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Dom Mário Antônio é eleito segundo vice-presidente e compõe presidência da CNBB para o quadriênio

O arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo, foi eleito presidente da CNBB na manhã de 6 de maio, durante a 57a. Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. Na parte da tarde, foram eleitos os dois vice-presidentes, uma novidade do novo estatuto da Conferência, pois anteriormente, apenas um bispo ocupava a vice-presidência da entidade. Os dois vice-presidentes são: dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e dom Mário Antonio Silva, bispo de Roraima. Como manda o Estatuto da CNBB, o até então presidente, cardeal Sergio da Rocha, perguntou aos eleitos se aceitavam os encargos. Dom Walmor disse: “Aceito com humildade, aceito com temor e aceito à luz da fé”. Dom Jaime Spengler disse: “Com temor e tremor, acolho“. E dom Mário disse a dom Sergio e à assembleia aceitar a indicação e a confiança dos irmãos bispos em nome da Amazônia e do povo brasileiro.  Dados biográficos Dom Walmor Oliveira de Azevedo nasceu em 26 de abril de 1954, dom Walmor é natural de Côcos (BA). É o primeiro baiano a estar à frente da CNBB. É doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália). Em sua trajetória de formação, cursou Filosofia no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio (1972-1973), em Juiz de Fora (MG), e na Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras (1974-1975), em São João Del-Rei (MG). De 1974 a 1977, cursou Teologia no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, em Juiz de Fora. Em 9 de setembro de 1977 foi ordenado sacerdote, incardinando-se na arquidiocese de Juiz de Fora. Foi pároco da paróquia Nossa Senhora da Conceição de Benfica (1986-1995) e da paróquia do Bom Pastor (1996-1998); coordenador da Região Pastoral Nossa Senhora de Lourdes (1988-1989); coordenador arquidiocesano da Pastoral Vocacional (1978-1984) e reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio (1989-1997). No campo acadêmico, lecionou nas disciplinas Ciências Bíblicas, Teologia e Lógica II; coordenou os cursos de Filosofia e Teologia. Em Belo Horizonte, foi professor da PUC-Minas (1986-1990). Também lecionou no mestrado em Teologia da PUC-Rio (1992, 1994 e 1995). Dom Walmor Oliveira de Azevedo foi nomeado bispo auxiliar de Salvador (BA) pelo Papa São João Paulo II, no dia 21 de janeiro de 1998. Sua ordenação episcopal foi no dia 10 de maio do mesmo ano. Em 2004, foi nomeado arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG), iniciando o ministério em 26 de março daquele ano. Em outubro de 2008, dom Walmor foi escolhido para ser um dos quatro representantes do Brasil na XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizada em Roma. Em 1999, dom Walmor foi secretário do Regional Nordeste 3 e membro da Comissão Episcopal de Doutrina da CNBB. A mesma Comissão que, já com o nome de Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, presidiu entre 2003 e 2011, ou seja, por dois mandatos. É membro da Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano, desde 2009. O arcebispo de Belo Horizonte também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB – Minas Gerais e Espírito Santo. Em fevereiro de 2014, foi nomeado pelo Papa Francisco membro da Congregação para as Igrejas Orientais. Desde 2010, o arcebispo é referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de ordinário do próprio rito. Com mais de 15 livros publicados, dom Walmor é membro da Academia Mineira de Letras, Cidadão Honorário de Minas Gerais e dos municípios de Caeté e Ribeirão das Neves. O novo presidente da CNBB também foi agraciado com a Comenda Dom Luciano Mendes de Almeida, da Faculdade Arquidiocesana de Mariana, e com o título de Doutor Honoris Causa, da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (2012). Dom Jaime Spengler é natural de Gaspar, em Santa Catarina, o vice-presidente eleito nasceu em 6 de setembro de 1960. Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 20 de janeiro de 1982, pela admissão no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Estudou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, em Campo Largo (PR) e Teologia no Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém em Israel. Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal. O arcebispo também tem doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, de Roma, e atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado em novembro do mesmo ano pelo papa Bento XVI como bispo titular de Patara e auxiliar de Porto Alegre (RS). No ano seguinte, em fevereiro de 2011, o bispo foi ordenado na paróquia São Pedro Apóstolo, na sua cidade natal, Gaspar, pelo Núncio Apostólico no Brasil, na ocasião, dom Lorenzo Baldisseri. Em 18 de setembro de 2013, o papa Francisco nomeou dom Jaime Spengler como novo arcebispo de Porto Alegre. Em março de 2014, o papa Francisco nomeou dom Jaime Spengler como membro da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Em abril de 2015, na 53ª Assembleia Geral da CNBB, foi eleito presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, para a gestão 2015-2019. Na ocasião, recebeu 205 votos de um total de 283 votantes, superando a maioria absoluta requerida no segundo escrutínio, que era de 143 votos. Também em 2015, o arcebispo foi eleito presidente do regional Sul 3 da CNBB, que corresponde ao Estado do Rio Grande do Sul, para a gestão 2015-2019. Dom Mário Antônio da Silva nasceu em Itararé (SP), em 17 de outubro de 1966, dom Mário Antônio da Silva estudou Filosofia e Teologia no Seminário Maior Divino Mestre, da diocese de Jacarezinho. Possui mestrado em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, na Itália. No ano de 1991, foi ordenado padre em Sengés, no estado do Paraná, por dom Conrado Walter. Era chanceler da diocese de Jacarezinho quando foi nomeado bispo auxiliar de Manaus no dia 9 de junho de 2010. Sua ordenação ocorreu na Catedral de Jacarezinho em 20…
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Escutemos o Grito que vem do Rio Juruá, afirma assessor da REPAM-Brasil

Por Luis Miguel Modino. Fotos: Francisco Lima O processo do Sínodo para a Amazônia tem sido de muita riqueza e esperança, e deve levar os povos da região a refletir e tentar assumir novas dinâmicas, novos caminhos, uma atitude que vai sendo assumida nos diferentes cantos. No Rio Juruá, que faz parte da Prelazia de Tefé se encontra a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, que recentemente refletia sobre o Sínodo, com a orientação de Francisco Lima, Secretário Executivo do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e assessor da REPAM-Brasil. A assembleia foi momento para mostrar como o Evangelho deve ser inculturado na vida do povo e as celebrações, na medida em que mostram a vida cotidiana, são instrumento que ajuda a descobrir melhor a presença de Deus. Isso apareceu, segundo Francisco Lima, em um “ambiente todo preparado de forma amazônica, com canoa, frutos, e flores, um altar feito com um tronco de árvore com uma taboa onde as mulheres ribeirinhas lavam suas roupas”. Na história da evangelização da Amazônia aparece a “lembrança de missionários e missionárias que gastaram suas vidas neste chão, também no Rio Juruá”, afirma Francisco Lima. Para lembrar essas figuras, a REPAM tem elaborado materiais audiovisuais que mostram a importância de quem deu a vida pela Amazônia e seus povos. Uma delas é a Ir. Cleuza, religiosa que trabalhou na Prelazia de Lábrea, realidade próxima da vida do povo do Juruá, de quem foi realizado um documentário sobre seu Martírio, exibido durante a assembleia. Seguindo o método do ver, julgar e agir, a partilha de vida, de experiências, mostrou muitas emoções e muitos exemplos de vida, mas também muitos desafios, segundo o Secretário Executivo do Regional Norte 1. Isso foi julgado tendo como base o texto do livro de Gênesis, 2,15, em que Deus confia ao homem e a mulher a criação divina, o que cobra sentido numa região onde os povos originários tem sabido estabelecer uma relação de harmonia com a Mãe Terra. O agir, segundo Francisco Lima, foi momento de renovar as esperanças, de sonhar, como diz o canto: “um sonho bom, sonho de muitos… sonhar ligeiro, sonhar companheiro, sonhar em mutirão”. A Igreja do Rio Juruá é uma Igreja que sonha, como foi expressado por um grupo formado pelas crianças e adolescentes que estava na assembleia, sonharam com uma Igreja que dê mais atenção a elas, que trabalhe mais a vocação, que tenha mais padres, que esteja mais próxima. Junto com isso, como informa Francisco Lima, os demais grupos pediram uma Igreja que se preocupe mais com a Casa Comum, que cuide da natureza, da criação; Uma Igreja que valorize mais os diversos ministérios que tenham diáconos permanentes, sacerdotes, missionários e missionárias, leigos e leigas, uma Igreja Sinodal, comunhão, participação. Que esteja mais perto das comunidades, que pense não a partir dos grandes centros, mas a partir da última comunidade, da mais distante, que forme seus leigos e leigas, que se preocupe com a vida de seu povo. Um gesto concreto surgiu a partir desta assembleia, as comunidades foram organizadas em setores, cada setor identificado por nomes de missionários e missionárias que gastaram a vida nesta região. Um forte Grito ecoa desde o Rio Juruá, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, nesta assembleia as cerca de 70 lideranças clamam, segundo Francisco Lima, “por uma Igreja que leve em conta que a Amazônia tem vários rostos, e um deles está aqui em Juruá, um rosto indígena, ribeirinho, jovem, feminino, caboclo, que requer por parte da Igreja uma atuação mais próxima, mais presente, sobretudo junto as comunidades distante das cidades”. O Assessor da REPAM-Brasil destaca que “a Assembleia que foi acompanhada pelas bênçãos de Deus, através da chuva foi encerrada também em meio as águas que caíram do céu”. Ele define a ocasião como um “momento bonito, vivenciado e celebrado por este povo de fé, que mesmo em meio a tantos desafios é perseverante e pede que a Igreja tenha um olhar carinhoso, que valorize sua história, suas culturas, sua vida, um olhar cuidadoso, que ajude a cuidar de suas vidas e um olhar esperançoso que toda a Igreja possa perceber que aqui neste pedaço da Amazônia chamado Juruá, é também uma grande fonte de vida para Igreja e para o mundo”.

Pascoms do Regional Norte 1 participam de Encontro da Repam para comunicadores da Amazônia

Quatro comunicadores do Regional Norte 1 participaram do Encontro de Formação da Rede Eclesial Pan-Amazônica / Repam-Brasil para Comunicadores da Amazônia, que contou com 29 representantes dos seis regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) localizados na Amazônia Legal. O evento aconteceu no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília, entre os dias 22 e 24 de março. O objetivo do encontro foi apresentar aos comunicadores convidados o plano de comunicação institucional/organizacional da Repam, construído pelo Grupo de Trabalho de articulação para as ações na área da comunicação, realizada entre os dias 8 e 10 de fevereiro, e formar uma rede de comunicadores que contribua com os processos de comunicação institucionais da Repam e também dos comitês locais, atuando na promoção da vida e da prática de uma ecologia integral, através de uma comunicação voltada para provocar, estimular e apoiar o processo de transformação social nas comunidades amazônicas e uma comunicação amazônica a partir das comunidades,  com modelo colaborativo, transversal, participativo e em rede, voltada para os anseios das comunidades. Durante o encontro houve um aprofundamento sobre comunicação amazônica e popular; oficinas de redes sociais, rádio e foto e vídeo; e também foram apresentados cases de iniciativas, como o coletivo de comunicação da rede Justiça nos Trilhos, do Maranhão; a TV da diocese de Juína, no Mato Grosso; a revista da Pastoral da Juventude do Acre, “A voz da juventude” e a revista da Arquidiocese de Manaus “Arquidiocese em Notícias”.

Regional Norte 1 realiza reunião com cordenadores para partilhar a caminhada, os desafios e os avanços

No dia 2 de março, na sede do Regional Norte 1 – AM/RR, reuniram-se as coordenações das pastorais, organismos, movimentos e serviços do Regional Norte 1.  Foi momento de partilhar a caminhada, os desafios e os avanços, a luz das três causas comuns assumidas pelo Regional, como as questões indígenas, meio ambiente, migração forçada e tráfico de pessoas, também sob a iluminação do Sínodo para a Amazônia.  A próxima reunião foi agendada para o dia 25 de maio.

Curso sobre Realidade Amazônica situa missionários recém chegados à Amazônia

Por Luis Miguel Modino Conhecer a realidade é fundamental na vida do missionário, isso ajuda a colocar os pés no chão, a se encarnar na vida do povo. Nas escutas aos povos, em preparação do Sínodo para a Amazônia, essa dimensão do conhecimento de tudo o que envolve a vida e missão na região foi recolhido em diversos momentos, mais uma prova da importância dessa atitude. Desde 10 de fevereiro a 1º de março, 28 missionários e missionárias, chegados de nove países e que vão trabalhar em seis dioceses e prelazias do Regional Norte 1, têm participado do Curso sobre Realidade Amazônica, organizado pelo Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia – ITEPES, de Manaus. Neste ano, teve como novidade a presença de pessoas das comunidades indígenas como participantes do curso. Um dos participantes é o Padre Paolo Cugini, missionário italiano, da diocese de Reggio Emilia, que vai trabalhar na diocese de Alto Solimões – AM. O missionário italiano, que já trabalhou durante quinze anos na diocese de Ruy Barbosa – BA, reconhece que “o Curso Sobre a Realidade é de suma importância, sobretudo para aqueles que vêm de fora, de outros estados e países”. Ele, depois de participar do curso, afirma que “a realidade amazônica apresenta alguns aspectos que não se encontram em lugar nenhum”. O Padre Cugini destaca “a presença clara dos povos indígenas, com tantos idiomas diferentes, com a cultura que muitas vezes foi massacrada”. Nesse sentido, o Presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, Dom Mário Antônio da Silva, disse que “o Curso sobre Realidade Amazônica são dias de convivência para os missionários recém chegados, dias de estudos e reflexões sobre a realidade da nossa região, dias também de conhecer as belezas do bioma Amazônia e as ameaças que sofre, bem como conhecer as realidades das comunidades ribeirinhas e indígenas, comunidades do campo e da cidade”. O diretor do ITEPES, Padre Ricardo Castro define o Curso como “um tempo e um espaço para os missionários que chegam na Amazônia, e mesmo aqueles missionários da Amazônia que querem aprofundar seu conhecimento da realidade, em uma perspectiva interdisciplinar. Momento de reflexão, de partilha e, ao mesmo tempo, de um conhecimento mais profundo da realidade amazônica”. Ao longo de três semanas, os participantes do curso têm refletido sobre a realidade socioeconômica, política e histórica da Amazônia, sobre o conceito de tempo e espaço na região, tão diferente de qualquer um outro lugar, pois como dizem os moradores locais, na Amazônia tudo vai no ritmo da canoa. Junto com isso, tem sido abordado o tema dos movimentos migratórios, uma realidade muito presente na região, a ecoteologia, espiritualidade, missiologia e antropologia. Também esteve presente a reflexão sobre a realidade dos povos indígenas, o tráfico de pessoas e formas específicas de missão na Amazônia, como é a Equipe Itinerante. O Sínodo para a Amazônia tem perpassado a reflexão ao longo do curso. Nesse sentido, o diretor do ITEPES destaca um dos aspectos presentes na reflexão sinodal, que tem como base a “Laudato Si’ em relação à aplicação da Teologia da Criação e ecologia integral, promovida e oferecida pelo Papa Francisco para a realidade amazônica”. A preparação para o Sínodo, segundo o Padre Ricardo Castro, “nos anima bastante nesse ano para esses estudos, para essa reflexão, e também para a inserção dos missionários nas várias realidades amazônicas”. “Este ano de preparação para o Sínodo Especial para a Amazônia somos convidados a caminhar juntos como missionários e missionárias, caminhar juntos com as comunidades dos povos amazônicos, comunidades que são fontes de saberes e culturas, de propostas e respostas para os desafios de construir novos caminhos de evangelização para a Igreja e de propor uma ecologia integral para o mundo”, afirma Dom Mário Antônio da Silva, que espera dos missionários e missionárias que estão chegando para trabalhar na região “que a sua presença seja uma opção pela profecia e pelo Reino de Deus”. O Padre Cugini reconhece, como resumo do curso, que “a atenção é retomar as linhas do Documento de Santarém, onde frisava a importância de uma evangelização encarnada”. Junto com isso, “o segundo aspecto que é fundamental, e que é um dos pilares do Documento Preparatório do Sínodo Pan-Amazônico, é a realidade da natureza, a ecologia”, uma dimensão que tem sido abordada ao longo das três semanas de curso. “Aqui se falou da ecoteologia, de uma reflexão teológica a partir da natureza que encontramos”, destaca o missionário italiano. Por isso, não duvida em afirmar que “este curso tem como objetivo ajudar os missionários e missionárias para uma evangelização sempre mais encarnada na realidade”.

Artigo – O sínodo que incomoda

Fiquei surpreso ao saber que a Igreja Católica em Manaus está sob suspeita de estar preparando uma ofensiva contra o governo no Sínodo que vai acontecer em outubro. Ao que tudo indica, as reuniões preparatórias que aconteceram na nossa cidade foram monitoradas pelos órgãos de informação. A minha primeira reação foi de estranheza pois nada fizemos de secreto. Centenas de textos de trabalho foram distribuídas. O que levou a esta suspeita? Tudo indica que é o medo de críticas e de oposição. Além disto, atribuir a preparação do Sínodo a uma orientação política da Igreja Católica mostra que a Igreja é pouco compreendida. Faço parte da Comissão da Amazônia da CNBB que foi constituída para fazer com que a Igreja no Brasil se solidarizasse com a Igreja na Amazônia, ao mesmo tempo, sendo desta região no conjunto da Igreja. Sei quanto este Sínodo está sendo um sinal de esperança para o nosso povo, sobretudo aqueles que nunca são ouvidos. Vi e testemunhei o encontro de bispos com ribeirinhos e comunidades indígenas. Assisti a reuniões de jovens que puderam se expressar livremente sobre temas antes vistos como tabus em rodas de conversa e escutas que se multiplicaram por todo o território panamazônico. A preocupação de todos é a evangelização e a maior demanda é que se pensa na Eucaristia que não pode ser celebrada por falta de ministros. São preocupações que vem de longe. A estas se juntam à preocupação com a Casa Comum, numa Ecologia Integral. E neste aspecto os povos originários tem muito a nos ensinar. Também os ribeirinhos adquiriram a arte de viver e conviver na floresta. Os melhores projetos de desenvolvimento sustentável são os que aliam conhecimento científico e sabedoria popular. O Sínodo da Amazônia já é um evento bem-sucedido porque já provocou um grande mutirão de participação nas reflexões nunca visto em Sínodos anteriores. É o Povo de Deus que caminha na história e que quer ser ouvido em questões que são vitais para a humanidade. Questiona-se a competência da Igreja para tratar destes assuntos. Ela está presente na Amazônia desde o início da sua ocupação pelos europeus. Tem um conhecimento da realidade que vem da convivência dos seus ministros com o povo. Os bispos que participarão da Sínodo são pastores atentos à vida do rebanho e agem sem segundas intenções quando defendem seus direitos e denunciam a violação dos mesmos. Os missionários estiveram entre os primeiros a descrever a região e seus habitantes. A Igreja encara com seriedade a sua missão e sempre procurou o melhor para os seus fiéis. Não jogamos para a plateia e nem visamos o dinheiro fácil e abundante que sempre atraíram os olhares cobiçosos para esta região, fonte inesgotável de riquezas. Nos meus quarenta anos de convivência com os povos da floresta, aprendi mais que ensinei. Aprendi a respeitar a natureza. Não se brinca com ela. As consequências da destruição do meio ambiente são trágicas. Não é só a religião que afirma isto, mas também a ciência. Falar disto não é um atentado contra a soberania nacional, mas é colocar nossa pátria na vanguarda da defesa da vida no planeta. ARTIGO DE DOM SERGIO EDUARDO CASTRIANI – ARCEBISPO METROPOLITANO DE MANAUS JORNAL: EM TEMPO Data de Publicação: 17.2.2019

Bispos do Regional Norte 1 participam de reunião na Diocese de Parintins

Bispos das nove dioceses e prelazias pertencentes ao Regional Norte 1 (Amazonas e Roraima) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reúnem-se no município de Parintins para encontro anual, agendado no último encontro realizado em fevereiro de 2018, na Diocese do Alto Solimões. Neste ano o evento ocorre de 11 a 14 de fevereiro e consiste em momentos fraternos para partilhar a caminhada e encaminhar assuntos relevantes para o Regional Norte 1, sendo o dia 13, quarta-feira, dedicado ao Sínodo para a Amazônia. “A reunião dos Bispos do Regional Norte 1 da CNBB, que acontece na Diocese de Parintins, continuou, e o dia 13, foi dedicado ao Sínodo para a Amazônia. Pela manhã visitamos a área missionária São Sebastião composta por comunidades ribeirinhas, uma experiência nova na Diocese, com a concretização da busca de novos caminhos proposto na temática do Sínodo. Na parte da tarde, retornando a sede da Diocese, e foi momento de refletir a partir das escutas feitas nas nove dioceses e da carta final da assembleia territorial do Regional. Os bispos fizeram uma partilha dos processos feitos em suas Dioceses e observou-se que muitas das indicações são comuns. A noite uma celebração na a antiga Catedral da Diocese. Mas, na busca de novos caminhos, também se faz necessário parar para conhecer melhor a cultura do lugar, foi momento de contemplar a apresentação dos dois bois bumbás Garantido e Caprichoso. Realmente uma celebração da diversidade cultural de nossa gente. Assim concluímos este dia do encontro”, relatou o Diácono Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte 1. Confira algumas fotos da chegada e do primeiro dia do encontro.

Celebração Eucarística com bispos do Regional Norte 1 marca o início das atividades no ITEPES

Bispos do Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima, padres, religiosos, seminaristas e leigos estiveram reunidos na Celebração Eucarística realizada na manhã de 11 de fevereiro, nas dependências do Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia (ITEPES), para dar abertura ao ano letivo. O arcebispo metropolitano de Manaus, Dom Sergio Castriani, presidiu a celebração. Concelebrando estavam Dom José Ionilton, Bispo da Prelazia de Itacoatiara; Dom Edson Damian, Bispo da Diocese de Gabriel da Cachoeira; Dom Mário Antônio, presidente do Regional Norte 1 e Bispo da Diocese de Roraima; padre Cândido Cocaveli, diretor administrativo do ITEPES; auxiliados pelo diácono Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte 1 Amazonas e Roraima. Ao final da celebração, Padre Cândido Cocaveli leu um trecho de umas das cartas do livro de autoria de Dom Mario Clemente, bispo emérito de Tefé, onde ele conta experiências das missões realizadas na Amazônia, o jeito simples do povo ribeirinho e a vontade de aprender sobre Jesus. Citou ainda sobre os 20 anos em que a sede do ITEPES foi entregue. Depois da celebração, houve um breve lanche e em seguida todos retornaram à sala para o início da mesa redonda com os bispos, que marcou o início do Curso “Realidade Amazônica” para novos missionários, recém chegados à Amazônia.  Na ocasião, abordaram assuntos pertinentes no Regional Norte 1, como pastoreio, as experiências vividas na Amazônia e a migração ocorrida em Roraima, onde Dom Mário Antônio falou um pouco da sua realidade.  Por Rafaella Moura  

Indígenas se mobilizam em Manaus contra MP 870 e contam com o apoio da Igreja local

Por Luis Miguel Modino Os povos indígenas não estão dispostos a aceitar as limitações que o governo federal pretende impor e gradualmente estão organizados para exigir os direitos que a Constituição Federal de 1988 garante. Este 20 de janeiro, os índios tomaram as ruas e têm gritado contra a Medida Provisória 870 do presidente Jair Bolsonaro, que transfere os poderes da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, para o Ministério de Agricultura. O grito de guerra foi: “Não gota de sangue mais” slogan da campanha “SANGUE INDÍGENA. NENHUMA GOTA A MAIS!” que foi lançada em todo o país defender os direitos dos povos indígenas, repetindo em diferentes intervenções que não aceitam, repudiam a decisão do atual presidente e se perguntando onde está o justiça. O evento foi organizado pela Confederação de Povos Indígenas de Manaus e Meio Ambiente – COPIME, e tem recebido apoio de diferentes organizações e agências, incluindo a Caritas Arquidiocesana de Manaus, o Serviço de Ação, Reflexão Igreja Católica e Educação Socioambiental – SARES e o Conselho Indigenista Missionário – CIMI. Segundo o diácono Afonso Oliveira, Secretário Executivo da Caritas – Manaus, a entidade “tem apoiado sempre a Pastoral Indigenista como Pastoral Social, apoiando os movimentos indígenas que estão se movimentando hoje reivindicando aquilo que é justo, os direitos que estão sendo ameaçados”. Nesse sentido, o diácono afirma que “a gente está acompanhando todo esse processo de desmonte dos direitos e é preciso um posicionamento, apoiamos a iniciativa, essas reivindicações que estão sendo colocadas hoje”. Turi Sateré, presidente da COPIME reconheceu que a razão para a concentração, além das reivindicações contra a Medida Provisória 870, são “vários retrocessos que podem vir contra os povos indígenas”, observando que “é uma luta no Brasil todo”. Nesse sentido, Nara Baré, presidenta da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, disse que as organizações indígenas já estão conscientes das ameaças do novo governo desde antes de tomar posse, considerando a Medida Provisória 870 como algo que “traz um total genocídio para os povos indígenas do Brasil”, com o objetivo de “abrir a Amazônia para o agronegócio, para a mineração em terras indígenas, para a exploração, e isso para a gente, a gente não quer”. Junto com isso, a presidenta da COIAB denuncia a existência de mais de duzentos pedidos de demarcação de terras indígenas. Ela reconhece falta de confiança nas instituições brasileiras, que não são muito propensas a defender os povos indígenas, como mostra o fato de que, após as últimas eleições, as invasões de terras indígenas e assassinatos aumentaram. No entanto, Nara Baré, adverte que “não vamos recuar”, denunciando o retorno do discurso da ditadura militar, que defendia a assimilação e integração dos indígenas, que são retrocessos inaceitáveis, sem querer entender que “nossos territórios somos nós, estamos na água, no vento, na floresta “, segundo o líder indígena. Na mesma linha, tem se pronunciado o Presidente da Confederação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN, Marivelton Baré, que disse que, no Brasil, “um governo ante indígena foi instalado”. Recordando a história dos povos indígenas, ele afirmou que “estas terras, este território sempre foi nosso, a gente teve nossa casa, nosso território invadido e hoje a gente tem que se ficar mobilizando para que o governo reconheça o que é nosso por direito originário”. Contra o discurso acusando os índios de muita terra para pouco índio, observou que 13% do território é terra indígena, enquanto 60% está nas mãos do agronegócio. Ele denunciou que “hoje eles estão ameaçando nosso modo de vida, nosso território, nosso bem viver nas nossas comunidades, porque o que eles querem não é o bem viver dos indígenas, apenas todas as riquezas que tem dentro de nossos territórios”. Para combater esta realidade pediu unidade como organizações e povos, dizendo que “temos que saber seguir com uma visão estratégica diante da sociedade que nos envolve”, fazendo uma chamada para uma “mobilização diante do estado brasileiro para implementar e garantir políticas públicas adequadas e de acordo com a nossa especificidade “. O novo deputado federal José Ricardo Wendling, ressaltou a importância da mobilização “para tentar reverter a medida provisória que remove as atribuições importantes da Funai, para passá-las para um ministério que não tem compromisso com a causa indígena”. Inclusive o deputado denunciou que “foi feito isso de propósito, que é para dizer que a questão indígena não é prioridade para este governo”. O próprio Procurador da República no Estado do Amazonas para as populações indígenas e comunidades tradicionais, Dr. Fernando Merloto Soave, acusou o governo de não respeitar a Constituição Federal, nem a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que afirma que os indígenas, as populações tradicionais têm que ser consultadas. O procurador destacou que “mudar toda uma estrutura de um órgão indigenista sem ne sequer consultar, nem as entidades, sem dialogar, o primeiro dia, não faz parte da observância da Convenção do OIT que o Brasil é hoje signatário. Isso precisa ser revisto por este governo, de uma maneira democrática, dialogada, ou se isso não for possível judicialmente”. Ele mesmo, que recolhe todas as denúncias que violam os direitos indígenas no estado do Amazonas, reconhece que há “uma série de problemas que enfrentamos hoje, desde a questão da terra, que sempre é a principal, porque sem a terra não pode articular questões de saúde, de educação “. Nesse sentido, há “a Constituição Federal determinou que com cinco anos, lá em 88, forem demarcadas todas as terras, ou seja, deveriam estar todas demarcadas até 93, e até hoje mais de 400, 500 ainda não foram demarcadas”. Segundo o Procurador Geral, “não é uma questão deste governo, porque os governos anteriores não avançaram, mas agora me parece que ainda menos”. Isso resulta em “ausência de saúde adequada, ausência de educação diferenciada”, diz o doutor Fernando Merloto Soave, que exemplificou que “só no estado do Amazonas são 800 comunidades indígenas sem escolas, tem as crianças e os professores e você não tem escola e quando tem às vezes não é diferenciada”. Por essa…
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Andar por toda a parte fazendo o bem – Artigo do site CNBB

http://www.cnbb.org.br/andar-por-toda-a-parte-fazendo-o-bem/ O Batismo de Jesus marca o início de sua vida pública. Ele começa a realizar efetivamente a sua Missão entre nós. Assim nos relatam os Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas (cf. Mt 4, 1; Mc 1, 12; Lc 3, 23. 4, 1). Eles colocam o início das atividades de Jesus imediatamente após ter sido batizado por João no Rio Jordão. Marcos após relatar o batismo de Jesus, escreve: “Logo depois, o Espírito o fez sair para o deserto” (1, 12). O Batismo que Jesus recebeu não é o batismo que nós recebemos. Jesus foi batizado com o batismo de João, que era “um batismo de conversão, para o perdão dos pecados” (Mc 1, 4). Embora Jesus não precisasse deste batismo, pois não tinha pecado, ele, também, aqui no batismo desejou ser igual a nós, numa grande demonstração de humildade. É bom ler o diálogo de João Batista com Jesus antes dele ser batizado (cf. Mt 3, 13-15). O Batismo que recebemos é o Batismo instituído por Jesus, conforme encontramos relatado pelos evangelistas Mateus e Marcos (Mt 28, 19; Mc 16, 15-16). Como nos ensina Paulo, pelo batismo que recebemos, participamos da morte e ressureição de Jesus e passamos a viver uma vida nova (cf. Rm 6, 4-5). Esta vida nova que começa em nosso batismo se consolida no seguimento de Jesus. O batismo nos faz discípulos e discípulas dele (cf. Mt 28, 19). Ser discípulo/discípula dele significa “aprender dEle” (cf. Mt 11, 29), fazer como Ele fez (cf. Jo 13, 15) e amar como Ele amou (cf. Jo 13, 34). Pedro na segunda leitura da Festa do Batismo de Jesus (cf. At 10, 34-38) nos oferece uma informação essencial para que possamos viver bem o nosso batismo, conformando (assumindo a forma) da vida de Jesus. Pedro em uma catequese na casa de Cornélio disse: “Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Por toda a parte ele andou fazendo o bem” (At 10, 37-38). Jesus andou por toda a parte fazendo o bem. Mateus escreve em seu evangelho o recado de Jesus para João Batista que mandou saber se ele era mesmo o Messias. Neste recado de Jesus encontramos exemplos do bem que Ele andou fazendo por toda parte. Vejamos: “Cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são curados, surdos ouvem, mortos ressuscitam e aos pobres se anuncia a Boa Nova” (Mt 11, 5). Jesus foi humilde pois não mandou dizer que ele tinha dado pão aos famintos (cf. Jo 6, 5-13), que tinha evitado que a mulher adúltera fosse morta à pedradas (cf. Jo 8, 1-11), que superou o preconceito contra a mulher, causando até escândalo aos apóstolos (cf. Jo 4, 4-30). Se Jesus andou por toda a parte fazendo o bem, nós que o seguimos somos, também, chamados e chamadas a fazer como Ele fez. Devemos, portanto, nos perguntar, tem sido assim a minha vida? Ando por toda a parte fazendo o bem: na família, no trabalho, no estudo, onde moro, com meus amigos e amigas, na minha Comunidade de fé? Que bem tenho feito e quem bem posso ainda fazer ou fazer melhor? Esta nossa missão de fazer o bem é permanente e não depende de ninguém. Devemos fazer o bem mesmo quando recebemos o mal ou quando vemos o mal crescendo no meio e nós. Lembremos do que nos diz Paulo na carta aos Romanos: “A ninguém pagueis o mal com o mal. Empenhai-vos em fazer o bem diante de todos… Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (12, 17.21). Fazer o bem a todas as pessoas, mas devemos fazer o bem a quem mais precisa de nossa ajuda, tornando assim o bem que fazemos em gestos de solidariedade que como nos ensina São João Paulo II é “a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos” (Carta Encíclica Sollicitudo Rei Socialis, nº 38). Podemos fazer o bem de muitas e diversas formas, individual ou comunitariamente, mas quero lembrar os chamados areópagos modernos, que o Documento 105 da CNBB nos números 255 a 272 apontam como espaços próprios para os cristãos leigos e as cristãs leigas agirem: a) a família: comunidade de vida e de amor, escola de valores, Igreja doméstica, grande benfeitora da humanidade; b) a política: uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum; c) o trabalho: um direito fundamental da pessoa humana e meio importante para servir à sociedade; d) a cultura e a educação: contribuem para a promoção do desenvolvimento integral da pessoa; e) os meios de comunicação: podem colaborar com o bem comum, com a comunidade em suas necessidades e com as superação dos problemas sociais; f) a Casa Comum:  a defesa da criação, das águas, das florestas e do clima. Por  Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira Bispo da Prelazia de Itacoatiara