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Posse de dom Ionilton no Marajó: “Vamos juntos e juntas trabalhar para fazer o Reino de Deus continuar crescendo”

A cidade de Soure (PA), sede da prelazia do Marajó, acolheu na noite do sábado 27 de julho de 2024, a posse canônica de dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, nomeado pelo Papa Francisco no dia 03 de novembro de 2024. A celebração de início da missão contou com a presença do núncio apostólico, dom Giambattista Diquattro, mais 16 bispos, dentre eles o arcebispo de Santarém e presidente do Regional Norte2, do qual faz parte a prelazia do Marajó, dom Irineu Roman, do arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, onde dom Ionilton era bispo, na prelazia de Itacoatiara, o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, e do bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler, que foi o predecessor como bispo do Marajó. Quando há partilha, todos comem e sobra Na homilia, o novo bispo do Marajó iniciou lembrando a atitude do profeta Eliseu, em uma atitude de solidariedade com quem passa fome, questionando se nós, “sabemos ser solidários e partilhar o que temos com quem não tem?”, ressaltando que “quando há partilha, todos comem e sobra; sem partilha alguns comem e outros passam fome”. Uma ideia também presente no Salmo 144, que mostra que saciar a fome é projeto de Deus, e que “a fome é negação da vontade de Deus; injustiça; má distribuição da renda e dos bens”. Seguindo as palavras de Paulo aos Efésios, o bispo do Marajó fez um chamado a avaliarmos “a vivência de nossa vocação de leigo, consagrado, ministro ordenado, missionário”, perguntando se “Estamos sendo coerentes? Estamos dando testemunho?”. Ele refletiu sobre o chamado a se suportar, na perspectiva de “dar suporte, sustentar, apoiar, ser presença solidária”.   Jesus andante, missionário No Evangelho, dom Ionilton destacou a atitude de Jesus andante, missionário, questionando para onde devemos ir em missão. Ele destacou que a preocupação de Jesus é que o povo coma, fazendo um chamado a fazer a mesma coisa. Ele lembrou as palavras de Papa Francisco, que considera um escândalo que muitos ficam sem o pão de cada dia, mesmo sendo produzida comida suficiente; que define a fome não só como uma tragédia, mas também uma vergonha. Isso tem que levar a superar a lógica fria do mercado, a não submeter os alimentos à especulação financeira, seguindo as palavras do Papa, que chama a criar um Fundo mundial para acabar com a fome com o dinheiro usado em armas e em outras despesas militares. São atitudes que são puro Evangelho, insistiu dom Ionilton, que afirmou, seguindo a atitude do menino na passagem do Evangelho, que “Jesus quer que todos se envolvam e colaborem para saciar a fome das pessoas e aponta a partilha como o caminho para que a fome seja saciada e eliminada entre nós”, e que “não se pode estragar alimentos em uma sociedade de milhões de famintos”.   Estar aqui como aquele que deve servir No final da celebração, o novo bispo disse ter se esforçado bastante nos sete anos de bispo na prelazia de Itacoatiara para viver seu lema episcopal: “Estou no meio de vós como aquele que serve”, dizendo ter essa mesma disposição para sua nova missão: “estar aqui com vocês como aquele que deve servir, seguindo o exemplo do Mestre Jesus”. Uma missão que acolheu diante do pedido da Igreja, ressaltando que “como Religioso Vocacionista, sempre acolhi as transferências como expressão da vontade de Deus”. Ele disse estar no Marajó “para ser mais um servidor, para somar com todas as forças vivas que já estão aqui fazendo a missão evangelizadora da Igreja acontecer, de todas as vocações, Leigos e Leigas, Ministros Ordenados, Seminaristas e Irmãos e Irmãs da Vida Consagrada e das Comunidades de Vida”.   Trabalhar juntos A todos e todas, ele fez um pedido: “vamos juntos e juntas trabalhar para fazer o Reino de Deus continuar crescendo neste chão da Prelazia de Marajó. Vamos continuar sendo uma Prelazia Evangelizadora, Missionária, Ministerial, Samaritana e Ecológica”. Dom Ionilton disse chegar para ser bispo de todos, “mas deverei ser, de modo especial, o bispo de quem mais precisar de ajuda e apoio”, o bispo “de modo especial dos empobrecidos, excluídos e marginalizados, os preferidos de Jesus”, dando continuidade “à missão dos dois últimos irmãos bispos, Dom José Luis Azcona, OAR e Dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM, com as necessárias adaptações que a realidade eclesial e social exigirem”. Igualmente, o bispo disse chegar para continuar encarnando na realidade da Prelazia do Marajó as orientações do Papa Francisco, da CNBB Nacional e Regional Norte 2, do Sínodo para a Amazônia, das decisões do Encontro da Igreja na Amazônia (Santarém 2022), e as decisões da última Assembleia da Prelazia do Marajó em 2022. Ele enviou sua saudação ao povo da prelazia, aos servidores da Cúria, e lideranças eclesiais, ao administrador da prelazia no tempo da vacância de bispo, aos membros dos diversos conselhos, com quem disse querer contar. Citando Santo Agostinho, “Para vocês sou bispo; com vocês sou cristão”, pediu que rezassem pelo seu serviço na prelazia, agradecendo a presença dos padres, consagrados, missionários, leigos e leigas, do Núncio apostólico e dos bispos, e daqueles que chegaram da prelazia de Itacoatiara, de sua Congregação Vocacionista, e de sua família, dos agentes da Comissão Pastoral da Terra, e de todos os que colaboraram na organização da celebração. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1  

Dom Ionilton inicia sua nova missão no Marajó com a presença do Nuncio apostólico e mais de 15 bispos

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira inicia sua missão como bispo da Prelazia do Marajó (PA), com a celebração da posse que será realizada na catedral da prelazia, na cidade de Soure, neste sábado 27 de julho. Nomeado no dia 03 de novembro de 2023, dom José Ionilton era bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM). Na celebração, que acontece às 19 horas no horário local, e será transmitida pelas redes sociais da Prelazia do Marajó, participa o Nuncio apostólico, dom Giambattista Diquattro, e mais de 15 bispos do Regional Norte2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, do qual faz parte a igreja local do Marajó, do Regional Norte1, onde dom José Ionilton foi bispo desde 2017, e de outros regionais do Brasil. Da celebração participam vários agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que tem dom José Ionilton Lisboa de Oliveira como presidente, padres, religiosas, representantes do laicato, familiares e amigos de dom Ionilton chegados de vários estados do Brasil. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mons. Lucio Ruiz: Sínodo digital, “um novo capítulo do que significa e sempre significou a missão na Igreja”

Um lugar para ser missionado, é assim que o Secretário do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, Monsenhor Lucio Ruiz, vê o ambiente digital. Isso é algo que ele promoveu com o Sínodo digital, despertando interesse em todas as partes do mundo e em todos os níveis da Igreja, gerando “a esperança de que um novo capítulo possa ser aberto para o que significa e sempre significou a missão na Igreja”. Por essa razão, ele insiste que “a primeira coisa importante é entender que o digital não é um instrumento, mas uma cultura”, para tomar medidas para incorporar o digital no grande fluxo missionário da Igreja, em um ambiente, as redes, no qual as pessoas estão procurando respostas, o significado que a Igreja é chamada a oferecer. Não se deve esquecer que 30% dos participantes do Sínodo digital eram não crentes ou pessoas que haviam se afastado, e que isso trouxe novos batismos e pessoas que retornaram à Igreja. Isso requer uma linguagem que seja compreendida, porque “o chamado à nossa porta que a missão digital faz é prestar atenção em como, ao mudar a linguagem, podemos também alcançar as pessoas novamente, podemos alcançar pessoas que não estavam escutando antes”. O desafio será “saber como viver nesses ambientes” e “ser capaz de unir instituição e carisma”. Conhecer a cultura digital é um dos desafios apresentados no Instrumentum laboris para a Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade. Existe um desejo entre a hierarquia de conhecer a cultura digital? Como o grupo de estudos sobre Missão no ambiente digital, do qual o senhor faz parte, pode ajudar a aumentar esse interesse? O interesse pela cultura digital e as possibilidades que ela apresenta para a evangelização, para a missão, especialmente para aqueles que estão mais distantes, para aqueles que estão buscando, para aqueles que estão sofrendo, para aqueles que têm perguntas. Com todas as pessoas que encontrei durante esse período do Sínodo digital, esse interesse existe, é forte, e está expresso no capítulo 17 do Relatório Síntese da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal, porque é a primeira vez que a ideia de missão em ambientes digitais aparece em um documento da Igreja. Nunca antes se falou em missão no ambiente digital, considerando-o como um lugar aonde temos que ir em missão. E é por isso que o Sínodo abriu uma porta na Igreja, pois estamos verificando que em todo o mundo esse interesse está surgindo, bispos, conferências episcopais, dioceses, estão ligando, querendo saber sobre missionários digitais, e isso nos dá esperança de que um novo capítulo pode ser aberto para o que a missão na Igreja significa e sempre significou. O trabalho do grupo 3, que é o grupo que o Papa criou com o Dicastério para a Comunicação, o Dicastério para a Educação, o Dicastério para a Cultura e o próprio Sínodo, é a manifestação do que o próprio Sínodo quer fazer, porque o Sínodo, no capítulo 17, diz que isso deve ser feito. O Grupo 3, o que ele tem que responder é como fazer isso, e é por isso que as perguntas que são colocadas ali são orientadas para pensar, refletir, perguntar à Igreja como realizar a missão digital. O Relatório Síntese da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal define a cultura digital como uma dimensão crucial do testemunho da Igreja. Que medidas devem ser tomadas para tornar isso concreto? A primeira coisa importante é entender que o digital não é uma ferramenta, mas uma cultura. Não é um dispositivo que temos de aprender a manusear melhor, que nos permite produzir vídeos, postagens ou coisas que são úteis para o trabalho pastoral, mas é um ambiente para habitar e, portanto, é uma missão que temos de realizar. Quando começamos a pensar nessa realidade como um lugar, percebemos o valor do testemunho. Missão, estar presente e dar testemunho da vida de um cristão nesse lugar. Se, em vez disso, continuarmos a pensar nele como um instrumento, só nos referiremos a especialistas, a cursos para manejá-lo melhor e usá-lo para determinadas coisas. Se, por outro lado, fizermos a transição de instrumento para cultura, perceberemos que temos uma expressão para viver nossa fé, dar testemunho dela e levá-la a outras pessoas. O conceito de missionários digitais está se tornando cada vez mais difundido, e como eles podem contribuir para a comunicação do Evangelho no campo da missão? Podemos dizer que já existem frutos concretos dessa missão digital? O fato de o Sínodo chamar de missão e de missionários todas as atividades que ocorrem nas redes, nos espaços digitais, significa que ele as está incorporando ao grande fluxo missionário da Igreja. Não é algo que possa ser feito ou que tenha que ser feito, mas a missão é a vida da Igreja. E isso pode colaborar muito na missão, mesmo ad gentes, porque sendo a cultura digital que permeia todos os ambientes de nossa cultura, com inteligência, com criatividade, com ousadia e com sua própria linguagem, usando seu próprio tempo, usando sua própria narrativa, ela nos permite alcançar pessoas que de outra forma não seriam alcançadas de nenhuma outra maneira. Quando você vê pessoas navegando na Web em busca de respostas, em busca de significado, poder estar presente, dar respostas, oferecer a possibilidade de escutar, apresentar uma mensagem de esperança em um mundo que está procurando um sentido para a vida, isso é um fruto concreto do que pode ser a missão digital. E foi isso que experimentamos durante esse tempo, nesse projeto “A Igreja escuta você”, que está em andamento há dois anos e meio, vimos exatamente isso. Quando fizemos a experiência do Sínodo digital, 30% das 150.000 pessoas que participaram da primeira fase, que foi de apenas dois meses de trabalho, eram descrentes, ou pessoas que estavam distantes, com raiva da Igreja. E elas quiseram participar porque, depois de tantos anos se sentindo rejeitadas, sentiram-se escutadas. E vimos nas respostas como elas queriam continuar, como queriam se aprofundar. Houve até pessoas que, sentindo-se tocadas pela proximidade da Igreja…
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No Brasil, nem todas as vidas têm o mesmo valor

  A apresentação do Relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2023, realizada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), na segunda-feira 22 de julho, em Brasília, mostra que no Brasil, nem todas as vidas têm o mesmo valor. Os números relatam o aumento dos assassinatos, que em 2023, chegaram em 208, da morte de crianças menores de 04 anos, que chegou em 1040, com 670 que poderiam ter se evitados, dos suicídios, que foram 180. Os povos indígenas no Brasil têm sido historicamente massacrados, quase sempre com a cumplicidade do Estado, que não faz respeitar os direitos garantidos na Lei Suprema do país. Os ataques contra os povos indígenas se tornaram uma constante, e essa violência não pode ser tolerada, ainda menos naturalizada. O poder público não reage, a sociedade permanece indiferente, e poderíamos dizer que os indígenas se tornaram para grande parte do povo brasileiro cidadãos de segunda categoria. A Igreja católica, mesmo sabendo que tem católicos com essas atitudes que acabamos de dizer, tem se empenhado, especialmente através do Conselho Indigenista Missionário, no acompanhamento e defesa dos povos indígenas. Uma defesa que não pode ser ignorada, pois são os povos originários aqueles que melhor cuidam da obra criadora de Deus. Se nós dizemos acreditar no Deus Criador, não podemos ignorar àqueles que melhor cuidam daquilo que Deus colocou ao dispor da humanidade, de toda a humanidade. Defender a vida tem que ser uma obrigação sempre para quem se diz cristão, e o empenho nessa defesa tem que ser durante toda a vida e em favor de todos. Somos desafiados a nos posicionarmos contra qualquer tentativa de desrespeito para com a vida, especialmente para com a vida dos pequenos, daqueles que são descartados, atacados porque são considerados um empecilho pelo poder político e econômico, que tem no lucro seu objetivo fundamental. O Relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2023, vai relatando com detalhe os diversos tipos de violência: Contra o Patrimônio; Contra a Pessoa; por Omissão do Poder Público; Contra os Povos Indígenas Livres e de Pouco Contato. Os números não podem ser ignorados, mesmo que muitos se empenhem em disfarçá-los, em dizer que não é bem assim. Mas são números que recolhem dados objetivos, colocando em evidência a crueldade com que os povos indígenas são tratados no Brasil. A febre da ganância não pode falar mais alto do que a defesa da vida, a vida dos povos indígenas não pode ficar subjugada aos interesses económicos de pequenos grupos de poder, amparados pelo poder político. Somos desafiados a escolher o lado, a assumir a causa indígena como sociedade, como Igreja católica. Se a gente não tem claro isso, se ignoramos essa defesa, estamos nos afastando do conceito de humanidade, mas também estamos nos afastando de Deus. Devemos lutar para que todas as vidas tenham o mesmo valor, para que as injustiças e preconceitos, secularmente presentes na sociedade brasileira fiquem para trás, para nunca duvidar do valor da vida, de cada vida, de todas as vidas, especialmente da vida dos pequenos, daqueles que muitos querem descartar, mas que sempre foram e serão os prediletos de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Ionilton a caminho de sua nova missão como bispo da Prelazia do Marajó

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, depois de ter se despedido de Itacoatiara na tarde desta terça-feira, está a caminho de sua nova missão na prelazia do Marajó, estando prevista sua chegada em Soure, sede da prelazia, na quinta-feira, 25 de julho. O bispo da prelazia do Marajó, nomeado pelo Papa Francisco no dia 03 de novembro de 2023, iniciará sua missão na celebração que acontecerá no sábado, 27 de julho, às 19 horas, onde se espera a presença do núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, de bispos, padres, representantes da Vida Religiosa e do laicato do Regional Norte1, assim como do Regional Norte2 da CNBB. Nos últimos dias aconteceram diversas celebrações de ação de graças na prelazia de Itacoatiara, onde iniciou sua missão no dia 20 de julho de 2017. Dom Ionilton teve o serviço como marca e identidade, segundo o pároco da Catedral Nossa Senhora do Rosário e coordenador de pastoral, padre Acácio Rocha, que, diante de sua nomeação como bispo da prelazia do Marajó, lembrou as palavras de dom Ionilton, que sempre disse ao clero de Itacoatiara: “não fomos ordenados para nós mesmos, fomos ordenados para o serviço da Igreja, e onde a Igreja precisar devemos estar disponíveis para colaborar com a missão da Igreja”. Em nome da prelazia, o coordenador de pastoral expressou “nossa gratidão pelo seu serviço pastoral e missionário em nossa prelazia de Itacoatiara”, destacando o cuidado com a vida e seus direitos que o bispo fez ao longo de quase sete anos. Ele foi relatando o que foi feito por dom Ionilton em sua missão episcopal na prelazia, que definiu como “um testemunho vivo do amor de Cristo e do poder transformador do Evangelho”. afirmando que “suas ações, gestos e palavras deixam uma marca indelével em nossas mentes e em nossos corações”, e pedindo a benção da Virgem do Rosário em sua nova missão. Dom Ionilton, com grande emoção, agradeceu o tempo em que tem pastoreado a Igreja de Itacoatiara, dizendo ter feito todo seu esforço para assumir seu lema episcopal: “Estou no meio de vocês como aquele que serve”. Reconhecendo os erros e pedindo perdão por eles, agradeceu aos leigos e leigas das 13 paróquias e mais de 250 comunidades, que abraçaram a missão evangelizadora na prelazia; aos ministros ordenados, “que me acolheram, me animaram a viver a missão”; aos seminaristas; à Vida Consagrada. Ele lembrou algumas frases pronunciadas no dia do início de sua missão em 30 de julho de 2017, analisando os passos dados nesse tempo. Ele pediu evitar falar mal do novo bispo que a prelazia de Itacoatiara irá receber, nem que o trabalho do novo bispo seja comparado com o que ele fez, pedindo à Igreja de Itacoatiara que acolham e observem as orientações do novo bispo, e ao clero que “não deixem navegar sozinho ao novo bispo nas água da nossa prelazia”. Igualmente, pediu a todos aqueles que fazem parte da prelazia que cuidem dos pobres, em quem Jesus está. Ele fez um convite a amar, dizendo que “o amor é a senha que abre a porta do céu”. Pouco antes de sair da prelazia, dom Ionilton lembrou que “nossa Igreja é missionária por natureza”, e que, depois de sete anos em Itacoatiara a Igreja lhe chama para ser missionário em outra parte da Amazônia, onde disse ir confiante, porque é missão, dizendo querer abraçar com entusiasmo a nova missão que a Igreja lhe confia. Para a prelazia de Itacoatiara, ele pediu a benção de Deus, agradecendo a todas as pessoas que caminharam com ele, pedindo que “lutem pelo Reino de Deus, lutem pela defesa da vida, lutem pela justiça, lutem pela paz, sejamos cada vez mais solidários, especialmente com quem mais precisa”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Inicia Curso de Realidade Amazônica em Manaus, “para começar o processo de integração nesta terra”

A Faculdade Católica do Amazonas, em parceria com o Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), a Comissão Episcopal da Amazônia (CEA) e em comunhão com a Rede Eclesial Panamazônica (REPAM), realiza no Centro de Formação de Lideranças da Arquidiocese de Manaus, Maromba, de 21 de julho a 04 de agosto, o Curso de Realidade Amazônica. São 23 participantes, procedentes de diversas regiões do Brasil e de diferentes países da África, da Ásia, da América Latina e da Europa, que irão trabalhar na arquidiocese de Manaus, nas dioceses de Alto Solimões, Parintins e Roraima, e na prelazia de Tefé: 12 religiosas, uma leiga, dois leigos e sete padres. “Ao mesmo que é uma tradição antiga, já é uma história longa, ele foi iniciado em 10991, mas cada ano tem sido uma renovação. Pelo grupo que chega, que vem sempre de lugares diferentes, de lugares mais distantes”, segundo a professora da Faculdade Católica do Amazonas, Elisângela Maciel, coordenadora do curso. A experiência dos anos passados ajuda a trocar conteúdos, ampliar e intercalar questões. No grupo deste ano, o grupo maior, de diferentes congregações, irá trabalhar em diversas localidades da prelazia de Tefé. Alguns deles já tem alguns meses na Amazônia, “mas com esse anseio de fazer a missão, de abraçar a região”, salienta a professora. Diante disso, ela afirma que “a proposta do curso é aprofundar isso que eles já trazem, esse chamado que eles já trazem, e dar esse subsídio, dar essas ferramentas necessárias para que eles possam atuar da melhor maneira, com esse conteúdo, mas também com algumas práticas que a gente vai trocando ao longo do curso com atividade pastoral”, na área ribeirinha e na periferia de Manaus. Se trata de dar “experiências diferentes, ao mesmo tempo que dar um conteúdo cada vez mais aprofundado para que eles possam depois utilizar nas diversas realidades que eles vão enfrentar”, afirma Elisângela Maciel. Um dos participantes do curso é o voluntário leigo Marista, Pedro Figueiredo, chegado de Porto Alegre (RS), que mostra sua importância para “conhecer a Amazônia, um pouco da Amazônia, um pouco dos elementos da cultura da Amazônia, para começar o processo de integração nesta terra”. O curso busca formar agentes de evangelização a serviço da vida na Amazônia, desde a encarnação na realidade. Um espaço formativo de acolhida, reflexão e aprendizados para o serviço missionário na região amazônica. Se oferece “um conjunto de informações mais sistematizadas sobre a própria região amazônica, concentrando sua reflexão sobre o humano, o meio ambiente, a vida e a ação evangelizadora da Igreja”. A partir de uma metodologia sinodal, decolonial e intercultural, se estuda a realidade socioambiental, político-econômica, cultural e eclesial da Amazônia, buscando elaborar com os agentes um instrumental teórico-metodológico, necessário para o conhecimento e inserção na realidade. À luz da fé, o curso quer descobrir propostas concretas de ação libertadora e encarnação na realidade, e junto com isso estreitar a comunhão com as Igrejas, povos e culturas da Pan-amazônia, numa visão mais ampla desta vasta região. Igualmente, o curso quer abrir-se ao grande patrimônio espiritual dos povos da Amazônia e sua pluralidade. O curso será realizado numa metodologia participativa, e está destinado a agentes de pastoral inseridos nas comunidades eclesiais e serviços pastorais na região amazônica; a leigos e leigas, religiosas e religiosos, presbíteros, diáconos vindos de outras regiões para servir na Amazônia, atores sociais envolvidos com as questões amazônicas. Ao longo do curso será feito uma análise de conjuntura abordando diversas realidades; uma abordagem da antropologia e geografia amazônica; a história, cultura e sociedade da Amazônia; a espiritualidade e vozes da Amazônia. Junto com a parte teórica, os participantes do curso realizarão uma experiência pastoral nas comunidades. Na missa de abertura, o padre Cândido Cocavelli, diretor administrativo da Faculdade Católica do Amazonas, fez um chamado a ser atraídos por Jesus, por sua palavra, por seu ensinamento, que tocam, transformam vidas e atraem, a exemplo de Maria Madalena, no dia em que a Igreja celebra sua festa. Seguindo as palavras de dom Hélder Câmara, definiu os missionários e missionárias como homens e mulheres de fronteira, chamados a lançar seu olhar na realidade do mundo para enxergar no rosto do povo o rosto do Crucificado, numa Amazônia onde há muitos crucificados, que precisam ser descidos da Cruz. Ele disse aos participantes do Curso de Realidade amazônica que não podemos nos tornar insensíveis diante da vida que é espoliada, que é tirada, numa Amazônia onde está sendo desfigurada a obra do Criador, por aqueles que exploram, que devastam, que ceifam vidas, poluindo os rios, destruindo a natureza e a vida das pessoas. Junto com Madalena, fez um convite a ser anunciadores da Ressurreição, se tornar novas criaturas. Igualmente falou sobre a necessidade de reconhecer a presença feminina na Igreja, a relevância do trabalho das mulheres, mas sobretudo a maternidade, enxergar no rosto das mulheres uma Igreja que não mede esforços para servir: catequistas, ministras, que sustentam a vida de fé de tantas comunidades no interior e nas periferias das cidades da Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cimi lança o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil: “Assumirmos a causa indígena como a causa da Igreja”

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou nesta segunda-feira, 22 de julho, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2023. São 305 povos indígenas no Brasil, com 116 registros de povos em isolamento voluntário, cada vez mais vulneráveis, diante da lógica que coloca o lucro acima da vida. Falta de direitos e de demarcação O lançamento, que foi iniciado com um ritual indígena e denúncias da falta de direitos e da toma de providências das autoridades no Mato Grosso do Sul, algo que se agrava diante da falta de demarcação das terras,  contou com a presença do arcebispo de Manaus e presidente do Cimi, cardeal Leonardo Steiner; do secretário executivo, Luis Ventura; dos organizadores do relatório, Lucia Helena Rangel e Roberto Antônio Liebgott; da cineasta e antropóloga, Ana Carolina Mira Porto; e dois representantes dos povos indígenas: o cacique na Terra Indígena (TI) Caramuru – Catarina Paraguassu, no sudoeste da Bahia, Nailton Muniz, Pataxó Hã-Hã-Hãe, e a liderança Avá-Guarani do tekoha Y’Hovy, na TI Tekoha Guasu Guavirá, no oeste do Paraná, Vilma Vera. O Relatório, organizado em três capítulos e 19 categorias de análise, apresenta um retrato das diversas violências e violações praticadas contra os povos indígenas em todo o país, acontecidas em 2023, o primeiro ano do terceiro mandato do Governo Lula, que ofereceu poucos avanços na questão indígena. De fato, a violência contra os povos indígenas no Brasil continua, segundo recolhe o Relatório. Grito de denúncia para visibilizar a realidade Daí a importância deste “grito de denúncia, que pretende dar visibilidade à situação e à realidade nos territórios indígenas, e é um grito de denúncia e é um anúncio também da resistência dos povos indígenas”, segundo Luis Ventura. “Um documento que pretende instigar e exigir àqueles que tem responsabilidades para que tomem as medidas de forma urgente para enfrentar essa violência permanente e estrutural contra os povos indígenas”, salientou o secretário executivo do Cimi. “Os povos indígenas são testemunha viva da ousadia, da perseverança da luta”, disse o cardeal Steiner. Ele denunciou como ao longo da história do Brasil “os povos indígenas foram caçados, em seguida escravizados, em seguida defendidos pelos padres jesuítas”, relatando exemplos disso, “e através da história toda do Brasil, sempre os povos indígenas foram sendo massacrados”, enfatizou o presidente do Cimi, que denunciou a morte, destruição de culturas, o desaparecimento de línguas. Ele insistiu em “levar adiante essa verdadeira missão que nós recebemos de assumirmos a causa indígena como a causa da Igreja”. Dom Leonardo Steiner disse que vivemos “um momento extremamente difícil, porque o Congresso Nacional perdeu o horizonte da ética, mas perdeu pior, perdeu a moral, porque se acha que se pode impor aos povos indígenas determinadas leis, esquecendo de que há justiça que possibilita a lei. É o direito, é a justiça, e a justiça não condiz com as leis que estão sendo gestadas e todas as tentativas que têm acontecido no Congresso Nacional”, enfatizando que a Igreja católica está junto dos povos indígenas. Um relatório que se comprometeu a entregar às autoridades brasileiras ao Papa Francisco, “como testemunho de um serviço que a Igreja presta no Brasil”. Negação e violação dos povos indígenas As lideranças indígenas presentes denunciaram a negação e violação dos povos indígenas no Brasil, “que com muitas dificuldades e com muita luta o nosso povo conquistou dentro da Constituição”, disse Vilma Vera. Situações de ódio e preconceito, que levaram a liderança indígena a perguntar “até quando o Brasil vai assistir esse massacre? Até quando a justiça brasileira vai oprimir a população indígena, criando e aprovando leis totalmente contrárias à legislação? Até quando vamos ter que perder nossos parentes?”, pedindo que a justiça cumpra com seu papel, e que a sociedade brasileira lhes ajude, que o Brasil pare de lhes matar, que evite a morte dos indígenas, inclusive crianças, que eles têm seu direito ao território e como seres humanos. Nailton Muniz, que entrou na liderança indígena em 1975 relatou a violência sofrida por ele e seu povo nesse tempo, vivendo a pior situação em janeiro de 2024. Uma situação que foi relatada pela liderança indígena, que mais uma vez denunciou que “é triste viver num país que não respeita a nossa Constituição”, e os direitos que ela garante para os povos indígenas. Isso provoca preocupação nas lideranças indígenas, que demandam organização, também espiritual, para conseguir a demarcação das terras indígenas. Isso diante da morte contínua de indígenas e a falta de providências das autoridades, chegando a dizer que “o mundo da justiça está contra nós”. Violência contra os apoiadores Ódio e violência que também atinge os apoiadores e simpatizantes dos povos indígenas, segundo relatou Ana Carolina Mira Porto. Ela denunciou a invisibilidade da questão indígena na imprensa e a impunidade diante dos ataques que sofrem os povos indígenas e seus apoiadores. Ela falou abertamente de um genocídio em curso, que provoca mortos, feridos, muita gente traumatizada. Por isso pediu autodemarcação, justiça e disso não ao Marco Temporal que vulnerabiliza ainda mais esses povos. No Brasil, o Congresso Nacional, deputados e senadores pretendem legislar para acabar com os direitos indígenas e incitando violência, segundo Lucia Helena Rangel. Ela mostrou que o relatório recolhe 150 casos de conflitos por direitos territoriais, 276 casos de invasões possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio, e 850 casos de omissão e morosidade na regularização das terras, 411 casos de violência, dentre eles 208 assassinatos, e junto com isso 1040 crianças até 4 anos mortas por omissão do Poder Público e 180 suicídios. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Compaixão, antes e acima de tudo, é amor às pessoas que encontramos”

O Evangelho do 16º Domingo do Tempo Comum, “a nos ensinar que Jesus que busca um lugar deserto para descanso, pois havia tanta gente saindo e entrando que não tinham nem tempo para comer”, disse o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner. Segundo ele, “a agitação acontece depois das narrativas da missão realizada: pregação, curas, libertação. Os discípulos enviados para o anúncio do Reino de Deus para curar de espírito impuros, voltam da missão e são tomados pela necessidade de narrar tudo o que haviam feito e ensinado. É no meio do burburinho e agitação da missão realizada e da missão que continua com sua quase fadiga, Jesus convida os discípulos para o deserto para a solidão”. “Deserto, solidão!”, disse dom Leonardo, vendo a solidão como “uma palavra cheia de significado: soli-tudo. O estar na harmonia do todo, o ser aceito pelo todo que dá vida. O Tudo que nos faz ser todo por inteiros, íntegros, transparentes. Íntegros, por inteiros, pois a sós com Aquele que deixar ser todas as coisas e todos os seres do universo. Nesse sentido solidão se desvencilha da compreensão de que estamos sós, perdidos, sem ninguém”. Pelo contrário, afirmou o cardeal, “estamos com ‘Aquele que me dar forças’, na expressão de São Paulo; Aquele que é ‘Meu Deus e meu Tudo’, na oração de Francisco de Assis”. “Solidão que deixa de lado o isolamento para estar com Aquele que constitui o nosso TUDO. Soli-tudo: só com o Tudo, Todo. Dirigir-se para o deserto é bem mais que dirigir-se a um lugar geográfico, inóspito, de desolação”, ressaltou o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “é a busca do Mistério que recolhe todas as realidades de síntese, de contradição, de reconciliação. Nesse sentido Jesus conduz os discípulos para um lugar onde possam perceber que nele há salvação, Ele a graça do tudo, do todo. Ele a razão da pregação e da cura! Para que os discípulos percebessem que a pregação e a liberdade não partiam deles era necessário busca o Todo, o Tudo”. “Ao chegar ao Tudo, ao Todo, a presença dos mesmos necessitados, dos mesmos desesperos, das mesmas desilusões, das mesmas doenças, das mesmas necessidades, dos mesmos desfigurações, das mesmas frustrações, dos mesmos desejos, esperanças e buscas”, afirmou o cardeal Steiner. “Ali novamente uma humanidade necessitada de cuidado, de cura e libertação. Ali na solidão, no lugar afastado, a percepção de que no Tudo e do Todo se percebe melhor a fragilidade humana, a humanidade fragilizada”, segundo dom Leonardo. Citando o texto: “E ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”, dom Leonardo destacou que “Viu! Buscava solidão e viu! O olhar de Jesus que não se fecha diante da multidão que procura enquanto ele busca a solidão. Olha e fica comovido. As pessoas não incomodam a Jesus. Ele percebe a procura, a desilusão no rosto daquelas mulheres e daqueles homens. Percebe o abandono no qual vivem. Ele capta o sofrimento, a solidão, a confusão, o abandono que experimentam. Jesus viu a necessidade mais profundas daquelas pessoas: “eram como ovelha sem pastor”. Homens e mulheres, sem destino, sem cuidado, sem orientação. Vivem sem que ninguém cuide delas. Homens e mulheres sem quem defenda e guie. Foi tomado de compaixão, teve compaixão, tornou-se compadecido. As necessidades, os necessitados, os fragilizados, dos desencaminhados, os tomados de maus espíritos, ali estavam e ele vendo-os todos é tomado de compaixão”. Novamente a partir do texto: “Teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”!, o cardeal enfatizou, inspirado no Dicionário Etimológico: “compaixão, compadecer-se, ter compaixão, se compadecer de alguém. Com-paixão: com estar junto de, ser lançado para a proximidade de, estar na companhia de alguém; paixão, patior, o padecer uma ação, ser tocado pela dor, pelo sofrer; ser atingido pelo sofrer do outro”. Segundo ele, “a pessoa que sente compassio, compaixão, é atingida pelas necessidades do outro que sofre e, por isso, sai-lhe ao encontro. No evangelho de Lucas lemos: “Um samaritano que estava viajando, chegou perto de ele e, ao vê-lo, moveu-se de compaixão. Aproximou-se dele tratou-lhe as feridas, derramando nelas azeite e vinho.” (Lc 10,33-34) O samaritano é atingido pela dor, pela necessidade, pela quase morte do que fora assaltado. Porque atingido, é movido para a proximidade, o quase morte o atrai, e é que é atingido pela paixão, pela dor e por isso faz, misericórdia, próximo, pois, tornou-se compadecido”. “Ao ensinar a partir da compaixão de Deus pela nossa fraqueza”, disse, lembrando as palavras de Papa Francisco, em O Nome de Deus é Misericórdia: “O Deus feito homem deixa-se comover pela miséria humana, pela nossa necessidade, pelo nosso sofrimento. O verbo grego que traduz essa compaixão é splanchnízomai e deriva da palavra que indica as vísceras do útero materno… É um amor visceral… Jesus não olha para a realidade do exterior sem se deixar tocar, como se tirasse uma fotografia: ele se deixa envolver. É dessa compaixão que precisamos hoje, para vencer a globalização da indiferença. É desse olhar que precisamos quando nos encontramos diante de um pobre, um marginalizado, um pecador. Uma compaixão que se nutre da consciência de que também somos pecadores.” Neste sentido a compaixão, lembrou citando Walter Kasper: “transcende o egoísmo e o egocentrismo e não tem o coração centrado em si mesmo, mas centrado nos outros, em especial nos pobres e nos afligidos por todo o tipo de misérias. Transcender-se a si mesmo até aos outros, esquecendo-se assim de sua pessoa, não é debilidade, mas fortaleza. Nisso consiste a verdadeira liberdade. Essa autotranscedência é, por isso, muito mais do que enamoramento de si mesmo na entrega ao próprio eu: pelo contrário, trata-se da livre autodeterminação e, por conseguinte, de autorrealização. É tão livre que pode ser livre inclusive em relação a si mesmo, pode superar-se, esquecer-se de si e ultrapassar, por assim dizer, os seus próprios limites.” Voltando ao texto do Evangelho “Começou a ensinar-lhes muitas coisas”!, o cardeal Steiner disse que “o Evangelho a iluminar a compaixão. a nos oferece, insinua um sentimento de alegria…
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Diocese de São Gabriel da Cachoeira se solidariza com seu bispo emérito, dom Edson Damian, pela Páscoa de seu pai

A diocese de São Gabriel da Cachoeira, em carta assinada pelo seu bispo, dom Raimundo Vanthuy Neto, mostrou sua solidariedade ao bispo emérito, dom Edson Damian, diante do falecimento de seu pai, o Sr. Jerônimo Damian, acontecido neste 19 de julho, aos 102 anos, em Jaguari (RS). Segundo dom Vanthuy, “A Páscoa do Sr. Jerônimo, é acolhida por nós como desígnio de Deus no mistério de seu amor”, lembrando que “Não nascemos para morrer, mas morremos para ressuscitar”. O bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira disse que “O Sr. Jerônimo entra na história dos homens bons que o Senhor concedeu na sua graça por longos dias e lhe mostrou a sua salvação”. Ao bispo emérito e seus familiares, em nome da diocese de São Gabriel da Cachoeira, lhes envia seu “abraço de comunhão e prece”. O texto da carta afirma que “com as lágrimas e mergulhados no mistério da morte, nós queremos como povo do rio Negro, 0velhas da parte do rebanho do Senhor, que cuidastes nestes últimos 16 anos como bispo e pastor, ficar perto do senhor nesta noite de vigília e amanhã no sepultamento”. Igualmente querem se “associar ao canto de gratidão ao Deus da vida pelo dom do bem viver de seu pai, senhor Jerônimo; sabemos que ecoa em vossos corações tais cantar de gratidão”. As comunidades da diocese irão celebrar neste final de semana “a memória pascal do nosso amado e mestre Nosso Senhor Jesus Cristo, trazendo-o muito perto dom Edson, familiares… e na comunhão dos discípulos do ressuscitado oferecermos a Deus nossa prece e sufrágio pelo Sr. Jerônimo, seu bom Papai”. Finalmente, dom Vanthuy envia o abraço da Igreja do Rio Negro, dizendo que “rezaremos por ti e os seus”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Luiz Soares Vieira: Como bispo na Amazônia, “a missão mudou a minha cabeça”

40 anos de bispo, “bastante tempo”, diz dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, a arquidiocese que pastoreou por 21 anos. Um tempo desafiador, numa cidade aonde cada ano chegavam 40 mil pessoas, mas que a Igreja de Manaus enfrentou com um trabalho comum dos leigos, diáconos, padres e da Vida Religiosa. Padre na diocese de Apucarana, no Paraná, aonde voltou quando ficou emérito, foi bispo na Amazônia, uma missão que mudou bastante sua vida, se empenhando em viver seu lema episcopal: Servir e não ser servido. Ele diz ter aprendido muitos nesses 40 anos de ministério episcopal, promovendo a corresponsabilidade. Um tempo em que partilhou o caminho com bispos que se tornaram “figuras que estão na história”, especialmente nos primeiros anos de bispo, “bispos muito proféticos”. 40 anos de episcopado, muito tempo, né? Bastante tempo, 40 anos de caminhada. Eu estou com 87, quando eu fiquei bispo tinha 47 anos. Fui nomeado bispo no dia do meu aniversário, no dia 2 de maio, como bispo de Macapá. Eu fiquei sete anos e meio lá, foram anos bonitos, muitas comunidades, no interior, ao longo dos rios, nas estradas. Em 1991, o Santo Padre me nomeou para Manaus, e no dia 19 de janeiro de 1992 eu tomei posse. No dia seguinte, era a festa de São Sebastião, foi meu primeiro contato com o povo de Manaus. Foi um tempo bonito mesmo, foram 21 anos. No começo era muito desafiador a situação aqui. Manaus começou a crescer de repente, foi um inchaço da cidade, entravam mais de 40 mil pessoas por ano, vindo do interior, do Pará e do Nordeste. Foi uma época complicada, porque a Igreja não tinha condições. Mas eu encontrei uma grande coisa aqui, dom Clovis, com um grupo de padres, ele fez um projeto de evangelização das periferias envolvendo das paróquias, surgindo as regiões missionárias. Na zona Norte, onde está mais da metade da população hoje, era tudo invasão, o pessoal ia ocupando. Tínhamos uma Irmã Adoradora, a Ir. Helena, que ela foi fabulosa, ela organizou o pessoal, fazia ocupações muito bonitas. Nós fomos enfrentando a situação, os leigos, graças a Deus, padres, os diáconos também Nós recebemos apoio de outras dioceses do Brasil e também as congregações religiosas femininas, erão muitas religiosas. Em 2012, eu estava completando 75 anos, eu apresentei minha renúncia, e logo veio a nomeação de dom Sérgio Castriani. Fiquei muito feliz, porque realmente era o homem mais indicado naquela época para ser arcebispo de Manaus. Eu não quis ficar aqui em Manaus, porque havia muito tempo que eu era arcebispo, 21 anos, e voltei para a diocese onde eu era padre, diocese de Apucarana, no Paraná, e lá eu estou. Fiquei um tempo na catedral, ajudando, e depois fui para uma paróquia do interior com outro padre, e estou lá, vai fazer 10 anos nessa paróquia. Eu só tenho a agradecer a Deus esse tempo. No domingo, nosso cardeal, dom Leonardo, ele promoveu a missa para lembrar meus 40 anos de episcopado, fiquei muito feliz de reencontrar aos padres, os dois bispos auxiliares, fui eu que ordenei presbíteros, e muitos conhecidos, muitos amigos. Tudo isso ajuda a gente a se alegrar e a agradecer a Deus por tudo o que Ele realizou. O senhor era padre no Paraná e foi bispo na Amazônia, o que mudou em sua vida o episcopado e a Amazônia? Mudou bastante, a missão muda a gente. Eu quando fui para Macapá, o Brasil é muito diferente, cultura, os costumes, a visão da vida. Para mim foi uma benção, eu mudei muito, a missão mudou a minha cabeça. Aí comecei a perceber aquilo que muitas vezes aquilo que mereceu minha atenção, não era mais importante, fui descobrindo o que era realmente essencial e importante na vida cristã, na vida da Igreja, e principalmente na vida de bispo. Quando fui nomeado, eu pensei, o que é que eu vou fazer? Lembrei de Jesus que diz que ele veio não para ser servido, mas para servir e dar a vida por muitos. E falei, olha, é isso que eu vou fazer, como Jesus quis e que todo cristão deve fazer. Então, meu lema de bispo é justamente isso: Servir e não ser servido. Isso tem me orientado a vida afora, eu agradeço muito a Deus ter vindo para cá, primeiramente Macapá, depois esse desafio de Manaus, gostei da missão, ela mudou minha vida. Se pudesse voltar 40 anos atrás, o que o senhor não faria de tudo o que fez como bispo? A gente fez muita bobagem, até a gente ser trabalhado pelo Espírito Santo. As vezes a gente não tomava as medidas que devia tomar, mais passado é passado, tudo faz parte da vida, o acerto e desacerto, e aprendi muito, mesmo com os erros do passado. De tudo o que o senhor fez nos 40 anos de bispo, o que pensa que foi mais importante, o que não deixaria de fazer? Naquela época em que fiquei bispo, se falava muito de a gente fazer um panejamento participativo, chamar à participação nas linhas de pastoral, no que se deveria realizar. A gente falava muito da corresponsabilidade, da gente envolver realmente. Já em Macapá, eu parti para isto, e quando vim para Manaus, vi a necessidade de continuar o trabalho dos bispos anteriores, principalmente esse trabalho de evangelização das periferias, que era um projeto de dom Clovis Frainer. Aí, eu comecei a envolver nossa pastoral com esse planejamento participativo, que hoje é sinodal, que é outro termo. Nas nossas assembleias, que a gente realizava de dois em dois anos, levava um ano, a gente consultava as bases, nas comunidades, nas paróquias, chagava até nossa coordenação pastoral, a gente fazia tabulação, mandava de volta, novamente discutiam nas bases, aí vinha para nós, redigia, e mandava novamente para as bases. Aí a assembleia era mais celebrativa, porque a assembleia já tinha sido realizada, nesse processo de fazer todo mundo participar, a maior parte do pessoal participava. Isso foi muito bom,…
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