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A Pan-Amazônia supera os 40 mil falecidos pela Covid-19

A pandemia da Covid-19 está se tornando um foco de morte e desolação em muitos lugares do mundo. Um deles é a Pan-Amazônia, uma região que ao longo da história tem sido atingida por diferentes pandemias, sempre chegadas de fora. Os números da Covid-19 são assustadores, como mostra o último informe da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, com data de 11 de janeiro de 2021. Segundo os números recolhidos pela REPAM, já são 1.715.410 contagiados na Pan-Amazônia e 40.320 falecidos. Mesmo sendo números altos, existe a suspeita de uma alta subnotificação. Na região amazônica a vacina ainda não está sendo aplicada, o que eleva o risco numa população, especialmente os povos originários, com baixa imunidade diante de doenças chegadas de fora. Junto com isso, o sistema de saúde na região é altamente precário, o que exige uma maior atenção por parte dos diferentes estados, que na maioria dos casos não está sendo dada. No caso do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o mais atingido pela doença em toda a Pan-Amazônia, o número de contagiados é de 258.768 e 6.230 falecidos, numa população que não chega em 5 milhões de pessoas. Manaus é a circunscrição eclesiástica com o número mais elevado de contágios e falecidos, com 104.405 contagiados e 3.919 falecidos, segundo números oficiais da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. Esses números têm aumentado exponencialmente desde o início do ano, o que levou a arquidiocese de Manaus a suspender as celebrações e encontros até o próximo dia 22 de janeiro. Diante dessa realidade, a vacina se apresenta como uma necessidade cada vez mais urgente, ainda mais na região amazônica. Nesse sentido, vários episcopados que fazem parte da Pan-Amazônia têm se posicionado exigindo planos de vacinação urgentes. Em sua mensagem de Ano Novo, o presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), e da Conferência Episcopal Peruana, Dom Miguel Cabrejos, afirmava que “a esperança do acesso à vacina para todos é uma necessidade urgente e uma exigência de todos os setores da sociedade”, palavras que a cada dia que passa cobram maior urgência. No mesmo sentido tem se pronunciado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, a través da sua presidência. Dom Walmor Oliveira de Azevedo tem insistido em que “é urgente cobrarmos celeridade dos nossos governantes para o início da campanha de vacinação”. Diante de tantas notícias falsas sobre a vacina, o presidente do episcopado brasileiro faz um chamado a não nos deixar enganar, insistindo em que “as vacinas, antes de chegar na população, são amplamente testadas por variadas equipes de cientistas independentes, sem compromissos ideológico-partidários”.

“É urgente cobrarmos celeridade dos nossos governantes para o início da campanha de vacinação”, exige Dom Walmor

  Mais uma vez, o negacionismo da pandemia da Covid-19 e da importância da vacina, tem provocado o posicionamento de Dom Walmor Oliveira de Azevedo. Num vídeo publicado nesta segunda-feira, 11 de janeiro, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, tem definido a pandemia da Covid-19 como “um deserto que todos nós, família humana, estamos atravessando, uma travessia difícil, angustiante”, lembrando que, oficialmente, já são mais de “200 mil mortes no Brasil, famílias enlutadas”. Desde o início da pandemia, a morte se tornou algo próximo de todos os brasileiros e brasileiras. Segundo Dom Walmor, “cada um de nós conviveu ou conhece alguém que perdeu a vida para a pandemia”. Diante dessa realidade, ele insiste em que “para vencer essa travessia precisamos caminhar juntos”, algo cada dia mais complicado num país onde a divisão tem se instalado como política de estado. O presidente da CNBB lembra que “a ciência oferece-nos diferentes vacinas, fruto de muitas pesquisas”. Junto com isso, lembra que “muitos países já iniciaram campanhas de imunização e avançam no enfrentamento deste vírus, que é invisível, mas letal”. Enquanto isso, no Brasil não está claro quando será que vai começar a vacinação. Por isso, o arcebispo de Belo Horizonte – MG, adverte que “nós não podemos ficar para trás”. Ele enfatiza em seu pronunciamento que “é urgente cobrarmos celeridade dos nossos governantes para o início da campanha de vacinação”. Num país onde as notícias falsas inundam as redes sociais e os aplicativos de mensageria, Dom Walmor insiste em que “não podemos nos deixar enganar por notícias falsas”. Está querendo ser transmitido à sociedade brasileira a ideia de que as vacinas podem provocar consequências graves na saúde da população, quando na verdade, como lembra o presidente da CNBB, “as vacinas, antes de chegar na população, são amplamente testadas por variadas equipes de cientistas independentes, sem compromissos ideológico-partidários”. Não podemos esquecer, como lembra o arcebispo de Belo Horizonte, que “graças às vacinas, a humanidade venceu doenças e pandemias ao longo da sua história”, enfatizando que “os riscos de se vacinar são infinitamente menores do que as ameaças da doença que a cada dia mata mais pessoas”. Diante da situação da saúde pública, cada vez mais ameaçada no país, uma realidade que piorou ainda mais neste tempo de pandemia, Dom Walmor faz um chamado à população brasileira para que “insista junto às autoridades públicas para que fortaleçam o Sistema Único de Saúde, o SUS, para que cada pessoa, rica ou pobre, tenha direito a se vacinar”. “A vacina nos ajuda a superar a Covid-19”, insiste o presidente da CNBB. Frente a isso, ele adverte que “a pandemia se tornará ainda mais perigosa se a desinformação prevalecer, afastando as pessoas da vacina”. Para poder superar a pandemia, Dom Walmor faz um pedido a todos os brasileiros, dizendo: “convença a seus familiares e amigos sobre a importância da vacina, evite compartilhar notícias falsas que busquem desacreditar a pesquisa científica”. Junto com isso faz um chamado a que “sejamos mais corresponsáveis uns pelos outros”, lembrando que isso “é dever cidadão, e especialmente um compromisso dos que professam a fé cristã”.

Encontro reúne bispos do Regional Norte 1 para avaliar a caminhada e as diretrizes vigentes

No período de 23 a 26 de novembro, aconteceu no Centro de Treinamento Maromba, o encontro dos bispos do Regional Norte 1 (AM/RR), que  este ano ocorreu de forma diferenciada, pois em virude da Pandemia causada pelo novo Coronavírus, o que era para ser a 48º Assembleia Regional, acabou se tornando uma reunião com 13 bispos representando arqui/dioceses e prelazias que compõem o Regional, onde deu-se continuidade ao processo de preparação das novas diretrizes do Regional, assim como foi feito a avaliação das diretrizes que estão vigentes, além de tratar de vários temas importantes a respeito da caminhada da igreja na Amazônia e momentos de partilha da 1ª Assembleia da Conferência  Eclesial da Amazônia. “De fato esse encontro ao longo da semana foi muito importante, pois mesmo sem haver a assembleia, foi o momento de refletir o processo que nós vivemos e ver como iremos caminhar daqui para frente com todos esses desafios que estamos passando, assim também como alguns assuntos internos da igreja e a reflexão sobre o caminho feito pela Rede Eclasial Pan-Amazônica (REPAM) e sobre o processo de formação de nossos seminaristas e também do nosso Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior (ITEPES)”, comentou o secretário do Regional, Diácono Francisco Lima. Para o vice-presidente do Regional Norte 1 e bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, Dom Tadeu Canavarros, foi um momento de viver a fraternidade episcopal e somar as experiências das igrejas que compõem o Regional. “É um momento de somar as forças, com partilhas e convivência, pois se não fosse a pandemia, estaríamos realizando a 48ª Assembleia com aproximadamente 80 pessoas, entre coordenadores diocesanos de pastoral, delegados das pastorais, religiosos e religiosas, leigos e leigas participantes de serviços, organismos, grupos e movimentos, mas por questões de segurança resolvemos fazer um encontro privativo só com os bispos, que depois vão repassar todos os encaminhamentos para a vivência do Sínodo e decisões que foram tomadas para ajudar o Regional nas atividades pós pandemia”, disse. De acordo com o Presidente do Regional Norte 1 e bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, Dom Edson Damian, o encontro aconteceu segundo todas as normas de segurança e o único que não pode estar presente foi Dom Marcos Piatek, bispo da Diocese de Coari, pelo fato de ter sido acometido pela Covid-19 e ainda está passando pelo processo de recuperação. “Nós bispos estávamos com muita saudade uns dos outros e esse encontro nos aproximou e nos ajudou a manter viva a esperança nesses momentos de crise. Com exceção de Dom Marcos, todos os bispos estiveram presentes, inclusive três eméritos (Dom Sergio Castriani, Dom Mário Pasqualotto e Dom Gutemberg Régis), com toda a suas experiências dando força aos novos aqui no Regional”. Ainda de acordo com Dom Edson, no decorrer dos quatros dias o encontro ainda contou com a participação de Carlos Santiago, fazendo uma análise da conjuntura política pós-eleições; também foi realizada a recepção da exortação pós-sinodal “Querida Amazônia” e ainda teve a participação do Regional Norte 1, na conferência, realizada pelas redes sociais, do Encontro Nacional dos Bispos do Brasil, ocorrida no dia 25 com três horas de reunião pela parte da manhã e mais três horas pela parte da tarde, contando com a participação virtual de mais de 200 bispos da CNBB. “Para nossa alegria, coincidentemente no meio da nossa reunião do Regional, ocorreu o encontro nacional de todos os bispos da CNBB, na parte da manhã tivemos uma meditação do Cardeal Tolentino, lá do Vaticano, que nos falou sobre como a igreja está vivendo a pandemia e as lições que vamos aprender após ela. Pela parte da tarde, a teologa Maria Clara Bingemer,  falou sobre a situação da pandemia no Brasil e como deve ser a nossa pastoral após ela”, disse Dom Edson. Por Érico Pena

CNBB REFORÇA A ESPERANÇA, A CARIDADE E A MISSÃO DA IGREJA NO BRASIL NO CONTEXTO DA PANDEMIA

 A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu, como resultado da reunião realizada nesta quarta-feira, 25 de novembro, uma Mensagem ao Povo Brasileiro em tempo de pandemia. O documento foi referendado pelos mais de 200 bispos, num total de 297 pessoas, compreendendo assessores das comissões episcopais e representantes de pastorais e organismos vinculados à CNBB que participaram da reunião. A mensagem busca refletir sobre a presença e missão da Igreja na realidade brasileira e expressar uma mensagem de esperança e proximidade no contexto do novo Coronavírus. O documento destaca ainda que a Igreja no Brasil é impelida a perseverar na caridade, dando continuidade, nas paróquias, comunidades eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país, das redes de solidariedade em defesa da vida que se multiplicaram-se neste ano em razão da pandemia. “Como discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo difícil, empenhados em remover as desigualdades e sanar a injustiça. A humanidade aguarda uma vacina que, distribuída com equidade, possa ajudar a garantir a vida e a saúde para todos”, diz um trecho do documento. Confira, abaixo e a seguir em formato pdf, a íntegra da mensagem (aqui).  Mensagem ao Povo de Deus em tempo de pandemia   Feliz aquele que suporta a provação, porque, uma vez provado,receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam. (Tg 1,12) Amado Povo de Deus, nós bispos do Brasil, reunidos num encontro virtual para refletir sobre a atual presença e missão da Igreja, queremos expressar nossa mensagem de esperança e proximidade. Neste ano irrompeu inesperadamente a pandemia da COVID19, alterando nossas rotinas, revelando outras enfermidades de nosso tempo e causando grande impacto num já fragilizado sistema de saúde, na seguridade social, nos sistemas produtivos, na educação, na vida familiar, social e religiosa em geral. O Papa Francisco alerta que “a tribulação, a incerteza, o medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e, sobretudo, o sentido da nossa existência”. (Fratelli Tutti, 33) Estamos num tempo de muitos questionamentos e cabe-nos escutar o que o Espírito tem a dizer para a Igreja (Ap 2,7) nesse contexto. A provação tem favorecido importantes aprendizados e oportunidades para a vivência e o anúncio do Evangelho. Reconhecemos, com gratidão, o empenho de tantas comunidades cristãs que foram criativas para manter a ação evangelizadora, especialmente pelas mídias sociais, promovendo a transmissão de celebrações litúrgicas, catequeses e aconselhamento aos fiéis. A Igreja doméstica foi fortalecida, em sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, que promovem a comunidade cristã como Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão. Percebe-se o protagonismo dos leigos e, especialmente, das mulheres na promoção da Igreja nas casas. Igualmente somos impelidos pelo Evangelho a perseverar na caridade. Nas paróquias, comunidades eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país, multiplicaram-se as redes de solidariedade em defesa da vida. Por isso, foi coloca em prática a ação solidária É Tempo de Cuidar, voltada a atender demandas de primeira necessidade das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social no contexto da pandemia. Unidos a outras entidades da sociedade civil, estamos buscando concretizar o Pacto pela Vida e pelo Brasil, conclamando toda a sociedade para que, nesse tempo de pandemia, ninguém seja deixado para trás. Como nos tem provocado o Papa Francisco, precisamos escutar o clamor das famílias, trabalhar por uma economia “mais atenta aos princípios éticos” (Fratelli Tutti, 170), oferecer uma política melhor, sem desvios na garantia do bem comum, propor uma educação humanista e solidária, comprometidos na permanente construção da democracia. É urgente combater o racismo que se dissimula, mas não cessa de reaparecer. (Fratelli Tutti, 20) Queremos assegurar a vida desde a concepção até a morte natural, preservar o meio ambiente e trabalhar em defesa das populações vulneráveis, particularmente indígenas e quilombolas. Preocupa-nos o crescimento das várias formas de violência, entre elas, o feminicídio. “Cada ato de violência cometido contra um ser humano é uma ferida na carne da humanidade; cada morte violenta “diminui-nos” como pessoas”. (Fratelli Tutti, 227) Como discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo difícil, empenhados em remover as desigualdades e sanar a injustiça. A humanidade aguarda uma vacina que, distribuída com equidade, possa ajudar a garantir a vida e a saúde para todos. Pedimos que Deus acolha junto a Si os que morreram neste tempo e dê consolação e paz às famílias enlutadas. Abençoamos especialmente os incansáveis profissionais da saúde, os professores, os cuidadores e todos que atuam em serviços essenciais. Nossa prece também pelos presbíteros, diáconos permanentes, consagrados e consagradas, leigos e leigas de nossas igrejas, para que se sintam encorajados. O Advento é um tempo de renovar nossa esperança. Confiantes, afirmamos que a fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou sempre também para a frente (Spe Salvi, 41). Não desanimemos, não estamos sozinhos: o Senhor está conosco! Acompanhe-nos a Santa Mãe de Deus, Senhora Aparecida, consolo dos aflitos, saúde dos enfermos e esperança nossa! Invocamos sobre todos a bênção da Santíssima Trindade, que sua misericórdia continue fortalecendo e animando o povo brasileiro. Brasília-DF, 25 de novembro de 2020 Dom Walmor Oliveira de AzevedoArcebispo de Belo Horizonte-MGPresidente da CNBB Dom Mário Antônio da SilvaBispo de Roraima-RR2º Vice-Presidente Dom Jaime SpenglerArcebispo de Porto Alegre-RS1º Vice-Presidente Dom Joel Portella AmadoBispo auxiliar do Rio de Janeiro- RJSecretário-Geral da CNBB

“O Sínodo representa uma esperança para a vida das comunidades e da Igreja da Amazônia”

  Francisco Lima, auditor sinodal. (Foto: enviada por Luis Miguel Modino) Por  Luis Miguel Modino. O Sínodo para Amazônia que neste mês de outubro completa um ano de sua Assembleia Sinodal, foi um momento marcante na vida da Igreja da Amazônia, mas também na vida de quem participou desse momento. Um dos auditores foi Francisco Lima, Secretário Executivo do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que o define como “algo que marcou muito a minha vida”. Na Igreja da Amazônia, ao longo do processo de preparação, o Sínodo “criou uma expectativa muito grande”, resgatando elementos presentes desde o encontro de Santarém, em 1972, e trazendo “um sinal de esperança muito grande para as nossas comunidades, para as nossas igrejas particulares”, em palavras do diácono permanente. Segundo ele, o Sínodo evidenciou o rosto dos povos da Amazônia e a presença muito forte que as mulheres têm nas comunidades, sendo importante “continuar esse processo de valorização dos povos da Amazônia, de valorização das mulheres que estão nas comunidades da Amazônia”. O propósito é envolver as dioceses e prelazias “para que assumam essa continuidade do Sínodo para a Amazônia”, insistindo na questão da presença nas comunidades como o grande desafio. Para alguém que é diácono permanente, que o Documento Final apresentou como uma possibilidade de presença nas comunidades, esse “é um caminho longo que ainda precisaremos avançar na reflexão, no discernimento”, mas ele considera que ele “é um caminho provável”. Eis a entrevista. Estamos comemorando um ano da celebração da Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. O que significou na sua vida participar de um Sínodo da Igreja? É um momento histórico na vida da gente, nunca eu imaginaria de poder participar de um momento desses na Igreja. Foi algo que marcou muito a minha vida, o fato de estar lá, em Roma, naqueles dias, exatamente um ano atrás, poder viver aquele tempo, que na verdade foi todo um processo que culminou naquela Assembleia Sinodal lá em Roma. Isso de fato marca muito a vida da gente, tanto no âmbito mais pessoal como também de atuação junto às comunidades, no serviço que a gente exerce. Participar de algo assim, muda completamente até a visão que a gente tem de Igreja. Isso a gente vai revisando depois de um momento tão significativo, que não terminou com a conclusão do Sínodo, mas que começou toda uma nova missão dentro desse contexto da Igreja da Amazônia. Para alguém que nasceu na Amazônia, que conhece a realidade da Igreja da Amazônia, especialmente do Regional Norte 1, que compreende grande parte do estado do Amazonas e o estado de Roraima, onde trabalha como secretário executivo, o que tem representado o Sínodo para a Amazônia para a Igreja local? A Igreja do Regional Norte 1, o processo que nós fizemos no Sínodo, criou uma expectativa muito grande. Representa uma esperança para a vida das comunidades e da Igreja, apesar de que o Sínodo vem, também por outro lado, resgatar muitos aspectos que essa Igreja da Amazônia já vem construindo, e que talvez por um tempo ficou meio que esquecido. Se a gente retoma, por exemplo, o encontro de Santarém, em 1972, e a gente pega o documento Querida Amazônia, a gente vai perceber que tem muitos elementos que vêm de ali, que é um processo que essa Igreja caminhou, que foi se perdendo no caminho, e que o Sínodo resgata. O Sínodo para a Amazônia, ele traz um sinal de esperança muito grande para as nossas comunidades, para as nossas igrejas particulares aqui do Regional Norte 1. O próprio Sínodo, ele reforça esse rosto dessa Igreja amazônica, que é um rosto de uma Igreja de leigos e leigas, um rosto de uma Igreja constituída por muitas mulheres que ao longo do tempo mantiveram a fé dessas comunidades. Então, o Sínodo traz de fato essa esperança dessa Igreja viva que está no meio das comunidades, e que precisa acordar, que as vezes a gente percebe que em algum momento, ela esteve adormecida. O Sínodo vem para mexer com essa estrutura e fazer com que essa Igreja retome esse caminho. Por outro lado, o Sínodo, desde seu processo inicial, ele fez com que surgissem também novos olhares, novos caminhos, uma nova proposta. O Papa Francisco já tinha lançado a Laudato Si’, isso também trouxe novos elementos para essa Igreja da Amazônia. Apesar de, como eu disse, trazer essa esperança, de trazer esse acordar dessa Igreja, também aponta novos rumos, novos caminhos. Você fala sobre as mulheres, e de fato a presença das mulheres e dos povos indígenas foi considerada por muitos dos participantes da Assembleia Sinodal como algo importante, inclusive determinante. O Documento Final do Sínodo e Querida Amazônia impulsionam o papel das mulheres na Igreja da Amazônia. Como trazer para a vida das comunidades, onde muitas vezes são as mulheres as que estão na frente, como reconhece Querida Amazônia, toda essa reflexão do processo sinodal? O Sínodo, ele nos traz um processo diferente de construção. A Amazônia, eu sempre tenho dito isso, ao longo da sua história, mesmo a Igreja, em muitos momentos, ela foi muito pensada de fora para dentro. Esse rosto da Amazônia, esse rosto dos povos da Amazônia, nunca foi tão evidenciado quanto no Sínodo para a Amazônia. Desde o momento inicial, quando o Papa Francisco convoca a Igreja da Amazônia para um processo de escuta, e ele diz que é preciso ouvir esses povos, que é preciso valorizar o que esses povos pensam, o que esses povos dizem, e que é preciso dar voz a esses povos. O Sínodo vem e reforça tudo isso, e a presença de tantas mulheres, de tantos indígenas, de tanta gente que foi da Amazônia para Roma, para participar daquele Sínodo, evidencia isso com muita força. Acho que é um momento histórico que a gente está vivendo e que a gente conseguiu, de certa forma, conquistar, que é os povos da Amazônia ganhando voz, ganhando vez, ganhando visibilidade. Isso o Sínodo conseguiu concretizar, e nós…
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A PRESIDÊNCIA DO REGIONAL NORTE 1 REÚNE-SE PARA AVALIAR E PLANEJAR AS AÇÕES

A Presidência do Regional Norte 1 reuniu-se no dia 20 de agosto, no Seminário Arquidiocesano São José, com a presença de Dom Edson Tasquetto Damian, Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional; Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus e Vice-Presidente do Regional; Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo da Prelazia de Borba e Secretário do Regional; e do Diácono Francisco Andrade de Lima, Secretário Executivo do Regional. Nesta, foi feita uma análise da realidade que estamos vivendo em tempo de pandemia. Destacando grandes desafios como a violência. Comunidades indígenas e ribeirinhas enfrentam ataques violentos de narcotraficantes, de exploradores e até de autoridades públicas, diante destes grandes desafios que respostas podemos dar? A presidência, juntamente com os Bispos do Regional, quer expressar apoio as comunidades afetadas por esta onda de violência, ao mesmo tempo cobrar das autoridades públicas respostas adequadas a esta realidade. Além de refletir a realidade, a Presidência também avaliou o caminho feito neste tempo de pandemia, as Dioceses e Prelazias que compõe o Regional foram se adaptando e se adequando as orientações das autoridades de saúde, conforme a situação agravava ou amenizava os bispos procuravam orientar a ação da sua Igreja particular. Mesmo com a precariedade da internet na Região, realizou-se algumas ações de forma virtual, já com relação as celebrações o meio mais comum foram as transmissões via rádio e redes sociais, vivenciamos a experiência da “Igreja Doméstica”. Mas também foi momento de olhar para o futuro, planejar a vida do Regional neste segundo semestre, e o grande foco é a 48ª Assembléia Regional que ocorrerá nos dias 23 a 26 de novembro. Esta assembleia ocorrerá de forma presencial seguindo todas as orientações e cuidados exigidos pelas autoridades de saúde. O Caminho está sendo feito pela arquidiocese, dioceses e prelazias do Regional, está sendo trabalhado um instrumento preparatório, que segue as orientações das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, também do caminho que fizemos desde a preparação até a Exortação Pós Sinodal Querida Amazônia do Papa Francisco e em novembro o regional aprovará suas novas diretrizes. A Presidência do Regional encerrou a reunião com a presença dos Seminários de nossas dioceses e Prelazias em um almoço, com muita partilha das histórias vividas neste tempo em que somos convidados a “não perder a esperança”.

A REPAM pede ação unitária para evitar uma tragédia humanitária e ambiental na Amazônia

Por Pe. Luis Modino Uma tragédia humanitária e ambiental é o grande perigo que a Amazônia enfrenta, um território de 33 milhões de habitantes, incluindo 3 milhões de indígenas de 400 povos diferentes, além de 120 povos em isolamento voluntário ou contato inicial. Para dizer a verdade, a região está ameaçada há anos, uma situação que se acelerou nas últimas semanas, o que pode levar a um colapso estrutural. Quem denuncia essa situação é a Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, que em 18 de maio divulgou um comunicado pedindo ação urgente e unificada. A situação está se tornando mais grave a cada dia, porque, apesar da evidente subnotificação do número de casos e mortes, na Panamazônia, como a REPAM coleta todos os dias de dados oficiais, já existem mais de 70.000 infectados e 4.000 mortos, aumentando a cada dia mais nas regiões do interior, onde a população mais vulnerável vive e possui um sistema de saúde muito precário. Entre os povos indígenas, de quase 40 povos diferentes, existem cerca de 550 infectados e aproximadamente 120 mortos, com uma taxa de mortalidade que em alguns países chega a 28%. A REPAM chama a participar dessa ação, “os povos indígenas da Amazônia, a sociedade civil da Pan-Amazônia e do mundo, a Igreja Católica e todas as denominações religiosas relacionadas ao cuidado da Criação, governos, instituições internacionais de direitos humanos, comunidade científica, artistas e todas as pessoas de boa vontade, para unir esforços em defesa da “Amazônia querida, com todo seu esplendor, drama e mistério” (QA 1), uma proposta que leva mais forte nestes dias em que estamos comemorando a Semana Laudato Si. O documento, assinado pelos cardeais Claudio Hummes e Pedro Barreto, presidente e vice-presidente da REPAM, juntamente com seu secretário executivo, Mauricio López, alerta sobre a devastação que paira sobre a Amazônia como resultado da “pandemia de Covid-19 que atinge os mais vulneráveis e o aumento descontrolado da violência nos territórios”, denunciando que “a dor e o grito dos povos e da terra se fundem no mesmo clamor”. O Sínodo da Amazônia transformou a Igreja em uma aliada dos povos indígenas, apoiando-os, agora também, que pensam em “construir seu futuro neste momento difícil da pandemia”, adotando as palavras do cardeal Hummes. Essa atitude está sendo assumida por “uma Igreja que está arriscando a vida e acompanhando situações particulares”, diz Mauricio López, nos diferentes países da Panamazônia, detalhando no comunicado as diferentes realidades presentes na região, principalmente no que se refere aos povos indígenas, cujos direitos fundamentais não são respeitados: informações em seus próprios idiomas, insegurança alimentar, atendimento médico diferenciado, facilitando o retorno às comunidades, entre outros. Juntamente com o perigo da pandemia, a declaração da REPAM denuncia a presença do “vírus da violência e saques na Amazônia”, onde “a mineração e o desmatamento ilegal em terras indígenas da região ainda estão em pleno andamento”. Frente a essas e outras situações, como o derramamento de óleo na Amazônia equatoriana, os governos fecham os olhos, apoiando, como acontece no Brasil, medidas que favorecem a invasão de terras indígenas ou a extração de ouro na Guiana. Seguindo as palavras do Papa Francisco na Querida Amazônia, a declaração pede uma ação global em defesa da Amazônia, que promova o cuidado das pessoas e ecossistemas como algo inseparável. Isso não pode esperar, porque “estamos em um momento decisivo para a Amazônia e para o mundo”, afirma a REPAM, que provoca dois caminhos possíveis, por um lado “a gestação de novas relações inspiradas na ecologia integral”, e por outro, se nos deixarmos levar pelo medo, interesse ou pressão, “a perda dos sonhos do Sínodo”. Estamos em um momento de solidariedade planetária, nas palavras do Papa Francisco, de apoiar “os povos indígenas da Amazônia, porque eles estão nos ignorando”, conforme enfatizado por Gregorio Díaz Mirabal, coordenador da COICA. Trata-se de enfrentar uma situação que em muitos casos é causada “pela inação, pela irresponsabilidade, pela cumplicidade”, diz o Secretário Executivo da REPAM, algo que, segundo ele, sempre “busca favorecer grupos de poder” . Por esse motivo, “a REPAM e a Igreja, fiéis ao chamado do processo sinodal, da exortação do Papa Francisco, sentem-se chamadas a defender a vida, defender os direitos, defender os territórios, junto com os povos indígenas, sua cultura, sua diversidade, que sonha com uma Amazônia que seja uma canção de vida, que seja um mistério, mas também atendendo a tantos gritos dos pobres e da Irmã Mãe Terra ”, conclui Mauricio López. CONFIRA NA ÍNTEGRA REPAM convoca para uma ação urgente e unificada,  a fim de evitar uma tragédia humanitária e ambiental  Colapso estrutural na Amazônia  Uma força enorme de proporções nunca vistas está devastando a Amazônia, em duas dimensões que se combinam de forma brutal: a pandemia do Covid-19, atingindo corpos vulnerabilizados, e o aumento descontrolado da violência sobre os territórios. A dor e o grito dos povos e da terra se fundem em um mesmo clamor.   “Os povos pediram que a Igreja fosse uma aliada, uma Igreja que estivesse com eles, uma Igreja que apoiasse o que eles decidem, o que eles pretendem e de que forma eles pretendem construir o seu futuro nesse momento tão difícil da pandemia” (Cardeal Dom Cláudio Hummes).  Nos diversos países da Pan-Amazônia, a Igreja está ecoando apelos e pedidos de socorro, num contexto que ameaça a sobrevivência desse bioma e de seus povos.  Na Bolívia1, os povos indígenas denunciam o governo por falta de coordenação e de consulta na prevenção e combate à pandemia; destacam, inclusive, que todas as informações não são divulgadas nos idiomas originários reconhecidos pela Constituição.  Na Colômbia2, os bispos reconhecem os esforços do governo, mas ressaltam que “os indígenas, camponeses e afrodescendentes são os grupos mais em risco, porque já se encontravam em situação de pobreza estrutural, em condições de insegurança alimentar e desnutrição, sem acesso à saúde e à água potável”.  A insegurança alimentar dos povos indígenas é uma preocupação também na Venezuela3, onde esses povos sentem-se ameaçados pelo possível contágio por meio das atividades de mineração ilegal em seus territórios e…
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Campanha “A Amazônia precisa de você” tem apoio de bispos do Regional Norte 1

A mobilização com apoio da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é promovida em parceria com as Pontifícias Obras Missionárias e estará relacionada à iniciativa da CNBB e da Cáritas Brasileira “É Tempo de cuidar”, mas com a intenção de arrecadar recursos, “principalmente para as dioceses que estão muito necessitadas”. Vatican News “A Amazônia precisa de você” é a campanha que será lançada nas redes sociais na próxima segunda-feira, 18 de maio, numa realização da Rede Eclesial Pan-Amazônica no Brasil (Repam-Brasil) e Pontifícias Obras Missionárias (POM). A iniciativa tem por objetivo mobilizar as pessoas para a solidariedade diante da situação dos povos amazônicos. “A gente sabe que é um problema mundial, mas tem afetado muitos povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e isso tem preocupado muito a gente, porque estamos sem recursos nenhum, faltando EPIs para médicos, enfermeiros, as pessoas que estão circulando”, afirmou a irmã Maria Irene Lopes, assessora da Comissão e secretária executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica no Brasil. A mobilização com apoio da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é promovida em parceria com as Pontifícias Obras Missionárias e estará relacionada à iniciativa da CNBB e da Cáritas Brasileira “É Tempo de cuidar”, mas com a intenção de arrecadar recursos, “principalmente para as dioceses que estão muito necessitadas”, explicou a religiosa, acrescentando que “algumas situações precisam do dinheiro. Nós estamos com muitas cestas básicas paradas porque não tem combustível. Daí a necessidade de ter um recurso para que tudo o que está sendo arrecadado chegue ao seu destino”. O tema foi debatido na reunião virtual realizada na última quinta-feira, 14, pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Esta é a segunda reunião realizada pela comissão com os novos membros: dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM); dom José Ionilton, bispo da prelazia de Itacoatiara (AM), e dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da prelazia do Marajó (PA). Antes de acrescentar os novos integrantes, a Comissão para a Amazônia era composta pelo arcebispo emérito de São Paulo (SP), cardeal Cláudio Hummes, que preside o grupo; o arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi; e o bispo emérito do Xingu (PA), dom Erwin Kräutler. O encontro foi uma oportunidade para fazer uma análise de conjuntura, principalmente diante da devastação pela qual passa a Amazônia, a questão da pandemia de Covid-19 na região e como podem incidir nacional e internacionalmente diante das complicações que surgem a partir Sensibilização Além do número de casos de covid-19 e o consequente colapso nos sistemas de saúde da região, os bispos da Amazônia têm denunciado outras situações desafiadoras da região que têm se agravado nos últimos meses também em decorrência da pandemia, como verifica-se na nota divulgada no início deste mês. “O coronavírus que nos assola agora e a crise socioambiental já fazem vislumbrar uma imensa tragédia humanitária causada por um colapso estrutural. Com a Amazônia cada vez mais arrasada, sucessivas pandemias ainda virão, piores do que esta que vivemos atualmente”, denunciaram os bispos e administradores apostólicos de todas as prelazias, dioceses e arquidioceses da Amazônia brasileira. “A nossa nota teve repercussão bastante grande no Brasil e fora do Brasil. No Congresso Nacional, várias frentes aproveitaram da nota para fazer suas falas. A gente está recebendo solicitações da Áustria e de outros lugares para continuarmos intensificando, a partir da nota, essa incidência internacional. E continuar usando pontos da nota nas falas para continuar o grito de todos os bispos da Amazônia”, disse irmã Irene. A iniciativa de sensibilização também pretende envolver atores sociais e eclesiais, além de diálogo com artistas, para “levar os gritos da Amazônia principalmente nas redes sociais, fazer eco do que está acontecendo na Amazônia”. * Com CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Bispos da Amazônia Brasileira exigem medidas urgentes dos governos para combater a Covid-19 na região

De acordo com os bispos em uma nota pública, os dados do coronavírus na região são alarmantes. Eles lembram dos povos tradicionais, que exigem um maior cuidado e tratamento diferenciado, e também das populações urbanas, especialmente das pessoas que vivem nas periferias das grandes cidades. Diante do cenário da pandemia de Covid-19 na Amazônia, 67 bispos que atuam na Amazônia Brasileira assinaram um nota pública divulgada na manhã desta segunda-feira (04). No texto, liderado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, eles convocam a Igreja e toda a Sociedade para exigir medidas urgentes do Governo Federal, do Congresso Nacional, dos Governos Estaduais e das Assembleias Legislativas. De acordo com os bispos, os dados do coronavírus na região são alarmantes. Eles lembram dos povos tradicionais, que exigem um maior cuidado e tratamento diferenciado, e também das populações urbanas, especialmente das pessoas que vivem nas periferias das grandes cidades. Na nota, eles afirmam que “a região possui a menor proporção de hospitais do país, de baixa e alta complexidades (apenas 10%)”, o que requer uma atuação urgente dos governos. Ao final do texto, que foi traduzido para diferentes línguas, inclusive o Tukano (língua indígena), os bispos convocam toda a Igreja e a sociedade para exigirem 13 pontos aos governos, entre eles: “realizar testagem na população indígena para adotar as necessárias medidas de isolamento e evitar a disseminação da COVID-19; fortalecer as medidas de fiscalização contra o desmatamento, mineração e garimpo, sobretudo em terras indígenas e tradicionais e áreas de proteção ambiental; e revogar o Decreto nº 10.239/2020, voltando o Conselho Nacional da Amazônia Legal para o Ministério do Meio Ambiente, com a participação de representantes da FUNAI e do IBAMA e de outras organizações da sociedade civil, indígenas ou indigenistas como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que atuam na Amazônia”. Eis a íntegra da Nota: NOTA DOS BISPOS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA SOBRE A SITUAÇÃO DOS POVOS E DA FLORESTA EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19 “Às operações econômicas que danificam a Amazônia  há que rotulá-las com o nome devido: injustiça e crime”  “É preciso indignar-se”. (Papa Francisco – Querida Amazônia, 14-15) Nós bispos da Amazônia, diante do avanço descontrolado da COVID 19 no Brasil, especialmente na Amazônia, manifestamos nossa imensa preocupação e exigimos maior atenção dos governos federal e estaduais à essa enfermidade que cada vez mais se alastra nesta região. Os povos da Amazônia reclamam das autoridades uma atenção especial para que sua vida não seja ainda mais violentada. O índice de letalidade é um dos maiores do país e a sociedade já assiste ao colapso dos sistemas de saúde nas principais cidades, como Manaus e Belém. As estatísticas veiculadas pelos meios de comunicação não correspondem à realidade. A testagem é insuficiente para saber a real expansão do vírus. Muita gente com evidentes sintomas da doença morre em casa sem assistência médica e acesso a um hospital. Diante deste cenário de pandemia incumbe aos poderes públicos a implementação de estratégias responsáveis de cuidado para com os setores populacionais mais vulneráveis. Os povos indígenas, quilombolas, e outras comunidades tradicionais correm grandes riscos que se estendem também à floresta, dado o papel importante dessas comunidades em sua conservação. Os dados são alarmantes: a região possui a menor proporção de hospitais do país, de baixa e alta complexidades (apenas 10%). Extensas áreas do território amazônico não dispõem de leitos de UTI e apenas poucos municípios atendem aos requisitos mínimos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em número de leitos e de UTIs por habitante (10 leitos de UTI por 100 mil usuários). Além dos povos da floresta, as populações urbanas, especialmente nas periferias, estão expostas e têm suas condições de vida ainda mais degradadas pela falta de saneamento básico, moradia digna, alimentação e emprego. São migrantes, refugiados, indígenas urbanos, trabalhadores das indústrias, trabalhadoras domésticas, pessoas que vivem do trabalho informal que clamam pela proteção da saúde. É obrigação do Estado garantir os direitos afirmados na Constituição Federal oferecendo condições mínimas para que possam atravessar este grave momento. A garimpagem, a mineração e o desmatamento para o monocultivo de soja e a criação de gado para exportação vêm aumentando assustadoramente nos últimos anos. De acordo com o sistema Deter-B, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento na floresta Amazônica cresceu 29,9% em março de 2020, se comparado ao mesmo mês do ano passado. Contribuem para esse crescimento o notório afrouxamento das fiscalizações e o contínuo discurso político do governo federal contra a proteção ambiental e as áreas indígenas protegidas pela Constituição Federal (Art. 231 e 232). O coronavírus que nos assola agora e a crise socioambiental já fazem vislumbrar uma imensa tragédia humanitária causada por um colapso estrutural. Com a Amazônia cada vez mais arrasada, sucessivas pandemias ainda virão, piores do que esta que vivemos atualmente. Preocupa-nos imensamente o aumento da violência no Campo, 23% a mais que em 2018. No ano de 2019, segundo dados do “Caderno Conflitos no Campo Brasil 2019”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT Nacional), 84% dos assassinatos (27 de 32) e 73% das tentativas de assassinato (22 de 30) aconteceram na Amazônia. Causas do aumento da violência no campo e do desmatamento da floresta amazônica são sem dúvida a extinção, sucateamento, desestruturação financeira e a instrumentalização política de órgãos como o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e de órgãos de fiscalização e de controle agrícola, ambiental e trabalhista. Inquieta-nos também a militarização da Conselho Nacional da Amazônia Legal, conforme Decreto nº 10.239, de 11 de fevereiro de 2020, formado somente pelo governo federal, sem a participação dos estados, dos municípios, nem da sociedade civil, e a sua transferência do Ministério do Meio Ambiente para a Vice-Presidência da República. Nós, bispos da Amazônia brasileira que assinamos esta nota, convocamos a Igreja e toda a Sociedade para exigir medidas urgentes do Governo Federal, do Congresso Nacional, dos Governos Estaduais e das Assembleias Legislativas, a fim de:…
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