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Dom José Albuquerque: “Precisamos sempre combater o grande perigo do clericalismo, que também está na mente dos nossos leigos”

Feliz de poder participar da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o bispo da diocese de Parintins, dom José Albuquerque de Araújo vê esse momento como oportunidade que “nos ajuda a compreender que significa nosso ministério, e nessa diversidade, nessa pluralidade, nesta comunhão, que acontece aqui durante toda a assembleia é que louvo a Deus pelo fato de poder ajudar, não só na minha diocese, não só no meu Regional, mas também a Igreja que está no Brasil”. O bispo de Parintins ressalta que “cada vez mais, as nossas assembleias se destacam por essa fraternidade, por esse ambiente de corresponsabilidade”. Ele destaca que “é bonito perceber que somos ajudados pelos assessores, padres, religiosos e leigos, que mostram esse rosto tão diverso, tão bonito, tão carismático da nossa Igreja”. Dom José Albuquerque percebe que “mesmo sendo uma agenda muito extensa, com temas importantíssimos, mas o nosso papel é trazer aqui presente a vida, as alegrias, as conquistas que nós estamos vivenciando nas nossas dioceses, na nossa querida Amazônia, e nessa comunhão a gente pode compartilhar o fato de ser chamado a ser pastor deste povo que tem tanta esperança desses momentos em que os bispos se encontram para celebrar, para rezar juntos e para poder se ajudar mutuamente”. Falando sobre as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, tema principal da 61ª Assembleia Geral da CNBB, que acontece em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024, e a formação dos futuros presbíteros, o bispo referencial da Pastoral Vocacional no Regional Norte1 e membro da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, lembra que “nós estamos já colhendo os frutos do 3º Ano Vocacional do Brasil, que aconteceu no ano passado, e a nossa comissão, assim como a preocupação de toda a assembleia dos bispos, esse tema da formação dos futuros presbíteros, também a formação permanente dos que já são presbíteros, esses temas são recorrentes, sempre tem um destaque especial”. Nesse sentido, o bispo insiste em que “precisamos formar bem e acompanhar aqueles que já são ordenados”, um caminho em que os passos estão sendo dados. Segundo Dom José Albuquerque, “o debate, a conversa, a escuta, tem nos ajudado a compreender e reconhecer a importância de estarmos cada vez mais próximos, seja nos seminários, com nossos seminaristas, seja em nossos presbitérios, com os nossos padres, de modo especial com os padres novos”. Dom José Albuquerque faz um chamado a “combater o grande perigo do clericalismo, e é interessante perceber que o clericalismo não está apenas na mente dos padres, dos bispos, dos diáconos, mas também na mente do povo, dos nossos leigos”. Diante dessa realidade, ele destaca como importante “ir por esse caminho da comunhão sinodal, onde todos nós somos chamados a sermos participantes desse processo de escuta, levando em conta tudo aquilo que estamos refletindo a partir do Magistério do Papa Francisco e também dos conteúdos das nossas assembleias”. “As Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil vão estar sim em sintonia com tudo aquilo que estamos refletindo no Sínodo sobre a Sinodalidade”, enfatizou o bispo de Parintins. Ele diz pensar que “a partir dessas diretrizes, nós estamos fazendo esse processo de revisar, de atualizar as Diretrizes para a Formação dos Presbíteros no Brasil, que seria o próximo passo, porque as diretrizes atuais estavam em tempo de experimento e esse tempo já terminou”. Então, afirma dom José Albuquerque, “estamos aguardando as Diretrizes Gerais para também podermos adaptar aquilo que o Sínodo sobre a Sinodalidade e a nossa Assembleia desde o ano passado, estamos refletindo sobre o que precisamos avançar”. O bispo de Parintins destacou que “temos muitas esperanças, a gente sabe que esse processo, ele é lento e é bom que seja assim, para a gente poder escutar e nos deixarmos conduzir pelo Espírito Santo, porque ele que é o grande protagonista da evangelização”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Hudson: “A comunhão que dá adesão e confirma o papel da CNBB como articuladora da ação evangelizadora da Igreja no Brasil”

Dom Hudson Ribeiro tem pouco mais de dois meses de bispo e participa pela primeira vez da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que em sua 61ª edição está sendo realizada de 10 a 19 de abril de 2024 em Aparecida (SP). O bispo auxiliar de Manaus está vivenciando este momento na perspectiva de tempo pascal. Segundo dom Hudson “é bonito que tudo aconteça nesse tempo pascal, porque é pleno de esperança, é pleno de sonhos, que já começaram, essa caminhada da Igreja, construção de novas etapas, mas não a partir de mim, a partir, a partir do serviço”. O bispo auxiliar de Manaus ressaltou que “durante a Assembleia, muitas coisas novas, muitas coisas que se conformam, inúmeros desafios, mas são desafios que não me causam medo, porque eu percebo uma Igreja muito unida, um colegiado episcopal com um grande esforço de manter a comunhão junto ao Papa, e que reconhece as fragilidades, os desafios do mundo, mas que também aponta caminhos de esperança”, enfatizando que ele quer somar com tudo isso, dizendo estar muito animado, muito esperançado, vendo como algo comovente e que firma seu compromisso com o povo o fato de poder celebrar junto a Nossa Senhora Aparecida. Essa comunhão entre os bispos é um elemento importante para avançar no caminho da evangelização, tema central da 61 Assembleia Geral da CNBB. Dom Hudson afirma que “o Brasil, ele é bastante diverso, a territorialidade, a regionalidade, as especificidades culturais, ela traz um grande mosaico de inúmeras experiências, e é uma diversidade muito grande”. Igualmente, ele destaca que “o ponto central que é da comunhão e da unidade, elas se fazem o alicerce da Igreja, é muito complicado pensar e juntar tudo isso para responder a tão grandes desafios”. “É tanta riqueza junta que somente a comunhão pode ajudar a que todas essas forças, todos esses recursos, eles possam responder a tantos desafios”, segundo o bispo auxiliar de Manaus. Por isso, “é extremamente importante a comunhão do episcopado brasileiro”, afirmou. Algo que se concretiza no Regional Norte1, na arquidiocese de Manaus, “mantendo firme essa comunhão. A comunhão é uma comunhão da Igreja, em torno do Papa, a comunhão que dá adesão e confirma o papel da CNBB como articuladora da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, esse organismo importante, e junto ao Regional Norte1 da CNBB, isso vai ramificando, confirmando junto às outras circunscrições eclesiásticas”. “Beber de tudo isso é a gente voltar muito mais animado, muito mais consciente de que precisa manter a unidade entre nós, a comunhão entre nós. E isso a partir daquilo que você acredita, a gente chamado a ser pastor desse povo, possa fazer com que o rebanho cada vez mais se una em torno dessa grande comunhão que é a comunhão da Igreja”, concluiu dom Hudson. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Evaristo: Me ajoelhei e beijei sua mão porque “dona Deolinda não representa uma pessoa naquele momento, ela representa os povos indígenas do Brasil”

Uma assembleia com “um clima muito leve, de fraternidade, de comunhão”, que o bispo da diocese de Roraima, dom Evaristo Spengler, pensa que é devido ao fato de ter começado com o retiro, o que “criou um clima de uma busca comum, intensa, mais do que nas outras assembleias”. Isso o leva a dizer que “me sinto mais integrado a esse corpo da Igreja católica, ao episcopado, na busca de comunhão e também de caminhos para nossa Igreja no Brasil”. Dom Evaristo participou intensamente da celebração em que uma catequista de sua diocese, dona Deolinda Melchior da Silva, indígena Macuxi da região Maturuca, no município de Uiramutã, recebeu o ministério de catequista. Numa região de 70 comunidades, algumas de difícil acesso, o bispo destaca dona Deolinda pela sua história. “Ela vem de uma família de uma participação na Igreja muito antiga, uma família que contribuiu muito no processo eclesial, mas também no processo de reconhecimento da região da Raposa Serra do Sol como um território integral indígena”. Segundo dom Evaristo Spengler, “essa comunhão entre o social, a defesa do território, a defesa da cultura indígena, da língua, ela participou de todo esse processo, e já desde o pai dela vinha participando, e agora tem um sobrinho que terminou a teologia, talvez seja ordenado no próximo ano. Uma família muito integrada na Igreja e nas lutas sociais”. O bispo insistiu em defini-la como “uma pessoa de muita fé. Dona Deolinda busca ter uma vida de oração muito profunda, e hoje até a postura dela na Igreja chamava a atenção, como ela é respeitosa, como ela de fato é acolhedora com o sagrado, porque a mística indígena, a espiritualidade indígena, ela integra o todo, tudo fala de Deus, tudo respira Deus e ela manifesta Deus na vida dela”. Quando dom Evaristo Spengler entregou a Bíblia à catequista indígena, o bispo se ajoelhou e beijou a mão dela. Isso porque “dona Deolinda não representa uma pessoa naquele momento, ela representa os povos indígenas do Brasil. Então, eu me sinto humilde diante de uma história tão grande desse povo indígena que lutou pela sua terra há  500 anos e, diante dela, eu me ajoelhei e beijei a mão dela, porque eu trato ela com grande respeito, porque ela simboliza o povo indígena que recebeu a Boa Nova de Jesus Cristo, e agora se torna protagonista da evangelização, ela fez esse processo, agora está evangelizando. É uma pessoa que foi evangelizada por pessoas que vieram de fora, e ela se tornou uma protagonista do anúncio de Jesus Cristo e da Palavra de Deus”. Falando sobre a evangelização, tema principal da 61ª Assembleia Geral da CNBB, dom Evaristo Spengler disse que “algumas coisas são permanentes, a liturgia, a espiritualidade, a catequese, o anúncio da Palavra, a caridade, a missão, é permanente”. Ele disse que “o que me chama a atenção nessas diretrizes que estão sendo propostas agora, é o espírito de pertença à Igreja, a diocesaneidade, a participação da Igreja do Brasil e universal”. O bispo de Roraima afirma que “hoje a tendência é ser um cristão muito individual, que não precisa da comunidade, que não precisa da sua paróquia, que não necessita da Igreja universal e ele faz também a sua teologia”. Ele ressalta que “aqui estamos diante de uma questão do comunitário, do espírito de pertença. Quando a pessoa crê em Jesus Cristo, ela se torna anunciadora de Jesus Cristo, mas ela é também formadora de comunidade. Esse espírito eclesial é muito forte nessas Diretrizes que estão sendo propostas”. “Isso vai chegando na base”, segundo dom Evaristo Spengler. Ele destaca que “esse espírito de comunhão, de sinodalidade, criar conselhos e todos os níveis como se propõe, já a Igreja tem essa tradição no Brasil, mas agora tentando alargar a tenda Tudo isso vai ajudar de fato a nós termos cristãos mais conscientes no futuro”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Deolinda Melchior da Silva, a indígena Macuxi entre os 19 catequistas a receber o ministério

A missa do sábado 13 de abril foi um momento especial na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024. 19 catequistas, 18 mulheres e um homem, representando os 19 regionais em que se organiza a Igreja do Brasil receberam o ministério de Catequistas pelas mãos do arcebispo de Santa Maria (RS) e presidente da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, dom Leomar Brustolin. O ministério do Catequista foi instituído pelo Papa Francisco com o motu próprio Antiquum Ministerium, em 10 de maio de 2021. Seu papel é fundamental na Igreja, nos processos evangelizadores para os quais os bispos do Brasil estão elaborando as Diretrizes para a Ação Evangelizado. Um papel reconhecido por dom Leomar Brustolin, segundo ele destacou na missa celebrada aos pés de Nossa Senhora Aparecida, quando ele questionou: “Que seria da nossa Igreja sem a vossa missão?”. Entre aqueles que receberam o ministério, se encontra a indígena do Povo Macuxi, Deolinda Melchior da Silva, alguém que ajuda a concretizar uma Igreja com rosto indígena, segundo pedido do Sínodo para a Amazônia.  O presidente da Comissão Bíblico-Catequética afirmou que “foi uma grande alegria poder ter instituído entre o grupo dos primeiros catequistas do Brasil uma indígena com longa experiência na catequese, com uma capacidade muito grande de evangelizar”. Foto: Victória Holzbach – CNBB Segundo Dom Leomar Brustolin, “estando ela junto com todos os outros, revela a grandeza da pluriculturalidade brasileira, a grandeza da fé nessa terra, e acima de tudo mostra o quanto o Evangelho precisa ser inculturado e encarnado nas terras brasileiras. Para nós da comissão, termos uma indígena, pessoas que trabalham com deficiência, representantes de comunidades negras, todas elas representam a beleza do Evangelho sendo inculturado em diversas realidades”. Dona Deolinda é catequista na Missão Muturuca, município de Uiramutã, diocese de Roraima (RR), há 42 anos, e nos últimos 15 anos coordena a catequese em sua região. Ela disse se sentir muito feliz de estar recebendo esse ministério de catequista em uma celebração onde “me senti fortalecida, cada vez mais a fé vai aumentando e assim vamos trabalhando”, fazendo um chamado aos catequistas indígenas a seguir realizando sua missão. Na diocese de Roraima, eles cada ano realizam cursos de formação para catequistas e lideranças, que celebram a Palavra em suas comunidades. A instituição no ministério de Catequista de Deolinda Melchior da Silva é considerada pelo bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler, como um dia histórico para a diocese e para o Regional Norte1. Aqueles que receberam esse ministério, são pessoas que preparam o povo para “serem discípulos e discípulas de Jesus Cristo, caminhando com Ele, ouvindo sua Palavra, vivendo em comunidade, se alimentando da Eucaristia e do convívio fraterno em comunidade”. Dom Evaristo Spengler, que entregou a Bíblia àquela que recebeu o ministério de catequista, igual fizeram os outros bispos com cada catequista, destacou a importância de ter dona Deolinda recebendo o ministério de Catequista em representação de todos os povos indígenas do Brasil. Os povos originários foram evangelizados por missionários que chegaram de outros lugares, “e agora os indígenas são protagonistas da missão”. Em uma região com comunidades de difícil acesso, “dona Deolinda é incansável, ela é um testemunho vivo do Evangelho que se difunde em meio ao nosso povo”, frisou o bispo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Zenildo Pereira da Silva: Na diocese de Borba “acreditamos no protagonismo dos leigos e os formamos para a ministerialidade”

A 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada de 10 a 19 de abril de 2024 em Aparecida (SP), tem como tema central a elaboração das Diretrizes para a Ação Evangelizadora, sendo considerado o caminho sinodal como um elemento que influencia de modo decisivo essas diretrizes. Um dos primeiros consensos da primeira sessão da Assembleia Sinodal foi o tema da formação. A diocese de Borba (AM) tem investido fortemente na formação, especialmente do laicato, algo que está fundamentado, segundo o bispo dessa diocese, Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, no fato de que “nós acreditamos no protagonismo dos leigos, e valorizando, acolhendo esse protagonismo, nós formamos para a ministerialidade”. Ele destaca que “há alguns anos estamos fazendo um investimento na formação, por exemplo à luz da Palavra de Deus, estudando a Palavra Sagrada, isso a nível de foranias”, falando igualmente do investimento em formação para “dar aos leigos uma base doutrinal à luz dos documentos da Igreja”. Entre os eixos de estudo está a Cristologia e Eclesiologia, “porque cremos numa Igreja toda ministerial”, enfatizou o bispo da diocese de Borba. “Isso tem trazido frutos impressionantes, sobretudo no sentido de pertença às comunidades, nossas comunidades estão bem mais vivas, são bem mais missionárias, porque encontram elementos, apoios, e sobretudo fortalecendo os ministérios, mais ministros da Eucaristia, mais ministros da Palavra”. Dom Zenildo destacou a existência de “uma equipe itinerante que alcança as comunidades, sobretudo na formação, nessa presença”, lembrando que o Sínodo para a Amazônia insistiu em ser uma presença. Em uma diocese onde a maioria das comunidades não tem Eucaristia dominical, seu bispo define como “impressionante a participação dos ministros em nossas comunidades”, colocando como exemplo a celebração da Palavra aos domingos e os grupos de reflexão, “que estão segurando a animação da Palavra de Deus nas famílias, nas casas”, algo que ele diz ter animado muito a vida da diocese. Mesmo sem sacerdotes que celebrem a Eucaristia, “nós temos leigos que estão anunciando a Palavra, vivendo a Palavra e fortalecendo as comunidades. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Análise de conjuntura social e eclesial ajudas na elaboração das Diretrizes para a Ação Evangelizadora

A Análise de conjuntura social e eclesial no início dos trabalhos das assembleias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem se tornado costume, uma análise que quer ajudar a construir as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da CNBB, pauta principal da 61ª Assembleia Geral que está sendo realizada em Aparecida de 10 a 19 de abril de 2024. Nunca foi fácil essa análise diante de uma realidade tão ampla, ainda menos na atual complexidade presente em uma sociedade onde “todos os fenómenos estão interligados como uma grande rede”. Radiografia do mundo, da América Latina e do Brasil Uma sociedade dividida, marcada pelo ódio na sociedade e na política, inclusive na Igreja, que vive uma mudança de época, que demanda “construir novas estruturas de análises sociais”. Esse é o propósito do Grupo de Análise de Conjuntura da CNBB – Padre Thierry Linard, que tem buscado realizar “uma radiografia do mundo, da América Latina e do Brasil”, em vista dos bispos ter conhecimento mais aprofundado da realidade, segundo o bispo de Carolina (MA) e coordenador do grupo, Dom Francisco Lima Soares. Estamos diante de uma realidade que demanda “entender a reconfiguração histórica da visão do mundo”, ainda mais em uma conjuntura em que “o cidadão é objeto de um constante bombardeio informacional e desinformacional”. No mundo atual os desastres naturais são cada vez mais frequentes, e no Brasil faltam políticas públicas para enfrentá-los, e as guerras marcam negativamente a conjuntura económica, requerendo “estratégias económicas transformadoras”. A previsão é um baixo crescimento económico para América Latina e para o mundo como um todo, e “as pessoas demonstram uma esperança negativa em relação ao futuro”. Polarização e sectarismo Na política, América Latina, com um papel limitado no cenário global, vive uma profunda instabilidade, que aumenta diante das eleições previstas em diversos países nos próximos meses. Junto com isso se constata um enfraquecimento da democracia, sociedades divididas e crises de projetos, que mostra a importância da construção de espaços de resistência. Cresce no mundo atual a polarização, que no Brasil pegou um terreno fértil, também na Igreja, e o identitarismo ou sectarismo, que provoca a constituição de “uma política de exclusão e antagonismo, que impede o diálogo e a superação das divergências”, que fez com que as pessoas se tornaram de adversários em inimigos. Se faz necessário, segundo a análise de conjuntura social, refletir sobre as redes sociais e novas tecnologias e os desafios da liberdade, sendo cada vez mais evidente que “o poder não está ligado à posse dos meios de produção, mas ao acesso à informação”. Aumenta a virtualização das relações sob o fenómeno da Inteligência Artificial. Igualmente cabe destacar no cenário atual a forte instrumentalização da religião como tendência da política, do uso político da intolerância religiosa, e a oposição ao Papa Francisco, pela sua denúncia de uma economia que mata e os processos de desumanização, e é uma voz profética nesse contexto, continua presente. Individualização e pluralização na Conjuntura Eclesial Com relação à Conjuntura Eclesial, o bispo de Petrópolis (RJ) e presidente do Instituto Nacional de Pastoral (INAPAZ) que no atual quadriênio tem a responsabilidade de realizar essa análise, destacou que “o novo momento que o Brasil vive em todas as suas instâncias, inclusive na instância religiosa, chamado de ethos religioso atual, marcado por fortíssima individualização e pluralização”. Nessa conjuntura eclesial, “nenhum dos modelos de pastoral que hoje circulam pelo Brasil são capazes de responder total e unicamente”, afirmou o bispo, que vê necessário atuar com os três modelos de pastoral, e ao mesmo tempo descobrir um caminho novo. Segundo ele, “esse caminho significa uma Igreja mais missionária, uma Igreja em pequenas comunidades e uma Igreja marcada pela iniciação à Vida Cristã”. Alargar a tenda Essa análise de conjuntura social e eclesial se torna um instrumento que oferece uma ajuda importante na construção das Diretrizes para a Ação Evangelizadora na Igreja do Brasil, que pretendem ser concluídas em 2025, tendo em conta os novos desafios que estão aparecendo e as conclusões do Sínodo sobre a Sinodalidade, segundo destacou o arcebispo de Santa Maria (RS) e coordenador da equipe que elabora as diretrizes, Dom Leomar Brustolin. Nelas, é usada a imagem da tenda, “porque precisamos alargar o espaço” diante das novas realidades, colocando como exemplo a Inteligência Artificial e seu impacto sobre nossas vidas e sobre a evangelização, questionando como transmitir a fé para jovens e crianças. Com relação ao Instrumentum Laboris das novas Diretrizes destacou três aspectos fundamentais: escutar os sinais dos tempos, trabalho a ser realizado pela Assembleia em 45 comunidades para o discernimento seguindo o método da conversação no Espírito; conversão pastoral, sem medo de deixar uma pastoral de manutenção para uma pastoral essencialmente missionária; e propor caminhos para a missão, uma transversalidade urgente no texto das Diretrizes. Tudo isso com uma linguagem mais propositiva, um texto enxuto, mais imediato, mais simples, que ajude as comunidades a entender os propósitos da CNBB. Consonância com o processo sinodal O arcebispo de Santa Maria, buscando a recepção das Diretrizes, defendeu a implantação de uma metodologia de avaliação dos processos, insistindo em sua aplicabilidade na Pastoral, tendo em conta a realidade, marcada pela violência, a questão crónica da pobreza, a polarização, que entrou nas comunidades. Tudo isso em consonância com o processo sinodal, e em uma realidade religiosa marcada pelo acento individualista presente na fé cristã, com pessoas mais narcisistas, egoístas, e pelo enfraquecimento do aspecto comunitário da fé, insistindo em que “não é possível ser cristão sem uma comunidade de fé”. Para isso fez m chamado a reconhecer todo tipo de comunidades, a não uniformizar, e a rever a iniciação cristã, as questões ligadas a espiritualidade e liturgia, a questão de solidariedade, caridade, a ecologia, uma questão urgente y que se faz necessário trabalhar, e a questão da missão, saindo da autoreferencialidade e de “uma pastoral atrás do balcão”. Dom Leomar Brustolin destacou nas Diretrizes os sujeitos de sinodalidade: as juventudes, as mulheres, pessoas com deficiência, os idosos. Igualmente, ele destacou a importância do Sínodo para a Amazônia como…
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Secretário Geral do Celam: “É importante fazer do tema do Sínodo um tema transversal em todas as nossas atividades”

O bispo auxiliar de Cusco e secretário-geral do Celam, Dom Lizardo Estrada, está participando da 61ª Assembleia Geral do Celam, que acontece em Aparecida de 10 a 19 de abril de 2024, onde ele diz se sentir em casa. Uma presença com a qual ele quer “tornar conhecido o que estamos fazendo” e “dizer que estamos caminhando juntos, para ser um sinal de comunhão”. O bispo peruano lembrou que o Celam nasceu no Rio de Janeiro em 1955 “para que houvesse essa ajuda entre os bispos, que ajudasse a crescer na comunhão, na colegialidade”, afirmando que “a Igreja do Brasil, a partir de sua amplitude e experiência, pode oferecer luz à América Latina e ao Caribe”, ressaltando a importância de se deixar guiar pela luz da sinodalidade. Ressaltou também a importância da conversa espiritual, que apesar das diferenças, “nos ajuda a escutar uns aos outros, a escutar verdadeiramente o Espírito Santo“, conclamando a estarmos abertos a ele, para que “possa nos inspirar, acompanhar e iluminar, para que possamos discernir o que Deus realmente quer para este tempo”. O senhor está participando pela primeira vez da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na qual estão presentes 442 bispos. O que a CNBB representa para a Igreja na América Latina e no Caribe? O Brasil é uma das maiores conferências, tem um caminho, fez um jeito de ser Igreja. Há diferenças, o que é normal, mas há uma unidade na fé e no amor à Igreja, na construção do Reino de Deus. Eu me senti em casa, há muita unidade, fraternidade como bispos, como irmãos, como latino-americanos. Eles têm diferenças, porque é uma conferência grande, porque têm um caminho diferente, mas eu vi apenas uma linguagem, a linguagem de Deus, da Igreja, e isso foi muito proveitoso para mim. Para a América Latina, para o Celam, o Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe, é uma riqueza estarmos caminhando juntos como Igreja do continente. O Brasil tem muito a oferecer e também muito a aprender com outras conferências episcopais da América Latina e do Caribe. O senhor é secretário-geral do Celam, o que é o Celam, como o senhor explica para a Igreja no Brasil o papel que o Celam desempenha na América Latina e no Caribe e por que é importante caminhar juntos como Igreja do continente? Desde 1955, o Celam nasceu de fato no Brasil, no Rio de Janeiro, foi para que haja essa ajuda entre os bispos, que ajuda a crescer na comunhão, na colegialidade. Os valores do Celam são a comunhão, a fraternidade, a colegialidade, o diálogo entre nós, bispos, o serviço, a reflexão sobre as questões atuais. É uma resposta aos sinais dos tempos, aos desafios culturais e eclesiais de nosso tempo. O Celam nada mais é do que estar a serviço das conferências episcopais, estar a serviço dos bispos. O que o Celam faz é responder às solicitações das Conferências Episcopais, não tem outro caminho. Desde Aparecida, desde a Evangelii Gaudium, com o processo de renovação e reestruturação iniciado em 2019, o Celam quis responder a isso em chave sinodal, sabendo que o caminho que Deus espera para o Terceiro Milênio é a sinodalidade. Caminhar juntos é constitutivo da Igreja, como nos diz o Papa, para interpretar a realidade com os olhos e o coração de Deus, para que a Igreja seja participativa e corresponsável. A renovação do Celam vai nessa direção, de estar aberto ao que está acontecendo e para que a Igreja seja uma casa que está sempre se renovando. A presença do Celam aqui é para nos aproximar, para tornar conhecido o que estamos fazendo, para dizer que estamos caminhando juntos, para ser um sinal de comunhão, um sinal de unidade, em um mundo de divisão, de polarização, de egoísmo, em nosso contexto cultural, social e político. Caminhar juntos como a Igreja que somos, porque, no fim das contas, o que mais atrai é o fato de estarmos unidos, de caminharmos juntos, de nos entendermos, apesar das diferenças que existem. Desde o início, o Celam tem nos ajudado a crescer em comunhão, em comunidade, em colegialidade, em chave sinodal. Os bispos brasileiros estão preparando as Diretrizes Pastorais para os próximos anos, um trabalho que vai avançar, mas não será concluído nesta assembleia, mas somente depois de conhecer as conclusões do Sínodo sobre Sinodalidade. Caminhar juntos e diversidade são termos presentes no Magistério do Papa Francisco e da Igreja na América Latina e no Caribe. Nessa Igreja sinodal, que sempre foi a Igreja da América Latina, uma dinâmica impulsionada pelo Celam nos últimos anos, como a Igreja brasileira pode ajudar a avançar ainda mais? A Igreja do Brasil, por sua amplitude e experiência, pode oferecer luz à América Latina e ao Caribe. Fico feliz pelo fato de que estão realizando esse processo de reflexão, de discernimento e, uma vez terminada a Assembleia Sinodal, sairá o documento e, com isso, avançaremos em um estilo, uma forma à luz do Magistério do Papa Francisco e do Sínodo. Isso, que é importante, podemos aprende-lo nas Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, como integrar, como fazer do tema do Sínodo um tema transversal em todas as nossas atividades. Somos convidados a nos renovar para responder aos desafios deste tempo da Igreja, para responder aos sinais dos tempos. O que a Conferência dos Bispos do Brasil está discernindo e trabalhando neste momento é positivo, e nos próximos anos chegaremos a uma conclusão e começaremos a avançar com essas luzes. É algo muito bom, e espero que em toda a América Latina e no Caribe possamos tomar o Sínodo sobre a Sinodalidade e a Assembleia Eclesial como eixos transversais que podem avançar em nossos planos pastorais nacionais, diocesanos ou regionais. Para avançar nesse caminho, a metodologia que será usada é a da conversa no Espírito, um método que faz parte do processo sinodal. O senhor é membro da Assembleia Sinodal, participou desse método de discernimento na primeira sessão da assembleia, o que diria aos bispos…
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Dom Vanthuy: A CNBB é “sinal de comunhão, de profecia, de pastores que sonham e desejam o bem não só para a Igreja, mas para o país”

Dom Raimundo Vanthuy Neto recebeu a ordenação episcopal no dia 04 de fevereiro e 2024 e iniciou sua missão como bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira no dia 11 de fevereiro. Ele está participando pela primeira vez da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Dom Vanthuy diz se sentir pequeno, “porque venho da maior diocese do Brasil, a diocese mais plural, 24 povos, 18 línguas, eu penso que é um processo mais do que de iniciação. Alguns bispos já são conhecidos, então são eles que de uma certa forma nos colocam nessa experiência bonita da colegialidade na Igreja do Brasil”. Ele insiste em que “eu me sinto muito querido, mesmo dos bispos que não são do Regional Norte1, tantos que me conheceram da região do Nordeste, do Sul, que vem perguntar sobre São Gabriel”, algo que considera “muito afetivo, muito bonito”. O bispo diz estar diante de algo grande, sublinhando que “a Conferência dos Bispos do Brasil tem uma história muito bela, de sinal de comunhão, de profecia, de pastores que sonham e desejam o bem não só para a Igreja, mas para o país”. Dom Vanthuy se sente “um irmão pequeno que vai se tornando também corresponsável do bem, da história da Igreja, mas também de todo o país”. Sobre o retiro com que iniciou a 61ª Assembleia Geral da CNBB, o bispo de São Gabriel da Cachoeira afirmou que a experiência da comunhão, do corpo, ideias presentes no retiro, “nos faz lembrar que o primeiro desafio nosso é entre nós mesmos, os bispos, porque pode ser que algum tome um caminho, outro tome outro caminho, mas dentro de nós tem esse espírito de um desejo de comunhão e de sentir-se corpo. Então me sinto corresponsável por você, você por mim, a Igreja do Sul não está desligada da Igreja do Norte”. O cardeal Parolin, orientador do retiro, segundo Dom Vanthuy, disse que “não é possível uma Igreja que caminha isolada, que somos uma Igreja que quer somar-se como comunhão e que se descobre como comunhão”, destacando a corresponsabilidade na missão entre as diversas igrejas. Segundo o bispo, “isso faz a gente pensar a evangelização como algo complexo, mas ao mesmo tempo muito simples, que deve atingir a pessoa que vive na capital grande a quem vive lá isolado, como eu, na região da Cabeça do Cachorro, uma tribo indígena lá encima, que pensa primeiro em responder à graça batismal, ser sinal no mundo do amor de Deus e de se tornar corresponsáveis pelo bem dos outros”. Falando sobre evangelização, ele destaca três concepções: “uma pertença a Cristo, um senso de que eu sou responsável pelos outros e de que nós todos juntos testemunhamos o amor de Cristo”. Falando sobre as Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora e como incluir aquilo que faz parte da Igreja universal, da Igreja do Brasil e de realidades específicas, como é a evangelização dos povos indígenas, algo presente na diocese de São Gabriel da Cachoeira, Dom Vanthuy destaca três elementos comuns em todos os níveis de Igreja: “vivem de uma experiência muito bonita, que é a vida comunitária, não há vida cristã sem vida comunitária”, lembrando as palavras do cardeal Parolin, que insistia em que “não há vida cristã sem sermos irmãos”. O bispo insiste em que “diante desse anúncio que serve para a Igreja universal, a Igreja do Brasil, a Igreja particular do Rio Negro, acho que aqui está uma intuição que lá em São Gabriel tem uma base. A vida comunitária no contexto dos povos indígenas é algo muito concreto, não se pode viver sozinho, o viver é coletivo”. Isso é considerado pelo bispo de São Gabriel da Cachoeira como “o fermento que se junta com a massa, o anúncio de Cristo, vida de comunidade, e essas experiências dos povos indígenas que descobrem que não é possível viver sozinho, só comunitariamente”. Segundo ele, “é quase que não fosse algo estranho, mas algo que se desperta do anúncio do Evangelho, que é a vida comunitária”. Igualmente ressalta o bem dos outros, lembrando que “eu venho de uma região muito plural e é um desafio também entre os povos do Rio Negro”. Numa realidade onde as relações muitas vezes não são boas, “aí entra a questão do Evangelho, entra a novidade do Evangelho. Tem lugar também nas culturas dos povos originários daquela região que o Evangelho ainda não chegou. Nessa concepção de que somos todos irmãos, participamos do mesmo povo e somos corresponsáveis uns pelos outros. Então a diretriz universal chega bem, bem claro, lá no particular em São Gabriel, na corresponsabilidade de uns para com os outros, do zelo dos mais pequenos, dos mais frágeis e do grande sentimento de que nós somos irmãos e irmãs”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Geral da CNBB: Interessa ao povo o que a Igreja diz?

442 bispos buscando encontrar caminhos de evangelização no Brasil. Para isso tem se reunido na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada de 10 a 19 de abril de 2024 em Aparecida. Dentre eles 15 bispos do Regional Norte1, entre bispos auxiliares, titulares e eméritos. A Assembleia e os temas que nela são tratados são um bom momento para a Igreja católica poder se questionar sobre o papel a ser desenvolvido no mundo atual, até que ponto as propostas da Igreja católica encontram ressonância na sociedade atual, se o povo brasileiro está atento e está interessado pelas propostas que a Igreja faz. A boa notícia do Evangelho tem perpassado a história ao longo de 20 séculos, se tornando luz na vida do povo, fonte de vida para muitas pessoas, em diferentes momentos, culturas, lugares, realidades. Uma boa notícia que tem impactado positivamente a realidade social, marcando o caminho a seguir como fonte de plenitude para muitas pessoas. Será que isso continua sendo uma realidade? A Igreja católica no Brasil está conseguindo aproximar as pessoas do Evangelho, fazer que Deus seja experimentado como alguém próximo? O povo brasileiro continua encontrando na Igreja católica a orientação para se aproximar do Deus encarnado, do Deus que em Jesus Cristo se fez gente para caminhar no meio de nós? Os bispos querem refletir nos próximos dias sobre os passos a serem dados nessa perspectiva, sobretudo com os jovens, que tem uma estrutura mental completamente diferente daquela que está presente na mente dos adultos e daqueles que querem encontrar o caminho a seguir como Igreja. Do mesmo modo que ao longo da história a Igreja foi encontrando o caminho para que o Evangelho se fizesse presente na vida do povo, hoje, em um tempo em que as mudanças acontecem muito rápido, o desafio continua presente e a Igreja é desafiada a continuar dando respostas, oferecendo perspectivas que façam com que as pessoas se aproximem de Deus. Fazer com que as pessoas se encantem com Deus, com que as pessoas voltem a se encantar com Deus, pode ser considerado um dos grandes desafios da evangelização no mundo atual. Um trabalho a ser realizado em comunhão, juntos, como Igreja sinodal, em saída, que não tem medo de ir ao encontro do povo, ao encontro dos jovens, ao encontro daqueles que pensam de modo diverso. É tempo de agir com coragem e ousadia, de não ter medo de novas propostas que ajudem a que as pessoas sintam o Evangelho como algo cada vez mais ligado à vida do povo. Não é fácil, mas vale a pena o esforço para encontrar juntos o caminho a seguir como Igreja e que ela possa fazer com que o povo se interesse pela boa notícia do Evangelho, por aquilo que tanto bem tem feito ao longo da história a tantas pessoas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Zenildo Lima: “Quem realiza, quem atualiza a vida eclesial é o laicato”

Na renovação da Igreja e nas propostas de evangelização, tema principal da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida (SP), tem um papel fundamental o laicato, o que desafia à Igreja do Brasil a responder a esse apelo. Segundo o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, Dom Zenildo Lima, “é interessante perceber que embora nós estejamos em uma assembleia da Conferência Episcopal, para refletir a vida da Igreja, a sua atuação pastoral, mas é muito importante perceber quem realiza, quem atualiza a vida eclesial é o laicato”. O bispo insistiu em que “a nossa Igreja no Brasil, ela tem como sujeito as nossas comunidades eclesiais missionárias, e nas comunidades eclesiais missionárias são os cristãos leigos e leigas que fazem acontecer toda essa demanda de ação pastoral evangelizadora, tornando o Reino de Deus presente”. Segundo dom Zenildo Lima, “é bom que se diga que dentro dessa especificidade do laicato, nós damos um destaque fundamental para o papel das mulheres”. “Hoje mais do que nunca, com esse caminho de sinodalidade que a gente vai aprofundando, o laicato alcança cada vez mais uma importância, não somente na execução da ação evangelizadora, mas também na reflexão e em pautar as prioridades pastorais nas igrejas locais”, ressaltou o bispo auxiliar de Manaus. Diante de sua primeira participação na Assembleia Geral da CNBB como bispo, ele já participou como secretário executivo do Regional Norte1, ele disse que “é sempre uma experiência de expectativa inicialmente, de você participar desse colegiado que é a nossa Conferência Episcopal e desse colegiado de comunhão”, afirmando que “esta primeira assembleia como bispo nos coloca de um modo diferente, nos coloca em uma participação mais responsável no que diz respeito ao discernimento, às decisões, e não somente ao serviço, como é próprio do trabalho dos secretários executivos”. Dom Zenildo Lima, destacou que “sempre a expectativa que cada vez que a Assembleia se reúne a expressão da comunhão da Igreja do Brasil vem a tona, e a nossa responsabilidade na assembleia, mas também como bispos, dizemos sempre, são esses testemunhos que a Igreja do Brasil é uma Igreja de comunhão”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1