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Faleceu Dom André de Witte, presidente da CPT e bispo emérito de Ruy Barbosa – BA

Faleceu hoje, 25 de abril, Domingo Dom Bom Pastor, Dom André de Witte, bispo emérito de Ruy Barbosa – BA e presidente da Comissão Pastoral da Terra – CPT. Ele tinha sido internado ontem, 24 de abril, em Salvador, e os médicos estavam estudando a causa de sua doença. Nascido na Bélgica em 31 de dezembro de 1944, chegou no Brasil em12 de fevereiro de 1976. Ele tinha se formado no Seminário para América Latina, respondendo assim à sua vocação missionária. Durante mais de 18 anos, ele foi padre na diocese de Alagoinhas – BA, onde desempenho diferentes serviços. Em 28 de agosto de 1994 foi ordenado bispo, assumindo como 4º bispo da diocese de Ruy Barbosa – BA, no dia 18 de setembro. Dom André foi bispo de Ruy Barbosa até 15 de abril de 2020, em que o Papa Francisco aceitou seu pedido de renúncia e foi nomeado seu sucessor, Dom Estevam dos Santos Silva Filho, passando a ser emérito. Sempre ligado ao trabalho com os agricultores e à defesa da terra, ele era formado em agronomia, Dom André assumiu em 2015 a vice-presidência da Comissão Pastoral da Terra, passando a ser presidente em 2018. Recentemente, na XXXIII Assembleia Nacional da CPT, celebrada de 6 a 8 de abril, tinha sido reeleito como presidente. Dom André sempre foi uma pessoa de extrema simplicidade, pobre entre os pobres, com grande disposição para escutar e acolher todo mundo, um pastor com cheiro de ovelha. Ele se destacou pelo seu talante moderado, não impedindo isso ter uma atitude profética em defesa do povo diante das injustiças, um compromisso do qual nunca abriu mão. Em nota, a Diocese de Ruy Barbosa, a través do seu bispo, tem informado sobre seu falecimento, afirmando que “toda a família Diocesana, Bispos, Padres, Diáconos, leigos e leigas, também seus familiares na Bélgica, nos juntamos ao coro daqueles que com gratidão suplicam ao Bom Pastor que com seu cajado o conduza as verdes pastagens que ele é merecedor”. A Comissão Pastoral da Terra também tem emitido uma nota onde com grande pesar comunica a noticia do falecimento de seu presidente, recolhendo brevemente sua trajetória vital, especialmente sua missão durante 45 anos no Brasil e seu serviço na Comissão Pastoral de Terra. A Presidência da CNBB também divulgou nota de pesar sobre o falecimento de dom André:   Nota de pesar pelo falecimento de Dom André de Witte    Com pesar, recebemos a notícia do falecimento de nosso irmão Dom André de Witte, no último domingo, 25 de abril. Missionário belga, Dom André quis ser sinal de Jesus Bom Pastor e, de forma muito especial, na presença junto aos mais pobres e trabalhadores do campo.   Por mais de 45 anos Dom André serviu à Igreja no Brasil, inicialmente como padre Fidei Donum, e depois como Bispo da Diocese de Ruy Barbosa, na Bahia, por 25 anos e oito meses, até a acolhida de sua renúncia pelo Papa Francisco, em abril do ano passado. Permaneceu junto ao povo de sua diocese e atuante na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil como já fizera por muitos anos como referencial regional, vice-presidente e presidente da Comissão Pastoral da Terra; na Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora; nos diversos grupos de trabalho; e, mais recentemente, na Comissão Especial sobre a Mineração e Ecologia Integral.  Seja o legado de Dom André nosso compromisso pela Evangelização na perspectiva de Jesus que veio para que todos tivessem vida, denunciando e combatendo os projetos que a ameaçam, como Dom André sempre nos motivou.   A Dom Estevam dos Santos Silva Filho, Bispo Diocesano de Ruy Barbosa, a toda a diocese, aos agentes da CPT, amigos e familiares, movimentos e grupos populares do campo que puderam se enriquecer do compromisso evangélico de Dom André de Witte, nossa solidariedade e proximidade, rogando ao Bom Pastor que o acolha e lhe dê o descanso eterno.   Em Cristo sempre,      Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo de Belo Horizonte, MGPresidente  Dom Jaime Spengler Arcebispo de Porto Alegre, RS1º Vice-Presidente  Dom Mário Antônio da Silva Bispo de Roraima, RR2º Vice-Presidente  Dom Joel Portella Amado Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJSecretário-Geral  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Alex Mota da Costa é ordenado padre na Prelazia de Itacoatiara

A Prelazia de Itacoatiara conta desde este sábado, 24 de abril, com mais um padre. Dom Ionilton Lisboa de Oliveira ordenava na Catedral de Nossa Senhora do Rosário o díacono Alex Mota da Costa. Na sua homilia, o bispo destacava que a vocação presbiteral é um chamado, na liberdade, para servir como pastor, insistindo em que “toda vocação começa no chamado de Deus. É Deus que chama”. Ele chama para uma missão, disse Dom Ionilton: “Não existe vocação sem missão. Deus chama e nos confia um serviço na construção de seu Reino”. A missão, toda missão é serviço, seguindo assim o exemplo de Jesus. O presbítero é chamado a se configurar com Jesus, a ser do mesmo jeito, lembrando o lema que o novo padre escolheu para sua ordenação presbiteral: “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus”. Ao longo da sua homilia, o bispo da prelazia foi refletindo sobre aquilo que deve estar presente na vida do presbítero, chamado a agir na pessoa de Cristo; a ser homem de misericórdia e compaixão; a ser presbítero – discípulo, que tenha profunda experiência de Deus, que se nutram da Palavra de Deus, da Eucaristia e da oração; a ser presbítero – missionário,  com caridade pastoral que o leve a cuidar do rebanho a ele confiado e a procurar os mais distantes; presbítero – servidor da vida, atento às necessidades dos mais pobres, comprometido na defesa dos direitos dos mais fracos e promotor da cultura da solidariedade; presbítero cheio de misericórdia, disponível para administrar o sacramento da reconciliação. A unção do presbítero, que ele recebe na ordenação, não deve ser para a autocontemplação, insistia Dom Ionilton, e sim para ser enviado. Por isso, ele fazia um chamado ao novo padre: “Não fixe seu olhar no que é exterior em sua vocação: a vestimenta, o título, as funções, os bens, o poder, mas fixe sempre o seu olhar em Cristo, Bom Pastor”, lembrando as palavras que aparecem no prefácio da Oração Eucarísitca VI D, se referindo a Jesus, que “sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados”. Finalmente, Dom Ionilton lembrava a tríplice missão do presbítero: ensinar, transmitir a todos a Palavra de Deus, lembrando as palavras do ritual da ordenação que diz: “procura crer no que leres, ensinar o que creres, praticar o que ensinares”; santificar, procurando viver uma vida nova: “toma consciência do que fazes e põe em prática o que celebras”; e servir, a exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir. No final da celebração o novo padre agradecia à sua família, especialmente seus pais, à Igreja da Prelazia de Itacoatiara e do Seminário São José de Manaus, onde se formou ao longo de sete anos. Ele agradecia por ter podido viver “este grande momento que é tempo de Deus”, lembrando de todos “por continuarem a sinalizar na minha vida”, pedindo que “rezem por mim, para que eu sempre seja mais e mais, e busque cada vez mais e mais, sinalizar e poder ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, o Bom Pastor”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

As boas pastoras amazônicas, mulheres que mantiveram a Igreja de pé ao longo de séculos

  No dia em que celebramos o Domingo do Bom Pastor, nossa reflexão nos leva a dizer que bom pastor é aquele que cuida das ovelhas, a imagem de Jesus Bom Pastor. Ao longo do tempo o Magistério da Igreja identificou essa imagem com os varões ordenados, mas aos poucos essa visão está ficando mais ampla. Não se trata de excluir e sim de abrir horizontes, de reconhecer que as mulheres também são boas pastoras, boas cuidadoras do rebanho. Querida Amazônia dedica os números 99 a 103 a refletir sobre “A força e o dom das mulheres”. Nesses parágrafos, o Papa Francisco reconhece abertamente que “Na Amazónia, há comunidades que se mantiveram e transmitiram a fé durante longo tempo, mesmo decénios, sem que algum sacerdote passasse por lá. Isto foi possível graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas e impelidas pelo Espírito Santo. Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente. No Sínodo, elas mesmas nos comoveram a todos com o seu testemunho”. A missão de pastorear, de cuidar das comunidades, tem sido assumida, como bem reconhece a exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia, por “mulheres fortes e generosas”. São muitas as mulheres que em todos os cantos da Amazônia podem ser reconhecidas entre aquelas de quem o Papa Francisco destaca sua “admirável dedicação”. Percorrendo algumas regiões da Amazônia, me adentrando pelos rios e igarapés, muitas vezes até as comunidades mais distantes, a gente tem descoberto a presença dessas mulheres imagem de Jesus Cristo que cuida, e por tanto boas pastoras. De fato, o texto de Querida Amazônia, nesse modo de se expressar do Papa Francisco, direto, sem arrodeio, ao falar da Igreja, ele diz abertamente que “sem as mulheres, ela se desmorona, como teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazónia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas”. Isso é algo que também acontece em muitas comunidades das cidades amazônicas, especialmente nas periferias, onde a presença feminina se torna decisiva na maioria dos casos. Muitas comunidades das cidades teriam se desmoronado se as mulheres não estivessem entregando sua vida no dia a dia. Neste tempo de pandemia, as mulheres têm sido uma forte expressão da Igreja samaritana, exemplo de cuidado numa região onde as consequências da Covid-19 têm provocado, estão provocando e irão provocar muita dor e sofrimento. Elas são prolongação da “força e a ternura de Maria”, como nos lembra Querida Amazônia. Mulheres que escutam, curam as feridas, distribuem o pão, semeiam esperança, carregam no colo a ovelha ferida e faminta. Tudo isso acontece numa Igreja sinodal, onde o Papa Francisco reclama protagonismo feminino, pudendo “expressar melhor o seu lugar próprio”. O Documento Final do Sínodo, que o Papa assumiu, pede a criação do ministério de “mulher dirigente da comunidade“, e junto com isso “o Motu Propio de São Paulo VI, Ministeria quaedam, para que também mulheres adequadamente formadas e preparadas possam receber os ministérios do Leitorado e do Acolitado“, algo que já foi assumido no Motu Proprio “Spiritus Domini”, promulgado na última Festa do Batismo do Senhor, onde se reconhece o acesso das mulheres ao ministério instituído do leitorado e acolitado. O Santo Padre já tinha advertido essa possibilidade em Querida Amazônia, onde disse que “convém recordar que tais serviços implicam uma estabilidade, um reconhecimento público e um envio por parte do bispo. Daqui resulta também que as mulheres tenham uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e na guia das comunidades”. Reconhecer essa Igreja pastoreada por mulheres, bem pastoreada, é fazer justiça com a história e abrir novos caminhos de futuro para a Igreja na Amazônia, que foi um dos objetivos do Sínodo para a Amazônia. Não alimentemos polêmicas que dividem e enfrentar e sim tenhamos uma atitude de acolhida e reconhecimento para com tantas experiencias positivas, protagonizadas por mulheres, que tem ajudado a Igreja a perseverar e ser luz na vida dos povos amazônicos. Que as boas pastoras que deram a vida pelos povos continuem nos inspirando e conduzindo nos caminhos de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 58º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

«São José: o sonho da vocação»   Queridos irmãos e irmãs! No dia 8 de dezembro passado, teve início o Ano especial dedicado a São José, por ocasião do 150º aniversário da declaração dele como Padroeiro da Igreja universal (cf. Decreto da Penitenciaria Apostólica, 8 de dezembro de 2020). Da parte minha, escrevi a carta apostólica Patris corde, com o objetivo de «aumentar o amor por este grande Santo» (concl.). Trata-se realmente duma figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós» (introd.). São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus. Deus vê o coração (cf. 1 Sam 16, 7) e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto mesmo que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias. O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto mesmo têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida. São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo ao pé da porta; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho. A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um. A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efémeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se pedíssemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se dá, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, muito nos tem a dizer São José, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom. Os Evangelhos falam de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Apesar de serem chamadas divinas, não eram fáceis de acolher. Depois de cada um dos sonhos, José teve de alterar os seus planos e entrar em jogo para executar os misteriosos projetos de Deus, sacrificando os próprios. Confiou plenamente. Podemos perguntar-nos: «Que era um sonho noturno, para o seguir com tanta confiança?» Por mais atenção que se lhe pudesse prestar na antiguidade, valia sempre muito pouco quando comparado com a realidade concreta da vida. Todavia São José deixou-se guiar decididamente pelos sonhos. Porquê? Porque o seu coração estava orientado para Deus, estava já predisposto para Ele. Para o seu vigilante «ouvido interior» era suficiente um pequeno sinal para reconhecer a voz divina. O mesmo se passa com a nossa vocação: Deus não gosta de Se revelar de forma espetacular, forçando a nossa liberdade. Transmite-nos os seus projetos com mansidão; não nos ofusca com visões esplendorosas, mas dirige-Se delicadamente à nossa interioridade, entrando no nosso íntimo e falando-nos através dos nossos pensamentos e sentimentos. E assim nos propõe, como fez com São José, metas elevadas e surpreendentes. Na realidade, os sonhos introduziram José em aventuras que nunca teria imaginado. O primeiro perturbou o seu noivado, mas tornou-o pai do Messias; o segundo fê-lo fugir para o Egito, mas salvou a vida da sua família. Depois do terceiro, que ordenava o regresso à pátria, vem o quarto que o levou a mudar os planos, fazendo-o seguir para Nazaré, onde precisamente Jesus havia de começar o anúncio do Reino de Deus. Por conseguinte, em todos estes transtornos, revelou-se vitoriosa a coragem de seguir a vontade de Deus. Assim acontece na vocação: a chamada divina impele sempre a sair, a dar-se, a ir mais além. Não há fé sem risco. Só abandonando-se confiadamente à graça, deixando de lado os próprios programas e comodidades, é que se diz verdadeiramente «sim» a Deus. E cada «sim» produz fruto, porque adere a um desígnio maior, do qual entrevemos apenas alguns detalhes, mas que o Artista divino conhece e desenvolve para fazer de cada vida uma obra-prima. Neste sentido, São José constitui um ícone exemplar do acolhimento dos projetos de Deus. Trata-se, porém, de um acolhimento ativo, nunca de abdicação nem capitulação; ele «não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte» (Carta ap. Patris corde, 4). Que ele ajude a todos, sobretudo aos jovens em discernimento, a realizar os sonhos que Deus tem para cada um; inspire a corajosa intrepidez de dizer «sim» ao Senhor, que sempre surpreende e nunca desilude! Uma segunda palavra marca o itinerário de São José e da vocação: serviço. Dos Evangelhos, resulta como ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O Povo santo de Deus chama-lhe castíssimo esposo, desvendando assim a sua capacidade de amar sem nada reservar para si próprio. Libertando o amor de qualquer posse, abriu-se realmente a um serviço ainda mais fecundo: o seu cuidado amoroso atravessou as gerações, a sua custódia solícita tornou-o patrono da Igreja. Ele que soube encarnar o sentido oblativo da vida, é também patrono da boa-morte. Contudo o seu serviço e os seus sacrifícios só foram possíveis, porque sustentados por um amor maior: «Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este género de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade,…
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11ª Assembleia Regional da PJ começa neste sábado, 24 de abril, em formato on-line

“Uma assembleia on-line e por etapas”, assim define Luiz Filipe Fialho a 11ª Assembleia Regional da Pastoral da Juventude do Regional Norte 1, Amazonas e Roraima, que começa neste sábado, 24 de abril. Trata-se de um desafio, sobretudo para os jovens de muitos municípios do interior, onde o sinal de internet dificulta a participação. A assembleia tem sido preparada ao longo de diferentes encontros onde tem sido analisado “como está conjunturalmente a Pastoral da Juventude e a juventude na Amazônia”, segundo Fialho, no intuito de dar o passo metodológico do ver. O Articulador Regional da PJ diz que “grande parte dos grupos de base da Pastoral da Juventude no Regional, que são quase 500, no Amazonas e Roraima, são meninos e meninas que estão nas aldeias e comunidades, juventude indígena, juventude ribeirinha, e também, é claro, do mundo urbano, mas grande parte desses grupos se encontram nos beiradões, nas aldeias e nas comunidades”. Nos encontros preparatórios tem sido olhado “como estava a realidade de cada juventude, de cada diocese, de cada comunidade, de cada grupo de base, os desafios, e como a gente pode superar e enfrentar esses desafios”, insiste Fialho. Ele vê os encontros de preparação realizados como “momento bom de partilha, onde a gente pode conhecer as realidades, as mais diversas realidades que formam esse rosto juvenil aqui no chão da Amazônia”. Para o jovem manauara, “foi muito interessante a presença de Dom Tadeu”, o bispo auxiliar de Manaus que acompanha os jovens no Regional Norte 1 da CNBB. No último encontro preparatório, acontecido no sábado passado, 17 de abril, o bispo partilhava alguns elementos da Carta ao Povo Brasileiro que os bispos escreveram com motivo da 58ª Assembleia Geral da CNBB. Segundo Fialho, o bispo auxiliar de Manaus, “fez uma reflexão encima dessa carta para a juventude, dando ânimo e coragem para a caminhada”. Nesse último encontro, onde teve a participação de mais de 100 jovens, e do frei Justino e a irmã Elsie Vinhote, assessores da PJ no Regional Norte 1, também foram enviados os delegados que irão compor a 11ª Assembleia Regional da PJ, feito a través de um roteiro de oração. “Nos banzeiros desses rios vamos juntos: resistir, esperançar e profetizar”, será o tema da 11ª Assembleia Regional da Pastoral da Juventude Regional Norte 1, que vai ter como lema o versículo do Evangelho de Lucas: “Fica conosco Senhor”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Miguel Cabrejos: “É a hora da fraternidade com a nossa irmã-mãe Terra”

Um momento de “gratidão ao Deus da vida“, é assim que Dom Miguel Cabrejos Vidarte vê o Dia Internacional da Irmã Mãe Terra, tal como definida por S. Francisco de Assis. O presidente do Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM, recorda-nos na sua mensagem que Deus “nos chama a cuidar da ‘casa comum’ atendendo aos clamores da criação e da humanidade”, um apelo fundamental face à pandemia de Covid-19.  Nas suas palavras, o presidente do episcopado peruano recorda a histórica e excessiva “destruição ambiental devida a práticas predatórias que poluem as fontes de água, o ar que respiramos e causam a degradação dos solos e das florestas”, sofrida pela região da América Latina e do Caribe. Entre as causas, o arcebispo de Trujillo denunciou “a mineração irresponsável em grande escala, o desmatamento impiedoso e os incêndios que destroem os ecossistemas”. Neste contexto, a Igreja do continente “reafirma a sua opção pelo cuidado e defesa da vida“, com base na ecologia integral e consciente de que “os gritos da Terra e dos pobres clamam ao céu!” Ao mesmo tempo, a mensagem do presidente do CELAM recorda as palavras do Papa Francisco na sua encíclica Laudato Si, onde ele nos mostra que “tudo está relacionado“. Nas suas palavras, faz um apelo para perceber que “é a hora da fraternidade com a nossa irmã-mãe Terra, assumindo a nossa missão evangelizadora com profecia, denunciando o grave ‘pecado ecológico‘, anunciando as boas práticas que nos levam ao ‘bem viver‘, e comprometendo-nos com ações de solidariedade para o desenvolvimento humano, integral e sustentável“. Faz-se referência a conceitos que pouco a pouco se vão tornando mais presentes na vida da Igreja, tais como “pecado ecológico”, algo que ganhou importância com as reflexões do Sínodo para a Amazónia, no qual Dom Miguel Cabrejos foi um dos padres sinodais. Por esta razão, o CELAM chama “a assumir os sonhos do Papa Francisco, expressos na sua Exortação Apostólica pós-sinodal Querida Amazônia“, que nos deve levar a lutar “pelo cuidado da Criação, pelos direitos humanos, especialmente dos mais pobres, dos povos originários, dos últimos; guardando ciosamente a esmagadora beleza natural que adorna os nossos territórios, protegendo a vida transbordante dos nossos rios e selvas”. Dom Miguel Cabrejos conclui a sua mensagem recordando as palavras de São Francisco e pedindo a bênção de Deus e a intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, “para cada um de nós, especialmente para os mais vulneráveis“, que somos sempre aqueles que sofrem com maior virulência as consequências da falta de cuidado com a casa comum, com a irmã-mãe Terra. Eis a Mensagem: MENSAGEM DO PRESIDENTE DO CELAM POR OCASIÃO DO DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA Bogotá, D.C., 22 de abril de 2021 Irmãs e irmãos: Hoje celebramos o Dia Internacional da Irmã Mãe Terra (S. Francisco de Assis), com gratidão ao Deus da vida, que nos chama a cuidar da “casa comum”, atendendo aos clamores da criação e da humanidade, que sofre o rigor da pandemia de Covid-19.  A nossa região da América Latina e do Caribe tem sofrido historicamente uma destruição ambiental excessiva devido a práticas extrativistas que contaminam as fontes de água, o ar que respiramos e causam a degradação dos solos e das florestas. O nosso continente sofre graves impactos ambientais causados, entre outros, pela depredação irresponsável em grande escala, pela deflorestação impiedosa e pelos incêndios que destroem ecossistemas.  Face a estas realidades desafiantes, a Igreja na América Latina e no Caribe, a partir de uma ecologia integral, “em saída missionária e sinodal”, reafirma a sua opção pelo cuidado e defesa da vida; os gritos da Terra e dos pobres clamam ao céu!  O Papa Francisco ensina-nos que “tudo está relacionado, e todos os seres humanos estão juntos como irmãos e irmãs numa maravilhosa peregrinação, entrelaçados pelo amor que Deus tem por cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terno afeto, ao irmão sol, irmã lua, irmão rio e mãe terra” (LS, 92).  É a hora da fraternidade com a nossa irmã-mãe Terra, assumindo a nossa missão evangelizadora com profecia, denunciando o grave ‘pecado ecológico’, anunciando as boas práticas que nos levam ao ‘ bem viver ‘, e comprometendo-nos com ações de solidariedade para o desenvolvimento humano, integral e sustentável.  Do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) apelamos a assumir os sonhos do Papa Francisco, expressos na sua Exortação Apostólica pós-sinodal Querida Amazónia, lutando pelo cuidado da Criação, pelos direitos humanos, especialmente dos mais pobres, dos povos originários, dos últimos; guardando ciosamente a esmagadora beleza natural que adorna os nossos territórios, protegendo a vida transbordante dos nossos rios e selvas (cf. QA 7). Com S. Francisco de Assis, afirmamos: “Louvado sejais, meu Senhor, pela nossa Irmã Mãe Terra, que nos sustenta, e nos governa, e produz vários frutos com flores coloridas e erva. Que Deus na sua infinita misericórdia nos abençoe sempre e que Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina e do Caribe, interceda por cada um de nós, especialmente pelos mais vulneráveis. Paz e Bem!   Dom Miguel Cabrejos Vidarte, OFM Arcebispo Metropolitano de Trujillo Presidente da Conferência Episcopal Peruana Presidente do CELAM

“Criar um planeta justo, equitativo e ambientalmente seguro”. Apelo do Papa Francisco no Dia da Terra

  Repetir as coisas para que não caiam no esquecimento. Com esta intenção o Papa Francisco iniciou o seu vídeo para o Dia da Terra, numa altura em que cada vez mais, e ele é um dos grandes arquitetos disto, “estamos a tornar-nos mais conscientes de que a natureza merece ser protegida“. Nas suas palavras, o Santo Padre convidou-nos a “cuidar da biodiversidade, cuidar da natureza“, recordando as lições da pandemia, que “nos mostrou o que acontece quando o mundo para”, com um impacto decisivo nas alterações climáticas, o que nos mostra que a ação humana “faz estragos”. O que acontece à natureza, nas palavras do Papa, “afeta-nos a todos, embora de formas múltiplas, diversas e inequívocas”, insistindo que “também nos ensina mais sobre o que precisamos de fazer para criar um planeta justo, equitativo e ambientalmente seguro“, um desafio que tem sido assumido por muitos líderes mundiais, para quem o Santo Padre se tornou uma das grandes referências morais da humanidade. Referindo-se à pandemia de Covid, o Papa Francisco diz que “ela ensinou-nos esta interdependência, este partilhar o planeta“, avisando-nos da urgência em que vivemos, “não temos tempo para esperar”. Considerando que temos os meios para agir, ele faz-nos perceber que “está na hora de agir, estamos no limite“. Isto é provado por um ditado que ele já repetiu em várias ocasiões: “Deus perdoa sempre, nós homens perdoamos de vez em quando, a natureza já não perdoa mais“. Por esta razão, devemos estar conscientes de que quando “a destruição da natureza começa, é muito difícil impedi-la, mas ainda há tempo”. Na sua mensagem apela a trabalhar em conjunto, como forma de “ser mais resilientes“, insistindo que o momento atual deve levar-nos a “impulsionar a inovação, a invenção, a procurar novos caminhos”. Recordando a sua agora famosa frase: “Não se sai igual duma crise, sai-se melhores ou piores”, ele disse que “se não saímos melhores, estamos num caminho de autodestruição“. Finalmente, fez “um apelo a todos os líderes do mundo para agirem com coragem, para agirem com justiça e para dizerem sempre a verdade ao povo, para que as pessoas saibam como se proteger da destruição do Planeta, como proteger o Planeta da destruição que muitas vezes desencadeamos”, agradecendo todo o bem que está sendo feito para o cuidado da casa comum. No seu tweet diário, o Papa Francisco já tinha avisado que “quebrámos os laços que nos uniam ao Criador, aos outros seres humanos e ao resto da criação“. A partir desta realidade, ele insistiu na necessidade de “sarar estas relações danificadas, que são essenciais para sustentáculo de nós mesmos e a toda a trama da vida”.

Voltar a caminhar unidos

As crises são superadas quando a gente se une, quando descobre caminhos comuns que nos ajudam a olhar o futuro com esperança, superando as dificuldades e o desânimo, procurando caminhos de reconciliação. Diante de uma situação que ninguém sabe por quanto tempo vai se prolongar, a união tem que ser assumida como atitude primeira e fundamental. O Papa Francisco, em sua mensagem ao povo brasileiro, a través dos bispos reunidos na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, após dizer que o Brasil “enfrenta uma das provações mais difíceis da sua história”, afirmava que “podemos superar este momento trágico”. Para isso, ele fazia um apelo a “ser um instrumento de reconciliação, ser um instrumento de unidade” como “a missão da Igreja no Brasil”. O convite do Papa Francisco deveria ir além da Igreja católica e de todos aqueles que fazemos parte dela. Podemos dizer que é um convite a toda a sociedade brasileira, cada vez mais dividida e enfrentada. A pandemia conseguiu dividir ainda mais um país enfrentado, conseguindo assim vencer a batalha. Se a gente quer vencer a guerra, temos que buscar caminhos de união, de escuta mutua, de estratégias comuns. Na mensagem final da Assembleia os bispos do Brasil diziam que “são inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”. Também reclamavam “atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível”, assim como auxílio emergencial. São medidas que podem nos ajudar a entrar em caminhos comuns, sustentados em atitudes de respeito. Só quando a gente se respeita e aceita que pensar diferente não pode nos levar ao confronto e sim ao diálogo, podemos avançar na superação de qualquer crise que devamos enfrentar. A união nos faz mais fortes, a divisão nos debilita e facilita nossa derrota. É tempo de olhar o futuro com esperança, de nos esperançar com a possibilidade de dias melhores e esperançar aqueles que estão ao nosso lado, promovendo atitudes que nos unam e nos fortaleçam. O inimigo da gente não são os outros, o inimigo da gente é um vírus que tem que ser vencido, e isso só é possível com união, uma união que se fortalece a cada dia, uma união que está além de religião, de posturas políticas, de classe social. Só se tomarmos consciência de que somos humanos e de que nossa condição humana será o que vai nos salvar, conseguiremos olhar o futuro com esperança, e a vida em plenitude se tornará uma realidade para todos e todas. Nunca esqueça que juntos somos mais! Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1, Editorial Rádio Rio Mar

Faleceu de Covid-19 Dom Segismundo Martínez, bispo emérito de Corumbá (MS)

Faleceu na tarde desta quarta-feira, 21 de abril, dom Segismundo Martínez Álvarez, bispo emérito da diocese de Corumbá – MS. Internado desde 28 de março, se trata do sétimo bispo brasileiro vítima da pandemia da Covid-19. A missa de corpo presente será celebrada nesta quinta-feira no santuário Nossa Senhora Auxiliadora de Corumbá, às 10 horas da manhã. Nascido em Acebes del Páramo, em León, na Espanha, no dia 23 de fevereiro de 1943, entrou nos salesianos em 1961 e foi ordenado sacerdote em 2 de julho 1972. O bispo falecido estudou filosofia em Medina del Campo, em Valladolid, na Espanha, e teologia em Verona, na Itália. Também era formando em pedagogia, economia, administração e contabilidade. Depois de desempenhar diferentes serviço na congregação salesiana no Brasil, nos estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, foi nomeado bispo da Diocese de Corumbá em 7 de dezembro de 2004, sendo ordenado pelo seu predecessor, Dom Milton Antônio dos Santos, em 30 de janeiro de 2005. No final de 2018 o Papa Francisco acolheu sua renúncia. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB emitia uma nota de pesar, assinada pela presidência, onde mostra sua “solidariedade aos familiares, à Sociedade Salesiana de Dom Bosco, aos amigos e ao povo de Deus presente na diocese de Corumbá”. A nota agradece a Deus “pelas mais de quatro décadas dedicadas como missionário salesiano à Igreja no Brasil e ao carisma da educação, especialmente à Igreja particular de Corumbá”. Ele é recordado pela “serenidade e a vivência profunda da fé como marcas do ministério deste pastor”. Junto com isso, a presidência da CNBB, lembrando as palavras do Papa Francisco à 58ª Assembleia Geral da CNBB, diz:“O anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos! Como cantamos na sequência do Domingo de Páscoa: ‘Duelam forte e mais forte: é a vida que enfrenta a morte. O Rei da vida, cativo, é morto, mas reina vivo!’ Sim queridos irmãos, o mais forte está ao nosso lado! Cristo venceu! Venceu a morte! Renovemos a esperança de que a vida vencerá!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Patrícia Gualinga: “A espiritualidade é uma força para defender o ecossistema amazônico como a criação de Deus”

A espiritualidade de seis mulheres indígenas, que combinam a visão do mundo dos seus povos originários com o cristianismo, estiveram presentes esta quarta-feira, 21 de Abril, no encontro virtual organizado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, no âmbito da secção anual para as questões dos povos indígenas do Fórum Permanente das Nações Unidas – ONU 2021, que este ano tem como tema especial: “Paz, justiça e instituições eficazes: o papel dos povos indígenas no cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16“, que se realiza praticamente de 19 a 30 de Abril. Foram mulheres da América do Norte e do Sul, que refletiram sobre a espiritualidade do cuidado da Mãe Terra, presente no universo feminino indígena, partilhando as suas experiências e as suas formas de combinar as diferentes espiritualidades nelas presentes. O Povo Ysleta do Sul vive no estado do Texas (Estados Unidos), e aí Rosa Holguín-Hernández vive a sua fé católica numa comunidade indígena, onde tenta preservar as tradições católicas e indígenas, com músicas e danças, especialmente nas festas dos diferentes santos que fazem parte da tradição católica, numa ligação positiva, e viver a caridade através de diferentes obras na área da saúde e educação, destacando a participação das mulheres na educação das crianças e jovens. Esta espiritualidade é vivida pelo povo Ñandesi Kaiowa através das suas danças, nas quais procuram o apoio da divindade. Neste momento, como reconheceu Adelaide Lopes, pajé deste povo, são danças de luta perante a tristeza do povo indígena devido à falta de alimentos e outras necessidades básicas que aumentaram neste tempo de pandemia. Ela mostrou a sua preocupação em transmitir isto aos mais jovens, que não estão muito interessados na preservação das suas tradições e espiritualidade. Da tradição anglicana, Carol Gallagher, a primeira bispa indígena desta tradição, relatou a situação muito tensa nos Estados Unidos, causada pela pandemia, racismo, mudanças climáticas, aspectos que afetam especialmente as comunidades indígenas, que sofrem a maior percentagem de mortes por Covid-19 nos Estados Unidos. Pertencente ao povo Cherokee, um povo que foi afastado do seu território original, recordou a figura da sua mãe, o seu compromisso de proteger e partilhar com todos. Nesta altura, a bispa insistiu na necessidade de educar, de ajudar os outros a respeitar a Terra, de partilhar recursos e dons. Ela apelou-nos a lutar pelos povos indígenas, sempre preocupados em cuidar uns dos outros, especialmente das crianças e dos idosos. Ela também sublinhou a necessidade, enquanto povos indígenas, de procurar ferramentas para continuar o seu modo de vida. Patricia Gualinga salientou a importância de “um evento que nos une na luta e na espiritualidade“. Ela definiu o povo Kichwa de Sarayaku, na Amazônia equatoriana, como um povo católico à sua maneira, que encontra na espiritualidade uma força para defender o ecossistema amazónico como Criação de Deus. Citando como exemplo o seu pai, um ancião indígena que tem agora 97 anos de idade, disse que é possível reunir a espiritualidade indígena e católica, porque a espiritualidade é uma só. O seu povo sempre viu a Natureza como criação divina, lembrando que as suas tradições espirituais apelam à luta com a firmeza de ter os pés no chão e o coração e o cérebro no céu. Patricia Gualinga definiu o tempo presente como momentos críticos, afirmando que estamos num caminho de não retorno. Portanto, é tempo de unir esforços em todos os campos, político, espiritual, social, em defesa da Amazônia. Aquela que foi auditora no Sínodo para a Amazônia salientou a importância do apoio da Igreja na defesa da Amazônia, a começar pelo Papa, muitos cardeais e bispos. Reconhecendo que existem diferentes formas de apoiar os povos na defesa da Amazônia, insistiu que temos de nos unir para transformar. Kateri Mitchell, indígena do povo Mohawk, é uma religiosa de Santa Ana, e sempre trabalhou sobre o tema da espiritualidade dos povos originários. Ela define os Mohawks, que foram um dos modelos para a Constituição dos EUA, como um povo forte e guerreiro, algo que os ajuda a ligarem-se a Deus, destacando a relação muito forte do seu povo com a Terra. Agradece aos seus pais pela formação espiritual da conectividade com a Terra e com a Criação de Deus, a relação com a água, que lhe permitiu ter uma identidade, ser perseverante, mergulhar em ministérios multiculturais que a ajudaram a ser o seu verdadeiro eu e a ser capaz de partilhar o que foi capaz de aprender com os outros. Usando o símbolo da roda da medicina, que, segundo a tradição do seu povo, liga a criação e nos liga a todos, ela refletiu sobre a necessidade de superar todo o racismo e discriminação, porque somos parte da criação de Deus, chamados a partilhar os dons especiais que cada um recebeu. Ao mesmo tempo, pediu ajuda mútua, para reconhecer a ligação que provém dos dons recebidos, para assumir que juntos formamos a família humana, partilhando os dons que recebemos individualmente. Da Amazônia peruana, Yesica Patiachi, contou à visão do mundo do povo Harakbut, que se consideram filhos de uma árvore. A sua espiritualidade baseia-se no respeito pela ordem dos mundos, o que os leva a realizar diferentes ritos para expressar este respeito e a ouvir os sons da floresta como forma de se ligarem ao mundo e lerem as diferentes manifestações que a natureza lhes comunica. Respeitar o equilíbrio dos mundos é o caminho para uma vida plena no mundo Harakbut, o que deve levar ao respeito pelos espaços, a casa comum. Um povo com uma grande capacidade de resiliência, tem avançado no caminho da interculturalidade, algo que também tem sido influenciado pelo fato de ter recebido o Deus cristão na sua cultura. Yesica, que foi auditora do Sínodo da Amazônia e é atualmente uma das conselheiras da REPAM, enfatizou a importância de cantar músicas católicas na sua língua, porque o canto sempre esteve presente na sua cultura, como forma de expressar o seu respeito pela floresta. Afirmou que desde que leu Laudato Si descobriu que o Papa Francisco é mais um harakbut que luta pelo…
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