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Papa Francisco institui o Ministério do Catequista, “uma acentuação maior ao empenho missionário”

“Antiquum ministerium“, esse é o novo Motu proprio publicado pelo Papa Francisco nesta terça-feira, 11 de maio. Nele, o Santo Padre institui o ministério de catequista, que tem seu fundamento na primeira comunidade cristã, onde já era reconhecido, e que é colocado como uma necessidade urgente para a evangelização no mundo contemporâneo, que deve evitar cair na clericalização. A ministerialidade é algo conhecido na vida da Igreja desde seus primórdios, algo recolhido sobretudo nas cartas paulinas, mas também em outros escritos do Novo Testamento, mostrando “a presença concreta de batizados que exerceram o ministério de transmitir, de forma mais orgânica, permanente e associada com as várias circunstâncias da vida, o ensinamento dos apóstolos e dos evangelistas”, segundo afirma o Papa Francisco no seu novo Motu proprio. A instrução catequética é definida como “um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano”, destacando que muitos homens e mulheres vem “realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé”. O Papa Francisco recolhe a importância da catequese nas reflexões do Concílio Vaticano II, assim como no Magistério Pontifício do pós Concílio. Ele destaca o papel dos leigos e leigas, afirmando que sua “presença torna-se ainda mais urgente nos nossos dias, devido à renovada consciência da evangelização no mundo contemporâneo”, afirmando a necessidade de “metodologias e instrumentos criativos”, e ao mesmo tempo, insistindo em que “fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente são as condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo”. Quem chama a assumir o ministério é o Espírito, algo que faz parte da vida de todo batizado, destacando a importância dos leigos nesse “serviço pastoral da transmissão da fé”, que se faz presente ao longo de toda a vida dos batizados. O Papa Francisco afirma que “o Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja”. Nesse ponto insiste em que “receber um ministério laical como o de Catequista imprime uma acentuação maior ao empenho missionário típico de cada um dos batizados que, no entanto, deve ser desempenhado de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização”. Partindo dessa reflexão, o Papa Francisco, segundo recolhe o Motu prorio, institui o Ministério do Catequista, ao qual são chamados “homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese”. Para isso a Congregação do Culto Divino providenciará o Rito de Instituição do ministério laical de Catequista, convidando “as Conferências Episcopais a tornarem realidade o ministério de Catequista, estabelecendo o iter formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo”. Leia aqui o Motu proprio: “Antiquum ministerium” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Fernando Barbosa: Ser mãe é a expressão do amor de Deus

Como entender o sentido do amor de mãe, algo que aos nossos olhos parece ser tão simples, mas que é um mistério imensurável e inexplicável ao nosso entendimento limitado! Quem nos ensina os primeiros passos, nos dá o primeiro colo, que tem as palavras certas, que nos acolhe nas falhas, nos acertos, e que tem o carinho, o cuidado e a proteção que nenhum outro pode nos dedicar! Tens o dom de amar de forma divina, sabedoria de transformar nosso ser.  Esse dia é comemorado, justamente, no mês dedicado a Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, aquela que testemunhou o amor Divino através da dádiva de conceber o Filho de Deus. Dizer sim, ao se tornar mãe é também experimentar o amor de Deus, assim como Maria, é servir a Deus através desse amor que dedica aos filhos.  Ser fonte de vida é fazer algo extraordinário quando se entende o verdadeiro significado desse amor maternal, que não exige recompensa, onde o único objetivo é doar-se para o bem daquele(a) que gerou. Ser mãe é a expressão do amor de Deus.  Rezo a Mãe Maria de forma especial pelas mães do mundo inteiro, para que guarde e cultive em cada uma esse amor primeiro, assim como Ela tem por seus filhos amados, e que Jesus nos ensine como filhos também a amar nossas mães através do cuidado, do respeito e do amor, sabendo recompensar a vida que nos é dada e cuidada através de nossas mães. Dom Fernando Barbosa dos Santos, CM.

Ser mãe no mundo indígena: cuidadoras da vida e da cultura de geração em geração

O primeiro sateré mawé nasceu de Nuamuçabe, que além de gerar a vida é a cuidadora do paraíso. Trata-se de dois elementos interligados, que tem muita importância na vida de Marcivana Sateré Mawé, mulher, mãe e liderança indígena. Os povos indígenas na Amazônia brasileira são numerosos, assim como as cosmovisões que fazem parte da sua história. Essa cultura tem sido transmitida de geração em geração, e quem faz isso são as mulheres, as mães e as avós. Marcivana diz lembrar da trajetória da sua avó, de quem aprendeu o papel da mulher na vida do povo Sateré mawé, descer no rio, fazer canoa, ir pro roçado, cuidar do filho, repassar a cultura, a língua, os conhecimentos orais recebidos de outras mulheres.  Hoje, a realidade da mulher indígena é diferente, são muitas as que estão “na linha de frente, do movimento indígena, assumindo um papel importante nesse contexto político que nós temos hoje”, afirma a auditora no Sínodo para a Amazônia. Nesse ponto, ao pensar nas mães de hoje, lembra “da minha mãe, que tinha esse pulso de guerreira”. Ela fala de “Sônia Guajajara, liderança da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), que é mãe, Nara Baré, que está na coordenação da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), eu que estou à frente atualmente da COPIME (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), tantas outras lideranças mães que estão à frente das nossas organizações locais, mães que se juntam para fortalecer uma luta”. Existe um elemento importante nas cosmovisões indígenas, ainda mais no universo feminino, que é o cuidado com a mãe Terra. Marcivana diz que “quando eu penso nas mães indígenas, também penso na mãe Terra, é um processo que se dá assim, a mãe indígena cuida da terra e a mãe Terra cuida das gerações que nascem das mães indígenas”. Nessa cosmovisão do povo Sateré mawé, Nuamuçabe era a que cuidava da mãe Terra, que quando tem o filho, o filho volta ao seio da mãe Terra e a mãe Terra lhe dá vida novamente, gerando o povo Sateré mawé. É por isso que, no pensamento da liderança indígena, “não tem como falar de nós, mães indígenas, sem falar dessa relação que a gente tem com a outra mãe, com a mãe Terra”. Daí ela pensa “como nós hoje estamos nessa luta, de manter essa cultura para os nossos filhos, para as gerações futuras, e também de continuarmos cuidadoras da mãe Terra”.  As mães indígenas, segundo Marcivana, “a gente tem essa missão, do repasse cultural, repasse da luta, o repasse do entendimento político, desse entendimento de entender esse contexto que nós vivemos”. É por isso, que as mulheres indígenas vivem o Dia das Mães como um momento “muito significativo, no sentido de reconhecer essas mulheres como mães, mães de luta, mães guerreiras, mães que assumem um papel importante frente às organizações indígenas, mães que estão conquistando espaços, não apenas dentro do movimento indígena, mas em outros espaços, como a Joênia Wapicchana, que está ali como deputada federal”. Mas como mãe indígena, Marcivana Sateré Mawé vê o futuro com preocupação. O fato de morar numa grande metrópole como Manaus, a faz ter “muita preocupação em relação à minha filha, como manter viva essa cultura numa cidade como é Manaus, como repassar para ela aquilo que minha avó, minha mãe me repassaram, diante de um contexto tão diferente”. Ela afirma que “além de estar à frente desses grandes movimentos, a gente também tem esses desafios nossos dentro de casa, porque a final somos nós que repassamos, somos nós mães, que mantemos essa cultura viva até os dias de hoje, são as mulheres as grandes responsáveis por isso”.  O Dia das Mães acontece num momento, afirma Marcivana Sateré Mawé, “num momento de muito ataque às mulheres indígenas, ataque constante”. Ela relata o acontecido com a Associação das Mulheres Mundurucu, no Pará, o ataque a Sônia Guajajara, consequência, segundo a liderança indígena, “que nós ocupamos um lugar importante dentro do movimento indígena”. O Dia das Mães chama muito a atenção, insiste Marcivana, “porque a mulher indígena tem muito essa função do cuidado, da proteção do território a da continuidade da nossa cultura para as gerações futuras”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

CNBB apresenta a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que conta “com todas as forças evangelizadoras”

A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que acontecerá de 21 a 28 de novembro no entorno do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, vai se tornando aos poucos mais conhecida. Nesse intuito, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, realizava nesta sexta-feira, 7 de maio, uma apresentação virtual onde diferentes pessoas foram explicando o que ela representa e os passos a serem dados, especialmente neste primeiro momento, em que está acontecendo o processo de escuta, que vai se prolongar até o mês de julho. Mediados pela irmã Valéria Leal, Assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, diferentes convidados foram explicando aquilo que o padre Joãozinho, que foi animando o encontro com suas músicas, definia como “um chamado do Papa Francisco a fazer um caminho sinodal, a colocar a sinodalidade ao serviço do Reino”. Estamos diante de uma oportunidade para “escutar as alegrias e dores, e olhar para o futuro, planejar o futuro e depois viver esse futuro”, segundo Dom Joel Portella Amado. Tendo como princípio que “a Igreja é comunhão, comunhão de dons, comunhão de carismas”, o secretário geral da CNBB, afirmava que “essa comunhão se traduz em diversas formas, ela se traduz em escuta e diálogo para o discernimento”. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, insistia em que “é preciso discernir, é preciso ouvir o espírito, juntemo-nos, conversemos, rezemos”. Ele lembrava que as conferências na América Latina, elas têm sido realizadas pelos bispos, mas agora estamos ante “uma assembleia com todas as forças evangelizadoras, a partir, por tanto, da beleza que é o Batismo”. Não podemos esquecer que temos “um Papa que é sinodal, o Papa Francisco é sinónimo de povo”, segundo o padre Joãozinho, colocando como exemplo a Evangelii Gaudium. Nesse sentido, a Assembleia Eclesial pode ser definida como lugar de convocação do Povo de Deus, lembrando a Assembleia de Siquem, no Antigo Testamento, o a eklesia do Novo Testamento. Também lembrava as palavras do Papa na convocação da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, onde dizia que nada de elite, nada de ideologia. Ainda mais, o religioso do Sagrado Coração de Jesus, destacava a importância da Assembleia como “espaço de diálogo num mundo em conflito”. Lembrando o lema da Assembleia, “Somos todos Discípulos Missionários em saída”, Padre Patricky Samuel Batista, destacava que os convocados é todo o Povo de Deus, lembrando a ligação dessa proposta com a eclesiologia do Concilio Vaticano II. O secretário-executivo de campanhas da CNBB enfatizava a importância da oração e da preparação espiritual no processo da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe “O que faz a diferença é o participante”, afirmava Dom Joel Portella Amado, que insistia que “na Assembleia Eclesial tem todas as forças vivas”. O secretário geral da CNBB, destacava “essa capacidade de escuta mutua em torno de questões comuns”, tudo isso num mundo muito plural, muito diversificado, que coloca “o risco de que cada um olhe apenas a sua parcela, olhe a partir do seu jeito de compreender o mundo, e não estabeleça pontes, diálogo”, para que se possa construir comunhão. O bispo considera que “o primeiro grande fruto da Assembleia da América Latina e do Caribe, é o testemunho de que não precisamos cair em polarizações, em rejeições, a quem tem um estado de vida ou pensa diferente de nós”. Junto com isso, outro fruto é que também os não batizados serão escutados, “é um processo de coração aberto”. A Assembleia tem uma profunda relação com a Conferência de Aparecida, celebrada em 2007, onde Dom José Luiz Majella Delgado, Arcebispo de Pouso Alegre – MG, foi secretário executivo local. Ele relatava os bastidores da última Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, um trabalho de muitas forças e uma experiência de comunhão com o povo, insistindo em que os bispos delegados se sentiram no meio do povo e isso apareceu na reflexão e no documento final. Segundo o arcebispo, “o Documento de Aparecida está sendo atualizado pelo Papa Francisco”. Ele pensa que o documento “ficou um tempo adormecido”, muito restrito a um grupo pensador da Igreja. “O Papa Francisco, ele fez com o que o documento de Aparecida saísse da América Latina e entrasse na Igreja do mundo inteiro”, insiste o arcebispo de Pouso Alegre. Ele vê a Assembleia Eclesial como “mais uma chave que estava no cofre do Papa Francisco”, como “uma nova primavera para nossa Igreja na América Latina e aí o Documento de Aparecida vai se firmar ainda mais”. Após a reflexão, Sônia Gomes de Oliveira, fazia um chamado a uma ampla participação de todo o Povo de Deus do Brasil no processo de escuta da Assembleia, a “animarmos, empolgarmos”. A presidenta do Conselho Nacional do Laicato do Brasil espera que “seja uma verdadeira celebração de nossa identidade eclesial a serviço da vida”. Dom Geremias Steinmetz destacava a chave sinodal, o trabalho feito em colegialidade, a conversão integral, a voz profética com visão integradora, uma verdadeira rede em redes, e outros elementos presentes no Documento de Aparecida. O membro da equipe animadora do CELAM no Brasil, destacava que se faz necessário responder a quais são os novos desafios da Igreja na América Latina e no Caribe à luz de Aparecida, dos sinais dos tempos e do Magistério do Papa Francisco. O Arcebispo de Londrina – PR lembrava que a Assembleia Eclesial do CELAM já está acontecendo desde junho do ano passado, com diferentes trabalhos, “e agora vem esse tempo de escuta”, que tem por objetivo “conseguir ouvir o maior número de grupos, de pessoas”, para que a resposta dada seja uma resposta grudada à realidade. Dom Geremias citava os diferentes documentos que podem ser acessados no site da Assembleia, explicando como participar, em grupo e individualmente. Trata-se de que “o clamor do nosso povo possa ser ouvido, possa ser escutado”, segundo Vinicius de Matos Raposo. Para isso, ele apresentava o site em português que tem sido criado para facilitar o trabalho no Brasil, mostrando os passos a serem dados e…
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Encerrou-se o I Congresso Brasileiro de Teologia Pastoral, marcado pela Sinodalidade, diálogo, Palavra, discernimento, comunicação e memória

Encerrou-se na noite desta quinta-feira, 6 de maio, o I Congresso Brasileiro de Teologia Pastoral, que ao longo de quatro dias tem refletido a través de conferencias, seminários, painéis, comunicações, sobre o tema “Discernir a pastoral em tempos de crise: realidades, desafios e tarefas”, convocando milhares de pessoas de todos os cantos do Brasil, especialmente alunos de muitas faculdades de teologia. Na Conferência de Encerramento, três representantes da comissão organizadora faziam um primeiro balance, analisando os Horizontes Pastorais do Congresso. O primeiro foi o professor Edward Guimarães, reconhecendo a complexidade da tarefa, ainda mais diante do que ele definia como “o turbilhão das provocações de cada conferência, seminário, painel, comunicação, narrativa de experiência pastoral, perguntas e comentários nos chats”.  Nessa perspectiva, ele destacava três elementos: o primeiro “concretizar a passagem de uma ‘fé ideia’ para uma ‘fé que se faz relação’”, afirmando, e para isso lembrava as palavras de Dom Leonardo Steiner, que “a fé cristã que se apresenta ou que se configura como ideia se torna, frequentemente, uma fé ideologizada, fundamentalista, subjetivista”. Frente a isso, insistia em que “nosso Deus é relação de amor cujo projeto salvífico universal se revela na experiência da gratuidade”. Isso demanda “diálogo, testemunho da justiça, opção pelos pobres e pelas periferias sociais e existenciais, cuidado e a defesa da vida humana e da casa comum”, afirmava o professor. Um segundo elemento em destaque, “se situa no nível do discernimento dos sinais dos tempos”, e junto com isso “com a criação de novos mecanismos e com a ressignificação dos mecanismos já existentes”, salientando a importância da sinodalidade, que pode se concretizar na “criação de uma Assembleia, mais ainda, de uma Conferência Eclesial da Igreja do Brasil”. Uma sinodalidade que ajude a superar as práticas clericalistas e faça realidade uma Igreja toda ministerial. Um terceiro elemento era situado no desafio de “pensar novos caminhos para a Igreja na cidade”, apostando em “recuperarmos o sentido da Igreja como sacramento do Reino e da vida cristã como comunidade de partilha da fé e da vida fraterna”.    Entre os desafios, o teólogo destacava “promover a necessária solidariedade emergencial diante da grave crise” provocada pela Covid-19. Nessa perspectiva, “urge a concretização de uma Igreja profeticamente samaritana, capaz de coloca-se toda a serviço da vida”, afirmando que “a crise da pandemia deixou claro que não há evangelização que seja impulsionada pelo dinamismo do Reino sem que se faça a opção de colocar-se ao lado do mais fraco, dos mais pobres”. Junto com isso ressaltava o desafio de “colocar-se ao lado e em defesa dos povos originários, que hoje estão entre as maiores vítimas”, consequência da violência contra eles e da perda de direitos duramente conquistados. Daí “urge a concretização de uma Igreja profeticamente em saída e em defesa dos direitos dos povos originários”. Um terceiro desafio, segundo o professor, é “uma Igreja que entende que fechar a porta dos templos, não significa fechar a Igreja, uma Igreja que teimosamente alimenta e sustenta a chama da esperança”. Nesse ponto, Edward Guimarães destacava a importância da Igreja, inspirada pelo Papa Francisco, que clama com toda a humanidade “um pacto emergencial pela educação global, uma nova economia, uma economia que não mata, uma economia que não é gerenciada pela lógica do lucro”. Ele falava de “uma Igreja que é capaz de sair de si, de não ser autorreferencial e dar as mãos”. Lucimara Trevizan destacava em primeiro lugar a animação bíblica da vida e da pastoral, afirmando a Palavra como “alma da ação pastoral e evangelizadora”. Segundo ela, a “Palavra é o que anima toda a ação pastoral”, definindo-a como uma seiva, a força vivente, o hálito da vida que provém de Deus. Nesse ponto Lucimara insistia em que “é necessário que a Palavra seja a seiva que nutre, por dentro, a globalidade da vida pessoal e eclesial”, algo que se faz visível nos “serviços, organismos, estruturas”. Por isso, se faz necessário “fazer da Palavra de Deus a alma de tudo o que somos e fazemos”, de escutar e se deixar se gerar pela Palavra, destacando um elemento que perpassou vários momentos do Congresso, a Pastoral como escuta. Um segundo elemento, destacado especialmente por Lucimara Trevizan foi a Iniciação à Vida Cristã, definida como “itinerário para ser e viver como cristão”, como algo que não diz respeito somente à catequese, sendo considerada como uma realidade muito mais ampla do que preparação aos sacramentos. Lucimara lembrava as palavras do padre Taborda SJ diz que afirma que “iniciar é encarinhar o iniciando pela pessoa de Jesus, pois seguir a Jesus é abrir-se a seu mistério numa relação de amor. E o amor acontece num duplo movimento: receber e dar”. A iniciação expressa a gratuidade da fé, é algo que “não é mero saber, soma de conhecimentos intelectuais, mas aceitação de uma mensagem inseparável de determinada experiência e prática, a que precisamos ser introduzidos”.   A comunicação e seus desafios foi um terceiro elemento em destaque na perspectiva de Lucimara Trevizan, fazendo referência ao seminário “A Igreja e os desafios da comunicação”, onde foi enfatizado que comunicação não se confunde com informação. A comunicação exige a cultura do encontro e implica uma Igreja em saída. Também a comunicação supõe um planejamento, e perceber a necessidade da diversidade de linguagens e conteúdo, insistindo em que é preciso comunicar com uma linguagem compreensível, ser profundo e simples, uma linguagem que comunique a vida, que é a linguagem do Amor. Junto com isso, Lucimara Trevizan destacava que a comunicação precisa libertar, desde as periferias, ser uma comunicação profética, em rede e que gera esperança, uma comunicação alinhada ao que a Igreja comunica, para resolver o desalinhamento que há entre os diferentes meios de comunicação católicos. Uma terceira análise foi realizada por Geraldo de Mori, SJ, que fazia sua análise partindo das ideias de um livro de Bruno Forte, “A teologia como companhia, memória e profecia”. O membro da comissão organizadora diz ver a teologia como “companhia de vida com os homens e as mulheres de nosso tempo, com suas…
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Un coração de mãe, cuidado que preserva a vida

Se tem alguém que sabe cuidar, essas são as mães. Num tempo em que o cuidado se tornou uma urgência, em que o descuido para com a vida tem provocado gravíssimas consequências, comemorar o Dia das Mães tem que nos levar a descobrir com elas como é que a gente pode cuidar melhor dos outros. O sentimento de preocupação com o bem estar dos filhos, mas também dos outros, é algo muito presente na vida de quem é mãe, mas também de quem tem sentimentos maternais, uma atitude que vai além do fato de ter gerado um filho. Uma mãe sofre quando vê que o filho passa por momentos de dificuldade e tenta encontrar o melhor caminho para que essa situação possa ser superada. As vezes carrega no colo, outras puxa a orelha, dá um conselho, ou simplesmente escuta e dá a entender que está com ele, do seu lado. A explicação de tudo isso está no amor, um sentimento que inclusive faz parte do linguajar da gente, que diante de uma expressão sublime de amor, diz que isso é amor de mãe. As mães são a melhor concreção do amor de Deus, aquele a quem a gente chama de Pai, mas que seria mais acertado chamar de Mãe, pois do mesmo modo em que ninguém ama igual uma mãe, também ninguém ama igual Deus. O que fazer para aprender a amar com um coração de mãe? Como aprofundar nas atitudes que nos levam a cuidar dos outros de um jeito único? Como fazer realidade no meio de nós a necessidade de promover o cuidado como atitude fundamental na vida da humanidade? Como sentir a necessidade de cuidar de verdade, mesmo que isso nos leve a perder o sono? O significado das comemorações não está na aparência e sim naquilo que esses momentos representam na vida da gente. Comemorar o Dia das Mães só com presentes grandiosos, nos afasta do significado fundamental de um dia importante na vida das famílias, mas sobretudo na vida da grande família humana, essa que nos leva a ter um sentimento de fraternidade que vai além dos laços de sangue, e que nos faz descobrir que há pessoas que tem sentimentos maternais, sentimentos de amor e de cuidado para com a gente. Descobrir quem é mãe para com a gente e aprender a ter esses sentimentos e atitudes de mãe, tem que ser um desafio cada vez maior, a ser enfrentando por todos, se de verdade queremos superar as crises que hoje estão colocando nossa vida em xeque. Esse cuidado que preserva a vida é uma atitude inadiável, que deveria ser assumida por todos e todas. Não entrar nessa dinâmica faz com que o mundo seja cada vez pior, com que o enfrentamento que divide se torne cada vez mais presente, com que a morte se instale como realidade cada vez mais difícil de superar. Apostemos na vida, no cuidado, aprendamos a ter um coração de mãe, também a gente, que não é mãe, mas que pode ir assumindo, mesmo em pequenas doses, o que significa fazer visível na vida dos outros um amor de mãe. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1-Editorial Rádio Rio Mar

Dom Leonardo propõe a misericórdia como caminho pastoral: “Quando nós vamos juntos ao encontro dos pobres, nossas divisões desaparecem”

Desafios e perspectivas para a pastoral no Brasil hoje, foi o tema abordado por Dom Leonardo Ulrich Steiner dentro da dinâmica do I Congresso Brasileiro de Teologia Pastoral, que acontece virtualmente de 3 a 6 de maio, com o tema Discernir a pastoral em tempos de crise: realidade, desafios, tarefas. Sabendo que os desafios são muitos e as perspectivas esperançosas, o arcebispo de Manaus começava refletindo sobre a fé, que “é a fidelidade do amor de Deus em Jesus Cristo, a fidelidade que é própria de Deus”, que se faz presente na vida da humanidade de diferentes modos, afirmando que “não é nós tenhamos a fé, é a fé que tem a nós”.   Ao falar sobre evangelização e pastoral, as vê “como duas palavras que guardam buscas e propõem dinâmicas do ser Igreja”, mas sabendo que tem suas diferenças. Se trata de “assumir a missão que Jesus nos confiou”, e seguindo o proposto pelo Papa Paulo VI em Evangelii Nuntuandi, descobrir que “a finalidade da evangelização é esta mudança interior, converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens”. Ele destacava a importância do conteúdo e dos meios, e que a partir do Documento de Aparecida, a evangelização se abre aos conceitos de discipulado e de missionariedade. Para a compreensão do Concilio Vaticano II a pastoralidade é um elemento fundamental, segundo Dom Leonardo Steiner, que refletia sobre o conceito de pastor, “aquele que apascenta”, o que o levava a apresentar a pastoral “como dinâmica do cuidado, do cultivo do dom recebido”, tendo como referência a Jesus Bom Pastor, que veio para servir e dar a vida. Segundo o arcebispo de Manaus, “podemos falar da pastoral como a totalidade das ações da Igreja, não como uma soma de ações justapostas, mas aquela perspectiva da mediação em Cristo e da sua redenção a partir do processo encarnatório, do qual a Igreja participa”. “A Igreja no Brasil tem percorrido um rico caminho de reflexão na busca do planejamento da pastoral”, afirmava Dom Leonardo, que fazia uma análise das Diretrizes para a Ação Evangelizadora e dos documentos surgidos a partir delas, na última década, inspirados no Documento de Aparecida e no Magistério do Papa Francisco. As atuais diretrizes tentam responder à cultura urbana, presente além das cidades, e foram pensadas a partir da missionariedade, sendo sustentadas em quatro pilares. Ele destaca como fundamental nessas diretrizes o estado permanente de missão, a Palavra e a Iniciação à Vida Cristã, colocando como exemplo a iniciação do povo Xavante. Reconhecendo a existência de muitos desafios para a pastoral no Brasil, fazia uma analise sobre o modo da ciência e da técnica, determinado pelo cálculo e o resultado, que torna tudo um objeto, inclusive o homem e Deus. O tornar absoluto o empírico, “coloca em questão o modo de existir humano, a própria existência de Deus”, insistia Dom Leonardo Steiner. Ele abordava a tensão entre o pensamento calculante e o pensamento reflexivo. Junto com isso, o arcebispo abordava a questão, ao seu modo de ver importante, das figuras de Deus, “nós vivemos de figuras, não de imagens”, afirmando que se permanecemos na figura de Deus, “criamos um ídolo e nos relacionamos com um ídolo, vivemos de uma ideologia religiosa”. Dom Leonardo denunciava que “hoje temos uma figura que não corresponde ao Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nem a Jesus Cristo, somos cheios de milagres, de promessas, de curas, de dinheiro, de compra e venda”.  Ele também abordava algo que considera uma questão fundamental para a pastoral, que é a morte de Deus, um desafio colocado por Nietzsche, que hoje se faz presente no que chamamos de pós-moderno, de mudança de época, na insistência do cuidado de se mesmo, numa vida que não transcende mais, coisificada, o existir humano sem perspectiva de Mistério. Ao falar sobre o anúncio, afirmava que “existe uma segurança relacional que faz anunciar mais o moralismo que o Reino de Deus”. Em referência aos meios de comunicação destacava a forte influência dos meios de comunicação católicos, o que leva os fieis a esquecer o Concilio Vaticano II ou defender certas opções políticas, insistindo no desafio de “ajudar esses meios preciosos para estarem ao serviço do Evangelho da libertação”. O arcebispo insistia na presença da Igreja nas periferias geográficas e existenciais, nas universidades, no mundo intelectual, no mundo da cultura, do esporte, da política, da justiça, afirmando que “estamos entregando as nossas periferias, o nosso interior às igrejas neopentecostais”, que leva a uma exploração econômica, psíquica, espiritual. A sinodalidade é atingida pela tensão entre a Igreja e as igrejas particulares. Essa sinodalidade se faz presente em diversas expressões, pedindo uma maior participação do Povo de Deus na construção das Diretrizes para a Ação Evangelizadora. Também abordava a questão das agressões à mãe Terra, cada vez mais dominada pela mentalidade calculante, que despreza o valor da natureza o dos povos indígenas que a cuidam, considerados de segunda categoria. A formação do clero, vida religiosa, dos leigos e leigas é um grande desafio, “para que possam dar as rações da própria esperança”. Entre as perspectivas, citava a Palavra de Deus, como alimento e horizonte, vendo a necessidade de aprofundar na hermenêutica, que ajude a não ver a Palavra de Deus “como um livro de normas”, um tema presente na última assembleia da CNBB. Se faz necessário refletir sobre a celebração da Palavra nas comunidades, buscando elementos de inculturação. Também falta muito por avançar na dinâmica da Iniciação à Vida Cristã e na dinâmica de autonomia das comunidades e da presença estável da Igreja nas comunidades distantes do interior, reconhecendo as culturas indígenas. Ao mesmo tempo insistia na necessidade de valorizar as expressões da religiosidade popular, que define como lugar teológico e eclesial. Os ministérios conferidos aos leigos, uma reflexão presente em Querida Amazônia, que ajudem a ter uma Igreja marcadamente laical, afirmando que “os desafios da Amazônia, exigem da Igreja um esforço para conseguir ser uma presença capilar”, algo só possível com a ajuda dos leigos, que precisam de formação. Outro desafio é…
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Faleceu Dom Aloísio Hilário de Pinho, bispo emérito da diocese de Jataí – GO

Faleceu nesta terça-feira, 4 de maio, dom Aloísio Hilário de Pinho, bispo emérito da diocese de Jataí – GO, em decorrência de um infarto. Nascido em Mariana – MG, em 14 de janeiro de 1934, entrou no seminário dos Orionitas em 1955, sendo ordenado padre em 19 de março de 1963 em Roma, onde tinha cursado a Teologia, na Universidade Gregoriana. Após realizar diferentes serviços na sua congregação, foi nomeado bispo da diocese de Tocantinópolis – TO, sendo ordenado em 20 de dezembro de 1981 pelo cardeal Paulo Evaristo Arns. Foi bispo dessa diocese até 1999, em que foi transferido para a diocese de Jataí – GO, onde permaneceu até apresentar sua renúncia, aceita em 16 de dezembro de 2009. Em nota de pesar, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, recordava “a fidelidade à Igreja, características do ministério de dom Aloísio, que tinha como lema episcopal “na caridade sincera”. Sabemos também que dom Aloísio dedicou-se à celebração dos sacramentos, especialmente o da Crisma, que lhe permitiu um contato direto com a juventude da diocese de Jataí (GO)”. A CNBB tem mostrado sua união e solidariedade “com todos os que conviveram com dom Aloísio”, enviando sua saudação “ao atual bispo da diocese de Jataí (GO), dom Nélio Domingos Zortea, aos familiares de dom Aloísio, e a todas as comunidades da diocese de Jataí”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Os bispos da Amazônia se posicionam contra o PL 510/2021, que possibilita a ocupação irregular das terras públicas

O Sínodo para a Amazônia, e os documentos que emergiram das suas reflexões, fizeram da Igreja Católica uma das principais instituições em defesa da Amazônia e dos seus povos. Nesta perspectiva, 63 bispos da Amazônia brasileira, dentre eles todos os bispos titulares e auxiliares e dois eméritos do Regional Norte 1, querendo ser uma Igreja que “sob a perspectiva da ecologia integral, busca dialogar com a sociedade pela defesa dos interesses dos mais pobres, da justiça social e da preservação do meio ambiente”, enviaram uma carta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na qual pedem a retirada do Projeto de Lei 510/2021, “que altera regras de regularização fundiária em terras da União”. Na carta, os bispos mostram diferentes estudos onde são recolhidos os graves impactos contra a Amazônia e os seus povos que a aprovação desta lei traria. A isto se acrescenta, como se afirma na carta, as intenções do governo brasileiro na recente Cúpula Internacional do Clima, onde mostrou as suas intenções de preservar a Amazônia, algo que está agora sendo posto em causa. Face a esta situação, os bispos da Amazônia brasileira afirmam que aprovar o Projeto de Lei 510/2021, “significa concordar que o nosso patrimônio natural seja objeto de ocupação irregular para posterior desmatamento e titulação”, que isto ” pode acirrar ainda mais os conflitos no campo e aumentar a procura por terras”. Portanto, “deve-se, sim, punir os que roubam o patrimônio público, e não premiá-los“, dizem os bispos, que argumentam que “a criação de unidades de conservação são essenciais para a conservação da Amazônia e o uso sustentável dos recursos da região”, bem como a convocação de “audiências públicas” para discutir esta questão, “requisito que não deve ser cumprido enquanto estivermos em pandemia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Belém do Solimões se vestiu de festa para a ordenação do frei capuchinho, Marcos Darlan Gomes Pereira

Neste domingo, 2 de maio, em Belém do Solimões, diocese de Alto Solimões, uma das comunidades onde a Igreja da Amazônia tem conseguido dar passos significativos para fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e indígena, um dos pedidos do Sínodo para a Amazônia, aconteceu a ordenação diaconal de frei Marco Darlan Gomes Pereira, presidida pelo bispo de Alto Solimões, Dom Adolfo Zon. Nascido na Amazônia, na prelazia de Itaituba – PA, o novo diácono faz parte da comunidade capuchinha de Belém de Solimões, onde vai continuar trabalhando, agora como diácono, no meio do povo ticuna. A ordenação de frei Marcos Darlan Gomes Pereira, que faz parte da Custódia dos Frades Menores Capuchinhos do Amazonas e Roraima, contou com a presença do superior da Custodia, frei Carlo Maria Chistolini, e da comunidade capuchinha local, com seu pároco frei Paolo Braghini. Também estava presente Antelmo Pereira Ângelo, o primeiro diácono permanente do povo ticuna, ordenado em março de 2020, que atualmente serve as comunidades ticunas da paróquia de Belém do Solimões. Nessa tentativa de fazer realidade um trabalho missionário inculturado e intercultural, proposta pelo Sínodo para a Amazônia, a ordenação aconteceu como encerramento do encontro com os jovens ticuna, celebrado desde qunta-feira até domingo, onde foram trabalhadas essas dimensões. Na sua homilia, Dom Adolfo Zon, recolhendo as ideias do Papa Bento XVI nas suas encíclicas Deus Caritas est e Caritas in Veritate, insistia em que a missão do diácono é estar ao serviço da caridade, não qualquer caridade, e sim uma caridade organizada e inteligente. Em suas palavras, o bispo de Alto Solimões destacava a importância de uma Igreja ministerial, que caminhando sinodalmente, tem que responder com seu serviço aos desafios que a humanidade e a sociedade de hoje apresentam. Fotos: Veronica Rubi Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1