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Regional finaliza processo de síntese das escutas para o Sínodo para a Amazônia

Por Ana Paula Lourenço – Pastoral da Comunicação Regional Norte 1 –AM/RR Com a finalidade de sintetizar todas as escutas realizadas com os mais diversos grupos das nove (arqui)dioceses e prelazias do Amazonas e de Roraima, o Regional Norte 1 da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro, em Manaus, uma assembleia territorial pré-sinodal para apresentar a síntese realizada a partir dos 34 relatórios de escutas enviados à equipe de trabalho, onde foram destacados alguns elementos como a valorização dos povos indígenas, a questão da cultura, do saber tradicional, do cuidado com a natureza, com a Casa Comum e expressões culturais. Por meio de uma carta, o Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do sínodo dos bispos, deixou uma mensagem motivadora para este trabalho que, segundo ele, ajuda todo o território da Amazônia  a participar ativamente da preparação do sínodo para a Amazônia que vai ocorrer em outubro de 2019, tendo como objetivo a evangelização dos povos dos territórios amazônicos, com especial atenção aos povos indígenas. Nesta, afirmou que tudo o que for levantado, fruto do trabalho e discernimento das escutas serão muito úteis para toda a Região Amazônica, iniciativa esta que confirma ser esta uma igreja sinodal, ou seja uma igreja participativa e corresponsável. Toda a escuta foi realizada utilizando o método VER, DISCERNIR E AGIR, e enviada à comissão por meio de relatórios, totalizando 34 (até o momento da assembleia territorial) sendo dez de comunidades e paróquias, cinco de povos indígenas, nove de organizações pastorais regionais, nove das igrejas locais e um da assembleia do Regional Norte 1 ocorrida em setembro deste ano. O trabalho de síntese dos pontos destacados por cada participante desse processo foi realizado pela equipe formada por Pe. Zenildo Lima, Ir. Rose Bertoldo e Pe. Luiz Modino, que apresentaram o resultado para avaliação e inserção de algum ponto muito relevante. Todo o conteúdo será levado para um grande trabalho de síntese nacional, no mês de dezembro, tendo como porta-voz padre Zenildo Lima.  Depois desta etapa, haverá a construção do Instrumentum Laboris, que norteará os trabalhos do sínodo que vai ocorrer no Vaticano, em outubro de 2019, com a presença dos bispos que atuam na Amazônia.  “A nossa atitude foi de acolher as propostas vindas das nossas (arqui)dioceses e prelazias que nos motivaram a fazer grupos e a propor acréscimos. Queremos que as propostas aqui  oficializadas sejam encaminhadas para um novo ciclo de análise que vai servir de material para a elaboração do instrumento de trabalho, um novo texto que vai ajudar os bispos na realização do sínodo em outubro do próximo ano. Quero agradecer a todas as comunidades, paróquias e áreas missionárias, dioceses e prelazias, todos que participaram desse processo que continua para o bem da Amazônia, em uma ecologia integral, no cuidado com a criação, sobretudo com as comunidades e povos originários e todas as pessoas que residem nesta belíssima e grande região que compreende também oito países”, destacou Dom Mario Antonio da Silva, Bispo de Roraima e Presidente do Regional Norte I da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).    Segundo Dom Mário Antônio, em todo o processo de preparação houve a intenção de buscar novos caminhos de evangelização para a nossa Igreja. “Sabemos que o caminho é a comunidade, é o bem de família, e ao mesmo tempo vida em abundância para todos. Vivemos em tempos difíceis de muitos desafios e também de possíveis ameaças a nível nacional e estadual, por isso queremos que o processo do sínodo seja um despertar e reanimar para que possamos não ficar anestesiados diante de possíveis ameaças para a vida humana, da Amazônia e do nosso planeta. Que sigamos unidos como mensageiros da esperança, com a alegria  de que o reino de Deus está no meio de nós e nos fortalece na luta pela justiça e na construção de uma cultura de paz”, enfatizou Dom Mário. Ao final, como de costume, foi escrita uma carta em que se destacou ser o Sínodo um tempo de graça, um kairós, que convoca todos a elevar as vozes e dar as mãos e seguir; sendo um processo que gera possibilidades, promove a escuta e uma ferramenta que ajuda a recolher as vozes proféticas dos povos da Amazônia, reconhecendo o papel da mulher, em uma sociedade dominada pelo mercado, pelos grandes projetos, com propostas perversas. “Sonhamos com uma Igreja ousada, dialogal, inclusiva, pobre, solidária, mística, em saída. Uma Igreja que quer se expressar em uma liturgia e sacramentos inculturados, que assimila as culturas, dá valor à religiosidade popular e mariana, promove o diálogo inter-religioso, desde a escuta e a teologia indígena. Uma Igreja profética, que promove novos paradigmas de comunicação, com pauta nos povos da Amazônia, que atua em rede e busca repercutir a vida da região”. Confira na íntegra a carta escrita pelos participantes desta assembleia territorial pré-sinodal.    

Políticas Públicas é temática de encontro formativo promovido pelo Regional Norte 1 em Manaus

Representantes de Pastorais, Serviços e Organismos do Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima da CNBB estiveram reunidos entre os dias 27 e 29 de novembro, no Centro de Formação Maromba, situado no bairro Chapada, para participar do encontro de formação sobre a temática da Campanha da Fraternidade de 2019 “Políticas Públicas”, conduzida pela assessoria do bispo do Alto Solimões, Dom Adolfo Zon Pereira, que é especialista no assunto. Foram três dias de intensa reflexão para despertar nos participantes, cerca de 90 pessoas, a compreensão sobre políticas públicas e sua importância, visando seguir o objetivo da Campanha da Fraternidade 2019 que pretende estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, conhecendo como são formuladas e aplicadas as Políticas Públicas no âmbito municipal, estadual e federal. Espera-se que os presentes neste encontro sejam multiplicadores, levando estas reflexões e fomentando discussões nas comunidades de todas as nove prelazias e dioceses do Regional Norte 1 que compreende os Estados do Amazonas e Roraima. Dom Adolfo deu uma verdadeira aula sobre porque existem e como deveriam funcionar as políticas públicas e também relacionou a isso a doutrina social da Igreja Católica. Destacou que o ser humano é essencialmente social e precisa do outro para sobreviver, por isso é tão importante que conheça a cultura política, seus valores e idéias, atitudes e predisposição, opinião política, saber quem são os atores e agentes envolvidos, as instâncias que existem, quais espaços o cidadão pode adentrar e fazer a diferença, lutando conta a corrupção e para que estas políticas beneficiem a sociedade como um todo, especialmente no campo da saúde, educação, habitação, dentre outros, garantindo os direitos e a cidadania, promovendo justiça social. “Trabalhamos para fazer familiar o texto-base que a Campanha da Fraternidade está nos oferecendo, sobre a temática das políticas públicas. Eu tentei, no primeiro dia, coloca a CF dentro do contexto da quaresma, porque eu creio que é um elemento muito importante, pois sublinha uma dimensão muito importante da quaresma que é a conversão estrutural e social porque não devemos nos esquecer que o ser humano é um ser social, então a conversão tem também que atingir as suas relações com os outros e também as estrutura que ele vai criando”, destacou o bispo do Alto Solimões. Na tarde do segundo dia de encontro (28/11), os presentes se dividiram em 12 grupos para refletir as pistas que foram dadas por toda a exposição dentro do método VER, para julgarem e formularem propostas (AGIR) do que pode ser realizado em cada localidade na intenção de disseminar uma visão crítica e tornar as pessoas agentes de transformação, conscientes de seus direitos e deveres diante da sociedade, buscando o bem comum. “Eu creio que um dos compromissos do ser cristão é também converter as estruturas de pecado em estruturas da graça de Deus. Eu creio que no campo da política, é possível converter ou fazer dessas estruturas canais da graça de Deus. Pra isso, a primeira coisa que temos que fazer é conhecer a natureza dessa atividade, e respeitando suas leis internas, nós vamos colaborar para que também a graça de Deus passe por este mundo da política que tanto precisa. E eu creio que se a sociedade estiver muito mais perto daqueles que nós escolhemos para levar para frente a comunidade política e as suas ações, eu creio que no final vamos ganhar todos. Eu espero que esta campanha da fraternidade nos empolgue e nos faça mais próximos das nossas autoridades para que juntos possamos encontrar as soluções que mais convenham aos problemas que nós estamos sofrendo”, explicou Dom Adolfo. Por Ana Paula Lourenço – Pastoral da Comunicação Regional Norte 1 – AM/RR

Encontro Regional dos Presbíteros realizado em Itacoatiara reuniu mais de 70 padres do Regional Norte – 1

De 5 a 9 de novembro, aconteceu em Itacoatiara (AM), na Paróquia Divino Espírito Santo, o Encontro Regional dos Presbíteros, contando com a presença de 74 padres do Regional Norte 1  amazonas e roraima,  e três bispos, Dom José Albuquerque, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus; Dom José Ionilton, bispo da prelazia de Itacoatiara; e Dom Giuliano Frigen, bispo de Parintins. O encontrão teve como tema “O Burnout na vida consagrada e Religiosa” e Lema “cuidai de vós mesmos e de todo rebanho, pois o Espírito Santo vos constitui como guardiões”. O assessor do encontro foi o psicólogo clínico do Instituto “Acolher” de São Paulo, o  Dr. Wellington Heleno, que trabalha no acompanhamento de Presbíteros, religiosos e seminaristas. O objetivo foi continuar com a formação permanente dos padres e fomentar a fraternidade Presbiteral, e o tema refere-se a uma doença psíquica, um estado de esgotamento físico e mental, cuja causa está intimamente ligada à vida profissional e quem lida diretamente com pessoas. O próximo Encontro Regional está previsto para a cidade de Coari AM, em 2020. Informações e fotos – Pe. Marcicley Martins, secretário da Pastoral Presbiteral do Regional Norte 1 – Amazonas  e Roraima

Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima emite carta ao povo de Deus sobre as Eleições 2018

Os participantes da 46a. Assembleia do Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima, reunidos em Manaus de 24 a 27 de setembro, produziram uma carta ao povo de Deus sobre as Eleições 2018 , reafirmando o valor do voto e a importância da efetiva participação do exercício direto da democracia, sem abrir mão de princípios éticos e dispositivos gerais, convidando todos a viver um compromisso com a política conhecendo e avaliando propostas aos candidatos ao poder executivo (presidente, senador, deputados federais e estaduais), comparecendo às urnas e votando de forma livre e responsável, e depois acompanhando os eleitos para que possam cumprir o que prometeram e promover políticas públicas visando melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos. Confira na íntegra!      

Causas comuns às dioceses e prelazias do Regional Norte 1 foram refletidas durante 46a. Assembleia

“Meio ambiente, a causa Indígena, migração forçada e o tráfico de pessoas”, foram as temáticas comuns às nove arqui/dioceses e prelazias que compõem o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Amazonas e Roraima, cuja situação atual foi apresentada, refletida e propostas ações evangelizadoras, durante a 46ª Assembleia ocorrida no período de 24 a 27 de setembro, no Centro de Treinamento Maromba, situado no bairro Chapada. Estiveram presentes padres, coordenadores diocesanos de pastoral, delegados das pastorais, religiosos e religiosas, leigos e leigas participantes de serviços, organismos, grupos e movimentos e os bispos titulares das prelazias e diocese, num total de 108 participantes (13 bispos, 16 padres, 15 religiosas/os e 64 leigos/as). Na programação também estava incluída uma coletiva de imprensa que aconteceu na manhã de 27 de setembro, com o objetivo de divulgar o resultado das reflexões, estudos e propostas de ações a respeito do meio ambiente, dos Indígenas e da migração forçada e tráfico de pessoas em todas as prelazias, dioceses e arquidiocese, inclusive em áreas de fronteira, como é o caso da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, do Alto Solimões e de Roraima. Coletiva de imprensa realizada para divulgar resultadosTeve como mediador o bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, Dom Edson Damian, que deu a boas-vindas a todos em nome de Dom Mario Antônio da Silva, bispo da diocese de Roraima e presidente do Regional Norte 1 e apresentou os membros que compuseram a mesa. “A nossa 46º assembleia fez uma avaliação das causas comuns que foram assumidas como compromisso e debatidas durante esses últimos dias. Nessa coletiva vamos explanar alguns direcionamentos tomados e para isso contamos com a presença da Ir. Rose Bertoldo, representando a Rede Um Grito Pela Vida; Luiz Ventura, representando o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) para falar sobre migração forçada e tráfico humano”, disse Dom Edson ao abrir a coletiva. Ir. Rose começou sua fala comentando de maneira breve como o tráfico de pessoas se manifesta e o que fazer enquanto igreja. “O nosso compromisso é dar continuidade no enfrentamento a essas violências (abuso e exploração sexual; trabalho escravo; tráfico de órgãos; adoção irregular, casamento servil, atividades ilícitas) e, sobretudo, fazer o trabalho de prevenção. Aqui abrimos grandes sinais de esperança de trabalhar junto às dioceses e prelazias do Regional Norte 1”, disse Ir. Rose. Na sequência, Luiz Ventura comentou sobre as ameaças aos direitos dos povos indígenas que comprometem diretamente a demarcação das terras indígenas. “Somos cientes que estamos vivendo aqui no Brasil um momento extremamente difícil para os povos indígenas que se encontram ameaçados pela ação articulada de diversos níveis do Estado Brasileiro. Isso nos leva a buscar a reivindicação das terras indígenas reafirmando a proximidade com os povos indígenas por meio de um diálogo fraterno e de um trabalho realizado junto com eles a partir de pastorais indigenistas”, comentou o representante do Cimi. Logo depois, Dom Edson passou à palavra a Dom Marcos Piatek, Vice-Presidente do Regional Norte 1 e bispo da Diocese de Coari, que apresentou as ações concretas que foram assumidas referentes aos temos abordados no encontro, entre elas: 1) A criação de uma Comissão regional que trate o meio ambiente e o fortalecimento das ações realizadas pela Rede Eclesial Pan – Amazônica REPAM.2) Apoio a Rede Um Grito pela Vida, organizar seminários nas igrejas locais e a realização de um encontro regional específico sobre migração e tráfico de pessoas.3) Criar ou fortalecer a pastoral indigenista no âmbito regional nas dioceses e prelazias, com a participação mais efetiva dos povos indígenas nas assembleias pastorais. Para finalizar, Dom Edson passou a palavra para Dom José Ionilton, da Prelazia de Itacoatiara e bispo referencial dos leigos e leigas do Regional Norte 1, que leu alguns tópicos da carta sobre as eleições que foi aprovada durante a 46º Assembleia. Entre os passos importantes estabelecidos estão: 1) O período pré-eleição, onde se procura identificar os programas de cada candidato e seus partidos, analisando se trazem a defesa da vida e dos territórios indígenas, dos quilombolas, comunidades ribeirinhas e todas pessoas atingidas por ondas contra a vida.2) Voto livre e com responsabilidade. Lembrando também da importância da eleição para o poder legislativo, um cuidado especial na eleição não apenas do presidente, mas também dos senadores e deputados federais e estaduais.3) Não parar de cobrar e acompanhar após as eleições e exigir dos eleitos para que cumpram a sua função constitucional, exercendo com honestidade e ética. Por Érico Pena

A questão indígena, migração forçada e tráfico humano e do meio ambiente são temas comuns no Regional Norte 1

Um dos aspectos que ajudam a fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico é assumir as causas que nascem do chão amazônico. Nesse sentido, o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, que compreende nove prelazias, dioceses e arquidioceses dos estados de Roraima e Amazonas, tem assumido desde há anos compromissos com realidades presentes na região: questão indígena, migração forçada e tráfico humano e as questões relacionadas ao meio ambiente, à Casa Comum. A Igreja tem realizado seminários nos últimos anos sobre essas temáticas, no propósito de assumir “novos compromissos à luz das ameaças e daquilo que nos interpela, à luz daquilo que já temos feito e estamos também celebrando”, como reconhece Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima e Presidente do Regional Norte 1. Ele insiste em que “em tudo isso, o que está em causa são os povos da Amazônia, a vida humana, que queremos que seja defendida em todas as suas fases e lugares, libertando a vida humana de toda e qualquer ameaça que destrói a possibilidade de felicidade e de bem-estar”. O reitor de Seminário São José, Padre Zenildo Lima, participante da assembléia, destaca o fato de que “nós fizemos destas questões uma pauta, a gente percebeu que a realidade é gritante, que ela existe e que começam alguns sinais de articulação”. Nesse sentido, tem-se dado uma atenção pastoral mais sistemática, embora com muitas lacunas, para com as populações indígenas presentes, seja nasaldeias como também da grande população indígena presente e dispersa no centro urbano que é a nossa capital. A pastoral indigenista, ou ações pastorais com os indígenas têm sido um passo mais expressivo além de ter retomado essa pauta”. Junto com isso, no diz respeito ao meio ambiente, o Padre Zenildo Lima, destaca a importância dos “seminários sobre a Laudato Sí e os desdobramentos desses seminários em nossas Igrejas locais e nos nossos organismos”. Mas o grande desafio é o tráfico de pessoas, uma questão que “é bem mais discutida e percebida aqui na nossa Igreja do regional”. Nesse sentido, destaca o seminário realizado recentemente como uma conquista. Em comunhão com o Papa Francisco, recolhido na Laudato Sí, e com o Sínodo da Pan-Amazônia, Dom Mário Antônio reconhece que “assumimos o Evangelho da criação, o cuidado da Casa Comum, e de maneira muito especial a ecologia integral, que prioriza o ser humano, as comunidades e povos originários, para que tenham vida e vida em abundancia”. Por isso, continua o bispo, “a preparação para o Sínodo da Amazônia, convocado pelo Papa Francisco, nos coloca com muita alegria na perspectiva, neste momento, de uma escuta, escuta das bases, das comunidades, especial dos povos indígenas e também de outras comunidades e povos originários da nossa Amazônia, não somente da Amazônia brasileira mas de toda a Pan-Amazônia”. Esse processo sinodal “está sendo um processo que está nos unindo bastante e está nos dando a sensibilidade de poder escutar os sujeitos da Amazônia, que são os povos e comunidades tradicionais. A nossa expectativa é que essa escuta nos motive para a vivência do Sínodo em outubro de 2019 com muito vigor e esperança de realmente, para a Amazônia, novos caminhos de evangelização e uma ecologia integral séria, profunda para a Amazônia e para o mundo”. Ao falar do Sínodo, o Padre Zenildo Lima, reconhece sua preocupação, “porque parece que boa parte de nós, agentes locais, estamos esquecendo que nós somos os grandes agentes do Sínodo. Tenho escutado muitos discursos ao respeito da expectativa do que o Sínodo vai dizer para nós e me parece que o que nós temos a dizer para o Sínodo, escutando partilhas nesta assembléia, a gente percebe como existe muita coisa bonita acontecendo, que tem avançado também”. O reitor do Seminário São José  vê o Sínodo como “uma ferramenta muito importante porque tem-nos possibilitado a um olhar mais atencioso para nós mesmos, a nos perceber como Igreja e a nos perceber como sujeitos”. Para o Padre Zenildo, “em tempos de Sínodo, o importante é que estas causas vão sendo cada vez mais assumidas como uma temática pastoral. A evangelização na Amazônia tem um rosto muito concreto, é cuidado das populações locais, da diversidade da vida e com a vida das pessoas que são machucadas e são desrespeitadas, traficadas, aqui na nossa região. Acho que o Sínodo escancarou as portas para essa problemática e está nos ajudando a reconhecer que o sujeito do enfrentamento a essas questões somos nós mesmos”. Na assembléia do Regional Norte 1 estão tendo um papel em destaque os povos indígenas. Trinho Paiva, do povo baniwa, destaca a grande importância da terra, aspecto em que também insiste Messias Miranda da Silva, do povo muragwa. Segundo Trinho, essa importância da terra, faz que “nós valorizamos muito a questão da terra, das florestas, as montanhas, que são lugares sagrados para nós, porque nós acreditamos que a vida espiritual se faz presente, por isso valorizamos muito as águas, os igarapés”. Nessa mesma direção, o representante do povo muragwa, destaca a importância da luta pela terra. A mãe que conheço é a Mãe Terra, que me dá o alimento e uma garantia de tudo aquilo que a gente precisa”. Os indígenas criticam o decorrer da história da humanidade, sobretudo o que faz referencia à privatização da terra, atitude própria do capitalismo, que trouxe o individualismo. Trinho Paiva, voltando às origens, enfatiza que “segundo nosso Deus Criador a terra é um patrimônio universal, todo mundo tem que ter acesso à terra”. Por isso, ele insiste em que “para nós indígenas a floresta é liberada, pode caçar, pode tirar frutas, nós não temos fronteiras. O homem branco chega e começa a dividir”. Mesmo reconhecendo o apoio que hoje recebem os povos indígenas da Igreja, o indígena do povo baniwa, denuncia que “em São Gabriel, a chegada das missões foi um choque bastante grande, pois diziam que nossa cultura era diabólica. A gente perdeu parte do conhecimento que nós tínhamos, muitos rituais não foram mais praticados por isso. Depois entrou a religião evangélica,…
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Comissão do Laicato aprofunda o estudo sobre o protagonismo dos leigos e leigas

A Comissão do Laicato do Regional Norte 1 esteve reunidos nos dias 21 a 23 de setembro para aprofundar o estudo sobre o protagonismo dos cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade com a assessoria do Diácono Francisco Andrade. Durante o encontro às dioceses e prelazias partilharam sobre a caminhada do Laicato e também a vivência do Ano Nacional do Laicato. Houve a avaliação da presença da comissão nas formações das dioceses e prelazias e a instalações dos conselhos leigos. Hoje no regional a arquidiocese de Manaus, Diocese de Roraima, Diocese de Parintins, e  Prelazia de Tefé possuem conselhos. As Dioceses de Borba, Coari e Prelazia de Itacoatiara possuem comissões. Diocese de Alto Solimões e São Gabriel da Cachoeira ainda não constituíram nem comissão e nem Conselho. Para 2019 às dioceses e prelazias pretendem continuar com a formação e estudo do Documento 105 nas paróquias e realizar um seminário em setembro de 2019 para a comissão. Também já está no calendário as atividades em nível nacional como a Assembleia Nacional em junho de 2019.O encontro contou com representantes de Borba, Itacoatiara, Manaus, Parintins, Roraima e São Gabriel da Cachoeira. Dom Ionilton bispo referência do Laicato no regional também esteve presente no encontro. Texto e fotos: Patrícia Cabral

Meio ambiente, indígenas, migração forçada e tráfico de pessoas serão temáticas da 46ª. Assembleia do Regional Norte 1 realizada em Manaus

No período de 24 a 27 de setembro, leigos e padres de diversas pastorais e organismos e os bispos titulares das nove arqui/dioceses e prelazias que compõem o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Amazonas e Roraima, estarão reunidos em sua 46ª. Assembleia para tratar de temáticas comuns a todas as dioceses que são “Meio ambiente, a causa Indígena, migração forçada e tráfico de pessoa”. A abertura acontece na noite de segunda-feira (24/9), às 18h, e nos demais dias a programação acontece de 8h às 18h, no Centro de Treinamento Maromba, situado no bairro Chapada. E após dois dias de discussões, realizará uma coletiva de imprensa para divulgar o resultado das reflexões, estudos e propostas de ações a respeito do meio ambiente, dos Indígenas e da migração forçada e tráfico de pessoas em todas as prelazias, dioceses e arquidiocese, inclusive em áreas de fronteira, como é o caso da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, do Alto Solimões e de Roraima, que hoje tem recebido diariamente muitos venezuelanos que buscam sobrevivência no Brasil. Assim como em todos os anos, é um momento de comunhão, articulação, definição de estratégias para encarar desafios comuns para a ação evangelizadora na zona urbana e nas localidades ribeirinhas ou indígenas das mais distantes, de difícil acesso e comunicação, mas que são espaços muito importantes da Amazônia.  Sobre o Regional A Igreja Católica no Brasil é organizada por circunscrições eclesiásticas, atualmente é composta por 18 regionais. O ‘Norte 1’, que abrange o norte do Amazonas e o estado de Roraima, compreende nove (arqui)dioceses e prelazias, sendo elas: · Arquidiocese de Manaus· Diocese do Alto Solimões· Diocese de Coari· Prelazia de Itacoatiara· Diocese de Parintins· Diocese de Roraima· Diocese de São Gabriel da Cachoeira· Prelazia de Borba· Prelazia de Tefé Presidido pelo bispo de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva – eleito para o cargo em 2015, o regional procura estar em sintonia com as indicações das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, em comunhão com as cinco urgências da Ação Evangelizadora, com pistas de ação para que cada Igreja particular, cada pastoral, movimento ou organismo possa caminhar de forma conjunta, criando uma grande rede de evangelização. Por Ana Paula Lourenço Pascom Regional Norte 1-AM/RR

NUPCA: Sementes de novos caminhos para uma ecologia integral

O Sínodo da Amazônia quer fazer realidade novos caminhos para uma ecologia integral. Esse propósito vai se tornar realidade na medida em que, depois de um processo de escuta, sejam conhecidas diferentes experiências que já estão presentes na realidade amazônica e que oferecem pistas nessa direção. Um dos projetos que foram aprovados pelo Fundo Nacional de Solidariedade depois da Campanha da Fraternidade de 2017, que refletiu sobre o tema dos biomas brasileiros e defesa da vida, foi os Núcleos de Proteção da Convivência com a Amazônia – NUPCA. Este projeto, coordenado pela Caritas Regional Norte 1, está baseado na organização comunitária e incidência política, tendo como perspectiva o fortalecimento do protagonismo das pessoas locais na convivência com a Amazônia. Não podemos esquecer que são os povos da Amazônia quem tradicionalmente têm criado as diferentes formas de cuidado com a Amazônia. Também está presente a necessidade uma espiritualidade ecológica. Os NUPCA está formado por cinco experiências que estão tratando de fazer realidade quatro atitudes que recebem o nome de REMO: Reaprender para proteger; Educar para conviver; Monitorar para proteger e Ouvir os gritos da Amazônia e seus povos. Essas experiências se desenvolvem em quatro dioceses do Regional Norte 1. Na zona leste de Manaus, o Grupo Artes Regionais Cuidando do Amazonas; na diocese de Parintins, o Núcleo Mocambo do Arari; na diocese de Roraima, o grupo de catadores Projeto Terra Viva; no bairro Puraquequara de Manaus, o grupo Incomoda.com; na diocese de Coari, o Núcleo Nova Esperança de Manacapuru. Em todos os projetos existe uma preocupação pelo cuidado da casa comum, existindo atividades que fazem realidade novos caminhos para uma ecologia integral, que nos chama o Sínodo da Amazônia, sendo alguns deles um instrumento de geração de renda. Não podemos esquecer que a poluição e a degradação ambiental está cada vez mais presente na Amazônia e essa atitude de cuidado deve estar cada vez mais presente na sociedade e na Igreja amazônica. Como reconhecia Márcia de Oliveira, assessora do Sínodo da Amazônia, “a convivência com a Amazônia está baseada numa troca de saberes, num ensinar e aprender”. Essa troca não pode continuar sendo injusta, atitude presente na região desde o tempo da colonização, que acaba com a convivência com a Amazônia. Nesse sentido, a professora da Universidade Federal de Roraima, insiste em que “os povos originários têm que nos ensinar a reaprender essa convivência”, uma situação nada fácil, pois existe um projeto de extermínio dos povos da Amazônia, como demonstra o fato de que o Brasil é o lugar de maior risco para os defensores dos direitos humanos e ambientais. A assessora do Sínodo reconhece que “é possível criar outros mecanismos de convivência sem destruir”, propondo o bem-viver como cultura alternativa ao mundo capitalista, que promove o desenvolvimento a qualquer custo. Essa cultura capitalista gera conflitos estruturais no mundo de hoje, que se traduzem, segundo a professora Márcia, no “não reconhecimento do outro, acumulação dos bens nas mãos de poucos e aceleração das atividades”. Isso, gera desafios, segundo ela, “reconhecer o outro, redistribuir os bens, desacelerar as atividades”, assim como, baseados no Sumak Kausay, “recuperar o que foi tirado, descolonizar nossas práticas, reaprender e lutar contra o sistema dominante”. De fato existem visões enfrentadas entre o capitalismo, que promove viver melhor com mais mercadorias, e o Sumak Kausay, que visa repartir os bens para que todos possam viver bem e a vida de todos em harmonia com a natureza. Para isso, se faz necessário algumas rupturas, com o conceito de desenvolvimento, econômica, constitucional e democrática, ética e com o estado patrimonialista. Um instrumento que ajuda nessa dinâmica são as rodas de conversa, que pretendem desenvolver três atitudes: conhecer para amar e respeitar a casa comum, conhecer para reconhecer e valorizar a Amazônia e conhecer para conviver com a Amazônia. Nessa perspectiva é importante o chamado Nhandereko-há, que é um lugar de organização social e política, de produção e transmissão de etno-conhecimento, que vê a floresta como uma casa que não tem dono. Junto com isso é importante reconhecer a resistência milenar dos povos originários e romper com o conhecimento negado. Também não esquecer que se eu cuido da terra, a terra cuida de mim, se eu cuido do outro, o outro cuida de mim. Uma atitude contrária à lógica do capitalismo, onde cada um cuida de si. Escutar, conhecer, divulgar essas experiências podem ajudar a fazer realidade esse desejo do Papa Francisco de criar novos caminhos para a ecologia integral. O caminho iniciado na encíclica Laudato Si precisa ser continuado. Sem dúvida, o Sínodo da Amazônia é uma oportunidade impar nesse sentido. Dai a importância de atividades que como essa da Caritas Regional Norte 1 pretende fazer um intercambio de saberes com os povos da Amazônia, numa busca decidida de lutar pela vida da Amazônia e de seus povos. Por Pe. Luis Miguel Modino

Bispos da Amazônia Legal realizam encontro para pensar novos caminhos para a Amazônia

  “Ouvir o clamor da Amazônia e de seus povos que estão mais do que nunca ameaçados” esta é a intenção da Igreja Católica ao convocar o Sínodo para a Amazônia, conforme afirmou Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) durante a abertura do 3.Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, que reúne cerca de 50 bispos, em Manaus, no Centro de Treinamento Maromba de 20 a 23 de agosto. A finalidade deste sínodo, conforme o papa Francisco, é encontrar novos caminhos para a evangelização da porção do povo de Deus, em especial aos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem perspectiva de um futuro sereno, e também pela floresta amazônica, pulmão do mundo. E a partir daí se formulou o tema do sínodo “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Em seu discurso o cardeal afirmou ainda que se trata de um momento histórico pois a igreja reúne-se para decidir o futuro da Amazônia. “Somos chamados a iluminar o percurso da história da Amazônia. O papa pede que sejamos uma igreja mais próxima, encurtando distâncias. Uma igreja solidária, profética que denuncia e luta por direitos e justiça, indicando caminhos…. Não é apenas repetir o que já foi dito, mas Avançar e percorrer novos caminhos. O espírito vem conduzir todo esse processo de encontrar um novo caminho, de fomentar e ser presença evangelizadora na Amazônia. O presidente do Regional Norte 1 – CNBB, Dom Mario Antônio Silva, declarou que se alegra na realização desse encontro. “O sínodo nos interpela a estarmos juntos. Querermos propostas de audácia e coragem. Consenso a luz do Espírito Santo, sem medo do novo. Mais do que nunca, celebrar as belezas da Amazônia e olhar com bondade os que sofrem”, destacou o bispo, que também lembrou o conflito em Pacaraima, na fronteira do Brasil e Venezuela, e desejou que o sínodo possa oferecer possibilidades de uma convivência serena dos nossos povos, promovendo a acolhida. O anfitrião deste encontro, o arcebispo da Arquidiocese de Manaus, Dom Sergio Castriani, afirmou que nesta semana a Igreja de Manaus vive um tempo de graça, pois os pastores da Amazônia colocam, mais uma vez, em comum a alegria do Evangelho vivida nesta parte do Brasil. “É uma alegria serena que não esconde os grandes desafios que enfrentamos nesta tarefa que vai além das forças humanas. O que os move é a esperança em Deus que não abandona a sua criação e sua criatura mais querida, o ser humano. Este encontro reveste-se de uma importância ímpar porque se realiza às vésperas de dois sínodos cuja temática nos toca de maneira especial. Juventude e Amazônia são realidades que se complementam. Nós sonhamos com uma igreja de rosto amazônico. Esta Igreja já existe nas comunidades que se formaram e se fortaleceram a partir do encontro de Santarém. As organizações indígenas com as quais a Igreja católica colaborou e colabora, o compromisso com a luta pela terra, por saúde e educação diferenciadas marcam a pastoral indigenista. O envolvimento em projetos de desenvolvimento sustentável a partir da fé, e a luta por melhores condições de vida nas grandes periferias urbanas marcam a nossa Igreja”, afirmou Dom Sergio. “Nosso coração de pastores, estará sempre presente o atendimento e o acompanhamento pastoral das comunidades que tem direito de serem alimentadas pelo pão da Palavra e pelos sacramentos. Crescemos muito nos ministérios leigos, formamos catequistas, dirigentes de celebração, animadores de comunidades, ministros da palavra, das exéquias e da sagrada comunhão. Formamos e ordenamos um bom número de padres diocesanos e diáconos permanentes nos últimos tempos e temos já um clero local que, se não é numeroso, tem identidade própria. Mas as necessidades ainda são grandes e as nossas características regionais exigem soluções diferenciadas. Tenho certeza que este encontro fará história como os precedentes, pois quando estamos unidos o Espírito Santo age.  Bom encontro! Sintam-se em casa! É uma honra e um privilégio tê-los aqui”, “, concluiu o o arcebispo de Manaus.