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Diocese de São Gabriel da Cachoeira inicia sexta etapa da Escola de Formação Teológica

Iniciou nesta segunda-feira 15 de janeiro de 2024 a sexta etapa da Escola de Formação Teológica da diocese de São Gabriel da Cachoeira, que reúne até 27 de janeiro as lideranças das paróquias e comunidades na Casa de Encontros da Diocese. De 15 a 19 o encontro será assessorado pelo Dr. William Cesar Castilho Pereira, psicólogo, professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Ele abordará o tema do suicídio, tão frequente na região do Alto Rio Negro. Ele também realizará encontros com profissionais da saúde e da educação do Município de São Gabriel da Cachoeira. A metodologia será o ver, julgar, agir, buscando conhecer a realidade, o concreto da vida, os conflitos, os problemas, os desafios, as situações e condições que levam as pessoas a tirarem a própria vida. Em um segundo momento será feita uma leitura do mundo aos olhos de quem crê e tem fé. É também, o resultado da reflexão, da revisão e da correlação dos fatos entre o contexto local e a sociedade brasileira. Finalmente, a construção de ações práticas a partir da realidade analisada, procurando inventar e criar estratégias compatíveis com a capacidade de organização e de mobilização da comunidade. De 22 a 28 a assessoria será realizada por Dom Zenildo Lima da Silva, bispo auxiliar de Manaus. Dará continuidade ao estudo da eclesiologia e abordará o “Caminho Sinodal da Igreja”. No encontro está presente Mons. Vanthuy, bispo eleito da diocese de São Gabriel da Cachoeira, que será ordenado bispo no dia 04 de fevereiro de 2024 em Boa Vista (RR), e iniciará o ministério episcopal em São Gabriel da Cachoeira no dia 11 de fevereiro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “É no estar com Jesus, no seguir a Jesus, caminhar com ele, participar de sua vida, que o conhecemos”

Lembrando que as leituras nos despertam para o chamado, para o seguimento, iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua reflexão do Segundo Domingo do Tempo Comum. Segundo o arcebispo de Manaus, “a primeira leitura abriu nossos olhos para ver o chamado a vocação do pequeno Samuel; no Evangelho os discípulos sentem-se atraídos, chamados; na segunda leitura, São Paulo, nos ensina que fomos chamados a uma vida plena”. Aprofundando na primeira leitura, ele disse que “Samuel ao ser desmamado foi entregue por sua mãe Ana, a estéril, para servir no templo: ‘Eu o entrego ao Senhor todos os dias de sua vida, pois foi pedido ao Senhor’. Samuel o desejado, o suplicado, o recebido como dom da esterilidade e da velhice, é consagrado ao Senhor. Consagrado, Deus o chama, despertando, sussurrando, sugerindo, indicando. É a lógica da graça da intimidade, da proximidade, do encontro. O chamado acontece no lugar onde se vive, no espaço da cotidianidade, sem grandes alardes. No servir o templo, Deus chama o menino pelo nome e, por quatro vezes, repetindo, sempre, a modo de mãe: ‘Samuel, Samuel!’” “No templo, no silêncio da noite, Deus busca o menino. A noite convida à oração, à escuta, à contemplação. Na noite, espaço do sonho, podem nascer indicações, orientações, a vocação; recordemos São José, os Magos. Deus pode manifestar-se, quando cessa o barulho, a natureza descansa, descansam os sentidos do corpo e despertam os da alma. É nesse momento de graça e liberdade que Deus se manifestar. No silêncio do pouco ou nada saber, Deus pode fazer alguma coisa em nós e por nós. É então que o menino Samuel pode responder de modo inocente, digno e justo: ‘Fala, Senhor que teu servo escuta’ (1Sm 3,10), lembrou dom Leonardo inspirado no comentário de Fernandes, M.A., e Fassini, D. Ele enfatizou que “a primeira leitura dá cores, gestos, palavras ao chamado de Samuel. Sem saber quem o chama, vemos a prontidão e a disponibilidade como resposta: ‘me chamaste aqui estou’. Nos eleva perceber como Deus persiste, até receber a resposta: ‘Fala, que teu servo escuta’! No chamado de Samuel tem um aprender a ouvir! Existe prontidão, ligeireza, presteza, mas falta afinação existencial para deixar tinir voz de Deus. Na casa do Senhor, o templo, lugar de encontro, Samuel vai apreendendo a ouvir o cuidado de Deus para com o seu povo. O chamado é para servir o povo de Deus da Aliança. Assim, como chamou Abraão para ser pai de um povo, como no tempo da escravidão do Egito, chamou Moisés para libertar o Povo da escravidão, como chamou os profetas para devolverem Israel à fidelidade da Aliança, chama Samuel para guiar os filhos de Abraão, Isaac e Jacó. Chamado para um novo tempo: o fim do tempo dos Juízes e lançar os fundamentos, as raízes da realeza judaica, que em Davi encontrará expressão mais elevada”. Olhando para o Evangelho, o cardeal destacou que “Jesus se apresenta, se faz visível e é identificado por João. O Batista mostra a presença do Messias, ensina a presença, ensina a ouvir a presença: ‘Eis o Cordeiro de Deus!’. O Anunciador indica aquele que chama e ‘os dois discípulos de João, ouvindo essas palavras seguiram Jesus’”. Segundo o arcebispo de Manaus, “é consolador a dinâmica do seguimento: o que estais procurando? Seguir Jesus é uma procura. Os discípulos diante da pergunta de Jesus respondem com uma outra pergunta: onde moras? Não procuravam uma coisa, não procuravam objetos, ideais, sonhos. Onde moras, qual é tua morada, qual é o teu habitar, onde podemos te encontrar, como vives, de que vives? Buscavam o mestre, buscavam o Cordeiro, aquele que salva! Jesus os convida amavelmente: Vinde ver. Foram ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele”. Dom Leonardo Steiner enfatizou que “desejavam entrar na casa, na vida, participar da vida, deixarem-se guiar pelo mestre: onde moras, onde vives?  Qual é o segredo do teu viver? Não buscam novas doutrinas, ensinamentos, mas o modo de viver de Jesus, o Messias, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! ‘Vinde ver’: viver como Ele vivia, de maneira pobre, simples, peregrino, viandante, pregador! Ver como Jesus vivia, como ele tratava as pessoas, como acolhida, curava, animava, esperançava. Onde moras, participar de sua oração, da sua pregação, do seu peregrinar, do seu partilhar. O vinde e vede, o estar, o ser com Jesus! Experimentar a Jesus, o seu modo de vida, perceber a partir de quem ele vivia e ensinava. No seguir Jesus perceberam que o Pai do céu era tudo para Jesus e o fundamento do Reino!” Analisando o “Vinde ver”, o cardeal destacou que “é um convite de participação, mas também um movimento de desalojamento, de desinstalação. Uma desinstalação, uma saída, que abre mundos, possibilita novo horizonte de vida, descortina novo céu e nova terra. Não se trata de ver com os olhos, mas de ter sido tocado. Um ser tocado no tocar; é uma interação de encontro: ser encontrado!” “É no estar com Jesus, no seguir a Jesus, caminhar com ele, participar de sua vida, que o conhecemos. O convite vinde e vide é a possibilidade não apenas de seguir Jesus, mas viver como ele viveu, ser como ele era. Como os apóstolos, também nós perguntamos onde moras e ele, insistentemente, vai nos convidando: vinde e vede”, disse Dom Leonardo. Segundo ele, “é que estamos na busca não do lugar, da casa, de um abrigo, mas na busca da liberdade que protege, do amor que guarda e enobrece, da esperança que ilumina e conduz, da graça que transborda em santidade. São os espaços extraordinariamente livres que possibilitam chegar à maturidade de nossa humanidade, à maturidade da fé. ‘Eis o Cordeiro de Deus’: aquele que se fez nosso espaço existencial que pode nos levar à plenitude de viver e à plena maturação de nosso existir”. “Os discípulos que foram encontrados e, em saída, participaram da vida de Jesus sentem a necessidade de partilhar, codividir a graça do encontro. Por isso André, busca o seu irmão Pedro: ‘Encontramos…
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Dom Ionilton: “Devemos manter o olhar de esperança, agir e acreditar que é possível uma transformação no cuidado com a Casa Comum, na continuidade da nossa luta”

Presidente da Comissão Pastoral da Terra desde abril de 2021 e integrante da Comissão Episcopal para Ação Sociotransformadora da CNBB (Cepast), Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira avalia o ano que se encerrou e as perspectivas para o país, a Igreja e a CPT em todo este cenário, além da mudança de região de sua atuação na Amazônia, até então atuando como bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM) em transferência para a Prelazia do Marajó (PA). Qual avaliação podemos ter do cenário do país, no ano que se encerrou? Eu diria que nós vivemos, hoje, um cenário melhor do que quando encerramos 2022. O governo que assumiu em janeiro tem sinalizado para uma mudança em determinadas áreas de atuação, retomando as chamadas ‘comissões de escuta do povo’, retirando alguns projetos danosos, como a facilitação da posse de armas e de munição; criando o Ministério dos Povos Indígenas; retornando um Ministério do Meio Ambiente que realmente cuida do meio ambiente; e um Ministério de Direitos Humanos e Cidadania com o rosto verdadeiramente de direitos humanos. Contudo, sabemos que o governo prometeu, por exemplo, desmatamento zero, e eu acho que nesse sentido ainda tem que avançar mais. Pode ser que haja a intenção, mas esse governo, eleito por uma força ampla política, tem enfrentado muita dificuldade com um Congresso ultraconservador. As causas que nós defendemos – e até diria que o governo também defende – têm encontrado muita resistência, como é o caso do Marco Temporal dos povos indígenas, da aprovação dos agrotóxicos e de uma lentidão no processo da Reforma Agrária. Creio que 2023 foi um ano para aprimorar e manter o que vínhamos querendo e lutando, e 2024 se abre como sinal de que temos que lutar mesmo. Ou seja, não se conquista direitos esperando de braços cruzados o que o Governo ou o Congresso Nacional possa nos oferecer. E em relação à Igreja brasileira? No que diz respeito à Igreja, este também foi um ano de mudança na Coordenação Nacional e na presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Aí, foi essa fase de adaptação, com alguns sinais bons, algumas manifestações bem claras, como a crítica à derrubada dos vetos do presidente à questão do Marco Temporal, mas também momentos em que houve uma certa demora para se manifestar. Espero que a CNBB possa dar passos mais firmes, inclusive fazendo com que cada organismo e comissão que trabalha determinado tema possa ter esse espaço maior para se manifestar de forma urgente. Sobre a CPT, qual sentimento deve estar presente neste ano em que se inicia a caminhada rumo ao jubileu de 50 anos? Então, acho que nós, enquanto CPT, também devemos continuar na luta, para que a gente consiga ajudar o nosso povo — camponeses, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, indígenas… — a terem seus direitos respeitados, a permanecerem em suas terras e, também, a conquistarem sua terra. Nosso trabalho e nossa missão é ao lado do povo e suas lutas, ajudando a se organizarem. A gente espera que neste ano possamos avançar neste serviço, fortalecer os grupos de base, articular melhor cada regional e as articulações que nós temos. Que tudo seja em vista deste objetivo maior, de apoiar o povo trabalhador do campo a ali viver, ali permanecer e, também, a conquistar sua terra sonhada, a partir da reforma agrária. Na nossa assembleia, que vamos realizar em abril, vamos avaliar os três anos de caminhada e planejar os próximos três anos, incluindo a celebração dos 50 anos de criação da nossa CPT. Isto com certeza vai nos fortalecer neste compromisso com os pobres da terra. Inicialmente trabalhando com os camponeses, depois, a CPT foi trabalhando com os povos indígenas — onde o Cimi1 ainda não chega —, junto aos pescadores — onde o CPP2 ainda não chega —, e com todas as pessoas que trabalham no campo. Nossa perspectiva é esta: fortalecermos nosso trabalho e compromisso de defesa, ao lado das comunidades, não fazendo no lugar delas, mas acompanhando e contribuindo para fazer acontecer a conquista dos seus direitos. O ano de 2023 foi muito marcado pelo agravamento dos efeitos das mudanças climáticas, com destaque para a seca enfrentada na Amazônia, região de sua atuação mais direta. De fato, nós enfrentamos as consequências da crise climática, especialmente aqui na Amazônia, onde eu vivo e trabalho, mas também em outros lugares do Brasil, com secas e enchentes. Foi um alerta e um grito da natureza, que esperamos que tenha sido escutado por todas as pessoas, pelos governantes, igrejas e por todos os homens e mulheres de boa vontade, independentemente de ter ou não uma prática religiosa. Como é possível olhar com esperança para uma realidade tão desanimadora de empreendimentos danosos ao meio ambiente e à vida? Devemos manter, sim, esse olhar de esperança, porque ele nos faz agir e acreditar que é possível uma transformação, também no nosso cuidado com a Casa Comum, na continuidade da nossa luta em defesa dos nossos biomas. É manter essa esperança para dizer que ainda podemos, com a nossa participação, com a nossa luta, continuar enfrentando esses projetos danosos para a natureza, como são os projetos de exploração de petróleo e gás. Vamos precisar, em 2024, continuar sendo uma voz para dizer ‘Não’ à exploração do petróleo na foz do Amazonas. Precisamos continuar mobilizando as pessoas para dizer que não dá para continuar o desmatamento, seja na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga, nos Pampas ou na Mata Atlântica. Se a gente continuar desmatando como fizemos nestes últimos anos, corremos um sério risco de ter um aumento da temperatura, de um grau tal, que a vida na Terra pode ficar insuportável.  Mas temos que manter essa esperança, porque se nós, que somos da luta e compreendemos a defesa da Casa Comum, que defendemos a floresta em pé, se a gente parar e desanimar, aí é que as coisas se complicam. Vamos ter que continuar na luta, fazendo este trabalho de conscientização ecológica e defesa dos nossos biomas e dos nossos povos, e de tudo…
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Descomprometidos como atitude permanente

A falta de compromisso é uma atitude cada vez mais presente em nossa sociedade. A excessiva preocupação com nós mesmos faz com que fiquemos surdos e cegos diante do que acontece com os outros, diante de situações presentes em nosso mundo. Aos poucos fomos nos acostumando com aquilo que destrói a vida e consideramos que essas coisas têm que ser assim, não tem outro jeito. Ainda estamos nas primeiras semanas do ano e esse é um tempo para fazer bons propósitos, para nos questionarmos sobre a necessidade de novos olhares, de atitudes diferentes, de assumir outros compromissos. São sentimentos que tem que estar presentes em cada um e cada uma se realmente queremos que esse mundo que tanto criticamos, sempre colocando a culpa nos outros, possa mudar. As guerras, a violência, as mudanças climáticas, a falta de moradia, de saúde, de educação, de condições de trabalho… são alguns dos exemplos daquilo que está presente, muitas vezes bem próximo de nós. Como eu reajo diante dessas situações? Até que ponto me sinto atingido por essas realidades? Somos desafiados a refletir sobre nossa capacidade de empatia, de nos colocarmos no lugar dos outros, sobretudo no lugar daqueles que sofrem por diversos motivos. De fato, essa capacidade de empatia é o que define nossa condição humana, ainda mais o que demostra que acreditamos no Deus de Jesus Cristo, o Deus que se fez carne, que se fez com a gente, e também passou por momentos de sofrimento. A falta de humanidade tem a ver com a falta de capacidade para entender quem é o Deus de Jesus Cristo. Nunca seremos discípulos se não conseguirmos ser plenamente humanos, se não manifestamos empatia, compaixão diante do sofrimento alheio, uma atitude cada vez mais presente em nossa sociedade e que tem que nos levar a pensar nos caminhos que estamos trilhando em nossa vida. O individualismo exacerbado, que aos poucos quer ser imposto como a atitude a ser seguida, tem que nos levar a refletir, a pensar, mas também a fazer propostas alternativas de convivência que nos levem a poder viver e nos relacionarmos de um modo diferente, de um modo mais humano, mais cristão, um cristianismo inspirado na pessoa de Jesus, que nunca virou a cara diante do sofrimento das pessoas. Sempre é tempo de repensar, de reconduzir os caminhos da nossa vida, os caminhos da nossa sociedade. Pensar nos outros é o rumo certo, pois isso vai fazer com que possamos olhar o futuro com mais esperança, com maior confiança uns nos outros. Será que não vale a pena assumir esse jeito de viver? Será que a felicidade e o bem-estar de todos não é uma prioridade em minha vida? É tempo de pensar, de deixar para trás nossa falta de compromisso com aquilo que é de todos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: “Quando levantamos os olhos, vemos mais que o nosso pequeno mundo”

Citando as palavras do texto bíblico, que nos oferece um belo itinerário na solenidade da Epifania do Senhor, iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia. Os homens do oriente proclamam: “Nós vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”. E Mateus nos dizia; “Quando entraram na casa viram o menino com Maria, sua mãe, ajoelharam-se diante dele e o adoraram”. O arcebispo de Manaus lembrou que o profeta Isaías nos faz ver que “diante das dificuldades no regressar do exílio, o convite para levantar os olhos e ver. Na fragilidade e destruição era necessário levantar os olhos e ver. Ali, sinais da fidelidade de Deus, ali indicações de que Deus não havia abandonado o seu povo”. Levantar os olhos para ver: “esperança, chegou a libertação, voltamos ao lugar prometido aos nossos pais, voltamos à nossa terra. Esperança, pois também outros povos virão e oferecerão ouro, incenso e proclamando a glória do Senhor!”, insistiu Dom Leonardo. Segundo o cardeal: “somente quem levanta os olhos, vê para além dos horizontes imediatos, somente quem levanta os olhos vê as manifestações de Deus. Via no tempo do exílio e agora na terra e o templo destruídos. Com os olhos levantados, vê-se com o coração, nos diz Santo Agostinho”. No Evangelho, ele ressaltou que “os magos levantam os olhos e veem a estrela. Viram uma estrela, que os pôs em movimento, a caminho. São João Crisóstomo diz que os Magos não se puseram a caminho porque viram a estrela, mas viram a estrela porque se tinham posto a caminho, isto é, levantar os olhos, o olhar se ergue e vê. Levantam os olhos, estavam à procura, perscrutavam os céus e a estrela os encontrou. Mantinham o coração fixo no horizonte, podendo assim ver aquilo que lhes mostrava o céu, porque havia neles um desejo que a tal os impelia: estavam a procura: levantaram o solhos! Os magos levantaram os olhos, viviam com os olhos levantados e perscrutavam, por isso viram! ‘Vimos a sua estrela e vivemos adorá-lo’. Porque levantaram os olhos, colocaram-se a caminho e foram encontrados pela criança de Belém”. Dom Leonardo Steiner lembrou que “existem muitas estrelas, mas uma que ilumina o céu e a terra, guia pelos desertos, as cidades, os descampados, os vales, as pobrezas, os desvirtuamentos, as incertezas, os rumos, as destruições, as agressões à obra criada por Deus. Para vê-la os olhos devem buscar, abrir-se, na busca de ver”. “Quando levantamos os olhos, vemos mais que o nosso pequeno mundo, as dificuldades e problemas pessoas. Quando levantamos os olhos, nos colocamos a caminho e Deus se manifesta e despertamos para a alegria que nos vem ao encontro da parte do Menino que repousa em nossa humanidade. Os problemas da vida não desaparecem, mas sentimos que Deus nos concede as energias necessárias para caminhar com elas. Se fez um de nós e está no meio de nós. Ao levantar os olhos, vemos onde se encontra a razão da nossa fé, a razão de nossa esperança: o Menino de Belém”, afirmou o presidente do Regional Norte1 da CNBB. Citando o texto do Evangelho, o cardeal disse que os magos “ao levantarem os olhos, foram encontrados pela estrela e a ela os pôs a caminho. O levantar os olhos e ver a estrela os faz caminhar, procurar. Percorrem um longo caminho, vales, montes, desertos, paradas. Mas sempre com os olhos voltados para a estrela. Uma procura que se faz interrogação, leitura, perscrutação. A procura nas perguntas, nas informações, agitam Herodes e o palácio. Procura que acorda os entendidos nas Escrituras para o lugar do nascer de Deus. Mas apenas os que haviam despertado para a busca, colocam-se a caminho. Os outros não viram, apenas leram, sem entender. Viram a estrela que os levou a caminho, um caminho de procura”. Dom Leonardo Steiner destacou que “a viagem implica sempre uma transformação, uma mudança. Depois de uma longa viagem a pessoa não é a mesma. Os seus conhecimentos se alargaram, o encontro com as pessoas enriquece. As dificuldades e os riscos do caminho, quando os olhos estão perscrutando o horizonte, tornam mais decididos os passos, e o caminhar se fortalece. Perseverando no caminho e guiado pela estrela se chega ao lugar anunciado. Ali a estrela descansa, repousa, e nasce o encanto, admiração e a adoração”. “Caminhantes, procurantes, guiados pela estrela, são tomados de admiração quando entraram na casa e veem o menino e sua mãe. Na estalagem, na falta de quase tudo, na não casa, diante da simplicidade e pobreza: admiração. Admiração que se transforma em adoração. Como não adorar? Na singeleza, na simplicidade, no apenas de uma criança, no nada ter, tudo e a todos atrair, os joelhos se dobram.! Os joelhos se dobram diante do Deus feito finitude. Deus pobre, envolto em faixas não é apenas atrativo e admirável, é adorável. Depois de verem, apalparem a presença despretensiosa, gratuita, inocente, reverente, ajoelharam, o adoraram. E na adorar, de joelhos, oferecem ouro incenso e mira”, afirmou o arcebispo de Manaus. Ele lembrou que “ao verem, os magos ofertam seus dons: ouro incenso e mirra. Dons, que na pobreza, na pequenez e humildade do Menino revelam o verdadeiro mistério, maior que todas as riquezas do mundo. O ouro, a realeza do Menino, o incenso, a santidade divina e a mirra, a mortalidade. No ouro incenso e mirra, confessam o Menino como Rei, Deus e homem”. Explicando o significado, Dom Leonardo mostrou que “abriram seus cofres: com o ouro reconhecemos a dignidade e o valor inestimável do ser humano: tudo deve estar subordinado à sua fidelidade; o menino merece que se ponham a seus pés todas as riquezas do mundo. O incenso resume o desejo de que a vida desse menino desabroche e sua dignidade se eleve até o céu: todo ser humano é chamado a participar da vida de Deus, no Menino, é expressão de Deus. A mirra é medicamento para curar a enfermidade e aliviar o sofrimento: o ser humano necessita de cuidados e consolo, não de violência e agressão”, palavras…
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50 Jovens participam da VI Ação Missionária Sem Fronteiras em Manaus de 5 a 14 de janeiro

50 jovens de diversos estados do Brasil participam em Manaus de 5 a 14 de janeiro da VI Ação Missionária Sem Fronteiras, que tem como tema: “Jovens das igrejas locais aos confins do mundo”. Organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias, a Pontifícia Obra Missionária da Propagação da Fé e a Juventude Missionária, conta com o apoio da Arquidiocese de Manaus. O objetivo é “despertar o protagonismo missionário e fortalecer vínculos e a interação entre os jovens da Juventude Missionária de todo o Brasil”, uma das atividades pós Congresso Missionário Nacional 2023, que quer beber da espiritualidade da Igreja encarnada na realidade ecológica, cultural, social e eclesial da Amazônia. Ao longo de 10 dias, a Juventude Missionária terá a oportunidade de vivenciar nas comunidades da Arquidiocese de Manaus a experiência missionaria. Um tempo de missão marcado pelo reencontro, contemplação, partilha e celebração. A VI Ação Missionária Sem Fronteiras iniciou com uma Eucaristia presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, e um momento de formação, onde foi apresentada a História da evangelização da Amazônia, a realidade de Manaus, a espiritualidade missionária, a partir do tema: “Jovens das igrejas locais aos confins do mundo”, e como realizar a missão nas comunidades. Segundo o padre Genilson Sousa da Silva, secretário da Pontifícia Obra Missionária da Propagação da Fé, esta ação missionária conclui o ciclo iniciado um ano atrás, quando Manaus acolheu 240 seminaristas, alguns padres e bispos para a experiência Pés a Caminho, que “nos preparou para a gente celebrar o ano do Congresso Missionário em várias regiões do país, mas também o Congresso Missionário Nacional”. Ele destacou o “ardor missionário que está no coração, na vitalidade, no compromisso desses pequenos grupos nas nossas paróquias e dioceses”. Uma experiencia da Juventude Missionária que nasceu em 2016, para “além da nossa realidade a gente puder se encontrar com outra realidade”, que tem sido realizada em cada uma das cinco grandes regiões em que se divide o Brasil, lembrou o padre Genilson Sousa. Uma experiência que é “momento de conexão, de partilha, de convivência”, e que ajuda os jovens das igrejas locais a viver a experiência de uma Igreja em saída. A Juventude Missionária organiza experiências missionárias em nível diocesano e estadual, que em 2024 tem como tema “Ide, convidai a todos para o banquete”, em sintonia com o Mês Missionário. Neste ano, a Igreja do Brasil, a través da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vai promover diretrizes e formações para despertar na juventude o ardor evangelizador, lembrou o secretário da Pontifícia Obra Missionária da Propagação da Fé, que fez um chamado a fazer esse anúncio missionário no mundo digital. Uma juventude que “nos ajuda a perceber a dinâmica na evangelização da nossa Igreja, que acontece para, mas também com as juventudes”, segundo o padre Matheus Marques, coordenador do Conselho Missionário Diocesano de Manaus, que destacou a importância dos jovens chegados de diversas partes do país se inserir nesse modelo de evangelização, modelo de Igreja que está na região amazônica. Um conhecimento da realidade que esteve presente, segundo ele lembrou, na Experiência Pés a Caminho e na semana previa ao V Congresso Missionário Nacional. Os jovens participantes dizem trazer “um coração aberto para vivenciar e experimentar novas experiências, e principalmente agregar novos aprendizados”, segundo Caio Eduardo, de Presidente Figueiredo (AM), que fez um chamado a “esvaziar os preconceitos e vir para a Amazônia abertos a ouvir e ao diálogo com as pessoas que aqui estão”. Chegado do Rio Grande do Sul, Isaac Goulart diz esperar “aprender com a Igreja da Amazônia como superar alguns desafios, como é a vivência em comunidade a partir da sua realidade, e também desconstruir muito do que a gente traz na bagagem a partir do que é a Amazônia, o que é a Igreja daqui, e também levar todos esses ensinamentos para a Igreja do Rio Grande do Sul”. Matheus Castro, da Bahia, vê a VI Ação Missionária Sem Fronteiras como uma oportunidade para compartilhar culturas e experiências através das ações missionárias que vão ser realizadas. Ele espera que “a gente possa sair daqui com a alma cheia do Espírito Santo e levando um pouco da cultura e das experiências daqui para nossas comunidades”. Finalmente, Giovana Falsarela, de São Paulo, além de conhecer todo mundo e fazer muitos amigos, espera “aprender muito e também poder contribuir para essa ação tão bonita da Juventude Missionária”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “No Dia Mundial da Paz como deixar de gritar para que deixem em paz os povos indígenas”

Na Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, no Dia Mundial da Paz, Dom Leonardo Steiner iniciou sua reflexão afirmando que “a Igreja expressa e celebra, jubilosa, a identidade mais profunda, misteriosa e encantadora, mas, também dramática de Maria: Mãe de Deus! A Mãe de Jesus, a Mãe de Deus e, por extensão, nossa Mãe; a Mãe do Príncipe da Paz, Mãe do Menino de Belém, Mãe do Crucificado: na mãe de Deus, a nossa mãe!”.  Segundo o arcebispo de Manaus, “a Mãe de Deus nos recorda a graça da encarnação, o olhar benevolente de Deus, a presença da Paz e da concórdia. Ela como Mãe de Deus continua a oferecer-nos o Filho, como acolhimento, graça, benção e paz. No Filho não estamos desamparados, mas sempre guardados e abençoados”. O cardeal lembrou que “o Evangelho, mais uma vez, nos apresenta os pastores visitando o Menino de Belém. Eles seguem a boa notícia, aceitam o convite para a averiguação da presença do Salvador. São esses homens e essas mulheres que diante do maravilhamento e da confirmação da presença do Salvador, louvam, bendizem, agradecem. Sentem-se acolhidos e abençoado, pois ouviram o anúncio da paz”. Por isso, Dom Leonardo ressaltou que “os pastores nos mostram o paradoxo do ser cristão: o Salvador vem como um menino, indefeso, deitado numa manjedoura, envolto em faixas pobres, em meio a animais. Um Menino visitado pelos pobres e esquecidos da sociedade, se tornará o pobre Crucificado, o Cordeiro de Deus. Aos mais humildes, pequenos e marginalizados de Israel começou a brilhar, a nova luz que brilhará como salvação na Cruz e no túmulo vazio. A salvação nasce da fraqueza e com a fraqueza, da pobreza e com a pobreza, com o despojamento. A paz é possível onde há almas desarmadas, onde a diferença é graça, onde a harmonia brota da despretensão do poder e do domínio. A paz se retrai diante da prepotência, da ganância, do poder, das armas”. “No Evangelho proclamado, vemos Maria guardando, recolhendo, cuidadosamente todos os aconteceres em seu coração. Recolhida, via e ouvia tudo, buscando nos acontecimentos-palavras um sentido, os sinais da salvação. E ela a recolher tudo em si, na busca de deixar que tudo fale, tudo direcione, tudo ilumine com a clareza e clarividência, transparência e pequenez, da nudez de Deus no mundo. Sem saber o que dizer, sem saber o que pensar, apenas no silenciar-recolher está ela na receptividade de em tudo fazer a vontade de Deus. Ela a meditar e a recolher; e o Menino fazendo brotar maravilhas”, disse o presidente do Regional Norte1 da CNBB. Falando sobre o ano que se inicia, ele destacou que “para nós que estamos na expectativa do ano vindouro, o recolher de Maria, nossa Mãe, ajuda a encaminhar os passos dos acontecimentos do porvir. Estamos na receptividade das manifestações e estamos na vigilância de quem está à espera do nascer e renascer da vida também nas tensões e ilusões, nas alegrias e esperança, na decepção-desolação, no amor e na fé. A nossa Mãe a nos indicar o modo do caminhar, de abrir veredas: nada de antecipação, de desespero, de dissintonia, mas abertura de quem deseja auscultar as ações de Deus nas próprias ações. No recolher, esperar, esperançar! Um silêncio ativo e altivo!”. O cardeal Steiner disse que “ao saudarmos hoje a nossa Mãe como a Mãe de Deus, a Theotokos, afirmamos o desejo de com ela aprendermos a ler a história, os acontecimentos, guardando as maravilhas da ação de Deus em nós e entre nós. Não temeremos os dias mais difíceis, as guerras, as mortes, pois desejamos ouvir e ver Deus, como a fez a Mãe de Deus”. Ele a definiu como “Mãe de Deus, silenciosa, acolhedora, repassando tudo em seu coração diante de Deus. Nada escondeu, de nada se esquivou; nenhum ressentimento, nenhum desconsolo, nenhum sentimento de amargura, de solidão. Tudo límpida e transparente diante de Deus: Eis aqui a tua serva! Não deixou a vida à mercê do medo, do desânimo ou da desilusão. Nada de fechamento, nem esquecimento, mas rememoração, meditação, diálogo com Deus. E Deus a habitar nas aflições e nas alegrias. O caminho da Mãe de Deus, nosso caminhar: meditando, recolhendo, sem desprezar a nada das alegrias e das aflições, sabedores da presença de Deus e que nele colocação nossos corações”. Comentando a segunda leitura, o arcebispo de Manaus ressaltou que “São Paulo anuncia o cumprimento do tempo messiânico: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho… (Gl 4,4). E Maria no meio das vicissitudes do tempo, nas contrariedades, escutou a plenitude dos tempos. O nosso desafio será experimentar essa plenitude no meio das dificuldades do nosso dia a dia, no ano que anuncia; dispor-nos a acolher o mistério da humanidade e da humildade de Deus, do Deus Menino, nas contrariedades, nos descompassos da história, na mudança de época. Talvez, também nós experimentaremos a plenitude de nosso tempo que é a nossa Paz. A plenitude do tempo se estivermos na escuta, no recolhimento e na guarda como a Mãe de Deus. Se vivermos sempre de novo, a cada amanhecer, o irromper da plenitude de nosso tempo. Celebrar a Mãe de Deus, significa dispor-nos a abrir a nossa vida para que a plenitude do tempo, a presença do Menino Deus, se aconteça nos apertos e alívios, nas alegrias e tristezas de cada dia (Gl 4,4-7)”. Dom Leonardo lembrou que “na Solenidade da Mãe de Deus, celebramos o Dia Mundial da Paz”, afirmando que “a paz será realidade, quando superarmos a indiferença com a cultura de solidariedade, do amor, da justiça, da fraternidade e da misericórdia. A cultura que supera a indiferença, a dominação, o poder, a violência, a ganância. Uma cultura que promove a política do bem comum, que não despreza os pobres, que acolhe os imigrantes, que não descarta a humanidade por raça, gênero, cor, religião. A paz é perturbada pela economia que mata e descarta, pelos julgamentos injustos e de interesse, pela política que beneficia a grupos, negocia o voto e perde o horizonte…
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Dom Leonardo: “É na família que somos encarnados no mundo, que vamos construindo mundos”

Relatando o acontecido na Apresentação de Jesus no Templo iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia da Festa da Sagrada Familia. Ele disse que “Maria e José levam Jesus menino ao templo, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Colocam-se a caminho de Jerusalém para consagrar e resgatá-lo oferenda dos pobres: um par de rolas ou dois pombinhos. Ao oferecerem os dons no Primogênito, recebem a admiração e gratidão de dois anciãos que fazem memória das promessas e, ao mesmo tempo, rendem graças por Deus ter cumprido o que prometera”. Relatando a cena, o arcebispo de Manaus disse que “Maria e José entram no templo com o Menino e encontram Simeão e Ana. A família do Menino que se apresenta para consagração e resgate; é o Menino que nos braços de Maria vai ao templo, e encontra o piedoso e justo Simeão e a profetisa Ana. São encontrados pelo Menino Deus que visibiliza a realização das promessas feita aos patriarcas e anunciado pelos profetas. Ele lhes vai ao encontro e eles são tomados de admiração e exultação, de ação de graças”. Dom Leonardo reparou na atitude dos anciãos, dizendo que “Simeão e Ana estão maravilhados diante da manifestação de Deus no Menino que vem carregado nos braços: Deus enviou o seu Filho nascido de uma mulher, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. (Gl 4,1-7). Eles são testemunhas do cumprimento do amor e da fidelidade de Deus. São verificadores e cantadores da graça de no Filho serem agora filho e filha”. Citando o texto do Evangelho, o cardeal lembrou que Simeão quer dizer: “ele ouviu”, “ouvinte”. Segundo Dom Leonardo, “Ele ao ser conduzido pelo Espírito ao templo, mais que viu, ouviu. Ao ver, escutou o cuidado de Deus para com seu povo, pois nova presença, finalmente realização das promessas. Os passos do Escutante são movidos pelo Espírito que leva ao encontro da salvação esperada e ansiada. Encontrado pelo Menino, o toma nos braços, louva e bendiz com gratidão: ‘Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz: porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos’. No admirado e encantado Simeão, vemos todos os homens e todas as mulheres que se alegram com a presença de Deus que se move em nossa carne e fragilidade”. “Cumpridas foram as promessas, chegou a libertação e salvação para o povo. A admiração e louvor, pois chegou a Luz para iluminar a humanidade, chegou a glória verdadeira de Israel. Na admiração e louvor de Simeão estão todas as gerações abraâmicas, todos os povos que esperaram a salvação. Na admiração do homem do Espírito vai também nossa admiração, nosso louvor, nossa gratidão”, enfatizou o presidente do Regional Norte1 da CNBB. O arcebispo de Manaus também lembro de Ana, relatando o texto que faz referência a ela, definindo-a como “a graciosa atingida por uma vida de tribulação, de pobreza e desamparo, mas tomada de esperança. Jovem viúva, perdedora do amor, se aconchega em Deus, a quem entregava o nada do não ter. Nele toda a confiança e segurança! Permaneceu na sua viuvez e desamparo nas cercanias da casa do Senhor oferecendo o esvaziamento de si mesma com os jejuns e a elevação dos sacrifícios pelas preces”. Segundo Dom Leonardo, “Dia e noite, com todos os tempos e espaços que lhe eram oferecidos, estava ela na exposição de Deus, como estar à espera do Amor; como se estivesse à espera do seu Amado. Ana, cheia de graça, que havia apreendido a olhar com o olhar de Deus, a esperar com o tempo de Deus, a plenitude do tempo. Ela a íntegra, a perseverante, a inteira, a disponível, a desejosa, a obediente, a audiente; disponível e inteira diante de Deus, justamente na sua pobreza de nada ter, e tudo ser em Deus. “Não saia do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações”; magnifica: mais de Deus que dela mesma, toda inteira diante da face de Deus-menino, a libertação de Israel”. Continuando com o texto, ele destacou que Ana, “nem o tomou nos braços, não necessitou olhá-lo, sentiu o cheiro, o odor de Deus, na corporeidade do semblante sereno e translúcido de Deus-criança e irrompe em louvor e ação de graças: finalmente, Deus meu! Nasceste, Libertador! E a todos anunciava, a todos dizia, a todos proclamava: chegou a libertação, chegou a libertação. E nela vemos as gerações e gerações de mulheres à espera de gerarem o Filho de Deus. E a velha profetisa perdeu a viuvez, tomada pela riqueza de Deus ter sido gerado. Ela por inteira, tomada de admiração e gratidão!”. “Admiração e gratidão pela presença da Salvação. Presença salvadora que desperta a gratidão. Gratidão é próprio de quem se apercebe agraciado, cuidado, acolhido. Gratidão nasce em quem foi e é amado gratuitamente. Um amor sem porque, sem para quê, sem justificativas, sem saber por que amado, amada. Gratidão como expressão da correspondência de amor. No Pequenino apresentado no templo, Simeão e Ana rejubilam, agradecem. Gratidão, nascida da grandeza e da singeleza do encontro templário. Esses sábios da espera e da esperança, tomados, invadidos pela admiração e a gratidão”, enfatizou o cardeal. Segundo ele, “é a gratidão que move os grandes homens e as grandes mulheres. Eles encantaram-se com o amor Deus manifestado, apresentado no templo carregada nos braços da nossa humanidade. Diante de tanto amor, do nada e do pouco de Deus, diante de tamanha doação: admiração, gratidão!”. Falando da admiração de José e Maria, ele disse que “a admiração e a gratidão que fazem da família de Nazaré espaço de salvação para todo o povo. Agora a família de Nazaré que se faz família de Israel, família da humanidade. Na família de Nazaré todas as famílias com todas as gerações, passadas e futuras. Deus visitou o seu povo e o libertou!”. Dom Leonardo fez um chamado a “sermos tomados pela admiração! Sermos em nossas famílias tomados pela admiração! Significa, abrir-se aos outros, compreender as razões, os…
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Dom Mário Pasqualotto exige providências diante de novo assalto na Fazenda da Esperança de Maues

Diante de mais uma tentativa de assalto na Fazenda da Esperança de Maues, Dom Mário Pasqualotto, bispo auxiliar emérito de Manaus, que acompanhas as Fazendas da Esperança no Estado do Amazonas denunciou uma situação que já se repetiu por seis vezes nos três anos e meio em que funciona a Fazenda em Maues, manifestando sua tristeza diante do acontecido, pedindo a reação do povo diante de tanto roubo para que as autoridades e a polícia tomem providências. O bispo, que trabalhou como missionário em Maues de 95 a 98, não descarta a possibilidade de fechar a Fazenda da Esperança em Maues, manifestando o desejo de alguns dos internos de ir embora por medo diante do que está acontecendo, algo que ele diz entender. No último assalto, acontecido na noite desta sexta-feira um dos vigias foi vítima de um tiro de espingarda e teve ser levado para o hospital da cidade. Segundo Dom Mário Pasqualotto, os roubos em Maues se tornaram algo comum. A Fazenda da Esperança de Maues, em consequência da maior seca que já sofreu o Amazonas em mais de cem anos, ficou com grande dificuldade de acesso, disse o bispo, que relatou o fato acontecido na noite da última sexta-feira, mostrando sua preocupação e denunciando que “a gente vai lá para fazer o bem e nos roubam”. Ele denuncia a pouca presença policial em Maues e os poucos meios para realizar seu trabalho, um município com uma população de 66 mil habitantes, segundo dados do IBGE, tendo realizado diversas cobranças ao Governo Estadual e a Secretaria de Segurança do Estado, em vista de maior policiamento e controle. Ele insistiu várias vezes na necessidade do povo se manifestar e exigir responsabilidades ao poder público. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

“Um apaixonado por Cristo” que viveu as bem-aventuranças: o funeral de Padre Edy Savietto na catedral de Treviso

O missionário ‘fidei donum’ de nossa diocese faleceu no último dia 20 de dezembro em Pacaraima, Brasil, onde havia iniciado sua missão há cerca de um ano   “Um apaixonado por Cristo“. Era assim que o Pe. Edy se definia. Foi assim que Dom Michele Tomasi, da Diocese de Treviso, começou sua homilia esta manhã na Catedral de Treviso para o funeral do Pe. Edy Savietto, o sacerdote ‘fidei donum’ que morreu repentinamente de um ataque cardíaco em Pacaraima, Brasil, no dia 20 de dezembro. Uma característica que todos reconheciam no Pe. Edy, tanto na diocese de Treviso quanto na diocese de Roraima (Brasil), onde ele havia chegado há pouco mais de um ano para iniciar uma missão em Pacaraima (Brasil), uma área de fronteira com a Venezuela, em estreita colaboração com as dioceses de Vicenza e Pádua. “Era difícil não ficar impressionado, e até mesmo fascinado, por seu modo de fazer as coisas, que era uma manifestação de seu modo de ser. Ele era naturalmente capaz de estar com as pessoas. Esse foi um grande dom do Pe. Edy, recebido de sua família. Mas a partir de seu encontro com Jesus, essas características e dons, recebidos como um presente, tornaram-se, por sua vez, um presente gratuito e apaixonado dirigido a todos”, disse o bispo. Concelebraram com Dom Tomasi os bispos de Pádua, Dom Claudio Cipolla; de Vicenza, Dom Giuliano Brugnotto; de Piacenza, Dom Adriano Cevolotto; Dom Alberto Bottari De Castello, ex-núncio na Hungria; Pe. Lucio Nicoletto, vigário geral da diocese de Roraima, que leu uma mensagem do bispo de Roraima, Dom Evaristo Pascoal Spengler (que celebrou o funeral do Pe. Edy em Boa Vista em 21 de dezembro), e no final da celebração expressou uma lembrança do Pe. Edy em nome de todos os sacerdotes e fiéis de Roraima que o conheceram e trabalharam com ele. Junto com eles, o Pe. Lorenzo Dall’Olmo, sacerdote originário da diocese de Vicenza, que está em missão em Roraima há pouco mais de dois anos, e o Pe. Mattia Bezze, de Pádua, também sacerdote ‘fidei donum’ em Roraima, que compartilhou a missão com o Pe. Edy. Havia muitos padres concelebrando de toda a diocese. Muitas autoridades estavam presentes, desde o ministro Carlo Nordio, até os prefeitos de Treviso, Mario Conte, de San Biagio di Callalta, Valentina Pillon, e de outros municípios onde o Pe. Edy exerceu seu ministério. “Com ele, tinha-se a impressão de que a vida era de fato intensa, plena. E se percebia claramente que tudo era um viver para o Senhor, um ‘ser para o Senhor’”, sublinhou Dom Michael, delineando a figura do Pe. Edy. “Era assim em suas atividades quando estava na paróquia, era assim em sua pronta e generosa aceitação do pedido para ir em missão, era assim nesses meses em Pacaraima e na gratidão quase infantil por ter sido enviado em missão, que ele nunca perdia uma oportunidade de me mostrar”. “De várias partes, nestes dias, me fizeram a pergunta: O que o Senhor quer nos dizer com esses eventos, com as mortes com tão pouco tempo de diferença, de sacerdotes em seu auge, dedicados e comprometidos como o Pe. Edy e o Pe. Davide, e antes disso o Pe. Raffaelle?” A pergunta ressoou na catedral e foi repetida pelo bispo Tomasi, que enfatizou: “Não tenho a pretensão de responder a essa pergunta, pelo menos sozinho: encontraremos a resposta, acredito, juntos, buscando os fundamentos de nossa fé e nosso testemunho como discípulos missionários. No entanto, sei que o Senhor já falou na vida desses nossos irmãos sacerdotes, como na de tantos outros, quando os chamou para segui-lo de perto, em uma vida dedicada a Deus, à Igreja e a seus irmãos e irmãs, para proclamar o Evangelho a todos e viver uma vida de acordo com a Boa Nova de Cristo. Para o nosso presente”, acrescentou o bispo, “a partir da meditação orante sobre a vida e a morte desses nossos irmãos, a realidade se torna mais clara e evidente para mim que nós, humanos, somos seres maravilhosos e frágeis, que somos chamados a viver intensamente e a não desperdiçar nossas vidas com coisas inúteis, e que nossa primeira tarefa é cuidar uns dos outros e amar uns aos outros“. “Gosto de interpretar a vida do Pe. Edy”, concluiu Mons. Tomasi, referindo-se ao Evangelho das Bem-aventuranças proclamado durante a celebração, “como a tensão contínua em direção à pobreza de espírito e ao amor pelos pobres; em direção à mansidão e à construção de relações sólidas de confiança; em direção à fome e à sede de justiça e à abertura de lugares onde se pode captar a verdade e a beleza dos fatos; em direção à misericórdia para com cada pessoa e toda a criação; em direção à pureza de coração com a qual se olha a vida e as pessoas. Gosto de ler sua vida como um bom caminho, que deixa sua marca com passos tenazes e diários em direção à paz, no compromisso até mesmo oneroso com a justiça e na aceitação madura das contradições que surgem ao sermos autênticos discípulos de Cristo, testemunhas de sua obra. Que o Senhor, que chamou o Pe. Edy para essa experiência de fé, esperança e caridade, lhe conceda o nome de ‘beato’ e o acolha na alegria do Reino. E nos sustente em nossa jornada”. Antes da bênção final, houve também a lembrança dos dois irmãos do Pe. Edy, Oscar e Cristian, que pediram apoio para os projetos em favor dos jovens e das mulheres que ele havia iniciado em Pacaraima, a paróquia onde ele viveu e trabalhou por menos de um ano. Assessoria de Imprensa Diocese de Treviso