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Ação do Movimento Fé e Cidadania na Ponta Negra de Manaus

Domingo 18 de agosto 2024 às 16 horas um grupo de quase cem pessoas entre adultos e jovens, do Movimento Fé e Cidadania da paróquia são Vicente de Paulo da Compensa, se fez presente na calçada da Ponta Negra para um evento de conscientização. É desde o mês de abril que, este Movimento, depois de alguns encontros formativos em linha com as indicações da Arquidiocese de Manaus, está passando nas ruas do bairro Compensa, distribuindo e explicando um panflete com escrita a lei 9840, contra a corrupção eleitoral. A novidade da ação de hoje é que, pela primeira vez, o Movimento Fé e Cidadania da Compensa saiu do seu território, para uma espécie de missão político-social. Na verdade, o fosso social entre os dois bairros é impressionante. Por um lado, a Compensa, um bairro pobre, cuja pobreza crônica não permite o desenvolvimento adequado do território. Do outro, a região de Ponta Negra, com seus ricos palácios e com os cuidados especiais com o desenvolvimento do turismo, bem visíveis no Anfiteatro, na linda praia e na rica infraestrutura da área. Enormes contrastes, que não passaram despercebidos aos jovens do Movimento que, juntos na frente do Anfiteatro, agacharam-se formando uma roda e apresentando alguns momentos de teatro de rua, reproduzindo a dinâmica da clássica compra de votos. Foram significativas as palavras dos adultos que intervieram para comentar o teatro de rua, nas quais reiteraram o drama de uma sociedade altamente desigual, causada pela corrupção política, como sublinhou Jabá, coordenador do Movimento, que consome dinheiro público dado para o bem dos cidadãos. Antônio, também ele entre os coordenadores do Movimento, frisou o número espantosamente elevado – mais de novecentos- candidatos a vereadores, numa cidade como Manaus que verá as eleições de no máximo quarenta. Porque esta corrida, questionou Antônio? É difícil pensar que seja movida pelo desejo de servir o povo, apesar das palavras e das promessas dos mesmos candidatos que, no ano das eleições, não manifesta uma elevada fantasia, reiterando o mesmo discurso de sempre. É vendo esses jovens caminhando sorridentes pela larga calçada do bairro Ponta Negra, distribuindo o texto da lei 9.840 contra a corrupção eleitoral, que vem natural pensar que, apesar de tudo, ainda há esperança neste mundo. Padre Paolo Cugini  

Em nota, Diocese de Coari repudia toda forma de abuso e exploração após prisão de padre

Diante da prisão preventiva do Padre Paulo Araújo da Silva, incardinado na Diocese de Coari, acontecida na manhã deste domingo, 18 de agosto, acusado de cometer crimes, a Diocese de Coari manifestou seu repudio a toda forma de abuso e exploração. Igualmente, a diocese mostrou sua solidariedade às vítimas e a suas famílias, colocando-se prontamente disponível para acompanhar a ajudar na superação dos traumas provocados pelos abusos. Do mesmo modo, a diocese manifestou que tomou todas as providências canónicas necessárias, que determina a lei da Igreja, afastando o referido religioso de todas as funções que desempenhava na Igreja católica, e sua disponibilidade para colaborar com as autoridades civis a fim de que se esclareçam os fatos. Reiterando seu compromisso com a justiça e a verdade, a diocese implora o perdão  de Deus diante do grave crime que atenta contra a dignidade humana e escandaliza a fé dos pequenos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Em Nossa Senhora nos vemos como Igreja: somos grandeza e miséria, alegria e angústia, luz e sombra”

“Celebramos a Solenidade da Assunção: a Mãe de Jesus é elevada de alma e corpo ao céu, à glória da eternidade, está em plena comunhão com a Trindade Santa”, afirmou o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, cardeal Leonardo Steiner. Segundo ele, “a vida de Maria, toda a sua existência, foi uma expressão do amor da Trindade, por isso, a sua vida e sua morte celebram o mistério amoroso do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” “E porque toda manifestação amorosa da Trindade veio manifestada na mulher Maria ao dar à luz a Jesus, celebramos nesta liturgia a sua libertação definitiva do mistério da decomposição na morte”, enfatizou o cardeal. Ele lembrou que “numa tradição antiga se fala na ‘dormição’ de Maria, a elevação de Maria ao céu em corpo e alma”. “Um grande sinal no Céu – uma mulher vestida de sol”, disse o arcebispo, lembrando a primeira leitura. Segundo ele, “a mulher, Maria, está envolta numa contradição. De um lado, vem adornada como rainha, com adereços celestes como a lua, o sol, as estrelas. Por outro lado, enfrenta as dores do parto e a perseguição do Dragão, postado à sua frente, pronto para devorar o Filho, logo que nascesse. O Filho foi levado para junto de Deus e a mulher para o deserto onde Deus lhe tinha preparado um lugar”, lembrando o texto: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realiza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo” (Ap 12,10). “Maria que concebeu o Filho de Deus e o deu à luz como salvação. Tudo como manifestação do amor de Deus por nós humanos e por toda a criatura”, ressaltou o cardeal Steiner. Ele disse que “em Nossa Senhora nos vemos como Igreja: somos grandeza e miséria, alegria e angústia, luz e sombra. Nela resplandecente, vemos a nossa salvação, a morte vencida, o mal subjugado. Mas enquanto peregrinos neste mundo, carregamos nossa fraqueza, dor e pecado”. Celebrando a sua assunção, segundo dom Leonardo, “a glorificamos como Rainha do Céu e a chamamos de ‘Mãe do Redentor’, de ‘Mãe da divina graça’. Nos mistérios gozosos a contemplamos coroada Rainha do céu e da terra, pois concebeu e deu à luz a Jesus Cristo, nosso salvador. Coroada, pois como nos lembrava a primeira leitura: ‘uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas’ (Ap 12,1).” São Lucas nos recordava, disse o arcebispo de Manaus, “que Maria partiu, apressadamente, para a região montanhosa, depois que o anjo lhe revelara que sua prima, Isabel, avançada em idade e estéril, também daria à luz um filho. Vimos Maria entrar na casa de Isabel e fomos convidados a contemplar o encontro de duas mulheres grávidas, no qual se revelam, duas profetizas, pois inspiradas pelo Espírito Santo. Isabel sentiu a vinda de Maria e, ao mesmo tempo, João, a vinda do Cristo. O nome ‘João’ evoca o ‘filho da graça’. Como tal, alegra-se com a vinda do gracioso Salvador, Jesus. E Maria permaneceu na casa por três meses e volta para casa.” Segundo o cardeal Steiner, “Maria que saiu da casa, entrou em muitas casas, permanece na casa e volta para casa. Deixou a casa de Nazaré e entrou na casa-estábulo em Belém; de Belém entra na casa estrangeira no Egito; da casa do Egito entra na casa de Nazaré. Deixa a casa de Nazaré para acompanhar o Filho no caminho da Cruz e da morte e habitará a casa da dor e da solidão. Na casa da cruz existe somente a dor, a perda, o sofrer. A dor é sua casa e ela a habita e ela está de corpo e alma. A casa da solidão ao tomar em seus braços o seu filho único descido da cruz, despido, silenciado, sem respiro, sem vida. A vida de sua vida, aquele a quem dera a vida e era a razão de sua vida, agora sem vida nos seus braços. Ela habita a casa da solidão, isto é do estar só Deus, soli-tudo, e nela está de corpo e alma. Nenhum desespero, nenhum fim, nenhum sem sentido, mas repetição silenciosa: ‘faça-se em mim segundo a tua palavra’. Ela está em casa de corpo e alma, pois habitada por Deus.” “Somos convidados, convidadas, para estar a caminho com Maria e sermos a habitação, a morada, na soltura, na liberdade e na receptividade transformante. A nossa revolução passa pela ternura, diz Papa Francisco, pela alegria que se faz proximidade, compaixão que não é comiseração, mas padecer com, para libertar e leva a servir os outros. A nossa fé nos faz sair de casa e ir ao encontro dos outros para partilhar alegrias e sofrimentos, esperanças e frustrações. A nossa fé nos tira de casa para visitar o doente, o recluso, quem chora, quem sabe rir com quem ri, rejubilar com as alegrias dos vizinhos”, ressaltou o arcebispo de Manaus. Como Maria, lembrou dom Leonardo, com palavras de Papa Francisco, “queremos ser uma Igreja que serve, que sai de casa, que sai dos seus templos, que sai das suas sacristias, para acompanhar a vida, sustentar a esperança, ser sinal de unidade de um povo nobre e digno. Como Maria, Mãe da Caridade, queremos ser uma Igreja que saia de casa para lançar pontes, abater muros, semear reconciliação. Como Maria, queremos ser uma Igreja que saiba acompanhar todas as situações “grávidas” da nossa gente, comprometidos com a vida, a cultura, a sociedade, não nos escondendo, mas caminhando com os nossos irmãos, todos juntos. Este é o nosso tesouro mais precioso, esta é a nossa maior riqueza e o melhor legado que podemos deixar: aprender a sair de casa, como Maria, pelas sendas da visitação. E aprender a rezar com Maria, pois a sua oração é cheia de memória e agradecimento; é o cântico do povo de Deus que caminha na história. É a memória viva de que Deus está no nosso meio; é a memória perene de que Deus olhou para a humildade…
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Manaus acolhe V Encontro da Igreja da Amazônia de 19 a 22 de agosto

  Manaus acolhe de 19 a 22 de agosto de 2024 o V Encontro da Igreja da Amazônia, que tem como tema: “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança.” Organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia (CEA) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), se espera a presença de 60 bispos, bem como agentes de pastoral que que trabalham na Igreja da Amazônia e lideranças indígenas. Um encontro que segundo o arcebispo de São Luís (MA) e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia busca “dar continuidade às conclusões do encontro de 2022, em Santarém”, na tentativa de “ver os avanços, as dificuldades e os desafios”, segundo informaram os organizadores. O bispo lembrou que o encontro será oportunidade para se debruçar “em tudo aquilo que foi feito e a luz, sobretudo, da Querida Amazônia, e a luz desses últimos documentos do Papa, vermos quais são os as os desafios emergentes e o que que nós esperamos que a atuação como Igreja da Amazônia”.   Prévio ao encontro tem sido feito nos seis regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que fazem parte da Amazônia Legal, “um levantamento com todos os regionais da Amazônia, e a partir desses dados será feita uma socialização, principalmente, a partir do documento de Santarém e do Sínodo da Amazônia, observando também alguns desdobramentos desses dois encontros”, segundo a assessora da Comissão da Amazônia e secretária executiva da REPAM-Brasil, Ir. Maria Irene Lopes.  No encontro irão participar “membros da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) com a sua presidência para compartilhar com toda a Igreja da Amazônia brasileira os caminhos que estão sendo traçados. Também será tratado sobre o tema do rito amazônico e outros temas que são importantes para a igreja”, segundo lembrou a religiosa. O encontro iniciará com uma celebração da caminhada da Igreja, sendo esperada a presença de representantes do Governo Federal na abertura solene. Ao longo do encontro, além da socialização da realidade vivida nas diversas igrejas locais, será abordada a conjuntura social e eclesial na Amazônia. As reflexões do encontro serão dadas a conhecer em uma carta ao povo de Deus da Amazônia que deve ser publicada no final do encontro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Deus nos chama, e em nós pode chamar outros

Todos nós somos chamados por Deus, a resposta é pessoal e diferente, mas o chamado acontece em algum momento da nossa vida. Nossa resposta depende muitas vezes da nossa capacidade de escuta, uma atitude cada vez menos presente em nossa vida. Muitas pessoas dizem: “eu não tenho tempo para escutar”. Aos poucos vamos nos desentendendo dos outros, e vamos nos desentendendo de Deus. Não podemos esquecer que Deus nos fala de muitos modos, mas especialmente nos fala nos outros. As vezes naqueles com quem a gente convive no dia a dia, as vezes pessoas com quem não temos um contato cotidiano, mas também pode ser que Ele nos fale através de alguém que a gente encontrou uma vez na vida. Deus tem seu modo de agir, de nos fazer sua proposta. Mas também temos que nos perguntar se nós somos propostas de Deus para alguém. É um desafio ser testemunhas de Deus para os outros, ajudá-los a descobrir que Deus pode ser importante em sua vida, que Deus quer acompanhá-los em sua caminhada. Não podemos esquecer que a resposta ao chamado que Deus nos faz a cada um, cada uma de nós, tem que nos levar a sermos testemunhas na vida dos outros. E isso é algo que nasce do nosso batismo, pois é aí que Deus nos chama para sermos discípulos e discípulas, independentemente de como isso se concretiza no decorrer do tempo, do ministério que cada um assume, da vocação à qual nos sentimos chamados. É na diversidade de vocações que a Igreja se enriquece e cresce, fazendo com que possa ser melhor presença de Deus na vida da humanidade. Nessa diversidade de vocações, a família, assumir o chamado de Deus a formar uma família, a ser família, nos leva a refletir sobre a importância que a família tem na vida da humanidade, como espaço de encontro, de partilha de vida, de descobrimento daquilo que vai construindo nosso futuro. Uma família que se concretiza de diversos modos e que foi se transformando em seu conceito ao longo da história, mas que não pode esquecer seu papel na vida das pessoas. A família é desafiada a providenciar a seus membros a possibilidade de crescer, não só fisicamente, mas também na dimensão humana e na dimensão transcendente. A referência à transcendência acompanha a vida da humanidade desde que o ser humano foi avançando em racionalidade, como algo que complementa a dimensão humana de cada ser. Temos em nossas famílias uma preocupação por essa referência à transcendência? Experimentamos, com a ajuda daqueles com quem partilhamos a vida, a presença em nosso meio dessa transcendência? Somos conscientes que essa referência à transcendência dá sentido à nossa vida e oferece a possibilidade dos outros se enriquecer a partir do convívio cotidiano? Responder a essas perguntas nos ajuda a responder a Deus, a descobrir que essa resposta plenifica nossa vida, dá sentido a nossa existência e a nossa caminhada e relacionamento com os outros, a quem Ele também chama. Pode ser que sintam esse chamado através de nós, e ajudar o outro a se encontrar com a transcendência sempre vale a pena. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1, editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: “No ‘atrai’ somos despertados para a gratuidade do seguir Jesus, fugindo de moralismos, de ideologizações da fé”

No 19º do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia definindo a Palavra ouvida como “consoladora e animadora”, afirmando que “somos atraídos pelo Pai do céu. A Encarnação da fé é uma história de atração. Deus atraindo, porque amando.” Segundo o cardeal Steiner, “se chegamos a conhecer a Jesus e o seguimos, é porque o Pai nos atrai. Ele é um movimento atrativo. Como se Jesus nos dissesse: quem quer que seja, se vier a mim, em qualquer tempo, em todos os tempos, em todas as gerações, se chegar até mim, se tonar meu seguidor, minha seguidora… foi pego pelo movimento atrativo do Pai, o charme do Pai. Não sou eu que atraio, é o Pai que atrai.” O arcebispo de Manaus destacou que “quem atrai é o amor; fomos atingidos por uma atração amorosa! Um amor procurante que seduz, encanta. O texto sagrado insinua que não se trata de uma atração acontecida no passado, mas que o ‘atrai’ do Pai, nos conduz até o encontro amoroso no Reino definitivo. Um convite a estarmos sempre mais em sintonia, em comunhão, submergidos no Amor atrativo. É uma atração que se estabelece no tempo, mas atravessa todos os tempos.” Ele lembrou as palavras de Santo Agostinho, que nos faz ver que somos atraídos com agrado e prazer: “Eu sou o pão que desceu do céu”. O pão que alimenta, que tem sabor. Há um apetite no coração pelo qual ele tem o sabor do pão do céu. Não é com a necessidade, mas com o prazer; não é com a violência, mas com o deleite que somos atraídos: o pão do céu. Por isso, ensina não só os sentidos têm os seus deleites, mas também a alma. É um deleite para a alma o “atrai” do Pai! O arcebispo de Manaus sublinhou que “a alma amante tem fome da vida do ‘atrai’… Daí, o versículo terminar com a ressurreição dos mortos… a vida eterna, o ‘viverá eternamente’. Sim, atraída para dentro da eternidade, do amor da Trindade”. Ele perguntou: “O que suscita o ‘atrai’!?”, afirmando que “certamente ultrapassa a inquietação e a frustação da murmuração: ‘Não murmureis entre vós’. Na murmuração se encontra um certo azedume, um amargor, às vezes uma indiferença. Mas quem se sente atraído no amor é tomado pela leveza, pelo contentamento, pela fecundidade da vida. Fecundidade da vida que desperta a leveza quase infantil de viver. Uma pedagogia que abre constantemente possibilidades existenciais frente à cotidianidade dura e às vezes aniquiladora.” “O encanto da atração traz no seu bojo o sentido de fecundidade, um cuidado materno-paterno em relação aos necessitados, aos desvalidos, aos que a sociedade rejeita, aqueles e aquelas que andam e navegam sem destino, sem porto, sem estrada, sem rio, sem chegada! O atrai abre olhos para o que está por vir: porto, espaço e tempo de encontro. O ‘atrai’, então, desperta leveza, sutileza, humor, transparência, pois ‘Tu és o gáudio. Tu és a nossa esperança e alegria’”, disse, inspirado em Francisco de Assis. Segundo dom Leonardo, “no ‘atrai’ somos despertados para a gratuidade do seguir Jesus, fugindo de moralismos, de ideologizações da fé, de acharmos que podemos aprisionar em conceitos e dogmatismos as delicadezas da atratividade de Deus. É que no ‘atrai’ há liberdade, a graça de corresponder gratuitamente à atração”. Diante disso, ele afirmou que “talvez, por isso, Santo Agostinho nos adverte contra a soberba, no sentido de considerar que chegamos a Jesus Cristo com as nossas próprias forças, nossa vontade, por própria decisão. Ele nos ensina que este orgulho, este inchaço da alma, não procede, pois mesmo essa presunção advém da graça de sermos ‘atraídos’.” “A ‘Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atração’. A atração testemunhal. Esse testemunho que nasce da alegria assumida, aceita e depois transformada em anúncio, é uma alegria fundada. Sem este gozo, sem esta alegria não se pode fundar uma Igreja, não se pode fundar uma comunidade cristã. É uma alegria apostólica, que se irradia, que se expande”, disse o cardeal citando Papa Francisco. Comentando a primeira leitura, ele destacou que “ouvíamos como profeta Elias foi atraído e enviado. O profeta de Deus, o invocador do fogo do céu que consumiu não só o sacrifício, mas também o altar, o vencedor dos sacerdotes e profetas de Baal, se colocou em fuga. Perseguido, foge esmorecido, desalentado, inconformado, tomado pela desilusão. Caminha deserto adentro e, depois de um dia a caminho esquecido da atração, pede a morte: ‘Agora basta, Senhor! Tira minha vida, pois não sou melhor que meus pais’ (1Rs 19,4).” “A pregação de Elias dera em nada. Em vão tinha labutado e lutado. Até então, tinha dado testemunho de um espírito que era pura vontade e poder, esquecido que fora atraído! Doara-se inteiramente num ímpeto vigoroso e numa consciência de absoluta responsabilização e zelo. Nesse ímpeto e nessa absoluta doação, que desencadeava ação, atuação, execução, trabalho e realização, Elias, talvez, se julga próximo de Deus. Na realidade ele entra em desalento por estar servindo com as próprias forças, não com as forças e graças da atração”, comentou sobre o texto da primeira leitura. O cardeal ressaltou que “luta com suas forças, o profeta supera os deuses e seus profetas, mas entra numa espécie de depressão. E Deus sai em seu auxílio e o atrai. No meio do deserto, na dormência da morte, na desilusão, na perda da vontade de poder, é acordado, atraído: ‘Levanta-te e come!’ (1Rs 19,5). Ele olhou e vê à sua cabeceira um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha d’água. Se levanta, come e bebe e “com a força deste alimento, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao monte de Deus Horeb” (1Rs 19,8).” Nessa perspectiva, o arcebispo de Manaus disse que “ele recebe o pão e a água, retoma o caminho depois da decepção, do cansaço, da fuga, da desilusão, da não conversão, da perseguição. O pão e a água…
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Nomeação da Ir. Regina da Costa Pedro para o Comitê Supremos das POM: “Um passo a mais para que a sinodalidade se torne uma realidade”

A Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias no Brasil (POM Brasil) acaba de ser nomeada como membro do Comitê Supremo das POM para um período de cinco anos, de 01 de agosto de 2024 a 31 de julho de 2029. O Comitê Supremo tem a responsabilidade de garantir o desenvolvimento eficaz de cada uma das Pontifícias Obras Missionárias, resolvendo questões que possam surgir entre elas. É composto pelo pró-Prefeito do Dicastério, cardeal Luiz Antônio Tagle, o secretário, presidente das POM, cinco bispos representando cada continente, os secretários gerais das quatro Obras Pontifícias, a administração e cinco diretores nacionais das POM. Este grupo se reúne uma vez por ano para discutir e providenciar o necessário para o bom funcionamento das Obras. A diretora das POM Brasil considera que sua nomeação “significa uma responsabilidade, sem dúvida nenhuma, mas também um reconhecimento, que eu acredito que não seja só para mim como pessoa, mas para as Pontifícias Obras do Brasil, para toda a Igreja do Brasil”. Ela insiste em que “eu represento não só a Igreja do Brasil, mas a Igreja das Américas”, destacando o fato do Brasil ter sido escolhido para fazer parte do Comitê Supremo. No mundo são 130 diretores nacionais das Pontifícias Obras Missionárias e desses 130, seis são mulheres. Que uma delas esteja no Comitê Supremo “é muito significativo, porque me parece que aquelas decisões que o Papa Francisco está tomando de abertura da participação das mulheres em todas as instâncias, de modo particular nas instâncias de decisão, é como se isso fosse fazendo um efeito cascata nas outras decisões”. A religiosa do PIME disse que “essa decisão foi tomada pelo pro-prefeito, cardeal Tagle, mas eu acredito que já em diálogo e como uma resposta a essa abertura que o Papa Francisco está proporcionando”. É por isso que ela ressalta que “cada vez que uma mulher é escolhida na Igreja para algum serviço de maior responsabilidade, eu acredito que se abram as portas para uma participação maior dos cristãos leigos e cristãs leigas em todas as instâncias”. “A final das contas, é sempre um passo a mais para que essa sinodalidade se torne uma realidade, sinodalidade compreendida como possibilidade de que todos e todas, batizados e batizadas, possam se colocar a serviço da Igreja, de uma Igreja toda ministerial, como o Papa Francisco fala tantas vezes”, segundo a Ir. Regina. Nesse sentido, coloca que “o fato de eu estar em representatividade das mulheres é quase como se as duas coisas fossem uma coisa unida, a minha nomeação é como uma confirmação disso que já está acontecendo, e eu desejo que se realize de uma maneira sempre mais profunda essa abertura”. Para a Igreja do Brasil, mesmo reconhecendo que ela é chamada a representar as igrejas de todos os países da América, essa nomeação pode ajudar na partilha em nível maior da vivência missionária, “a vivência e as experiências que nós temos da Igreja do Brasil como projetos de animação missionária, de abertura ad gentes, tudo aquilo que nós realizamos aqui, sem dúvida eu vou levar para lá, porque é uma vivência”. A religiosa destaca que “aquilo que a gente vive é aquilo que nós partilhamos”. Para essa missão mais ampla de representar a Igreja da América acha que pode ajudar a realização do VI Congresso Missionário Americano em Porto Rico, onde participarão a maioria dos diretores da América. Ela considera que “vai ser um momento muito importante para eu também poder conversar com eles e ver quais são as expectativas que todos eles como diretores têm dessa minha representatividade no Comitê Supremo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Pastorais Sociais do Regional Norte1 refletem sobre Ministerialidade e Sinodalidade Amazônida

A Igreja do Regional Norte1 quer avançar no caminho da ministerialidade e da sinodalidade na Amazônia. Uma temática presente no Sínodo para a Amazônia, no encontro de Santarém 2022 e que será abordada na Assembleia do Regional Norte1da Conferência Nacional dos bispos do Brasil, que será realizada em Manaus de 16 a 19 de setembro de 2024. Também no Encontro Regional das CEBs que será realizado em Roraima de 6 a 8 de setembro de 2024. Uma reflexão que se fez presente na reuniião das Pastorais Sociais realizada na sede do Regional Norte1 no dia 8 de agosto de 2024, com a assessoria da Ir. Sônia Matos. A ministerialidade nos refere ao povo de Deus, a uma Igreja povo de Deus, uma Igreja sinodal, que demanda superar a burocracia. Essa dinâmica conta com o apoio do Papa Francisco, sempre disposto  a abrir novos caminhos para a concretização de uma Igreja povo de Deus. O texto refletido pretende ajudar às comunidades, sobretudo as mais longínquas, a ter um plano de formação sistemática, buscando aprimorar os tempos dos processos de formação nos diversos ministérios. Para isso é importante a escuta do que as comunidades necessitam, sobretudo a escuta     das mulheres, e entender que assumir cada um dos ministérios é dar resposta a uma vocação. Se buscam respostas criativas para uma ministerialidade que vai além do espaço eclesial, e assim reconhecer os muitos serviços relevantes presentes na Igreja da Amazônia. O encontro das Pastorais Sociais foi oportunidade para uma primeira reflexão de um texto que pretende ajudar a entender o conceito de Ministerialidade, que muitas vezes quer paliar a carência de ministros ordenados. A Igreja do Regional Norte1 tem essa preocupação há anos. Já em 1988 fez a proposta de diversos ministérios e serviços, que tem que abranger três dimensões: o exercício e formação de lideranças, o aprofundamento e a transmissão da fé, a incidência social, algo que recolhe Evangelii Gaudium. O texto reflete sobre os serviços já existentes e faz indicações para novos ministérios: Ministério da Casa Comum, Ministerialidade feminina, Ministerialidade da assessoria. Nesse sentido, “a ministerialidade do povo de Deus na Amazônia reluz sua construção sinodal”. Uma dinâmica sinodal, vivida nas Comunidades Eclesiais de Base, que reconhece a riqueza de todas as lideranças da Igreja, respeita as referências e promove a participação de todos nas instâncias de observação, reflexão, planejamento, decisão e execução nação evangelizadora. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Faleceu dom Mário Clemente, bispo emérito da Prelazia de Tefé. Regional Norte1 envia Nota de Solidariedade

  Faleceu no dia o8 de agosto de 2024 em Belo Horizonte (MG), o bispo emérito da prelazia de Tefé, dom Mário Clemente Neto, Cssp. Nascido em Itaúna (MG), no dia 7 de agosto de 1940, tinha completado 84 anos no dia prévio ao seu falecimento. O falecimento foi comunicado pelo bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva. Segundo a nota, que relata a trajetória vital e ministerial de dom Mário Clemente, “Dom Mário atuou de forma significativa na vida do povo, sendo Povo com o Povo, pescador com o pescador, indígena com o indígena. Isto é, foi verdadeiramente inculturado na Igreja na Amazônia. Amou este Povo até o último dia de sua vida, fazendo jus a seu lema: ‘Vim para servir’”.  O texto diz que, “Dom Mário já muito fragilizado, recordava todo o seu processo de missão na Prelazia de Tefé, reafirmando seu amor e sua entrega pela mesma”. Igualmente, a nota destaca que “sua Missão foi de fato marcante, não só em sua vida, mas também na vida do povo!”. Dom Altevir agradece “imensamente toda entrega e compromisso missionário que Dom Mário teve com nossa Prelazia”, apresentando as condolências aos familiares, amigos e toda a sua Congregação. A prelazia de Tefé decretou “um dia de luto a partir do meio-dia de hoje (08), até o meio dia de amanhã (09), paralisando suas atividades e intensificando nossas orações para que Deus acolha este nosso irmão em seu Reino”.  Religioso da Congregação do Espírito Santo (Espiritanos), foi ordenado presbítero em 14 de agosto de 1966, depois de ter cursado Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. No dia 31 de julho de 1980 foi nomeado bispo coadjutor da prelazia de Tefé, recebendo a ordenação episcopal em 19 de outubro do mesmo ano. Em 15 de dezembro de 1982 sucedeu a dom Joaquim de Lange como bispo titular. Renunciou no dia 19 de outubro de 2000, sendo sucedido por dom Sérgio Castriani. No Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), foi vice-presidente. A presidência do Regional Norte1 enviou uma Nota de Solidariedade ao bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva, mostrando seu pesar pelo falecimento de dom Mário Clemente Neto, Cssp, reconhecendo seu “testemunho de pastor dedicado e comprometido com a missão, com uma vida marcada pela sua pobreza evangélica e grande amor pela Amazônia e seus povos”. O Regional Norte1 se une a todos e todas os que choram a partida do bispo emérito da Prelazia de Tefé, pedindo a intercessão de Santa Teresa d´Avila e Nossa Senhora da Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Recuperar o espírito olímpico é caminho para um mundo melhor, mais fraterno

A poucos dias do encerramento das Olimpiadas, que tem captado nossa atenção nas duas últimas semanas, somos chamados a refletir sobre os eventos globais e seu significado na vida da humanidade. Nascidos na cidade de Olimpia, na Grécia, os Jogos Olímpicos eram momento de encontro e competição, com uma referência aos deuses gregos. A questão é o que hoje determina as Olimpiadas, se os Jogos Olímpicos continuam sendo marcados por aquilo que motivou seu nascimento no mundo antigo ou se outros interesses tomaram conta desse evento. Podemos dizer que aos poucos o interesse econômico tomou conta das Olimpiadas, que os ideais originários foram se perdendo aos poucos. Somos chamados a refletir como humanidade sobre aquilo que determina nosso agir, sobre nossos interesses. Perder a gratuidade, não sentir o desejo de se encontrar com o outro, de ver nele alguém com quem partilhar a vida, está se tornando algo que vai marcando nosso modo de vida e somos chamados a refletir diante dessa realidade. A competição se tornou exigência de vitória e para ganhar, muita gente está disposta fazer qualquer coisa. Frente a isso também nos deparamos com testemunhos de superação, com o exemplo de pessoas, de desportistas que respeitam o outro, que são conscientes que o adversário não é um inimigo, que a competição nos ajuda a crescer, sem precisar acabar com os outros para conseguir isso. Quem assume essas atitudes se torna exemplo para os outros, especialmente para as novas gerações, sempre à procura de referentes, mas que nem sempre são os mais apropriados em vista de seu crescimento humano. As Olimpiadas é um grande encontro de países, de culturas, de religiões, de modos de entender a vida e a realidade, um crisol de diversidade, que deveria levar à humanidade a enxergar os valores positivos presentes nos outros. Numa sociedade que pretende apagar qualquer tipo de diversidade, seja do tipo que ela for, somos chamados a testemunhar que essa diversidade é fonte de crescimento pessoal, mas também como humanidade. Recuperar o espírito olímpico, um período de paz, de harmonia entre os povos, é um desafio, que somos chamados a assumir como humanidade. Os valores humanos, mas também os valores cristãos, a unidade, a fraternidade, o esforço comum em vista do mesmo objetivo são elementos que devem ser assimilados por uma humanidade cada vez mais dividida, enfrentada, polarizada. Que cada um e cada uma de nós assuma esse modo de vida pode ser um testemunho que ajude na mudança, cada vez mais necessária, e construa um mundo melhor para todos e todas, onde saibamos caminhar juntos e descubramos que juntos somos mais. O caminho está aí, estamos dispostos a avançar nele? Seremos capazes de fazê-lo juntos? Ninguém duvide que recuperar o espírito olímpico é caminho para um mundo melhor, mais fraterno. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar