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Dom Leonardo: “No grito de Jesus que ainda ressoa em nós, ressoam também os abandonos dos abandonados”

No Domingo de Ramos, o cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia dizendo que “com a benção dos ramos e a procissão ingressamos com Jesus no mistério da doação, do sofrimento, da cruz e da ressurreição. Acompanhamos a Jesus montado num jumentinho ingressando na cidade de Jerusalém aclamado pelos discípulos e pelo povo, como o enviado de Deus”. Segundo o arcebispo de Manaus, “somos hoje recebidos no mistério da fé: Deus que em Jesus nos amou até a morte e morte de cruz e nos ofereceu a vida nova”. “Jesus sobe para o lugar do sacrifício, da entrega, aclamado pelo povo e os discípulos com aclamações, mantos, ramos, júbilo, festa, alegria”, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, recordando o texto evangélico: “Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor! … Bendito o reino de nosso pai Davi” (Mc 11,910). Segundo o cardeal, seguindo o comentário de Fernandes e Fassini, “ao seguirmos a Jesus que entra na cidade da dor, da morte e da vida, somos despertados para a Humildade que ingressa levado por um jumentinho, trazendo a paz. Na humildade e na paz, para a humildade e para a paz. Vem montado num jumentinho, símbolo do homem que se submete carregando os fardos de seu senhor. O filho de Davi, o Prometido, o Messias que, pelo seu silêncio doido e sofrido, carregará os fardos e pecados de toda a humanidade. A paixão e morte na cruz que desfaz o ódio, a violência, a soberba, a guerra fratricida; a morte que supera as vinganças, soberbas, a ganância, a religião de si mesmo”. “Na leitura da Paixão acompanhamos silenciosamente todo itinerário do sofrimento e da morte. E o silêncio da narrativa deu-nos a dimensão da entrega, da dor, da redenção, do amor gratuito e livre, sem medida”, disse o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “nos comove e toca na proclamação da Paixão do Senhor as palavras do evangelista: ‘Pelas três horas da tarde, Jesus gritou com voz forte: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?‘” (Mc 14,34). Dom Leonardo refletiu sobre as palavras de Jesus “Porque me abandonaste?”, afirmando que “sente-se abandono por todos e por tudo”, e fazendo vários interrogantes: “Onde estão os discípulos, onde as multidões saciadas de pão, onde os cegos agora com olhos, onde os surdos agora ouvintes, onde os leprosos purificados e reinseridos? Onde os pássaros do céu, os lírios do campo… Onde o Pai?”. Ele respondeu que “Ele está só. Sente-se abandonado pelo Pai. Tudo perdeu. Ele na cruz com todas as cruzes! Desalentado, só, suspenso entre a terra e o céu; quase desesperançado! Sem terra e sem céu!”. Diante disso perguntou de novo: “Pode haver angústia maior, pode haver dor maior que a solidão, o abandono?”, respondendo que “não espinhos, os cravos, a cruz, mas o abandono. O Grito de Jesus quase nos tira o folego, quase nos retira o respiro. Ele é sua Paixão. É um grito que interroga, que busca, todo-ouvido!”. Dom Leonardo citou as palavras do místico Harada sobre o abandono de Jesus: “Tudo isso, esse total abandono e fracasso, na visão da Fé, nos mostra totalmente outra paisagem: tudo de repente se vira pelo avesso: o extremo abandono é, na realidade, plenitude de amor: a profunda solidão se converte em unidade total. No momento em que parece mais desamparado, está mais do que nunca identificado com o querer divino, transparente ao Pai. Nessa fraqueza sem fim, Jesus se acha, sem reserva, ‘entregue’ ao Poder do Pai, totalmente aberto ao ato criador da Ressurreição”. “E no grito de Jesus que ainda ressoa em nós, ressoam também os abandonos dos abandonados”, denunciou o cardeal, explicitando em exemplos concretos: “Quantos abandonados pelo Estado, quantos abandonados pelas guerras, as crianças vageando pela solidão da violência”. Segundo ele, “no grito de Jesus ressoa o silêncio dos abandonados suspensos entre o céu e a terra, pois cortados das relações familiares, com o estomago vazio, com o vazio de um horizonte que se desfez, de um céu que foi coberto e a terra devastada. Sim, irmãos e irmãos no grito de Jesus, está o silêncio dos gritos que sem som; foi se extinguiu na brutalidade de uma guerra. Quanta solidão nas vidas suspensas que apenas ainda sentem o odor da morte. E nelas irmãs e irmãos está presente Deus, pois Jesus nos ensina: ‘Em tuas mãos eu entrego o mesmo espírito!’” O arcebispo de Manaus ressaltou, de novo seguindo o comentário de Fernandes e Fassini, que “a cruz que nos mostra a comunhão entre o abandonado e o seu Deus. Assim a cruz torna-se elo. Revela unidade. É o ponto de salto da nova criação, do novo Céu e da nova Terra. É o vir à luz da unidade primordial entre o Divino e o Humano. A cruz é a fenda, onde tudo se entrecruza e tudo se ilumina. Percussão que percute em todas as coisas, em todas as criaturas mostrando que tudo é Um no amor do Pai e do Filho. Assim, a haste vertical, nascida da terra, sobe até o céu e penetra o íntimo de Deus. A haste horizontal, cruzada e sustentada pela vertical, percorre toda a terra e invade os horizontes de toda a humanidade, de toda a história e de todo o universo, levando a todos e a tudo a salvadora jovialidade do novo Adão.  E depois do grito expirou, entregou o espírito. O grito em forma de pergunta meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? revela, na dor do amor, a vida íntima de Deus em Deus: a relação entre Pai e Filho no Espírito Santo, o Sopro Santo do Amor!”. “Quem grita, suplica, clama é aquele que se sente abandonado. Um clamor que é mais uma súplica, uma intimidade com o Deus que o abandona, a quem ele chama de “meu Deus”. Jesus o abandonado: o grito, nascido das entranhas, das profundezas do coração é um grito de intimidade de confiança; é a revelação da intimidade com o Pai: meu. Não são meras…
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CPT Amazonas realiza 26ª Assembleia e elege nova coordenação

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Amazonas e da Arquidiocese de Manaus reuniu-se na Maromba de Manaus de 21 a 23 de março de 2024 para realizar sua 26ª Assembleia eletiva. Depois de 10 anos sem realização de assembleia, a Ir. Agostinha Souza destaca que tem sido muito rica, insistindo em que “a Assembleia é um momento formativo, com muita partilha da realidade das comunidades trazida pelos agentes”. A Assembleia iniciou com um vídeo de dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, presidente da CPT Nacional, para posteriormente estabelecer um diálogo entre os agentes da Comissão Pastoral da Terra e o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Os participantes da Assembleia escutaram o Relatório do período 2019-2023, sendo dado a conhecer o trabalho realizado na Prelazia de Lábrea. Na plenária foram abordados os desafios no contexto local, sendo trabalhado a organização e estrutura da CPT, tendo um tempo para realizar a análise de conjuntura, com a assessoria de Tiago Mayka, professor da Universidade Federal do Amazonas e assessor da CPT. Segundo a Ir. Agostinha Souza, “muitas coisas foram feitas, foram realizadas, estão tendo um resultado bom”, o que segundo a religiosa é motivo de grande alegria, destacando o trabalho realizado permitiu que muitas pessoas permanecessem em suas terras. Os participantes da assembleia refletiram sobre o perfil das ações, o método de trabalho e as prioridades da CPT no Amazonas nos próximos três anos. Na assembleia foi realizada a eleição da nova equipe que irá coordenar a CPT Amazonas por três anos conforme o regulamente interno, sendo confiado esse serviço a José Jorge Amazonas Barros, Ana Virgínia Monteiro dos Santos e Luís Xavier Martins. Também foi eleito o Conselho Regional, sendo insistido na importância da comunicação entre as equipes locais e a coordenação regional. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encerrado Mutirão Final da 6ª Semana Social Brasileira: articulação, formação e incidência política em vista do Brasil que queremos

O Mutirão Nacional de encerramento da 6ª Semana Social Brasileira realizado em Brasília de 20 a 22 de março de 2024 tem sido um passo importante para concretizar esse Brasil que queremos, um caminho iniciado em 2020, e que foi recolhendo em todo o país aquilo que pode conduzir o Brasil nessa direção. 150 participantes, bispos, presbíteros, religiosos e religiosas, leigos e leigas, que empenham sua vida nas dezenas de pastorais sociais que fazem parte da vida da Igreja católica no Brasil, mas também representantes de diversos movimentos sociais e populares, tendo como base o Teto, Terra e Trabalho, em que o Papa Francisco tem insistido ao longo do seu pontificado. São instrumentos de profecia, ainda mais diante de tantas pedras, muitas vezes virtuais, com que hoje os profetas são agredidos, segundo afirmou Dom João Bergamasco, bispo de Primavera do Leste-Paranatinga (MT), na Eucaristia com que iniciaram os trabalhos no último dia do Mutirão. Em grupos, cada um deles centrado num âmbito diferente: terra, teto, trabalho, soberania, economia e democracia, tem se avançado em busca das ações de articulação, formação e incidência política a nível nacional que respondem às necessidades do Brasil que queremos, mostrando caminhos para executá-las. Ao mesmo tempo, na busca de estruturas e parcerias necessárias e possíveis para a execução das ações desse projeto popular, buscando o que pode ser feito de fato nesse caminho em direção ao Brasil que queremos. Uma das grandes questões é colocar o povo no orçamento e os ricos nos impostos. O que se pretende é pensar o Brasil que queremos a partir do povo brasileiro, incidir na práxis, no trabalho em rede, que acolhe a diversidade, que elabora em conjunto temas comuns, que constrói relações, vínculos, que conecta as partes com o todo, que avança em articulação interna como Igreja e coloca em movimento aquilo a ser construído. Para isso se faz preciso incidir em valores como a cooperação, a solidariedade, a disputa pela comunidade frente ao individualismo. Uma comunidade que precisa ter espaço para a Juventude, para as mulheres, cansados de invisibilidade, de ignorância de suas falas e de muitos aspectos que cansam a quem é colocado em segundo plano. São elementos que provocam e que demandam olhar para as relações humanas, dado que a humanidade está muito machucada pelo sistema e o cuidado é fundamental nesse processo, em busca de encantar pessoas que queiram enfrentar o atual sistema e humanizar a vida. Um caminho revigorante à luz de uma experiência inspiradora. Um percurso desde o Brasil que temos ao Brasil que queremos, que se fundamenta em alguns princípios: poder popular; projeto anticolonial; fé e luta política em movimento; cuidado recíproco. Também em algumas prioridades: democracia participativa; democratizar a comunicação; reforma tributária; controle popular do orçamento público; luta contra a precarização do trabalho, economia solidaria; interiorizar os direitos e políticas públicas; luta contra a concentração da terra e dos bens comuns; moradia como direito e conselhos para garanti-la; sistema universal de proteção social; prioridades que estão em diálogo. Para garantir essas prioridades se fazem necessários processos permanentes: plano de formação orgânica; diálogo permanente com os movimentos populares; conselhos participativos; campanhas da fraternidade; incidência política compartilhada. Prioridades que conduzam a um projeto popular que tem que ser multiplicado em vista da incidência. A 6ª Semana Social Brasileira mostrou seu apoio à Campanha da Fraternidade, “uma das maiores e mais antigas ações de pastoral de conjunto na Igreja”, denunciando como graves e absurdos os ataques que ela sofre, “feitos por pessoas e grupos que demonstram falta de respeito e comunhão eclesial”, e mostrando sua solidariedade a Dom Paulo Jackson, arcebispo de Olinda e Recife e 2º vice-presidente da CNBB que sofreu ataques difamatórios por causa da Campanha da Fraternidade, e ao Padre Júlio Lancellotti, “expressão emblemática da presença da Igreja junto aos pobres e marginalizados”. Segundo recolhe a Mensagem Final, a 6ª SSB tem insistido em reafirmar “a participação popular ativa e a democratização do Estado”, vinculadas à força dos movimentos e organizações populares, propondo a resistência “ao modelo imposto pelo capital e construindo um projeto popular para o Brasil que queremos e o bem viver dos povos”. Para isso, o desafio “fortalecer e incidir para criação de mecanismos e participação popular”, em vista das eleições e do Brasil acolher em 2024 e 2025 a reunião do G20 e a COP30. Tudo isso “para desenvolver o projeto popular para o Brasil, fruto da escuta e participação no processo da 6ª Semana Social Brasileira”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

6ª Semana Social Brasileira: Passar do Brasil que temos ao Brasil que queremos

O Mutirão Final da 6ª Semana Social Brasileira, que está sendo realizado em Brasília de 20 a 22 de março de 2024, com a participação de 150 representantes de todo Brasil, pretende ser um espaço que ajude a definir “o Brasil que queremos”. Para isso se faz necessário conhecer o Brasil que temos, um exercício realizado ao longo dos últimos quatro anos, que tem sido apresentado como elemento decisivo que ajuda na construção coletiva. O Mutirão Final recolhe o trabalho de “uma presença muito bonita da Igreja junto às periferias geográficas e existências que pedem nossa presença como Igreja”, segundo Dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo de Goiânia (GO) e vice-presidente primeiro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Cuidar da terra, teto e trabalho, seguindo o pedido do Papa Francisco, é “um cuidado pastoral da Igreja, por todos os seus membros, pelas pessoas que buscam os seus direitos”. O arcebispo enfatizou que “nós acreditamos que este grande trabalho da Semana Social Brasileira traz para nós ainda com mais clareza os caminhos que nós precisamos percorrer em nossas dioceses, em nossos regionais, para que como cristãos possamos dar a nossa parcela de contribuição para a construção de um Brasil em que a vida é respeitada em todos os níveis, em todos os sentidos”. Os eixos que marcaram a sistematização das propostas de incidência e ações foram a Terra/Território, Teto/Moradia e Trabalho. Com relação ao primeiro item, foi lembrada a histórica concentração fundiária e a monocultura extensiva, o agronegócio no Brasil, um país que segue apresentando um dos maiores índices de desigualdade, que faz aumentar o desmatamento, o uso de agrotóxicos, a exploração dos recursos hídricos. Diante disso, a Reforma Agrária poderia ser um fundamental programa para a superação da fome e das desigualdades. Isso porque os grandes latifúndios continuam sendo beneficiados, aumenta a violência no campo, os grandes projetos hidroelétricos e eólicos, a violência contra as mulheres, submissão aos interesses do capital internacional, mineração, garimpo ilegal. Para superar essa realidade, foram colocadas algumas propostas, dentre elas a formação sobre Direitos Humanos e incidência política, saber reconhecer os conflitos, reconhecimento das comunidades tradicionais, construir estratégias de proteção das comunidades, visibilizar as narrativas frente ao projeto desenvolvimentista, mesas de diálogo, lutar contra os agrotóxicos, os transgênicos e o latifúndio, defender a agroecologia e a agricultura familiar, educação contextualizada, incentivo da luta por direitos dos povos do campo, das águas e das florestas, dos territórios. A Invasão dos territórios tradicionais continua presente na realidade brasileira, explorando os recursos naturais, se perdem empregos, se dão remoções forçadas, faltam consultas livres e informadas. Diante disso, a proposta é um modelo de transição energética popular, apoiar aqueles que lutam frente aos crimes ambientais ou projetos de convivência com os biomas. Com relação ao Teto e Moradia, o Brasil é um país que concentra a população em determinadas regiões, onde as periferias são abandonadas, a população remoçada, com moradias precárias em áreas de risco, população de rua, sem políticas públicas e sem medidas de moradia pelo poder público, com contratos de aluguel abusivos, falta de saneamento básico e tratamento de lixo. Isso demanda articular políticas públicas voltadas para a população de rua, lutar pela aplicação efetiva e eficaz do Estatuto das Cidades, um Programa de financiamento específico para moradias populares. No âmbito do trabalho, foi denunciado a pressão sobre os trabalhadores; a desvalorização e precarização do trabalho, com altos índices de desemprego, especialmente entre os jovens, as mulheres e a população negra; o ataque brutal aos direitos e aos sistemas de proteção social; desigualdades salariais e de condições laborais com relação às mulheres; desemprego, perdas de direitos, baixos salários e fome; precarização do trabalho; informalidade; uberização. Para superar essas situações se faz necessário fomentar políticas nos vários âmbitos; formação sobre os direitos trabalhistas e empreendimentos coletivos, populares e solidários; promoção de cursos profissionalizantes; revogar as reformas trabalhista e previdenciária; fomentar a Economia Popular Solidária; promover o cooperativismo; incentivar a contratação dos egressos do sistema prisional pelos órgãos públicos; denunciar situações de trabalho escravo e infantil. Essas propostas foram refletidas e acrescentadas na discussão em grupos, aprofundando assim numa reflexão que ajude a fazer realidade “o Brasil que a gente quer”. Essa reflexão ajuda a encontrar os desafios com relação a teto, terra e trabalho, que tem a ver com a formação, a articulação, a tecnologia, a exploração, a falta de compromisso e preocupação pelo bem comum, dentre outros elementos. Um projeto popular não exclui ninguém, permite valorizar todos os seus elementos, é capaz de se adaptar às circunstâncias, segundo o padre Dário Bossi. O desafio é encontrar a estrutura fundante que nos permita ajudar a sustentar algo coletivo, destacou o assessor da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da CNBB. Um projeto em vista do bem comum, que contempla a sabedoria dos pequeninos, onde o Espírito habita, onde há a participação de todos, onde os pobres são sujeitos de uma revolução. Nesse projeto é importante o diagnóstico de sociedade, que no caso da sociedade brasileira está marcado pela concentração e a hierarquia, que tem como manifestações o extrativismo predatório, a colonialidade, o racismo e o patriarcado. É importante construir o projeto desde os verdadeiros protagonistas; a partir dos territórios, mediante ações multiescalares; a través de um diálogo entre Igreja, pastorais sociais e movimentos populares; um projeto que acredita na democracia participativa e multilateralismo a partir de baixo; um projeto que nasce da escuta e promove a formação permanente e em controle social; um projeto que seja expressão de uma Igreja samaritana, concluiu o padre Bossi. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir ao encontro das necessidades dos descartados é uma necessidade para quem diz ter fé

Acreditamos num Deus encarnado, que se faz gente, que faz opção preferencial pelos pobres, por aqueles que a sociedade descarta, por aqueles que não contam. Diante duma sociedade que nega os direitos fundamentais a boa parte da população, temos que nos questionar o que estamos dispostos fazer, também como homens e mulheres de fé. Lutar por direitos, lutar por terra, teto e trabalho, um chamado do Papa Francisco, assumido pela 6ª Semana Social Brasileira, que está realizando de 20 a 22 de março em Brasília seu Mutirão Nacional, tem que ser uma preocupação, uma situação diante da qual não podemos virar a cara, não podemos olhar para o outro lado. Na medida em que o compromisso é comum, os frutos são mais abundantes. Diante do empenho de se fechar dentro dos templos, de ignorar os problemas que fazem parte da vida do povo, a Igreja nos oferece instrumentos que nos ajudam a tomarmos consciência de nos encarnarmos na realidade. A Campanha da Fraternidade é um claro exemplo, procurando ano após ano fazer realidade uma Igreja em saída, que vai ao encontro de problemáticas que precisam ser refletidas, enfrentadas, combatidas, superadas. Quem se posiciona contra essas tentativas deve refletir sobre sua fé no Deus encarnado, que não podemos esquecer é fundamento do Deus cristão. Um Deus que em Jesus Cristo se faz companheiro de caminho e que nos desafia a acompanhar a caminhada daqueles que mais sofrem, daqueles que são privados dos direitos fundamentais, uma atitude sempre presente na vida de Jesus, aqueles de quem nos dizemos discípulos e discípulas. Somos chamados, segundo o Papa Francisco disse aos participantes do Encontro Nacional da 6ª Semana Social Brasileira, a um compromisso que nos leve a “derrubar os muros do descarte e da indiferença, acompanhando os mais pobres e carentes dos direitos básicos em sua luta por terra, moradia e trabalho”. Um argumento mais do que válido para ir além daquilo que acontece dentro do templo, para não ficarmos numa Igreja de sacristia. O cristianismo se concretiza quando nos comprometemos em vista de uma nova economia, quando fomentamos os valores democráticos que permitam fazer realidade uma sociedade onde todos e todas têm voz e vez, onde as decisões são tomadas com a verdadeira participação popular”. Sejamos gente que em seu compromisso vai ao encontro dos outros, pessoas que não ficam indiferentes, que abrem os olhos para enxergar Jesus naqueles que são vítimas das injustiças sociais. Um compromisso a ser assumido por todos aqueles que se dizem gente, ainda mais por quem diz ter fé no Deus que em Jesus Cristo se faz carne. Nisso também temos que nos converter, pessoalmente e como Igreja, e a Quaresma é uma boa oportunidade para avançar nesse caminho de conversão. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Mutirão Nacional da 6ª SSB: Compromisso “que acabe com o descarte das pessoas”

150 representantes dos regionais, pastorais, movimentos sociais, estão reunidos em Brasília de 20 a 22 de março de 2024 para o Encontro Nacional da 6ª Semana Social Brasileira, um momento para “continuarmos este mutirão pela vida, por terra, teto e trabalho”, segundo Dom Valdeci Santos Mendes, presidente da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por “democracia, soberania e economia”. Um Mutirão que recolhe os frutos dos mais de 200 mutirões no Brasil todo, construindo a partir das experiencias com tantos irmãos e irmãs. “Grande mutirão que nos fortalece em vista do Brasil que queremos e o bem viver dos povos”, segundo o bispo de Brejo, que ressaltou que “os povos nos ensinam o caminho do bem viver”, chamando a um compromisso com a vida humana, a criação, a inclusão, “que acabe com o  descarte das pessoas”, a quem “precisamos dar-lhes uma resposta”, a impulsionar a  solidariedade de caridade política, em palavras de Dom Pedro Casaldáliga, que promove a política que transforma e inclui, que promove a vida e a justiça, uma caridade que transforma a realidade e nos compromete com os empobrecidos, fortalecermos a vida dos povos, insistiu o bispo. Diante de tantas realidades presentes no Brasil, disse que “precisamos promover a vida e a vida com dignidade”. Um trabalho das pastorais sociais da Igreja católica reconhecido pelo governo brasileiro, segundo disse Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, que disse ter participado de diversas pastorais e movimentos na Igreja. Ele denunciou que um dos maiores produtores de alimentos do mundo, não tem como justificar a fome e pobreza. Diante disso fez um chamado a de mãos dadas ajudar a tirar o Brasil do Mapa da Fome, a realizar um caminho para trabalhar juntos, a dar a mão às pessoas para poder sair da pobreza. No encontro se faz presente o padre Avelino Chico SJ, representante do Dicastério do Desenvolvimento Humano e Integral do Vaticano, que trouxe a saudação do Dicastério presidido pelo Cardeal Czerny e fez a leitura de uma carta enviada pelo Papa Francisco, que reconhece a Semana Social Brasileira como um “caminho para uma ‘Igreja em Saída’, comprometida em derrubar os muros do descarte e da indiferença, acompanhando os mais pobres e carentes dos direitos básicos em sua luta por terra, moradia e trabalho”, destacando a importância de uma nova economia e de “ver naqueles que são forçados a viver na miséria pelas injustiças sociais o rosto de Jesus que nos instiga a não permanecermos indiferentes”. Desde o início a 6ª Semana Social Brasileira insistiu no foco e na metodologia como elementos em que não podia errar, segundo frei Olavo Dotto, chamando a fazer memória do caminho percorrido e realizar um diagnóstico que permita construir juntos, sonhar o Brasil que nós queremos. O assessor da Comissão Episcopal para Ação Sociotransformadora da CNBB insistiu em ver a Semana Social não como eventos e sim como processo, um caminho que deve nos ajudar a fortalecer a ação das pastorais sociais e os diversos organismos em vista de transformar as estruturas da sociedade. José Ricardo, representante do MST afirmou que “é tempo de combater fome com pão, violência com afeto, exploração com revolução”. Daí a importância do Mutirão e de tudo o que ele representa, um chamado a participar da ação, pisar no barro e sentir com o povo, uma expressão da nossa solidariedade, um semear os princípios da nossa humanidade. Ele relatou diversos elementos e situações que não cabem no Brasil que queremos, insistindo em que todos somos sujeitos de direitos. O Secretário Nacional da Economia Popular Solidária, do Ministério do Trabalho, Gilberto Carvalho destacou a importância do trabalho realizado pelas pastorais sociais dentro do atual momento que o Brasil vive, um país onde grande parte da militância popular surgiu da Igreja católica, carregando um método que trouxe uma riqueza imensa. A articulação dessas pastorais sociais tem sido de grande importância diante das dificuldades, especialmente no tempo da pandemia da COVID-19, destacou Cátia Cardoso, assessora da Cáritas Brasileira no Regional Nordeste 3 da CNBB. Diante disso, a 6ª Semana Social Brasileira quer ser uma mobilização estrutural, destacou sua secretária executiva, Alessandra Miranda, que num país historicamente marcado pela escravidão, a discriminação e desigualdade, disse ter descoberto resistência popular nos mutirões realizados neste processo. Para dar passos se faz necessário analisar a realidade, buscando encontrar um retrato que leve em conta acontecimentos, cenários e relações das forças políticas e das estruturas. Desde diferentes perspectivas José Antônio Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconômico e da plataforma dos movimentos sociais pela reforma do sistema político, Rud Rafael, coordenação nacional do MTST e integrante da Frente Povo Sem Medo, e Sandra Quintela, da coordenação da rede Jubileu Sul, foram elencando alguns elementos presentes na sociedade brasileira e global, como o avance da extrema direita, o aumento das guerras, a xenofobia, a concentração da riqueza. Sinais de uma democracia insuficiente, que mostra a necessidade de lutar pela democracia que é promovida pelo Mutirão. Um Mutirão que segundo Dom Jaime Spengler deve nos levar a “encontrar indicações viáveis para que todos, todos, todos, como diz o Papa, possam ter acesso digno ao trabalho, ao necessário teto, para uma convivência sadia, e à terra que nos acolhe”. Diante dos desafios do tempo atual, o presidente da CNBB fez um chamado a “caminharmos sempre mais em comunhão, participando da realidade dos nossos povos e ao mesmo tempo abertos à missão evangelizadora, razão de ser da Igreja”. O Bem Viver dos Povos se concretiza na resistência do Povo de Deus, nascida de experiências concretas. Um Bem Viver presente nos povos originários, mas também na Bíblia, o que nos leva a nos questionarmos sobre o retrato de Bem Viver, desafiados a pensar a partir de nossos lugares e de nossa experiência de fé, segundo o teólogo Hudson Rodrigues. Resistências que se concretizam na ação com mulheres em busca da reparação das dívidas sociais, que acontece em Manaus (AM), segundo relatou a educadora popular Marcela…
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Mensagem de Francisco à 6ªSSB: Desde 1991, caminho para uma “Igreja em Saída”

Com o coração repleto de esperança, o Papa Francisco dirigiu-se aos 150 participantes da Encontro Nacional da 6ª Semana Social Brasileira que acontece em Brasília de 20 q 22 de março de 2024, numa mensagem em que mostra sua proximidade e suas orações pelo bom andamento do encontro. Francisco reconhece na Semana Social Brasileira, desde sua primeira edição em 1991, um “caminho para uma ‘Igreja em Saída’, comprometida em derrubar os muros do descarte e da indiferença, acompanhando os mais pobres e carentes dos direitos básicos em sua luta por terra, moradia e trabalho”. A mensagem pontifícia destaca igualmente na Semana Social Brasileira o fato de propor “uma nova economia, mais solidária, e a revitalização dos valores democráticos que auxiliam a construir uma sociedade onde haja verdadeira participação popular nos processos decisórios da Nação”, agradecendo o empenho e promoção da “Economia de Clara e Francisco”. Igualmente, Francisco agradece a escolha do tema, que retoma o chamado que ele dirigiu aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares em 2014: Terra, Teto e Trabalho. Com relação ao “Mutirão pela vida’, ligado à 6ª Semana Social Brasileira, o Santo Padre espera que “produza abundantes frutos em favor de uma sociedade mais justa, na qual, como reza a Campanha da Fraternidade deste ano, se vivam a fraternidade universal e a amizade social”. Finalmente, o Papa faz um chamado a procurar “ver naqueles que são forçados a viver na miséria pelas injustiças sociais o rosto de Jesus que nos instiga a não permanecermos indiferentes”, e para isso pede a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, fazendo o apelo final, como é costume, a que “não se esqueçam de rezar por mim”.  Mensagem do Papa Francisco AOS PARTICIPANTES DA VI SEMANA SOCIAL BRASILEIRA Queridos irmãos e irmãs, Com o coração repleto de esperança, dirijo-me a todos os participantes na VI Semana Social Brasileira, promovida pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Evangelizadora da CNBB sob o tema “O Brasil que queremos, o Bem Viver dos Povos”. Quero assegurar-lhes minha proximidade e minhas orações pelo bom andamento do encontro e seus frutos. Desde sua primeira edição em 1991, a Semana Social Brasileira propôs-se como caminho para uma “Igreja em Saída”, comprometida em derrubar os muros do descarte e da indiferença, acompanhando os mais pobres e carentes dos direitos básicos em sua luta por terra, moradia e trabalho. Além disso, propõe uma nova economia, mais solidária, e a revitalização dos valores democráticos que auxiliam a construir uma sociedade onde haja verdadeira participação popular nos processos decisórios da Nação. Agradeço-lhes vivamente por este empenho e também pela promoção, juntamente com a juventude do Brasil, da “Economia de Clara e Francisco”. Estou-lhes igualmente grato por promover o chamado, que dirigi aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares em 2014, para se responder “a um anseio muito concreto, a algo que qualquer pai, qualquer mãe, deseja para os próprios filhos; um anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos, com tristeza, cada vez mais distante de ser realidade na vida da maioria das pessoas: terra, casa e trabalho” (Discurso, 28 de outubro de 2014). Assim espero que o “Mutirão pela vida’, organicamente vinculado à Semana Social Brasileira, produza abundantes frutos em favor de uma sociedade mais justa, na qual, como reza a Campanha da Fraternidade deste ano, se vivam a fraternidade universal e a amizade social. Neste sentido, procuremos ver naqueles que são forçados a viver na miséria pelas injustiças sociais o rosto de Jesus que nos instiga a não permanecermos indiferentes, pois, como Ele próprio disse: “todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a Mim que o fizestes!” (Mt 25, 40). Confiando estes votos e preces à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, a todos concedo de coração a minha benção, pedindo ainda que não se esqueçam de rezar por mim. Roma, São João de Latrão, 2 de março de 2024 Francisco Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mutirão final 6ª Semana Social Brasileira: “Uma transformação social e ambiental da realidade a partir da nossa fé”

A Igreja do Brasil se prepara para o Mutirão Nacional da 6ª Semana Social Brasileira, que será realizado em Brasília de 20 a 22 de março, com a presença de representantes de todos os cantos do Brasil. Ao longo de quatro anos, a partir de tema: “Mutirão pela Vida: Por Terra, Teto e Trabalho”, tem acontecido inúmeros encontros em vista de fazer realidade um mundo melhor para todos e todas. O Mutirão final pretende ser “um momento forte da nossa caminhada como Igreja e como povo de Deus”, segundo Dom José Valdeci Mendes Santos, para que “em vista do bem-viver dos povos, das comunidades tradicionais, traçarmos o projeto popular que sonhamos e queremos para o nosso Brasil”, destaca o presidente da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo o bispo da diocese de Brejo (MA), estamos diante de “um momento de fortalecimento da nossa caminhada como Igreja, nessa proposta de uma transformação de uma sociedade mais justa, mais fraterna”. No decorrer desse Mutirão, “a metodologia tem pensado um caminho em que se possa incluir todo o processo vivenciado nesses últimos anos”, ressalta Alessandra Miranda, secretária executiva da 6ª Semana Social Brasileira. Isso num encontro que “vai recolhendo um percurso bem longo, quase quatro anos, mas que nestes últimos messes tem dado uma acelerada grande”, segundo o padre Dário Bossi, assessor da Comissão para a Ação Sociotransformadora da CNBB, que afirma que “em todos os territórios trabalhamos e aprofundamos os temas de terra, teto e trabalho, preparando um projeto popular sobre o bem-viver dos povos’. O missionário comboniano ressalta a importância dos “diversos projetos de incidência política a partir da Igreja, preparados nos territórios, que vão se costurando como um mosaico que irá compor a imagem da Igreja comprometida”. Para avançar nesses processos, ele disse que esses três dias “serão um desfecho e um relance para pensar daqui para frente qual o papel para uma transformação social e ambiental da realidade a partir da nossa fé”. O Mutirão Nacional é uma oportunidade para “comemorar esse ciclo de trabalho coletivo”, segundo Sandra Quintela. A membro da Rede Jubileu Sul Brasil e da equipe executiva da 6ª Semana Social Brasileira relata as atividades realizadas ao longo dos últimos anos: cursos de formação e economia política, uma missão solidariedade com os povos quilombolas afetados pelo agronegócio no Maranhão, atividades de formação com as mulheres em sete capitais do Brasil, trabalhando o direito à moradia e cobrando as dívidas sociais que existem com as mulheres das periferias urbanas no Brasil, que estão à mingua nas ocupações. Diante das muitas atividades e processos, principalmente coletivos, Sandra Quintela lembra o lançamento de um plebiscito popular em busca de uma grande escola de formação e educação popular no Brasil, com o objetivo e metas comuns. Mais um passo num caminho de compromisso com as pessoas que “arregaçam as mangas no cotidiano da vida, tentando construir uma vida digna, um mutirão pela vida, para todas as pessoas neste país”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “A vida é para ser doada, ofertada, entregue”

No quinto domingo da Quaresma, o cardeal Leonardo Steiner iniciou sua homilia lembrando que estamos “a caminho de Jerusalém para podermos participar do Mistério da Salvação, o Mistério da Salvação que passa pela morte”, dizendo que igual do grão de trigo que morre e dá fruto, “nós ao morrermos podemos dar muito fruto”, o que mostra a resposta enigmática de Jesus diante da pergunta dos gregos que lhe procuram. Um desejo de ver Jesus, que segundo o arcebispo de Manaus, “não era curiosidade, não era um satisfazer um ouvi dizer”. Segundo ele, “ver tem a ver com estar, escutar, ser tocado, trata-se de um anseio de escuta, de aprendizado, de direção, um novo sentido de vida”, vendo na resposta de Jesus a Felipe e André, algo que “nos mostra como nós podemos ver Jesus”. Dom Leonardo destacou que “o encontro com Jesus acontece com a Palavra que deixa ver quem é o Filho do Homem, Ele Palavra nos ensina que a vida é para ser doada, ofertada, entregue, generosidade, disponibilidade”. O cardeal ressaltou que “nada de escondimento, de só para mim e nada para ti, esse processo existencial de quem percebe que a vela é vela na sua essência quando ilumina, quando se consome. Só no seu consumir é que ela ilumina e cria o momento da oração, da prece, do recolhimento, é no consumir-se que a vela é vela, senão ela é apenas um enfeite”. “A semente lançada na terra é plena de força e vigor, toda semente é vida a explodir, vida que deseja vir à luz, a vida da semente deseja desabrochar, frutificar, essa é a graça da semente, o sentido da semente, ela morre e gera vida, morre e se multiplica”, disse o cardeal, que destacou “quanto vigor e energia da vida em tantas sementes graças á generosidade”, e junto com isso, que “porque morreu também nós podemos nos alimentar com os frutos”. Segundo Dom Leonardo Steiner, “na semente vemos a vida que nasce da morte, e no morrer gerar vida”, ressaltando que “morrer, vida nova, o segredo da semente, é o que ela carrega, vida que deseja oportunamente vir à luz, deseja frutificar”. A semente nos ensina que “Deus nos gerou plenos de vida, temos o vigor, temos vida, e a vida conquistada no amor de Jesus, a possibilidade que temos de levar nossa vida à consumação, à plenificação”, destacou o cardeal. “Quem ama não tem poder, apenas serviço, cuidado generoso, quem ama perde poder, que doa não possui, é que no amor tudo é dar, quando somos semente”, destacou o cardeal. Ele refletiu sobre a lógica da semente que morre, dizendo que “o amor serviço é contrário à vida que nos impede de possuir e desejar sempre mais”. Ele denunciou que “às vezes vivemos numa dinâmica destruidora, onde vamos acumulando, dominando, possuindo, e permanecemos como uma vela de enfeite, uma decoração, desperdiçamos a graça do amor, de dar a vida, de iluminar, de maturar, de transformar, de plenificar, consumar a nossa vida e a vida dos outros”, dizendo que “entramos numa espécie de processo de insatisfação existencial, de doença psíquica, humanamente decaímos quando nos fechamos em nós mesmo e não desejamos servir”. Ele enfatizou que “quem cuida é disponível, serve, ama, vive e ama como Deus vive e ama”. Isso porque “servir, ajudar os outros, da sentido à vida, enche o coração de alegria e esperança”, afirmando que “Jesus trouxe ao mundo uma esperança nova, e o fez como a semente, fez-se pequeno como um grão de trigo”, insistindo em que “para produzir fruto, Jesus viveu o amor até o fim, deixando-se despedaçar pela morte como uma semente que se deixa romper debaixo da terra, na Cruz foi rompido e dali nasceu vida para todos nós”, que definiu como o ponto extremo de seu abaixamento, o ponto mais elevado do amor, de onde brotou a esperança, a vida nova. A esperança nasce da Cruz, disse Dom Leonardo Steiner, que vê a Quaresma como tempo de “contemplar a Cruz, fixar nossos olhos em Jesus Crucificado”. Uma esperança que brota pela força do amor do Crucificado, e que faz com que na Páscoa, Jesus transformou assumindo sobre si mesmo nosso pecado em perdão, segundo o cardeal. Uma esperança que “supera tudo, porque nasce do amor de Jesus, que se fez grão de trigo na terra e morreu para dar vida, aquela vida plena de amor de onde nos vem vida nova”, ressaltou. Na primeira leitura destacou “a força misericordiosa de Deus, o esforço misericordioso de Deus para abrir os olhos diante da cegueira do povo, tocar o povo que estava com um coração endurecido”, insistindo o profeta Jeremias na volta ao primeiro amor, que deseja levar o povo a ver quanto era amado por Deus. “Jesus nos atrai pela sua bondade, pela sua entrega de vida na Cruz”, que no morrer a todos nós atrai, segundo Dom Leonardo Steiner. Um amor de Deus que nos leva à conversão, definindo Deus como “o crucificado, o doado, o entregue, o amoroso, o mais humano dos humanos”. O cardeal disse que “nós caminhamos ao encontro do Crucificado nesses dias, deixemo-nos atrair por ele”. Na passagem da Carta aos Hebreus destacou que às portas da Semana Santa “somos despertados por uma vida que se consumou no amor para que fossemos salvos. Seria despertar para a doação, para o serviço, para o acolhimento, para a generosidade, para a equidade, para a fraternidade”, numa vida onde “a graça de viver é servir”, segundo o presidente do Regional Norte1 da CNBB. Da Campanha da Fraternidade destacou que nos recorda que “o amor está a guiar as palavras e as escutas e as nossas relações”, enfatizando que “a irmandade não nasce da dominação”, destacando a necessidade do diálogo, o serviço, a abertura, o acolhimento, a alegria de servir, a reverência no conviver”. Por isso, ele disse que “somos convidados a construir uma fraternidade, uma irmandade que transforme a vida na nossa sociedade, tornando-a mais saudável, mais convivial”. O cardeal denunciou a violência das…
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Inês Monteiro de Freitas, Coordenadora da Pastoral da Criança do Amazonas, assume Coordenação Nacional

Maria Inês Monteiro de Freitas, leiga amazonense, que era Coordenadora da Pastoral da Criança Estadual do Amazonas, aceitou o convite do novo Presidente do Conselho Diretor da Pastoral da Criança Dom Severino Clasen, arcebispo de Maringa (PR) para assumir a Coordenação Nacional. A nova Coordenadora Nacional foi a mais indicada pelas Coordenações Diocesanas e Estaduais. Inês iniciou sua missão na Pastoral da Criança em 2009, contribuindo na Coordenação Estadual do Amazonas. Ao longo da caminhada, ela diz ter ido aprofundando seu conhecimento através das formações e vivência da missão, se tornou capacitadora e depois Coordenadora de Núcleo.  Em 2016 foi nomeada Coordenadora Estadual Interina e no ano seguinte foi ratificada com Coordenadora Estadual do Amazonas. Sua escolha foi realizada na reunião realizada na quarta-feira, 13 de março na sede da Pastoral da Criança, em Curitiba (PR), em que foram empossados os membros do novo conselho e foi confirmado o nome de Maria Inês Monteiro para coordenadora nacional da Pastoral. Junto com ela assumiram a diácono Márcio, que será o tesoureiro, Milton Dantas, novo secretário, além de Dom Severino Clasen, Diretor do Conselho Diretor. O novo conselho diretor e Coordenadora Nacional vai ter uma gestão de quatro anos. Um tempo em que, animados e esperançosos, pretendem continuar a missão da Pastoral  da Criança junto as coordenações e lideranças, para que possam realizar suas ações com compromisso e leveza e assim contribuir para que as crianças se desenvolvam  e tenham vida plena. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1