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Amizade social, uma necessidade urgente em um mundo cada vez mais desunido

Os sentimentos que nós temos uns pelos outros determinam nosso modo de convivência. Em uma sociedade cada vez mais polarizada e dividida a Campanha da Fraternidade de 2024 nos convida a descobrir a amizade social como caminho a ser trilhado, como atitude a ser assumida para fazer realidade um mundo melhor para todos e todas. Cada um, cada uma de nós somos desafiados a nos questionarmos como olhamos para os outros, quais os sentimentos que temos diante das pessoas com quem a gente se encontra no dia a dia. O que é que a gente enxerga do outro, se a gente repara naquilo que nos divide ou pelo contrário reparamos naquilo que nos une e fomentamos tudo o que possibilita que possamos caminhar juntos. O caminho da amizade social, da fraternidade, a gente constrói junto, e tem que ser um caminho que cada vez vai mais longe, do qual cada vez faz parte mais gente. Quando nos fechamos, nos distanciamos, quando ignoramos a presença dos outros, a nossa vida e a nossa sociedade se empobrecem, aos poucos vai se esmorecendo aquilo que fundamenta nossa personalidade, aquilo que nos constitui em humanidade. O ser humano é um ser em relação, que vai se formando, que vai crescendo na medida em que vai se abrindo aos outros, na medida em que vai descobrindo no outro aquilo que lhe enriquece, que lhe faz ser gente, melhor pessoa. São sentimentos que devem ser impulsionados em nossa vida, pois isso faz com que a sociedade da qual fazemos parte também seja enriquecida e a vida das pessoas com as que nos encontramos em nosso cotidiano possa melhorar. Essa amizade social sobre a que nos chama a refletir a Campanha da Fraternidade, seguindo as propostas do Papa Francisco em Fratelli tutti, sua última encíclica, é uma necessidade no mundo atual, enfrentado pela violência que se traduz em guerras entre os povos, divisão nas famílias, enfrentamentos de todo tipo em diversos espaços e realidades que fazem parte da vida das pessoas. A Quaresma é um tempo para mudar não só o pensamento, mas as atitudes. A conversão tem que nos levar a nos relacionarmos com as pessoas de modo diferente, a promover sentimentos que façam com que nossa sociedade, nossas famílias, se tornem espaços melhores para viver, onde os sentimentos que dominam sejam aqueles que constroem vida e não aqueles que geram destruição, divisão e morte. É tempo de parar e pensar, de descobrir esses caminhos, de fazer realidade esse mundo melhor sustentado na fraternidade, na amizade social. Para isso, cada um, cada uma de nós somos cada dia desafiados a olhar os outros com um olhar diferente, com um olhar que vai fazendo com que as pessoas sintam o prazer de caminhar juntos, de construir um mundo mais humano, mais fraterno. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: Viver as práticas quaresmais na gratuidade

Com a celebração da Quarta-feira de Cinzas na Catedral de São Gabriel da Cachoeira, presidida por Dom Leonardo Steiner e concelebrada pelos bispos do Regional Norte1, o clero local e aqueles que chegaram para o início da missão de Dom Raimundo Vanthuy Neto, a Igreja do Rio Negro iniciou o caminho quaresmal, que tem no jejum, a oração e a esmola os três exercícios que a Igreja nos propõe para celebrar a Quaresma. O cardeal Steiner insistiu em fazer essas práticas gratuitamente, afirmando que “o que nós desejamos é entender, compreender, vislumbrar, intuir que significa Jesus Crucificado”, insistindo em que o Tempo da Quaresma vai nos levar sempre ao encontro de Jesus Crucificado, lembrando como São Francisco de Assis, olhando o Crucificado, “ele ficava admirado, encantado, deslumbrado” percebendo como ele não pedia em troca, o que segundo o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem que nos levar a tentar viver gratuitamente. O arcebispo de Manaus advertiu sobre a tentação de querer aparecer e chamou a agir na intimidade, na afabilidade, nesse jeito de proximidade, como se estivéssemos diante de Deus. Refletindo sobre a esmola, o cardeal disse que deve ser um dar gratuitamente. Ele lembrou da primeira leitura da Liturgia da Palavra do dia, que faz um chamado a desnudar o coração para que assim cada vez mais possa entrar, ser tomado pelo amor de Deus. Lembrando das palavras de um pensador da Igreja, que diz que “com Deus a gente não precisa negociar, Ele dá tudo”, Dom Leonardo Steiner disse que na Quaresma, na fé, nós vamos recebendo tudo de Deus, lembrando da Campanha da Fraternidade que a Igreja realiza durante a Quaresma, que em 2024 tem como tema “Fraternidade e amizade social”, que nos lembra que mantemos relações com todas as pessoas, uma relação respeitosa, uma relação fraterna, ressaltou o cardeal. Ele insistiu em que Jesus deu a vida por todos, que somos todos irmãos, todas irmãs, refletindo sobre o “por que essa desgraça de politicamente considerar-nos inimigos, por que essa desgraça de nos dividirmos politicamente até das nossas famílias, por que essa desgraça de não conseguirmos mais sentar, nos ouvirmos e rezar juntos”, fazendo um chamado a entender que Deus nos quer a todos como filhos e filhas, que todos somos irmãos e irmãs. O cardeal Steiner pediu que este tempo da Quaresma possa nos ajudar a nos encontrar mais, nas nossas famílias, nas nossas comunidades, buscarmos uma reconciliação, abrir nosso coração e transformarmos a nossa interioridade, o nosso coração. E junto com isso, que este tempo da Quaresma nos ensine a sermos cada vez mais irmãos e irmãs, a perceber a grandeza de nos sentirmos amados e amadas e continuarmos a ser amados e amadas por Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Papa Francisco pede que a Campanha da Fraternidade ajude a superar “toda divisão, indiferença, ódio e violência”

A Igreja do Brasil realiza desde há 60 anos durante o Tempo da Quaresma a Campanha da Fraternidade, que em 2024 tem como tema “Fraternidade e Amizade Social”, e como lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt. 23,8). Seguindo o costume dos últimos Papas, Francisco enviou uma mensagem com motivo dessa campanha. O Papa Francisco iniciou sua mensagem se unindo aos bispos do país “num hino de ação de graças ao Altíssimo pelos 60 anos da Campanha da Fraternidade, um itinerário de conversão que une fé e vida, espiritualidade e compromisso fraterno, amor a Deus e amor ao próximo, especialmente àquele mais fragilizado e necessitado de atenção”, lembrando que “este percurso é proposto cada ano à Igreja no Brasil e a todas as pessoas de boa vontade desta querida nação”. Ele lembrou o tema e o lema, afirmando que com a Campanha da Fraternidade, “os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Fratelli Tutti, que assinei em Assis, no dia 3 de outubro de 2020, véspera da memória litúrgica de São Francisco”. Segundo o Santo Padre, “como irmãos e irmãs, somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal que favoreça a nossa vida em sociedade e a nossa sobrevivência sobre a Terra, nossa Casa Comum, sem jamais perdermos de vista o Céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas”. Diante da realidade social em que vivemos, o Papa disse que “infelizmente, ainda vemos no mundo muitas sombras, sinais do fechamento em si mesmo”, lembrando “a necessidade de alargar os nossos círculos para chegarmos àqueles que, espontaneamente, não sentimos como parte do nosso mundo de interesses (cf. FT 97), de estender o nosso amor a “todo ser vivo” (FT 59), vencendo fronteiras e superando “as barreiras da geografia e do espaço” (FT 1)”. O Papa Francisco deseja que “a Igreja no Brasil obtenha bons frutos nesse caminho quaresmal e faço votos que a Campanha da Fraternidade, uma vez mais, auxilie às pessoas e comunidades dessa querida nação no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, superando toda divisão, indiferença, ódio e violência”. Encomendando seus votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, ele concede a Benção Apostólica a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham pela fraternidade universal. Ele encerra suas palavras pedindo, como é costume, “que continuem a rezar por mim”. MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024 Queridos irmãos e irmãs do Brasil! Ao iniciarmos, com jejum, penitência e oração, a caminhada quaresmal, uno-me aos meus irmãos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil num hino de ação de graças ao Altíssimo pelos 60 anos da Campanha da Fraternidade, um itinerário de conversão que une fé e vida, espiritualidade e compromisso fraterno, amor a Deus e amor ao próximo, especialmente àquele mais fragilizado e necessitado de atenção. Este percurso é proposto cada ano à Igreja no Brasil e a todas as pessoas de boa vontade desta querida nação. Neste ano, com o tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23, 8), os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Fratelli Tutti, que assinei em Assis, no dia 3 de outubro de 2020, véspera da memória litúrgica de São Francisco. Como irmãos e irmãs, somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal que favoreça a nossa vida em sociedade e a nossa sobrevivência sobre a Terra, nossa Casa Comum, sem jamais perdermos de vista o Céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas. Infelizmente, ainda vemos no mundo muitas sombras, sinais do fechamento em si mesmo. Por isso, lembro da necessidade de alargar os nossos círculos para chegarmos àqueles que, espontaneamente, não sentimos como parte do nosso mundo de interesses (cf. FT 97), de estender o nosso amor a “todo ser vivo” (FT 59), vencendo fronteiras e superando “as barreiras da geografia e do espaço” (FT 1). Desejo que a Igreja no Brasil obtenha bons frutos nesse caminho quaresmal e faço votos que a Campanha da Fraternidade, uma vez mais, auxilie às pessoas e comunidades dessa querida nação no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, superando toda divisão, indiferença, ódio e violência. Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, e como penhor de abundantes graças celestes, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham pela fraternidade universal, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim. Roma, São João de Latrão, 25 de janeiro de 2024, festa litúrgica da conversão de São Paulo Apóstolo. FRANCISCUS Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Vanthuy celebra numa comunidade indígena e insiste em que na nova diocese “Jesus vai dar o jeito dele”

Querendo conhecer as comunidades da diocese de São Gabriel da Cachoeira, que ele considera a primeira missão que a Igreja lhe confiou, Dom Raimundo Vanthuy Neto, que neste domingo 11 de fevereiro iniciou seu ministério episcopal na Igreja do Rio Negro, visitou nesta segunda-feira a comunidade indígena da Ilha Duraka, onde moram diversos povos da região, que prepararam uma acolhida com todo capricho e detalhe, com uma delicada ornamentação, liturgia e alimentos típicos da região. Conhecer para devagarzinho ir colocando esse povo no coração, um coração pequeno, mas que tende a crescer, disse o bispo. Dom Vanhuy pediu caminhar em sinodalidade, fazer as coisas juntos, insistindo em que o bispo não consegue fazer nada sozinho. A presença de Jesus é garantia de que as coisas são bem-feitas, de que as coisas dão certo, de que aquilo que necessitamos nos é dado, ressaltou Dom Raimundo Vanthuy Neto, afirmando que “sua presença indica que ele faz a gente descobrir o que é realmente necessário para nossa vida”. Jesus trabalha a confiança na providência disse o bispo, citando Santa Teresa de Jesus: “Nada te perturbe, nada espante você, quem com Deus anda nada lhe falta. Basta Deus”, insistindo em que “se andas com Deus, Ele saberá o que é bom e necessário para sua vida”, e que “com Jesus, nós ficamos livres das grandes preocupações”. Frente a isso, Dom Vanthuy disse que algumas vezes a gente quer dizer para Deus o que é bom para nós. Ele assume isso como primeira palavra para o bispo de São Gabriel: “se colocar totalmente nas mãos de Deus”, dizendo que em sua nova diocese, Jesus vai dar o jeito dele, “porque se ele me chamou para andar com ele, ele vai dar o jeito dele”, animando a todos a viver dessa promessa, dessa graça, desse dom. Dom Evaristo Spengler, bispo de Roraima, a diocese onde Dom Vanthuy viveu seu ministério presbiteral, lembrou os muitos serviços que ele assumia naquela diocese, que “ele fazia bem, fazia com o coração, com a alma, com todo seu ser”, insistindo Dom Evaristo em que “assim ele vem para cá agora, ele vem inteiro para servir a esse povo”, como “alguém que vem com amor aos nossos povos indígenas, ao nosso povo desta terra, alguém que vem a dar continuidade aquilo que está no coração do Papa Francisco, que convocou um Sínodo para a Amazônia e quer que a Igreja seja encarnada dentro da realidade que está o nosso povo, para que ajude esse povo a cada vez mais descobrir Jesus Cristo, caminhar na luz do Evangelho e ouvir os apelos”. O bispo de Roraima insistiu em que “quem está buscando seguir Jesus Cristo, ele sempre vai ter a luz do Espírito Santo, e sempre vai ter o povo que é esse leme que ajudar a dizer por aqui ou por aqui, caminhar juntos como diz o Papa Francisco”. Ele agradeceu a Dom Edson Damian, alguém que sempre levou a causa dos povos indígenas para os encontros dos bispos, “pelo seu trabalho, pelo seu amor, pela sua contribuição que deu em toda essa reflexão de Igreja como uma Igreja cada vez mais com rosto amazônico”. Finalmente, o bispo pediu ao povo acolher com o coração, com a generosidade, Dom Vanthuy, insistindo em que a Igreja é católica e pensa no bem da evangelização em todo o mundo, querendo sempre formar comunhão. Dom Edson Damian, bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira, lembrou a seu sucessor o conselho recebido de Dom José Song, seu predecessor: “primeiro, aqui precisa ter paciência, segundo muita paciência, terceiro, nunca perder a paciência”, algo que ele disse ter experimentado desde que ele chegou em suas viagens pelos rios da diocese. Em uma diocese pobre, Dom Edson destacou que nunca faltou nada, “aqui a gente aprendeu a viver com o estritamente necessário, os povos indígenas ensinam a gente a viver na sobriedade, nas poucas coisas. Quando se reparte não falta para ninguém”. Ele insistiu em que “a gente aprende a viver com a simplicidade, com a pobreza, e a gente aprende com o testemunho de fé”. Povos indígenas que acreditam em Deus, segundo testemunhou o catequista da comunidade, que vão aprendendo pouco a pouco conteúdo da religião e da espiritualidade, “conhecer a verdade, o amor da nossa comunidade”, insistindo em que “a comunidade para nós vem de Deus”. O senhor Hermelindo pediu “abrir nosso coração para desde nossa fé acreditar mesmo, de verdade”, para permanecer firmes na fé, “por que fomos batizados em Cristo”. Ele enfatizou o fato de serem indígenas e o sentimento de ser índios em sua comunidade, pedindo abrir seu coração para Deus, insistindo em que “o que Dom Vanthuy vai trazer para nós é amor, não dinheiro, viver como irmãos e irmãs em nossa comunidade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Vanthuy inicia sua missão “para que a gente possa enxergar bem melhor o que Deus pede nesta hora, aqui no Alto Rio Negro”

O Rio Negro tem novo bispo, Dom Raimundo Vanthuy Neto chegou em São Gabriel da Cachoeira, onde foi acolhido pelos 23 povos originários da diocese mais indígena e mais extensa do Brasil. Uma diocese onde se concretiza o desejo de Papa Francisco de fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena, sendo mostrados alguns elementos próprios desse modo de viver a fé na Eucaristia de início de ministério do bispo ordenado no dia 04 de fevereiro em Roraima, a diocese onde ele vivenciou seu ministério presbiteral. Os ritmos próprios das culturas e espiritualidades do Alto Rio Negro se fizeram presentes no ginásio da cidade, rostos expectantes, felizes, cheios de esperança com a chegada do sucessor de Dom Edson Damian, que pastoreou esses povos nos últimos 15 anos, que foi quem acolheu Dom Vanthuy, também acolhido pelos representantes do clero, da vida religiosa e do laicato da diocese, que lhe deram as boas-vindas na familiaridade de Jesus e lhe mostraram seu desejo de caminhar juntos na evangelização dos povos do Rio Negro. Uma missa que o novo bispo, depois de receber o báculo de seu predecessor, fez questão de rezar descalço, tirando as sandálias, igual Moises no Êxodo, em sinal de respeito por uma terra sagrada. Uma região, uma diocese, que, segundo o cardeal Leonardo Steiner, foi evangelizada por missionários e missionárias que deram sua vida, lembrando Dom Walter Ivan Azevedo, bispo dessa diocese, falecido no dia 28 de janeiro, agradecendo pelo trabalho que está sendo realizado nas comunidades da diocese, mas também pela família de Dom Vanthuy, os pais e irmãos, presentes na celebração, que lhe transmitiram a fé. Um agradecimento também à diocese de Roraima e a Dom Edson Damian, sempre preocupado com a causa indígena. O novo bispo disse chegar para “em companhia de vocês poder continuar todo o Mistério, com minha pequena vida de discípulo que quer cada vez mais seguir Jesus mais de perto”, e fazê-lo na Igreja do Rio Negro, onde quer aprender de todo o caminho percorrido, mostrando sua gratidão pela acolhida, mas também para com a Igreja de Roraima, para com todos os que rezam por ele, para com os bispos do Regional Norte1, representados na celebração por Dom Edson Damian, seu predecessor em São Gabriel, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, e seu bispo auxiliar, Dom Zenildo Lima, Dom Evaristo Spengler, bispo de Roraima, Dom José Albuquerque, bispo de Parintins, e Dom Adolfo Zon, bispo de Alto Solimões. Um sentimento de gratidão para com o Papa Francisco que lhe escolheu, “esse grande servo do Senhor que está ajudando o mundo inteiro a cada vez mais redescobrir o Evangelho”. Dom Vanthuy disse chegar com sua pequena lamparina “para que a gente possa enxergar bem melhor o que Deus pede neste tempo, nesta hora, aqui no Alto Rio Negro”. Ele insistiu em que “todos somos primeiramente ovelhas do rebanho do Senhor” e junto com isso pequenos pastores e pastorinhas que cuidam e zelam, do mesmo modo que “o Senhor toma conta de nós”, segundo relatado nas leituras que foram proferidas na celebração, pois “nós somos o rebanho do Senhor”, insistiu o bispo. O bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira usou imagens para definir Jesus Bom Pastor, aquele que dá a vida por suas ovelhas, pois “só aquele que dá a vida pelos outros sabe o que é viver”, igual um pai e uma mãe que dão a vida pelos seus filhos, lembrando as palavras do Papa Paulo VI, quando ele dizia que “a Igreja está para ajudar os povos a passar de condições menos humanas para mais humanas”, uma missão recebida por todo batizado. Ele denunciou a bebida alcoólica como o grande veneno que destrói a vida das pessoas, das famílias, das comunidades da região, fazendo um chamado a enfrentá-lo. Uma segunda imagem que Dom Vanthuy usou foi a de Jesus que nos conhece a todos pelo nome, chamando a se sentir rebanho e entender que sozinho ninguém consegue, destacando como um dom a vida comunitária dos povos indígenas do Rio Negro, um terreno que ajudou no trabalho evangelizador dos missionários e missionárias que chegaram. Daí a importância de caminhar juntos, de formar comunidade, enfatizou. De fazê-lo nas comunidades indígenas, que acolheram e continuam a acolher a Boa Notícia do Evangelho de Jesus, dizendo entrar como um semeador na escola dos grandes semeadores na diocese de São Gabriel da Cachoeira, os bispos que lhe precederam por mais de 100 anos, em uma terra sempre fértil, onde homens e mulheres anunciaram o jeito novo de viver o Evangelho. Dom Vanthuy pediu ajuda aos missionários e missionárias que trabalham na diocese, agradecendo às congregações religiosas presentes, mas também ao clero diocesano local e de outros lugares. A eles lhes pediu que não tenham medo de corrigi-lo quando errar, quando quiser fazer o que ele fazia em outros lugares. Igual os missionários e missionárias chegados no Alto Rio Negro quer se tornar amigo e irmão dos povos da região, com uma vida sóbria e simples, concretizando seu lema episcopal “Servir na caridade e na esperança”, uma esperança que, lembrando as palavras do cardeal Steiner uma semana atrás em sua ordenação episcopal, tem duas filhas: a indignação e a coragem. O novo bispo encerrou suas palavras apresentando seus pais e irmãos, agradecendo tudo o que fizeram por ele no caminho da fé e a coragem em busca de uma vida melhor para a família. Também apresentou o bispo, os padres, as religiosas e o povo que o acompanhou desde Roraima até sua nova missão. Palavras que foram encerradas com a profissão de fé, momento em que seus pais seguraram a veste e a vela com que Dom Vanthuy foi batizado. No final da celebração, Dom Edson Damian, agora bispo emérito da diocese de São Gabriel da Cachoeira, dirigiu suas palavras de agradecimento pelos15 anos de missão episcopal na Igreja do Alto Rio Negro, com um coração agradecido, pois em seu coração tem lugar para aqueles com quem ele caminhou nesse tempo. Ele…
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Cardeal Steiner: “Jesus toca a quem não pode ser tocado”

Citando o texto evangélico: “Se queres tens poder de curar-me. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: Eu quero: fica curado!”, e lembrando que na Escritura, a palavra “lepra” indica enfermidades que deformam a pele, que causa impureza ritual e recebe forte significado religioso, iniciou Dom Leonardo Steiner o comentário às leituras do 6º Domingo do Tempo Comum. Segundo o arcebispo de Manaus, “Jesus, a mão da compaixão e da misericórdia do Pai, estende, toca e cura, libertando do que corrompe e dilacera a integridade humana, abrindo espaço de reintegração para quem foi descartado”. Ele disse que “Senhor, se queres, podes purificar-me! é o pedido que o leproso dirige a Jesus. Este homem não pede somente para ser curado, isto é, curado integralmente, no corpo e no espírito”. O cardeal destacou que “a lepra e os leprosos eram motivo de medo e segregação entre os povos antigos e, por isso, eram sinal ou símbolo, mais significativo do pecado e dos pecadores. Destruindo o homem em sua integridade e vitalidade física, a lepra era, um sinal expressivo da desintegração interior e religiosa do homem; por isso, todo leproso era considerado como um excomungado por Deus, que devia ser excluído da comunidade”, seguindo o comentário de Fernandes e Fassini. Citando o texto do Levítico, recolhido na primeira leitura, Dom Leonardo disse que “nos fez sentir como os hansenianos, os leprosos, eram segregados e excluídos”. Eles erão vistos como “separados, segregados, descartados, porque fora da sociedade, fora da cidade, distanciados. Um muro de isolamento os separava de tudo e de todos. Além do medo de serem transmissores da doença, eram vistos como pessoas degradadas, religiosamente castigadas. Homens e mulheres que perdiam a sua dignidade e eram tidos como moral e espiritualmente doentes. Leproso é, ainda hoje, figura e símbolo da condição humana, em sua vulnerabilidade não só física, mas também psíquica, moral e espiritual”. O cardeal insistiu em que “diante do distanciamento, da separação, da segregação, do medo, da impureza, da maldição, da quase inumanidade, nos encanta o extraordinário mover-se desse homem tomado pela doença. Não aceita a sua situação, não se acomoda; sente-se um necessitado, um excluído, mas não se exclui. Sente-se abandonado por todos, mas não se sente abandonado por Deus. Porque é necessitado, porque deseja recuperar a sua dignidade no meio de seu povo, porque deseja participar das celebrações, rompe com as normas, transgrede o mandamento, abre espaço no meio da multidão. Pouco importa o que pensam, o que irão dizer, as consequências. Está tomado por uma medida que é de vida ou morte: ser curado, purificado. Tem diante de si, apenas Jesus”. “Nos toca profundamente este homem ferido em sua humanidade, em sua integridade, na sua dignidade, na sua religiosidade”, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Segundo ele, “nós o vemos entrando na cidade com as vestes rasgadas, os cabelos revoltos, barba desalinhada, descalço, chagado: gritando imputo, impuro. E o vemos com os olhos fixos em Jesus e dele se aproximar. Prostrado, por terra, terrificado, feito húmus, humildade e súplica: ‘Se queres tens poder de curar-me’. Reúne todas as forças que a enfermidade lhe concede, deixa-se guiar pela esperança da vida nova, da purificação. Revê a sua busca, o caminho provado pela enfermidade que o distanciava de tudo e de todos. Admirável esse ícone da fragilidade humana que da fraqueza, da miséria, do descarte, faz o caminho da da cura, da purificação, da salvação. Comovente vê-lo prostrado diante de Jesus com sua súplica”. O arcebispo de Manaus sublinhou que “não poderia ser de outro modo: Jesus é tocado nas suas entranhas por este homem das dores”. Citando o texto: “Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: Eu quero: fica curado!”, o cardeal disse que “sentir compaixão, padecer, sofrer, ser atingido por; um apaixonado, um compadecido com a liberdade, com o desejo da cura. O leproso com a sua súplica atinge o coração, as entranhas de Jesus”. Ele lembrou que “André Chouraqui, atento à sensibilidade da língua hebraica, traduz: ‘foi pego nas entranhas’. Ele sofre o padecimento desse servo sofredor. Compaixão é próprio de quem sofre, padece em si o sofrer do outro. Atingido na sua intimidade se volta para o sofrido com compadecimento misericordioso”. “Tão compadecido que se aproxima de quem deveria permanecer à distância. Se aproxima ainda mais e estende a mão a quem fora excluído do convívio; toca a quem não pode ser tocado”, destacou o arcebispo de Manaus. Segundo Dom Leonardo, “o movimento da aproximação do leproso nos pega nas entranhas, a mão de Jesus que se move, se estende e toca, silencia todo o nosso ser e respiramos a compaixão de Deus. Um encontro: toda a fraqueza e desumanidade que se faz imploração “úmica” e inclinar-se compadecido de Deus a curar, purificar”. “Tomado, pego, pela afeição das entranhas diz: ‘Eu quero: fica curado!’”, lembrou o cardeal. Ele destacou que “o querer de Jesus ressoa como amor-misericórdia, com-paixão-cordial. É esse olhar, essa afeição, essa boa vontade do amor, que torna puro todo e por inteiro. A cura, a transformação: a lepra desapareceu e ele ficou curado! Na receptividade amorosa, no toque do sopro do Espírito, na vontade da doação gratuita, aquele leproso se apercebe livre do corpo chagado e do descarte em que vivia. Tudo volta à sua mais ancestral, primeva e prístina pureza. Como o amanhecer de todas as coisas emergindo do nada da Palavra criadora: quero; faça-se!”. “Talvez, desintegrado também na sua interioridade, havia rompido com sua origem. Ingressara em um processo de ruptura com Deus, corrupção e desintegração consigo mesmo, com sua comunidade, seu povo e com todas as demais criaturas. A ruptura é primeira e mais agressiva de todas as lepras, causa e origem de todas as demais lepras ou doenças espirituais, morais e físicas”, enfatizou o presidente do Regional Norte1. “Este homem quase feito desumanidade ousa olhar a sua desintegração e ruptura”, disse o arcebispo. Ele ressaltou que “em Jesus o olhar se estende para…
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A REPAM prepara a celebração de 10 anos, um tempo para “amazonizar a humanidade”

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) completa 10 anos em 2024, um organismo que nasceu para promover o trabalho em rede dentro e fora da Igreja católica, especialmente na região amazônica, mas querendo ser também uma luz para outras realidades. Recentemente, o irmão João Gutemberg Sampaio, secretário executivo da REPAM, e Rodrigo Fadul, secretário adjunto, visitaram em Brasília diversas instituições, buscando avançar nesse tecer redes. Uma dessas visitas foi na sede das Pontifícias Obas Missionárias (POM), a casa onde nasceu a REPAM, segundo lembrou a Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das POM-Brasil, que vê esse nascimento como um sinal da providência de Deus. Segundo a religiosa, “as Pontifícias Obras e a REPAM que tem muito em comum. A missão é uma missão que promove a vida e a vida em plenitude, porque o anúncio do Reino de Deus tem esse grande sonho de que os sinais do Reino se multipliquem em todas as partes”. A Ir. Regina insistiu em que “cuidar da nossa casa comum, cuidar dos povos que são os guardiões da casa comum é algo que faz com que a REPAM e as Pontifícias caminhem realmente lado a lado”, vendo a visita como algo que estreita laços e “ajuda a pensar e a sonhar uma colaboração ainda mais estreita para que as nossas pautas possam se reforçar mutuamente e para que possamos de verdade trabalhar juntos” em favor da causa dos povos e do ambiente, para que possa ser levada a frente essa causa por toda a Igreja. Os 10 anos da REPAM é uma renovação dos compromissos, segundo Luiz Felipe Lacerda, secretário executivo do Observatório Luciano Mendes de Almeida (OLMA), que destacou os desafios da Amazônia e de seus povos. Ele insistiu na colaboração com os outros como algo explícito dos jesuítas, dizendo ter aprendido muito com a REPAM sobre como fazer rede e enfrentar os desafios e as dificuldades, um espaço de troca de expectativas e de conquistas ao longo dos anos. Um modo de ver a REPAM que também é partilhado pela Iniciativa Interreligiosa pelas Florestas Tropicais, que faz parte do Programa de Meio Ambiente da ONU, olhando para a REPAM como inspiradora, sendo instituições que ajudam a carregar as dores da Amazônia e dos povos da região, garantido a preservação. Para a Vida Religiosa no Brasil, o papel articulador da REPAM é de grande importância, segundo a Ir. Valmi Bohn, do Setor Missão da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), e junto com isso a espiritualidade encarnada e a defesa dos povos e da diversidade amazônica, assumida pela Rede. O encontro ajudou a fortalecer laços entre CRB e REPAM disse a religiosa, que destacou o grande número de religiosas e religiosos presentes nas fronteiras geográficas e existenciais, dando a vida pelos mais vulneráveis e defendendo a vida da casa comum, sendo reforçada a importância do intercambio de conhecimentos. A religiosa ressaltou igualmente a prioridade da CRB de assegurar a presença profética e transformadora e assumir a ecologia integral como estilo de vida. A REPAM nasceu no ambiente missionário, destacou Dom Mauricio Jardim, bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga e presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária da Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB). Segundo o bispo, “a REPAM sempre nos ajudou a entender a missão, como o Papa Francisco insiste, como paradigma, como eixo e como a chave para a toda a vida da Igreja”. Dom Maurício Jardim enfatizou que “uma Igreja em saída, uma Igreja em constante e permanente estado de missão”. Nessa perspectiva, “a REPAM nos recorda a importância da Amazônia e do cuidado com a nossa casa comum, a importância da ecologia integral e entender de forma mais ampla a missão”. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), participou da gestação da REPAM, lembrou seu secretário executivo, Luis Ventura, acompanhando isso como uma grande notícia para a Igreja na região Pan-amazônica, trazendo muita lucidez na defesa dos direitos humanos e do cuidado da Criação na Amazônia, algo que prosseguiu com a encíclica Laudato Si´ e o Sínodo para a Amazônia. Segundo o secretário executivo do CIMI são sinais do Espírito, vendo os 10 anos da REPAM como “uma celebração de uma Igreja que quer se colocar ao serviço dos povos a partir de uma territorialidade diferente”, que segundo ele “está marcada pela própria realidade dos povos da Amazônia” e leva a pensar numa perspectiva além das fronteiras e a se articular com outras igrejas e realidades. 10 anos de esperança, de desafios, de experiência de Deus, de pôr em prática a Palavra de Deus, de valorizar e resgatar a vida, caminhando com os mais empobrecidos, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, daqueles que ao longo da história foram excluídos do processo de desenvolvimento, destacou o padre Nereudo Freire Henrique, ecônomo da CNBB. Ele insistiu em que a estrutura da REPAM é marcada pela transparência, para assim buscar a justiça, a prática da ecologia integral, a solidariedade, a escuta, a partilha, o estar nos territórios. 10 anos de anúncio e de recuperação da vida para todos. Uma das entidades fundadoras da REPAM foi a CNBB, e segundo seu secretário geral, Dom Ricardo Hoepers, “com os 10 anos nós queremos cultivar a memória e semear a esperança”, considerando o caminhar dessa Rede como “uma verdadeira missão: amazonizar a humanidade”. Vendo a REPAM como um fruto da Conferência de Aparecida, o bispo auxiliar de Brasília a define como uma expressão do trabalho em conjunto de diversos organismos da Igreja na América Latina “para que todos juntos pudessem ir ao encontro desses povos pan-amazônicos e ao mesmo tempo trazê-los como protagonistas e testemunhas do cuidado da casa comum”. Resumindo, ele disse que “pela REPAM todos nós nos sentimos responsáveis de salvaguardar esse patrimônio dos povos da Amazônia neste espírito da ecologia integral que nos pede o Papa Francisco na Laudato Si´”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “O Seminário é o lugar para aprender a escutar”

Uma celebração eucarística na capela do Seminário São José de Manaus, presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), deu início aos trabalhos da nova equipe formativa do Seminário, onde se formam os 45 seminaristas das igrejas particulares do Regional Norte1. A celebração, onde estavam presentes os bispos auxiliares de Manaus, Dom Tadeu Canavarros, Dom Zenildo Lima e Dom Hudson Ribeiro, os bispos de Parintins, Dom José Albuquerque e Dom Giuliano Frigenni, e o bispo de Alto Slimões, Dom Adolfo Zon, começou com a leitura das nomeações da nova equipe: Pe. Pedro Cavalcante (reitor) e Pe. Alcimar Araújo (vice-reitor e formador da Teologia), ambos do clero da arquidiocese de Manaus, Pe. Alex Mota, do clero da prelazia de Itacoatiara, e Pe. Odilio dos Santos, do clero da diocese de São Gabriel da Cacheira (formadores da Filosofia), que durante a celebração fizeram sua profissão de fé e assumiram sua nova missão. Lembrando que “Deus nos chama ao ministério presbiteral não para estarmos parados, mas para andarmos, sermos peregrinos, sermos discípulos missionários, mas para isso precisamos ouvir”, o cardeal Steiner insistiu na necessidade de bons ouvidos para sermos discípulos missionários, afirmando que Jesus cura nossos ouvidos. O presidente do Regional Norte advertiu que “não sempre o que ouvimos é o que deveríamos ouvir”, aquilo que nos colocasse melhor a caminho do Evangelho. Ele desafiou a “ouvir bem a Palavra de Deus, ouvir bem o Evangelho, ouvir bem os pequenos, ouvir bem as periferias, ouvir bem os sofridos, saber ouvir de tal forma que nós consigamos perceber a presença de Deus”. Um Deus que vai abrindo nossos ouvidos, “o ouvido da existência, o ouvido da vida vocacional”, até que “ressoe dentro de nós Jesus Palavra”. Isso porque “o Seminário é o lugar para aprender a escutar, lugar de escuta, da escuta de Deus, da escuta da Palavra, da escuta das nossas comunidades”, fazendo ver aos seminaristas a necessidade de “escutar as dificuldades e os problemas que existem, não se fechar diante de uma piedade insegura”. Segundo o arcebispo de Manaus, daí nascerá a Palavra e o missionário, aquele que deseja permanecer a caminho, falando de Deus e falando do Reino, pregando o Reino de Deus. Por isso, Dom Leonardo incentivou os seminaristas a aproveitar o tempo da escuta que é o Seminário. O novo reitor agradeceu a confiança do arcebispo na nova equipe, mas também aos muitos que contribuíram no trabalho formativo no Seminário São José ao longo dos anos, para que “a obra aqui iniciada continuasse a ser inspirada nos valores do Evangelho e amalgamasse nos nossos traços culturais uma maneira de ser, viver, crer e corresponder ao sopro do Espírito”. Reconhecendo as novidades da nova missão, o padre Pedro Cavalcante, disse que “a Igreja, a Mãe de muitos filhos, nos coloca diante dos olhos e do coração suas orientações e caminhos”. Segundo ele, “o Seminário Arquidiocesano São José, com sua história e conquistas, oferece para nós formadores uma identidade e um dinamismo próprio, fruto de tudo isso. Ele existe formando padres no coração da Amazônia, e com isso nós estamos nos comprometendo”. Finalmente, o reitor pediu a Deus, “um coração compreensivo e a capacidade de distinguir o bem do mal. E viver nesta casa o espírito de sinodalidade e missão”. Dom Zenildo Lima, bispo auxiliar de Manaus, que foi reitor do Seminário São José de Manaus de 2016 a 2023, lembrou que iniciou sua missão quando foi lançada a Ratio fundamentalis para a formação nos seminários, e disse que o Sínodo sobre a Sinodalidade está pedindo uma nova ratio. Ele lembrou os passos dados nas assembleias do Regional Norte1, no Sínodo para a Amazônia, no Sínodo sobre a Sinodalidade, e os apelos das nossas comunidades, e insistiu que hoje se pede na Igreja uma nova formação dos padres, considerando que são apelos entusiasmantes. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “a razão de ser do nosso Seminário é a construção das nossas igrejas locais”, ressaltando a importância da escuta, segundo apelo de Dom Leonardo, que encerrou a celebração agradecendo a disponibilidade dos novos formadores e da Prelazia de Itacoatiara e da Diocese de São Gabriel da Cachoeira.  Um agradecimento extensivo a todos aqueles que de diversos modos participam do processo formativo dos seminaristas do Regional Norte1. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Rede um Grito pela Vida presente em Roma no encontro de formação contra o tráfico de pessoas

Com motivo da X Jornada de Oração e Reflexão pelas Vítimas do Tráfico Humano, a Rede Talitha Kum, rede internacional da Vida Religiosa para o enfrentamento ao tráfico de pessoas, organizou em Roma de 03 a 08 de fevereiro, um encontro de reflexão e formação com 35 jovens de diversos países com o tema “Caminhando pela Dignidade: Escutar, sonhar e agir”. Representando o Brasil participou a Ir. Michele Silva, coordenadora do Núcleo de Manaus da Rede um Grito pela Vida e referencial da Região Norte. O encontro teve como objetivo incentivar a luta coletiva contra o crime do tráfico de pessoas, procurando unir esforços e criar uma consciência global. “Durante esta semana fizemos realizamos a experiência da escuta das realidades de cada Rede local, das culturas e atividades que acontecem em cada país, onde a Rede Talitha Kum está presente”, segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria. Os participantes estiveram presentes no Angelus com o Papa Francisco no domingo 04 de fevereiro e da audiência pública da quarta-feira 07 de fevereiro, onde “nos animou com suas palavras de amorosidade e esperança”, destacou a Ir. Michele Silva. A religiosa ressaltou igualmente a Vigília de Oração pelas vítimas do tráfico humano realizada na Igreja de Santa Maria em Trastevere, que foi precedida por um Flash Mod na praça em frente da Igreja. O encontro concluiu em sintonia com a Jornada Online do Dia 08, festa de Santa Josefina Bakhita, onde “tivemos as palavras encorajadoras do Papa Francisco, avaliação e confraternização”, disse a religiosa. Na Mensagem, o Papa disse se unir “especialmente aos jovens, que em todo o mundo trabalhais para debelar este drama global”, fazendo um chamado a “seguir os passos de Santa Bakhita, a freira sudanesa que em criança acabou vendida como escrava e foi vítima de tráfico. Recordemos a injustiça que sofreu, as suas tribulações, mas também a sua força e o seu percurso de libertação e renascimento para uma vida nova”. Segundo o Papa, “Santa Bakhita anima-nos a abrir os olhos e os ouvidos para ver os invisíveis e ouvir quantos não têm voz, para reconhecer a dignidade de cada um e agir contra o tráfico e toda a forma de exploração”. Isso porque “muitas vezes o tráfico é invisível”, enfatizou Francisco, que reconheceu o trabalho de repórteres corajosos, que “fazem luz sobre as escravidões do nosso tempo, mas a cultura da indiferença anestesia-nos”. Ele pediu que nos ajudemos “a reagir, a abrir as nossas vidas, os nossos corações a tantas irmãs e tantos irmãos que são tratados como escravos. Nunca é tarde demais para nos decidirmos a fazê-lo”, destacando o entusiasmo dos jovens que “aponta-nos o caminho, dizendo-nos que, contra o tráfico, temos de escutar, sonhar e agir”. O Papa insistiu em “ter a capacidade de escutar quem está a sofrer”, relatando situações de sofrimento, o que deve levar a escutar “o seu grito de ajuda, deixemo-nos interpelar pelas suas histórias; e, juntamente com as vítimas e os jovens, voltemos a sonhar um mundo onde as pessoas possam viver em liberdade e com dignidade”. Finalmente, Francisco pediu ações concretas de combate ao tráfico, rezar e agir, chegar à raiz do fenómeno, erradicando as suas causas. Ele colocou Santa Josefina Bakhita como “símbolo daqueles que, reduzidos infelizmente à escravatura, ainda podem recuperar a liberdade”, apelando para “não ficarmos parados, mobilizarmos todos os nossos recursos na luta contra o tráfico e restituirmos plena dignidade a quantos são vítima do mesmo”. Por isso, o Papa insistiu em que “se fecharmos olhos e ouvidos, se ficarmos inertes, seremos cúmplices”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Oração e reflexão para acabar com o Tráfico de Pessoas, uma urgência inadiável

Hoje é o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, uma data instituída pelo Papa Francisco em 2015 e que está completando 10 anos em 2024. Refletir sobre essa realidade e rezar pelas vítimas é uma necessidade na Amazônia, uma das rotas principais em nível mundial deste tipo de crime. No dia em que a Igreja lembra Santa Bakhita, uma religiosa sudanesa que foi vítima da escravidão, somos chamados a refletir sobre essa realidade, o que tem que nos levar a nos perguntarmos até que ponto nos indigna esse tipo de situações, até que ponto somos tocados pelo sofrimento das vítimas do tráfico de pessoas, tratadas como mercadoria por grupos criminosos que buscam o lucro desprezando a vida das vítimas. Muitas das vítimas do tráfico de pessoas são mulheres, que sofrem a exploração sexual, muitas vezes vítimas de enganos. As redes sociais têm se tornado espaços de aliciamento, sendo as adolescentes e jovens os alvos principais das redes de tráfico de pessoas. Essa realidade tem que nos levar a redobrar os esforços para poder ajudar as vítimas potenciais. A Vida Religiosa tem assumido essa causa, e através da Rede um Grito pela Vida ajuda na prevenção e combate à exploração sexual e o Tráfico de Pessoas. Como sociedade e como Igreja temos a oportunidade de aproveitar esse trabalho e gerar espaços onde essa prevenção possa ser realizada a través da formação que ajude a descobrir que alguém está sendo vítima de aliciamento. No último domingo 04 de fevereiro, o Papa Francisco disse que “ainda hoje, muitos irmãos e irmãs são enganados com falsas promessas e depois sujeitos a exploração e abuso. Juntemo-nos todos para combater o dramático fenómeno global do tráfico de seres humanos”. As palavras do Santo Padre são um incentivo para tomarmos consciência dessa realidade que cada vez atinge mais pessoas e gera mais lucro. Nossa falta de envolvimento faz com que as vítimas aumentem, provocando dor e sofrimento em muitas pessoas. Se isso nos deixa indiferentes devemos nos questionarmos sobre nosso ser pessoas, sobre nosso ser sociedade, mas também sobre nosso ser Igreja. Quando olhamos para o outro lado diante do sofrimento alheio deixamos de ser pessoas e deixamos de ser discípulos e discípulas de Jesus, daquele que sempre ficou do lado das vítimas. Não deixemos passar essa oportunidade para nos posicionarmos como pessoas, como sociedade, como Igreja. Sejamos conscientes que acabar com esse crime é responsabilidade de todos, também sua, também minha. Oração, reflexão e compromisso se tornam uma urgência inadiável. Assumamos esse pedido do Papa Francisco e façamos tudo o que estiver em nossa mão para ajudar as vítimas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1