza é saqueada por parte de potências econômicas estrangeiras e também brasileiras. Trata-se de uma região com grande presença indígena, onde o povo mais numeroso é o povo Tikuna. Ao mesmo tempo, essa é uma região com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e de acesso a serviços de saneamento básico no Brasil. Nesta região, no município de Santo Antônio do Iça, se encontra a paróquia de Santo Antônio de Lisboa, que conta com 36 comunidades, a grande maioria no interior do município, 3 na beira do Solimões e 25 nas margens do Rio Iça. Além disso existem mais 27 comunidades de outras igrejas. Diante da realidade que é vivida nas comunidades, desde a paróquia “todas queremos acompanhar na defesa e promoção da vida, pois a água é um bem e um direito fundamental. O Deus da Vida não faz diferenças de religiões!”, segundo o padre Gabriel Carlotti, que junto com o padre Gabriel Burani, são missionários fidei donum na paróquia. Segundo os missionários da diocese de Reggio Emília, na Itália, “apesar de o bioma Amazônico ser abundante em recursos hídricos o acesso à água potável e de qualidade não está garantido à maioria dessas comunidades. Seja pela sazonalidade do rio, com cheias e secas extremas, seja pela má qualidade da água que é captada bruta em rios, córregos ou poços”. Uma alternativa usada pelas comunidades é a captação da água da chuva, um projeto em que a paróquia de Santo Antônio de Lisboa está colaborando, oferecendo para as comunidades caixas d’água de polietileno com capacidade de 500 litros para viabilizar a captação da água da chuva. Segundo os missionários, “temos consciência que isso não resolve todos os problemas, precisamos também de uma educação para a captação, o tratamento e a conservação da água da chuva para que não fique contaminada”. Ao mesmo tempo denunciam que “o poder público teria as condições de viabilizar uma melhor solução ao problema da falta de água de boa qualidade, mas, infelizmente, muitas vezes falta vontade política”. Junto com isso, afirmam que “nos dias de hoje uma política em favor da vida é mais difícil de se ver em nosso País”. Na região amazônica, “aumentou o desmatamento em favor das madeireiras, da criação de gado e do agronegócio. Com o aumento dos garimpos ilegais, de ouro e diamantes, sem nenhum controle dos Órgãos competentes, também estão sendo destruídas áreas ainda não contaminadas na nossa região. Esperando tempos melhores, nosso povo está adoecendo e morrendo!”, contam os missionários. Esse projeto surgiu a partir da situação em que o povo vive. Segundo o padre Gabriel Carlotti, “nossa atenção para a qualidade da água foi provocada por um encontro que se deu por ocasião de uma visita à comunidade de São Pedro, no rio Içá, a 180 km da sede do município. Chegamos no horário marcado para a celebração, mas ninguém estava no lugar. Perguntamos se as famílias estavam sabendo e nos responderam: ‘Sim, padre, o cacique avisou todo mundo, mas temos muitos doentes na comunidade, com febre alta e diarreia’”. Diante da situação o padre perguntou a causa, chegando na conclusão de que a origem deveria estar no fato de beber água do rio, pois na comunidade não tem igarapé onde pegar água. O povo bebia água sem nenhum tratamento com hipoclorito, por falta de agente de saúde. Isso levou os missionários a procurar ajuda que possibilitasse adquirir caixas de 500 litros para a captação da água da chuva. Já foram distribuídas 150 caixas e cada mês são levadas mais 40 caixas na lancha da paróquia. Junto com as caixas, no intuito de chamar a atenção para os perigos que podem decorrer da ingestão de uma água contaminada e/ou poluída a paróquia elaborou também uma cartilha orientadora sobre a importância dos cuidados com a caixa d’água, com as calhas, com as vasilhas e com a própria água a fim de evitar doenças. A cartilha explica com texto e desenhos como saber quando a água é poluída e os passos a serem dados para instalar e conservar as caixas d´água, o telhado e as calhas. A cartilha informa sobre diferentes métodos para deixar a água potável. Também informa sobre as doenças provocadas pela água contaminada, remédios caseiros e medidas importantes para prevenir doenças. Segundo os missionários, “temos consciência que ‘melhor que dar o peixe, é ensinar a pescar’, por isso confiamos que a gratuidade de ter recebido uma caixa de 500 litros para a captação da chuva, desperte para o cuidado com a água para que não seja contaminada.  Calhas para o telhado e instalação da caixa ficam ao cuidado de cada família. Sabemos que nem todo mundo vai fazer, mas optamos por correr o risco, responsabilizando as pessoas e pedindo a colaboração de quem será beneficiado”. Os missionários dizem ter outra esperança, “conseguir ‘contagiar’ o poder público para que melhore a saúde, o saneamento básico e o tratamento da água potável”. Sua inspiração está em Francisco de Assis, lembrando o que ele dizia aos seus companheiros: “Vamos trabalhar, que ainda não fizemos nada…”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Vida Religiosa feminina no interior da Amazônia: “Pau para toda obra”

Na Amazônia, tem muitos lugares onde a vida religiosa feminina é a única presença como agentes de pastoral. Elas são pau para toda obra, “assumindo os diferentes ministérios nas comunidades”, segundo Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese do Alto Solimões. Um exemplo disso acontece em Santa Rita do Well, distrito de São Paulo de Olivença, na Diocese do Alto Solimões. A comunidade, situada na beira do Solimões, inaugurava no último sábado, 3 de julho, sua Unidade Básica de Saúde, com o nome de Marlene Aparício Tavares, a primeira enfermeira que trabalhou em Santa Rita.   A Unidade Básica de Saúde, uma construção abandonada há 4 anos, representa um serviço importante. Não podemos esquecer as dificuldades que vive o povo do interior diante da falta de serviços básicos de saúde, algo que agora deve ser revertido em Santa Rita do Well, onde o povo vai contar inclusive com tratamento odontológico. Na inauguração teve um momento de espiritualidade, onde a irmã Odete Christ, missionária da Imaculada (Pime), foi convidada em representação da Igreja católica. A religiosa, que insiste em que os bens públicos não são da Prefeitura ou do Estado, mas da comunidade que tem a responsabilidade de zelar por eles e não a depredar, destacou que “uma inauguração de uma UBS não pode ser feita sem a presença do médico, enfermeiros, agentes de saúde e todos que estão a serviço dos doentes”. Partindo do texto de Mateus 4,23-25, em que Jesus curava todas as pessoas sem fazer distinção e de qualquer região, a religiosa insistiu em que “todos estavam convidados a seguir os passos de Jesus, acolher a todos com amor, respeito, e se solidarizando com as situações mais variadas”. As salas foram abençoadas com água benta, e foi rezado pedindo “a ajuda de Deus no trabalho árduo que é a saúde e também os abençoasse”, segundo a religiosa. A irmã Odete diz tem sentido “a presença de Deus nos acompanhando naquele momento solene”. As religiosas do Pime, presentes na comunidade de Santa Rita do Well, acompanham as comunidades vizinhas, participando do trabalho de formação dos indígenas do povo Tikuna e Kokama. Seu trabalho e a celebração do sábado 3 de julho, é mais um exemplo do trabalho missionário da Vida Religiosa feminina na Amazônia. Elas são muitas vezes a única presença eclesial continua nas comunidades mais distantes, fazendo assim realidade o pedido do Sínodo para a Amazônia, de ser uma Igreja de presença e não só de visita. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1