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Dom Miguel Cabrejos: “Quando há pessoas que têm medo da horizontalidade, eu não entendo”

A Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que acaba de concluir sua primeira etapa, pode ser vista como uma novidade por alguns dos participantes, mas não por Dom Miguel Cabrejos, que durante seus anos como presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe promoveu essa dimensão sinodal na Igreja através do Processo de Renovação e Reestruturação do CELAM, da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, das assembleias continentais e de tantos outros momentos que podem ser considerados referências no caminho dessa Igreja sinodal que o Papa Francisco está promovendo. A referência da Primeira Assembleia Eclesial O presidente da Conferência Episcopal Peruana insiste em que “tudo é um processo, um processo que começou há muito tempo“. Nesse caminho, ele destaca a Primeira Assembleia Eclesial, que, segundo ele, foi “não apenas uma experiência, mas um testemunho autêntico de sinodalidade, onde 20% eram bispos, 20% sacerdotes e diáconos, 20% religiosos e religiosas e 40% leigos e leigas”. Lembrando as palavras do Papa de que se tratava de algo sem precedentes, o Arcebispo de Trujillo enfatizou que, além de ser apreciado na época, “foi muito apreciado aqui, na Sala Sinodal. Vários grupos de trabalho trouxeram à luz o testemunho daquela Primeira Assembleia Eclesial”. Dom Miguel Cabrejos insiste que se trata de um processo, “continuamos com este processo sinodal e é uma experiência já vivida, é como reviver algo que já fizemos, e talvez não seja algo novo para nós, como é para outros continentes, ou para muitos bispos, algo totalmente novo”. Com relação ao tema, que já foi analisado e refletido, “também foi, em grande parte, um tema que já surgiu na Primeira Assembleia Eclesial“. O prelado peruano destacou que a Assembleia Sinodal “é enriquecedora, um mês intenso de grande escuta, não só de um continente, mas dos cinco continentes e das Igrejas Orientais, uma experiência repetitiva, mas ao mesmo tempo valiosa e enriquecedora”. Uma experiência eclesial Sobre o que a América Latina e o Caribe contribuíram para a sinodalidade, Dom Miguel Cabrejos destaca o processo que foi realizado, algo que o Cardeal Grech e o Cardeal Hollerich valorizaram publicamente, afirmando que “esta assembleia eclesial sinodal não teria sido possível se não houvesse uma boa base na preparação e no desenvolvimento da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe“. De acordo com o ex-presidente do CELAM, “a grande contribuição é que foi uma experiência eclesial e este Sínodo é de fato eclesial, é o Sínodo dos Bispos, mas ao mesmo tempo é uma experiência eclesial, porque há religiosos e religiosas, sacerdotes, poucos é verdade, e leigos, mas eles estão lá, e eles têm voz e voto”, destacando isso como a contribuição da América Latina e do Caribe. Também destacou que “a metodologia utilizada é a metodologia utilizada na Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e nas regiões”, insistindo na experiência das quatro regiões. “O método da conversação espiritual já foi utilizado na América Latina, como experiência, como testemunho“, enfatiza. Seguindo o caminho do Vaticano II Diante dos possíveis temores de uma Igreja sinodal, o Arcebispo de Trujillo diz abertamente que “não devemos ter medo de nada, porque certamente tudo o que foi feito, e o que está sendo feito agora, porque ainda não está terminado, está centrado nos grandes documentos do Vaticano II, na Lumen Gentium, na Gaudium et Spes”. Dom Miguel Cabrejos não hesita em afirmar que “o tema da sinodalidade é o Vaticano II, o tema do Povo de Deus é o Vaticano II, o tema da Igreja no mundo é o Vaticano II”. Por isso, insiste em que “nada está fora do Magistério, nada está fora da Igreja, nada está fora da Bíblia”, destacando que “a palavra sinodalidade não existe na Bíblia, a palavra Sínodo está uma vez nas cartas de São Paulo, mas a Bíblia é muito rica em testemunhos de sinodalidade, no Antigo e no Novo Testamento”. Isso aparece “nessa maneira de estar juntos, de dialogar, é o método de Cristo, Cristo primeiro se encarnou e depois caminhou com o povo, dialogou com o povo e perguntou ao povo”, enfatiza o arcebispo peruano. De acordo com ele, “é um falso medo que eles têm, não há perda de ministerialidade, se você é um bispo, você é um bispo, se você é um pároco, você é um pároco, mas é enriquecido por uma grande escuta. Ouvir seus fiéis, ouvir seus sacerdotes, ouvir os outros, a sociedade, e depois agir. Mas, no final, é um produto da escuta e não apenas de uma decisão pessoal”. Por isso, “quando há pessoas que têm medo da horizontalidade, eu pessoalmente não entendo“. Fazendo o que Jesus fez e faria agora Nesse sentido, assinala que “pelo fato de ser religioso, franciscano, o religioso compreende melhor o tema sinodal. É a vida das comunidades, dos capítulos conventuais, dos capítulos provinciais, dos capítulos continentais e universais”. O medo, “talvez seja uma falsa percepção que eles têm”, ressalta, porque “há uma grande riqueza nesse momento de proximidade, não só de escuta, não só de discernimento, mas de proximidade com o povo“. De acordo com o presidente do episcopado peruano, “estamos fazendo o que Jesus fez e o que Jesus faria neste momento”. Como alguém que conhece a Igreja no continente, ele insiste que “como Igreja na América Latina e no Caribe, o processo tem que continuar, tem que ser mais nutrido, tem que ser mais fortalecido, não pode permanecer como algo que foi feito, uma página de um grande testemunho, essa forma de episcopado com o povo tem que ser continuada”. Em suas palavras, destacou a importância do Magistério da América Latina e do Caribe, que considerou muito rico, citando as cinco assembleias episcopais e a Primeira Assembleia Eclesial. Continuando com a mesma metodologia Nesta nova etapa do Sínodo, ele insiste que “deve continuar com este tipo de metodologia, de consulta, de escuta, de discernimento, de proximidade, de enriquecimento teológico, bíblico, litúrgico e patrístico”, afirmando que “isso enriquecerá muito mais, a Liturgia não pode estar fora desta proximidade, desta…
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650 jovens participam do Congresso da Juventude na Diocese de Borba

A diocese de Borba realizou de 27 a 29 de outubro na paróquia de São Joaquim e Sant´Ana da cidade de Autazes o Congresso da Juventude, com o tema “Juventudes, fontes de vocações”, e com o lema: “Corações ardentes, pés a caminho”. Do encontro, que no último dia celebrou o Dia Nacional da Juventude (DNJ), participaram 650 jovens de todas a diocese. Segundo Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, bispo diocesano de Borba, que fez um chamado aos jovens a se perguntar sobre como descobrir sua vocação, que se concretiza de diferentes modos, apresentando os pontos fundamentais do 3º Ano Vocacional: escutar, discernir, decidir, foram três dias de formação, espiritualidade, animação, shows e palestras. O bispo agradeceu a mensagem do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional do Bispos do Brasil. Em sua mensagem, o cardeal destacou que a juventude da diocese de Borba, “se reúne, se congrega para poder refletir sobre os passos vocacionais”, lembrando o tema do congresso. Dom Leonardo Steiner destacou a importância do congresso como “momento de congraçamento, de congraçamento da vida do Evangelho e que vocês ajudem a crescer à Igreja”. Lembrando sua participação na primeira etapa da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, realizado no Vaticano de 4 a 29 de outubro, em representação dos bispos do Brasil, ele destacou que “temos abordado mais uma vez a presença dos jovens na Igreja, e vocês ao se encontrarem e ao estar em Congresso, ajudem à Igreja a realmente ser uma Igreja missionária, e que cada um possa diante de Deus receber o dom da vocação e viver essa vocação”. Finalmente, o cardeal insistiu aos jovens que “vocês são as fontes das vocações para nossa Igreja”.   Segundo Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, os jovens, que refletiram sobre as diferentes vocações com a orientação de diversos assessores, lhes convidando a buscar um projeto de vida, ficaram felizes com a mensagem do cardeal Steiner enviada desde Roma, e “agradeceram a comunhão e sinodalidade”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mauricio López: conversão sinodal a partir dos 5 C’s: Composição, Configuração, Colaboração, Comunhão e Concretude

O atual itinerário do Sínodo da Sinodalidade, que acaba de concluir a primeira sessão de sua Assembleia, é considerado por Mauricio López como sem precedentes por várias razões, insistindo em “reconhecer o que tem sido um processo de construção de uma Igreja universal, mas com valiosas contribuições provenientes da Igreja latino-americana e especificamente do Sínodo da Amazônia, bem como de outras experiências continentais”. A partir de sua experiência pessoal, ele diz que pode “identificar a força do modelo de escuta que mudou a maneira de se preparar para esta Assembleia e uma ampla participação que também é válida hoje neste Sínodo”. Composição Em seu discernimento, ele identifica cinco C’s que permitem uma leitura integral do processo, tanto do que foi vivido, quanto do que está em construção e em direção a horizontes futuros. O primeiro é “Composição“, afirmando que “o processo anterior teve uma composição diferente. Por um lado, com uma participação nunca alcançada, pelo menos no caso das conferências episcopais, que chegou a quase cem por cento delas, e dos dicastérios vaticanos, que tiveram uma participação sem paralelo em qualquer processo anterior, embora reconhecendo as limitações em termos de alcançar grandes parcelas do povo de Deus que permanecem como enormes desafios”. Ele também ressalta que “o gênero dos documentos que foram criados é um novo gênero narrativo, que contribuiu com outro tipo de composição, com muito mais identidade e reconhecimento das vozes recolhidas do Povo de Deus e, portanto, um reflexo mais vivo do que é a Igreja como um todo e onde vibra sua vida”, onde ele diz que também vê uma contribuição do Sínodo da Amazônia na forma como o Instrumentum Laboris foi construído com uma alta fidelidade ao que as vozes consultadas nas fases de escuta expressaram. Mauricio López destaca as assembleias continentais como “outra nova composição diante do processo preparatório e que ajudou a ter uma visão ampliada, não só das igrejas particulares, mas em nível regional”, o que, segundo ele, fez uma grande diferença na disposição interior, na abertura e na capacidade de entender o processo daqueles que agora estão na fase de Assembleia. Da mesma forma, “a maneira como a Igreja Católica discerne”, afirmando que “embora não tenha deixado de ser um Sínodo dos Bispos, a composição estendida e ampliada, com 25% de não-bispos, com uma alta presença de mulheres em comparação com outros sínodos, mostra uma grande novidade”. Configuração Em segundo lugar, a “Configuração“, que ele define como “um novo estilo de procedimento, que reflete, mesmo fisicamente com a acomodação na sala sinodal tão valorizada, a intenção da Igreja de estar buscando outra maneira de assumir o chamado para agir e como discernimos juntos as questões mais urgentes e necessárias para toda a Igreja”. Nesse ponto, ele pergunta o que significa a sinodalidade hoje, a diversidade vivida nos grupos, nas mudanças de grupo a cada três ou quatro dias, no perfil dos facilitadores, que ele vê como “uma configuração diferenciada, inédita e que está nos ensinando muito para que, esperamos, não retrocedamos naquilo que gera maior proximidade, confiança e transparência no compartilhamento”. “A configuração dos processos ao longo deste Sínodo esteve associada ao que temos visto fisicamente, as mesas, como um banquete festivo, em pequenos grupos como as primeiras comunidades ao redor de Jesus”, segundo o coordenador dos facilitadores na Assembleia Sinodal. Ele também ressaltou que “o método da conversa no Espírito fala de outra configuração na forma de abordar os temas e na disposição em que as pessoas experimentam a escuta e a construção de um sentimento comum para pensar em formas de agir no futuro com um elemento de consenso”. Colaboração Outro C é “Colaboração“, lembrando que significa trabalhar em conjunto, algo muito importante porque “todo o processo de discernimento foi trabalhado de uma maneira particular, a partir da diversidade, de visões diferentes, de encontros improváveis, até mesmo de espaços entre pessoas que, de outra forma, teriam sido impossíveis, onde posições opostas e até mesmo conflitantes foram colocadas no centro da mesa a partir da questão de saber se podemos ser uma Igreja em comunhão, apesar de diferenças aparentemente irreconciliáveis, e trabalhar juntos em busca de uma perspectiva comum”. Como ele explica, “a maneira pela qual todo esse processo foi tecido gerou uma colaboração que está se tornando irreversível, em minha opinião, pelo menos assim espero”. Comunhão O quarto C é “Comunhão“, que, “sem ingenuidade, é algo que está em construção, e talvez sempre estará na lógica de como Deus consolida sua Igreja”, já que “é verdade que há uma comunhão real e sentida como fruto desse processo, mas é uma comunhão que terá de ser sustentada ao longo do tempo para impulsionar as fases subsequentes e não permanecer uma lembrança agradável e bonita, mas tornar-se o motor que nos leva a cuidar do que vivemos e compartilhá-lo”. Nesse sentido, ele ressalta que, em uma chave espiritual, “temos a sensação e a certeza de que o Espírito Santo esteve presente, a Ruah divina, mas é importante que isso se expresse além da gratidão e da alegria, deve se tornar um convite à frente, coerente com o que o grito da realidade está nos pedindo. Essa fraternidade exige honestidade e profunda coragem para levar os processos adiante. Concretude Finalmente, o último C é “Concreção“, uma ponte aberta que leva à questão da concretude que será alcançada como fruto desse processo. “A gravidez de onze meses de que se fala é um grande desafio. Todo esse processo vai se confirmando ao longo do tempo, mas pode se desfazer dependendo se essa concretude for alcançada ou não. Esse processo é altamente sensível, porque precisa tornar seu caminho concreto e visível”, de acordo com Mauricio López. Aqui ele afirma que “toda a Igreja tem uma grande responsabilidade, as igrejas particulares com aqueles que participaram do processo anteriormente, na recepção da síntese”, que ele considera fundamental. A isso acrescenta “o intenso pedido de fazer todo o possível para chegar àqueles que ficaram de fora do processo, há muitas pessoas que dizem que não foram…
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Cáritas Coari realiza sua Assembleia Diocesana

A Caritas Diocesana de Coari realizou de 27 a 29 de outubro sua assembleia com representantes das diversas paróquias que compõem a diocese. Durante a assembleia, cada paróquia apresentou o relatório das atividades desenvolvidas no ano de 2023, com seus avanços e desafios. Um encontro que também foi momento de formação sobre a pessoa do voluntario, onde foi lembrado as palavras do Papa Francisco: “Vocês são o motor da Igreja, sal e luz, a esperança do povo”.  Na assembleia foi realizada a acolhida aos novos agentes Caritas, e foi realizado o planejamento para 2024. Dom Marcos Piatek, bispo da diocese de Coari participou inteiramente da assembleia,  sempre motivando e valorizando os agentes que realizam o serviço da Caritas. Com informações de Marcia Maria Miranda

Caminhando juntos para uma Nação Magüta

Um povo que sabe de relação, esse é o Povo Magüta, que a exemplo do Deus Trindade, Deus comunidade, Deus de relação, desfruta dos encontros, é mestre em acolhimento e relações interpessoais. Segundo informa Verónica Rubí, missionária na Diocese do Alto Solimões, que mora na aldeia Umariaçú I junto ao Povo Magüta, e é integrante da coordenação do Projeto Igreja Sinodal com rosto Magüta, nos dias 26, 27, 28 de outubro foi realizado o Encontro Internacional do Povo Magüta na comunidade Umariaçú I, Diocese de Alto Solimões, com participação de 120 pessoas de Peru, Colômbia e Brasil. O encontro começou com a apresentação de cada uma das sete comunidades, lembrando jogos e danças tradicionais, com alegria, participação e familiaridade que os caracteriza. Uma familiaridade que se fez presente na proteção dos pajés sobre o grupo, sobre todo o Povo Magüta concebido como Uma só Nação. Este povo indígena está organizado em grupos familiares, como clãs, identificando dois grandes grupos, os clãs com penas e os sem penas, divisão importante para estabelecer os casamentos. No encontro foram constituídos grupos por clãs, para a realização de várias atividades, cada um deles fez as pinturas faciais com jenipapo próprias de seu clã. Sendo este o Encontro Internacional, depois de três nacionais, um em cada país, onde foram trabalhados os temas Origem, Cultura, Território e Espiritualidade, se apresentaram as conclusões do trabalhado em cada encontro nacional e continuaram a aprofundar aspectos importantes para reforçar a identidade de Um só Povo Indígena Magüta. Com relação à origem, tudo começou a partir da existência de uma mulher. Mowichina nasceu das penas de uma ave, ela deu origem a tudo o criado. A cultura do Povo Magüta reconhece a importância da mulher no momento da puberdade na Festa da Vida, ela representa a conexão do ser humano com a natureza e tudo o criado. Para esse povo, o território é fonte de vida, os participantes se perguntaram como fazer para que nos reconheçam em um só território, sem divisões de países. Em um dos relatos de origem diz que I’pi e yo’i percorreram tudo o território buscando uma arvore samaumeira que na derrubada deu lugar a luz e ao rio.    Com relação à espiritualidade, a Povo Magüta acredita que no início a terra estava habitada por espíritos, e os pajés têm a função de ser mediadores entre os espíritos, o Povo Magüta, a medicina tradicional e o território. Os espíritos da floresta fortalecem a vida do povo quando temos bom coração. É por isso que todos têm que conhecer a medicina tradicional para poder curar, não só os pajés têm essa capacidade, todos os que conhecem e tem bom coração são assistidos pelos espíritos da floresta. O encontro contou com a presença de Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese de Alto Solimões, que visitou aos participantes e os encorajou a fortalecer-se desde sua identidade de Povo indígena Magüta, sendo feita a proposta de ter uma bandeira que os identifique como Uma só Nação, sendo lançado um concurso da Bandeira Magüta, que será realizado por países, Peru, Colômbia e Brasil, para depois ser escolhida a Bandeira que represente a Nação Magüta como um só Povo. O encontro também teve um momento para o trabalho de medicina tradicional dos pajés, que fizeram atenção pessoalizada e proteção a todo o território Magüta transfronteiriço. Finalmente, foi realizada a avaliação e encerramento do encontro, os participantes destacaram a boa organização do tudo: acolhimento, metodologias, alimentação e logística, sentiram-se libres para expressar-se por ser todo na língua ticuna. Destacaram que nestes encontros conhecem novos parentes, e que a partilha entre todos possibilita o maior conhecimento. A participação de jovens foi numerosa e avaliada em forma satisfatória pelos diálogos com os anciãos e para eles apropriar-se da Cultura. Foi importante o trabalho dos pajés e agradeceram as camisas como expressão visível de sua identidade “Um só Povo Magüta”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1, com informações de Verónica Rubi

Assembleia Sinodal mostra a dificuldade de construir uma Igreja da diversidade

Depois de dois anos de caminho e um mês de trabalho intenso, percebe-se como é difícil construir uma Igreja da diversidade. A votação do Documento de Síntese, mesmo que eles tenham insistido em chamá-lo de relatório, é uma prova disso. A diversidade range e, como resultado, podemos dizer que uma Igreja sinodal continua a incomodar algumas pessoas. Ela não pode e não vai retroceder O Sínodo está ciente disso, como o Cardeal Hollerich, Relator Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade, deixou claro na última coletiva de imprensa. A oposição está presente e aproveita todas as brechas para fazer seu discurso habitual, mesmo que não tenha nada a ver com o que foi vivido durante o caminho sinodal, e para isso precise tirar a palavra dos outros, inclusive do Papa. É um desejo de retroceder, uma atitude que não pode e não será permitida, por mais que alguns, mesmo sabendo que fazem muito barulho, insistam nisso. Quando dizemos que as decisões devem ser fruto da diversidade, aqueles que sempre estiveram no comando se revoltam; quando se propõe que se deve sentar na mesma mesa redonda com todos, há aqueles que ainda querem uma mesa com cabeceira; quando falamos em escutar os pobres, as mulheres, as pessoas LGBTI, aqueles que decidiram tomar outra direção em seu caminho vocacional, eles são marcados com uma cruz. Podemos nos perguntar se a conversa no Espírito tomou conta deles ou se ainda são prisioneiros das estratégias e dos cálculos humanos dos quais Francisco sempre fala, falou hoje e continuará a falar. Não se assustar com a diversidade Aqueles que se assustam com a diversidade, aqueles que se indispõem diante de uma Igreja sinodal, precisam pensar na solidez de seus fundamentos de vida e de fé. No fundo, não são pessoas livres, vivem ancoradas em suas ideologias antiquadas, são idólatras, como disse o Papa, lembrando as palavras de Martini, nas quais ele nos lembra que Deus pode “alterar minhas expectativas“, que não pode ser controlado. Eles não sabem que a diversidade enriquece, abre perspectivas, nos ajuda a ver que a vida e a Igreja não podem ser monocromáticas, que as diferentes cores nos ajudam a descobrir que o que realmente conta é “amar a Deus com toda a nossa vida e amar o próximo como a nós mesmos“, o princípio e o fundamento aos quais Francisco se referiu em sua homilia na missa de encerramento desta primeira sessão da Assembleia Sinodal, com um aceno a Santo Inácio, como um bom jesuíta. E isso não é algo abstrato, é algo que tem rosto, concreto, diverso, cheio de vida e ensinamentos, expressões claras do amor de Deus. Adorar, servir e amar Quando adoramos e servimos, quando Deus e aqueles que não contam estão presentes em nossas vidas e na jornada de nossa Igreja, a diversidade não nos assusta. Quando amamos, entendemos e aprendemos a viver juntos e a desfrutar da presença ao nosso lado, em nossa mesa, daqueles que são diferentes. Mas, para isso, é essencial ter a capacidade de se surpreender com as histórias de vida dos outros, um assombro que nasce da verdadeira escuta, do modo de escutar de Jesus, do amor concreto de Deus. A diversidade nos leva a contemplar Deus em todos e nos ajuda a não cair na tentação de nos colocarmos no centro e não colocarmos de fato esse Deus encarnado no outro, também no diferente, naquele a quem temos de servir, porque “não há amor a Deus sem o compromisso de cuidar do próximo“, e o diferente também é um próximo. Deus no centro com os pobres e os fracos A reforma da Igreja, que pode ser considerada um dos grandes objetivos do Sínodo, só acontecerá na medida em que conseguirmos “adorar a Deus e amar nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor“, aqueles que hoje seriam identificados com os que o livro do Êxodo chama de estrangeiro, viúva e órfão. É uma questão de colocar “Deus no centro e aqueles que Ele prefere, os pobres e os fracos”, a fim de fazer “uma Igreja que serve a todos, uma serva dos últimos”, como o Papa insistiu. “Uma Igreja de portas abertas que seja um porto de misericórdia” é o caminho a ser seguido. Podemos nos perguntar se essa será a Igreja que nascerá do atual processo sinodal. Para isso, é decisivo “experimentar a terna presença do Senhor e descobrir a beleza da fraternidade”, que está presente na diversidade, “na rica variedade de nossas histórias e de nossas sensibilidades”, nas palavras do Papa. Não percamos o horizonte em um caminho que continua, sejamos “uma Igreja mais sinodal e missionária, que adora a Deus e serve as mulheres e os homens do nosso tempo, saindo para levar a todos a alegria reconfortante do Evangelho”, também àqueles que são diferentes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Grech: “Sinodalidade significa caminhar juntos e não é um espaço no qual vence aquele que fala mais alto”

Uma continuidade, essa é a principal leitura de uma Assembleia Sinodal que encerrou os trabalhos de sua primeira sessão na noite deste sábado 28 de outubro. Que é uma continuação pode ser entendido no que aconteceu no momento do encerramento, quando, após a votação do Relatório de Síntese, Francisco, com muita parcimônia com as palavras, no que pode ser entendido como uma mensagem para ver esse final de trabalho como um passo adiante, não decisivo, em um processo que continua, limitou-se a dizer que ninguém deve esquecer que o protagonista dessa jornada é o Espírito Santo, agradecendo àqueles que tornaram possível chegar até aqui, inclusive aqueles que não aparecem. Um Sínodo que conquistou espaços Um Relatório de Síntese, do qual todos os pontos foram aprovados com mais de dois terços, sendo o capítulo 9, sobre as mulheres na vida e na missão da Igreja, especialmente no que diz respeito ao diaconato feminino, e o capítulo 11, que trata dos diáconos e presbíteros em uma Igreja sinodal, neste caso os pontos relativos ao celibato, novamente o diaconato feminino, e a possibilidade de acolher os presbíteros que deixaram o ministério. “Um sínodo no qual conquistamos espaços“, insistiu o cardeal Grech, para quem “a maioria das pessoas criou espaços para que todos possam entrar em seus corações”, algo que é fruto da escuta mútua. Uma assembleia na qual o gelo foi derretendo pouco a pouco, dada a generosidade dos membros, segundo o secretário do Sínodo, e que permitiu a abertura de espaços, em um processo que não se conclui hoje. Grech falou de uma Igreja em saída, que está criando espaços para todos, sem excluir ninguém, e isso porque essa é a atitude de Jesus, para que ninguém não se sinta aceito em casa. O Sínodo mudou a mentalidade de alguns A Assembleia Sinodal ajudou a mudar a mentalidade de alguns participantes, de acordo com o Cardeal Hollerich, que enfatizou a importância dos círculos menores nesse processo, o que permitiu a criação de uma comunidade de discípulos e levou a uma compreensão do que Jesus teria feito. Nas palavras do Relator Geral do Sínodo, “as pessoas voltarão com seus corações cheios de muitas ideias“. Por sua vez, o Padre Giacomo Costa enfatizou que um sentimento de Igreja levou a uma saída unida no Espírito Santo, um resultado que não era evidente no início, dadas as diferenças que existiam. Para o secretário especial, é possível, na diversidade de igrejas, línguas, culturas, caminhar juntos, o que é uma mensagem de esperança, algo que pode dar frutos para a Igreja. Levando-o de volta às igrejas locais Um documento a ser comunicado às igrejas locais, com os pontos que estão de acordo e aqueles em que ainda há algum caminho a percorrer, insistiu Grech. Independentemente do resultado da votação, que é algo com o qual Hollerich não está preocupado, já que se sabia que havia questões que enfrentariam oposição, chegando a dizer que se esperava uma oposição ainda maior em algumas questões. De fato, somos uma família e devemos respeitar os passos uns dos outros, porque sinodalidade significa caminhar juntos e não é um espaço em que vence quem fala mais alto, enfatizou o Cardeal Grech. O objetivo é aprofundar a capacidade de escutar uns aos outros, um clima único criado nas mesas, com passos importantes sendo dados por aqueles que estavam relutantes, nas palavras de Giacomo Costa. De acordo com o jesuíta, é preciso entender a conversão no Espírito, que é buscar juntos a vontade de Deus, o que ajudou a abordar as questões, ao que se juntou o trabalho de teólogos e canonistas. Mas há muitas questões que não seria realista abordar em todos os seus aspectos em um mês de trabalho e, por essa razão, duas sessões, uma para abrir o caminho e a outra para continuar esse caminho, disse ele. Em vista disso, ele pediu a intervenção do Espírito, porque o próximo passo será baseado nas prioridades que serão trabalhadas e, a partir daí, haverá uma conversa no Espírito para aprofundar os pontos de vista teológico, canônico e pastoral. Este é um estágio de aprendizado para todos, de acordo com o secretário do Sínodo, para quem devemos implementar o que vimos e avançar com discernimento, destacando o entusiasmo dos participantes e seu desejo de compartilhar o que experimentaram. De fato, o Relatório de Síntese, nas palavras de Hollerich, é a base comum para deixar o Espírito construir algo. Esse é um documento que faz parte de um processo que começará quando o Sínodo terminar, portanto, o Relator Geral do Sínodo espera que no próximo ano haja um documento no qual a sinodalidade seja discutida do ponto de vista teológico. Observando que havia outras questões que eram importantes para algumas pessoas, ele disse que em uma Igreja sinodal haverá maior capacidade de falar sobre essas questões, a liberdade de expressão será garantida. Ele concluiu que a Igreja encontrará respostas graças a essa mudança, que trará a maioria de acordo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Um Relatório de Síntese com convergências, questões a serem abordadas e propostas, enfocado claramente em 2024

20 temas em três partes, seguindo um esboço que descreve as convergências, as questões a serem abordadas e as propostas. É assim que pode ser definido o Relatório de Síntese – evita-se falar de um documento – que a Comissão de Redação elaborou após quase um mês de trabalho em mesas redondas na Sala Paulo VI. Trata-se de um relatório que visa ajudar a dar continuidade a um processo que claramente não está encerrado. Uma Igreja Sinodal em Missão A questão é quais são as questões destacadas e como abordá-las. Basta olhar para o resultado da votação, que foi feita ponto a ponto, pela primeira vez com o voto feminino, e essa é uma questão importante, para descobrir os principais consensos e as principais controvérsias, uma análise detalhada que requer mais tempo e que, sem dúvida, será importante para o trabalho a ser feito em vista da segunda sessão da Assembleia, prevista para outubro de 2024. “Uma Igreja sinodal em missão“, como diz o título do relatório, um aspecto já observado, talvez esquecido, há 60 anos, no Concílio Vaticano II, e que é claramente retomado ao afirmar, no início, citando a Primeira Carta aos Coríntios: “Todos nós fomos batizados por um só Espírito em um só corpo”, uma experiência vivida com alegria e gratidão, sob a harmonia do Espírito, nesta primeira sessão da Assembleia Sinodal, em uma Igreja que está aprendendo o estilo da sinodalidade e buscando as formas mais adequadas para realizá-la”. Batizados e batizadas, assim como membros de outras Igrejas, atentos à realidade do mundo, marcada por guerras, muito próxima de alguns dos participantes. Uma Igreja que valoriza a contribuição de todos os batizados, na variedade de suas vocações, chamada a transmitir os frutos de seu trabalho e a continuar a caminhada juntos. A primeira parte do texto, “O rosto da Igreja sinodal“, apresenta os princípios teológicos que iluminam e sustentam a sinodalidade. A segunda parte, “Todos discípulos, todos missionários“, apresenta a sinodalidade como um caminho conjunto do Povo de Deus e como um diálogo frutífero de carismas e ministérios a serviço da vinda do Reino. A terceira parte, “Tecendo laços, construindo comunidade“, mostra a sinodalidade como um conjunto de processos e uma rede de órgãos que permitem o intercâmbio entre as Igrejas e o diálogo com o mundo. O rosto da Igreja sinodal Reconhecendo a necessidade de explicar melhor o termo sinodalidade, os temores são dissipados, dando como exemplo prático a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) e apresentando a prática da sinodalidade como “parte da resposta profética da Igreja a um individualismo que se volta contra si mesmo, a um populismo que divide e a uma globalização que homogeneíza e achata“, pedindo o envolvimento da hierarquia no processo e sua melhor explicação teológica, apontando inclusive para a necessidade de revisão do Código de Direito Canônico. Uma Igreja sinodal que tem a Trindade como sua fonte e é desafiada a assumir o discernimento em todos os níveis. A porta de entrada para essa Igreja é a iniciação cristã, exigindo um aprofundamento do discipulado, uma linguagem litúrgica mais acessível e o incentivo a todas as formas de oração comunitária. Nessa Igreja, os pobres são os protagonistas do caminho da Igreja, e eles pedem amor à Igreja, ou seja, respeito, aceitação e reconhecimento, sem vê-los como objetos de caridade, superando o assistencialismo e insistindo em um melhor conhecimento da Doutrina Social da Igreja. O Relatório observa a diversidade da Igreja, sua interculturalidade, fazendo parte de contextos multiculturais e multirreligiosos, com diferentes necessidades espirituais e materiais, o que deve gerar sensibilidade para a riqueza da variedade de expressões do ser Igreja, superando a polarização e a desconfiança. Há um chamado para cuidar da linguagem, do relacionamento com os povos indígenas e da acolhida aos migrantes. Uma Igreja latina chamada a um caminho comum com as Igrejas orientais, mestres na compreensão e na prática da sinodalidade. Tudo isso para avançar no caminho rumo à unidade dos cristãos, que exige arrependimento e cura da memória, no qual estão sendo dados passos, dando como exemplo a Vigília Ecumênica “Togheter” antes do início da Assembleia Sinodal. Todos discípulos, todos missionários Em uma Igreja sinodal, todos são discípulos, todos são missionários, em vista da missão que cabe a todos, destacando o crescente envolvimento pastoral dos leigos na vida pastoral, mas, estranhamente, a Assembleia tem algumas dúvidas sobre “uma Igreja totalmente ministerial”. Na Assembleia, assim como na própria Igreja, as mulheres falaram em alto e bom tom, e o relatório afirma que “em Cristo, mulheres e homens são revestidos com a mesma dignidade batismal e recebem igualmente a variedade dos dons do Espírito”, insistindo no apelo à corresponsabilidade não competitiva. Mulheres que clamam por justiça em todas as áreas, mas também diante de uma Igreja que fere pelo clericalismo, pelo machismo e pelo uso inadequado da autoridade. Isso exige uma renovação das relações e mudanças estruturais, um maior reconhecimento e valorização da contribuição das mulheres e um aumento das responsabilidades pastorais, questionando como incluí-las nas funções e ministérios existentes, ou mesmo criar novos ministérios, havendo diferenças em relação ao diaconato feminino. Portanto, pede-se que se acompanhe as mulheres mais marginalizadas, que elas participem dos processos de tomada de decisão e assumam papéis de responsabilidade no trabalho pastoral e no ministério, que elas não sofram discriminação no trabalho e remuneração injusta dentro da Igreja, que elas não sejam vistas, especialmente as mulheres consagradas, como mão de obra barata. Elas também devem ser formadas em teologia, participar dos processos de formação nos seminários e ter a possibilidade de se tornar juízas eclesiásticas. O texto reflete sobre o papel da vida consagrada e das associações leigas, da hierarquia e do Papa na Igreja sinodal. Destaca a riqueza da diversidade de carismas na Vida Consagrada e nas associações leigas, denunciando os abusos contra as mulheres nessas áreas e pedindo uma renovação de critérios na relação entre os Bispos e a Vida Religiosa. Com relação aos diáconos e sacerdotes, agradece-se a eles por seu trabalho, mas reconhece-se que o clericalismo é…
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Ler e votar, pela primeira vez também as mulheres: “Passos que nos permitem relacionar-nos uns com os outros de uma nova maneira”

Um dia para ler pessoalmente o Documento Síntese e, após uma leitura comum na Sala Sinodal, votar ponto a ponto. Isso é o que espera aos homens e mulheres que são membros do Sínodo neste último sábado da primeira sessão da Assembleia Sinodal. Pela primeira vez, as mulheres poderão votar em um documento do Vaticano, mesmo sabendo que não será um documento oficial, e que elas já votaram na Carta ao Povo de Deus e na eleição dos membros das Comissões de Comunicação e Síntese. Mas agora é outra coisa, e todos nós estamos cientes de sua importância. Disparidade de sentimentos Um momento que é vivido por algumas das mulheres que votarão com sentimentos de responsabilidade, de emoção, de orgulho, de compromisso, de gratidão a Deus, de selar o desejo de ser uma Igreja que seja casa para todos, de romper as barreiras do machismo e do clericalismo, e de abrir novas perspectivas para o futuro de uma Igreja que avança, apesar das resistências, há aqueles que negam a validade deste Sínodo e querem que ele seja apenas de bispos. Daí a importância de lembrar as muitas mulheres e homens que pediram essa oportunidade. Aquelas 35 mulheres que no Sínodo para a Amazônia entregaram uma carta assinada ao Papa pedindo para votar e a quem ele disse na última sessão que naquela ocasião não tinha sido possível, mas que chegaria o dia em que elas votariam em um Sínodo, algo que está acontecendo. No final das contas, como elas mesmas dizem, essa é uma forma de expressar o sentimento de que a Igreja está realmente dando passos, que Francisco acreditou em nós: mulheres, leigas. Votação para selar um compromisso As mulheres membros do Sínodo se deparam com “a possibilidade de escolher e selar um compromisso, de demonstrar através de um gesto as escolhas às quais o coração deu atenção como resultado do discernimento de todo esse tempo, é continuar dando passos que nos permitam nos relacionar uns com os outros de uma nova maneira”. Os não-bispos já haviam tido a oportunidade de participar, de expressar sua opinião. Neste Sínodo, sua participação nos círculos menores, nas intervenções livres nas congregações gerais, foi mais uma maneira, uma maneira diferente de exercer essa participação. Mas “o fato de poder votar acrescenta uma nova dimensão a essa participação e, de forma muito visível, representa o exercício da corresponsabilidade de todos na missão da Igreja“. Todos são necessários para a missão Um voto que “mostra como cada um de nós é necessário para realizar a missão. É também uma mensagem para todo o Povo de Deus que pede, de diferentes esferas e vocações, a possibilidade de participar, tanto nos processos de tomada de decisão, quanto mais ativamente nas dimensões pastorais. É uma imagem que traz muita esperança em relação à Igreja sinodal que queremos ser”. De fato, “não é uma questão de ser mulher, é ser batizada, estar em uma assembleia que antes era para bispos e poder participar da mesma mesa com igual tempo para falar, com igual respeito e escuta para todos. Votar em algo que vai ser muito importante para que, como cristãos, todos nós assumamos e façamos a nossa parte para garantir que algo que será irreversível avance, que todos nós somos homens e mulheres batizados, enviados em missão para o Reino e que, nesse Reino, fazemos parte da Igreja que quer nossa voz, nossa ação, nossa participação, vivendo tudo isso em comunhão, em diálogo e escutando”. Seguindo em frente sem nos apegarmos à nossa posição Uma Assembleia Sinodal na qual as mulheres dizem ter testemunhado “o que essa escuta profunda de cada pessoa pode fazer e como somos capazes de mudar, de nos transformar, de acolher, de buscar maneiras de chegar, se não a um consenso total, pelo menos a uma compreensão profunda de onde está nossa diferença, e conhecê-la, assumi-la e nomeá-la, para continuar caminhando juntas e juntos e buscar onde é conveniente avançarmos e onde o Espírito quer que avancemos sem nos apegarmos à nossa posição“. Uma oportunidade de ter sido capaz de “viver esse desejo de abertura e o desejo de buscar juntos”, de continuar acreditando que “é possível construir novidade nas pequenas coisas“. Um caminho que continuará a dar passos e o fará na medida em que continuarmos a caminhar juntos. É isso que é sinodalidade, mesmo que a palavra em si seja complicada. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Francisco pede o olhar misericordioso de Maria para “a família humana que preferiu Caim a Abel”

Uma hora de oração para pedir a paz no mundo em um dia em que o Papa Francisco pediu jejum, oração e penitência. A Basílica de São Pedro acolheu esse momento no qual a Igreja Católica, com a presidência do sucessor de Pedro, comprometida em ser artífice da paz, junto com outras igrejas, já que há vários delegados fraternos presentes na Assembleia Sinodal, pediu a intercessão de Maria, a Mãe, que “conhece nosso cansaço e nossas feridas”, com a recitação do Rosário. A angústia da guerra Francisco se dirigiu a Maria, dizendo: “Rainha da Paz, tu sofres conosco e por nós, vendo tantos de teus filhos dilacerados pelos conflitos, angustiados pelas guerras que dilaceram o mundo“, relatando situações que são vividas em tantos lugares do planeta e, nos últimos dias, de modo especial na Terra Santa. “Nesta hora de escuridão, mergulhamos em seus olhos luminosos e nos confiamos ao seu coração, que é sensível aos nossos problemas e que não estava isento de preocupações e medos”, foi a oração oferecida àquela que é Mãe, recordando as preocupações vividas quando não havia lugar para Jesus no abrigo, na fuga para o Egito, quando Jesus se perdeu no templo. Nos momentos de provação, Francisco enfatizou sua coragem e audácia, “você confiou em Deus e respondeu à preocupação com cuidado, ao medo com amor, à angústia com doação“. Nos momentos decisivos, ela não recuou Sobre Maria, o Papa disse que ela é aquela que nos momentos decisivos não recuou, mas tomou a iniciativa, como refletido em várias passagens do Evangelho, sendo “uma mulher humilde e forte”, uma tecelã de esperança em meio à tristeza. Ele pediu que ela “mais uma vez tomasse a iniciativa em nosso favor, nestes tempos de conflito e devastados pelas armas”. Que ela volte “seus olhos misericordiosos para a família humana que perdeu o caminho da paz, que preferiu Caim a Abel e que, perdendo o senso de fraternidade, não recupera o calor do lar. Interceda por nosso mundo em perigo e confusão”. Em meio a tantos conflitos, o pontífice pediu que ela nos ensinasse “a acolher e cuidar da vida – toda a vida humana! – e a repudiar a loucura da guerra, que semeia a morte e elimina o futuro”. Reconhecendo que permanecemos surdos aos seus apelos, sabendo que “a senhora nos ama, não se cansa de nós”, ele lhe implorou: “Tome-nos pela mão, leve-nos à conversão, faça-nos colocar Deus novamente no centro. Ajude-nos a manter a unidade na Igreja e a sermos artesãos da comunhão no mundo. Lembre-nos da importância de nosso papel, faça com que nos sintamos responsáveis pela paz, chamados a orar e adorar, a interceder e a reparar por toda a raça humana”. Corações aprisionados pelo ódio Afirmando que ela nos conduz a Jesus, que é a nossa paz, recorrendo ao seu Coração imaculado, o Papa lhe implorou misericórdia e rogou pela paz. Para isso, disse ele, “mova os corações daqueles que estão presos pelo ódio, converta aqueles que alimentam e fomentam conflitos“. Ela enxuga as lágrimas das crianças, assiste os solitários e os idosos, ampara os feridos e os doentes, protege aqueles que tiveram que deixar sua terra e seus entes queridos, consola os desanimados, reaviva a esperança. A Maria, Rainha da Paz, Francisco entregou e consagrou “cada fibra de nosso ser, o que temos e o que somos, para sempre”. Ele a consagrou à Igreja, para que “seja um sinal de harmonia e um instrumento de paz“, e ao mundo, especialmente aos países e regiões em guerra. E pediu a ela que fosse “um lampejo de luz na noite dos conflitos” e que inspirasse os líderes das nações com caminhos de paz. Que ela reconcilie “seus filhos, seduzidos pelo mal, cegos pelo poder e pelo ódio”, que ela transponha “nossas lacunas de separação”, que ela nos ensine “a cuidar dos outros” e “testemunhas de seu consolo”, que ela derrame “nos corações a harmonia de Deus”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1