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Em Carta ao Papa, o CELAM compromete-se a assumir a sinodalidade, “o espírito e o estilo da nossa vida eclesial presente e futura”

O Conselho Episcopal Latino-americano, que encerrou a sua 38ª Assembleia Geral esta sexta-feira, escreveu três mensagens nas quais dá a conhecer o que viveu durante quatro dias de reunião virtual. As mensagens são às Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, ao Povo de Deus, que ainda não foi dado a conhecer, e ao Papa Francisco. Ao Santo Padre, o CELAM quer “apresentar a nova estrutura pastoral do CELAM que aprovámos“, o fruto de dois anos de trabalho. Na sua mensagem, assinada pela presidência do organismo, relaciona o contexto atual, “que expõe a forte inequidade que o nosso continente está experimentando”, algo presente na vida dos pastores, que dizem “colocar um ouvido no grito da terra e o clamor dos pobres com a consciência de que tudo está interligado, e o outro ouvido no Evangelho do Reino de Deus“. A carta reflete sobre a lógica do transbordamento, presente no pensamento do atual pontífice, algo que se manifesta na sinodalidade que o CELAM quer pôr em prática, especialmente com a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, “um transbordamento missionário em saída permanente”. Nesta dinâmica sinodal, os bispos procuram “exercer um discernimento colegial e sinodal“, baseado na escuta da Palavra de Deus e do grito do povo. Tudo isto em busca de um horizonte que “inclui os quatro sonhos que o senhor quis despregar na exortação apostólica Querida Amazônia“. Finalmente, agradecem ao Papa Francisco, “pelo seu ministério e pelo seu magistério, particularmente neste tempo de pandemia que nos iluminou com o seu testemunho e a sua palavra”, a quem lhe asseguram as suas orações e pedem a sua bênção paterna. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO PRESIDÊNCIA “Somos todos discípulos missionários em saída” Bogotá, D.C., 21 de maio de 2021 A Sua Santidade FRANCISCO Cidade do Vaticano Santo Padre: Na conclusão desta 38ª Assembleia Geral Ordinária do CELAM, que se realizou pela primeira vez presencialmente e virtualmente, gostaríamos de vos apresentar a nova estrutura pastoral do CELAM que aprovámos. Nós, os participantes, reconhecemos o imenso trabalho que tem sido feito durante dois anos sob a liderança da Presidência para cumprir o mandato dado pela Assembleia de Honduras em 2019. O nosso encontro teve lugar no contexto da pandemia da COVID-19, o que expõe a forte inequidade que o nosso continente está experimentando e que a acentuou, como se pode ver na taxa de pobreza per capita, que cresceu 12%. Como pastores do Povo de Deus, queremos colocar um ouvido no grito da terra e o clamor dos pobres com a consciência de que tudo está interligado, e o outro ouvido no Evangelho do Reino de Deus com a esperança de sairmos desta crise juntos e melhores, animados pelas suas palavras: “estamos todos na mesma barca”, “ninguém se salva sozinho”. Ao contemplarmos a situação dos nossos povos, confirmamos a experiência de que a realidade nos transborda e os desafios vencem-nos, mas confiamos que Deus nos surpreende, renova, fortalece e inspira-nos a transbordar de criatividade pastoral. Desejamos seguir a “lógica do transbordamento” que o senhor nos propõe (cf. QA 104-105). O transbordamento é uma novidade do Espírito Santo que abre a possibilidade de uma superação criativa dos conflitos e das polaridades. O senhor quis promover este tipo de “transbordamentos” dentro da Igreja, reavivando a antiga prática da sinodalidade. A ação discreta e harmoniosa do Espírito ultrapassa os nossos horizontes limitados e abre-nos ao excesso do amor gratuito de Deus, à sabedoria da cruz pascal, e ao dom da vida abundante para todos (cf. Jo 10:10) e leva-nos a um transbordamento missionário em saída permanente. Partilhamos o nosso apoio esperançoso à primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: Aparecida, “Memória e Desafios”; com a participação de todos os setores do Povo de Deus, já lançada em janeiro passado, e que se encontra atualmente no processo de escuta. Percorremos este caminho como uma aprendizagem na prática da sinodalidade, que deve ser o talante e o estilo da nossa vida eclesial presente e futura. Na comunhão do Espírito, procuramos exercer um discernimento colegial e sinodal através a escuta atenta aos “gemidos inexprimíveis” do Espírito Santo (cf. Rom 8,26) e dos clamores do Povo de Deus. Como discípulos missionários estamos tentando escutar a Palavra de Deus, para sentir o clamor dos povos e ouvir os nossos irmãos e irmãs para respirar nas suas vozes a vontade de Deus que nos ama e nos chama (cf. Ap. 366, 454). O horizonte que propusemos a nós próprios inclui os quatro sonhos que o senhor quis despregar na exortação apostólica Querida Amazônia. Queremos ser uma Igreja que: anima o continente a lutar pelos direitos dos mais pobres e por uma sociedade mais justa (sonho social); preserva o seu património cultural num diálogo intercultural (sonho cultural); custodia sua beleza natural e o valor da vida (sonho ecológico); uma Igreja com comunidades cristãs capazes de lhe dar um rosto latino-americano e caribenho que dê um testemunho claro do Senhor Ressuscitado (sonho eclesial). Agradecemos-lhe pelo seu ministério e pelo seu magistério, particularmente neste tempo de pandemia que nos iluminou com o seu testemunho e a sua palavra. Juntamente consigo, unimo-nos em oração por tantos homens e mulheres que estão sofrendo a doença e confiá-los à Mãe de Misericórdia, e para aqueles que perderam entes queridos, com os quais nos unimos na comunhão dos santos. Asseguramos-lhe as nossas orações por si e pedimos a sua bênção paterna.     Dom Cabrejos Vidarte, O.F.M. Arcebispo de Trujillo, Peru Presidente   Card. Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo, Brasil Primeiro Vice-Presidente   Card. Leopoldo José Brenes Solórzano Arcebispo de Manágua, Nicarágua Segundo Vice-Presidente   Arcebispo Rogelio Cabrera López Arcebispo de Monterrey, México Presidente do Conselho para os Assuntos Económicos   Arcebispo Jorge Eduardo Lozano Arcebispo de San Juan de Cuyo, Argentina Secretário-Geral Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Sinodalidade: um processo construído aos poucos na América Latina

Todos sabíamos que o próximo Sínodo dos Bispos abordaria o tema da sinodalidade, o que muitos não imaginavam é a forma como o Papa Francisco decidiu realizá-la, com uma metodologia sem precedentes, pelo menos em instâncias do Vaticano, mas isso não surpreende aqueles que vivem a sua fé na América Latina. A sinodalidade não é uma invenção de Francisco, um homem de processos, é algo intrínseco à vida da Igreja, que nasceu naquela primeira comunidade de seguidores e seguidoras de Jesus onde houve a coragem de se sentar, ouvir uns aos outros, discernir e encontrar o caminho a seguir, algo nem sempre fácil para uma Igreja perseguida, onde ser cristão era muitas vezes pago com martírio e sempre com perseguição e exclusão social. Esta Igreja que escuta, que está interessada no que está acontecendo no mundo, na vida de homens e mulheres de cada momento histórico, foi retomada no Concílio Vaticano II. Assim, uma das Constituições que pode ser considerada fundamental no último Concílio, a que trata da Igreja no mundo de hoje, começa por dizer: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo“. As palavras de Gaudium et Spes, como todas as contidas nos documentos do Concílio, não ficaram por ouvir na América Latina, que pouco depois se reuniu em Medellín para encontrar uma forma de concretizar no continente as decisões do Concílio. O método de ver (ouvir), julgar (iluminar) e agir foi assumido como o caminho a seguir, estabelecendo assim elementos de uma sinodalidade que, sem ser explicitada em terminologia, foi vivida na prática, na vida das comunidades que fizeram da caminhada sinodal uma realidade, onde, sem a presença constante do clero, as decisões eram tomadas em conjunto, também pelas mulheres, porque as mulheres tiveram sempre um papel decisivo na vida destas comunidades, elas eram ouvidas no processo de tomada de decisões. Não podemos negar que esta forma de ser Igreja, sinodal, pouco a pouco se desvaneceu e permaneceu em segundo plano. A retomada pode ser datada em Aparecida, um documento construído sobre o batismo, onde é feito um apelo para ser discípulos missionários, uma condição própria de todos os batizados. As ideias de Aparecida irão inundando a vida da Igreja latino-americana, para mais tarde inundar a vida da Igreja universal. Em 2012 teve lugar o Sínodo sobre a Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã, onde muitos dos bispos latino-americanos levaram as ideias de Aparecida, o que pouco a pouco despertou questões nos outros padres sinodais. Destas reflexões surgirá a exortação pós-sinodal Evangelii Gaudium, já escrita pelo Papa Francisco, o relator geral de Aparecida, onde muitos veem refletidas as reflexões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, incluindo as que foram postas de lado no Documento final aprovado pelo Vaticano. Estamos em 2013, e agora, com a chegada do Papa latino-americano, o Papa do fim do mundo, como ele próprio disse nas suas primeiras palavras na sede papal, a dinâmica eclesial está tomado novos rumos. É um Papa que insiste em escutar e que mostra que tem o interesse e o tempo para ouvir, para estar no meio do povo. Nunca esquecerei a procissão no início do Sínodo para a Amazónia, desde o interior da Basílica de São Pedro até à Sala do Sínodo. Ali Francisco estava, no meio do povo, sorrindo, feliz. Se um estranho chegasse, só saberia que era o Papa porque estava vestido de branco, mas ele era apenas mais um. Esse sínodo pode ser visto como um ensaio geral para o processo de renovação eclesial que começou há mais de 50 anos. A maioria dos que entraram na sala sinodal sabiam o que estava a ser cozinhado, muitos tinham participado num processo de escuta que tinha escrutinado cada canto da Amazónia, descobrindo assim “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje”, como nos disse Gaudium et Spes e Aparecida retoma. E não só isso, ali estavam eles, no meio dos bispos e cardeais, os indígenas e as mulheres, a quem o Papa ouvia com especial atenção sempre que falavam na sala sinodal e nos encontros informais durante os intervalos, nas quais ele continuava ouvindo, como sempre faz. Esta dinâmica de sinodalidade, de escuta como elemento indispensável para um bom discernimento, tem vindo a enraizar-se na vida da Igreja. Mais uma vez, foi no continente latino-americano onde foi dado mais um passo. Tem sido com a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, como anteriormente com a Conferência Eclesial da Amazônia, experiências sem precedentes, decorrentes do discernimento do primeiro Papa jesuíta, filho do mestre do discernimento. Francisco não quer elites nem ideologias na Igreja, ele quer ouvir e dialogar com parrésia para encontrar juntos o caminho a seguir. Estamos perante uma Igreja em que todos falam e ouvem, com base na categoria teológica do Povo de Deus. Ouvir as pessoas, mesmo aquelas que sempre estiveram em baixo ou nas margens, já não é algo opcional ou feito para o bem da galeria. É interessante ver como os povos indígenas dizem que no Documento Final do Sínodo e na Querida Amazónia veem o que disseram ao longo do processo de escuta do Sínodo para a Amazónia. A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe adoptou uma metodologia semelhante à do Sínodo para a Amazônia, algo que foi transferido para a Igreja universal. A Secretaria do Sínodo dos Bispos assumiu esta dinâmica para o próximo Sínodo, que tem como tema “Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão“. Quer partir das igrejas particulares, da base, da escuta de todos, sem quaisquer escrúpulos ou restrições. “Um na escuta dos outros, e todos na escuta do Espírito Santo”, a fim de superar qualquer “tentação de uniformidade”, procurando “a unidade na pluralidade”. A grande reforma está em curso, uma reforma que durará no tempo, porque não é algo…
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O CELAM chama os bispos “a fomentar a comunhão, a colegialidade e a sinodalidade em todas as nossas igrejas”

Numa mensagem às Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, no final da 38ª Assembleia Geral do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), os participantes do encontro, celebrado virtualmente de 18 a 21 de maio, onde dizem ter refletido sobre a realidade na perspectiva do processo de Renovação e Reestruturação do CELAM, que tem sido aprovado pela assembleia, em vista de uma “proposta de uma abordagem pastoral, como uma Igreja sinodal em saída”. A assembleia, segundo a mensagem, tem sido momento para refletir sobre a Assembleia da América Latina e do Caribe e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). O CELAM diz querer prestar um serviço “em chave de sinodalidade, colegialidade, conversão integral, com voz profética, visão integradora continental, articulando uma ‘rede de redes’, promovendo a descentralização e relevância, acolhendo e contribuindo para o Magistério da Igreja”. Desde o encontro com Jesus Cristo, o CELAM propõe “fomentar a comunhão, a colegialidade e a sinodalidade em todas as nossas igrejas e promova a opção preferencial pelos pobres e o cuidado da casa comum como sinais visíveis da presença do Reino de Deus no nosso meio”. Junto com isso destacam a importância da Palavra e de avançar “sem medo e com e com audácia ao longo dos novos caminhos que o Espírito nos apresenta”.   CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO PRESIDÊNCIA “Somos todos discípulos missionários em saída” MENSAGEM DOS PARTICIPANTES DA 38ª ASSEMBLEIA GERAL DO CELAM ÀS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE “Eis que estou fazendo algo novo, não o reconheces?” Isaías, 43.19  Bogotá, D.C., 21 de maio de 2021  Sob o lema “Tecendo sonhos, renovando compromissos”, e num clima marcado pelas limitações e desafios colocados pela complexa situação sanitária e social que estamos hoje vivendo, de 18 a 21 de maio de 2021, realizámos a 38ª Assembleia Geral do CELAM. Nela, num espírito de comunhão e fraternidade, fizemos um “olhar contemplativo sobre a realidade da América Latina e do Caribe, com uma visão universal e de esperança, e em perspectiva para o ano 2031 – 2033”. Da mesma forma, iluminámos esta realidade desde os “fundamentos teológicos, eclesiológicos e pastorais do processo de Renovação e Reestruturação do CELAM”, e aprofundámos numa “proposta de uma abordagem pastoral, como uma Igreja sinodal em saída, para o desenvolvimento humano e integral das pessoas e comunidades”. Também tivemos a oportunidade de refletir sobre o progresso da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, Aparecida: “Memória e Desafios”; e sobre a Conferência Eclesial da Amazónia, Aparecida: “Memória e Desafios”, e sobre a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), instâncias de escuta, de diálogo e de renovado dinamismo evangelizador para as nossas igrejas.  Tudo isto, enquadrado no profundo desejo de responder ao mandato dado na 37ª Assembleia realizada nas Honduras em 2019, e para levar adiante o Processo de Renovação e Reestruturação do CELAM.  Hoje gostaríamos de vos apresentar o documento que orienta o início desta caminhada deste Projeto de Renovação e Reestruturação, onde nesta Assembleia Geral aprovámos a nova estrutura pastoral do CELAM. É o produto de um longo e intenso processo de discernimento que tem envolvido muitos e diversos agentes pastorais e instituições eclesiais, e que tem exigido numerosas consultas, através das quais realizámos um exercício concreto e operativo da sinodalidade eclesial e da colegialidade episcopal. Nele aparece a importância do serviço que o CELAM é chamado a prestar, nos próximos anos, às Conferências Episcopais e a todas as Igrejas particulares do continente, em chave de sinodalidade, colegialidade, conversão integral, com voz profética, visão integradora continental, articulando uma “rede de redes”, promovendo a descentralização e relevância, acolhendo e contribuindo para o Magistério da Igreja. O presente documento pretende ser um instrumento que provoca e favorece em todos os membros do Povo de Deus uma experiência pessoal e comunitária com Jesus Cristo, de tal forma que a alegria deste encontro possa fomentar a comunhão, a colegialidade e a sinodalidade em todas as nossas igrejas e promova a opção preferencial pelos pobres e o cuidado da casa comum como sinais visíveis da presença do Reino de Deus no nosso meio.  Para nós, como discípulos missionários de Jesus Cristo, configurados com os sentimentos do Bom Pastor, e pastores do Povo santo de Deus que peregrina entre os povos da América Latina e do Caribe, cabe-nos a nós assumir, animar e promover este Projeto de Renovação e Reestruturação do CELAM, com base numa leitura orante da Palavra e numa leitura crente, analítica, com base na realidade dos sinais dos tempos. Acompanhando os nossos povos e juntamente com eles, avancemos sem medo e com e com audácia ao longo dos novos caminhos que o Espírito nos apresenta!  Encorajamo-los a fazer parte deste projeto para o qual todos somos chamados. Que Santa Maria, Nossa Senhora de Guadalupe, a mulher do coração ardente, acompanhe-nos, e que São José, cujo ano celebramos, nos guie nesta tarefa. Dom Miguel Cabrejos Vidarte, O.F.M. Arcebispo de Trujillo, Peru Presidente   Card. Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo, Brasil Primeiro Vice-Presidente   Card. Leopoldo José Brenes Solórzano Arcebispo de Manágua, Nicarágua Segundo Vice-Presidente   Dom Rogelio Cabrera López Arcebispo de Monterrey, México Presidente do Conselho para os Assuntos Económicos   Dom Jorge Eduardo Lozano Arcebispo de San Juan de Cuyo, Argentina Secretário-Geral Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Os bispos do Regional Norte 1 celebram o ministério do leitorato e a admissão às ordens sacras de 12 seminaristas

O Seminário São José de Manaus, onde estudam os seminaristas das dioceses e prelazias do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, celebrou nesta quinta-feira, 20 de maio, o leitorado de Odinei Viana Meireles, indígena do povo tucano, da diocese de São Gabriel da Cachoeira, e a admissão às ordens sacras de 11 seminaristas da Arquidiocese de Manaus, as dioceses de Parintins, Roraima, São Gabriel da Cachoeira e Coari, e a prelazia de Tefé. Cada um dos bispos acolheu seus seminaristas, numa celebração onde mais uma vez apareceu a união existente entre as diferentes Igrejas do Regional Norte 1 da CNBB. Na homilia, o presidente do Regional, que presidiu a celebração refletia sobre a vocação, afirmando que “a iniciativa de toda vocação é de Deus. Ele nos chama gratuitamente e espera de nós a acolhida generosa do seu chamado. Dom Edson Damian enfatizava que diante do chamado de Jesus, “os discípulos imediatamente deixaram tudo e seguiram Jesus”. Segundo o bispo de São Gabriel da Cachoeira, “Jesus continua chamando também hoje, e espera de nós a mesma prontidão, a mesma generosidade”. Ao mesmo tempo, o presidente do Regional refletia sobre o convite que Jesus nos faz a permanecer N´ele, o que “nos mostra a importância da oração e da escuta da Palavra”, lembrando também o amor universal de Jesus pelos pequenos e pecadores. A todos os seminaristas que se formam no Seminário São José de Manaus, Dom Edson fazia-lhes o convite a serem “testemunhas do Crucificado Ressuscitado no coração da Amazônia para fazer realidade os sonhos do Papa Francisco”. Segundo o presidente do Regional Norte 1, “a Amazônia vive um tempo grandioso, um kairós”, e por isso chamava os seminaristas a “entrar nos novos caminhos delineados pelo Sínodo para continuar a missão na Amazônia”. Na missa foi lida a carta aberta que os bispos da Amazônia, reunidos virtualmente nos dias 18 e 19 de maio, escreveram ao Povo de Deus, que Dom Edson convidava aos seminaristas a ler e meditar. Finalmente, Dom Leonardo Steiner parabenizava agradecia pelo seu sim, aos seminaristas que receberam a admissão às ordens sacras e o ministério do leitorato. Também agradecia ao reitor e os formadores do Seminário pelo seu trabalho no Seminário São José de Manaus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Unidade: uma dimensão a ser construída entre todos a cada dia

Nesta semana que antecede a festa de Pentecostes, celebramos a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. A unidade é um pedido de Jesus aos seus discípulos, que quer que entre eles exista a mesma união que acontece entre Ele e Deus Pai. A questão primeira e fundamental e se a gente sente necessidade dessa unidade, ainda mais numa sociedade que tenta colocar na cabeça da gente a dinâmica do individualismo como elemento que gere divisão e facilite o controle social. Fazemos parte de uma estrutura que incentiva o enfrentamento, o que deve nos levar a refletir como superar as tensões cada vez mais presentes entre nós. Tudo isso vai gerando um sentimento de crispação, de desconfiança para com os outros, uma atitude presente nas nossas famílias, no mundo do trabalho, na rua e também nas Igrejas. Os outros são vistos como inimigos, deixando de lado o sentimento de fraternidade que deveria estar presente no meio de nós. Por isso temos que insistir em que a unidade é uma dimensão a ser construída entre todos a cada dia. Nunca podemos esquecer que juntos somos mais, que juntos conseguimos superar com maior facilidade as dificuldades com que a gente vai se deparando no dia a dia. A divisão é uma pandemia que não ajuda a superar a pandemia que assola a humanidade neste momento da história, fazendo com que a gente pague um alto preço, consequência de posicionamentos egoístas, claro exemplo de atitudes individualistas. Nunca podemos esquecer que há muitos mais elementos que nos unem do que aquilo que nos separa, mesmo que nos empenhemos em acentuar as diferenças, que, por outro lado, podem ser superadas na medida em que a gente se empenhe nisso. Mas realmente queremos avançar nessa proposta de unidade? Estamos dispostos a deixar de lado atitudes que nos dividem e enfrentam? Quais os valores que nessa perspectiva estamos transmitindo àqueles com quem a gente convive, principalmente nas nossas famílias, sobretudo entre as gerações mais jovens? Quem se diz cristão deveríamos refletir sobre a necessidade de avançar no caminho da unidade, nos tornando um exemplo e uma referência de uma sociedade cada vez mais enfrentada e, em consequência, mais violenta. É tempo de nos esforçarmos num caminho que só pode nos aportar coisas boas e pode nos ajudar a fazer realidade um mundo melhor para todos e para todas. Vamos lá, a unidade é o caminho a seguir, não duvide. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Carta dos Bispos da Amazônia faz chamado a manter “um olhar esperançoso” nascido do Sínodo

Lembrando as palavras do Papa Paulo VI, que diz que “Cristo aponta para Amazônia”, no final do encontro celebrado nos dias 18 e 19 de maio, organizado pela Comissão Episcopal para a Amazônia e pela REPAM-Brasil, os bispos da Amazônia brasileira têm lançado uma mensagem (acesse aqui) onde mostram mais uma vez suas preocupações diante da realidade atual. Os bispos denunciam “o devastador agravamento de uma crise que escancara a pobreza diante da escandalosa concentração de riquezas”, fruto da primazia do capital especulativo, que “sequestra a autonomia dos Estados”. Isso leva os bispos a colocar uma disjuntiva: “Ou apelamos para a garantia legal da vida e dos territórios, ou nos defendemos quando o extermínio se torna lei!”. Essa realidade atinge especialmente os povos indígenas, vítimas do “agravamento das violações dos direitos”, algo que se faz presente de múltiplos modos. A carta vai relatando situações presentes na Amazônia, que mostram que a crise socioambiental se acentuou durante a pandemia, assim como outras agressões cada vez mais presentes na região. Por isso, denunciam “um governo que vira as costas a estes clamores, opta pela militarização em seus quadros, semeia estratégias de criminalização de lideranças e provoca conflito entre os pequenos”. Diante dessa realidade, os bispos dizem manter um olhar esperançoso, nascido da Amazônia, que “é também resposta!”, que “irrompe como novo sujeito e como novo paradigma”, desafio para a ação evangelizadora. Os bispos lembraram do Pacto das Catacumbas pela Casa Comum, assinado por muitos dos participantes do encontro virtual, e dos compromissos lá assumidos, que conduzem a “uma Igreja com o rosto Amazônico”, e a um avanço na concreção das decisões do Sínodo. Daí, os bispos tem assumido alguns compromissos, na linha de avançar “as reflexões e indicações ousadas do Sínodo em torno dos ministérios”, elaborar um plano estratégico com diretrizes pastorais, que encarne os sonhos da Querida Amazônia, incentivar a questão da segurança alimentar, reafirmar o envolvimento efetivo com o Pacto pela Vida e pelo Brasil e o Pacto Educativo Global. Finalmente, os bispos fazem um chamado a não desanimar da luta, renovar a comunhão eclesial, alimentar a paixão pelo Reino de Deus e a sensibilidade para com os mais pobres. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Cardeal Czerny: Para a Igreja na Amazônia, assumir uma pastoral de conjunto é “a mãe de todas as prioridades”

Os bispos da Amazônia brasileira reuniram-se durante dois dias, 18 e 19 de maio, para refletir sobre a realidade da Amazônia, tendo como pano de fundo as reflexões do Sínodo para a Amazônia. O encontro virtual, que reuniu cerca de 90 participantes, quis ajudar a vislumbrar possibilidades de continuar a construir os novos caminhos propostos pelo Sínodo e de tornar realidade os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia. Numa tentativa de oferecer reflexões sobre o caminho percorrido pela Igreja na Amazônia nos últimos tempos, com base na sensibilidade em relação ao território e ao seu povo, o Cardeal Michael Czerny, mostrou a importância que a Amazônia tem para o mundo. Partindo da ideia de que Deus guia o seu povo na história da salvação, o cardeal fez um apelo para redescobrir como Deus continua chamando, dando passos, algo que deveria provocar um sentimento de gratidão “pela sua grande providência e para ouvir a sua chamada”.  Na sua análise partiu de Aparecida, que oferece algumas propostas e orientações para um ministério pastoral global na Amazônia, especialmente nos números 474 e 475, onde se nota a necessidade de “evangelizar os nossos povos para descobrir o dom da criação, aprendendo a contemplá-la e a cuidar dela como a casa de todos os seres vivos e a matriz da vida no planeta”. Juntamente com isto, em algo que pode ser considerado como uma proposta clara de uma Igreja em saída missionária, insistiu em “aprofundar a presença pastoral nas populações mais frágeis e ameaçadas”. Trata-se, afirma Aparecida, de “procurar um modelo alternativo, integral e solidário de desenvolvimento, baseado numa ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, baseada no Evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens, e que supere a lógica utilitária e individualista, que não submete os poderes económicos e tecnológicos a critérios éticos”.  Aparecida reflete sobre a necessidade de políticas públicas “que garantam a proteção, conservação e restauração da natureza”, algo que hoje assume uma importância decisiva face à realidade que se vive na Amazônia brasileira. Ao mesmo tempo, apela a uma consciência comum da “importância da Amazônia para toda a humanidade”, chamando a Igreja a uma pastoral de conjunto, algo que tem avançado com a criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, nascida “misteriosa e providencialmente” em 2014, e a Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA.  Estes são passos importantes, que provocam uma pergunta naquele que foi um dos secretários do Sínodo para a Amazônia: “Porque não ouvimos isto de imediato na Igreja e na sociedade como um todo?”. Não o fazer significou que os últimos 15 anos foram desperdiçados, “pastoralmente, ambiental e integralmente”. Nestes anos, o Cardeal Czerny destaca também a importância do encontro realizado a 27 de julho de 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, com o Episcopado brasileiro, onde a Amazônia foi colocada “como um teste decisivo para a Igreja e a sociedade brasileira”. Isto ajudou a compreender “que a Amazônia é crucial, mesmo decisivamente relevante para o caminho presente e futuro”. O Santo Padre disse que “A Igreja não está na Amazônia como se ela tivesse feito as malas para partir depois de a ter explorado o máximo possível. A Igreja está presente na Amazônia desde o início com missionários, congregações religiosas, padres, leigos e bispos e ainda hoje está presente e é um fator determinante para o futuro da região”.  O Sínodo foi um processo que nem todos compreenderam, na opinião do Cardeal Czerny. É por isso que o descreve como “um processo de conversão que nos faz descobrir como um tema único e inseparável nos espera, não só para ser compreendido, mas, mais importante ainda, para ser vivido”. Tudo isto está recolhido no documento final e nos quatro sonhos da Querida Amazônia, que devem ser vistos numa perspectiva de integridade, de “uma maior eclesialidade, abrindo horizontes”, que deve levar a assumir uma pastoral de conjunto, que o cardeal considera “a mãe de todas as prioridades”, e que deve ter a missão como o seu foco. Para tornar isto uma realidade, “o Sínodo apresenta-nos algumas pistas, especialmente na busca desse rosto amazónico, de uma Igreja inculturada em diálogo intercultural, uma Igreja muito próxima dos povos amazónicos”. Ofereceu alguns exemplos de uma Igreja em saída, sinodal, samaritana, que reconhece a importância dos leigos e o papel da mulher e da juventude, a inculturação e a interculturalidade, a consciência da necessidade de uma conversão integral, refletindo sobre a importância dos processos de reconciliação, referindo-se ao conceito de pecado ecológico, que nos deve levar a “reconciliar-nos com a destruição da casa comum”. Por esta razão, o Cardeal Czerny perguntou: “Quais são os desafios que ainda enfrentamos?” Ele próprio respondeu, dizendo que eles podem ser resumidos dizendo “que a nossa Igreja amazónica e brasileira seja sempre mais missionária e evangelizadora na (re)construção da casa comum na Amazônia”. Para isso, vê a necessidade de “processos de articulação e sinergia e abertura a opções, planeamento e resultados que acolhemos com a graça da novidade do Espírito Santo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Agenor Brighenti: a Amazônia como novo sujeito e novo paradigma no contexto mundial e eclesial

Os bispos da Amazônia brasileira estão reunidos nos dias 18 e 19 de maio para refletir sobre a realidade sociopolítica e eclesial, e avaliar a caminhada da Igreja da região após a realização da Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. O encontro, que acontece em modo virtual, e conta com a participação de umas 80 pessoas, quer ajudar a vislumbrar possibilidades para seguir construindo os novos caminhos e tornar realidade os sonhos de Francisco na Querida Amazônia. Não podemos esquecer como “é importante manter o hábito de resituar continuamente os processos pastorais no contexto sócio-eclesial, que está sempre em movimento”, segundo o padre Agenor Brighenti. Trata-se de uma ideia nascida da reflexão de Medellín, que deve levar a ler os “sinais dos tempos”. Segundo o membro da Equipe de Reflexão Teológica do CELAM, a profecia de Paulo VI se cumpriu, lembrando suas palavras na mensagem aos Bispos da Amazônia, reunidos em Santarém, em 1972, quando ele disse que “Cristo aponta para a Amazônia”. “Mesmo em meio à gravidade de uma pandemia, que dura mais de um ano, praticamente o mundo inteiro olha para a Amazônia, assim como o olhar da Igreja em geral também está focado na Amazônia”, enfatizava o padre Brighenti. Esse olhar para a Amazônia tem motivos para se alegrar, mas também para se indignar, se tornando algo alentador, mas que também aumenta a responsabilidade. Por isso, ele se perguntava: “Será que a Igreja na Amazônia terá condições de responder às exigências do momento?” Para assim ser, “precisa da colaboração e o apoio de todos os comprometidos com a vida na Região”, afirmava o perito sinodal. A pandemia tem voltado o olhar para a Amazônia, trata-se de uma crise que se desdobra em várias crises: sanitária, econômico-social, política e de instrumentalização da religião. Essa situação de crise, leva o padre Brighenti a se perguntar: “Como e quando sairemos desta pandemia e em que situação sairá a Igreja? Que novos desafios lhe esperam?”, colocando Fratelli Tutti como fonte de luz, também para a Amazônia. A Amazônia tem irrompido no contexto mundial e da Igreja universal, como novo sujeito e novo paradigma, segundo Agenor Brighenti. A Amazônia é novo sujeito pela questão ecológica, que tem a ver com a sobrevivência do planeta, e pelo direito a existir dos povos originários, secularmente invisibilizados, mas que “são portadores de uma sabedoria ainda não conhecida, recebida ou acolhida e que faz toda a diferença nestes tempos de encruzilhada no projeto civilizacional moderno ocidental”. A Amazônia é novo paradigma que leva a descobrir a responsabilidade para com as gerações futuras, e a assumir que “os povos invisibilizados, não são povos atrasados, não-civilizados, mas que tem sua própria civilização”. Essa reflexão tem um impacto na missão da Igreja, que já não pode ignorar a questão ecológica, uma atitude assumida pela Igreja da Amazônia, onde “a ecologia já está e pode estar ainda mais presente na espiritualidade, na educação da fé, na celebração da fé, nas ações concretas”. Nessa pastoral da ecologia, lembrando o apontado pelo Sínodo da Amazônia, “temos muito a aprender dos povos indígenas”, afirma o perito sinodal. Na ação evangelizadora com os povos originários, Agenor Brighenti faz um chamado a superar toda postura colonizadora na evangelização, algo que aparece no Documento Final do Sínodo e no Documento de Aparecida, a ser uma Igreja que faz da periferia o centro, que protege as culturas dos povos da Amazônia, que promove a inculturação da liturgia e dos ministérios, assim como uma inculturação das estruturas da Igreja, “mais sinodais, flexíveis, participativas”, como acontece com a CEAMA e a Assembleia Eclesial Latino-americana y Caribenha. Estamos diante de “uma Igreja gerida por organismos de comunhão e participação como equipes, conselhos e assembleias de pastoral, antídotos do clericalismo, a partir das CEBs”, segundo Brighenti. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Ataques armados de garimpeiros continuam na TI Yanomami e provocam a morte de duas crianças indígenas

Momento do ataque de garimpeiros contra a aldeia Palimiu,no dia 10 de maio, registrado em vídeo pela comunidade Yanomami. Foto: reprodução Há pelo menos uma semana, ataques armados de garimpeiros contra indígenas tem ocorrido de forma sistemática contra a aldeia Palimiu, na região do Uraricoera, no interior da Terra Indígena (TI) Yanomami. No sábado, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) informou que duas crianças morreram afogadas, depois de se perderem durante a fuga do primeiro desta recente sequência de ataques, ocorrido no dia 10 de maio. Após a denúncia da Hutukara Associação Yanomami (HAY), relatando a investida de grupos de garimpeiros armados contra a aldeia, outro ataque aconteceu no mesmo local na noite deste domingo (16), dessa vez com mais ostensividade. De acordo com a HAY, as lideranças Yanomami da comunidade Palimiu em ligação telefônica relataram que 15 barcos de garimpeiros se aproximaram da comunidade e “que, além de tiros, havia muita fumaça e que seus olhos estavam ardendo, indicando o disparo de bombas de gás lacrimogêneo contra os indígenas”. A situação foi relatada em ofício destinado à Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami da Fundação Nacional do Índio (Funai), à superintendência da Polícia Federal em Roraima (PF/RR), à 1ª Brigada de Infantaria da Selva do Exército (1ª BIS) e ao Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR). No sábado, dia 15, a HAY já havia lançado uma nota pública confirmando o falecimento por afogamento de duas crianças Yanomami que, durante os ataques do dia 10, ao fugirem para a floresta, se perderam e caíram no rio. As crianças, de um e cinco anos de idade, foram encontradas dois dias depois (12), já sem vida. Devastação causada pelo garimpo ilegal na TI Yanomami, em registro de maio de 2020. Foto: Chico Batata/Greenpeace Brasil “Estamos muito preocupados com nossos parentes do Palimiu, que estão sofrendo ameaças contra suas vidas”, denuncia a HAY, na nota. “A comunidade de Palimiu está sem nenhuma assistência de saúde: os profissionais de saúde foram removidos por conta dos tiroteios. Também não tem nenhuma força pública de segurança permanente do local, e os garimpeiros continuam diariamente amedrontando a comunidade”. Também em nota, divulgada na semana passada, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) reitera que esses ataques não são isolados e representam ações de violência permanentes contra os povos Yanomami e Ye’kuana e contra seu território, em clara manifestação de interesse pela área estratégica ao garimpo. A nota destaca, ainda, a omissão do governo federal em coibir as atividades criminosas no interior da TI Yanomami e o fortalecimento dos garimpeiros, consequência prática dos discursos pró-garimpo do presidente da República, Jair Bolsonaro, que “acirram conflitos e podem potencializar novos ataques”. “As operações de combate ao garimpo dentro da TI Yanomami mostraram-se até o momento claramente insuficientes e ineficazes, e não atingem as redes de sustento do garimpo e os esquemas de enriquecimento ilegal ao longo da cadeia da exploração mineral”, avalia o Cimi. Cerca de 20 mil garimpeiros vivem e atuam ilegalmente, hoje, dentro da TI Yanomami. Os ataques são recorrentes e já este ano a HAY denunciou outros dois conflitos envolvendo garimpeiros. Um na aldeia Helepi, em fevereiro, e outro na mesma comunidade Palimiu, em abril. Em 2020, dois indígenas Yanomami foram assassinados por garimpeiros. Todas essas investidas foram realizadas em meio à pandemia de covid-19, que atinge duramente os povos indígenas, e a um aumento nos índices de malária. A pedido do MPF, a Justiça Federal de Roraima determinou o envio de tropas policiais para a terra indígena, no dia 13 de maio. Outras decisões da Justiça Federal, em ações do MPF, e do próprio Supremo Tribunal Federal (STF), na ADPF 709, determinaram a retirada dos invasores e a proteção do território e do povo Yanomami. Até o momento, nenhuma das decisões judiciais foi cumprida pela União. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também emitiu medidas cautelares, em julho de 2020, solicitando ao Estado brasileiro que adote medidas para proteger os direitos à saúde, à vida e à integridade pessoal dos povos indígenas Yanomami e Ye’kwana. Leia, abaixo, a nota da HAY, ou clique aqui para baixá-la em pdf: Assessoria de Comunicação do CIMI Norte 1

18 e 19 de maio acontece Encontro dos Bispos da Amazônia

  Organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, e a Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM-Brasil, os bispos da Amazônia vão se encontrar virtualmente nesta terça e quarta-feira, 18 e 19 de maio. No programa aparecem temas como o Sínodo para a Amazônia, migração, crise ambiental, mudanças climáticas, povos indígenas e os riscos na Amazônia. Segundo informações da REPAM Brasil, o objetivo é partilhar experiências, olhar para a realidade sociopolítica e eclesial e avaliar a caminhada da Igreja da Amazônia após a realização da Assembleia Sinodal e vislumbrar possibilidades para seguirmos construindo os novos caminhos e tornando real os sonhos do Papa Francisco para a Querida Amazônia. Além dos bispos da Amazônia, irão participar do encontro os representantes de organismos e pastorais da Igreja que foram convidados. No primeiro dia, será realizada uma análise de conjuntura eclesial e sociopolítica, enquanto a quarta-feira será momento para apresentar um panorama do caminho pós-assembleia sinodal, momento em que os participantes serão convidados a partilhar o caminho vivido pós-assembleia sinodal. Além dos diálogos e partilhas, os bispos apresentarão uma carta no final do encontro.  Os bispos do Regional Norte 1, reunidos em Manaus, além de participar do encontro, irão tratar outras questões referentes à vida do Regional. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1