Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Autor: cnbbnorte1blog@gmail.com

Cardeal Leonardo Steiner abençoa barco-hospital São João XXIII

No dia 22 de agosto de 2024, no final do V Encontro da Igreja da Amazônia, realizado em Manaus de 19 a 22 de agosto, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), abençoou, na presença de alguns dos participantes do encontro, o barco-hospital São João XXIII. Esse barco-hospital irá surcar os rios do Estado do Amazonas, igual acontece com os barcos-hospitais Papa Francisco e São João Paulo II, no Estado do Pará, estando previsto o início dos atendimentos no final do ano. Os barcos-hospitais surgiram para o atendimento das comunidades ribeirinhas, onde mora gente que não tem condição de ir para a cidade para receber tratamento médico. Um sonho que aos poucos foi se concretizando com a ajuda de muita gente e de muitas organizações, que há cinco anos se faz presente em 18 municípios do oeste do Estado do Pará, que já fez mais de 100 expedições, com 500 mil atendimentos gratuitos, financiado em 80% pelo Governo do Estado do Pará e 20% pela Associação Lar São Francisco. O bispo de Óbidos, sede dos barcos que atendem no Pará, dom Bernardo Johannes Bahlmann O.F.M., insiste em que “a intenção era dar acesso à saúde aos pobres e àqueles que têm carência”, relatando que há pessoas que ficaram anos esperando por uma cirurgia, algo que agora conseguem através desse projeto. Os médicos que atendem, todos são voluntários, que chegam de diversos hospitais do Brasil, públicos e particulares, sendo feitas duas expedições de uma semana por mês. Segundo o bispo, “eles ficam encantados com a região, porque eles estão vendo a beleza, eles estão vendo a necessidade, e quando retornam para seus hospitais, onde tem tudo, do bom e do melhor, eles ficam tristes”. Um trabalho que também é momento de evangelização, pois provoca questionamentos nas pessoas, porque “eles estão vendo a realidade nossa aqui”, segundo dom Bernardo. O barco-hospital São João XXIII está se construindo e equipando passo a passo, algo que demanda paciência, enfrentar questões políticas, que envolvem o Governo Federal e o Governo Estadual, o que demanda acreditar na Providência, ressalta o bispo, que fala da necessidade de uma grande articulação, buscando uma solução diante do sofrimento de tantas pessoas e salvar vidas entre as pessoas que tem mais necessidade. O barco-hospital São João XXIII, que terá como sede Manaus, em parceria com o Governo Estadual do Amazonas, percorrerá os rios Negro e Solimões, atendendo, depois de fazer um mapeamento prévio, pessoas marginalizadas que não tem acesso à saúde. Dos três barcos-hospitais existentes, o São João XXIII é o que tem maior capacidade. Contará com atendimento odontológico, oftalmológico, sala de ultrassom, raio X, tomografia, mamografia, laboratório, farmácia, dentre outros atendimentos. Será possível fazer mais de 100 cirurgias de baixa e média complexidade por dia. O barco contará com duas ambu-lanchas, pudendo buscar doentes nas comunidades, e geradores de oxigênio para os pacientes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Carta Compromisso do V Encontro da Igreja na Amazônia Legal: Dar respostas ousadas e sem medo aos desafios

Os participantes do V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, reunidos em Manaus, de 19 a 22 de agosto de 2024, publicaram uma Carta Compromisso no final de um encontro onde dizem ter se reunido “para reafirmarmos a caminhada que nossos antecessores começaram de modo colegial e, hoje, somos nós que prosseguimos como peregrinos da esperança”. Um encontro iluminado pela “memória da caminhada sinodal da Igreja na Amazônia”, que lembrou a importância do Encontro de Santarém 1972, que convidou “a uma conversão ao Verbo Encarnado que exigiu da Igreja um total entrosamento com a realidade”. Diante dos apelos de hoje, que ajudam a acolher os avanços e desafios, inspirados no Sínodo para a Amazônia e no Encontro de Santarém de 2022, surgem caminhos de encarnação na realidade e evangelização libertadora, em vista da formação, da ministerialidade, do cuidado com a casa comum, da corresponsabilidade e sustentabilidade, da caridade e profecia. Tudo isso com ferramentas e meios para bem ler os sinais dos tempos a abrir a novos horizontes. Não se limitar a novos temas, e sim “um novo jeito de ser Igreja, em pequenas comunidades inseridas no chão da Amazônia, que evangelizam pelo testemunho, pelo serviço e pelo anúncio do Evangelho”.  Uma Igreja de processos e não de eventos, com homens e mulheres capazes de dar a vida até o fim, que está junto do povo e luta com o povo por seus direitos, corajosa. Uma Igreja com mulheres que já exercem a diaconia na animação e coordenação das comunidades. Uma Igreja que quer construir o Rito Amazônico, e que é envolvida pelo Espírito no cuidado com a Casa Comum, na defesa da vida dos povos e, sobretudo, dos pobres da terra e das águas, dos migrantes, os mais atingidos com as mudanças climáticas. Uma Igreja comprometida na defesa dos povos originários, que se sente chamada a alimentar a esperança e dar respostas ousadas e sem medo aos desafios. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encerrado o V Encontro da Igreja na Amazônia Legal: Momento de discernimento comum em obediência ao Espírito

O V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que reuniu desde segunda-feira, 19 de agosto, mais de 80 participantes em Manaus, com o tema “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”, foi encerrado com um chamado a assumir compromissos que possam ajudar no anúncio do Evangelho e na construção do Reino da Igreja na região. Um encontro que à luz das leituras da Festa de Nossa Senhora Rainha, nos leva a “despertar em nós algumas atitudes”, segundo o arcebispo de São Luiz (MA) e presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O arcebispo refletiu sobre quatro atitudes, sendo a primeira a alegria, “ajudar a nosso povo a vir à luz, a encontrar a luz”. Ele lembrou as partilhas ao longo do encontro, “as nossas dificuldades, os nossos desafios: o individualismo, clericalismo, a espiritualidade desencarnada da realidade, a ameaça do Marco Temporal, a situação do agronegócio, da monocultura, da mineração destruindo a casa comum e a vida das pessoas”, e diante disso, “o Senhor nos pede que não percamos a alegria, sem alegria a vida se torna difícil e dura”, e ter consciência que “nós estamos solidários uns com os outros”. Uma segunda atitude é “essa certeza de que o Senhor está contigo, Deus nos acompanha e também nos defende, e nos proporciona sempre o bem”, sobretudo quando caminhamos juntos. Como terceira atitude, dom Gilberto ressaltou “não temas, não tenhais medo de uma história difícil”, advertindo sobre os muitos medos, dentre eles o medo à missão, ao fracasso, à doença, à morte, pudendo “sentir medo de nossas incompreensões e incoerências”. Por isso, o presidente da CEA sublinhou que “o medo sufoca a vida, paralisa as força, nos impede de caminhar”. Finalmente, a exemplo de Maria, acolher a graça de Deus e nos deixamos conduzir por ela, “despertar em nós a confiança em Deus e a alegria de sabermos acolhidos por Ele”, e nos deixarmos ser acompanhados por Deus. O arcebispo afirmou que “só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem, em solidariedade com os que choram. Só pode ser feliz para acordar felizes os outros”. Os compromissos nascidos do V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, estruturados em passos, pistas e responsáveis, são divididos em seis caminhos: Caminhos da formação; Caminhos da ministerialidade; Caminhos de Participação das Mulheres; Caminhos do cuidado da Casa Comum; Caminhos da corresponsabilidade e sustentabilidade; Caminhos da Caridade e a Profecia. Para a Igreja na Amazônia a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, tem uma grande importância. A Conferência das Partes é o encontro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em vista do debate e das soluções. A Igreja do Brasil, que em 2025 terá como tema da Campanha da Fraternidade a Ecologia Integral, está se mobilizando em vista da COP 30, e tem criado uma equipe de coordenação. O Papa Francisco, na Laudate deum, afirma que “as alterações climáticas são um dos principais desafios que a sociedade e a comunidade global têm de enfrentar”. Nessa perspectiva, a Igreja do Brasil quer “fortalecer o grau de incidência da Igreja em vista da conversão ecológica e da transformação socioambiental do planeta, à luz da Doutrina Social da Igreja.” Foram apresentados os atores e escalas, os cenários, as diretrizes e as ações previstas. Durante a COP30 está previsto a realização do Jubileu da Igreja da Amazônia, com diversas atividades que estão sendo propostas a ser realizadas no tempo da COP. Uma Igreja que, em palavras do bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, tem “a admiração pela perseverança diante de desafios tão difíceis”, da Igreja do Brasil. É por isso, que ele manifestou seu compromisso de partilhar com o resto da Igreja do Brasil a realidade da Igreja da Amazônia. Dom Gilberto Pastana encerrou o encontro agradecendo a participação, a partilha, a colaboração e o discernimento comum em obediência ao Espírito, em um processo que tem que nos levar a uma conversão permanente, na pastoral, no relacionamento e nas estruturas, sempre ao serviço da vida, a assumir a missão da Igreja em sinodalidade. Palavras que antecederam a celebração de envio, encerrada com a benção de um dos grandes profetas da Igreja da Amazônia, o bispo emérito do Xingú, dom Erwin Kräutler. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Papa Francisco nomeia dom Tadeu bispo da Prelazia de Itacoatiara

Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos foi nomeado pelo Papa Francisco nesta quinta-feira, 22 de agosto de 2024, bispo da prelazia de Itacoatiara (AM). Ele tinha sido nomeado administrador apostólico no dia 29 de julho de 2024, depois da posse canônica de dom José Ionilton Lisboa de Oliveira como bispo da prelazia do Marajó (PA). Nascido em Corumbá (MS), no dia 3 de dezembro de 1967, o novo bispo da Prelazia de Itacoatiara pertence à Congregação dos Salesianos de Dom Bosco. Ordenado presbítero no dia 7 de dezembro de 1996, foi mestre de noviços, diretor de colégio e de faculdades salesianas, vice inspetor, pároco, formador de seminaristas salesianos e diretor do Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo. Ordenado bispo no dia 12 de dezembro de 2016, tem sido bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus durante mais de sete anos, serviço para o que foi nomeado em 12 de outubro de 2016. No Regional Norte1 e na arquidiocese de Manaus, dom Tadeu é o referencial da juventude, sendo vigário episcopal da Região Nossa Senhora dos Navegantes, que corresponde às Zonas Centro Sul e Leste de Manaus e os municípios de Careiro da Várzea, Careiro Castanho e Manaquiri. Na arquidiocese acompanha a Vida Religiosa e os Movimentos e Novas Comunidades. O Regional Norte1 da CNBB, em mensagem assinada pela Presidência, disse acolher “com grande alegria sua nomeação como bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM)”. Dom Tadeu, que tem sido bispo auxiliar de Manaus durante sete anos e meio, já conhece a realidade da Amazônia, disse o texto, afirmando que “tem nos ajudado ao longo desse tempo tanto na Arquidiocese de Manaus como na caminhada de nosso Regional”, mostrando alegria “com sua disponibilidade em permanecer no chão amazônico.” Finalmente, desejam “que esta nova missão que a Igreja está a lhe confiar através de Papa Francisco, possa ser uma experiência que lhe ajude a continuar construindo o Reino na querida Amazônia”, suplicando “a Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Prelazia de Itacoatiara, que lhe conduza no pastoreio dessa Igreja local.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mensagem do V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, para as Eleições 2024: “Votemos responsavelmente pela Amazônia!”

Os participantes do V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, reunidos em Manaus de 19 a 22 de agosto de 2024, lançaram uma Mensagem por ocasião das Eleições Municipais do próximo 6 de outubro, mostrando suas “esperanças e preocupações a respeito das eleições municipais que se aproximam”. Segundo o texto, “essas eleições têm uma importância particular pela proximidade dos candidatos e candidatas com os eleitores, bem como com suas preocupações mais concretas”, afirmando que “espera-se a garantia de políticas públicas que atendam principalmente os empobrecidos”. Para isso, se pede “identificar e escolher bem os candidatos e as candidatas”, identificando aquilo que é esperado dos prefeitos e vereadores. A mensagem destaca a indispensabilidade do equilíbrio e a complementariedade entre os poderes Legislativo e Executivo, em vista da “consolidação da democracia e o avanço da justiça social nos municípios”. Para os candidatos se pede “um compromisso irrenunciável com a defesa integral da vida”, dos direitos humanos, da Casa Comum. Igualmente, colocar “o bem comum acima de seus interesses pessoais ou corporativos”. “Votemos responsavelmente pela Amazônia!”, clama a mensagem, mostrando a urgência de diversos pedidos. Igualmente é destacada a importância da Ficha Limpa, de avaliar as informações sobre os candidatos, combater a desinformação e repudiar quaisquer formas de violência e divisão. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Rito Amazônico e Ministerialidade: Muito mais que uma mediação pastoral

O V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que está sendo realizado em Manaus de 19 a 22 de agosto, é um espaço de reflexão sobre diversos passos que a Igreja na Amazônia está dando. Um deles é o Rito Amazônico, algo que foi se configurando a partir do desejo de uma Igreja com rosto amazônico, que acompanha a vida da Igreja na região desde a chegada do Evangelho, no século XVI. O Encontro de Santarém, em 1972, pode ser considerado um divisor de águas nessa configuração de uma Igreja com rosto amazônico. Ao longo dos últimos 50 anos foram se dando passos, sendo o Sínodo para a Amazônia, em 2019, o momento em que surgiu a proposta de um rito amazônico, segundo recolhe o número 119 do Documento Final. O Rito Amazônico deve se somar aos outros 23 ritos presentes na Igreja. Segundo Agenor Brighenti, é um rito que quer ser muito mais que um rito litúrgico, pois não pode ser reduzido à inculturação da Liturgia ou do Missal Romano. Nessa perspectiva está sendo trabalhado sobre sacramentos e sacramentais, a Iniciação à Vida Cristã, a Liturgia das Horas, o Ano Litúrgico, os Ministérios, o Espaço Litúrgico, as Estruturas e organização da Igreja. O objetivo é que seja um rito que configure um modelo de Igreja para a Amazônia. O teólogo brasileiro insiste em que um rito não se cria, ele é elaborado a partir dos processos de inculturação do Evangelho e de encarnação da Igreja, fruto de um longo processo de comunidades insertas na realidade, algo que vem sendo feito desde a chegada dos primeiros missionários. Dada a grande extensão e diversidade da região, Brighenti questionava: “É possível um só rito para toda a Amazônia?”. Ele defende a necessidade de respeitar e potencializar a diversidade, que em uma Amazônia múltipla possa se encontrar um denominador comum, mas suficientemente aberto para que cada região possa encarnar seu específico nesse rito. Desde 2020 vem se dando passos com aportes de diversos especialistas e comissões de trabalho, que deu passo ao Marco Geral do Rito Amazônico e a recolhida de registros de experiências de inculturação, buscando criar os componentes do Rito Amazônico que leva a elaborar os Rituais do Rito Amazônico. Um processo que irá até março de 2025, com três anos ad experimentum para avaliar e ajustar o Rito Amazônico. A prática da Ministerialidade é uma realidade presente na Igreja da Amazônia. “Não se pode pensar nos ministérios somente como mediação pastoral, são mais que isso”, segundo a Ir. Sônia Matos, que igualmente insiste em que “não pode pensar em ministérios por causa da falta de ministros ordenados, seria desviá-los de seu significado e fundamento”. A religiosa faz um chamado a partir do sacerdócio comum que deriva do batismo, que leve a entender os ministérios como trilhas para encarnar o Evangelho e a vivência da Igreja. “Para uma Igreja com rosto amazônico é necessário uma ministerialidade amazônida de fato, através de uma vivência eclesial que siga a capilaridade-sinodalidade dos rios”, destaca a superiora da Congregação das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo. Na Amazônia, dada a história da região, não pode ser esquecido que “as mulheres são sujeitos nas paróquias e nas dioceses, com múltiplas formas de serviço pastoral e ricas experiências de ministerialidade”. Diante disso, aparece o desafio de ser um carisma reconhecido pelo Bispo diante da vocação para um serviço específico na Igreja, um reconhecimento que supera a discriminação de gênero. São ministérios a serviço da vida da comunidade, e nesse sentido, conferir o ministério diaconal às mulheres é reconhecer e legitimar a diaconia que elas “de fato” já exercem nas comunidades, nas coordenações, ministérios da Palavra e da Eucaristia, na animação litúrgica, no cuidado com os pobres. É por isso que “com o reconhecimento, de fato e de direito, as mulheres sairiam do papel de suplência pastoral e de exclusão nas instâncias de decisão, para assumir um ministério a partir de sua dignidade ministerial”, sublinhou a religiosa. Ela defende que a Igreja na Amazônia continua em busca de respostas criativas aos desafios de cada momento histórico, em vista do serviço da missão evangelizadora e da transformação social. Uma dinâmica que leva a refletir sobre o modelo de Igreja a levar adiante na Amazônia. Junto com os ministérios já existentes, aparece a possibilidade de novos ministérios: Ministério da Casa Comum e Ministério da assessoria, dentre outros. “A ministerialidade do povo de Deus na Amazônia reluz sua construção sinodal”, segundo a religiosa. Uma dinâmica sinodal que reconhece a riqueza de todas as lideranças na Igreja e promove a participação de todos. Isso leva a Ir. Sônia Matos a pedir que a Igreja da Amazônia se amazonice, “a través de uma ministerialidade autóctone, pluriforme, pluricultural, para encarnar o Evangelho”, para viver a catolicidade com o rosto e o jeito amazônico, deixando de lado a tentação da uniformidade e da auto referencialidade, para se tornar uma comunidade ministerial, como jeito de viver e testemunhar o Reino. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

V Encontro da Igreja na Amazônia: Ser um farol de esperança, justiça e amor em meio aos desafios

O Encontro de Santarém em 1972 foi um momento marcante na vida da Igreja brasileira. Em 2022, seguindo as inspirações e aplicações do Sínodo da Amazônia e o projeto de viver a sinodalidade nas terras e nas águas amazônicas, a Igreja da região quis impulsionar algumas linhas prioritárias. Tendo como ponto de partida as escutas às Igrejas locais e a conjuntura na Amazônia Local, o V Encontro da Igreja na Amazônia, que está acontecendo em Manaus de 19 a 22 de agosto de 2024, com mais de 80 participantes, foram trabalhadas as linhas prioritárias do Encontro de Santarém 2022: fortalecimento das Comunidades Eclesiais de Base, destacando a Ministerialidade e a participação das Mulheres; formação; defesa da Vida dos povos da Amazônia e o cuidado com a Casa Comum; evangelização das Juventudes. Somos chamados a perceber a necessidade do outro, segundo afirmou na celebração eucarística, o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, pois “quando o outro é invisível, quando o outro é utilizado simplesmente para meu próprio benefício, meus próprios interesses, então, de fato, nós deixamos de ser bons pastores”. Ele advertiu sobre a grande tentação do domínio sobre o outro, que identificou com o clericalismo, com a tentação de instrumentalizar o outro, do ódio, do desprezo, que vai criando uma mentalidade egoística. Igualmente advertiu que “não somos nós que devemos estar no foco, é o Reino de Deus”, convidando a “amar o lugar onde você está, colocar-se ao serviço, reconhecer que estar à disposição da Igreja é um ato de humildade da nossa parte”. Segundo dom Ricardo Hoepers, o tempo é de Deus e é Ele que vai fazer frutificar, o que demanda nos colocarmos ao serviço de seu plano, de sua missão. Igualmente falou sobre a enveja, que nos enfraquece, nos impede reconhecer o que o outro faz. Para isso pediu humildade e nos darmos as mãos para fortalecer em Deus, o seu plano, a sua missão e o seu Reino entre nós. O V Encontro da Igreja na Amazônia sente que o Espírito chama a Igreja da Amazônia a ser um farol de esperança, justiça e amor em meio aos desafios da atualidade, ser um instrumento de transformação e renovação promovendo a dignidade humana, a paz e a integridade da criação. Nessa perspectiva foram abordados seis eixos: formação, ministerialidade, participação das mulheres, casa comum, sustentabilidade, caridade e profecia. Refletindo sobre a formação dos seminaristas, é visto como um desafio o fato de acontecer longe da realidade das dioceses, vendo a necessidade de pensar numa formação mais próxima. Igualmente foi destacado a necessidade de investir na formação de formadores, de pensar em encontros de formadores da Amazônia e de projetos formativos encarnadas na realidade da Amazônia. Se considera importante que os seminaristas realizem atividades missionárias. A ministerialidade tem como base a comunidade eclesial, que indica os ministérios que necessita. Uma ministerialidade que vai além da estrutura eclesial, atingindo o campo da política, cultural, cuidado da casa comum. Falando sobre as mulheres, se reconhece que sua presença nas comunidades como fundamental, considerando fundamental quem é que decide. Daí a necessidade de mudar o Direito Canônico para que os conselhos não sejam só consultivos, promovendo a tomada de decisões de forma mais sinodal e menos clerical, favorecer e estimular a participação das mulheres em todas as instâncias de decisão e em todos os ministérios. Aparece como proposta envolver as mulheres na formação dos maridos que querem ser diáconos permanentes, que as mulheres e as famílias assumam o trabalho diaconal. Igualmente a participação ativa das mulheres na formação dos seminaristas. Do mesmo modo que o diaconato surgiu por uma necessidade da Igreja, atender as viúvas, foi colocado a necessidade de prestar mais atenção às necessidades da Igreja hoje. O cuidado casa comum demanda criar o ministério de cuidado da casa comum, fomentar a sensibilidade espiritual da ecologia, promover a consciência de que os beneficiários de cuidado são as pessoas, fomentar a ação profética, fazer um chamado à responsabilidade das empresas, animar a dimensão ecológica de todas as pastorais, o cuidado e aproveitamento da agua, o uso de energias renováveis, estimular a justiça ambiental com multas ambientais, fomentar o plantio de árvores, participar das datas de cuidado ecológico, A sustentabilidade da Igreja na Amazônia constitui um dos grandes desafios. Daí a proposta de criar um escritório central de captação de recursos, de impulsionar a economia solidária, cuidar bem da Pastoral do Dízimo e promover a solidariedade entre as igrejas locais. Diante da falta boa gestão e transparência se propõe formação em gestão eclesial. Finalmente, na caridade e profecia surgiram propostas de criar a comissão dos Direitos Humanos, de Justiça e Paz, e de impulsionar a participação da Igreja nos conselhos em todos os níveis. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Analisar a conjuntura amazônica para descobrir as prioridades como Igreja

Escutar os clamores da realidade, dos povos que habitam a Amazônia, é um dos grandes desafios de uma evangelização encarnada e libertadora. Daí a importância de analisar a realidade, a conjuntura amazônica desde diversas perspectivas. Uma análise da realidade que a professora da Universidade Federal de Roraima, Márcia Maria de Oliveira, abordava desde o fenómeno das migrações como um desafio para a Igreja da Amazônia. Segundo a socióloga, a Amazônia é a região do Brasil com maior mobilidade humana, com deslocamentos internos e internacionais. Uma realidade marcada pela violência e a violação dos direitos humanos, com grupos especializados em contrabando, tráfico de pessoas e exploração no trabalho. Migrantes, principalmente venezuelanos, sem documentação, com um atendimento deficiente do governo brasileiro, marcados pelo sofrimento, que demanda da Igreja a necessidade de acolher e incluir os migrantes, para vencer a xenofobia e a aporofobia. O alto número de migrantes tem provocado um aumento de moradores de rua, que coloca desafios pastorais. Existe uma relação entre as fronteiras e os conflitos socioambientais, se dando uma parceria entre o garimpo criminoso, o crime organizado e o avanço do agronegócio. O crime organizado controla o garimpo, o tráfico de drogas, o tráfico de pessoas, se dando uma relação com o desmatamento e as queimadas, com a contaminação da terra e das águas, com a crise climática. Diante disso, se faz necessário, segundo a professora, mudar os quadros políticos. Ela denuncia o crescimento da violência na Amazônia, especialmente contra as mulheres, vítimas de assassinatos, e de violência sexual, e da violência sexual contra crianças. Na Amazônia, uma criança ou adolescente é vítima de estupro a cada 8 minutos no último ano, e tem se dado um grande aumento da gravidez de crianças de 10 a 14 anos. Tudo isso em um clima de impunidade diante dessa violência. Na Igreja da Amazônia, se faz necessário, segundo o arcebispo de Cuiabá, dom Mário Antônio da Silva, olhar para fora, abrir janelas, abrir portas, abrir o telhado. Ele questionou como é o compromisso da Igreja na Amazônia, o que é prioridade. Diante da complexidade da realidade, se faz inevitável o profetismo, perguntando “como ser profeta da verdade em nossa querida Amazônia em nossos dias?” e “o que se espera da Igreja?”. Diante disso, o arcebispo de Cuiabá fez um chamado a dedicar tempo para dar passos, para avançar, sentar e discutir, para discernir e agir, aproveitar as reflexões, buscar propostas para um caminho real. No atual processo sinodal, dom Mário Antônio desafiou a não ficar apenas com gotas de Francisco, mas ser um rio de missionariedade, e depois do encontro, “não levar apenas sementes, mas frutos em abundância para todos”. Ele destacou a necessidade de uma formação sacerdotal para ser padres discípulos pastores, refletindo sobre o diaconato permanente e a dificuldade do clero para aceitá-lo, mas também sobre a questão econômica. Em uma perspectiva meio ambiental, ecológica, Felício Pontes, procurador da República, destacou os aportes dos bispos da Amazônia nesse campo. Ele citou as palavras do Papa Francisco na Laudate Deum: “E o mesmo disseram, em poucas palavras, os bispos presentes no Sínodo para a Amazônia: ‘Os ataques à natureza têm consequências negativas na vida dos povos’”. Uma ideia que já aparece em Laudato Si´, que afirma que a ecologia e a justiça social estão intrinsecamente ligadas. O procurador refletiu sobre o modelo predatório de desenvolvimento, combatido desde Santarém 1972, que se concretiza na exploração de madeira, na pecuária, na mineração, na monocultura e na infraestrutura. A consequência disso é que desde 1972, que havia um 0,5% de desmatamento, passou a 20%, ponto de não retorno. Na Amazônia, os conflitos são conflitos por terra e os povos indígenas são os alvos dos ataques. Nessa perspectiva, Felício Pontes destacou o direito a terra como causa dos conflitos. O caminho sinodal da Igreja da Amazônia: Comunhão, Participação e Missão, se concretiza na caminhada da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), segundo o cardeal Pedro Barreto, presidente da CEAMA. Ele definiu a REPAM e a CEAMA não como instituições e sim como organismos que expressam a vida da Amazônia, como as duas faces de uma mesma moeda, expressão de uma Igreja sinodal que escuta o clamor da terra e dos pobres na Amazônia, e que age de maneira conjunta e articulada. O cardeal Barreto insistiu em que esse é um caminho sinodal iniciado no Concílio Vaticano II, que teve sua aplicação na América Latina na Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Medellín (Colômbia), em 1968. Uma dinâmica levada à Amazônia nos encontros amazônicos de Iquitos (Peru) em 1971 e Santarém, em 1972. O cardeal peruano destacou a importância da Conferência de Aparecida, onde os bispos da Amazônia brasileira destacaram a importância da evangelização na região. Igualmente, a importância do Sínodo para a Amazônia (2019), do Sínodo 2021-2024, que no Informe de Síntese da Primeira Sessão, destaca que a CEAMA é fruto de um processo sinodal. “Estamos abrindo caminho desde a Amazônia”, enfatizou Barreto, que mostrou o desejo de no Jubileu 2025 ser peregrinos de esperança para a Amazônia. Um desejo expressado pela Ir. Laura Vicuña Pereira Manso, vice-presidenta da CEAMA, que fez um chamado a que “façamos do Sínodo para a Amazônia um caminho trilhado por todos nós”. Esse Sínodo para a Amazônia “nos deu uma consciência pan-amazônica”, segundo o bispo auxiliar de Manaus e vice-presidente da CEAMA, dom Zenildo Lima. Ele lembrou da existência no Brasil da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia, do trabalho em rede iniciado com a REPAM e o posterior organismo de coordenação, ferramenta, das igrejas locais surgido com a CEAMA, destacando a necessidade de diálogo da CEAMA com as igrejas locais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Retrato da Igreja na Amazônia mostra os avanços e desafios nascidos no Sínodo e aprofundados em Santarém 2022

A Igreja da Amazônia está reunida em Manaus para seu V Encontro, iniciado no dia 19 de agosto e que será encerrado no dia 22. Mais de 80 pessoas, bispos, padres, representantes da Vida Religiosa e do laicato refletem no segundo dia a partir da realidade social e eclesial. Em uma Igreja em que “anunciamos o Reino de Deus sempre novo”, segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, cardeal Leonardo Steiner. Um Reino que “anunciamos e vivemos” nos ministérios, serviços e vocações que fazem chegar o Reino a sua plenitude, com uma abundância que dá cem vezes mais. Ele destacou “quanta disponibilidade e quanta generosidade, quanta entrega, tudo por causa do Reino de Deus”, nos missionários e missionárias na Amazônia, que “foram atraídos”, segundo o cardeal disse na Eucaristia que deu início aos trabalhos do segundo dia do encontro. A Igreja da Amazônia dá de sua pobreza, ressaltou o cardeal Steiner, “e tudo isso é transformado em Reino de Deus, visibilização da vida de Deus entre nós”, sublinhando que “recebemos cem vezes mais, em cultura, em religiosidade, em doação, na sensibilidade para com os povos”. Ele enfatizou a importância dos últimos, queridos de Deus, “últimos porque Deus não consegue não se inclinar de modo bem facejo diante da fragilidade, da pequenez, do abandono de seus filhos e filhas”, chamando a ser anunciadores desta esperança e na Igreja da Amazônia, fazer memória “dos nossos antepassados que anunciaram o Reino de Deus, viveram o Reino de Deus e plantaram o Reino de Deus”, de sua missionariedade. O Encontro é uma retomada das vivências do Sínodo para a Amazônia, que foi um tempo de muitas expectativas, segundo o bispo auxiliar de Manaus e vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), dom Zenildo Lima. As reflexões do Sínodo para a Amazônia, mesmo reconhecendo as lacunas, foram recolhidas no Documento Final, um documento programático, e na Querida Amazônia, com um cariz mais reflexivo. O IV Encontro da Igreja na Amazônia, realizado em Santarém 2022, foi momento de recepção do Sínodo para a Amazônia, assumindo como tarefa, a partir das Igrejas da Amazônia, avançar nas lacunas, na questão ministerial, no rosto amazônico, na questão social. Tudo isso foi recolhido no Documento de Santarém 2022, considerado por dom Zenildo Lima, “uma recepção do Sínodo para a Amazônia com os nossos aportes”. Nesse Documento aparecem como diretrizes básicas a encarnação na realidade e a evangelização libertadora, com cinco linhas prioritárias: fortalecimento das comunidades eclesiais de base na ministerialidade e participação das mulheres; formação dos discípulos missionários; defesa da vida, dos povos da Amazônia; cuidado com a casa comum, migração, mineração, megaprojetos de infraestrutura; evangelização das juventudes. Nessa perspectiva, as igrejas locais da Amazônia foram convidadas a responder a algumas perguntas, para ver os avanços e dificuldades, para verificar os passos dados e os entraves quanto a aplicação das propostas de Santarém 2022; perceber situações emergentes que tem exigido um peculiar cuidado pastoral; consolidar algumas iniciativas, indicando desdobramentos concretos quanto a compromissos, opções pastorais, responsáveis, prazos. Um encontro para reconhecer os muitos passos e iniciativas, mas que também aflora a preocupação diante das resistências e retrocessos. Cada um dos seis regionais em que está dividida a Igreja na Amazônia Legal, seguindo as perguntas previamente enviadas, foram apresentando o resultado das escutas. Nos muitos e ricos aportes realizados, cabe destacar que as pessoas estão sendo atingidas em sua essência e isso mexe com a estrutura eclesial, que tem a ver com esse modelo de fé que vai se desenhando. Se percebe um cansaço das comunidades e dos agentes, e existe na Igreja da Amazônia uma preocupação com o clericalismo, com o tradicionalismo, aparecendo a questão da formação presbiteral e o papel das mulheres na Igreja. Também aparecem algumas exigências, que fazem referência ao cuidado com a casa comum e a proximidade com os pobres. Uma Igreja que nunca deve esquecer a dimensão do Reino, onde as comunidades têm uma importância decisiva e que é desafiada a uma maior presença nas comunidades indígenas, a não perder a dimensão sinodal, presente por muitos anos na Igreja da Amazônia, ainda mais diante da individualização da vivência religiosa, que gera um descompasso pastoral, que desafia a buscar saídas para ser uma Igreja mais profética, a reforçar a vida das comunidades. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

V Encontro da Igreja na Amazônia Legal: “Sermos cada vez uma Igreja mais inserida”

Iniciou nesta segunda-feira, 19 de agosto de 2024 o V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que reúne na Maromba de Manaus, de 19 a 22 de agosto, os bispos e outros representantes das 58 igrejas locais que fazem parte da região. Com o tema, “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”, está organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia y a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil). O fato de “nos encontrarmos é sempre importante, para criarmos mais comunhão, para pensarmos juntos a evangelização, permanecermos fiéis ao espírito missionário da nossa Igreja na Amazônia, revermos a nossa caminhada”, segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1). Uma caminhada missionária, sinodal da Igreja da Amazônia, com horizontes muito bonitos e significativos, segundo o cardeal Steiner. Isso se concretiza em “sermos cada vez uma Igreja mais inserida”, lembrando a encarnação proposta em Santarém, que hoje deve acontecer em realidades que são outras. O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) destacou a necessidade de “cada vez mais inserirmos a vida dos povos indígenas”, falando sobre a situação muito difícil em termos de meio ambiente que vive a Amazônia. O cardeal Steiner destacou o incentivo de Papa Francisco a levarmos em consideração toda a realidade, uma perspectiva que “nos anima, mas é uma perspectiva exigente, porque não podemos deixar ninguém para trás. Queremos caminhar todos juntos, mas levando em consideração as realidades que estamos a viver”. Um encontro iniciado com uma celebração marcada pela vida da Igreja e dos povos da Amazônia, seguida da abertura oficial do encontro, que representa uma alegria muito grande para a arquidiocese de Manaus, segundo seu arcebispo. O cardeal Steiner pediu que “seja um encontro onde podermos continuar a sonhar, para sermos uma Igreja profundamente encarnada, levando em consideração os sonhos do Papa Francisco”, e a partir daí “sermos uma Igreja que realmente canta a liberdade, e ao cantar a liberdade, se encarnar nas culturas que aqui existem, possamos realmente ser sinal de esperança”. Uma alegria partilhada pelo arcebispo emérito de Huancayo (Peru) e presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), cardeal Pedro Barreto, que lembrou que “é um fruto do processo sinodal vivido nesta região tão querida”. Ele destacou a larga história da Igreja na Amazônia, ressaltando a necessidade de “sermos conscientes que recolhemos uma sagrada herança dos nossos antecessores que trabalharam na Amazônia”. O cardeal Barreto agradeceu “todo o esforço que estão fazendo para caminhar em comunhão, participando todos na única missão de Cristo”. Em nome da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, lembrou a longa história de encontros da Igreja da Amazônia, iniciado com o primeiro encontro inter-regional em 1952, destacando que “a perseverança nos ensina que vale a pena continuar esse processo com todo entusiasmo”. Ele refletiu sobre os retrocessos que acontecem cada dia na Amazônia, citando os desmatamentos, e mostrando a preocupação do episcopado brasileiro com os povos originários, “esses são os que mais sofrem”, denunciando “a gravidade das coisas que estão acontecendo em nosso país”, algo que lhes preocupa e buscam dar respostas. Ele mostrou a apertura da CNBB a todos, e lembrou o tema da Campanha da Fraternidade de 2025, sobre a ecologia integral, “uma oportunidade para sensibilizar a todo o Brasil”. A Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), que está completando 10 anos, o fato de estar presente no território a leva a mostrar suas alegrias e preocupações, segundo sua vice-presidenta, a Ir. Carmelita Conceição. A religiosa citou a realidade da seca, que desafia a “dar um sinal de vida e esperança na Amazônia”, vendo o encontro como ajuda para “vermos o que fazer e como nos posicionar diante de tantos desafios”. A representante do Governo Brasileiro, Kenarik Boujikian, Secretária Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmou que o papel da instituição que representa é manter o diálogo da sociedade civil e os movimentos sociais com o Governo, lembrando a importância dos movimentos populares para o Papa Francisco. Ela destacou a importância das messas de diálogo, apresentando um caderno de respostas às demandas da Igreja brasileira, que não pretende dar soluções, mas ele é uma ferramenta de trabalho, dividido em quatro eixos: emergência climática; direitos dos povos das águas, do campo e das florestas; regularização fundiária: denuncias e violações de direitos nos territórios. Um caderno para fazer novas construções, pequenas coisas que na realidade podem impactar. Diante dessa realidade, “a REPAM-Brasil quer ser um serviço eclesial, articulado com muitos movimentos e muitas organizações da sociedade civil, em busca de preservar os direitos dos nossos povos, dos nossos territórios e da nossa Amazônia como um todo”, segundo se presidente, o bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler. Respondendo ao caderno, o bispo afirmou que “as nossas ações apoiam e visibilizam as iniciativas das comunidades, pastorais e organizações eclesiais, a partir de uma espiritualidade encarnada, na defesa da vida dos povos e da biodiversidade amazônica para construir o bem viver”, algo feito com fé e esperança. Ele lembrou a visita realizada a 13 ministérios e outras entidades, levando os resultados da escuta aos povos, que tem como consequência o caderno de respostas. Diante de uma situação que tende a se agravar, dom Evaristo Spengler agradeceu as respostas, destacando a importância das políticas públicas necessárias ao cuidado com a casa comum, com a Criação e com a nossa querida Amazônia. O arcebispo de São Luis e presidente da Comissão Especial Episcopal para a Amazônia, dom Gilberto Pastana, lembrou os membros da comissão desde sua criação em 2003, que hoje é formada pelos presidentes dos regionais da Amazônia Legal. Um encontro de “muita convivência, partilha da vida e da missão, e comprometimento com a causa do Reino”, para dar continuidade às conclusões assumidas no IV Encontro, realizado em Santarém em 2022. Lembrando o tema e o lema, ressaltou a importância do processo de…
Leia mais