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“Serei sempre grato ao Papa Francisco por ter-me enviado para Manaus”. Dom Leonardo analisa seu primeiro ano como arcebispo

  No dia 31 de janeiro de 2020, Dom Leonardo Steiner iniciava sua missão como arcebispo de Manaus, algo pelo qual será “sempre grato ao Papa Francisco”. Depois de um ano, ele faz um balanço desse tempo em que em que “apesar da pandemia vou conhecendo as comunidades e a realidade da Arquidiocese”. Ele tem descoberto situações de descaso, mas também tem aprendido muito com a igreja da capital do Amazonas, uma das cidades do mundo mais atingidas pela pandemia da Covid-19, que segundo dados oficiais, reportados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas, até 31 de janeiro, eleva o número de contágios na cidade de Manaus a 120.160 e 5.575 falecidos, 2.195 no mês de janeiro. Tudo isso, consequência, em grande parte, de um sistema de saúde sucateado no Amazonas. Na Arquidiocese de Manaus faleceram cinco padres, vítimas da Covid-19, até 31 de janeiro, o que deve levar, segundo o arcebispo, “a pensar melhor o nosso modo de ser Igreja, onde os leigos exerçam mais ministérios”, insistindo no desafio de “instituir ministérios leigos que ajudem as comunidades na dinâmica da vida do Evangelho”. Inclusive ele já pensa na convocatória de “uma assembleia diocesana tão logo for possível”, e assim “ver propostas para a pós pandemia”. O impacto econômico da pandemia está atingindo também à Igreja católica, o que deve levar a ser “uma Igreja de comunhão e participação, onde nos sentimos todos Arquidiocese nas necessidades, na pobreza, na riqueza e nos dons”. Para superar a pandemia, a vacina, que é vista por Dom Leonardo como “uma questão da ética do cuidado”, se torna uma questão fundamental, sendo difícil entender que “altas autoridades do país ataquem a vacina como se não fosse necessária”. O senhor está completando um ano do início da sua missão como arcebispo de Manaus. O que marcou sua vida ao longo dos últimos doze meses? É uma graça estar na Amazônia. Serei sempre grato ao Papa Francisco por ter-me enviado para Manaus. Apesar da pandemia vou conhecendo as comunidades e a realidade da Arquidiocese. Não deixa de chamar a atenção o descaso com a saúde, com a periferia da cidade de Manaus, com os indígenas; o nosso descuido com o meio ambiente, especialmente em relação ao lixo e o saneamento básico; a admirável arquitetura das construções, infelizmente abandonada. Esses meses aprendi muito com a religiosidade das comunidades, a solidariedade e generosidade do nosso povo. A pandemia veio despertar ainda mais a solidariedade e o cuidado para com os pobres. É tocante ver como as pessoas tem preocupação com os mais necessitados e sabem repartir. Os leigos são ativos, sentem-se Igreja, e existe no clero um senso de pertença a Igreja que está em Manaus. Manaus tem sido uma das cidades mais atingidas pela pandemia da Covid-19, tanto na primeira como na segunda onda, tendo graves consequências na vida do povo e da Igreja manauara. O que isso tem representado e quais os ensinamentos que a sociedade e a Igreja deveriam tirar de vista do futuro? Um dos motivos de tantas mortes foi o colapso do sistema público de saúde. Os governos têm ignorado, tem sucateado o sistema de saúde no Amazonas. As pessoas morrerem sufocadas por falta de oxigênio demonstra uma realidade que pede ação da Justiça e um movimento da sociedade de fiscalização do dinheiro público; exigir uma gestão digna, justa. O que espanta é a indiferença e a incapacidade de demonstrar solidariedade com os entes federativos e com as famílias enlutadas. Ficou evidente o descaso com os indígenas que vivem na cidade. Aprendemos como Igreja a estar ainda mais ao lado dos pobres, com os pobres. Aprendemos a organizar ainda mais a nossa caridade. A impossibilidade de participação presencial nas igrejas nos responsabilizou no viver o evangelho. Estarmos distantes significou proximidade na oração, na leitura da Palavra de Deus. Cresceu o desejo de nos encontrarmos nas celebrações. Foi necessário encontrar modos de continuar a iniciação à vida cristã das nossas crianças, jovens e adultos. Foi e está sendo um exercício no seguimento de Jesus. A Arquidiocese de Manaus tem perdido cinco padres desde o início da pandemia. A falta de clero na Amazônia e na arquidiocese sempre tem sido um desafio. Qual tem sido seu sentimento como arcebispo, diante da perda desses seus colaboradores mais próximos? Sim, vieram a óbito cinco padres, mas também irmãos e irmãs que eram lideranças nas comunidades, que exerciam diversos ministérios. A sensação de perda, na realidade, apenas nos remete para a realidade definitiva, o Reino na sua plenitude. Os presbíteros são os colaboradores mais próximos das comunidades na Igreja. Eles são os animadores, formadores das comunidades e os que presidem sacramentos. Somos levados a pensar melhor o nosso modo de ser Igreja, onde os leigos exerçam mais ministérios. Manaus é uma igreja que dá muita importância às lideranças das comunidades. Seremos provocados a instituir ministérios leigos que ajudem as comunidades na dinâmica da vida do Evangelho. Mas, não nos esqueçamos que os irmãos e irmãs que vieram a óbito, continuam conosco, pois vivemos na Comunhão dos Santos. Eles e elas nos acompanham nas nossas tentativas de ser presença do Reino da verdade e graça, da justiça, do amor e da paz. A pandemia tem acrescentado o enfrentamento social e político no Brasil. Quais são as causas de tudo isso e quais deveriam ser as consequências? A pandemia veio desnudar a nossa realidade social, política, econômica, mas também religiosa. Temos mais pobres do que calculávamos e teremos bem mais passada a pandemia. Trouxe às claras o modo da indiferença em relação aos que padecem com o vírus, do negacionismo em relação à ciência, da violência em relação à dor e às mortes, das políticas públicas não discutidas, aprovadas e executados nesse tempo da pandemia. Lideranças políticas transgrediram as recomendações da ciência e desejaram impor tratamentos sem comprovação científica. Falta quem lidere, organize a vacinação da população. Não podemos esquecer que lideranças religiosas acharam que seriam capazes de expulsar o vírus, prestando um desserviço no enfrentamento…
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20 concentradores de oxigênio e 50 BIPAPs chegam em Manaus. Dom Edson e Dom Leonardo agradecem de coração

Neste domingo, 31 de janeiro, chegavam em Manaus 20 concentradores de oxigênio e 50 BIPAPs. Diante disso, Dom Leonardo Steiner, agradecia “a generosidade de tantas pessoas, especialmente a generosidade do Papa Francisco”. Segundo o arcebispo de Manaus, os equipamentos recebidos serão enviados para o interior do Estado do Amazonas, “estamos vendo junto aos irmãos das nossas dioceses onde houver mais necessidade”. Dom Leonardo afirmava que “assim, estamos devagarinho, tentando ajudar graças à solidariedade e o amor de tantos irmãos”. Nos primeiros 30 dias do ano 2021, faleceram no estado do Amazonas, vítimas da Covid-19, oficialmente, 2.733 pessoas. Essa realidade leva Dom Edson Damian a dizer que “a situação da pandemia, aqui no Estado do Amazonas, continua dramática e incontrolável”. No dia 15 de janeiro, o Regional Norte 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), lançava a campanha, “Amazonas e Roraima contam com sua solidariedade”, que tem despertado a solidariedade de muita gente, no Brasil e no exterior. O presidente do Regional Norte 1 da CNBB tem agradecido de coração, “as contribuições generosas que vieram do Papa Francisco, das dioceses, das congregações, e de muitas pessoas do Brasil e do exterior”. As doações, segundo Dom Edson, “estão sendo enviadas aos municípios do interior onde existem pequenos hospitais que podem atender as pessoas que não estão em estado muito grave”. O bispo de São Gabriel da Cachoeira tem denunciado que “essa pandemia revelou as tremendas desigualdades e injustiças sociais do nosso país, mais de 14 milhões de desempregados, mais de um terço das famílias precisam do auxilio emergencial do governo para conseguir sobreviver”. Segundo ele, “além disso, esta pandemia revelou quanto é providencial o SUS, esse Sistema Único de Saúde que consegue atender toda a população, e merece mais verbas do Ministério da Saúde”. Dom Edson Damian tem agradecido a Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, que juntamente com o diácono Francisco, secretário do Regional Norte 1, estão recebendo e enviando essas doações “de uma forma equitativa e transparente”. O presidente do Regional tem lembrado que “cada vida é preciosa, é um dom de Deus”, agradecendo a colaboração recebida e fazendo um chamado a “unir nossas forças”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Regional Norte1 

CNBB organiza Dia Nacional de Oração para “atravessar essa noite escura” da Covid-19

Os efeitos da pandemia da Covid-19, que nas últimas semanas “se agrava sobre nós e dificulta perceber a tão buscada luz no fim do túnel”, tem levado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, a querer “ajudar o povo brasileiro a atravessar essa noite escura”. Sabendo que “muitas ações já vêm sendo feitas em nível local, diocesano e nacional”, a CNBB propõe, “após ouvir algumas ponderações e solicitações”, que no dia 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor, seja realizado “um dia nacional de oração”. Tem sido elaborada “uma programação em nível nacional, parte transmitida pelas TVs de inspiração católica e redes sociais e parte levada a efeito nas dioceses”. Em nível nacional foram organizados diferentes momentos de oração e reflexão, todos transmitidos pelas Redes Sociais da CNBB. O presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidirá uma Missa do Santuário Nossa Senhora da Piedade, às 9 horas da manhã, transmitida pelas TVs Pai Eterno e Evangelizar. De tarde, às 17 horas, será o momento da live sobre as fontes de ânimo em tempo de pandemia. Na parte da noite, às 19 horas, será rezado o terço do Santuário Nossa Senhora Aparecida, transmitido pela TV Aparecida, momento em que a CNBB solicita que em cada casa seja, dentro do possível, colocada uma vela acesa em uma das janelas, de modo que a pequena luz, seja vista por outras pessoas. O dia será encerrado com uma oração na capela da sede da CNBB, às 21 horas. Os horários são seguindo a hora oficial de Brasília. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Organizações eclesiais denunciam a “Discriminação racial no Brasil no contexto da emergência Covid-19”

  Diferentes organizações católicas e evangélicas têm publicado uma nota onde denunciam a “Discriminação racial no Brasil no contexto da emergência Covid-19”. O texto, que tem sido encaminhado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, denuncia a grave situação que a pandemia tem provocado no Brasil, que está “se sufocando pela pandemia e pelo descaso do poder público”.   O texto lembra que “a cada dez pessoas mortas por COVID-19 no mundo, uma é do Brasil”, uma realidade que ainda é mais cruel na Amazônia, que está vivendo “cenários de indizível degradação e total desrespeito da dignidade humana”. Estamos diante de uma pandemia, agravada por decisões políticas, que “está amplificando as profundas desigualdades em nosso País”. As organizações denunciam o escasso investimento público e o crescimento da privatização de serviços essenciais, algo que afeta especialmente às “pessoas negras e indígenas, fortalecendo assim o racismo estrutural de nossa sociedade”.   As organizações fundamentam sua postura com diferentes investigações, que ajudam a entender “um discurso político que mobiliza argumentos econômicos, ideológicos e morais”. Esse discurso se sustenta em notícias falsas que provocam o enfraquecimento da adesão popular às recomendações de saúde baseadas em evidências científicas”. As investigações também mostram que a porcentagem de óbitos cresce entre os analfabetos, negros e indígenas e nas regiões Norte e Nordeste. Ao falar sobre a situação de Manaus, que tudo indica deve superar os 2.000 mortos por Covid no mês de janeiro, muitos deles por falta de oxigênio a frágil estrutura hospitalar, a nota denuncia as “responsabilidades compartilhadas entre as diferentes esferas de poder” no estado do Amazonas. É por isso, que as “organizações denunciam o descaso dos poderes públicos, na esfera federal, estadual e municipal, pelos fatos apresentados e exigem investigações em vista de toda possível responsabilização”. Diante disso, essas organizações dizem apoiar os pedidos de impeachment e solicitam a intervenção de “atores internacionais na região amazônica”.   A nota está assinada pela Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da CNBB, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (CONIC), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Franciscans International , Fundação Luterana de Diaconia, Rede Eclesial Panamazônica – REPAM-Brasil, Rede Igrejas e Mineração, Sinfrajupe – Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia, Articulação Comboniana de Direitos Humanos, e VIVAT International, que engloba várias congregações religiosas: Missionários da Sociedade Verbo Divino,Missionárias Servas do Espírito Santo, Congregação do Espírito Santo, Irmãs Missionárias do Espírito Santo – Espiritanas. Congregação das Irmãs da Santa Cruz, Missionários Combonianos do Coração de Jesus, Irmãs Missionárias Combonianas, Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu – Scalabrinianas, Missionários Oblatos de Maria Imaculada, Congregação das Irmãzinhas da Assunção, Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, e a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração  de Jesus.                        Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Diocese de Roraima suspende até 20 de fevereiro as celebrações com a presença do povo

A Diocese de Roraima, frente ao avanço da pandemia no mês de janeiro, tem promulgado uma série de orientações, em consonância com as novas determinações do governo do Estado de Roraima e dos Municípios, que começam a ter vigência nesta sexta-feira, 29 de janeiro e estarão vigentes até o dia 20 de fevereiro, sábado. No dia 28 de janeiro, os números oficiais indicam que no Estado de Roraima já teve 73.654 casos confirmados e 849 óbitos, como consequência da Covid-19. Segundo o decreto, com data de 28 de janeiro, ficam suspensas todas as Celebrações e eventos religiosos com a participação presencial do povo, sendo convidados os padres a celebrar com uma pequena equipe e transmitir as celebrações pelas redes sociais. Os Casamentos, Batizados e Crismas serão “adiados para o tempo favorável”, e as reuniões pastorais, catequese e conselhos comunitários, suspensos. A imposição das cinzas será realizada no Domingo de retorno das celebrações. Junto com isso, Dom Mário Antônio da Silva, bispo diocesano, pede para rezar nas celebrações a Oração pelos Doentes. O bispo também pede para redobrar o cuidado nas relações de convivência social e manifestar comunhão e afeto com as famílias enlutadas, assim como encoraja a todos a participar do plano de vacinação. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Regional Norte1

Arquidiocese de Manaus cria Rede de escuta espiritual para atingidos pela Covid-19

A pandemia da Covid-19 está provocando graves consequências, não só no plano físico, também no plano psicológico e espiritual. Uma das cidades onde a pandemia tem provocado mais mortes tem sido Manaus. Segundo os dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas, até o dia 28 de janeiro, o número oficial de contagiados era de 115.158, com uma incidência de 5.275,33 casos por 100 mil habitantes, e 5.231 óbitos, com 239,65 falecidos por 100 mil habitantes. Mesmo sendo números muito elevados, especialmente o número de óbitos, existe a suspeita de subnotificação nesses números. A Arquidiocese de Manaus, desde o início da pandemia tem acompanhado o sofrimento do povo. Agora, segundo foi dado a conhecer no dia 28 de janeiro, “a Arquidiocese de Manaus, preocupada com o atendimento espiritual das pessoas atingidas pela Covid-19, aprovou no Conselho Presbiteral a criação da Rede de escuta”.  O objetivo deste novo instrumento de acompanhamento “é acolher com amor, escutar e orientar com misericórdia e paciência os sofrimentos e alegrias das pessoas atingidas pelas consequências da Covid-19”. Esse atendimento será realizado de forma voluntária pelos padres, religiosas/os, leigos/as, que estão sendo convidados pela Coordenação de Pastoral “para que doem seu tempo para ajudar o próximo que está sofrendo e precisando de atenção”. Essa escuta, destinada a “pessoas que necessitam dialogar”, será realizada por “pessoas espirituais, solidários e plenos de compaixão para escutar as angustias, sofrimentos, esperanças e sonhos das pessoas atingidas pela Covid-19”. Num primeiro momento, dada a gravidade do momento que está sendo vivenciado em Manaus nas últimas semanas, onde desde o dia 1° até o dia 28 de janeiro já faleceram vítimas da pandemia, 1.851 pessoas, segundo números oficiais, esse atendimento será realizado através de WhatsApp, buscando “escutar as pessoas que desejarem falar e receber uma palavra de conforto neste momento de isolamento social provocado pela pandemia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Regional Norte1

Solidariedade que salva vidas

Na madrugada de terça-feira chegavam em Manaus, num voo da Força Aérea Brasileira, 101 cilindros de oxigênio, fruto da Campanha “Amazonas e Roraima contam com a sua Solidariedade”, da CNBB Norte1. Imediatamente, nas primeiras horas da manhã, esses cilindros, mesmo com as dificuldades que devem ser enfrentadas, pois o Estado do Amazonas controla a distribuição de oxigênio, participando de claros esquemas de corrupção e desvio, esses cilindros foram distribuídos em vários municípios do interior. Um desses municípios foi Tefé, onde Dom Fernando Barbosa, bispo da Prelazia, junto à representa da Caritas, Francisca Andrade, puderam acompanhar o trajeto dos cilindros do aeroporto até o hospital para fazerem a entrega à secretária de saúde. Depois de ter recebido os cilindros, o prefeito da cidade, Nilson Marreira, enviava ao Regional Norte 1 sua palavra de agradecimento, dizendo: “Muito obrigado. Esses 15 cilindros, hoje à noite estão salvando 35 pessoas que estão usando oxigênio no Hospital Regional de Tefé. Só tínhamos oxigênio hoje até 11 horas da noite. Por isso tive que alugar um voo para trazer”. A mesma coisa aconteceu em Itacoatiara, onde o prefeito Mário Abrahim, após receber os cilindros agradecia por tão significativa doação neste momento de dor angustia que passa a cidade e o Estado do Amazonas, “quero agradecer muito à CNBB, quero agradecer muito à pessoa de Dom Ionilton”, diante de uma necessidade imensa, como ele mesmo reconhecia. A Prelazia de Itacoatiara, segundo seu bispo, tem se empenhado, a través do projeto Puxirum, em adquirir oxigênio e outros elementos indispensáveis diante deste momento de pandemia, como relatava Joelma Rolim, da Caritas da prelazia. A fraternidade é uma atitude sempre precisa, ainda mais no momento atual. Essa solidariedade, diante do descaso e corrupção que a gente vê em amplos setores do poder público, está ajudando a salvar vidas, como nos mostram os testemunhos daqueles que estão sendo beneficiados com a ajuda de tantos católicos e católicas e tantas pessoas de boa vontade no Brasil afora, que se empenham em salvar vidas, neste momento concreto, aqui no Estado do Amazonas. Quando a falta de ética e de responsabilidade provoca a morte dos outros, somos desafiados a protestar com firmeza, quando a burocracia, mas do que ajudar, dificulta a resposta rápida diante da necessidade urgente, temos que protestar, quando vemos que resolver problemas pessoais é colocado acima do bem comum, não podemos menos do que protestar. Ficar calados nos torna cúmplices de um sistema que mata os mais fragilizados da nossa sociedade, e isso nos afasta da condição de seres humanos, ainda mais da nossa condição de homens e mulheres de fé. Não vamos medir esforços para continuar salvando vidas, para continuar cuidando daqueles que o poder público e a própria sociedade descartam. Sejamos canais de transmissão do bem, sejamos promotores de um mundo diferente, onde os valores que nascem de Deus se façam presentes na nossa vida, e a través da gente na vida dos outros. Estamos diante de um momento da história em que ser humanos, fraternos, solidários, tem se tornado uma urgência inadiável. Não duvide, a solidariedade salva vidas, não tenha medo de sê-lo e de fazer saber isso aos outros. Luis Miguel Modino, Assessor de Comunicação CNBB Regional Norte1 Editorial Rádio Rio Mar

Dom José Albuquerque: “Todos nós somos um povo sacerdotal. Isso inclui também as mulheres”

Na festa do Batismo do Senhor, no dia 10 de janeiro, o Papa Francisco publicava o motu proprio Spiritus Domini, sobre a modificação do cânon 230 § 1 do Código de Direito Canônico acerca do acesso das pessoas do sexo feminino ao ministério instituído do leitorado e do acolitado. “Na realidade, o Papa está dando uma confirmação daquilo que as comunidades estão vivenciando nesta dimensão da ministerialidade”, segundo Dom José Albuquerque.   O bispo auxiliar de Manaus afirma que “o Papa está confirmando que estamos no caminho certo”. Segundo ele, “a Igreja do Brasil, já desde o Concilio Vaticano II, vem valorizando a vocação e missão dos leigos e das leigas, destacando seu protagonismo na comunidade eclesial e na sociedade, vem sempre falando do protagonismo dos leigos e das leigas. Nesse caso sempre enfatizando a presença das mulheres na vida da igreja”. O documento pontifício vai respaldar o que vem sendo feito, mesmo que isso não é algo unânime, não acontece em todos os lugares. Dom José afirma que “não é uma questão feminista que está em jogo, é uma visão de Igreja, toda uma compreensão daquilo que a gente é. A Igreja não pode viver em guetos, com divisão, deixando alguém fora da missão da evangelização, que é para todos”.   O motu proprio nos ajuda a “relembrar que todos nós somos um povo sacerdotal. Isso inclui também as mulheres, a gente não pode cometer esse equívoco, que o masculino é aquele que tem mais espaço, que tem mais importância, nada disso”, insiste Dom José Albuquerque. Para ele é motivo de alegria “saber que o Papa Francisco está nos ajudando a abrirmos caminho, incentivando as mulheres a terem uma maior atuação em todos os espaços possíveis, pensando em que as mulheres possam ter uma maior participação”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “esses serviços ligados à liturgia, não podem ser considerados os mais importantes, nem os mais imprescindíveis na organização da Igreja, nem na dimensão pastoral, nem muito menos no que diz respeito à dimensão teológica”. Falando da experiência da Amazônia e da arquidiocese de Manaus, onde Dom José Albuquerque foi ordenado padre diocesano há quase 25 anos, ele afirma que “já temos uma caminhada bem consolidada, falando da presença das mulheres”. Em Manaus, “as mulheres já recebem o ministério da Palavra, aonde não só as mulheres podem proclamar a Palavra de Deus, que isso já é uma prática de mais de 40 anos, mas aqui as mulheres podem presidir a celebração da Palavra”, algo que já acontece em todo o Brasil, e que deve ser assumido nos lugares onde não está acontecendo.   Para Dom José Albuquerque, a presença das mulheres, “para nós aqui da Amazônia é quase que imprescindível, porque muitas comunidades não poderiam celebrar se não tivesse essa presença e essa liderança. A imensa maioria das nossas lideranças são mulheres, das várias faixas etárias, também jovens mulheres participando dessa linha de frente”. O documento do Papa pode abrir a possibilidade de outros ministérios, afirma o bispo, como é o ministério do catequista. Ele diz que “quando a gente fala do catequista, 90% são mulheres. Então por que não dizer o ministério da catequista, seria uma forma de valorizar esse serviço que é tão necessário na evangelização”. A partir daí “podemos pensar outros ministérios, nesse tempo de pandemia, o ministério da consolação, rezar nos velórios, dirigir exéquias. São celebrações que as mulheres já fazem em muitos lugares onde não tem o ministro ordenado, seja o padre, seja o diácono”, segundo ele.   A mesma coisa com “o ministério da caridade, o ministério de ajuda aos pobres, não só de visita, mas de promover ações concretas de solidariedade”, insiste Dom José, lembrando que “muitas mulheres estão atuando junto aos moradores de rua, aos migrantes, as pessoas que estão vivendo situações de fragilidade social, com esses milhões que estão passando por tremendas dificuldades”. Também a Pastoral da Criança, onde as mulheres “exercem um verdadeiro ministério, visitando as famílias, acompanhando as crianças, as grávidas, ajudando na formação espiritual, cuidando da dimensão da saúde da família”, um ministério que o bispo define como “quase revolucionário, são agentes de pastoral que estão atuando fora do espaço físico da comunidade, da Igreja”. Inclusive, ele diz que “eu faço uma associação com a pessoa de Jesus, que vai visitando as pessoas nas suas casas, e lá vai evangelizando, vai compartilhando a vida da família, vai levando ânimo, alegria”.   Diante da pergunta que algumas pessoas se fazem sobre por que o Papa não é mais ousado?, Dom José Albuquerque destaca que “a gente sabe que as mudanças não acontecem de cima para baixo, ele está apenas, em nome da Igreja, aquilo que o Espírito Santo está fazendo, todo esse movimento de mudança, de transformação que vem pouco a pouco das periferias, dos lugares mais distantes”. Nas comunidades mais distantes da Amazônia a gente se depara com “a atuação de verdadeiras líderes, de mulheres que dão um testemunho bonito da fé. A Igreja, de algum modo na Amazônia, ela continua existindo e caminhando graças às mulheres, isso não tenhamos dúvidas, porque a grande maioria daquelas que assumem os mais diversos serviços, dentro e fora da comunidade eclesial, são mulheres”.   O motu proprio é consequência do Sínodo para a Amazônia, onde Dom José foi um dos padres sinodais. Ele destaca que “isso foi unânime na voz das mulheres que lá estavam na sala sinodal, mas também foi um refrão muito repetido por parte de muitos bispos, não só na América Latina, mas também em outras partes do mundo”. O bispo insiste em que “não podemos falar e agir desta forma, deixando as mulheres de lado, ou colocando-as num papel secundário”. Estamos diante de “uma forma de reforçar a eclesiologia do Vaticano II, somos Povo de Deus a caminho, e esse povo não está preso a uma estrutura piramidal, pelo contrário, a gente está sempre aprendendo, revendo”.   O processo de escuta do Sínodo para a Amazônia mostrou a importância de que “ninguém fique de fora…
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CNBB Norte 1 envia sopros de vida para o interior do Amazonas

  Cuidar da vida deve ser a missão fundamental daqueles que querem caminhar com Deus. O Regional Norte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, lançava no dia 15 de janeiro a campanha “Amazonas e Roraima contam com sua Solidariedade”, que tem mobilizado católicos e pessoas de boa vontade de todos os cantos do Brasil e diferentes países do exterior. A demanda por oxigênio é muito alta no estado do Amazonas, nem só em Manaus, como também no interior do estado. São muitas as pessoas que se debatem entre a vida e a morte por falta de oxigênio. Os números oficiais, coletados semanalmente pela Rede Eclesial Panamazônica – REPAM, dizem que na última semana, nos munícipios que fazem parte do Regional Norte 1, que engloba uma população de aproximadamente 4,5 milhões de pessoas, foram contagiadas 19.222 pessoas e teve 950 óbitos confirmados por Covid-19. Para se fazer uma ideia da gravidade da situação é como se na última semana tivessem morrido 45 mil pessoas por Covid-19 no Brasil todo. Na madrugada desta terça-feira chegavam em Manaus, após vários atrasos provocados pela burocracia, 101 cilindros de oxigênio, que imediatamente tem sido distribuído para diferentes municípios do interior. Podemos dizer que a campanha da CNBB Norte 1 está fazendo possível que sejam enviados sopros de vida para o interior do Amazonas. Tudo isso superando as dificuldades que o poder público, em todos os níveis, coloca, inclusive participando de esquemas de corrupção, pretendendo muitas vezes impedir que as doações cheguem aos destinatários. Dois dos munícipios beneficiados pela campanha tem sido Manacapuru, que precisa de 150 cilindros por dia, e Tefé, que atualmente está com uma demanda diária de 40 cilindros, que estão entre os mais atingidos pela pandemia no Estado do Amazonas. Representantes das prefeituras, ao receber os cilindros doados mostravam as dificuldades que estão sendo vivenciadas nessas cidades.  No caso de Tefé, Ricardo Vieira, reconhecia que o trabalho é árduo. Todos os dias estão aumentando os casos no município, o que, segundo ele, demanda da população a toma de consciência da necessidade de ficar em casa. A logística para o traslado dos cilindros é muito complicada. No caso de Tefé só é possível por via fluvial e aérea, o que eleva os custos e provoca demoras que às vezes tem consequências fatais. Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB, que em nome dos bispos do Regional recebeu a doação, disse que “tem havido bastante solidariedade por parte da Igreja do Brasil, também de outras instituições”. Segundo ele, receber esses 101 cilindros de oxigênio é motivo de “muita alegria, sinal de esperança em meio a essa situação”. Nessa doação tem que ser destacado a importância que tem para as prefeituras o fato de receber os cilindros, que tem um alto custo, pois esses cilindros poderão ser recarregados, facilitando a atenção aos pacientes. De fato, essa falta de cilindros está sendo um dos grandes problemas nas últimas semanas no estado do Amazonas. Além do oxigênio, a campanha “Amazonas e Roraima contam com sua solidariedade”, tem ajudado, segundo o secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB, com a aquisição de Equipes de Proteção Individual e outros materiais de segurança para os profissionais de saúde, que em muitos municípios sofrem pela escassez. Em entrevista à Rádio Rio Mar, da Arquidiocese de Manaus, Francisco Lima agradecia “a todos aqueles que tem colaborado, a todos aqueles que tem doado”. Um desse doadores tem sido o Papa Francisco, que junto com sua preocupação e oração, manifestada na audiência pública da última quarta-feira, já enviou uma doação econômica para a região. Francisco Lima tem afirmado que “nós estamos buscando outras alternativas de como poder amenizar a dor da nossa gente, a dor do nosso povo”, mesmo sendo consciente de que a doação chegada é “uma quantidade insuficiente para a demanda que a gente tem aqui no Amazonas”. De fato, o local onde os 101 cilindros foram distribuídos em pouco mais de uma hora, tem uma longa fila de veículos de diferentes municípios do interior do Estado do Amazonas à procura de cilindros, uma missão árdua diante da escassez, claramente existente, mesmo que o poder público se empenhe em dizer que a situação está controlada. O secretario executivo do Regional Norte 1 disse que as pessoas podem continuar ajudando, pode ser a través da conta do Regional, assim como de campanhas que estão acontecendo em algumas dioceses e prelazias. “As nossas dioceses e prelazias estão atentas a essas realidades, e elas têm procurado na medida do possível ir somando forças, é uma rede de solidariedade que vai se formando”, segundo Francisco Lima. Ele agradecia a ajuda do Instituto Philantropia Inteligente, que enviou uma parte dos cilindros e da Força Aérea Brasileira, que fez o traslado desde Belo Horizonte. São muitas mãos solidarias nesta campanha, segundo Lima, que também conta com a ajuda organizativa da Articulação Regional da Caritas Brasileira. Luis Miguel Modino Assessor de Comunicação CNBB Regional Norte 1 

“Só 85 reais, mas é de coração”. A fraternidade se faz realidade com gestos pequenos

  Gestos singelos, pequenas contribuições, é o que permanece na memória da gente por muito tempo. Nos últimos dias, o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, tem experimentado muitos sinais de fraternidade, gestos que mostram que há pessoas que se empenham em ajudar aquele que sofre, que querem ser instrumento de consolo através de pequenos gestos. A Campanha “Amazonas e Roraima contam com sua solidariedade” já arrecadou mais de meio milhão de reais. As doações tem chegado de todos os cantos do Brasil e de diferentes lugares do mundo, em diferentes quantias, mas também aquelas que fazem presente que a cena do óbolo da viúva ainda faz parte da vida da nossa sociedade, da vida da nossa Igreja. Após ser lançada a campanha a través dos meios de comunicação, das redes sociais e aplicativos de transmissão de mensagens, muitas pessoas tem se solidarizado. Uma mensagem que chegou até o Regional Norte 1 da CNBB foi a de Antônio José, animador da Comunidade de Oiticica, município de Senador Pompeu, no interior do Ceará, onde dizia que “estamos depositando uma doação na conta que foi disponibilizado nesta rede social”. Morador do interior do município, ele foi na cidade para depositar a coleta do domingo 17 de janeiro. Ele falou, “é pouco, só 85 reais, mas é de coração. Esse foi o ofertório de domingo passado. Somos uma comunidade pequena”. Ninguém pode duvidar que o pouco com Deus é muito e que é na partilha que a gente faz realidade um mundo mais fraterno, onde o sofrimento do outro provoca empatia, compaixão, solidariedade. Essa é a Igreja samaritana, que se torna referente na vida de todos, inclusive daquele que não tem fé. Você pode continuar contribuindo, sua generosidade salva vidas. Não importa a quantidade, o importante é que é de coração.