O último informe sobre a Covid-19 da Rede Eclesial Pan-Amazõnica, emitido cada semana, nos mostra que a Pan-Amazônia superou os dois milhões de contagiados e os cinquenta mil falecidos. São concretamente, 2.025.223 casos e 50.364 óbitos desde o início da pandemia, com um aumento na última semana de 51.503 casos e 2.021 falecidos. Em referência à semana passada, diminui o número de casos e aumenta o número de óbitos. Na Amazônia brasileira, o número oficial de casos é de 1.545.291 e 35.174 óbitos. Já no Regional Norte 1 da CNBB, o número de casos é de 341.791 e as mortes chegaram em 10.510, um número muito elevado tendo em conta a população do Regional. Na última semana, no Regional Norte 1 da CNBB, o número de casos foi de 13.791 e os óbitos foram 934. Diante dessa situação, o Regional Norte 1 da CNBB continua se empenhando em ajudar a cuidar da vida do povo. Ontem, 15 de fevereiro, chegaram em Manaus mais de 200 cilindros de oxigênio, que já foram distribuídos nos municípios do interior do Estado do Amazonas. A Campanha “Amazonas e Roraima contam com a sua Solidariedade” tem distribuído oxigênio, BIPAPs, concentradores de oxigênio, EPIs, material hospitalar…, sobretudo no interior do Estado, onde os agradecimentos dos municípios são constantes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Regional Norte1
Uma das primeiras coisas que aprendemos durante as aulas de Lógica, quando estudamos Filosofia, é a identificar quando alguém está a dizer uma verdade, ou quando o seu discurso é baseado somente em falácias, palavra de origem latina (do verbo fallere), cujo significado é enganar os outros com argumentos falsos. Pois bem, existem diversos tipos de falácias, mas uma das mais usadas é aquela conhecida como Argumentum ad personam – ataque pessoal –, ou seja, quando alguém procura negar a veracidade de um discurso atacando, não o seu conteúdo, mas a pessoa que escreveu ou proferiu tal discurso. É o que temos visto acontecer nos últimos dias, em relação a um excelente documento apresentado pelos bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021, que está sendo violentamente atacado na internet, por pessoas e grupos que se apresentam como defensores da verdadeira doutrina católica, porque tal documento teria sido escrito por uma pastora protestante feminista, defensora do aborto, etc. Em outras palavras, os que acusam o texto da CF não apontam as falhas do documento em si – porque provavelmente nunca o leram – mas atacam somente quem, segundo eles, o escreveu. Fica evidente que estamos diante de um clássico caso de acusações falaciosas e logicamente incoerentes, porque não provam o que alegam, isto é, não mostram no texto onde está a heresia ou doutrina contra a fé. Assim, sem entrar na análise do conteúdo do texto-base da Campanha da Fraternidade, querem com suas falácias parecer convincentes para grande parte do público, que acaba acreditando, por não perceber que está sendo enganado com falsos argumentos. Não vale a pena, portanto, perder muito tempo com quem se utiliza de argumentos falsos para defender suas ideologias que, aliás, pouco tem de religiosas, espirituais e verdadeiramente cristãs e católicas. Pois, qualquer pessoa com um mínimo de formação teológica e honestidade intelectual que ler o texto-base da CF2021, ficará encantado com a riqueza da sua fundamentação na Sagrada Escritura e no magistério da Igreja Católica, que fala pela voz do Santo Padre Papa Francisco e de seus antecessores, como João XXIII, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. O texto da Campanha da Fraternidade deste ano começa nos recordando, por exemplo, que a Quaresma, na tradição cristã, é um período de conversão e de autorreflexão. São 40 dias dedicados à oração, ao jejum, à partilha do pão e à conversão pela revisão de nossas práticas e posturas diante da vida, do Planeta e das pessoas. Em seguida, somos convidados ao arrependimento dos pecados cometidos e o reconhecimento de que esses pecados são uma ofensa ao Deus amor. O texto explica que a contrição não tem relação com o medo de ser castigado por Deus, mas é resultado da graça de Deus, que nos permite o reconhecimento de nossos pecados e o sincero arrependimento, Deus nos perdoa porque é amor misericordioso. Com o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14), frase que é uma “confissão de que a fé em Jesus Cristo não é motivo para divisões e conflitos, mas é a inspiração maior para a convivência e o diálogo” (Texto-Base 114), o texto valoriza o jejum como parte integrante da espiritualidade quaresmal, recordando que há muitas formas de jejuar, mas o jejum que agrada a Deus é apresentado pelo profeta Isaías, que nos questiona se jejuar é não “desatar os laços provenientes da maldade, desamarrar as correias do jugo, dar liberdade aos que estavam curvados, em suma, que despedaceis todos os jugos? Não é partilhar o teu pão com o faminto? E ainda? Os pobres sem abrigo tu os albergarás; se vires alguém nu, cobri-lo-ás: diante daquele que é a tua própria carne, não recusarás. Então a tua luz despontará como a aurora, e o teu restabelecimento se realizará bem depressa. Tua justiça caminhará diante de ti e a glória do Senhor será a tua retaguarda” (Is 58,6-8). Com profundidade teológica, o texto-base destaca a importância do Espírito Santo como o grande animador e vivificador das comunidades cristãs, pois é ele “que nos movimenta para realizar gestos concretos em favor da paz que já temos em Cristo. É o Espírito Santo que abre nossos olhos, mentes e corações para que percebamos o sentido da afirmação da Carta aos Efésios que diz: ‘Assim, não sois mais estrangeiros nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da família de Deus’ (2,19). Essa nova humanidade que floresce sob o mesmo Espírito fez com que ‘fostes integrados na construção que tem como fundamento os apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo como pedra mestra’ (2,20a), ‘É nele que toda a construção se ajusta e se eleva para formar um templo santo no Senhor’ (2,21). Participantes na Criação e também frutos dela, em Cristo, que é a nossa paz e une os grupos humanos que estavam separados (Texto-Base 137). O elemento cristológico da nossa fé é também explicitado, quando o texto afirma que “em Cristo, recebemos essa abundância de bênçãos, que nos torna herdeiros e herdeiras do Mistério revelado de ser um só povo unido em diversidade. Ser integrados e integradas na construção do Reino de Deus aponta para a unidade, que se realiza na oferta da diversidade dos dons concedidos por Cristo a cada pessoa, para que a casa comum seja um ambiente seguro e feliz para todos os seres vivos” (Texto-Base 137). Trata-se, portanto, de um texto cheio de espiritualidade, que nos conduz ao encontro com o Senhor na oração pessoal e comunitária, colocando no centro da reflexão a necessidade de conversão, que nos provoca a pensarmos e repensarmos cotidianamente nossa forma de estar no mundo. Sendo espiritual sem ser “espiritualista”, o texto nos leva a questionarmos sobre como nos envolvemos com as transformações sociais, econômicas, espirituais, ecológicas, individuais e coletivas, a fim de que sejamos, cada vez mais coerentes com os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos. De fato, a CF quer nos ajudar a reconhcer que…
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A solidariedade com o Estado do Amazonas e Roraima continua dando fruto. Desta vez foram 204 cilindros de oxigênio, graças a doação dos “Cavaleiros de Colombo”, que após uma longa viagem desde Aparecida de Goiânia – GO, por estrada e balsa desde Belém, chegaram em Manaus nesta segunda-feira, 15 de fevereiro. Imediatamente começou a distribuição dos cilindros de oxigênio em diferentes municípios do interior do Estado do Amazonas, que agradeceram a mediação da Arquidiocese de Manaus e do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos bispos do Brasil CNBB por ter conseguido um item tão importante neste momento. Desde o início da Campanha do Regional Norte 1 da CNBB “Amazonas e Roraima contam com a sua solidariedade”, lançada no dia 15 de janeiro, além de mais de 300 cilindros de oxigênio, tem sido distribuído BIPAPs, concentradores de oxigênio, Equipes de Proteção Individual e material hospitalar. Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, agradecia a solidariedade da instituição que tem doado os cilindros chegados em Manaus. Ele dizia que “nós agradecemos profundamente a esses irmãos e irmãs que nos enviaram esses cilindros, e aliviar assim todo o momento difícil em que estamos vivendo no estado do Amazonas”. Também o Secretário Executivo do Regional Norte 1 da CNBB, diácono Francisco Lima, que está realizando o trabalho de coordenação e distribuição da ajuda recebida, junto com a Articuladora da Caritas Regional Norte 1, Márcia Maria de Souza Miranda, agradecia a doação chegada em Manaus, “um insumo tão importante para a vida aqui na nossa região”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
No marco do ano Laudato Si’, a Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, lançará na Quarta-feira de Cinza, 17 de fevereiro, uma série de roteiros diários de oração “40 dias navengando com Laudato Si’ na Querida Amazônia”. Esta serie, em português e espanhol, está em plena sintonia com o trabalho que vem sendo realizado pela Igreja na Pan-Amazônia, e que foi refletida em duas séries anteriores: “40 dias pelo rio: navegando juntos a Boa Nova de Deus a caminho del Sínodo Amazônico”, em preparação ao Sínodo em 2019; e a que animou o caminho da Quaresma em 2020, “Querida Amazônia, 40 dias navegando rumo à conversão”. As reflexões foram elaboradas pelo padre Adelson Araújo dos Santos, sacerdote jesuíta nascido em Manaus, na Amazônia brasileira, professor de espiritualidade na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e perito no Sínodo para a Amazônia, celebrado em 2019 e que continua nesta etapa post-sinodal. Quaresma: Renovando a nossa fé e missão da Laudato Si’ à Querida Amazônia, um caminho de conversão integral Nesse espírito, queremos convidar a todos para navegarmos juntos nestes próximos 40 dias, com estes roteiros diários de oração, iluminados pela Palavra de Deus, pelo Magistério da Igreja na encíclica Laudato Si’, a exortação apostólica Querida Amazônia e pelo Documento Final do Sínodo Amazónico, e em comunhão com a imensa rede de comunidades eclesiais da pan-amazônia, vivenciando intensamente o “avançem para águas mais profundas e lançem suas redes para pescar”, para que possamo assim colher muitos “peixes” de renovação e novo ardor missionário. Nosso recorrido iniciará no dia 17 de fevereiro, quarta-feira de cinzas, e concluirá no domingo de Ramos, 28 de março, e estará marcado por alguns elementos em cada dia: 1) Uma imagem e frase inspiradora que iluminará o caminho nesse dia; 2) Um pedido da graça que nos acompanhará durante todo o caminho; 3) Ouvindo a Palavra que nos guia; 4) Refletindo com a Laudato Si’; 5) Avançando para Águas mais profundas, em um convite ao silêncio, meditação, oração e compromisso; 6) Uma frase para ajudar a continuar meditando neste dia. Toda a série estará disponível no site www.redamazonica.org Entre na canoa! Acomode-se bem e busque o equilíbrio necessário, para que juntos entremos nestas águas da Ecologia Integral, as vezes calmas e as vezes movimentadas, para estar atentos ao que possa ser Boa Notícia. Por Comunicações REPAM
Diante do colapso que a pandemia tem provocado no Sistema de Saúde do Estado do Amazonas, 30 entidades, dentre elas o Regional Norte da Conferência dos Bispos do Brasil – CNBB, e a Arquidiocese de Manaus, e 34 personalidades, contando com a assinatura de Dom Leonardo Steiner e Dom Sérgio Castriani, arcebispo e arcebispo emérito de Manaus, tem emitido um manifesto, com data de 14 de fevereiro onde pedem a vacinação em massa já! O manifesto diz que “o cenário atual é de caos”, com pacientes deslocados para outros estados, grande lista de espera e um número cada vez maior de contagiados e falecidos. Diante da situação, “o Comitê Amazonas de Combate à Corrupção e Caixa Dois defende a vacinação em massa da população, como a única forma segura e eficaz para responder à crise instalada, bem como evitar a possibilidade de uma nova onda do vírus”, afirma o manifesto. A nota vê isso como “estratégia inteligente de saúde pública”, e valoriza o trabalho dos órgãos de controle, “que com as suas decisões buscam garantir os direitos da população ao acesso e tratamento da Covid-19”. O manifesto encerra insistindo na urgência da “vacinação em massa no Amazonas”, pedindo dos diferentes governos “esforços imediatos para a compra de vacinas e a realização de ampla campanha de imunização no Estado”. Eis o texto: MANIFESTO DO AMAZONAS Direito à Vida é dever de todos VACINAÇÃO EM MASSA, JÁ! O sistema de Saúde (Público e Privado) no Amazonas está colapsado desde o ano passado em consequência da pandemia do coronavírus, somado a má gestão dos recursos financeiros pela União e governos estadual e municipal. Para piorar o cenário, evitando qualquer possibilidade de reversão, ocorreu a agudização do quadro de casos em Manaus no mês de janeiro de 2021, onde foram registradas mais de 2.600 mortes, entre manauaras e amazonenses, transformando o Amazonas em um dos epicentros do coronavírus no mundo. O cenário atual é de caos, com pacientes sendo deslocados para outros estados da federação, a formação de grande lista de espera de infectados por leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a impossibilidade real de remoção de doentes entre as unidades de Saúde. Segundo registros oficiais divulgados pelas Secretarias de Saúde do Estado e Município, alcançamos a indesejável marca de 288 mil infectados e 10 mil mortes. Sem tratamento alternativo medicamentoso e com o crescente número de novas infecções e mortes, o Comitê Amazonas de Combate à Corrupção e Caixa Dois defende a vacinação em massa da população, como a única forma segura e eficaz para responder à crise instalada, bem como evitar a possibilidade de uma nova onda do vírus, alertada por infectologistas e outros profissionais de Saúde que acompanham a devastadora ação do vírus no Estado. Não se trata de privilégio a imunização em massa dos habitantes do Amazonas, se trata de estratégia inteligente de saúde pública, impedindo que esse vírus na sua versão mais contaminante se propague para outros brasileiros, e ainda, utilizando de forma prudente e otimizada os recursos públicos No sentido de fortalecer o movimento das entidades de classe, instituições e poderes constituídos no Amazonas e no país, o comitê destaca a ação dos órgãos de controle, tais como os Ministérios Públicos do Estado, Federal, do Trabalho e de Contas, da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), da Defensoria Pública da União (DPU) e a atuação da do Poder Judiciário, por meio da 1ª Vara Federal Cível do Amazonas, que com as suas decisões buscam garantir os direitos da população ao acesso e tratamento da Covid-19, em especial, diante da crise da falta de oxigênio nos hospitais e a má gestão dos recursos financeiros nos serviços de Saúde do Estado e município, responsáveis diretos pela perda de inúmeros pacientes e o luto das famílias. Senhores governantes e autoridades de Saúde, é urgente a vacinação em massa no Amazonas. É a grande esperança e a resposta real diante deste cenário de caos social, novas infecções e mortes. Por isso, o Comitê do Amazonas de Combate à Corrupção e ao Caixa Dois Eleitoral, entidades da Sociedade Civil e personalidades solicitam dos governantes do Amazonas e do Governo Federal esforços imediatos para a compra de vacinas e a realização de ampla campanha de imunização no Estado, pois o povo não suporta mais tanto sofrimento e descaso nesta crise sanitária que ceifa vidas e sonhos. Manaus, 14 de fevereiro de 2021. Entidades -Comitê Amazonas de Combate à Corrupção e Caixa Dois Eleitoral – Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas – OAB/AM. – Conselho Regional de Administração – CRA/AM – Conselho Regional de Contabilidade – CRC/AM – Conselho Regional de Economia- Corecon/AM – CNBB/ Norte 1 – Arquidiocese de Manaus – Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Amazonas – SJP/AM – Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj – Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES. – Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE. – Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus-Aspromsindical. – Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Material Plásticos de Manaus e do Amazonas – Sindplast/AM. – Comissão Pastoral da Terra Regional Amazonas – Comissão Pastoral da Terra da Arquidiocese de Manaus – Comissão Pastoral da Terra da Diocese de Parintins – Comissão de Defesa dos Direitos Humanos de Parintins – Movimento dos Trabalhadores Cristãos Grupos do Amazonas – Associação de Amparo Social Frei Mário Monacelli. – Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana – ARATRAMA – Associação de Desenvolvimento Sócio Cultural Toy Badé – Ponto de Cultura Tambor de Mina: História, Memória e Tradição – Ewɛgbɛ́ Acɛ́ Mina Gɛgi Fɔn Vòdùn Xɛ̀byosò Toy Gbadɛ́ – Centro de Umbanda Ogun Beira Mar – Centro de Umbanda Raiz da Araucaia Ilê Axé Opô Opará Ilê Aṣé Omi Mege Orun – Centro de Umbanda São Jorge Guerreiro – Associação Nossa Senhora da Conceição – Instituto Nossa Senhora da Conceição – Associação Beneficente Cultural e Religiosa do Ilê Axé Opô Opará Personalidades – Flávio Mota (Promotor de…
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No dia 12 de fevereiro, a exortação pós-sinodal Querida Amazônia completou um ano de sua publicação. Nela, o Papa Francisco nos diz que “sem as mulheres, ela [a Igreja] se desmorona, como teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazónia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas”. Essas palavras nos ajudam a entender as histórias de vida que fazem parte da Igreja da Amazônia. São histórias com rosto feminino, como a de Maria Luiza Lahan Lamarão, alguém que é só um exemplo dentre os muitos que a gente pode encontrar na Amazônia, no Brasil e no mundo. Ela é uma das coordenadoras da comunidade de São Raimundo, na paróquia do mesmo nome, formada por três comunidades. Mulher sempre presente no dia-a-dia da paróquia, situada num dos bairros mais antigos da capital do Amazonas, numa pequena colina na beira do Rio Negro, a pandemia a impactou, “foi uma surpresa grande, que me levou a me perguntar, como é que eu vou fazer para continuar contribuindo”. Mulher acostumada a olhar a vida com esperança, ela conta que “eu aprendi no caminhar a não ficar para trás, sempre olhar para frente, e Deus sempre mostra uma alternativa em meio aos desafios e dificuldades”. Sua vida nunca foi fácil, mas sempre soube dar a volta por cima e continuar. Ela mesma conta que grávida de 7 meses do seu filho mais velho, ela perdeu seu pai, “e fui eu quem deu coragem, esperança para minha família”. Mais tarde, com 37 anos, Maria Luiza ficou viúva, com 3 filhos, o mais velho com 13 anos. “No momento da morte do meu marido chorei, gritei, mas depois rezei e me coloquei pronta de novo, de pé, para seguir a vida”, conta alguém que aprendeu a ver a vida a partir da confiança em Deus. Diante da pandemia, que tem afastado ela da presença física na igreja, Maria Luiza diz que “junto ao meu dever na coordenação da comunidade, eu me senti exigida a ter presença mesmo nessa situação”. Foi aí que ela não teve medo de aprender a usar a tecnologia. Ela mesma diz que “o Edgar, que é meu afilhado de caminhada e também meu parceiro na coordenação, ele é novo e entende tudo de tecnologia, e eu fui me colocando à disposição para aprender a lidar com a tecnologia para que eu não ficasse longe das pessoas, das famílias, e a coisa foi acontecendo, eu fui procurando me enquadrar nas videoconferências, participando”. Neste tempo de isolamento, “tem sido muito intenso também a minha dedicação às orações, hoje eu digo que eu rezo muito mais do que eu rezava antes, eu me dedico muito, muito mesmo, para minha própria espiritualidade”, afirma Maria Luiza. Segundo ela, “quando a gente se dedica à missão, a gente transborda tudo o que tem dentro da gente, o amor que a gente tem, o Espírito de Deus, e aí a gente precisa se recarregar”. Para isso tem aprofundado na leitura orante, na oração, “aprendi um outro modo de rezar”, ela insiste, afirmando que tem cuidado de continuar evangelizando sua família, mesmo de longe, “de estar sempre motivando os filhos, as famílias deles, a continuar rezando, se unir mais na oração”. Um dos dons de Maria Luiza é a música, ela estudou música e foi colocando seus conhecimentos ao serviço da Igreja. Ela lembra que sua mãe, que foi quem a incentivou nesse campo musical, “quando a gente estava na frente do caixão do meu marido, ela me disse, nunca abandones a comunidade, nunca deixes de celebrar a fé, que isso é o que vai lhe manter”, algo que, “mesmo com todas as dificuldades, com meus 3 filhos, nunca deixei de ir para as celebrações, para a igreja, nunca deixe de ter minha participação, meu serviço, sempre dentro das minhas disponibilidades, das minhas possibilidades, mas primeiro a minha fé, e eu acho que eu ajudei muito meus filhos na questão da educação na fé”. Durante a pandemia, junto com seu neto de 13 anos, que mora com ela, começou tocar o culele, “eu descobri que isso ia me ajudar a servir a minha igreja, na liturgia, com o canto, também ajudando as pessoas que precisavam, gravando áudio para os agentes da música aprenderem as músicas”. De fato, ela tem criado seu canal de YouTube onde realiza seu trabalho evangelizador através da música. “Eu tenho uma coisa comigo, de nunca deixar de me doar, isso para mim é uma questão de natureza espiritual, de fé, de me doar, me doar para a igreja, me doar para as pessoas”, insiste Maria Luiza. Ela vê que “realmente, nesse tempo, eu estou me recriando, tem sido muito gratificante para mim”. Querida Amazônia faz a proposta de “que as mulheres tenham uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e na guia das comunidades”, algo que faz parte de Maria Luiza. Junto com isso, um mês atrás, o Papa Francisco promulgava um motu proprio em que abria oficialmente os ministérios do leitorado a acolitado às mulheres, uma prática comum em muitos lugares, dentre eles a Arquidiocese de Manaus. Ao ser perguntada sobre como ajudar as pessoas a se sentir comunidade neste tempo de isolamento, Maria Luiza reconhece que é bem complicado. Mas logo, com seu otimismo afirma que “como eu já tinha um trabalho intenso na comunidade, e sou muito conhecida, as pessoas me procuravam, as pessoas queriam me ouvir, as pessoas querem se sentir acolhidas, mesmo distantes”. Ela diz que “eu sempre procuro dar uma palavra de motivação para as pessoas não deixarem de se sentir parte, de se sentir igreja. Nas minhas falas, nas redes sociais, nos meus áudios que eu falo pessoalmente para cada um pelas redes sociais, pelo WhatsApp, foi uma descoberta também de como eu posso ser útil com a minha fala, mas também escutar, sempre gostei de escutar as pessoas”. Maria Luiza insiste em que “isso de um certo modo, dá uma credibilidade, uma confiança para as pessoas. As pessoas não tem…
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A crise sanitária que está sendo vivida no Estado do Amazonas em decorrência da pandemia da Covid-19, que já atingiu, oficialmente, até 12 de fevereiro de 2021, 292.494 pessoas e ceifou a vida de 9.753 amazonenses, tem provocado que as dioceses e prelazias tenham procurado alternativas para a celebração da Quarta-feira de Cinzas, uma data de especial significado na vida dos católicos, que dá início ao tempo da Quaresma. A situação nas últimas semanas é trágica. Desde o dia 12 de janeiro até 12 de fevereiro, no Estado do Amazonas, o número de casos aumentou em 74.424, e os óbitos somaram 3.943 no mesmo período, 3.072 em Manaus, segundo recolhe a Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas, que emite diariamente o boletim epidemiológico. No dia 12 de fevereiro, a Arquidiocese de Manaus e a Prelazia de Itacoatiara emitiam notas com as orientações a seguir no dia em que se inicia a Quaresma e a Campanha da Fraternidade Ecumênica. A Diocese de São Gabriel da Cachoeira também tem organizado os horários de distribuição das cinzas nas diferentes paróquias e comunidades da sede da diocese. Neste tempo quaresmal, em que somos chamados a nos colocarmos a caminho da Cruz e da Ressurreição, as diferentes Igrejas do Regional pedem que as cinzas sejam distribuídas “nas igrejas em horários a serem indicados, com o distanciamento necessário”, segundo o comunicado assinado por Dom Leonardo Steiner, e que “sejam colocadas sobre a cabeça, sem tocá-la”. Uma novidade neste ano é o incentivo do “envio da cinza para as famílias, incentivando que façam um momento de oração e depois o pai e a mãe imponham a cinza sobre a cabeça um do outro e eles sobre a cabeça dos filhos”, segundo o comunicado da Arquidiocese de Manaus. Para esse momento, a Prelazia de Itacoatiara está elaborando “um roteiro para a celebração em família da Quarta-feira de Cinzas”, que será postada nas redes sociais da prelazia e das paróquias. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Quatro instituições fundamentais na missão da Igreja na Amazónia pronunciaram-se através das suas presidências por ocasião do primeiro aniversário da publicação da Querida Amazónia, a Exortação Pós-Sinodal do Sínodo para a Amazónia. Eles são o Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM, a Conferência Latino-americana de Religiosos – CLAR, a Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA e a Rede Eclesial Pan-Amazónica – REPAM. Em nome da REPAM, que desempenhou um papel decisivo no processo sinodal, o seu presidente, Cardeal Pedro Barreto, o seu vice-presidente, Dom Rafael Cob, e o seu secretário executivo, Irmão João Gutemberg Sampaio, intervieram. O cardeal peruano afirmou que “o nome já exprime esta grande alegria e este afeto que a Igreja sempre teve pela Amazónia, mas de uma forma muito especial neste momento em que há muitas dificuldades em compreender o valor das culturas dos povos originários da Amazónia”. O cardeal insistiu na importância de “dizer às pessoas que lá vivem que são queridas pela Igreja“. Ao mesmo tempo, salientou a importância da Amazónia para o mundo, “como espaço geográfico que regula o clima do mundo”, bem como a alegria representada pelas “culturas milenares, os povos originários”. O Cardeal Barreto salientou também a importância dos quatro sonhos da Querida Amazónia, “que são para nós compromissos que devemos assumir plenamente hoje“. Estamos perante uma exortação que é “um grande presente para nós“, nas palavras do vice-presidente da REPAM, que sublinha que o Papa nos fala “de saber sonhar, de sonhar nesta cultura e riqueza que a Amazónia tem, estes povos que são a memória para saber cuidar da natureza“. Para Dom Rafael Cob, “na Querida Amazónia, sonhar é uma palavra-chave, porque não há verdadeiramente progresso sem sonhar“, enfatizando a importância de “sonhar juntos, para caminhar juntos também“. Para o bispo de Puyo, Equador, “celebrar este aniversário da Querida Amazónia é celebrar o triunfo da natureza sobre todas aquelas ameaças e perigos que o nosso Planeta Terra realmente tem”. Para Dom Rafael Cob é necessário “um compromisso para cuidar da terra“, afirmando que o Sínodo Amazónico nos pediu para nos convertermos e sonharmos “com um mundo novo, onde a natureza continue verdadeiramente a fazer parte da nossa vida”, onde defendemos “os povos que nela vivem”, povos “que nos ensinam a viver, a viver no meio de toda esta sociedade de consumo, a viver em austeridade“. É necessário, segundo o vice-presidente da REPAM, “ouvir a natureza e ouvir as pessoas que nela vivem”. Além disso, “contemplar a maravilha que Deus nos deu”, insistindo que “Querida Amazónia continuará a ser para nós uma lição a aprender todos os dias“. Para o Secretário Executivo da REPAM, a Querida Amazónia “é um alimento espiritual muito grande, porque toca nosso horizonte, toca nossa esperança, toca os valores e toca o amor”. Estamos perante uma exortação apostólica “de grande alcance, precisamos conhece-la muito mais e praticar os seus sonhos e tudo aquilo que ela propõe”, segundo o irmão João Gutemberg Sampaio, que sublinha a urgência dos sonhos e conversões propostos na Querida Amazónia, promovendo que “mais gente envolvida no amor, no cuidado, na defesa da Amazônia, das suas populações, dos seus ecossistemas, porque está em risco a ecologia integral”. Uma consequência da Querida Amazónia é a Conferência Eclesial da Amazónia – CEAMA, que tem a tarefa de “que o Sínodo seja aplicado no território“, segundo o seu presidente. Para o Cardeal Claudio Hummes, o Documento Final, retomado pelo Papa Francisco na exortação, “ele interpela toda a Igreja e pode também inspirar a Igreja”, especialmente no campo da inculturação. Para o relator geral do Sínodo, na Igreja, “sua prática pastoral deve se inculturar em cada cultura. E por tanto, terá também rostos diferentes, claro, rostos relativamente diferentes, mas que juntos formam o grande rosto diversificado da Igreja na sua grande unidade”. O Cardeal Hummes recordou os quatro sonhos, nascidos de todo o processo sinodal. Segundo o presidente da CEAMA, “abrem sempre novos horizontes, sonhos são sempre algo que podemos ir muito além”, salientando a sua importância na vida da Igreja, considerando a CEAMA como um desses sonhos. Esta Conferência Eclesial da Amazónia, “que não apenas inclui bispos, mas também todo o povo de Deus nas suas várias categorias”, é o fruto do sonho do Papa. Apesar da pandemia, a CEAMA “estamos trabalhando e indo em frente”, afirma o Cardeal Hummes. Segundo ele, a aprovação canónica dará à CEAMA “força para manter viva essa chama que o Espírito Santo acendeu no Sínodo, essa chama pastoral e missionária da Igreja da Amazônia segundo os novos tempos, de uma Igreja mais sinodal e mais do lado dos pobres. Dom Miguel Cabrejos falou também da CEAMA, definindo-a como “uma expressão orgânica que serve para levar adiante a maior parte das propostas concretas do processo de discernimento do Sínodo Amazónico e que pode ser sustentado ao longo do tempo”. O presidente do CELAM, de cuja estrutura faz parte a CEAMA, salienta que “é uma estrutura sem precedentes na Igreja“, que aparece como “fruto de um dinamismo sinodal”. Para o presidente do CELAM, a Assembleia Eclesial da América Latina, a CEAMA e o Sínodo Amazónico são “fruto deste processo eclesial latino-americano“, que sempre defendeu o “alargamento da perspectiva de participação do Povo de Deus“. “Na CLAR estamos certos de que a ecologia integral é claramente uma opção da Igreja do nosso tempo”, afirma a sua presidenta. Ela sublinha que “de Laudato Si a Querida Amazónia há toda uma caminhada de escuta, reflexão, conversão e mobilização. Cada um de nós é convidado para uma nova forma de nos situarmos, para um novo estilo de vida”. A Irmã Liliana Franco enfatiza que o grito da Terra, dos mais pobres, “o seu grito chega-nos nesta crise desencadeada pela pandemia”. Estamos perante uma expressão de “a beleza ferida de que nos fala o Documento Final do Sínodo”, que segundo a presidenta da CLAR “não cessa de nos interrogar e de nos convidar a sair de nós próprios”. A Ir. Liliana vê a urgência do diálogo “na forma como estamos a construir o futuro do Planeta, de…
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No dia 12 de fevereiro de 1931, sob o pontificado do Papa Pio XI Rádio Vaticano teve sua primeira transmissão. “Comunicar é estabelecer relações. As relações são comunicação. Por ser-no-mundo, o Homem é presença comunicativa”, afirma Dom Leonardo Steiner. Esse ser relação, “faz com que homens e mulheres busquem modos e meios de se relacionarem, se comunicarem”, segundo o arcebispo de Manaus. Ele entende a relação de Deus com as criaturas como comunicação, uma ideia presente em Boaventura, que “desperta o leitor para a percepção das criaturas como comunicação de Deus, e por serem comunicação, as criaturas conduzem o olhar contemplativo para Deus. Um itinerário de comunicação e participação!”. O arcebispo de Manaus vê a Rádio como “relações entre pessoas que nos sons, música e palavra, despertam sentidos, horizontes, desejo de Deus”, provocando um encontro, gerando comunicação e participação. Dom Leonardo Steiner vê os 90 anos da Radio Vaticano como “espaços de participação na comunicação de Deus”. Estamos diante de uma rádio que “comunica e deixa participar. Comunica o Reino de Deus e sua justiça, o ser Igreja, e desperta para a participação sempre mais intensa da vida do Reino”, em palavras do arcebispo. Ele destaca que “a Rádio comunica as palavras e os gestos do Santo Padre, possibilitando uma vida sempre mais fecunda aos cristãos e, por isso, da Igreja. Oferece, assim uma comunhão maior, uma presença mais fecunda e madura da Igreja entre os povos”. Estamos diante de “noventa anos de anúncio, noventa anos de serviço, noventa anos proporcionado comunhão, noventa anos de presença da Igreja, noventa anos de evangelização”, insiste Dom Leonardo. Tem sido noventa anos de “mulheres e homens à escuta, homens e mulheres à escuta. Quantas pessoas sentiram-se confortadas, consoladas, e quantas pessoas no servir na Rádio a indicar a esperança e a força da fé”, afirma o arcebispo de Manaus, que mostra sua “gratidão a todas as pessoas que serviram e servem ao Reino de Deus na Rádio Vaticano. Esse mesmo sentimento de gratidão está presente em Dom Edson Damian, “pelos 90 anos da Rádio Vaticano, anunciando Jesus e Boa Nova do Evangelho e revelando ao mundo a beleza do rosto multiforme da Igreja com a encantadora diversidade de povos, raças, línguas e culturas”. Segundo o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, “foram profícuos 90 anos divulgando os sofrimentos, as lutas e as esperanças dos pobres e oprimidos do mundo inteiro”. Ele destaca e agradece “a divulgação extraordinária de tudo o que aconteceu durante a preparação e a realização do abençoado Sínodo para a Amazônia”, momento em que “a Rádio Vaticano fez ecoar o grito dos povos indígenas e das periferias que lutam pelo reconhecimento de seus direitos e pela preservação da rica biodiversidade do bioma que está sendo destruída pelos incêndios e pela voracidade insaciável do agronegócio e das mineradoras”. Por isso, o bispo de São Gabriel da Cachoeira deseja “muitos anos de vida para a Rádio Vaticano prosseguir derrubando os muros que dividem para construir pontes que irmanam a todos os povos pela força revolucionária do Evangelho, da justiça e da paz e pela voz profética do querido Papa Francisco, dos pastores e servidores do povo santo e fiel de Deus”. Na Amazônia, Rádio Vaticano tem sido ondas que se espalham até os lugares mais distantes da floresta, mensagens de esperança e de cuidado com a vida, anuncio da Boa Nova que ajuda a fazer realidade o Reino de Deus. Numa região onde a rádio sempre teve um papel fundamental na vida do povo, a Igreja da Amazônia sempre se empenhou em criar rádios que ajudassem levar a informação e o Evangelho até as cabeceiras dos rios e igarapés, até os lugares mais distantes, onde o povo recebe com alegria as notícias chegadas de longe, também as notícias chegadas da Rádio Vaticano, as notícias do Papa. Parabéns para Rádio Vaticano pelos 90 anos de empenho comunicador, parabéns por sua perseverança em levar a mensagem do Evangelho, a voz do Papa, até os locais mais distantes, por ajudar o povo a se informar. Que esta data seja um impulso para continuar essa bela missão, de levar a voz da Igreja até os confins do mundo.