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Ordenado o primeiro diácono permanente na Prelazia de Borba

Novo Aripuanã acolheu na noite deste domingo, Solenidade da Santíssima Trindade, a ordenação diaconal de Domingos Sávio Saldanha Colares. O novo diácono, de 53 anos de idade, casado e pai de três filhos, é o primeiro a ser ordenado na Prelazia de Borba, e escolheu como lema “Eu estou no meio de vós como aquele que serve”. Nascido em Novo Aripuanã, o novo diácono, ordenado por Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, na quadra da paróquia Nossa Senhora da Conceição, foi formado na escola diaconal da Prelazia de Borba “Dom Adriano Veigle”, o bispo que batizou e crismou o novo diácono. Na celebração fizeram-se presentes um bom número das comunidades e das lideranças locais, segundo Dom Zenildo. O bispo destaca que “foi uma celebração típica daqui, algo muito bem preparado. Com a graça de Deus, foi uma celebração vocacional, uma promoção vocacional para a Igreja, para a Prelazia de Borba, para a Igreja na Amazônia”. Segundo o bispo da Prelazia de Borba tem outros que serão ordenados no decorrer deste ano, que foram formados junto com o diácono recém ordenado. “Deus seja louvado pelo sim e por esta celebração bonita”, afirmava Dom Zenildo. Junto com isso, o bispo destaca a presença na prelazia do superior provincial dos Orionitas, da Provincia Nossa Senhora de Fátima – Brasil Norte, padre Josumar dos Santos, junto o padre Francisco de Assis Silva Alfenas, conselheiro provincial, que estudam a possibilidade de abrir uma comunidade em Novo Aripuanã. Também as irmãs de Jesus Bom Pastor, que segundo Dom Zenildo, “estão aqui marcando presença e sondando a abertura de uma missão nesta região”. O bispo diz que “nós temos um coração agradecido e estamos louvando a Deus por tantas iniciativas abençoadas para nossa Igreja local”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“Nós queremos continuar sendo essa Igreja que não quer se calar”, afirma Dom Ionilton na apresentação do Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2020

Seguindo um costume que faz parte da caminhada da Comissão Pastoral da Terra (CPT) desde seu nascimento em 1975, era apresentado virtualmente nesta segunda-feira, 31 de maio, o Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2020. A apresentação começou, como acontece no caderno, um documento de 284 páginas, com uma homenagem a Dom André de Witte, presidente da CPT, falecido no dia 25 de abril, e a Dom Pedro Casaldáliga, um dos fundadores da instituição, falecido em 2020. Junto com eles, também foram lembrados os agentes da CPT falecidos em2020, muitos deles da pandemia da Covid-19. A pandemia determinou a vida da humanidade durante o ano 2020, também os conflitos no campo, que no Brasil atingiram quase um milhão de pessoas. 2020 tem sido o ano com maior número de conflitos no campo brasileiro, com 2.054 conflitos, um 8% a mais em relação com 2019. Mas além dos números, o Caderno de Conflitos, ele registra histórias, e junto com isso mostra a violência contra a biodiversidade, que também é detentora de direitos. O Brasil vive uma realidade marcada pelo retorno da fome, pela miséria e violência no campo, algo que está sendo referendado pelo poder público e pelo judiciário. Estamos diante de um aumento da violência contra as mulheres, mas também de um aumento das resistências, da solidariedade, onde os povos do campo tem sido exemplo de partilha diante da fome, mas também na defesa do meio ambiente, servindo como exemplo disso a proposta do Movimento Sem Terra (MST) de plantar 10 milhões de árvores. O Caderno de Conflitos 2020 é mais um episódio de uma história de denúncias que vem desde 1975, segundo Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, presidente da CPT após o falecimento de Dom André. O bispo da Prelazia de Itacoatiara mostrava a importância do que significa o Centro de Documentação Dom Tomás Balduino e do relato histórico do trabalho da CPT nesse campo, algo que é muito valorizado pelo mundo acadêmico, como foi constatado no webinar de lançamento. Não podemos esquecer que a CPT é a única entidade a realizar tão ampla pesquisa em nível nacional, se tornando a grande fonte de pesquisa das instituições de ensino e da imprensa. Esse trabalho desenvolvido no Caderno de Conflitos tem como fundamento seis dimensões: teológica, ética, política, pedagógica, histórica e científica. Segundo Dom Ionilton, “os bispos tem procurado acompanhar bem de perto e tem feito manifestações, foram duas notas recentes dos bispos da Amazônia” sobre o Projeto de Lei 510 e a Carta ao Povo brasileiro no encontro dos Bispos da Amazônia, “onde nós reafirmamos esse nosso compromisso com essa luta”, afirmava o presidente da CPT. Ele lembrava uma frase da última mensagem: “Assistimos um governo que vira as costas a estes clamores, opta pela militarização em seus quadros, semeia estratégias de criminalização de lideranças e provoca conflito entre os pequenos”. O bispo de Itacoatiara destaca a ação na Amazônia da CPT, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), as Pastorais do Campo, as Pastorais da Mobilidade Humana, a Carita, que ele define como “atividades em que a Igreja se faz presente”. Mesmo assim, Dom Ionilton insistia em que “tanto na instituição como na Igreja Povo de Deus, ainda temos muito que avançar, ainda tem também muita resistência entre nós, ainda tem gente que não entende a nossa presença e ação neste campo de ação evangelizadora, a defesa da Terra, dos territórios, das águas e dos povos que habitam a Amazônia”. Por isso, o bispo insistia em que “Nós queremos continuar sendo essa Igreja que não quer se calar”. Segundo o presidente da CPT, “a defesa da vida é o que mais interessa e nós temos que continuar fazendo isso”. Por isso destacava a importância do lançamento como momento em que “nós trazemos à luz esses dados”, que “vai ajudar à população brasileira e do mundo inteiro a tomar conhecimento de uma realidade que infelizmente fica muito ainda no escondimento, porque a grande mídia não tem interesse em ficar desvelando isso”, fazendo assim um chamado a “trazer à luz do dia essas informações  que com certeza vão muito contribuir para reforçar a luta e a defesa da terra, dos territórios, das águas e dos povos”. Dom Walmor Oliveira de Azevedo destacava que “a Comissão Pastoral da Terra, de modo corajoso e profético, tem caminhado ao lado dos pobres”. Segundo o presidente da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, o Caderno de Conflitos “ajuda o nosso país a enxergar a grave realidade dos trabalhadores do campo, das águas e das florestas brasileiras”. Ele insiste em que “sem uma política eficaz voltada para os mais vulneráveis, e que reafirme a função social da propriedade e do trabalho, prevalecem os conflitos”. O arcebispo de Belo Horizonte denunciava que “a ausência do Estado gera um caos, leva a graves danos ambientais provocados pela falta de gestão no campo, com a ocupação irregular de território por grileiros, derrubando árvores, comprometendo mananciais e rios, com impactos na fauna e na flora”. O presidente da CNBB exigia “uma adequada política de assentamentos, com gestão assertiva é imprescindível para minimizar os conflitos no campo e os danos ambientais”, lembrando o pedido da CNBB para não houver despejos em tempo de pandemia, trabalhando “para que os mais pobres, os perseguidos, tenham voz e sejam ouvidos”. Para Dom Walmor, “não há indiferença em relação aos pobres, há economia que mata, gerando miséria no campo e em todos os lugares com a degradação ambiental, caminho para muitos adoecimentos”. Por isso fazia um chamado a que “a nossa Igreja seja sempre sinal de esperança para a vida dos pobres, ajudando o mundo a ser mais justo, solidário e fraterno”, mostrando seu apoio a cada evangelizador da CPT. Na apresentação do caderno, realizada desde diferentes perspectivas por Paulo César Moreira, Patrícia Chaves e Sônia Guajajara, a gente destaca que os conflitos no campo no Brasil em 2020 estão focalizados na Amazônia (62,4% do total) e tem como principais vítimas os povos indígenas (42 %). Estamos diante de “dados que nos trazem muita…
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Diocese de Alto Solimões pede orações pela saúde de Dom Alcimar

Segundo informou a Diocese de Alto Solimões num breve comunicado, o bispo emérito, Dom Alcimar Caldas Magalhães, está internado e será submetido nos próximos dias, segunda ou terça-feira, a uma cirurgia no Hospital Unimed de Manaus. A cirurgia será para desobstruir o canal da vesícula, um procedimento que foi realizado anos atrás. A intervenção, que em princípio não reveste especial gravidade, precisa de cuidados, dada a idade de Dom Alcimar, 81 anos, e que ele é diabético. O bispo diocesano, Dom Adolfo Zon, e a Diocese de Alto Solimões, pedem orações pelo sucesso da intervenção e a pronta recuperação daquele que foi bispo titular entre 1990 e 2015, que segundo informações se encontra bem de ânimo à espera dos exames pre-cirúrgicos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo Steiner abençoa a nova sede da REPAM em Manaus

  Depois de vários meses de mudança, alargados pela pandemia da Covid-19, que obrigou a realizar o trabalho desde casa, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) está estreando sua nova sede. Manaus acolhe a secretaria executiva, que até final de 2020 tinha sua sede em Quito (Equador), e que está formada pelo ir. João Gutemberg Sampaio, novo secretário, Rodrigo Fadul, vice-secretário, Lidiane Cristo, Diego Aguiar e o padre Júlio Caldeira. O novo espaço foi abençoado pelo arcebispo de Manaus, que acolheu a nova equipe, que foi se apresentando a Dom Leonardo Steiner, relatando as funções que cada um deles assume na secretaria e no acompanhamento dos diferentes eixos. Tem sido também um momento para fazer memória do caminho percorrido desde 2014 e de trazer presentes os povos do território amazônico. O cardeal Pedro Barreto enviava uma mensagem onde agradecia a Dom Leonardo pela gentileza de abençoar o escritório da REPAM, cumprimentando toda a equipe da nova secretaria executiva. Segundo o presidente da REPAM, estar em Manaus, “nos abre à possibilidade de olhar com esperança o futuro próximo, não só da REPAM, também da CEAMA, da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, e proximamente toda a preparação do sínodo sobre a sinodalidade, que será em 2023”. Em suas palavras, o cardeal peruano agradecia a toda a equipe, “não só por realizar um serviço, mas também pelo aporte significativo para a Amazônia e também para toda a Igreja universal”, insistindo em que “estamos num momento muito importante”. Na inauguração também se fez presente a Ir. Carmelita Conceição, conselheira da REPAM. A auditora sinodal vê o momento atual como oportunidade para “concretizar o que a gente sonhou no Sínodo”. Segundo a religiosa salesiana, “é como se a REPAM tivesse ficado adulta”, insistindo na necessidade de cuidar da planta que nasceu e tem crescido ao longo de quase sete anos. A Ir. Carmelita falava do nascimento da CEAMA “como se uma fecundidade fosse se multiplicando, criando, descobrindo outras formas de realizar esse sonho que foi a REPAM”. A religiosa afirmava que “a gente se sente irmão dos outros países, porque estamos no mesmo barco, estamos sofrendo as mesmas situações e estamos juntos lutando”. Acima das possíveis diferenças entre os países, “hoje há uma questão forte que nos une, que é a questão da luta pela vida, a luta pela libertação, lutar juntos contra a situação”. Ela insistia em que “a REPAM está chegando num momento de plenitude, de fecundidade, de maturidade”. Dom Leonardo Steiner lembrava de alguns passos que antecedem o nascimento da REPAM, encontros em nível pan-amazônico onde foi surgindo a necessidade de criar “um organismo que pudesse aglutinar as experiências riquíssimas em relação aos povos indígenas, à assistência social que sempre foi feita”, tentando assim “fazer uma rede de partilha”. Com a criação da Comissão da Amazônia pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, tudo isso foi avançando, o que acabou provocando a criação da REPAM. O arcebispo de Manaus, que acolheu a nova sede da REPAM e mostrou o apoio não só da arquidiocese como de todos os bispos do Regional Norte 1 da CNBB, falava sobre a necessidade de “cuidar para que não se torne um organismo que seja apenas organizativo, mas de animação”. Junto com isso, o fato de ter vindo a Manaus, leva Dom Leonardo a ver a necessidade de cuidar para “sempre estar envolvendo os outros países”. Numa perspectiva de fomentar a reflexão teológica desde a REPAM, o arcebispo de Manaus vê como algo positivo o fato de que a REPAM esteja ligada ao Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia – ITEPES, ajudando à academia na produção de material que auxilie na reflexão a partir da Igreja que está na Amazônia. Dom Leonardo Steiner refletia sobre a necessidade de trabalhar em rede para enfrentar “o que o governo está fazendo em relação aos povos indígenas, em relação ao meio ambiente”. Ele insistia em que “nossa tarefa é também educativa, educação no sentido de despertar”. Por isso fazia um chamado, dizendo que “vamos juntos trabalhando e buscando sempre o melhor”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Prolongado até 30 de agosto o processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe

A pedido de várias conferências episcopais, feito durante a 38ª Assembleia Geral do Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM, realizada de 18 a 21 de maio, a presidência do organismo aceitou a necessidade de prolongar o período de participação no processo de escuta. A nova data para este importante momento será “30 de agosto de 2021, quase mais dois meses, a fim de promover uma participação mais ampla que permita reunir as vozes do Povo de Deus que peregrina no nosso continente”. No mês de junho, “o comité de conteúdo juntamente com o comité de escuta começará a trabalhar”, diz o comunicado assinado pelo presidente e secretário-geral do CELAM, a fim de “assegurar a sistematização atempada de todas as contribuições do processo de escuta”. Uma vez concluído o processo de escuta, durante o mês de setembro, “procederemos à elaboração do Documento para o Discernimento“. O comunicado destaca o trabalho que está sendo realizado pelas Equipes de Animação Pastoral da Assembleia nas Conferências Episcopais. Diz-se que “eles estão envolvidos, organizados, entusiasmados e empenhados“. O CELAM oferece a sua disponibilidade para colaborar em caso de dúvidas ou dificuldades, confiando “que a Assembleia Eclesial será um sinal e uma expressão de proximidade e esperança no meio da pandemia que o continente está vivendo”. Recordando que os materiais preparados estão disponíveis no website da Assembleia, https://asambleaeclesial.lat, lembra-se que a data da Assembleia continua a ser a mesma, de 21 a 28 de novembro na Cidade do México. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Mauricio López: “A Assembleia Eclesial é uma verdadeira experiência de amplitude eclesial onde o essencial é o exercício da escuta”

Na semana passada, o CELAM viveu a sua 38ª Assembleia Geral, onde o processo de renovação e reestruturação foi o seu tema fundamental. Mauricio López, coordenador do novo Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral, participou na mesma. Nesta entrevista, Mauricio reflete sobre alguns aspectos importantes deste processo, bem como da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que está passando pelo seu processo de escuta. Alguém que conhece a dinâmica do que é uma Igreja sinodal, ajuda-nos a entrar no que significam estes novos caminhos que estão sendo empreendidos pela Igreja da América Latina e do Caribe.   O CELAM acaba de celebrar a sua 38ª Assembleia Geral, onde o tema principal foi o processo de renovação e reestruturação, ao qual a assembleia deu o aval para continuar neste caminho. Em que parâmetros pensa que este processo deve avançar, qual, como disse Dom Miguel Cabrejos, é o caminho que deve continuar sendo seguido durante pelo menos os próximos dois anos? Para mim tem sido uma experiência muito significativa reconhecer que na Igreja, e sobretudo nas estruturas da Igreja, há uma tendência para processos que envolvem discernimento. Apesar de uma certa incerteza ou ansiedade em alguns sectores, alguns, da Igreja latino-americana e do episcopado da região, o que vivemos foi uma tomada de consciência do mandato dado pela assembleia anterior em Tegucigalpa. Nele havia uma série de elementos que para mim foram muito claros neste processo de discernimento: o apelo era para fazer uma parada, para parar as atividades, para parar aquele ativismo que tinha levado o CELAM, embora com uma série de atividades significativas, a ser mais como um espaço baseado em eventos. O mandato era tentar fazer um verdadeiro discernimento sobre onde está a relevância, o apelo essencial do CELAM neste momento da história. Para que nos chama Deus neste momento como Igreja na América Latina? O segundo elemento chave é que houve um pedido frontal e claro de repensar o modelo pastoral do CELAM, o qual, embora tenha gerado alguma resistência em alguns, na maioria dos casos percebemos que há necessidade de um certo aggiornamento ou atualização para encontrar o modelo pastoral mais coerente com os sinais dos tempos, mas também com o que o Magistério da Igreja, tanto latino-americano como universal, nos diz. O terceiro elemento era ultrapassar esta ideia de cortar e colar programas e departamentos, para, de fato, renovar e reestruturar o CELAM. Esta assembleia tem sido a confirmação de um processo em curso. Agora podemos dizer que temos um forte apoio, sem dúvida, com algumas observações, sobre a confirmação da aposta essencial e fundamental relativamente à proposta de reestruturação e reorientação na perspectiva pastoral. Mas temos dois anos à nossa frente, onde vamos começar a explorar as formas de implementar algumas questões que são inovadoras, outras que representam novos desafios, outras que são formas de reorganizar o que já existe, e certamente também de continuidade com algumas das coisas que já estavam sendo feitas. O que avalio é que temos sido fiéis ao mandato dos bispos de Tegucigalpa de realizar um processo de avaliação e discernimento, e temos agora uma confirmação necessária da direção que devemos seguir. A segunda metade deste ciclo de quatro anos está chegando, que não será de ativismo descontrolado, mas de tentativa de explorar, aprofundar e amadurecer propostas que esperamos possam permanecer por mais quatro ou oito anos no caminho. Esperemos que o CELAM abrace cada vez mais esta ideia de continuidade de processos, para além das administrações temporárias que terminam e outra mudança drástica vem, porque estas administrações são, no fim de contas, meios e não fins em si mesmas. Dentro deste processo de renovação e reestruturação, passámos dos antigos sete departamentos para os quatro novos centros. Como coordenador do Centro de Ação Pastoral, como podem estes novos centros influenciar a vida pastoral do CELAM e da Igreja da América Latina e do Caribe? A primeira coisa é que os quatro centros querem ser centros pastorais, embora o CEPRAP, que é o Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral, que tenho agora o privilégio de servir, seja aquele que tem um enfoque mais específico no acompanhamento de ações inculturadas ou encarnadas. Há duas novidades que são uma resposta aos sinais dos tempos, uma é o Centro de Gestão do Conhecimento, que assume de forma permanente a metodologia pastoral de discernimento da realidade, uma que está normalmente associada a um pequeno momento no tempo, e depois abandonada. Este centro procura fazer uma análise permanente da realidade, que muitas vezes foi um serviço externo ou uma atividade única, para torná-la um elemento permanente de toda a visão pastoral do CELAM. Este é o Centro de Gestão do Conhecimento, com uma lógica de escuta permanente, de leitura da realidade e de ajuda às Conferências Episcopais e ao CELAM como um todo a elucidar os apelos essenciais que o Espírito nos faz nesta América Latina e no Caribe. Aqui há uma novidade chave que é consistente com o momento que estamos vivendo e com as mudanças eclesiológicas. A segunda novidade é o Centro de Comunicação, que era apenas um departamento com uma lógica de serviço interno, e hoje tornou-se um verdadeiro espaço pastoral. Ou seja, um centro que acompanhará a ação pastoral com as narrativas e os instrumentos comunicacionais que dão conta de todos os aspectos da realidade que estamos vivendo. Uma resposta à situação de pós-verdade e de notícias falsas que vivemos hoje. A ideia é gerar uma narrativa que reflita a ética do que a Igreja quer contribuir. Trata-se de dar horizontes e orientações a partir de uma visão crítica da realidade, e também de oferecer serviços específicos, tais como a editora que o CELAM está gerando. Depois temos o CEBITEPAL, que de alguma forma quer passar de um excelente prestador de serviços formativos a uma instância que acompanha a realidade como um todo e as situações pastorais específicas com itinerários formativos que são tecidas em conjunto com os próprios atores. Já não se trata apenas…
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A REPAM lança a Cesta Amazónica, uma contribuição para “construir uma Igreja com rosto amazónico”

A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, acaba de lançar a Cesta Amazónica, um compêndio de guias, itinerários e conteúdos de temas importantes que partem da realidade amazónica e pretendem ajudar a conhece-la e, ao mesmo tempo, adquirir conhecimentos que podem ajudar no trabalho de acompanhamento dos povos e dos processos na região. Na sequência da proposta do Sínodo para a Amazónia, de construir uma Igreja com rosto amazónico, uma Igreja inserida no seu território, a Cesta Amazônica oferece subsídios para aprofundar o conhecimento, visão, teoria e tudo o que possa colaborar neste caminho. Trata-se, em atenção aos seus povos, de realizar este trabalho na Amazônia, com novos horizontes e conteúdos formativos aprofundados que nos ajudam a gerar vida. Estamos perante uma caixa de ferramentas, como mostra o vídeo que foi lançado para explicar do que se trata, “que é disponibilizado aos agentes pastorais de toda a Pan-Amazônia e que procura ser um contributo para a sua ação pastoral e também para o papel que desempenham na sociedade”. Os objetivos desta Cesta Amazónica são “estabelecer relações entre os agentes pastorais e as suas comunidades para construir uma Igreja presente, próxima das necessidades da realidade, a partir da perspectiva integral do território Pan-Amazônico, face a estes desafios”. Além disso, pretende ajudar na “construção ou atualização de planos pastorais“, e finalmente “procura adaptar-se aos contextos e necessidades da realidade”. A Metodologia baseia-se na educação popular e faz uso de documentos valiosos já existentes na história da Igreja na região. São materiais construídos por diferentes colaboradores do Eixo de Formação e Métodos Pastorais da REPAM, que, na medida do possível, se baseiam na vida das comunidades amazônicas. A cesta segue o método de reflexão presente na Igreja latino-americana: Contemplar (momento de oração e reflexão à luz de textos e histórias sagradas); Ver (leitura de textos, ideias e conceitos para localizar a realidade); Julgar ou Discernir (espaço de intercâmbio, partilha e discussão construtiva, através de perguntas. Assimilação do conteúdo revisto e geração de conhecimento crítico); Agir (construção de compromissos claros e concretos); Celebrar (expressão simbólica da fé encarnada para animar a nossa experiência onde assumimos e reconhecemos que Deus nos acompanha nesta missão). A partir daí, foram elaborados 31 módulos, organizados em 9 temas diferentes: Território, Espiritualidade, Organização, Água, Biodiversidade, Evangelii Gaudium, Pastoral Itinerante, Doutrina Social da Igreja e Megaprojetos e atividades predatórias. Elementos como a língua materna, educação tradicional no território, leis para proteger o território, desterritorialização, ecossistemas, saúde, espiritualidade como fonte de vida, mitos e ritos, simbologias e pinturas, canções, lugares e tempos sagrados, sabedoria ancestral, sonhos como revelações de Deus, resistência, família, transmissão oral, governo, leis comunitárias, líderes e relacionamento com outros povos, entre outros elementos, são abordados. Todos estes conteúdos e respostas a perguntas podem ser encontrados no website da REPAM: www.redamazonica.org Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Trindade, comunhão, unidade na diversidade

Unidade na diversidade, isso é o que define a Santíssima Trindade, a festa que vamos celebrar no próximo domingo, 30 de maio. Essa mesma unidade na diversidade é um elemento que está presente na sinodalidade, o modo de ser Igreja que o Papa Francisco está nos propondo, uma reflexão que vai estar presente na vida da Igreja católica nos próximos anos. Na última sexta-feira, 21 de maio, o Santo Padre convocava oficialmente o Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, que será aberto no próximo mês de outubro e que vai ter sua assembleia sinodal em outubro de 2023. Ao longo de dois anos somos chamados a entrar no caminho da comunhão, um desafio secular na vida da humanidade. Podemos caminhar juntos, que é o que significa sinodalidade, mesmo sabendo que somos diferentes? Estamos dispostos a entrar nessa dinâmica de comunhão? Podemos dizer que essa é uma necessidade cada vez mais urgente, ainda mais numa sociedade cada vez mais dividida e enfrentada? Ninguém pode obviar que a divisão é instrumento de dominação de um povo que esquece os inimigos comuns e se enfrenta por questões que não ajudam a superar as ameaças que se cernem sobre o a totalidade. Essa é uma dinâmica instigada em espaços de poder político, econômico, inclusive religioso, que deve ser ignorada, na tentativa de fazer realidade essa vida em comunhão. Quem se diz cristão, a gente que se diz católico, deveria fomentar essa vida em comunhão, essa dinâmica sinodal, esse empenho em caminhar juntos, como modo de vida cotidiano. Assumir esse modelo faz com que a gente possa se tornar testemunho para a convivência social. Num país cada vez mais próximo dos 500 mil mortos pela Covid-19, muitos deles consequência da falta de sentimentos comuns, de empatia pelos outros, somos chamados a refletir e assumir a urgência dessa atitude. Deus não é uma ideia, ele não é algo que fica no campo do pensamento, acreditamos num Deus encarnado, presente na vida da humanidade, que acompanha e orienta o decorrer da história. Não acreditamos num Deus que fica acima e sim num Deus que fica no meio da gente, que inclusive assume ser o último, o menor de todos. A comunhão se faz mais fácil quando a gente se reconhece pequeno, limitado, quando a gente experimenta a necessidade do outro para alcançar a plenitude. Não deixemos que aquilo que a gente celebra fique como algo que não mexe com a vida da gente. Acreditar em Deus é traze-lo para o dia a dia, deixar que Ele se faça presente em nosso modo de reagir diante de tudo o que acontece, das decisões que tomamos. É tempo de comunhão, de caminhar juntos, de entender que juntos somos mais e que o testemunho dos outros nos abre à possibilidade de sermos melhores. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Regional Norte 1 organiza o processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe

A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que vai acontecer de 21 a 28 de novembro, aos poucos está começando a fazer parte da vida da Igreja do continente. O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, também está se organizando para participar do processo de escuta. Com esse motivo acontecia nesta segunda-feira, 24 de maio, um encontro virtual onde participam o secretário executivo do Regional Norte 1, Francisco Lima, junto com coordenadores de pastoral de algumas dioceses e prelazias e das pastorais em nível regional, junto com o Comitê REPAM Norte 1, num total de umas 30 pessoas. No encontro foi explicado o caminho percorrido pela Assembleia até o momento, sendo apresentados os documentos que fazem parte da assembleia, que podem ser descarregados em PDF no site asambleaeclesial.lat: Documento parao caminho, Guia Metodológico completo, Guia Metodológico simplificado, Guia parao caminho versão popular e Manual Plataforma de Escuta, todos eles traduzidos ao português.     No encontro foi destacado a importância de cada um se envolver individualmente e também coletivamente no processo de escuta, de animar o povo do Regional, também as pessoas de boa vontade que não tem uma participação constante na vida da Igreja. Todos podem participar, individualmente ou em grupo, do processo de escuta através da plataforma. Para isso foi pedido ajudar às pessoas que tem dificuldade no acesso à internet, e também incentivar o envolvimento do clero no processo de escuta, de ser animadores e multiplicadores, dando voz às diferentes realidades que fazem parte do Regional Norte 1 da CNBB. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Sonho eclesial: “O modelo pastoral na Amazônia tem de ser marcadamente laico”

Depois de percorrer o sonho social, ecológico e cultural, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), juntamente com a Verbo Films, acaba de lançar o vídeo do quarto e último sonho da exortação pós-sinodal Querida Amazônia, o sonho eclesial. Num relato conduzido mais uma vez por Mauricio Lopez, até há poucos meses atrás secretário executivo da REPAM, vozes diferentes fazem uma leitura da realidade do que talvez possa ser considerado o sonho “o mais desafiante, o mais complexo, no qual há grandes esperanças, mas também muitos caminhos a percorrer”, nas palavras de Mauricio. Estamos perante um sonho que “pede novos rostos para a Igreja, que sejam coerentes com a diversidade cultural, que sejam coerentes com o apelo do nosso tempo, o grito da terra e o grito dos pobres”. A Igreja da Amazônia enfrenta o desafio “de anunciar a vida, de anunciar o Reino, de trazer o Evangelho de Jesus no coração, mas uma dinâmica que acolhe, que respeita, que promove, que acompanha, que é fiel ao Magistério da nossa Igreja”. Neste sentido, o vídeo insiste que “não podemos abandonar a missão da Igreja de ser fiel a si mesma, não somos apenas uma ação social que poderia ser associada a uma ONG. Somos um rosto concreto que se encarna na realidade, que quer promover e acompanhar estas diversas expressões multiformes, com todas as vozes diversas, mas com um sentido do Reino, do Evangelho, de ser Igreja, à luz do projeto de vida e querendo sempre caminhar numa dimensão integral”. A evangelização é realizada dentro das culturas, o que leva o diácono Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB, a advertir que os evangelizadores não podem “usar da sua própria cultura tentando fazer o anúncio do Evangelho a partir da sua cultura”, que devem “procurar o diálogo com a interculturalidade entre evangelizadores e nacionalidades, com respeito e cuidado pela casa comum”, de acordo com a indígena Kichwa Gloria Grefa. É um caminho de encarnação, procurando “aceitar o desafio com coragem e encarnar ou inculturar a liturgia e todos os outros elementos”, algo em que o Padre José Miguel Goldaraz, missionário durante décadas na Amazônia equatoriana, insiste. Os povos amazónicos reconhecem, como diz Gorete Oliveira, da Equipe Itinerante, “a Igreja está se aproximando cada vez mais do nosso povo, se aproximando do nosso jeito de ser, a nossa maneira de viver, a nossa maneira de falar, a nossa maneira de comer, dos nossos costumes, dos nossos mitos, dos nossos rituais”. O grande desafio é que “as espiritualidades das comunidades amazónicas, a sua visão do bem viver, devem também fazer parte deste caminho inculturado”, diz Mauricio Lopez. Isto torna-se realidade numa “perspectiva de evangelização do social, a partir da perspectiva das cosmovisões de cada um dos povos e comunidades desta Amazônia”, e que isto acontece por transbordamento, que se concretiza: “são rostos novos, é todo um ministério, em coerência com o Evangelho e com a nossa Igreja, mas que se alarga, que se expande, à maneira do Reino, que se expande a todas as culturas e, portanto, a inculturação e a interculturalidade como chaves do processo”, segundo o ex-secretário da REPAM. No campo dos sacramentos, aqueles que vivem na Amazônia dizem que “não devemos negar ninguém”, e que não podem ser usados para “fazer negócios”, para ganhar dinheiro, mas sim “para o poder espalhar a outras pessoas, a outros irmãos e irmãs, para os poder atrair”, ideias explicadas por Eleuterio Temo, da Amazônia boliviana. Esta mesma visão é partilhada por Maria Petronila Neto, da Amazônia brasileira, para quem para além da inculturação dos sacramentos, ela vê a necessidade de “ser oferecido de forma acessível para todos”. Centrando-se na Eucaristia, Dom Erwin Kräutler reflete sobre o fato de, na Amazônia, “80% das nossas comunidades não participam da Eucaristia, a não ser uma, duas ou três vezes ao ano”, pelo que questiona “como nós podemos viver a Eucaristia nessas comunidades”. Trata-se de “fortalecer o tecido eclesial”, afirma Tania Ávila, para quem “sem justiça não há Eucaristia”, que exige que “os planos de formação dos sacerdotes incluam tempos de convivência no território, para se sentirem parte do povo, do povo que cuida da vida. Para aprender com o povo. Conhecer-se a si próprio como terra. Sentir-se corresponsável pela casa comum”. Na inculturação da liturgia e do ministério, Mauricio Lopez coloca o rito amazónico, seguindo o exemplo de outros ritos locais, como o congolês, que ajuda a Amazônia a marcar “os seus rostos particulares, a criar uma verdadeira expressão litúrgica própria”, algo que também tem a ver com o ministério, que deve ser desenvolvido, explorando novos ministérios e reconhecendo o que está “a fazer a diferença na vida quotidiana”. Mauricio vai ao ponto de dizer que para além do diaconado permanente, é possível, eventualmente, a possibilidade de sacerdotes casados, bem como “uma atribuição de mais papéis às mulheres, que são as que estão mais presentes, para que não falte o acesso à Eucaristia, porque é ela quem faz a comunidade”. “A mulher é a alma da família”, disse Dom Joselito Carreño, para quem “uma Igreja, a família de Deus na Amazônia, sem a presença ativa e participativa das mulheres, não lhe poderíamos chamar uma Igreja cristã católica”. Na Amazônia, tal como “são as mulheres as primeiras a anunciar aos discípulos que o Senhor havia ressuscitado”, diz o padre Adelson Araujo dos Santos, “são as mulheres as pioneiras, as primeiras a chegarem, a ajudarem a comunidade local a se organizar e a fundar aí uma Igreja particular”, o que nos desafia a “dar este reconhecimento de maior espaço as mulheres, também nas decisões”. Sobre este ponto, “não é clericalizar as mulheres, mas é reconhecer seu lugar e seu direito de contribuir nas decisões”, insiste Doris Vasconcelos, para compreender que “na Amazônia profunda, leigos e leigas, mergulhados entre conflitos e contradições, são protagonistas de vivências de um outro projeto de sociedade”, como sublinha Bené de Queiroz. É uma questão de compreender e assumir que “o modelo pastoral na Amazônia tem de ser marcadamente laico”, segundo Mauricio…
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