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Grupo Oscar Romero de Florianópolis envia nota de solidariedade ao Regional Norte 1 da CNBB

Numa mensagem dirigida ao presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, Dom Edson Damian, o grupo Oscar Romero, com sede em Florianópolis – SC, enviava uma nota, com o título “Oxigênio da Solidariedade”, onde dizem que “é com tristeza e indignação que nos solidarizamos com as pessoas e comunidades da Amazônia que sofrem brutalmente em virtude do agravamento da pandemia da Covid-19”. O grupo tem uma “identidade cristã, mas plenamente aberto à diversidade e pluralidade de crenças ou não crenças, se encontra para conviver, comungando a palavra, compartilhando pão e ideias”. Junto com isso, trata-se de um grupo comprometido com “o cuidado com a vida das pessoas e da nossa casa comum, a Terra, pelo trabalho e colaboração em comunidades empobrecidas, grupos e organizações que se engajam na luta por uma sociedade para todos/as”. Com a nota pública, o grupo Oscar Romero, quer se solidarizar publicamente à campanha “Amazonas e Roraima contam com a sua solidariedade”. Além disso, “frente aos acontecimentos recentes”, o grupo está “buscando arrecadar recursos dentro e fora do nosso grupo”.

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira pede “ajudar a fazer a vacina chegar o mais rápido em nossos municípios”

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira lançava nesta segunda-feira, 18 de janeiro, uma mensagem ao povo da Prelazia de Itacoatiara onde afirmava que “com a aprovação da vacina pela Anvisa, nossa luta agora será duas”. Em primeiro lugar, o bispo colocava como desafio “ajudar a faze-la chegar o mais rápido em nossos municípios. Por isto peço que acompanhemos o que cada Secretaria de Saúde estará fazendo para obter a vacina”. Junto com isso, Dom José Ionilton lançava outro pedido ao povo da prelazia que ele pastoreia: “Ajudar nosso povo a entender que a vacina, hoje, ainda é o único tratamento eficaz para derrotarmos a Covid-19”. Para tornar isso realidade, o bispo de Itacoatiara pede “que façamos um trabalho permanente nas celebrações virtuais e nas redes sociais, para ajudar nesta correta compreensão, superando as mentiras, as notícias falsas sobre a vacina, na linha de pensamento de uma autoridade pública deste país, que nestes 10 meses de pandemia, nada fez para ajudar no combate e ainda, pelo contrário, trabalhou e trabalha contra a vacinação em massa”. Sua mensagem era acompanhada por uma reportagem com um médico que participou da pesquisa para a aprovação da vacina no Brasil e faz parte da SBI – Sociedade Brasileira de Infectologistas. Foto: G1

Grande estudioso da História da Igreja na Amazônia, o padre Celestino Ceretta, falece em Manaus, vítima da Covid-19

  Faleceu nesta segunda-feira, em Manaus, vítima da Covid-19, o padre Celestino Ceretta, religioso Palotino. Missionário na Amazônia desde a década de 1970, ele contribui de maneira importante com a missão da Igreja no Regional Norte 1 da CNBB, especialmente na formação teológica daqueles que ao longo de muitos anos estudaram no Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia – ITEPES, de Manaus. Seus estudos e publicações sobre a História da Igreja na Amazônia são uma referência para quem quer conhecer a história da Igreja, sobretudo no estado do Amazonas. Mas, acima de sua faceta como historiador estava sua missão como padre e religioso, sua defesa da Amazônia e de seus povos, especialmente dos mais pobres. Atualmente, o padre Ceretta, de 79 anos, era vigário paroquial e auxiliar da área pastoral da Ponta Negra, em Manaus. Ele foi um dos padres sinodais na Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia, celebrada no Vaticano em outubro de 2019, contribuindo com seus conhecimentos e sua experiência pastoral. Com a morte do Padre Celestino, já são 5 os padres falecidos vítimas da Covid-19 na Arquidiocese de Manaus. O padre Valter Freitas de Oliveira, Redentorista, falecido no dia 11 de janeiro, frei Assilvio Pessoa Sabino, no dia 14 de outubro, e frei Salvador Moreira Nascimento, no dia 25 de setembro, ambos capuchinhos, e o padre Cairo Gama, diocesano, no dia 4 de maio. Fotos: Vatican News

“Unamos as nossas forças para ajudar tantas pessoas que estão morrendo”, pede Dom Edson Damian

A situação que vive Manaus nos últimos dias, que aos poucos está repercutindo nos municípios do interior do Estado do Amazonas, tem provocado situações angustiantes em muitas pessoas. Conseguir recursos, especialmente oxigênio, tem se convertido num desafio que está sendo enfrentado por muita gente. O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, está sendo uma das instituições que está coordenando esse trabalho de captação de recursos. A Campanha “Amazonas e Roraima contam com sua solidariedade” está ajudando a captar recursos no Brasil todo, que devem chegar nas próximas horas. Num vídeo lançado nas redes sociais, se dirigindo a todos os “irmãos e irmãs de todo o Brasil”, o presidente do Regional afirmava que “nesta hora trágica que vive o Estado do Amazonas e Roraima, devido à situação do coronavírus, é necessário que unamos as nossas forças e os nossos esforços, para ajudar tantas pessoas que estão morrendo por falta de oxigênio e outros recursos básicos”. Dom Edson Damian, seguindo as palavras do Papa Francisco, afirmava que “nós estamos todos no mesmo barco, ou juntos sobrevivemos ou juntos vamos morrer”. Em sua breve reflexão, o bispo de São Gabriel da Cachoeira, destacava que “a pandemia, ela nos iguala a todos na fragilidade e na vulnerabilidade”. Isso levava o bispo a afirmar que “oxalá, ela nos iguale também na fraternidade, na solidariedade, na partilha de recursos para ajudar a salvar tantas vidas que estão morrendo em Manaus”. Como tem afirmado repetidas vezes nas últimas semanas a CNBB, uma ideia também defendida pelo Regional Norte 1, seu presidente insistia na urgência das vacinas, e que elas “cheguem antes a esta população, que os recursos sejam partilhados conforme à necessidade imensa deste povo”. Em suas palavras, Dom Edson Damian destacava a emoção que muita gente sentiu diante da chegada em Manaus de “16 profissionais da saúde que foram de diversas partes do Brasil para ajudar a socorrer esse povo”. Esse gesto deve ser seguido, em palavras do bispo de São Gabriel da Cachoeira, “por muitos e muitas irmãs do nosso Brasil”.  

A Saúde do Povo. Reflexão de Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira

  Diante da situação da Saúde em nosso Estado do Amazonas, que atinge, também de forma dramática ao município de Itacoatiara, queremos começar a nos perguntar: De quem é a responsabilidade da crise com a pandemia da Covid-19 ter chegado neste ponto em nosso País, Estado e Municípios? Para ajudar na busca desta resposta, descrevo a seguir o que está na Constituição Federal do Brasil e na Constituição de nosso Estado: ·          – Constituição Federal: Artigo n. 196 – “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação“. ·         – Constituição do Estado do Amazonas: Artigo n.182 – “A saúde é direito de todos e dever do Estado, assegurado mediante políticas sociais, econômicas e ambientais que visem a eliminação de riscos de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação“. As duas Constituições quando falam da Saúde, falam de que as ações governamentais (Federal e Estadual) devem possibilitar ao nosso povo de não adoecer e se vier a adoecer que possam ter o direito de ser acolhido no hospital, cuidado devidamente, tenha sua saúde recuperada e que voltem para o convívio de suas famílias. Precisamos e temos o direito de ter Oxigênio em nossos Hospitais, Clínicas, UPAs – Unidades de Pronto Atendimento; queremos e temos o direito de ter urgentemente a vacina, como já está acontecendo em mais de 51 países. Não posso deixar de agradecer e louvar a Deus por tantas pessoas voluntárias e generosas de nossa Igreja Católica e de outras Igrejas Cristãs, também, de outras Religiões e Crenças que estão se mobilizando aqui em Itacoatiara, em todo o Amazonas, em outros lugares do Brasil e do Mundo para tentar diminuir a dor e o sofrimento de nossos irmãos afetados pela Covid-19 e de seus familiares. Continuemos movidos pela fé ou somente pelo espírito humanitário, ajudando e buscando ajuda.

Presidente da CNBB e da REPAM-Brasil fazem apelo por ajuda diante a crise sanitária no Amazonas

  Dom Walmor Oliveira de Azevedo – Presidente da CNBB Seguindo o apelo dos bispos do Regional Norte 1 da CNBB, o presidente do episcopado brasileiro, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, e o da REPAM-Brasil, Dom Erwin Kräutler, têm se pronunciado em vídeo sobre a necessidade de ajuda imediata diante da grave situação que está sendo vivida no estado do Amazonas, especialmente em Manaus. As últimas horas têm sido particularmente graves na capital amazonense, como demonstra o fato de esta sexta-feira, 15 de janeiro, ter havido 213 sepultamentos na cidade, um número nunca antes visto, uma vez que a média diária de mortes na cidade é de cerca de 30. Dentre essas mortes, 30 pessoas morreram em casa, sem atendimento médico, por falta de vaga nos hospitais. Dom Walmor afirmou que ante “a gravíssima situação da cidade de Manaus é urgente convocação para os cristãos e para todas as pessoas sensíveis ante o sofrimento do próximo, é tempo de ajudar“. O seu presidente declarou que “a CNBB dará sua colaboração para levar oxigênio aos hospitais da capital do Amazonas“, chamando aos líderes empresariais, empreendedores, classe política, a oferecer seu auxílio. Nas suas palavras, mais uma vez, como já fez várias vezes nas últimas semanas, renovou o pedido de vacinação urgente e denunciou “os especuladores que ganham com as perdas dos outros“, algo que também se verifica em Manaus, onde o preço do oxigénio nas últimas horas atingiu níveis exorbitantes. Como reconhece o presidente do episcopado brasileiro, o agravamento da pandemia em todo o Brasil, “evidencia a fragilidade em planejamentos, em ações do poder público“. Por esta razão, salientou que somos chamados a agir, “a que cada pessoa seja corresponsável pelo próximo, usando máscara, cultivando o distanciamento social, evitando aglomerações”. Dom Walmor apelou a “um novo estilo de vida, sem ufanismos e negacionismos“. Finalmente, pediu a Deus “que proteja a cada um dos brasileiros, com especiais cuidados com os pobres, indígenas, quilombolas, idosos, enfermos e vulneráveis”. No seu pronunciamento, o bispo emérito da Prelazia do Xingu ecoou o apelo de Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, em nome dos bispos do Regional Norte 1, pedindo que fosse enviado oxigênio pelo amor de Deus. O clamor do povo e dos profissionais de saúde inundou os meios de comunicação e as redes sociais nas últimas horas. Um deles foi referido por Dom Erwin: “Ouvi uma profissional de saúde, num hospital, que chorando expressou seu desespero pela falta de oxigênio”. O presidente da REPAM-Brasil, que também falou em nome do Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal da Amazónia da CNBB, manifestou o seu apoio aos apelos angustiantes para que “o governo providencie imediatamente cilindros de oxigênio para os hospitais de Manaus e da Amazônia”. Estamos, segundo Dom Erwin, vendo como “irmãs e irmãos nossos estão falecendo por asfixia, uma morte terrível”. Dom Erwin Kräutler – Presidente da REPAM-Brasil Alguém que é missionário na região há mais de 50 anos denunciou que “não é possível que o Brasil esqueça dos povos da Amazônia numa hora tão cruel, e tampe os ouvidos diante do clamor de gente que está morrendo, e de suas famílias e dos profissionais de saúde, que não podem cuidar dos doentes por falta de oxigênio e tem que olhar passivos como doentes morrem sufocados por falta de oxigênio, em terríveis condições”. A Amazónia é uma região que muitas vezes tem sido vista como uma fonte de recursos pelos diferentes governos, uma atitude que tem aumentado nos últimos tempos, especialmente durante a pandemia da Covid-19, na qual a falta de fiscalização facilitou a exploração ilegal de matérias-primas, aumentando os incêndios e a poluição ambiental. Estamos falando de um território onde os direitos fundamentais da população muitas vezes não são cobertos. Face a esta situação, o presidente da REPAM-Brasil clamou: “Pelo amor de Deus e de Nossa Senhora, Manaus, a Amazónia, é o Brasil. Por favor acordem para os povos que aqui vivem e querem sobreviver a esta pandemia”.

O Regional Norte 1 da CNBB manifesta sua preocupação e solidariedade diante da crise sanitária no Amazonas

  O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB lançou uma nota neste 15 de janeiro diante da crise sanitária no Amazonas, provocada “pela segunda onda da pandemia da Covid-19, que está acontecendo no estado do Amazonas, sobretudo em Manaus”. No texto, assinado pela Presidência do Regional, Dom Edson Tasquetto Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira, Presidente do Regional Norte I – CNBB, Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus, Vice Presidente do Regional, e Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo da Prelazia de Borba, Secretário do Regional, “manifesta sua preocupação e sua solidariedade com as pessoas que estão sofrendo as consequências da falta de leitos hospitalares, atendimento médico e oxigênio”. O aumento dos números de contagiados e falecidos vem sendo uma constante nas últimas semanas, especialmente desde o dia 1° de janeiro. Em Manaus, os sepultamentos nos últimos dias estão sendo os mais altos desde o início da pandemia, crescendo o número de pessoas que tem falecidos nas suas casas. Tudo isso tem como causa, segundo a nota do Regional, “o relaxamento das medidas de distanciamento e a falta de cuidado pessoal, sobretudo o uso de máscara e álcool gel”. Além disso, os bispos mostram “nossa indignação diante da situação que estamos vivenciando, dado que os informes dos cientistas e epidemiologistas, que há vários meses vem anunciando a chegada de uma segunda onda, nem sempre tem sido escutado, não sendo tomadas as medidas sanitárias cabíveis”. A nota pede das autoridades “empenho para evitar o maior número de mortes possíveis, e da população amazonense, que os cuidados e o respeito pelos decretos promulgados sejam assumidos por todos e todas, como instrumento que ajude a conter os efeitos da segunda onda da pandemia”. O Regional Norte 1 faz “um apelo para a prioridade do Amazonas na vacina”, manifestando “nossa solidariedade e oração para com aqueles que vivem momentos de dor e sofrimento”. O Regional Norte 1 está promovendo uma campanha solidária, que leva por nome “Amazonas e Roraima contam com sua solidariedade”, que possa ajudar nas diferentes dioceses e prelazias diante das necessidades que estão surgindo neste momento de grave dificuldade. As doações, em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Norte 1 (AM – RR), podem ser realizadas na conta do Banco Bradesco Agência: 0320, C/C: 0541104-4, CNPJ: 33.685.686/0012-03, Chave PIX – CNPJ: 33685686001203.  

“Pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio”, apelam os bispos do Amazonas e Roraima

  A situação que está sendo vivida no estado do Amazonas, especialmente em Manaus, onde a falta de oxigênio está provocando o trágico aumento das mortes, em consequência da segunda onda da pandemia da Covid-19, tem feito com que o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, em nome dos bispos dos estados do Amazonas e Roraima, tenha um feito um pronunciamento onde lança um apelo contundente: “pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio, providenciem oxigênio”. No vídeo publicado nesta sexta-feira, depois de ser vividos momentos de grande tensão nas últimas horas, o arcebispo de Manaus relata que “na primeira onda da Covid-19, as pessoas morriam por falta de informação, por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTIs do Amazonas e Roraima. Hoje, na segunda onda, as pessoas vêm a óbito por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTIs, e por incrível que pareça, por falta de oxigênio”. A situação é tão grave que, em palavras de Dom Leonardo, “as pessoas, mesmo internadas, falta a elas oxigênio”. Foto: Divulgação Secom Diante disso, e do apelo por oxigênio, o arcebispo da capital do estado do Amazonas, enfatiza que “as pessoas não podem continuar a morrer por falta de oxigênio, por falta de leitos nas UTIs”. A situação só será superada na medida em que todos tomem consciência da necessidade de união. Por isso, ele faz o pedido para “deixar de lado as agressões, os negacionismos, nós vamos deixar de lado a política que divide, que corrompe, vamos deixar de lado os lucros acima da pandemia”. Ao mesmo tempo, Dom Leonardo insiste em que “nós coloquemos a serviço de todos a nossa humanidade melhor, e que coloquemos também a serviço de todos as nossas forças espirituais”. O arcebispo também faz um chamado para que “nós cuidemos do distanciamento, usemos máscara e não descuidemos da saúde”.  Ele reconhece com pesar que “nós estamos num momento difícil, nós estamos num momento de pandemia, quase sem saída”. Para superar esse momento tão grave e trágico, ele faz um último apelo para “que todos nós possamos dar a nossa contribuição e nos engajar solidariamente no cuidado da vida de todas as pessoas”.

Números arrepiantes, mas realmente preocupantes?

  Mais uma vez, Manaus está na mídia, mais uma vez a morte tem convertido nossa cidade em manchete nacional e mundial. Os números de contagiados, internados e falecidos, especialmente desde o início do ano, podemos dizer que são arrepiantes, mas realmente são preocupantes? Passar na frente de um hospital ou de um SPA é se deparar com a chegada constante de ambulâncias e carros em busca de uma vaga, algo cada vez mais complicado. As pessoas esperam do lado de fora por notícias que muitas vezes demoram horas para chegar. O choro, fruto da impotência, toma conta de homens e mulheres que veem como seus entes queridos se debatem entre a vida e a morte. Manaus vive uma situação trágica, a pior desde o início da pandemia, como mostram os números da Fundação de Vigilância em Saúde e de sepultamentos nos cemitérios. Negar essa realidade é querer tampar o sol com uma peneira. Mesmo assim, alguns ainda negam essa situação, pois a morte só nos importa quando ela chega perto da gente, bem perto. O pior de tudo, é que ela está chegando cada vez mais próxima, está batendo na porta de casa. Neste dia 13 de janeiro, entre os casos confirmados de Covid-19 no Amazonas, há 1.553 pacientes internados, sendo 1.034 em leitos clínicos e 492 em UTI, nas redes pública e privada. Há ainda 27 em sala vermelha, estrutura voltada à assistência temporária para estabilização de pacientes críticos/graves para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde. Além disso há outros 555 pacientes internados, que aguardam a confirmação do diagnóstico. O Amazonas tem ainda, 374 pessoas na fila à espera de leito para internação. Ou tomamos consciência da realidade ou dificilmente vamos superar uma pandemia que está no meio de nós desde há dez meses e que ninguém sabe quando é que vai acabar. A maior esperança, a vacina, no Brasil só vai chegar no dia D e na hora H, como dizia o Ministro da Saúde nesta semana, precisamente aqui em Manaus. Mais uma declaração que só coloca mais incertezas na população. Que os números não são preocupantes para boa parte dos manauaras é algo que a gente vê nas ruas, onde a falta de cuidados consigo próprio e com os outros é prática habitual. Mais uma vez a falta de empatia, de sentimentos de fraternidade, nos mostra a necessidade de refletir como humanidade e nos questionar sobre os princípios que determinam a nossa vida. Entender que a vida, o cuidado da vida, da própria e da alheia, está acima de tudo, é algo que se torna mais do que necessário neste momento da história. Nunca esqueçamos que a preocupação pelo outro é o que nos faz humanos. Numa sociedade muitas vezes desumana, o desafio a mostrar atitudes diferentes é algo cada vez mais urgente. Educar para o respeito, para o cuidado, para a empatia e a fraternidade está sendo uma urgência inadiável, que não depende do outro, depende da gente. Luis Miguel Modino – Editorial na Rádio Rio Mar

Pedro tomou a Palavra (At. 10, 34)

                                                                                                     Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira Bispo da Prelazia de Itacoatiara  (AM)   Esta atitude de Pedro na casa de Cornélio é muito importante. Ele como liderança da Igreja nascente sentiu que aquela era a hora de falar, de orientar, de educar na fé e para o seguimento de Jesus. Como Pedro, também nós, precisamos tomar a palavra, ter a iniciativa, não se pode esperar sempre pelos outros.  Perguntemo-nos: diante dos acontecimentos de nossa família, de nossa Igreja, de nossa sociedade, tomamos a palavra e falamos ou somos da turma do vamos deixar para lá para ver como é que fica? Somos parecidos com o Samaritano (cf. Lc 10, 25-37) que ao ver alguém jogado à beira do caminho, semimorto, para a sua viagem, movido de compaixão, para prestar socorro e salvar uma vida? Ou somos parecidos com o sacerdote e o levita desta mesma parábola que Jesus conta, que ao ver quem caiu nas mãos dos assaltantes, não se sensibilizam e continuam o caminho, talvez para chegarem mais rápido na Sinagoga? O Papa Francisco, na Fratelli Tutti, faz o seguinte comentário sobre esta situação que Jesus apresenta na Parábola do Bom Samaritano: “Com quem você se identifica? É uma pergunta sem rodeios, direta e determinante: a qual deles você se assemelha? Precisamos reconhecer a tentação que nos cerca de nos desinteressar pelos outros, especialmente pelos mais frágeis. Dizemos que crescemos em muitos aspectos, mas, somos analfabetos em acompanhar, cuidar e sustentar os mais frágeis e vulneráveis das nossas sociedades desenvolvidas. Habituamo-nos a olhar para o outro lado, a passar à margem a ignorar as situações até ela nos atingirem diretamente” (n. 64). Pedro, com certeza, ouviu Jesus contar a parábola do Bom Samaritano para o Doutor da Lei, que queria saber quem era o seu próximo. Esta parábola de Jesus deve ter estimulado Pedro a tomar a inciativa. Que nós, também, sejamos estimulados pelo Bom Samaritano e sempre que a situação exigir, sejamos pessoas de inciativa, participativas, solidárias, compassivas, caridosas. Tomar a iniciativa para combater a distinção entre as pessoas Afirma Pedro: “Estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas” (At 10, 34). Podemos nos perguntar: se Deus não faz distinção, como nos ensina Pedro, por que nós fazemos? Por que existe tanta distinção, desigualdade no mundo? Por que de um lado 238 brasileiros e brasileiras acumulam aproximadamente R$ 1,3 bilhão, cerca de 18% do Produto Interno Bruto do Brasil PIB em 2019 (cf. https://www.jornalcontabil.com.br/conheca-os-bilionarios-brasileiros-de-2020/) e do outro lado os 10% mais pobres da população possuem apenas 1% do PIB (cf. https://exame.com/economia/brasil-e-nono-pais-mais-desigual-do-mundo-diz-ibge)? Por isto as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) cantam profeticamente: “O mundo que a gente vive é cheio de divisão, mas Deus não quer isto não!”. Que possamos fazer nossa esta convicção de Pedro: o Deus que eu creio não faz distinção entre as pessoas. Ele ama a todos e quer o bem de todos os seus filhos e de todas as suas filhas. Por isto não posso fazer distinção/discriminação e devo combater acirradamente toda e qualquer forma de distinção/discriminação em nossa família, em nossa Igreja e em nossa sociedade. Que esta nossa convicção nos faça comprometidos com a prática da caridade social, que nos impulsiona a amar o bem comum e a buscar o bem de todas as pessoas (cf. Fratelli Tutti, n. 182). Tomar a iniciativa para fazer o bem Pedro, também, nos ensina que “Jesus andou por toda a parte fazendo o bem” (At 10, 38). Mateus registra o recado de Jesus para João Batista, que queira saber se Ele era ou não o Messias (11, 2-3). Jesus não responde diretamente se ele era ou não o Messias, mas pede que os enviados de João Batista digam para ele o que estavam vendo e ouvindo (Mt 11, 4). No recado de Jesus está a explicação do que disse Pedro na casa de Cornélio: “Jesus andou por toda a parte fazendo o bem” (At 10, 34). Vejamos o bem que Jesus andava fazendo: cegos recuperavam a vista, paralíticos andavam, leprosos eram curados, surdos ouviam, mortos ressuscitavam e os pobres recebiam a boa notícia (cf. Mt 11, 5). Este programa de vida de Jesus deve ser o nosso, como seguidores e seguidoras dEle. Devemos andar por toda a parte fazendo o bem: somente assim mereceremos ser chamados de cristãos e cristãs. O próprio Jesus nos provocou dizendo no contexto da última ceia, depois de lavar os pés dos Apóstolos: “Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz a vós” (Jo 13, 15). Perguntemo-nos: qual o bem que eu tenho feito? Qual o bem que nossa família tem feito? Qual o bem que a nossa Igreja tem feito? Qual o bem que temos feito a partir do exercício de nossa cidadania? Podemos fazer o bem colaborando diretamente como voluntário ou indiretamente apoiando atividades de caridade/solidariedade existentes em nossa igreja e na sociedade, para socorrer e ajudar os empobrecidos e excluídos, como pôr exemplo a Caritas, a CPT – Comissão Pastoral da Terra, o CIMI – Conselho Indigenista Missionário, as Pastorais Sociais (Saúde, Criança, AIDS, Sobriedade, Pessoa Idosa, Carcerária), a Rede um Grito pela Vida (no combate ao tráfico de pessoas), a Fazenda da Esperança, alguma ONG (organização não-governamental). No mundo que nós vivemos, fazer o bem como Jesus fez e ensinou, está totalmente interligado com o serviço aos pobres. Os bispos da América Latina e do Caribe em Aparecida (2007), ensinam que devemos dedicar “tempo aos pobres, prestar a eles amável atenção, escutá-los com interesse, acompanhá-los nos momentos difíceis, escolhê-los para compartilhar horas, semanas ou anos de nossa vida, e procurando, a partir deles, a transformação de sua situação” (nº 397). O Papa Francisco, citando São João Paulo II, afirma na Evangelli Gaudium que “sem a opção preferencial pelos…
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