Padre Lúcio Nicoletto envia saudação à Prelazia de São Félix pedindo a luz do Senhor em sua nova missão
O padre Lúcio Nicoletto, bispo eleito da prelazia de São Félix do Araguaia, enviou nesta quinta-feira 14 de março, no mesmo dia que ele fez seu juramento e profissão de fé, uma saudação ao povo de sua nova Igreja local. Após se apresentar, o texto destaca a importância da diocese de Pádua (Itália), em sua vida e tudo o que nela aprendeu, sobretudo o fato de ter sido enviado em missão ao Brasil, “um furacão que me mudou profundamente a partir do caminho da lógica da encarnação”, insistindo em que “o amor passa necessariamente pela porta da encarnação”. O bispo eleito diz viver sua nomeação como um kairós, caminhar na Prelazia de São Félix do Araguaia, que “carrega em si a marca profunda da voz do querido irmão dom Pedro”, que “deixou um legado de compromisso radical com a vida dos últimos, juntamente com o ideal do Concilio Vaticano II, de uma Igreja, sinal do Reino, pobre para os pobres, uma Igreja inteiramente ministerial e completamente comprometida com a missão de ser aliada dos que não têm voz, de ser reflexo do nosso Deus, Pai e Mãe amoroso e compassivo, que enxuga as lagrimas do rosto dos oprimidos e injustiçados derramando sobre cada um o óleo da consolação e o vinho da esperança”. Se sentindo aprendiz, e recordando os bispos que passaram nessa Igreja local, envia uma saudação a todos aqueles e aquelas que realizam sua missão em São Félix, se confiando às orações de todos, destacando a importância dos povos originários, e estendendo sua saudação a todos aqueles que chegaram na região. Para todos ele pede “que o Senhor da Vida nos ilumine e nos acompanhe nessa nova missão”. Texto da saudação Saudação ao povo que está na Prelazia de São Felix do Araguaia – MT quinta-feira dia 14 de março de 2024 Caríssimo e amado povo de Deus da querida Prelazia de São Felix do Araguaia; querido irmão e bispo Adriano: paz! Dirijo-me a vocês, após ter recebido a nomeação do querido Papa Francisco para começar a missão de caminhar como bispo com vocês e com Cristo Jesus que já amais sem o terdes visto; credes nele, sem o verdes ainda, e isto é para vós a fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque vós estais certos de obter, como preço de vossa fé, a salvação de vossas vidas. (1Pd 1, 3-9). Apresento-me a vocês com a gratidão e a alegria de um filho que reconhece todo o amor com que a Igreja de Pádua (Itália), minha Mãe, me acolheu desde o dia do meu batismo e me acompanhou durante toda a minha vida. Foi Ela que suscitou inúmeras pessoas que foram importantes para que eu bem conhecesse Jesus Cristo e para que aprendesse a me deixar amar por Ele. Foi a Igreja que me levou a descobrir a beleza do plano de amor de Deus para toda a humanidade. Esta mesma Igreja ajudou-me a acolher a Palavra de Cristo e a me deixar moldar por Ela. Ensinou-me a reconhecer Cristo presente e atuante na vida e no testemunho de tantos homens e mulheres que ofereceram a sua existência para testemunhar com a vida os valores do Reino. Ensinou-me que não há anúncio sem o testemunho daquele amor/caridade pela qual Cristo se entregou totalmente, especialmente pelos mais pobres e os últimos, tornando-se ele mesmo pobre e último. A graça da missão chegou à minha vida como um vento forte, um furacão que me mudou profundamente a partir do caminho da lógica da encarnação. E foi no encontro com a Amazônia, no caminho junto ao amado povo da Igreja de Roraima que aprendi que “A Igreja se faz carne e arma sua tenda na Amazônia”. Este armar a tenda manifestou-se como um irrenunciável anúncio central da boa nova: anunciar aos povos o Evangelho de Jesus Cristo e de seu Reino como fonte de sentido e de libertação. (cf. Documento dos 50 anos de Santarém) Quando cheguei ao Brasil, em 2005, sabia que estava levando comigo a pérola preciosa do Evangelho que a própria igreja de Pádua me confiou ao enviar-me para a missão para que eu pudesse anunciá-lo. Mas a comunhão com todos os meus irmãos e irmãs na missão e com as comunidades com as quais o Espírito me convidou a caminhar – por onze anos na diocese de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense e por oito anos aqui em Roraima – ajudou-me a sentir a missão segundo o jeito de Cristo que se esvaziou completamente, tornando-se obediente até a morte e a morte de cruz. O amor passa necessariamente pela porta da encarnação. Agradeço ao Papa Francisco que, em nome da Igreja me oferece a oportunidade de viver este Kairos na minha vida, este tempo propício para me deixar visitar pelo sopro do Espírito e me deixar moldar por Ele. Por isso considero a missão como a dimensão da fé que salvou a minha vida da indiferença insossa e manteve vivo em mim o compromisso de ser como sentinela que espera, em pé, por novos céus e uma nova terra. É com estes sentimentos que acolho o convite do Santo Padre, o Papa Francisco para esta nova missão que me levará a caminhar com vocês, amadas e amados de Deus, nessa realidade da nossa querida Amazônia, onde o grito dos oprimidos continua a não ser ouvido pelos poderosos deste mundo, mas é ouvido pelo coração de Deus. Percebo que a realidade da Prelazia de São Félix do Araguaia carrega em si a marca profunda da voz do querido irmão dom Pedro, o primeiro bispo desta terra que por mais de trinta anos fez ecoar com palavras e com gestos, oportuna e inoportunamente, a palavra do Evangelho como profeta e irmão dos pobres, fazendose pobre como Cristo. Deixou um legado de compromisso radical com a vida dos últimos, juntamente com o ideal do Concilio Vaticano II, de uma Igreja, sinal do Reino, pobre para os pobres, uma Igreja inteiramente ministerial e completamente comprometida com a…
Leia mais