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Os bispos do Regional Norte1 reunidos em Roraima para estreitar laços e avançar como Igreja encarnada e libertadora

Os bispos do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), estão reunidos em Tepequem (RR) de 04 a 07 de fevereiro de 2023. Participam 14 bispos, dentre eles Dom Gilberto Pastana, arcebispo de São Luís (MA) e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, que segundo o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, “além de ser uma visita também quis ouvir o nosso Regional. Assim estabelecermos laços cada vez maiores com a Comissão e pensarmos com a Comissão como sermos na Amazônia uma Igreja que seja uma Igreja missionária, uma Igreja samaritana, uma Igreja sempre muito presente, como foi no passado e deseja ser também agora no presente, ainda mais com as orientações do Papa Francisco”, que o cardeal disse ser um momento muito bom, muito importante. Os bispos ouviram e encaminharam as questões a respeito do abuso de menores. Dom Leonardo Steiner lembrou que “nós temos a comissão de escuta em nosso Regional, mas temos que encaminhar outras questões para podermos prevenir”. Segundo o presidente do Regional Norte1, “isso foi uma questão muito bonita, muito profunda, de vermos como fazer para colocarmos as nossas comunidades dentro desse processo de prevenção”, destacando que “foram dadas algumas sugestões, foi constituída uma pequena comissão para depois irmos devagar levando para as nossas dioceses essas sugestões dadas em relação à prevenção”. Um encontro que também tem uma dimensão de vivência fraterna, com momentos de lazer, de encontro, uma oportunidade para conhecer a região do Tepequem, um antigo garimpo que hoje está mais voltada para o turismo. O cardeal Steiner insistiu na importância de estreitar os laços entre os bispos, ainda mais com os três bispos novos recém ordenados no Regional Norte1. Ele lembrou que “conhecem o nosso Regional, sempre foram muito atuantes como presbíteros e agora como bispos haverão de nos ajudar para que sejamos uma Igreja sempre profundamente encarnada e libertadora”. Igualmente recordou que alguns bispos, depois do encontro, irão em São Gabriel da Cachoeira para o início do ministério episcopal de dom Vanthuy. Um dos novos bispos, que participa pela primeira vez, é dom Hudson Ribeiro, ordenado bispo no dia 02 de fevereiro, assumindo a missão de bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus. Ele diz viver este encontro como “momento de conhecimento, reconhecimento, afirmação, reafirmação, encontro e reencontro de uma realidade que já é nossa e ao mesmo tempo é de se conhecer”. Ele disse se sentir “muito tranquilo, porque me sinto acolhido”, destacando como “bonito esse colegiado do Norte1, porque ele representa muita harmonia, muita comunhão, também muita alegria, bom senso de humor”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus “prevalece o desejo de querer levar a pastoral, a evangelização, o pastoreio com alegria e entusiasmo”. Segundo dom Hudson Ribeiro, “esse início de conhecimento, de reconhecimento do trabalho, também é de assumir responsabilidades”. Os bispos do Regional Norte1 atribuíram ao novo bispo quatro responsabilidades, que ele define como “responsabilidades para o serviço e que eu acolho com muita alegria”. Um momento de inserção, segundo o bispo, “de inserção daquilo que já me pertencia, de pertencia à Igreja”. Ele vê seu novo ministério como “uma nova condição de servir, mas a mesma Igreja”, insistindo em que “ a gente se sente em casa, e isso é muito bom”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Vanthuy: “Gratidão ao povo de Deus do Alto Rio Negro, que me convidam e me deixam entrar em sua barca”

Gratidão foi a palavra que marcou a intervenção de Dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo eleito de São Gabriel da Cachoeira, no final da celebração, presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, em que foi ordenado bispo. Uma celebração marcada pela simplicidade de um bispo que escolheu as sandalias, símbolo tradicional de missão, para calçar em um dia de grande importância daqui para frente. Gratidão em primeiro lugar a Deus, “Trindade Santa que olhando a minha pequenez quer ainda se servir dela, a graça a mim dada/conferida nesta manhã na sucessão dos apóstolos, é mais uma possibilidade do Senhor de fazer avançar minha conversão, que aponta para o seguimento mais de perto de Jesus, pobre da Manjedoura, entregue na Cruz e doado na Eucaristia”, disse o novo bispo. Ele insistiu em que “só posso comprender o mandato do Papa Francisco na pespectiva que o Espíirto Santo ainda tem muito trabalho na minha pobre e fragil humanidade e por isso encontrou na Igreja do Alto Rio Negro na sagrada companhia dos mais de 23 povos originários, nos seus caminhos sagrados, suas culturas, nas suas vidas, na pluralidade daquelas etnias o lugar da graça e da visibilidade do seu amor a mim”, agradecendo aos bispos presentes. Gratidão à Igreja de Manaus, onde se formou no Seminário São José, à amada Igreja de Roraima, aos corajosos Povos Indígenas, insistiendo em que nesta Igreja, “vocês me acolheram na mais bela aventura da vida cristã, a vida comunitária, na audácia da missão, na formação das lideranças, no andar juntos. Aqui vocês me gestaram sempre para ser melhor, do útero da minha família, aqui fui alimentado pelo testemunho de grandes missionários e testemunhas da fé”, lembrando o nome de muitos deles, das religiosas, “verdadeiras mães no dar a vida pela missão”. Gratidão ao Prado, que definiu como “a escola que Deus me chamou desde o seminário para seguir seu Filho Jesus mais de perto, no estudo do Evangelho cotidiano, a fim de fazer chegar o Evangelho onde ainda no meu ser não entrou de cheio, no serviço à evangelização dos pobres, no dom da vida fraternal”, concretizado naqueles que fazem parte dessa espiritualidade e tem caminhado com ele. Gratidão ao povo de Deus do Alto Rio Negro, das comunidades da diocese de São Gabriel, “que me convidam e me deixam entrar em sua barca, suas canoas com e remos e rabetas, para experimentar os frutos do Evangelho plantado pelos inumeros missionários e missionárias da nobre familia salesiana, os filhos e filhas de Maria Auxiliadora e de dom Bosco”. Ele agradeceu por “me deixarem com as comunidades a continuarem a semear o Evangelho, pois lá me dizem sem medo que a boa noticia das culturas indígenas continuam a acolher a boa notícia do Evangelho”. Falando sobre sua nova diocese, ele destacou que “lá  muitos missionários, missionárias armaram suas redes e muitos nasceram de novo, como disse Jesus a Nicodemos, nas águas da vida de vossas comunidades e no amor terno dos preferidos de Deus, os pobres. As missionárias salesianas contam que chegaram como amigas e foram convertidas em irmãs. Essa é a novidade do Evangelho, de estrangeiros, Jesus nos faz todos irmãos e irmãs, uma só família, o Povo de Deus. Assim, quero chegar eu, como aluno da escola de Jesus Cristo, pequeno servo da vinha do Senhor e filho da Igreja, me coloco à disposição de ir caminhar com vocês e conhecer esse mundo fascinante de muitas culturas originárias, das águas e da floresta. Peço de me ajudarem a vencer o medo das cachoeiras, do novo que me é dado agora viver”.  Um sentimento de gratidão enorme a dom Edson, “muito obrigado meu irmão pelas sementes semeadas, vou lá na tentativa de continuar a cultivar e ousar a continuar a semeadura”.  Falando sobre o Alto Rio Negro, seu novo bispo a partir de 11 de fevereiro, disse que “escuto que essa grande região ainda é como um cobiçado jardim da Criação onde a natureza e as sociedades vivem em equilíbrio. O compromisso da defesa e do cuidado com a Casa Comum tornou-se uma missão essencial dos Povos da Amazônia, dos povos do Rio Negro, dos migrantes que chegaram nessa região, do Estado Brasileiro e, claro, também da Igreja. Em muitas partes da Amazônia, aqui em Roraima já sentimos os efeitos devastadores do garimpo, da contaminação das águas, do desmatamento, da pesca predatória, e do avanço da fronteira do agronegócio. Aprendemos na seca dos nossos rios que ano passado assolou a Amazônia, revela que  a agressão à Casa Comum nos afeta a todos e tem consequências que vão além de nós. Diante das crises climáticas somos chamados a dar as mãos, a trabalhar em colaboração e com esperança”. Finalmente gratidão “a meus pais e irmãos”, que “me moldaram na graça da boa noticia de Jesus, de filho e irmão. A seca, a pobreza do Nordeste nos trouxeram a uma terra tão boa e cheia de esperança, Roraima. Somos do sertão do Rio Grande do Norte, de Pau dos Ferros, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, da Diocese de Mossoró”. Um sentimento de gratidão “ao Senhor que conduz a missão de bispo a qual sou envia hoje, só pode ser numa única perspectiva, na perspectiva do Servir na Caridade e na Esperança, desta intuição vinda das primeiras comunidades cristãs, nasce a indicativa do ministério que nesta  manhã, vocês me comunicam, vocês, por que todos aqui temos a única igualdade, a fonte de onde emana todo chamado, o Batismo, a fonte de todos os serviços na Igreja, é Cristo, somos todos de Cristo e  nele somos de Deus”.  Dom Vanthuy insistiu em que “vou para o Rio Negro, pois lá Belém se apresenta, na simplicidade, na pobreza, na acolhida, na precariedade, no essencial para se bem viver, tão presente nas comunidades indígenas, por lá também sei que  o calvário há de chegar, pois nosso Mestre Jesus bem nos lembra, nos alerta, quem quizer me seguir renuncie a si mesmo tome sua crus e me siga, para abraçar o verdadeiro dispulado é preciso abraçar a Cruz, sigularmente nos dias de…
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Dom Vanthuy é ordenado bispo para “nos ajudar a ser uma Igreja sempre mais acolhedora das culturas”

Boa Vista, sede da diocese de Roraima acolheu neste domingo 4 de fevereiro de 2024 a ordenação episcopal de Mons. Raimundo Vanthuy Neto, bispo eleito da diocese de São Gabriel da Cachoeira, que escolheu como lema: “Servir na Caridade e na Esperança”. Uma celebração marcada por uma realidade indígena presente na igreja local e naquela que o Papa Francisco lhe confiou para ser seu pastor, seu bispo. A benção inicial do Povo Macuxi, a primeira leitura e a apresentação do candidato nessa mesma língua, a benção indígena de um padre de São Gabriel da Cachoeira, a continua presença dos povos indigenas de Roraima na celebração, são detalhes que mostram o desejo da Igreja da Amazônia de acolher a riqueza das culturas dos povos da Amazônia. Na homilia, o cardeal Steiner começou lembrando as palavras de Jesus no Evangelho: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”, insistindo em que “todos nós fomos escolhidos, buscados, todos nós fomos amados: ‘eu vos amei, como meu Pai me amou’. Fomos desejados, amados com o amor que o Pai amou o seu filho Jesus. No mesmo amor, na mesma intensidade, na mesma afabilidade, fomos e somos amados, amadas. E porque fomos atingidos por um amor inigualável, gratuito, Jesus nos faz um pedido: ‘permanecei no meu amor’”. Segundo o arcebispo de Manaus, “a realização da nossa vida, a alegria de viver, de saborear a vida vem do amor que recebemos de Jesus. Ele desperta uma alegria plena, realizadora. Um amor que plenifica, cria a verdadeira família, a verdadeira comunidade, a Igreja”, recordando as palavras de Jesus: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. Uma frase que o levou a perguntar: “Como nos amou?”, dando ele mesmo a resposta: “ofertando a sua vida”. Dom Leonardo disse que “como a mãe entrega a sua vida no cuidado materno para que os filhos cresçam e cheguem à maturidade de uma vida plena, muito mais fez Jesus. Nos amou até a morte e morte de cruz. Um amor que aparece definido no Evangelho: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos”, afirmando que “é desse amor que vivemos, é nesse amor que nos movemos, é desse amor que nos alimentamos e damos frutos: geramos, educamos, plenificamos vidas”. O cardeal Steiner “esse amor nos escolheu, a esse amor fomos chamados. Esse amor nos encontrou. Nenhuma iniciativa nossa”. Lembrando as palavras de São Bernardo sobre a escolha, o chamado, disse. Isso porque “no amor somos escolhidos, não escolhemos. Nesse amor benevolente somos todos discípulos missionários, todas discípulas missionárias, pois tomados pela dinâmica extraordinária de pertencermos à predileção amorosa de Deus”. “Toda vocação é uma escolha para participar plenamente desse amor. Toda vocação é a possibilidade de permanecer no amor de Jesus e em Jesus viver a graça do Reino. Toda a vocação é um modo de guardar e ser guardado pelo mandamento do amor. É desse amor que toda a vocação e ministério se alimenta e é dinamizado. É no Reino do “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”, que a alegria é plena e realizativa. Toda a vocação é dar a sua vida em resgate por muitos, por todos os que são e não são amigos e amigas de Jesus, mesmo os inimigos”, refletiu o cardeal de Manaus. Lembrando a escolha dos Doze para caminhar com Ele e enviá-los a pregar o Reino de Deus, Dom Leonardo Steiner disse que “eles foram as testemunhas da vida, da morte e da ressurreição de Jesus; testemunhas do amor que tudo vivifica e restaura. Nessa missão foram confirmados pelo Espírito Santo, segundo a promessa: ‘Recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia, Samaria e até os extremos da terra’”. Isso porque “a missão dos apóstolos de anunciar o Evangelho da vida deveria durar até o fim dos séculos (cf Mt 28,20), por isso, os apóstolos constituíram sucessores (LG, 20)”. A celebração de ordenação episcopal “visibiliza, mais uma vez, a escolha, o chamado, o envio, a frutificação”. Ele lembrou que “a Igreja aqui reunida invocará o Espírito Santo sobre padre Raimundo Vanthuy e com o gesto milenar da imposição das mãos dos bispos, com a oração de ordenação e a unção, ele recebe o múnus episcopal e participa do colégio dos bispos como sucessor dos apóstolos. Ele participará do múnus dos apóstolos de anunciar, bendizer e cuidar do Reino de Deus, da igreja de São Gabriel da Cachoeira”. Comentando a primeira leitura, o cardeal disse que “o Espírito e a unção enviam para uma presença de caridade, de amor, de esperança! Hoje, após a invocação do Espírito Santo, a imposição das mãos, a oração de ordenação e a unção com o óleo do crisma, padre Vanthuy poderá dizer com o profeta: ‘O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu’. Vamos impor as mãos na força do Espírito Santo e te ungir, para seres enviado. Enviado para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma e do corpo, pregar a redenção aos cativos no corpo e no espírito; a liberdade aos que estão presos em si mesmos, nas prisões da ganância, da morte, das ideologias; consolar todos os que choram e gemem. Serás enviado para proclamar o tempo da graça, da libertação, da transformação, da salvação, pois levarás na alegria o óleo da caridade e o vinho da esperança (cf. Is 61,1-3ª). Enviado na caridade e na esperança! Não é privilégio, mas uma missão que te é confiada. Enviado para recordar, rememorar, viver na caridade e na esperança”. “Pelo sacramento da Ordem o bispo recebe o dom da caridade pastoral de Cristo. A caridade pastoral cria a comunhão e desperta para a plenificação da vida segundo o Evangelho. Um modo da caridade é a compaixão, compadecer-se dos frágeis, dos que foram colocados à margem, seja pela cultura, seja pelo sistema econômico. Cuidar das comunidades com amor paterno-materno, sendo bondoso e compassivo com os doentes…
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Dom Hudson Ribeiro: “Devo me fazer presença servidora nessa Igreja de Manaus”

Com as palavras da oração do abandono de Charles de Foucauld iniciou Dom Joaquim Hudson de Souza Ribeiro sua intervenção no final da celebração em que nesta sexta-feira 02 de fevereiro de 2024 foi ordenado bispo, assumindo a missão de bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus. Uma ordenação presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, tendo como bispos co-ordenantes Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, e Dom Mário Antônio da Silva, arcebispo de Cuiabá. Depois das homenagens da sociedade civil, as religiões de matriz africana e do clero da arquidiocese de Manaus, comentando o lema episcopal, “Ministrare non ministrari” (Servir e não ser servido), Dom Hudson Ribeiro disse que “a primeira vez que li essa frase em latim, foi na ocasião da chegada de Dom Luiz Soares na Arquidiocese de Manaus em 1992”, dizendo que “foi por causa dele que escolhi o mesmo lema de brasão episcopal”, agradecendo a presença do arcebispo emérito de Manaus e o fato de ter acreditado nele, tê-lo acolhido em sua casa como filho e, “sobretudo por ter me ensinado, pelo seu testemunho, o valor do serviço e da simplicidade”. Um serviço que disse ter estado presente em sua família como “exercício contínuo de repartir com quem tinha menos que a gente”, o que ele aprendeu de sua mãe Rosa, que “ensinou aos filhos que o melhor, tinha que ser sempre para os outros”.  Ele insistiu em trazer memórias da infância, pois em palavras do poeta Fernando Pessoa “o melhor do mundo são as crianças”, afirmando que “o mundo fica pior quando deixamos que a criança que vive em nós, morra”. O significado da palavra serviço, Dom Hudson disse ter aprendido “na pequena comunidade de base que eu freqüentava com meus irmãos”, na Paróquia São Pedro Apóstolo, no bairro de Petrópolis. Um legado do Mons. Sabino que “muito nos ensinou o que Jesus nos deixou como preceito de viver em comunidade, de rebaixar-se sempre, tomar toalha, água e bacia e lavar os pés uns dos outros, evitando não querer ser nem grande e nem primeiro”, ressaltou. De Mons. Sabino disse ter escutado pela primeira vez a frase atribuída a Gandhi: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. Foi na comunidade que ele foi ampliando o repertório do serviço, descobrindo que “da mesma mesa do pão da palavra e do pão da Eucaristia, devem brotar o compromisso pela busca e encontro de outros serviços outros importantes pães”. Ele foi relatando esses pães: “serviço do pão da justiça, do pão da paz, do pão da esperança, do pão da igualdade, do pão da equidade, do pão do respeito às diferenças, do pão que se alegra com as vitórias pela vida não pelas derrotas das guerras; do pão que enxuga as lágrimas e se faz colo de mãe que acolhe nos momentos de provação da vida; do pão da amizade; do pão que defende e promove a vida em todas as suas circunstâncias; do pão da compaixão e sensibilidade; do pão do conhecimento, da cultura e da arte; do pão de defesa da Amazônia – da floresta e de seus povos; do pão do mistério do aqui e agora e do que ainda virá na promessa da eternidade, e que teima dia a dia a conjugar o verbo esperançar, carregando a cruz uns dos outros”. Um serviço que em sua maior expressão “brota de um coração humilde que encontrou na cruz de Cristo a razão de sua existência”. O novo bispo lembrou palavras do Cardeal Martini, onde ele diz que “o crucificado é porta da Trindade” e que “Deus-amor” é mais bem representado por Jesus humilhado, pobre, sofredor, crucificado”. Daí Dom Hudson disse que “somente a loucura da cruz nos dará parâmetros para reler a história do mundo como promoção verdadeira e profunda do ser humano e de seus valores, não por meio da força, do poder que violenta, nem mesmo pela legitimidade da lei, mas pelo caminho do serviço que se desdobra em atitudes de compaixão, de perdão, de misericórdia, e que nos desafiam a assumir atitudes proféticas a partir dos valores do Reino de Deus no cuidado para com toda a criação”. Em seu ministério episcopal, ele pediu que ecoem as mesmas palavras de Jesus: “o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”. E a Nossa Senhora de Guadalupe, ele pediu que nos momentos de dúvidas, sofrimentos e provações ele encontre amparo em suas palavras: “Não estou eu aqui que sou tua mãe?!”. Uma intercessão que também pediu para uma longa lista de santos e santas e para os bispos que lhe ensinaram o valor da profecia, agradecendo a presença dos bispos co-ordenantes. Também lembrou das paróquias por onde ele passou, Mons. Sabino e padre Orlando com quem tem morado por muitos anos, as pastorais e diversos grupos que tem feito parte de sua vida, pedindo que “as nossas redes se fortaleçam nas diferenças e na diversidade por meio da acolhida e do respeito”. Dom Hudson agradeceu a acolhida do Santuário São Jose, lembrando que “foi no pátio dessa casa salesiana que um dia o querido amigo Pe. Damásio me apresentou Dom Bosco sonhador, me ajudou a alimentar a vocação e a sonhar outros sonhos”. Ele agradeceu à vida religiosa, os diáconos, leigos e leigas, pedindo ajuda para assumir as palavras de Santo Agostinho: “para vós sou bispo, convosco sou cristão”. Um agradecimento também a Dom Leonardo Steiner, “por confiar, por acreditar, por incentivar, por me acolher, por compartilhar ensinamentos e inquietações, por partilhar do que se tem, do que se sabe, do que se é, do que se sonha a partir dos valores do Reino de Deus, e do que se acredita como Igreja Sinodal”, pedindo que “Deus nos proporcione junto a Dom Zenildo e Dom Tadeu, sapiência, para sermos sinal do amor de Cristo junto ao povo de nossa Arquidiocese de Manaus”. Aos padres se dirigiu com as palavras da Primeira Carta de Pedro: “Faço uma…
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Mais um bispo auxiliar na Arquidiocese de Manaus, ordenado para “entrar na dinâmica do servir”

A Arquidiocese de Manaus tem um novo bispo auxiliar, Dom Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, ordenado nesta sexta-feira 02 de fevereiro pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, tendo como bispos co-ordenantes Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, e Dom Mário Antônio da Silva, arcebispo de Cuiabá. Uma celebração que contou com a presença de mais de vinte bispos, uma centena de padres, sua família e amigos e o povo da Arquidiocese de Manaus. Na homilia, o cardeal Steiner lembrou a Antífona de entrada da celebração da ordenação episcopal: “O espírito do Senhor repousa sobre mim, ele me consagrou com a unção, enviou-me para levar a boa nova aos pobres e curar os corações contritos”, que é o texto que Jesus proclama na sinagoga de Nazaré quando lhe oferecem o livro de Isaias para ser lido. Um texto que levou Jesus a dizer: “hoje se cumpriu a escritura que acabastes de ouvir”. Segundo o arcebispo de Manaus, “Jesus se deixa ler pela Palavra. É a Palavra escutando a palavra e a Palavra sendo enviada em missão uma vez ungida pelo amor do Pai: enviado para levar a boa nova aos pobres e curar os corações contritos. Enviado para servir!”, insistindo em que “nos foi proclamada a palavra! Qual a palavra ouvida que nos envia aos pobres para curar os corações em contrição? ‘Servir e não ser servido?’’. Dom Leonardo lembrou que “depois de lavar os pés, retomar as vestes e sentar-se novamente à mesa, Jesus entrega aos discípulos a missão do serviço, do amor: ‘Deveis lavar os pés uns dos outros’, pois ‘o servo não é maior do que o seu Senhor’! Lavar os pés, o serviço do servente, do escravo! Era ele que tinha a oportunidade de abaixar-se, não apenas para lavar a poeira do caminho, mas inclinar-se para ouvir por onde andaram os pés”. “O exemplo e fazer como Jesus fez: servir”, destacou o arcebispo, para quem “a essência do exemplo de servir é o dar-se a si mesmo o melhor de si, o engajar-se de corpo a corpo no dar-se a si o melhor de si”. Ele insistiu que “no servir, toda a busca do melhor de si é oferenda, ao serviço de Deus, aos necessitados, todo o empenho e desempenho de se dar o melhor de si se torna cada vez mais um serviço cordial, humilde, cheio de gratidão, benignidade e generosidade, cujo exemplo, para nós cristãos em tudo deixar-se conduzir pelo modo de Jesus e de seu Pai Misericordioso. Lavar os pés, servir!”. O cardeal ressaltou que “no lavar os pés, no servir, a existência humana se ergue, se eleva! Mais que banhar, erguer, elevar, somos elevados. Quando nos abaixamos para servir as irmãs e os irmãos, subimos: é o amor que eleva, enobrece, dignifica, nobilita. Servir, enobrece, dignifica a quem é servido, mas nobilita e transfigura o servidor. No entanto, o verdadeiro servidor, a verdadeira servidora, não se lembra que serve. O servir o faz ser o que é: vida para os outros. Já não se lembra que serve, apenas é para os outros”. “Na Igreja, no seguimento de Jesus, no viver o Evangelho, encontramos muitos modos de servir” enfatizou Dom Leonardo, que destacou que São Paulo, na carta aos Romanos, “nos ensinava a diversidade de membros em Cristo, mas um só corpo. Num mesmo corpo, a Igreja, dons diferentes, como graça recebida: se é a profecia, exercê-la em harmonia com a fé; se é o serviço, praticar o serviço; se é o dom de ensinar, consagrar-se ao ensino. Os dons, os donativos, entregar com simplicidade; que a mão direita não saiba o que faz a esquerda; quem preside presida com solicitude e disponibilidade; quem se dedica às obras de misericórdia, faça-o com alegria e generosidade. Tudo envolto e dinamizado pelo serviço nascido do Amor generoso, gratuito pendido da cruz. As vocações, os ministérios na Igreja, tem sabor, gosto, no servir. Servir com amor terno, afeiçoado, diligente, livre! Um serviço salvífico!”. Segundo o presidente do Regional Norte1 da CNBB, “com seus gestos, palavras, olhares, Jesus tornou papável o modo de Deus. Animando, consolando, transformando, curando tornou o Reino de Deus visível. Ao anunciar e visibilizar o Reino, Ele chamou, atraiu, escolheu discípulos. Dentre os seguidores e seguidoras, escolheu doze para estarem com Ele e os enviou a pregar o Reino de Deus (cfr. Mc. 3, 13-19; Mt. 10, 1-42). No dia de Pentecostes apóstolos foram confirmados pelo Espírito Santo na missão e foram até os confins da terra anunciando a boa nova (cfr. At. 2, 1-26; 1,8). No anúncio confirmaram os que são recebidos no Reino novo, como raça escolhida, sacerdócio real, a nação santa, povo conquistado… que outrora não era povo, mas agora é povo de Deus (cf. 1 Ped. 2, 9-10)”. Inspirado em Lumen Gentium, ele disse que “os Apóstolos estabeleceram sucessores, para que a missão confiada por Jesus e confirmada pelo Espírito Santo, continuasse até o fim dos tempos. Entre os vários ministérios que na Igreja se exerce desde os primeiros dias da Igreja, em sucessão ininterrupta, é o múnus apostólico. Hoje, com a ordenação episcopal de padre Joaquim Hudson repetimos o gesto da tradição apostólica de invocar o Espírito Santo, impor as mãos e rezar a oração de ordenação, dando continuidade à missão e ministério apostólico de servir na Igreja”. “Servir nasce do Povo de Deus, da comunidade, para o Povo de Deus, para as comunidades dos batizados. O ministério episcopal é um serviço à comunidade dos fiéis em dinâmica sinodal”, disse o bispo ordenante. Ele lembrou que “a Igreja aqui reunida invocará o Espírito Santo, e com a imposição das mãos dos bispos, com a oração de ordenação e a unção, padre Joaquim Hudson participa do colégio dos bispos e Ele recebe o tríplice múnus: anunciar-evangelizar, santificar-bendizer e cuidar-governar o Povo de Deus, as comunidades. Tudo no movimento, na dinâmica do servir”. Dom Leonardo Steiner lembrou que “Papa João Paulo I ensinava que o bispo preside, serve; será justa a presidência se se transformar em serviço,…
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Dom Leonardo: “Para o Congresso Nacional o indígena não tem valor, não tem dignidade”

O Conselho  Indigenista Missionário Norte1está realizando de 02 a 04 de fevereiro de 2024, no Xare de Manaus, sua 44ª Assembleia, com o tema “A Luta por Territorios Livres: Avanços e Retrocessos na Defesa dos Territórios dos Povos Indígenas”, e o lema “A Terra geme em dores de parto” (Rm. 8,22). Estão presentes lideranças indígenas, missionários do CIMI e também vários bispos do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Uma assembleia para avaliar a caminhada, mas também para vislumbrar os passos a serem dados. Isso em uma Igreja, auspiciada pelo Papa Francisco, cada vez mais atenta às questões que envolvem a pobreza, a questão do meio ambiente, a questão dos povos indígenas, segundo enfatizou o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Missionário Nacional e do Regional Norte1. Falando sobre a Igreja do Brasil, o presidente do CIMI destacou sua abertura para assumir as questões sociais, as questões políticas, as questões indígenas, o apoio da Igreja do Brasil ao CIMI, como ficou evidente na questão do Marco Temporal. Mesmo reconhecendo a necessidade de um apoio ainda maior, Dom Leonardo disse que um bom número de bispos tem sensibilidade a essas questões. O cardeal Steiner denunciou o posicionamento do Congresso Nacional, contrário às questões indígenas, definindo o momento atual como difícil, inclusive para o diálogo. Segundo o presidente do CIMI, para o Congresso Nacional o indígena não tem valor, não tem dignidade. Diante disso, ele insistiu que como Igreja “nós sabemos de sua dignidade e não temos receio de apoiá-los”. Com referência ao atual Governo Federal, o presidente do Regional Norte1 destacou a criação do Ministério dos Povos Indígenas e sua abertura ao diálogo. Um governo que recebe forte pressão social e política, com menosprezo ao Ministério dos Povos Indígenas. Nesse sentido, Dom Leonardo ressaltou a necessidade da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) recuperar sua dignidade. Ele também destacou a maior organização dos povos indígenas e o empenho do CIMI em ajudá-los a isso. Finalmente, o cardeal Steiner enfatizou o chamado do Papa Francisco a inculturar a liturgia, a espiritualidade, introduzindo os elementos indígenas, para que as comunidades tenham a alma dos povos indígenas. Por isso, ele fez um chamado aos presentes para não deixarmos nunca a causa indígena. Dom Leonardo lembrou as palavras de Dom Pedro Casaldáliga: “a gente precisa ter uma causa, mesmo que ela seja perdida”, insistindo em que a causa indígena não está perdida, que como Igreja aprendamos com os povos indígenas, que os ouçamos, estar presentes, apoiá-los. Os povos indígenas no Brasil foram vítimas de uma política direcionada contra eles no governo anterior, segundo Chico Loebens. O missionário do CIMI disse que com o Governo Lula se criou uma expectativa bem positiva que o governo estaria dando espaço à questão indígena, o que não se confirmou. Mesmo diante do apoio à questão yanomami no início do governo, ficou numa questão emergencial, falta estruturar uma política permanente, disse, afirmando que não se avançou na demarcação de terras indígenas. Isso diante do embate com o Congresso Nacional, talvez o pior nos últimos anos, segundo Loebens, que insistiu na necessidade de mobilização como modo de fazer avançar as coisas, na necessidade de força política do Movimento Indígena. Partindo da Laudato Si´ e da Fratelli tutti, Dom Zenildo Lima, bispo auxiliar de Manaus denunciou o avanço escancarado da violência, que o Papa Francisco coloca na Fratelli tutti. Um processo violento legitimado enquanto pensamento. Segundo ele, Laudato Si´ nos deu ferramentas para avanços nas lutas e comprometimentos com uma política ambiental que considera a Natureza sujeito de direitos, mas enfraqueceu a política para com os povos, com uma defesa dos territórios que não implica defesa dos povos, o que fragiliza a concepção de ecologia integral. Diante disso, o desafio para a Igreja é passar a um compromisso efetivo, que agora é marginal e periférico, pois não é uma questão central em nossos processos evangelizadores. É um chamado a trazer as questões da periferia para o centro das nossas discussões. Igualmente denunciou a existência de um catolicismo reacionário que sustenta os ataques contra os povos indígenas, o que demanda uma reflexão sobre o processo d catequese da Igreja em busca da amizade social. Igualmente, o bispo auxiliar de Manaus denunciou a decisão de extermínio contra as populações indígenas, e refletiu sobre a necessidade de estar presente no território virtual, um espaço dominado por grupos que investem nisso e conseguem construir narrativas nas quais os povos indígenas são vistos lá como um inimigo a ser vencido. Dom Zenildo abordou a questão dos povos indígenas no mundo urbano, e disse que em relação ao Rito Amazônico, algo que surgiu com o Sínodo para a Amazônia, que não é uma questão de anúncio, de querigma e sim de diálogo interreligioso, e que tem que levar a entender sua riqueza e pensar em uma Igreja que pode se estruturar de modo alternativo. Com relação aos povos indígenas, Dom José Altevir da Silva, bispo da Prelazia de Tefé, destacou que a Igreja sempre esteve e continua ao lado dos povos indígenas, falando da dívida muito grande da Igreja católica com esses povos. Um trabalho de aliança da Igreja de Roraima com os povos indígenas, que foi destacada pelo bispo local, Dom Evaristo Spengler. Dessa diocese, como alguém que se colocou do lado da causa indígena, Mons. Raimundo Vanthuy Neto, bispo eleito da diocese de São Gabriel da Cachoeira, disse que sente o desafio de chegar na diocese mais indígena do Brasil como alguém diferente, pedindo orações pelos povos do Rio Negro e abrindo para todos as portas da diocese. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: Campanha da Fraternidade 2024, “Refletir e aprofundar a necessidade de acolher o diferente”

Ao longo de mais de 60 anos, a Quaresma no Brasil está marcada pela Campanha da Fraternidade, promovendo um tema de reflexão em torno a uma temática que leve a Igreja e a sociedade brasileira a entrar no caminho da conversão. Em 2024, a partir do dia 14 de fevereiro, em que se celebra a Quarta-feira de Cinzas, o convite é refletir sobre “Fraternidade e Amizade Social”, um tema inspirado na Fratelli tutti, tendo como lema “Vós sois todos irmãos e irmãs”. Em Manaus, a apresentação da Campanha da Fraternidade 2024 contou com a presença do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo da Arquidiocese de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que lembrou que a Campanha iniciou na Arquidiocese de Natal em 1962, sendo hoje uma temática refletida em espaços diversos dentro e fora da Igreja, escolas, universidades, inclusive em espaços do Legislativo, com muitos subsídios que ajudam nessa dinâmica de reflexão. O cardeal lembrou o objetivo da Campanha da Fraternidade 2024: “Despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas e povos”. Analisando a realidade, ele disse que nós temos hoje em nossas famílias uma divisão por uma ideologia política, uma divisão presente também nas comunidades, o que faz com que “o tema da Campanha da fraternidade possa nos ajudar a refletir e aprofundar a necessidade de acolher o diferente”, insistido na necessidade de permanecer na diferença, algo que fazemos a partir da diferença. Uma temática que é motivo de alegria e tristeza, segundo o padre Geraldo Bendaham, da Coordenação de Pastoral da Arquidiocese de Manaus. “Uma alegria porque a Igreja tem coragem de tocar um assunto tão importante, da fraternidade”, destacou, vendo como uma tristeza que a Campanha da Fraternidade ajuda a “constatar esse processo de ‘cainização’ ainda é uma realidade muito negativa”, relatando a existência de “sentimentos de ódio que podem levar a desafetos e podem levar também até a morte”, o que dá sentido à Igreja propor essa campanha para que seja vivenciada durante a Quaresma, e assim possa acontecer a conversão, superando sentimentos de autoafirmação. Reconhecendo a continua existência de conflitos, o padre Bendaham fez um chamado à verdadeira amizade, a incentivar o perdão e vivência da paz, fomentando o ser irmãos e irmãs, algo que também tem que nos levar a nos sentirmos irmãos da Criação, de uma Natureza que sofre e geme pelo fato de termos machucado essa Natureza, a gerar uma capacidade amorosa com essa Natureza, destacou. Em 2024, “o tema não é um problema social, mas uma solução”, segundo a Ir. Rosana Marchetti, que também faz parte da Coordenação de Pastoral da Arquidiocese. Em um mundo onde existe muita violência, nos meios de comunicação, nas nossas cidades, nas nossas comunidades, com um jeito de se relacionar que não é um jeito de paz, esta Campanha propõe a solução, a amizade social, afirmou a religiosa. Ela destacou igualmente como são desenvolvidas as questões bíblicas na Campanha, com exemplos de pessoas que viveram a amizade na Bíblia e ao longo da história, colocando a amizade como caminho para construir a paz em um mundo onde tem guerra, onde tem violência, o que demanda sermos construtores da paz nesses caminhos da amizade. Na Quarta-feira de Cinzas será realizado o lançamento, com um momento de oração, no Largo de Sebastião, algo que está motivado pelo fato da praça dever ser um espaço da amizade, da fraternidade, da conversa, segundo o padre Geraldo Bendaham, que denunciou que algumas praças têm se tornado perigosas, muitas vezes pelo abandono do poder público. O momento do lançamento quer ser uma oportunidade para descobrir a necessidade de superar qualquer preconceito, ajudando a concretizar a amizade social. “A amizade social tem como pano de fundo a fraternidade, esse respeito, essa convivência harmônica na diferença, essa confiança que nós temos nas pessoas, esse espaço onde podemos dialogar, onde podemos dizer o que sentimos, podemos partilhar as nossas aflições, que a amizade, ela acolhe, a amizade, ela reconcilia, a amizade sempre de novo fortalece, encaminha a vida”, enfatizou Dom Leonardo Steiner, que lembrou que o Papa Francisco aborda essa questão na Fratelli tutti. O arcebispo lembrou a importância dos subsídios, incentivando seu uso em diversos âmbitos, nas comunidades, famílias, escolas. Uma temática que é refletida em diversos momentos durante o ano na Arquidiocese de Manaus, ainda mais diante da tensão, da violência que hoje acontece e que faz com que a pessoa do outro não seja levada em consideração, faltando perceber a dignidade de toda pessoa. Uma Campanha da Fraternidade que é uma tradição esperada em muitas comunidades, que segundo o cardeal “tem nos ajudado nesse exercício de conversão, mas especialmente olharmos a partir de Jesus Crucificado, Ressuscitado a nossa vida e a vida das comunidades”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ordenações episcopais que fazem mais amazônico o rosto dos bispos do Regional Norte1

Nos próximos dias, a Igreja do nosso Regional Norte1 vai viver momentos importantes. Dois padres do Regional serão ordenados bispos para continuar sua missão nas igrejas do Regional. O padre Hudson Ribeiro, do clero de Manaus, receberá a ordenação episcopal amanhã sexta-feira, dia 02 de fevereiro, e assumirá o cargo de bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus. O padre Raimundo Vanthuy Neto, do clero da diocese de Roraima, será ordenado bispo no domingo 04 de fevereiro e iniciará sua missão como bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira no dia 11 de fevereiro. Essas ordenações são um exemplo de como aos poucos foi mudando o rosto da Igreja da Amazônia. Na próxima semana, os bispos na ativa, titulares e auxiliares no Regional Norte1 serão 12, e deles a metade 6, foram formados como padres na Igreja da Amazônia. Até poucos anos atrás quase todos os bispos do Regional eram estrangeiros ou de outras regiões do Brasil. Aos poucos o rosto da Igreja da Amazônia vai sendo mais amazônico. Primeiro foi o clero e a vida religiosa e agora vai sendo o episcopado. O Papa Francisco tem insistido nesse rosto amazônico da Igreja, e suas nomeações episcopais estão contribuindo para isso. Uma Igreja que vai se configurando cada vez mais com a vida do povo, com as diversas culturas, com as cosmovisões dos povos originários. Uma Igreja que em seus bispos vai conhecendo o que faz parte da vida do povo, em sua rica diversidade, pois eles mesmos têm vivenciado tudo isso ao longo de suas vidas. A cultura e os costumes em que cada um é formado fazem parte do DNA de cada pessoa. Isso é algo que fica no fundamento da personalidade e que também influencia na vivência da nossa fé, que evidentemente tem diferentes modos de se concretizar. Daí a importância do ambiente em que cada um é formado e vai descobrindo os diferentes traços da vivência religiosa. O que cada um vai descobrindo em sua vida é sem dúvida importante, mas considero ainda mais decisivo aquilo que está presente no fundamento de nossa vida, que vai nos marcando, às vezes de forma inconsciente, como algo que está inserido em nosso subconsciente e que vai influenciando nossa forma de entender a vida e tomar nossas decisões. Mas acima de tudo é tempo de agradecer pelos dois novos bispos que irão fazer parte do Regional Norte1. De modos diferentes, eles irão contribuir para que a Igreja que caminha na Amazônia, no Regional Norte1, possa ser cada dia uma presença mais fiel do Evangelho em meio às diversas realidades que fazem parte da vida dos povos da região. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Retiro do Clero de Borba: Um tempo de profunda experiência de Deus a partir da sinodalidade

O Clero da Diocese de Borba está realizando seu Retiro anual de 29 de janeiro a 1º de fevereiro na Casa de Retiro Vicente Cañas de Manaus, sob a orientação do padre Adelson Araújo dos Santos, jesuíta. Um momento para descobrir que “são essenciais, na vida cristã, a oração, a humildade, a caridade para com todos: este é o caminho da santidade”, palavras do Papa Francisco. No Retiro, o professor da Universidade Gregoriana de Roma está apresentando a bela experiência de um caminho sinodal, motivando os participantes a viver os passos espirituais do caminho sinodal: encontrar – escutar – discernir. Uma temática recolhida no livro apresentado em Manaus na no dia 25 de janeiro, que tem como título a tema do Retiro. O Retiro iniciou com uma celebração eucarística, momento em que Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, bispo da Diocese de Borba acolheu fraternamente a todos e expressou seu desejo de que este Retiro seja “tempo de meditação pessoal sobre a Palavra, tempo de revisão, tempo de encontro, tempo de silêncio”, desejando aos participantes que seja um tempo de profunda experiência de Deus a partir da sinodalidade; um tempo de rezar, celebrar, descansar e aprimorar a espiritualidade missionária, um tempo de graça, um tempo de reflexão e de encontro com Deus e com o clero diocesano. “Um tempo muito esperado pelos nossos padres, pois a comunhão presbiteral precisa ser cultivada na oração, na convivência e na missão”, insistiu o bispo. Segundo Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, o tempo de Retiro busca “que nos faça mais fraternos, que seja uma experiência de perdão de si e dos outros, que fortaleça nossa unidade e comunhão”. O Retiro está sendo realizado à luz da espiritualidade inaciana, sendo feito um convite por parte do padre jesuíta a seguir cinco passos na oração pessoal: o lugar da oração, a presença de Deus, o texto bíblico, o diálogo com Deus e anotar a experiência. Isso em vista do tema, que quer aprofundar no Caminho Sinodal nas palavras do Papa Francisco: encontrar – escutar – discernir. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Padre Geraldo Bendaham: No Jubileu 2025 “há uma necessidade de renovar a esperança”

Foto: CNBB A Casa Dom Luciano Mendes acolheu nos dias 29 e 30 de janeiro de 2024 o encontro de preparação para o Jubileu 2025, com a participação de mais ou menos 300 pessoas de todos os regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dentre eles o Regional Norte1. Um encontro que contou com a Igreja brasileira está se preparando para o Jubileu 2025, como informa a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com um encontro que contou com a presença de Dom Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização e coordenador do Jubileu 2025. Um Jubileu que será “um momento de graça para toda a Igreja“, segundo Dom Fisichella, que animou a todos a se envolver ne Jubileu. Desde o lançamento do Jubileu, que tem como tema “Peregrinos da Esperança”, pelo Papa Francisco, se deu o envolvimento da Igreja do Brasil, que criou uma comissão preparatória e traduziu e publicou os folhetos preparatórios. Dom Rino Fisichella enfatizou a necessidade de construir um futuro sustentado pela esperança, que está ligada à fé e à caridade. A partir daí, ele destacou a necessidade de cada crente ser uma testemunha crível dessa esperança e de expressar a dimensão comunitária da esperança na Igreja. Um Jubileu que deve ser uma oportunidade para avançar na missão evangelizadora, segundo Dom Leomar Brustolin, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblica e Catequética e do Regional Sul 3 da CNBB. Ele insistiu em três aspectos: os sinais dos tempos, a conversão pastoral e a missão, lembrando que o Documento de Aparecida chama a Igreja a ser uma comunidade de comunidades, a estar sempre em estado permanente de missão, a uma conversão pastoral que priorize o essencial, a renovação pessoal e comunitária em Jesus Cristo. O Jubileu tem fundamentos bíblicos, segundo analisou o segundo vice-presidente da CNBB e arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson Nóbrega. Ele comparou o Jubileu ao ano sabático, lembrando que atualmente ele se tornou uma indulgência plenária concedida pelo Papa a cada 25 anos. Por isso, ele pediu que o Jubileu seja visto como “um projeto cíclico de esperança, que busca a libertação, a superação das desigualdades, que busca a devolução das terras à suas origens, mas também tem a perspectiva da construção de um projeto que leva as pessoas a encontrarem um Deus que é salvador”. Dentre os participantes do Regional Norte1, Andrey Braga destacou a importância de sua participação como leigo neste encontro que prepara o Jubileu 2025, e a alegria de participar da construção desse Jubileu para a Igreja do Brasil e para a Igreja da Amazônia. Ele vê o Jubileu como oportunidade para refletir sobre o Vaticano II, insistindo na necessidade de que os documentos cheguem nas bases, nas comunidades. Refletindo sobre o tema do Jubileu, algo que já faz parte da tradição da Igreja, primeiro de 100 em 100 anos, depois de 50 em 50, e agora de 25 em 25, o padre Geraldo Bendaham disse que “há uma necessidade de renovar a esperança, significa que estamos em um mundo desesperançado. Mas não é uma esperança qualquer, é uma esperança cristã, que ilumina a vida, a última esperança é Cristo”. Ele ressaltou que “a esperança faz parte das três dimensões da vida cristã: fé, esperança e caridade”. Para a vivência do Jubileu foi feita uma longuíssima preparação, destacou o padre Bendaham, que inicia em 2024, dedicado à oração e para isso serão publicados vários subsídios. Ele disse ver a “necessidade de orar para estabelecer essa comunhão com o Senhor, com Deus”. Para esse Jubileu existe um Calendário de eventos em Roma, 35 segundo a lista oficial, que farão parte da programação que inicia com a abertura da Porta Santa no dia 24 de dezembro de 2024. Se esperam 32 milhões de peregrino, dentre eles 250 mil brasileiros, e tem sido elaborado um site em 10 línguas, também em português. “A dificuldade que tal vez as Igrejas locais vão encontrar para a vivência do Jubileu 2025 seja a capacidade criativa de integrar a experiência do Jubileu, que é uma proposta da Igreja universal com as inúmeras atividades que a Igreja local já tem”, destacou o padre Geraldo Bendaham. Na Arquidiocese de Manaus, onde ele é Coordenador de Pastoral, “nós estamos em um processo pastoral, nós estamos assumindo as diretrizes, as comissões. Então como é que a Igreja pode inserir tudo isso, integrando-o, sem excluir nenhum aspecto”. Finalmente chamou a refletir sobre o fato de ficar fora do Jubileu muitos grupos, como quilombolas ou povos indígenas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1