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Dom Leonardo: “No atrai do Pai somos despertados para a gratuidade do seguir Jesus, fugindo de moralismos, da ideologização fé”

No dia em que a 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida de 10 a 19 de abril de 2024, fez memória dos 70 anos da criação da Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil e dos 60 anos da Campanha da Fraternidade, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, refletiu sobre o ser atraídos pelo Pai, pelo “charme transparente do Pai”, que encanta, maravilha. O Pai “atrai os doentes no corpo e no espírito: famintos, cegos, mudos, coxos, leprosos, aqueles com mau espírito, com espírito mudo; atrai os andantes e desandantes das ruas e caminhos, os das esquinas da vida, para participarem do banquete da atração (cf. Mt 22,1-14). Atrai a todos, mas infelizmente nem todos, talvez até nós, apercebem-se atraídos. Jesus percebendo que eram atraídos pelo Pai, saciou de pão, lhes deu novo horizonte, concedeu mãos, ofereceu pés, caminhos, purificou, transformou no corpo e no espírito. Saiam saciados, carregando seus leitos, retornando à vida familiar e religiosa”, enfatizou dom Leonardo. Ele destacou “a possibilidade e ser filho no Filho”, enfatizando que “não o procurarias, se primeiro Ele não te tivesse procurado; não O amarias, se primeiro Ele não te tivesse amado”, inspirado nas palavras de São Bernardo. “O que atrai é o amor; atração amorosa! Um amor que procura, que seduz, pois atrai. O texto sagrado insinua que não se trata de uma atração acontecida no passado, mas que no amor, o Pai ‘atrai’ até o encontro amoroso no Reino definitivo. Um convite a estarmos sempre mais em sintonia com esse amor atrativo”, enfatizou o arcebispo. Segundo o cardeal, “não é com a necessidade, mas com o prazer; não é com a violência, mas com o deleite que somos atraídos. Não so os sentidos têm os seus deleites, mas também a alma. E um deleite para a alma o ‘atrai’ do Pai!”. Ele lembrou alguns daqueles que foram atraídos: “basta ler Francisco de Assis, Teresa de Ávila, Teresinha do Menino Jesus, Hélder Câmara, Dom Luciano, Santa Dulce dos Pobres, basta olharmos para os nossos pobres, que vivem atraídos por Deus, basta acompanharmos os nossos romeiros”. Um ser atraído que nos faz “disponíveis, encantados, ativos, livres e libertos”, ressaltou. “No ‘atrai’ somos despertados para a gratuidade do seguir Jesus, fugindo de moralismos, da ideologização fé, de acharmos que podemos aprisionar em conceitos e dogmatismos as delicadezas atrativas do Pai”, destacou o cardeal. Isso porque no “atrai há liberdade, a graça de poder corresponder gratuitamente à atração”, advertindo contra a soberba, que nos leva, segundo Santo Agostinho a “considerar que chegamos a Cristo com as forças da própria vontade, por própria decisão, com as próprias forças”. Um “atrai” que nos faz ter delicadeza “para não sermos reféns de nós mesmos, das nossas ideias, das nossas ideologias, das nossas dogmatizações. Ë que o ‘atrai’ é quase uma tração que impulsiona para fora, o estar a caminho como as mulheres e os homens que buscavam a Jesus”. Um “atrai” que faz ser tomado “pelo contentamento, pela fecundidade da vida”, que “abre constantemente possibilidades existenciais frente à cotidianidade dura e às vezes aniquiladora”, que traz “uma maternidade paterna em relação aos necessitados, aos desvalidos aos que a sociedade rejeita, aqueles e aquelas que andam e navegam sem destino, sem porto, sem estrada, sem rio, sem chegada!”, disse o cardeal. Nessa perspectiva, ele questionou a necessidade de “nas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil tornar audível, papável, saborável, visível o “atrai” do Pai”. Falando dos 70 anos da Conferência dos Religiosos do Brasil, o cardeal, religioso Franciscano, definiu a Vida religiosa como “a visibilização na Igreja do quanto o Pai atrai em Jesus”. Segundo ele, “com a CRB fazemos memória do testemunho do ‘atrai’ do Pai, recordamos a mística da gratuidade, agradecemos a profecia da Vida Religiosa e desejamos que ela continue a ser sinal de esperança”. Ele insistiu em ver os 70 anos da CRB como “um convite reconhecer que a vida religiosa consagrada é a expressão da força atrativa de Deus e da correspondência ao amor atrativo”. Também um chamado “para renovar a graça da missão recebida: continuar a viver a liberdade do Evangelho, ser a presença do Reino de Deus em todos os espaços e geografias que o Espírito enviar”, convidando a “agradecer por tudo o que a CRB tem oferecido para a renovação da vida religiosa, para manter vivo o carisma de cada família religiosa, para ser uma presença de proximidade e libertação dos pobres, ser sinal de esperança transformativa do ‘atrai’ do Pai”. O cardeal Steiner definiu a Campanha da Fraternidade como “uma expressão da forca força atrativa do Pai, pois caminho de conversão e libertação. No caminho salvífico da quaresma somos acordados para a benevolência atrativa de Deus meditando, rezando, discutindo tantas realidades que contradizem o Reino, o cuidado amoroso de Deus”. Fazendo um chamado a sermos em tudo a fraternidade, pois atraídos pelo amor, ele disse que “a fraternidade só é possível quando o amor está a guiar as palavras e as escutas, as nossas relações”. Lembrando o lema de 2024, “Vós sois todos irmãos e irmãs”, dom Leonardo insistiu que “a irmandade não nasce da dominação, mas da atração”, vendo a Campanha da Fraternidade como convite “a construir uma Fraternidade, uma irmandade, que transforma a vida em sociedade, tornando-a mais saudável, convivial”, a participar do direito de ser cidadão, levar uma vida digna, ser respeitado como ser humano. “Uma fraternidade universal, pois vivemos numa casa comum, e todo ser participa da obra da criação”, insistiu. Ele lembrou dos 60 anos de “realidades visibilizadas que nos fizeram perceber que não correspondem à força atrativa de Deus, em Jesus”, de “realidades discutidas, meditadas, rezadas, dialogadas que puderam nos despertar para a grandeza atrativa de Deus, no cuidado dos mais pobres”. Vida Religiosa e Campanha da Fraternidade que “nos foram enviadas como Filipe, para que pudéssemos fazer a leitura da força do ‘atrai’ do Pai em Jesus, a vida do Reino, e prosseguirmos com alegria o caminho”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Geral da CNBB: Interessa à Igreja o que o povo diz?

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está realizando de 10 a 19 de abril a 61ª Assembleia Geral, tendo como tema principal a elaboração das Diretrizes para a Ação Evangelizadora. Na semana passada, a gente questionava se interessa ao povo o que a Igreja diz, e hoje seria bom se perguntar se interessa à Igreja o que o povo diz. Como elemento importante de uma Igreja sinodal, de uma Igreja que promove que todos os batizados e batizadas caminhem juntos, é proposto a necessidade da escuta. Daí a pergunta que a gente formula sobre se a Igreja está interessada naquilo que o povo diz, naquilo que o povo vive, naquilo que sustenta a caminhada de fé de todos e todas os batizados. Como a Igreja escuta, a quem a Igreja escuta, para que a Igreja escuta? O desafio é escutar com atenção, escutar a todos e todas, também àqueles que não fazem parte das comunidades e escutar para levar em conta aquilo que o povo está falando, como instrumento decisivo que ajude a avançar no caminho da evangelização. Durante a assembleia, os jovens demandaram maior escuta, maior atenção, eles disseram aos bispos que querem que a Igreja os tenha mais em conta. É um grito que tem a ver com o futuro da Igreja, mas também com o presente, com a própria vida da Igreja, que precisa a força da juventude para continuar se revitalizando constantemente. Um clamor que também chega do lado feminino da Igreja, das mulheres, daquelas que sendo a grande maioria nas comunidades, ainda são colocadas muitas vezes em segundo plano, como batizadas com direitos inferiores àqueles que tem os homens. Não escutar e tomar em consideração a voz das mulheres irá enfraquecendo cada vez mais a Igreja e os processos evangelizadores que nela acontecem. Pode servir como exemplo dessa força feminina na evangelização o fato de ter sido 18 as catequistas que receberam o ministério durante a Assembleia da CNBB, enquanto tinha só um catequista homem. Escutar o povo vai fazer com que todos e todas os batizados se sintam plenamente envolvidos nos processos de evangelização, que seja assumido com maior entusiasmo aquilo que é proposto como caminho a seguir pela Igreja do Brasil. Penetrar na vida do povo, somar forças sempre é um desafio, o maior dos desafios para quem anuncia o Evangelho e pretende que essa Boa Notícia penetre na vida de cada pessoa. Escutar com calma, sem preconceitos, se esforçando por descobrir os sinais de Deus presentes em cada pessoa, em cada realidade, também no meio daqueles que vivem nas periferias geográficas e existenciais. Quando a gente escuta, nossa voz também é escutada com maior atenção, quando a gente escuta nossa capacidade para responder às necessidade dos outros aumenta, quando a gente escuta nos aproximamos daqueles que colocam sua vida em suas palavras e esperam que seus sentimentos ecoem em nossos corações, no coração da Igreja. Sem medo de escutar e sem condicionar a palavra dos outros, demos os passos que como Igreja nos ajudem a que nossa evangelização possa transformar a vida de cada pessoa, a vida de uma sociedade que precisa de Deus e quer encontrar o caminho para chegar até Ele. 7 Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Edson Damian: “15 anos de bispo de São Gabriel da Cachoeira, a diocese não sai do coração da gente”

Na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil participam os bispos eméritos, que segundo lembrou o arcebispo emérito de Olinda-Recife, dom Fernando Saburido, na Eucaristia com que iniciaram os trabalhos nesta quarta-feira, não são aposentados. Um desses eméritos é o bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira, dom Edson Damian, que participa pela primeira vez de uma assembleia da CNBB nessa condição de emérito. Ele diz estar participando tão ativamente com os bispos do Norte1, que tem a impressão de ser bispo titular, até o ponto de às vezes esquecer e levantar a mão na hora das votações, “porque o emérito tem direito a voz, mas não tem direito a voto”, segundo ele lembrou. “15 anos de bispo de São Gabriel da Cachoeira, a diocese não sai do coração da gente, a Amazonia, e também a Conferência Nacional dos Bispos, e como eu me sinto bastante saudável, eu acho que vou continuar participando de muitas assembleias de bispos daqui para frente”, destacou Dom Edson. Os bispos eméritos continuam sua missão, “em primeiro lugar acompanhando tudo o que a CNBB organiza, lendo os documentos, colocando as observações, dando sugestões, porque quem viveu tantos anos junto da Conferência, porque eu fui assessor durante seis anos, depois bispo durante 15 anos, a CNBB está no coração da gente, e eu me sinto muito comprometido com a causa da CNBB e também na elaboração dessas Diretrizes, porque elas são muito importantes, e agora tem que colocar dentro delas a sinodalidade, que é uma das maiores conquistas do Concílio Vaticano II e que ficou em hibernação durante muito tempo”, disse dom Edson Damian. Ele ressalta que “ainda bem que o Papa Francisco, ele veio para colocar de novo essas maiores intenções do Concílio Vaticano II dentro da Igreja, em ação”. Segundo o bispo emérito, “a nossa CNBB foi aquela que em América Latina, sem dúvida nenhuma, mais assumiu o Concílio Vaticano II, e também as propostas do Papa Francisco”. Atualmente, dom Edson Damian acompanha e cuida seu pai, que acaba de completar 102 anos, em sua cidade natal no Rio Grande do Sul, algo que agradece a Deus depois de 25 anos na Amazônia, 10 anos como missionário na diocese de Roraima e 15 como bispo de São Gabriel da Cachoeira, em que às vezes os visitava uma vez por ano dada as distancias. Junto com o cuidado do pai, dom Edson Damian prega retiros, três ou quatro por ano, prestando essa ajuda, “para que os padres também assumam a caminhada da Igreja, as orientações do Papa Francisco, a sinodalidade, tudo isso que está dentro do coração da gente, eu quero ajudar as dioceses nessa caminhada”, sublinhou o bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Na 61ª AG da CNBB, presidente do Cimi destaca os caminhos de esperança e resistência dos 305 povos indígenas no Brasil

O Conselho Indigenista do Brasil (Cimi) tem sido uma voz profética da Igreja católica em defesa dos povos originários há mais de 50 anos. Um caminho que contou com a colaboração de muitos missionários e missionárias e de vários bispos que assumiram a presidência do organismo, um serviço que atualmente presta o arcebispo de Manaus (AM), cardeal Leonardo Steiner, que iniciou sua apresentação dos trabalhos do CIMI aos participantes da 61ª Assembleia Geral da CNBB, agradecendo o trabalhos dos dois últimos presidentes: o arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi, o e bispo emérito do Xingú, dom Erwin Kräutler. O presidente do Cimi mostrou como foi recebida na comunidade Maturuca, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), a catequista indígena Deolinda Melchior da Silva, após receber no dia 13 de abril o Ministério de catequista no Santuário Nacional de Aparecida, durante a assembleia da CNBB. Ele lembrou que em 1974, cinquenta anos atrás, um grupo de seis bispos e de outros seis padres e freis, publicaram o documento “Y-Juca-Pirama: o índio, aquele que deve morrer. Documento de urgência de bispos e missionários”. O texto “denunciava, profeticamente, os ‘decretos de extermínio’ que pairavam sobre a vida dos povos indígenas e anunciava, com esperança destemida, os ‘caminhos de esperança’ na luta por direitos dos povos indígenas”. Nesse tempo, o Cimi como Igreja, insistindo nesse ser Igreja, “atuou na defesa da vida, dos direitos e do protagonismo dos povos indígenas, cuja existência é boa notícia para o mundo e que hoje representam um sujeito coletivo com participação expressiva na vida do país”, enfatizou dom Leonardo. Igualmente, ele destacou que nos últimos seis anos, em que o Brasil viveu um período extremamente conturbado, os povos indígenas não deixaram de mobilizar-se, destacando, com palavras do Papa Francisco, a importância do território, e da defesa da Ecologia Integral e do Cuidado de Criação, de nossa Casa Comum. No atual governo, os passos dados ainda não são suficientes, com episódios dramáticos, como aconteceu em janeiro de 2023 com o Povo Yanomami e Ye´kuana. Outra situação que demanda grande atenção é o “marco temporal”, que dom Leonardo definiu como algo que “constitui uma imoralidade e uma injustiça, porque significa uma declaração de impunidade contra todas as atrocidades cometidas contra os povos indígenas antes de 1988, com o permanente extermínio, despejo e desapropriação de seus territórios”. Diante dessa situação relatou o empenho do Cimi para conseguir derrubar essa tese no âmbito do Poder Judiciário. Diante do sofrimento dos povos indígenas, relatando diversos exemplos disso, o presidente do Cimi lembrou das palavras de Marçal de Souza Tupã’i ao Papa João Paulo II em 1980, denunciando situações de sofrimento ainda presentes na vida dos povos indígenas. Ele destacou os caminhos de esperança e resistência dos 305 povos que resistem no Brasil, com sua diversidade e espiritualidades, que “nos ajudam a todos a acreditar que é possível um mundo mais justo e sustentável, rico na diversidade”. Segundo seu presidente, “o Cimi, após 52 anos de vida e de missão, quer continuar sendo fiel às intuições pastorais e proféticas que o geraram”, dizendo caminhar com esperança diante dos desafios, apoiando a mobilização dos povos indígenas. Finalmente lembrou a orientação do Papa Francisco a ouvir os povos indígenas, e agradeceu em nome dos missionários e missionárias do Cimi o apoio nas dioceses e da CNBB, especialmente no que se refere ao Marco Temporal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A CNBB apresenta as 4 mensagens da 61ª Assembleia Geral

Seguindo a tradição das Assembleias Gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a 61ª Assembleia Geral, que acontece em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024 deu a conhecer as mensagens ao Papa Francisco, ao prefeito do Dicastério para os Bispos, cardeal Robert Francis Prevost, ao povo brasileiro e às comunidades católicas, uma novidade da atual assembleia. Carta ao Papa Francisco Segundo o arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa, a carta ao Papa Francisco “é uma saudação ao Santo Padre, manifestação da nossa comunhão com ele e também os temas gerais da assembleia e um agradecimento ao Papa pela riqueza de seu pontificado, aquilo que ele propõe à Igreja nesse momento”. Igualmente, o cardeal destacou na carta, que é privada, “a preocupação do Papa com as grandes questões que envolvem à humanidade hoje, a questão da paz, a questão da justiça, a questão das migrações e das pessoas que morrem no mar”. Mensagem às comunidades católicas Pela primeira vez se faz uma mensagem da Assembleia às comunidades católicas, enfatizou o arcebispo de São Paulo, cardeal Pedro Odilo Scherer, que trata da vida das comunidades. A mensagem inicia agradecendo “por tudo aquilo que de bom e belo existe para a missão”, por tudo o que é vivido e realizado nas comunidades. Igualmente o texto ressalta a santidade, com um número de “processos de beatificação e canonização como nunca houve antes”. A carta dirige uma palavra de encorajamento sobre algumas questões, tendo como pano de fundo a sinodalidade: o diálogo, o respeito pelos outros, saber divergir sem brigar, insistindo em que “nossa fé não deve dividir, mas deve ser um elemento que ajuda a criar comunidade”. Igualmente ressalta a necessária comunhão com o Papa e com os bispos e o convite a não desanimar diante das dificuldades presentes, e à participação ativa na vida das comunidades e da sociedade. Finalmente, um chamado a se preparar para o Jubileu 2025. Uma carta que pretende “encorajar, orientar, apoiar, respaldar a nosso povo católico”, enfatizou dom Odilo. Carta ao prefeito do Dicastério dos bispos Sobre a carta ao prefeito do Dicastério dos Bispos, o arcebispo de Rio de Janeiro, cardeal Orani Tempesta, disse que é uma carta reservada ao cardeal Prevost, que trata sobre o que está sendo feito na 61ª Assembleia Geral da CNBB, “coloca os problemas que nós estamos enfrentando enquanto Igreja no Brasil, coloca as soluções que a nossa assembleia está propondo”. Igualmente a carta agradece ao prefeito pelas indicações ao Santo Padre para as 20 nomeações episcopais para a Igreja do Brasil desde a última assembleia. Mensagem ao Povo brasileiro A Mensagem ao Povo Brasileiro (baixe a íntegra), “um texto em certo sentido longo”, segundo o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, dada “a necessidade de abordarmos alguns elementos importantes”, que pretende ser uma mensagem de esperança, de futuro, da realidade política e climática, que aborda as eleições que se aproximam, lembrando os 60 anos de início da Ditadura e incentivando a cuidar a democracia, a violência no país, as guerras. Dom Leonardo pediu a ajuda dos meios de comunicação para que essa mensagem chegue e ajude diante da situação de tensão, de conflitos, de muita violência que a sociedade brasileira vive, provocada pelas drogas, as fações e as palavras. Uma mensagem que faz um chamado à paz, também na floresta, para os povos indígenas, ameaçados pelo Marco Temporal. O cardeal insistiu em que essa mensagem que quer levar paz e esperança, e desarmar os ânimos “nem todo mundo lê como deveria ler”, em vista de fazer a convivência social mais importante.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Geral da CNBB conhece o trabalho da Igreja numa Amazônia “tomada pelos agrotóxicos e pelo mercúrio”

A Amazônia se fez presente na plenária da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024. Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) y Comissão Especial para a Amazônia, mostraram o trabalho missionário da Igreja amazônica numa região que “nos questiona todos os dias!”, segundo o bispo de Roraima e presidente da REPAM-Brasil, dom Evaristo Pascoal Spengler. Ele denunciou a destruição da Amazônia, consequência das tensões existentes e das “violações históricas e estruturais de direitos humanos e dos direitos da natureza”, consequência do “paradigma tecnocrático e consumista que assola nossas vidas, sufoca a natureza e nos deixa sem uma existência verdadeiramente digna”, da ganância. O bispo relatou situações presentes na Amazônia: seca, realidade dos povos indígenas, incidindo na situação dos Yanomami, sofrimento dos diversos povos, o narcogarimpo, a violência no campo, nas águas e nas florestas, demarcação das terras indígenas, desmatamento, falta de consulta livre prévia e informada, grandes empreendimentos, numa Amazônia que “está tomada pelos agrotóxicos e pelo mercúrio”. Uma realidade que foi levada em novembro de 2023 a 13 ministérios do Governo Federal, ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, em Brasília. Uma realidade que deve estar presente na COP 30, a ser realizada em novembro de 2025 em Belém do Pará. Diante disso, a a REPAM-Brasil pede “uma Igreja unida e caminhando com os povos da Amazônia”, saudando a esperança que chega desde a Amazônia.   A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) nasceu a partir das propostas que aparecem no Documento Final do Sínodo para a Amazônia, segundo apresentou o bispo auxiliar de Manaus e vice-presidente da CEAMA, Dom Zenildo Lima. O Papa Francisco sugeriu que o organismo episcopal, proposta na assembleia sinodal, se concretizasse numa conferência eclesial, cujos estatutos foram aprovados com rapidez pelo Santo Padre, que tem apostado muito nessa conferência eclesial, dado que “ela aponta para aquilo que é um futuro viável da Igreja, estruturas sinodais’ O Bispo apresentou aquilo que poderia ser definido como “uma Igreja sinodal com rosto amazônico”, sua missão, que é  “promover a sinodalidade e a pastoral de conjunto entre as Igrejas do território, fomentar a interculturalidade da fé, ajudar a delinear o rosto amazônico da Igreja e propiciar a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora incorporando a proposta da ecologia integral e fortalecendo assim a fisionomia da Igreja na região”. Da CEAMA fazem parte as 103 circunscrições eclesiásticas na Pan-Amazônia,   O arcebispo de São Luís do Maranhão e presidente da Comissão para a Amazônia, dom Gilberto Pastana partilhou com os participantes da 61ª Assembleia Geral da CNBB, “um pouco de nossa triste e cruel realidade, a partir da escuta do Clamor dos Povos da Amazônia e da Natureza”. Lembrando a importância do Encontro de Santarém em 1972 e sua proposta de encarnação na realidade, ele denunciou que “os povos amazônidas continuam a ser desrespeitados em um dos seus direitos mais básicos: a autodeterminação”, criticando os “projetos de desenvolvimento” que continuamente querem ser impostos na região, que “acarretam impactos desastrosos na Natureza e nos habitantes da região”. Dom Gilberto Pastana ressaltou a necessidade da escuta dos clamores que da Amazônia, inclusive de uma natureza que é sujeito de direitos, mas cada vez é mais destruída, o que demanda superar a visão antropocêntrica utilitária está superada, que submete os recursos e coloca em risco a própria humanidade. Um caminho defendido pela Laudato Si´, “a Encíclica mais lida na História da humanidade”. Por isso, a Comissão Especial para a Amazônia apoia “a luta pela autodeterminação dos povos da floresta; pela demarcação dos territórios; pela consulta prévia sobre os projetos que lhes atingem, e pelo reconhecimento dos direitos da Natureza”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Altevir: Diretrizes para a Ação Evangelizadora “sinodalidade em prol da missão”

Na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada em Aparecida (SP), de 10 a 19 de abril de 2024, o bispo da prelazia de Tefé e secretário do Regional do Regional Norte1 da CNBB, dom José Altevir da Silva, que já tem participado de várias assembleias, destaca como importante nelas “a comunhão entre nós, entre os bispos, assessores’. A atual assembleia destaca “as temáticas, a metodologia, totalmente diferente, isso tem fortalecido a esperança e essa assembleia vai trazer frutos muito positivos para a Igreja no Brasil, na situação que nós estamos vivendo, uma situação tão exigente do processo evangelizador, mas que na maneira como estamos vivendo essa assembleia, isso vai nos indicar caminhos”. Segundo o bispo de Tefé, “as diretrizes, elas sempre dão um norte. Por isso o processo de elaboração das mesmas é algo realmente muito importante”. Dom Altevir lembrou que neste ano, as diretrizes dizem “Alarga o espaço da tua tenda”, que “nos remete a uma caminhada sinodal, a uma caminhada de conjunto, de escuta, a um processo de caminhar juntos, de acolhida”, insistindo em que “isso é tudo o que nós precisamos na Igreja do Brasil, na Igreja da Amazônia”. Dom Altevir lembrou que “as diretrizes estão sendo construídas, já é o segundo ano que elas se tornam tema central da Assembleia”. O texto das diretrizes é formado por três capítulos: os sinais dos tempos, a conversão pastoral e novos caminhos para a missão. Segundo o bispo, trazendo “a caminhada da Igreja na Amazônia, baseada no Documento de Santarém, baseada nos nossos regionais, principalmente o Norte1, que tem uma caminhada muito firme, ligada à inculturação das celebrações, à vivência na vida do povo”. Ele ressalta que “essas diretrizes, elas vão trazer elementos iluminadores para nossa realidade, porque ela está vindo de lá, não é de cima para baixo”. Segundo o bispo, “está sendo feito todo um trabalho, especialmente agora, com a presença dos bispos aqui, e o método que nós estamos usando, que é um método de verdadeira escuta, o método que foi aplicado na primeira etapa da Assembleia Sinodal, onde todos participam e de uma maneira orante conseguem trazer elementos da realidade e à luz do Evangelho, com a força do Espírito Santo, consegue realmente devolver para as diversas realidades da nossa Igreja do Brasil”. Dom Altevir insiste nas diretrizes como sinal de esperança muito grande. O bispo destaca a importância de “trazer a voz do povo para uma instância de decisão como esta”. Na prelazia de Tefé, onde está há quase dois anos, seu bispo destaca a presença dos leigos, a preparação de um plano de pastoral, após um processo de escuta de um ano, onde pode se perceber “os caminhos novos da missão nos dias de hoje e o exercício sinodal, que define como “o Espírito de caminhar juntos que fica na Igreja”, algo que a Igreja de Tefé está vivenciando há muito tempo. Segundo o bispo as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil apontam para “a sinodalidade em prol da missão, não existe missão sem sinodalidade e tampouco a sinodalidade sem a missão”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “Os povos indígenas não são levados em consideração pelo Congresso Nacional”

A Amazônia é uma realidade sempre presente na vida da Igreja do Brasil, algo que se expressa de modo preferente na Comissão Especial para a Amazônia (CEA), criada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em 2003. Temáticas relacionadas com a Amazônia foram abordadas na coletiva de imprensa da terça-feira: a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o papel da Comissão Especial para a Amazônia e a COP 30. CEAMA, um espaço de diálogo e sinodalidade A CEAMA é uma Conferência Eclesial a pedido do Papa Francisco, a quem o Sínodo para a Amazônia tinha pedido a criação de uma Conferência Episcopal da Amazônia. Os membros que formam a CEAMA são as Igrejas particulares que estão na Pan-Amazônia, segundo explicitou o arcebispo de Manaus (AM) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), cardeal Leonardo Steiner. Na presidência tem representantes dos bispos, dos padres, da Vida Religiosa, do laicato e dos povos indígenas. Segundo o cardeal, “a CEAMA ainda precisa achar o seu caminho, o seu espaço, para que realmente seja um espaço de diálogo, um espaço de sinodalidade”. Entre os elementos que estão caminhando mais, destacou o Rito Pan-Amazônico, que “não se trata apenas de um rito litúrgico, mas pensar como a Igreja que está na Amazônia pode se expressar e organizar”. Com relação ao CIMI, seu presidente destacou os 52 anos de existência de “um dos elementos talvez da Igreja do Brasil junto aos povos indígenas, não apenas defendendo seus direitos, mas ajudando também os povos a se organizarem”, que fez com que hoje existam muitas organizações indígenas. O trabalho do CIMI hoje está mais voltado para os povos com pequeno número, destacando o acompanhamento que o CIMI está fazendo do Marco Temporal, “uma questão vital para os povos indígenas”. CEA compromisso dos bispos do Brasil com a Amazônia A Comissão Especial para a Amazônia, constituída pelos seis presidentes dos regionais da Amazônia, que representam 58 Igrejas particulares, ela é, segundo o arcebispo de São Luís e presidente da CEA, dom Gilberto Pastana de Oliveira, “a expressão do compromisso de todos os bispos do Brasil para com a Amazônia”, e ela tem por objetivo, “visibilizar a ação evangelizadora da Igreja nessa região, olhando sobretudo as principais dificuldades que a Igreja passa”. A Comissão ajuda a estabelecer pontes entre as Igrejas irmãs e traz para o Brasil o conhecimento da Amazônia, “muitas igrejas, muitos regionais não conhecem a realidade dos povos indígenas, dos ribeirinhos, dos quilombolas, dos que habitam essa região’, enfatizou dom Gilberto. COOP30 e a incidência da Igreja na conversão ecológica Belém (PA) acolherá entre 10 e 21 de novembro de 2025 a COP 30 e em vista desse grande evento, a Presidência da CNBB constituiu uma comissão em vista da COP 30, da qual fazem parte o bispo auxiliar de Belém (PA), dom Paulo Andreolli, o bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), dom Vicente de Paula Ferreira, e o bispo de Vacaria (RS), dom Sílvio Guterres Dutra, junto com outras entidades e comissões. O objetivo dessa comissão é “coordenar ações de formação, de articulação, de incidência política e comunicação”, que será “um canal oficial da Igreja do Brasil para articulação e diálogo”, segundo o bispo auxiliar de Belém (PA). Ele destacou a proposta de uma construção coletiva, com eventos antes, durante e depois da COP, buscando “aproveitar a celebração da COP 30 no Brasil para fortalecer o grau de incidência da Igreja em vista da conversão ecológica e da transformação socioambiental do Planeta à luz d Doutrina Social da Igreja”. Catequistas indígenas Os jornalistas perguntaram sobre o fato de dona Deolinda Melchior da Silva, indígena do povo macuxi ter recebido o ministério de catequista. Respondendo à pergunta, o cardeal Steiner disse que “os povos indígenas são profundamente religiosos”, destacando a grande presença da Igreja entre os povos indígenas da Amazônia, colocando a dona Deolinda como “um exemplo de uma grande catequista, ela vai visitando aldeias e vai levando o Evangelho”. Os bispos do Regional Norte1 fizeram questão que “fosse uma indígena, pelo modo dela ser catequista”, destacando a tentativa dos catequistas indígenas de fazer o encontro do Evangelho com a própria religiosidade dos povos. O cardeal destacou que na cultura indígena catequista e liderança são as mesmas pessoas, e que eles fazem caminhar a comunidade eclesial muito bem. Uma dinâmica inspirada no Documento de Santarém 1972, onde aparece como prioridade a encarnação na realidade e a formação de lideranças, destacou o presidente da CEA, falando sobre a vivência do sacramento do batismo através do exercício desses ministérios. Segundo o arcebispo de São Luís, “o papel do leigo na Amazônia é fundamental, porque são eles que animam a comunidade”, dada a pouca presença dos ministros ordenados. São os catequistas, homens e mulheres que “fazem acontecer a vida eclesial nesses lugares”. Ele encara a presidência da CEA como uma missão numa Comissão que pretende resgatar todas as decisões que foram assumidas nos encontros dos bispos da região amazônica, visitando os regionais para fazer uma síntese dos regionais, onde estão presentes realidades diversificadas. Um caminho que pretende avançar no V Encontro da Igreja Católica na Amazônia programado de 19 a 22 de agosto de 2024 em Manaus, e escutar os maiores gritos e demandas que exigem respostas dos bispos. Em preparação à COP 30, existem várias iniciativas em vista da conscientização do povo com relação à ecologia integral, segundo dom Paulo Andreolli, querendo envolver a juventude, a Igreja do território, o Círio de Nazaré, querendo organizar uma Vigília ecumênica. Tudo isso em vista da conversão ecológica, uma realidade presente na Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema a ecologia integral. O futuro da Igreja será sinodal A CEA fez um caminho depois de Santarém 72, que foi dar no Sínodo para a Amazônia, que o cardeal Steiner definiu como “um laboratório de participação extraordinária de todos os segmentos da Igreja”. Segundo o arcebispo de Manaus, “o futuro da Igreja será sinodal, no sentido de cada vez mais nós como Igreja, todos os…
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Reunião dos Bispos da Amazônia: Avançar na aplicação do Sínodo para a Amazônia nas Igrejas locais

Os bispos da Amazônia que participam da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que se realiza de 10 a 19 de abril de 2024, se reuniram no dia 15 de abril. Entre os pontos abordados esteve o V Encontro da Igreja Católica na Amazônia, que será realizado em Manaus de 19 a 22 de agosto de 2024. O propósito é retomar a caminhada do Sínodo, tendo como base o Documento de Santarém de 2022, um documento comemorativo e propositivo, segundo o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima, tentando ver como as decisões se concretizaram nas Igrejas locais. O tema do encontro será “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: memória e esperança”. Um encontro que pretende debruçar sobre a aplicação do Sínodo para a Amazônia nas Igrejas locais, verificar os avanços, perceber situações emergentes no âmbito social e eclesial e consolidar algumas iniciativas que podem ser assumidas enquanto Igrejas locais. Para o encontro se pretende fazer um levantamento junto às Igrejas locais, não muito complexo, tendo como pano de fundo a sinodalidade na Igreja, sendo colocadas algumas questões a ser refletidas naquilo que faz referência às comunidades eclesiais, a formação dos discípulos missionários, defesa dos povos da Amazônia e cuidado da casa comum e a evangelização das juventudes. Se busca descobrir o que o Espírito tem a dizer à Igreja da Amazônia hoje, através de um levantamento feito nas Igrejas locais. O encontro quer partir da realidade das Igrejas locais e da conjuntura na Amazônia, querendo se apropriar de iniciativas eclesiais já em curso: Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), Programa Universitário Amazônico (PUAM), Rito amazônico. A partir daí buscar indicações de operacionalização e acompanhamento, e junto com isso a presença na COP 30 em Belém e o Jubileu da Esperança 2025. Diante do pedido de atualização da coletânea dos Documentos da Igreja da Amazônia, a secretária da Comissão para a Amazônia, Ir. Irene Lopes, apresentou essa possibilidade, assim como a publicação das intervenções dos participantes brasileiros na Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. O assessor jurídico e de incidência política da REPAM-Brasil, Dr. Mellillo Dinis, apresentou os resultados da visita a diferentes ministérios com a presidência da REPAM-Brasil e de outros bispos da Amazônia. 18 reuniões com o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria Geral da República, organizações da sociedade civil e diversos ministérios, fruto das vozes dos povos da Amazônia. O governo propôs um caderno de respostas que está sendo elaborado e já tem dado alguns frutos. Estão sendo realizadas reuniões em diversos níveis para abordar questões relacionadas com os grandes projetos. Uma experiência de incidência no Governo Federal que quer ter continuidade. Com relação à COP 30 está sendo um caminho prévio e está sendo pensado a participação da Igreja católica durante a COP 30, tentando construir um campo de atuação possível e viável. A COP 30 tem possibilidades e responsabilidades e existe um campo de atuação da Igreja brasileira, que quer articular as diversas iniciativas de Igreja, com seis diretrizes comuns e uma agenda de atividades até a celebração da COP. Os encontros preparatórios acontecerão por regiões, serão elaborados materiais de reflexão e celebrativos para poder chegar nas bases, buscando aumentar a incidência da Igreja na questão socioambiental. Nesse sentido está sendo pensado um evento simultâneo e muitas outras iniciativas durante a COP 30 em Belém. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Diretora das POM Brasil na reunião do C9: “A escuta das mulheres enriquece a Igreja e a ajuda a caminhar mais segundo o projeto de Deus”

O empenho do Papa Francisco em escutar é uma dinâmica presente em tudo aquilo que ele faz, também no Conselho dos Cardeais, no C9, que reúne periodicamente um grupo de cardeais de diversas procedências. Na passada sessão, realizada no mês de fevereiro, o Conselho iniciou a escuta das mulheres, em vista de refletir sobre o papel das mulheres na Igreja, uma prática que teve continuidade no início da reunião que acontece no Vaticano de 15 a 17 de abril de 2024. O Papa Francisco quer escutar as mulheres De novo três mulheres têm participado deste momento de escuta, a diretora das Pontifícias Obras Missionárias do Brasil, Ir. Regina da Costa Pedro, Stella Morra, professora de Teologia Fundamental, e Ir. Linda Pocher, professora de Teologia Dogmática, na Faculdade Auxilum, das Salesianas. Escutar as mulheres “é fundamental porque nós somos a maioria, nós somos pessoas ativas na Igreja, o Espírito tem muito a dizer para a Igreja e para o mundo através de nosso ser mulheres. Então, a escuta das mulheres é algo que enriquece a Igreja e a ajuda a caminhar mais segundo aquilo que é o projeto de Deus, porque também através de nós, ele tem uma palavra a dizer”, enfatizou a Ir. Regina da Costa Pedro, após participar da reunião do C9. Superar a dívida da escuta A Diretora das POM Brasil destaca “essa atitude da Igreja de querer superar essa dívida de escuta que ela tem para com tantos sujeitos eclesiais, entre eles as mulheres”. Essa escuta das mulheres “significa uma porta aberta deste processo sinodal para ouvir tantas outras pessoas”, citando os leigos, os jovens e tantas minorias marginalizadas. Igualmente ressaltou o fato de se sentir numa mini sala sinodal, ao redor da mesma mesa, num diálogo de igualdade, com uma representação do Povo de Deus mais ampla, uma escuta realmente sinodal. Um terceiro aspecto que a religiosa enfatiza foi “o aspecto cultural dessa dificuldade, dessa resistência, de integração mais ampla da realidade das mulheres na Igreja como instância também de decisão, de participação em todas as instâncias, inclusive naquelas de decisão”. Nesse diálogo, feito em dois momentos, a Diretora das POM Brasil apresentou a realidade de mulheres no Brasil, com ajuda de várias mulheres: professoras de História da Igreja, uma jornalista, leigas, biblistas, relatando “essa experiência de mulheres que já estão ao serviço da Igreja e como isso já traz uma novidade da abertura da Igreja às mulheres”. Enfrentar as resistências culturais Uma prática, que segundo a religiosa, “nos faz reconhecer quanto caminho ainda precisa ser percorrido”, colocando como dificuldades o clericalismo, o machismo na Igreja, da hierarquia toda ser simplesmente masculina, esse aspecto mais existencial, experiencial e refletido”. Ela lembrou do aporte de outra das convidadas, a professora Stella Morra, que resistências na Igreja com relação à mulher do ponto de vista cultural, e “como essas resistências culturais, se elas não são enfrentadas, se elas não são explicitadas, é muito mais difícil de vencê-las, porque algo que não é explicitado, não pode ser tematizado, não pode ser superado“. Partindo da passagem do encontro de Jesus com a mulher Cananéia, a religiosa disse ter feito três indicações que resumem a experiência de vida das mulheres. Em primeiro lugar, “a importância de encontrar meios para abater as barreiras e criar novas relações”, lembrando o êxodo feito por Jesus e a mulher, que sem ser um encontro fácil, “os dois encontraram um meio de fazer que essas barreiras caíssem para que novas relações fossem criadas entre Jesus e a mulher”. Sentar-se à mesma mesa A segunda indicação foi “a importância de sentar-se à mesma mesa, e não que alguns estejam sentados à mesa e que outros estejam sentados embaixo da mesa”, refletindo sobre o diálogo entre a mulher e Jesus e como essa mulher ajuda a Jesus a mudar de perspectiva e olhar da perspectiva dos cachorrinhos que estão embaixo da mesa. Diante disso, a Ir. Regina disse que “muitas vezes, as mulheres, elas são colocadas à margem da Igreja, mesmo estando ao centro. Como se fosse normal que se alimentassem das migalhas que caem da messa”. Ela considera muito bonito o exemplo de Jesus, “é como se Jesus saísse da mesa e se colocasse embaixo da mesa junto com a mulher, vendo a perspectiva dela, e a partir daí descobrindo como é grande a fé dessa mulher”. Um terceiro ponto destacado foi que “essa mulher anónima e marginalizada, a partir do encontro com Jesus, ela passa a ser protagonista”. Uma mulher que, segundo a religiosa, “ela é capaz, de apesar de sua situação de necessidade, provavelmente de indigência, devia ser uma mulher pobre, ela toma consciência da exclusão, como ela é relegada, ela exige um direito de cidadania, ela não aceita ser tratada como cachorrinho que está embaixo da mesa, ela exige ser tratada como os filhos e ela sai de sua situação de anonimato”. Foto: Victória Holzbach As mulheres defendem a vida porque elas têm fé “Ela se torna protagonista também porque ela tem uma palavra para dizer, ela quer algo”, o que é reconhecido por Jesus, destacou a Diretora das POM Brasil. Finalmente destacou que “esta mulher é uma mulher de grande fé”, que contrasta com a pouca fé dos discípulos, o que é falado antes e depois desse texto. A religiosa enfatizou “esta fé das mulheres, que faz com que não só nós consigamos gritar para defender a vida, mas gritamos para defender a vida porque temos fé, e essa fé reconhecida pelo próprio Jesus”. Três pontos que indicam para a Ir. Regina, “como a própria Igreja vai conseguir dar esses passos de superação dessa situação na qual nós nos encontramos, não só dando algum lugar de destaque para as mulheres, algum lugar de poder, mas vencendo esse machismo que existe na Igreja, e sobretudo quando nós aceitarmos que o Espírito, ele se manifesta e tem muito para dizer à Igreja através de nós que somos mulheres”. Algo que no Brasil tem que “levar a pensar nas mulheres em sua diversidade, mulheres brancas,…
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