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Dom Leonardo e Padre Adelson Araújo dos Santos na lista de participantes do Sínodo

Nesta sexta-feira 7 de julho foi publicada pelo Vaticano a lista de participante no XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Na lista aparece o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, eleito pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e o jesuíta amazonense Adelson Araújo dos Santos, que será um dos facilitadores da Assembleia Sinodal que será realizada em Roma de 30 de setembro a 29 de outubro. Os brasileiros presentes na assembleia sinodal, junto com alguns outros que fazem parte da Secretaria do Sínodo são o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo emérito de Mariana, dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André e dom Dirceu de Oliveira Medeiros, bispo de Camaçari, eleitos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Entre os bispos participantes também estará Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, que participa como presidente da do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), o cardeal Sérgio da Rocha, como membro do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo, e o cardeal João Braz de Aviz, Prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica. Eleitas como participantes da Assembleia Continental foram escolhidas Maria Cristina dos Anjos da Conceição, da Caritas Brasileira e Sônia Gomes de Oliveira, presidenta do Conselho Nacional dos Leigos do Brasil. Junto com o padre Adelson Araújo dos Santos, serão facilitadores o padre Agenor Brighenti e o jesuíta padre Miguel Martín. Para Sônia Gomes de Oliveira, “é uma emoção muito grande enquanto mulher, preta, do sertão, estar nessa lista”. Uma alegria que nasce do fato de “estar representando as outras mulheres, mulheres da Igreja, mulheres da sociedade”, enfatiza a presidenta do Conselho Nacional do Laicato do Brasil. Junto com a alegria afirma estar diante de uma responsabilidade muito grande, ela diz sentir “uma certa apreensão pela responsabilidade que a gente tem”. Uma oportunidade para poder levar para a assembleia sinodal “aquilo que foi ouvido, que foi debatido, e muitos anseios que existem ainda, que muitas vezes a gente não conseguiu trazer nas pautas”. A leiga brasileira destaca a importância de levar o “que eu ouvi durante essa caminhada, essa trajetória que nós fizemos, das escutas que nós fizemos, mas também muitos gritos que foram ecoados aqui durante essa etapa do Brasil”. Ela insiste “nesse olhar de vencer o clericalismo, esse olhar maior e mais amplo para as mulheres da Igreja do Brasil”. Daí o pedido de “uma certa autonomia, de uma Igreja mais aberta, que nós mulheres possamos nos sentir mais evangelizadas, mas também evangelizadoras, e esse ser evangelizadoras é muito mais do que ficar ocupando espaços, é também ocupar um espaço de testemunho e de profecia na sociedade e no interno da Igreja”. Dentre os facilitadores, o padre Agenor Brighenti vê que “o nosso papel é sermos apoiadores aos membros da assembleia no sentido de encaminhamento das dinâmicas dos trabalhos e também com relação à organização da pauta e das fichas que serão trabalhadas nos grupos e estar presente também ali depois em apoio à redação das contribuições que cada grupo vai aportar à assembleia geral, porque a maior parte dos encaminhamentos, das discussões, dos trabalhos serão feitos em grupos menores para depois convergir para o discernimento e a votação da assembleia como um todo”. O teólogo brasileiro destaca a importância da dinâmica em grupos menores durante a assembleia sinodal, “a diferença de outros sínodos é que as questões estão todas colocadas para o discernimento, discussão e também para encaminhamentos de forma muito aberta em forma de perguntas”, insiste. “Serão os grupos que tendo presente todo o processo que foi feito até aqui durante três anos. Inclusive se recomenda que entram na assembleia os documentos anteriores e as escutas, e por tanto tudo aquilo que se recolheu durante esse processo à luz do Instrumentum Laboris, caminhando em consensos a partir dos grupos que depois vai para o discernimento e uma decisão da assembleia como um todo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Eucaristia: um rito ou presença de Jesus transformadora?

Todos os meses, o Papa Francisco coloca uma intenção de oração, e no mês de julho de 2023 essa intenção é “Por uma vida eucarística”, algo que foi divulgado na última segunda-feira. A Eucaristia é a fonte e o cume da vida cristã e penso no que significa a Eucaristia em nossa Amazônia, especialmente nas comunidades do interior, onde a Eucaristia é algo pouco frequente. Penso nas comunidades da Área Missionária São José do Rio Negro, aqui na Arquidiocese de Manaus, com as mais de 25 comunidades que acompanho, onde às vezes passam dois messes sem missa. Mas também penso em outras comunidades onde passa um ou vários anos sem a presença do padre, e em consequência sem a presença da celebração eucarística. O Papa Francisco começa dizendo que “se ao sair da missa estás como entraste, alguma coisa não funciona”. Ele afirma que “a Eucaristia é a presença de Jesus, é profundamente transformadora. Jesus vem e deve transformar-te”, refletindo sobre a necessidade de entender a Eucaristia como algo que vai além de uma obrigação. “Nela, é Cristo que se oferece, que se dá por nós, que nos convida para que a nossa vida seja alimentada por Ele e alimente a vida de nossos irmãos”, afirma o Papa Francisco. É por isso que ele insiste em ver a celebração da Eucaristia como “um encontro com Jesus ressuscitado e, ao mesmo tempo, uma forma de nos abrirmos ao mundo, como Ele nos ensinou”. O vídeo nos chama a enxergar o Cristo que nos alimenta naquele que está jogado na rua, aquele a quem nós não queremos ver quando saímos da celebração e ainda menos reconhecer a presença daquele que se fez presente no meio de nós através de seu Corpo e seu Sangue. Tudo isso porque “cada vez que participamos de uma Eucaristia, Jesus vem e Jesus nos dá a força para amar como Ele amou”. Segundo o Papa Francisco temos que assumir “a lógica da Eucaristia”, que “nos dá a coragem de sair ao encontro, sair de nós mesmos e de nos abrirmos amorosamente aos demais”. Se comungar não me compromete com aqueles que Jesus define como os prediletos de Deus: os pobres, os doentes, os que são abandonados e ignorados pela sociedade, alguma coisa está acontecendo. É por isso que o Papa faz um chamado a que “rezemos para que os católicos ponham no centro de suas vidas a celebração da Eucaristia, que transforma as relações humanas e abre ao encontro com Deus e com os irmãos”. Mas também rezemos para que em um discernimento comunitário, a Igreja encontre caminhos para que a Eucaristia possa se tornar algo cotidiano na vida de todos aqueles que se dizem católicos, que as comunidades do interior da Amazônia não sejam obrigadas a ficar sem celebrar a Eucaristia por messes, por anos, perdendo assim aquilo que tem um lugar importante na vida dos católicos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Redes eclesiais para a ecologia integral reúnem-se no Vaticano

De 2 a 4 de julho, no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, no Vaticano, realiza-se o encontro da “Aliança de Redes Eclesiais para a Ecologia Integral“, com representantes da América Latina, América do Norte, África, Ásia, Oceânia e Europa. A “Aliança de Redes Eclesiais para a Ecologia Integral”, uma rede de redes de diferentes biomas e regiões do mundo, está a realizar o seu encontro de discernimento e reflexão sobre a sua identidade, vocação e missão, com o acompanhamento do Disasterio para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, no Palácio de São Calisto, Vaticano, de 2 a 4 de julho. Participam no evento quarenta e cinco representantes de sete biomas do mundo, incluindo alguns onde foram criadas Redes Eclesiais de Ecologia Integral: Amazônia (REPAM), Mesoamérica (REMAM), Aquífero Guarani e Gran Chacho (REGCHAG), Bacia do Congo (REBAC), Ásia Pacífico e Oceânia (RAOEN), e redes da Europa, Canadá e Estados Unidos. O Cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério, sublinha que este encontro pretende “mostrar que há novas formas de enfrentar os desafios da ecologia integral em várias partes do mundo, sem querer homogeneizá-la, torná-la igual em todo lado, ou institucionalizá-la”. Neste momento, “estar juntos, escutar, trocar, rezar e poder continuar este caminho juntos, nesta aliança de Redes Eclesiais de Ecologia Integral, fortalecendo uma colaboração e reflexão mais profundas”. Pela Ecologia Integral Para Mauricio López, coordenador desta aliança de Redes Eclesiais Territoriais, este é um momento histórico para o processo que começou num encontro fundacional em março de 2019 em Washington, “em torno da reflexão do Sínodo da Amazônia para a ecologia integral, o acompanhamento dos povos indígenas e novos caminhos para a Igreja”.  Nos últimos anos, foram realizadas várias reuniões virtuais, devido às limitações impostas pela pandemia, e muitas atividades conjuntas de advogacia em fóruns como as COPs e contribuindo para o atual processo sinodal da Igreja, até chegar a este importante encontro presencial que reúne todo esse caminho para continuar avançando. “Este encontro presencial procura reunir o caminho que temos vivido, os diferentes processos das redes e plataformas, alguns mais consolidados, outros em construção e outros que ainda não começaram, para definirmos juntos para onde queremos ir, como respondemos ao que o Papa nos pede e para estarmos em constante diálogo com este Dicastério (para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral)”, afirma López. Este encontro, polvilhado de muita esperança, a partir das vozes dos povos originários, dos agentes pastorais do território e dos organismos eclesiais, está a ser realizado numa atitude de discernimento e reflexão para avançar na consolidação da identidade, vocação e missão desta Aliança de Redes. Aliança com os povos indígenas A líder indígena da Amazônia, Marcivana Sataré Mawé, afirma que “a Igreja no mundo tem sido uma grande aliada dos povos indígenas, promovendo a discussão internacional sobre esta realidade“. Para ela, “o Papa Francisco tem sido um grande incentivador das causas indígenas no mundo, demonstrado pela nossa presença aqui para esse trabalho em rede em defesa da Mãe Terra”. Este encontro das Redes Eclesiais para a Ecologia Integral, representado pela diversidade de vozes de povos indígenas, leigos, religiosos e religiosas, padres, bispos e cardeais presentes, expressa a importância de a Igreja integrar o tema da Ecologia Integral na sua ação pastoral e para o futuro do planeta. Em várias intervenções, o Papa Francisco é recordado na sua encíclica “Laudato Si”, fonte de inspiração para o trabalho das redes, onde reconhece que “tudo está interligado” (LS 137), exigindo acções interligadas para o cuidado da Casa Comum e das pessoas que nela vivem. Julio Caldeira / REPAM

CEETH da CNBB lança ações em vista do 30 de julho, Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas

Em 2013 a Assembleia Geral das Nações Unidas instituiu o 30 de julho como Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Buscando mobilizar ações para lembrar essa data, a Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), elaborou vários materiais e sugestões para ajudar nesse sentido, querendo responder ao objetivo desse dia: conscientizar e promover direitos para as vítimas, um empenho presente na Igreja católica sempre esteve presente nestas ações. São ações para ajudar a comissão a reforçar a caminhada pela dignidade, que colocou como lema: “Tráfico de pessoas existe e precisa ser enfrentado. Basta!”, querendo mostrar a existência desta violência no Brasil. No mundo, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 50 milhões de pessoas são vítimas da escravidão moderna, reconhecendo a dificuldade em identificar as vítimas em razão da dinâmica do crime que muda a todo momento. No Brasil, dados do Ministério do Trabalho, apontou que 2.575 pessoas foram resgatadas de trabalho análogo a escravidão em 2022. Diante desses números, Aa igreja católica reforça que são pessoas que sofrem graves violações e precisam que seus direitos e vida digna sejam respeitados. Dentre os materiais elaborados pela comissão está o cartaz (baixar aqui) e o folheto (baixar aqui), disponíveis para fazer downloads e ser impresso. O folheto sugere um roteiro de reflexão que pode ser adaptado de acordo com a realidade local. Junto com isso, um seminário de formação e prevenção previsto para 31 de julho e 01 de agosto em Lages (SC). Segundo Dom Evaristo Spengler, bispo de Roraima e presidente da comissão as ações são uma forma também de denunciar o tráfico de pessoas e reforça para que as comunidades coloquem o cartaz em exposição e que dediquem um momento para pensar na caminhada e promover a dignidade para as vítimas da violência do tráfico.  “A mentalidade mercantilista e escravocrata ainda persiste em nossa sociedade e precisamos tomar consciência deste grave problema que é invisibilizado até mesmo em nossa igreja. Muitas vezes as pessoas perguntam: ‘será que ainda existe tráfico de pessoas?’ Esta comissão reafirma que o Tráfico de Pessoas existe e precisa ser enfrentado”, enfatizou dom Evaristo Spengler, que reforça que toda a sociedade pode e deve contribuir para combater esse crime. Um dos primeiros passos é debater a temática nos grupos organizados das comunidades, igrejas e coletivos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1, com informações de Cláudia Pereira | Comunicação CEETH

Encontro Vocacional Indígena na Diocese de Alto Solimões: “Um olhar de Deus para se formar um desejo de vida em Jesus Cristo”

44 jovens indígenas, do Povo Ticuna, Kokama e Kanamari participaram de 25 a 29 de junho do 1º Encontro Vocacional Indígena 2023, realizado na paróquia São Francisco de Assis de Belém do Solimões, na diocese de Alto Solimões. São jovens das comunidades das paróquias de Benjamin Constant, Tabatinga e Belém do Solimões. O encontro, que teve como tema: Tupana cuca naca’! (Deus te chama!), foi uma oportunidade para participar de momentos de formação e testemunhos sobre cada vocação: Matrimonio, Vida Laical, Religiosa e Sacerdotal, mas também um encontro com momentos de oração: Leitura Orante, Eucaristia, Terço, Adoração, um tempo de trabalho, mas também de fraternidade e lazer. Os organizadores do encontro destacam a grande participação, mas também a seriedade, alegria e generosidade dos jovens e o fato de que, no final do encontro, cada vocacionado e vocacionada indígena renovou seus compromissos. Dentre os compromissos adquiridos, foram destacados rezar pessoalmente todos os dias e na comunidade toda semana, sobretudo o terço e a celebração da Palavra, pedindo pela própria vocação e pela vocação dos outros e das outras. Junto com isso, prestar um serviço em sua comunidade toda semana, na catequese, visita do Dízimo, grupos de jovens, animação do terço, visitas missionarias, dentre outros. Finalmente, falar de sua vocação com pessoas com mais experiência: ministro da Palavra, diácono, catequista, padre, frei, irmã. Uma das vocações indígenas nascidas na paróquia de Belém do Solimões é Hércules Vitorino, seminarista da diocese de Alto Solimões, que estuda 3º ano de Filosofia no Seminário São José de Manaus. O indígena do Povo Ticuna define a vocação como “um olhar de Deus para se formar um desejo de vida em Jesus Cristo”. Ele insiste em que “sempre Deus nos chama para ser a verdadeira Igreja de Cristo. Cada dia nosso coração sente o chamado a ser feliz”. Vocação que é um desejo de “fazer missão para o povo”, mas também “provar a vida de Jesus Cristo”, algo que ele disse estar fazendo, “provar sua vocação para se formar no bem”. Ele afirma se sentir chamado por Deus para seu povo, “um pequeno caminho para eles, eu sou porta para eles”, algo que ele vê nas palavras de Jesus. Uma vocação que para o seminarista indígena é “uma grande missão na Amazônia, não ter medo de falar de Deus”, algo que vai se compreendendo aos poucos. Como seminarista indígena se sente desafiado e chamado a se formar um bom pastor para seu povo, olhando para Jesus como Caminho, Verdade e Vida, o que lhe leva a não ter medo de falar de Deus e da fé nele, algo que aos poucos tem ido aprendendo na vivência de sua vocação. Os participantes do encontro agradeceram a toda a Equipe Vocacional Indígena, aos Frades Menores Capuchinhos, as Irmãs Missionárias da Imaculada e as Irmãs Cônegas, à equipe que cuidou da acolhida e alimentação. Finalmente, os organizadores do 1º Encontro Vocacional Indígena 2023, pedem rezar a fim de que, pela intercessão de Maria Mãe das Vocações, o Espírito do Senhor ilumine e conduza os vocacionados e vocacionadas do mundo inteiro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações do Blog Povo Ticuna de Belém do Solimões

Pedro e Paulo, Tradição e Missão para perpetuar o Reino de Deus

Quase dois mil anos depois que Jesus confiou a Pedro comandar a Igreja, ela segue viva. Uma Igreja que nasceu pequena e que foi crescendo e sendo presença na vida do povo. Ela permanece porque está constituída sobre o fundamento dos Apóstolos, tendo Pedro na frente do grupo. Ela cresceu porque Paulo se empenhou em dar a conhecer uma mensagem, a mensagem do Evangelho, que fez com que ele mudasse de vida e de grande perseguidor passasse a ser o mais destacado missionário. Dois homens teimosos, também nas coisas de Deus, empenhados em levar para frente aquilo que acreditavam. Às vezes no caminho errado, mas sempre empenhados em fazer realidade o que eles iam descobrindo que Deus queria deles. Eles vão descobrindo aos poucos os planos de Deus em sua vida e se tornando alicerce e voz da Igreja que vai se consolidando. A festa de São Pedro é a festa do Papa, no tempo atual a festa de Francisco, o Papa 266 na história. O sucessor de Pedro continua sendo o rosto visível de uma Igreja que ao longo da história passou por dificuldades. Homens nem sempre aceitos, nem pela humanidade, nem dentro da própria Igreja, mas que enquanto continuadores da missão iniciada por aquele pescador de Galileia, aquele a quem Jesus lhe diz que vai lhe fazer pescador de homens, deve ser visto nessa perspectiva. O Papa Francisco sempre pede não esquecer de rezar por ele, uma oração que vai além de uma pessoa, uma oração que se dirige a Deus pedindo que aquele que sustenta a Tradição possa continuar guiando a barca de Pedro, guiando a Igreja. Somos Igreja quando queremos caminhar juntos, somos Igreja quando nos identificamos com essa comunidade de irmãos e irmãs que caminha sob a guia do sucessor de Pedro. Uma Igreja que cresce quando é fiel àquilo que Jesus espera dela, mas também quando testemunha essa proposta de vida e ajuda outros homens e mulheres a descobrir, igual aconteceu com Pedro e Paulo, que vale a pena seguir Aquele que os chama para caminhar com Ele. Jesus vai cativando a vida das pessoas, mas para isso se faz necessário muitos “Paulos”, homens e mulheres destemidos que assumem a necessidade de ser Igreja em saída, Igreja que vai ao encontro do povo e encontra modo de comunicar hoje essa mensagem que perpassa o tempo. Uma festa que em nossa Amazônia surca as águas, lembrando de tantos homens e mulheres que tiram seu sustento cotidiano dos rios. Um trabalho complicado, cada vez mais complicado, pois a poluição, a pesca predatória e tantas outras atitudes erradas, fazem com que esse sustento nem sempre chegue na messa daqueles que se esforçam pela sua sobrevivência. Com Pedro e com Paulo caminhemos juntos e sejamos uma Igreja inspirada naqueles dois pilares que sustentaram a vida e a caminhada da primeira Igreja. É tempo de continuar seguindo Jesus e dá-lo a conhecer a todos os povos. Será que Ele pode contar com a gente? Será que a Igreja pode encontrar em nós verdadeiras testemunhas que ajudem a Igreja a se manter viva na vida do povo?   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Prelazia de Itacoatiara inicia celebrações de Ação de Graças pelos 60 anos de missão

No dia 13 de julho de 1963, em pleno andamento do Concilio Vaticano II, o Papa Paulo VI criou três prelazias: Itacoatiara, Borba, que em 18 de novembro de 2022 foi elevada a diocese e neste 25 de junho celebrou a instalação da diocese, e Coari, elevada a diocese em 9 de outubro de 2013. 60 anos de igrejas particulares, acompanhando a vida de fé do povo da Amazônia, que são motivo de gratidão. “Queremos agradecer a Deus esses 60 anos de nossa história”, segundo dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da prelazia de Itacoatiara. Para isso irá acontecer a partir de hoje 26 de junho até dia 13 de julho, uma celebração em cada paróquia e área missionária de Ação de Graças, atividades que também serão realizadas em algumas comunidades do interior. A celebração principal em cada local será “uma Eucaristia onde vai se tentar fazer uma memória do tempo de existência de paróquia dentro dos 60 anos de existência da prelazia”, enfatizou o bispo. Dom Ionilton insistiu em que “quer ser uma celebração de Ação de Graças, mas ao mesmo tempo de resgate da história, de fazer memória de tudo aquilo que Deus nos permitiu viver nesses 60 anos na prelazia e em cada paróquia e em cada comunidade, para a gente dar graças a Deus por tantos homens e mulheres que fizeram parte dessa história, que já não estão aqui conosco, já estão na glória do céu”. A celebração quer ser também um momento de “ação de graças a Deus por tantos homens e mulheres que ainda, graças a Deus, estão fazendo parte dessa história, agora que a prelazia faz 60 anos, e pedir benção e graças a Deus para que nós prossigamos a nossa missão”, enfatizou o bispo. Ele lembrou que a prelazia de Itacoatiara faz parte do Regional Norte1 da CNBB e da Igreja que está na Amazônia brasileira. Por tanto, afirmou o bispo, “nós, prelazia de Itacoatiara, ao celebrarmos os 60 anos da nossa história, queremos pedir a Deus que nos ajude a ser aquilo que o Papa Francisco tem pedido tanto à gente, desde a preparação do Sínodo para a Amazônia, no Sínodo e no pós-Sínodo, na exortação apostólica ‘Querida Amazônia’, que seja uma Igreja cada vez mais missionária, samaritana, sinodal, que seja uma Igreja de comunhão e participação, em saída, uma Igreja que tenha cada vez mais rosto amazônico”. Celebrando os 60 anos, Dom Ionilton pediu conseguir ser “uma prelazia, com todas as paróquias e comunidades, pastorais, organismos, grupos e movimentos, que faça o Reino de Deus ir acontecendo nessa área territorial, que a Igreja denominou prelazia de Itacoatiara lá em 13 de julho de 1963, e é claro também, fortalecer o encontro entre as pessoas, a presença nossa como bispo da prelazia, indo até as 13 matrizes de cada paróquia, algumas comunidades, realizando alguma reunião, algum encontro, alguma participação em atividade cultural através da música, da poesia, de rodas de conversa para lembrar a história”, ressaltando que “é assim que nós estamos querendo celebrar esses dias”. As comemorações serão encerradas no dia 13, data em que a prelazia completa 60 anos de sua criação, com uma celebração na catedral Nossa Senhora do Rosário, para a que estão motivando para que as paróquias possam enviar seus representantes e assim poder celebrar como prelazia e completar todo esse roteiro de ação de graças que inicia neste 26 de junho. O objetivo é “avivar a chama dessa pertença à Igreja, da pertença à prelazia, a partir de cada comunidade, de cada paróquia, mas acima de tudo a pertença à Igreja de Jesus Cristo e despertar o compromisso para essa caminhada com rosto amazónico, com vocações próprias de nossa região, com o fortalecimento do trabalho vocacional, e também uma Igreja que seja de fato de comunhão e participação e que cuida da mãe natureza, que cuida do bioma Amazônia, dessa ‘Querida Amazônia’, como chama o Papa Francisco, dando um olhar especial aos empobrecidos aos excluídos, aos migrantes que passam muitas vezes por nossas paróquias e comunidades”, disse Dom Ionilton. O bispo insistiu em ser “uma Igreja que acolhe, uma Igreja de porta aberta, como diz o Papa Francisco, e uma Igreja que quer ser sempre servidora, uma Igreja a serviço do povo de Deus”. Dom Ionilton pede para acompanhar esses momentos de celebração, mas também a quem não puder acompanhar que reze a Deus e a Nossa Senhora para que intercedam pela prelazia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo Steiner: Não tenhais medo!

“Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais!” No envio, na missão recebida, no caminhar pelas incertezas, pode nascer receios, medos. Jesus a confortar: “Não tenhais medo!”. O Evangelho de hoje a nos libertar do medo: nada de encoberto, mas revelado; nada de escondido, mas conhecido; Luz, não escuridão; Proclamação em praça pública, não cochichos escamoteados, escondidos. O corpo pode passar pela morte, a alma permanece vida; ser viventes! São muitos os medos que fazem as pessoas sofrer em silêncio, no escondimento. Medo do sofrimento, medo da fome, medo da perda do amado, da amada, medo da perda dos filhos, medos do desamparo, medo do desemprego, medo da morte. No medo, a vida definha, se apaga; a alegria desaparece, o medo causa danos, afasta; uma vida tomada pelo medo definha. O medo afasta da solidariedade, da bondade. O medo nos afasta de Deus. “Não temais”, se repete por três vezes no Evangelho proclamado. Ao enviar os discípulos Jesus assegura a sua presença, a sua ajuda, a sua proteção, no desejo de que os discípulos superem o medo e a angústia que resultarem do confronto, do embate, da perseguição. Jesus oferece três ensinamentos para a superação do medo: pede aos discípulos que o medo não impeça a proclamação da Boa Nova. A mensagem libertadora de Jesus não pode correr o risco de ficar, por causa do medo, circunscrita a um pequeno grupo, recolhido, escondido e comodamente fechado dentro de quatro paredes. A proclamação corre riscos, incomoda. A proclamação da vida nova, do Reino, tenha ousadia, coragem, convicção, coerência, esperança. Por isso, quanto mais livre e visível melhor: à luz do dia. Uma mensagem transformativa e transformadora para todos. Ele ensina às discípulas e aos discípulos que se deixem guiar pela vida em plenitude, não pela morte. Não se deixem vencer pelo medo da morte física. O que é decisivo, para os discípulos, não é que os perseguidores o possam eliminar fisicamente, mas é perder a possibilidade de chegar à vida plena, à consumação da vida, à vida definitiva. A vida do Reino que é anunciado, a vida definitiva, é um dom de Deus. Os discípulos que percorrem com fidelidade o caminho de Jesus não precisam, viver angustiados pelo medo da morte. E Jesus convida os discípulos a confiarem em Deus: Ele cuida dos pássaros! Revela a tocante ternura e cuidado de Deus por todas as criaturas, mesmo as que consideramos insignificantes e indefesas. Deus sabe a quantia de cabelos que temos em nossa cabeça, isto é nos conhece na profundidade de nós mesmos. Ele conhece de forma única, profunda, os nossos problemas, as nossas dificuldades, os nossos dons. É cheio de amor e de ternura, sempre preocupado em cuidar dos seus filhos e filhas. Ora, depois de terem descoberto este “rosto” de Deus, os discípulos têm alguma razão para ter medo? A certeza de ser filho, de ser filha de Deus é, sem dúvida, algo que alimenta a capacidade do discípulo em empenhar-se, sem medo, sem prevenções, sem preconceitos, sem condições, na missão de anunciar o Reino de Deus. Reino da liberdade e da graça, Reino da verdade da justiça, do amor e da paz. Nada, nem as dificuldades, nem as perseguições, deveriam calar os discípulos e as discípulas, pois guiados e guiadas, direcionados e direcionadas pela confiança na solicitude, no cuidado e no amor de Deus, o Pai. Jesus na sua pregação, com a sua presença, com os seus milagres, buscou despertar confiança. Se Deus cuida com tanta ternura dos pardais do campo, os pequeninos pássaros da Galileia, como não vai cuidar der nós, de cada um de nós? Se faz crescer as ervas do campo e faz florir os campos, como não vela e se debruça sobre cada um de nós? Para Deus somos muito mais importantes e queridos que todos os pássaros do céu e as flores do campo. Como nos diz um texto dos primeiros tempos do cristianismo: “Descarregai em Deus tudo que vos abate ou oprime, pois a Ele só interessa o vosso bem”. Jesus que sempre transmitia esperança, confortava, buscava espantar o medo que se aninhava nos pobres, nos famintos, nas viúvas e nos órfãos. E repetia e animava e espantava o medo: Tem fé; a tua fé te salvou; Vai em paz, não voltes a pecar; Não julgueis, vive em paz. Deveríamos ser discipulas e discípulos de Jesus, comunidades, que espantam o medo e oferecem o Evangelho da confiança. Uma comunidade onde se respira uma paz contagiosa e se vive o amor entranhável, que escuta o apelo de Jesus: “Não tenhais medo”! Ao deixarmos ressoar as palavras de Jesus “não tenhas medo”, talvez possamos fazer a experiência de sermos amados por Deus. Tudo o que nasce dele é confiança e amor. Dele recebemos a vida, não a morte, a paz e o bem, não a violência e a guerra. Podemos até afastar-nos dele, mas ele não se afasta de nós. Deus nos ama incondicionalmente. Não temos necessidade de conquistarmos a Deus, apenas nossa abrirmos à sua graça e ao seu amor. Mesmo não sendo melhores, santos, santas, continuamos a ser amados por Deus. “Não ter medo.  Jesus encoraja os discípulos, nos ensina Papa Francisco. Fala do cuidado amoroso e providente do Pai, que se preocupa com os lírios do campo e as aves do céu, e, portanto, ainda mais com os seus filhos. Assim, não devemos preocupar-nos, nem nos agitar: a nossa história está firmemente nas mãos de Deus. Este convite de Jesus a não ter medo encoraja-nos. Com efeito, às vezes sentimo-nos presos num sentimento de desconfiança e angústia: é o medo de falhar, de não ser reconhecido e amado, o receio de não ser capaz de realizar os próprios projetos, de nunca ser feliz, e assim por diante. Então lutamos para procurar soluções, para encontrar algum espaço onde sobressair, para acumular bens e riquezas, para alcançar seguranças; e como acabamos? Acabamos por viver na ansiedade e na preocupação constante. Jesus, ao contrário, tranquiliza-nos: não tenhais medo! Confiai no Pai,…
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Igreja de Borba celebra com gratidão a instalação da Diocese

Com grande alegria, a Igreja de Borba celebrou neste 25 de junho a instalação da diocese de Borba. Criada em 13 de julho de 1963 como prelazia, junto com a prelazia de Coari, criada diocese em 9 de outubro de 2013, e a prelazia de Itacoatiara, a Eucaristia celebrada na nova catedral diocesana de Santo Antônio tornou realidade a Bula do Papa Francisco com data de 18 de novembro de 2022, lida na celebração pelo chanceler diocesano. A celebração foi presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo metropolitano de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), delegado do nuncio apostólico no Brasil dom Giambattista Diquattro, e contou com a presença de dom Marcos Piatek, bispo da diocese de Coari, dom Gutemberg Freire Regis, bispo emérito da diocese de Coari, dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da prelazia de Itacoatiara, dom José Alburquerque de Araújo, bispo da diocese de Parintins, dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da diocese de Roraima. Uma celebração onde também se fez presente o clero, a vida religiosa e o povo de Deus que caminha nesta Igreja banhada pelo Rio Madeira. A festa começou com a benção da cúria diocesana pelo cardeal Steiner, que realizou posteriormente o rito de instalação da diocese. Dom Leonardo insistiu, seguindo as palavras do Evangelho do dia, em não ter medo em servir às pequenas comunidades, em servir de guia para os missionários, as missionárias, seguindo o exemplo daqueles que não tiveram medo em encarnar a Igreja e viver o Evangelho, de seguir a Jesus, também na Cruz. Um não ter medo que fez possível que hoje fosse instalada a diocese de Borba, afirmou o metropolita. Eles tomaram o conselho de Jesus “como um horizonte para anunciar e proclamar”, destacou dom Leonardo. Um espírito missionário que segundo o cardeal será continuado pela nova diocese seguindo os passos, as navegações do passado, um espírito missionário muito presente na Amazônia, um espírito de colegialidade entre os bispos, o que foi expresso na entrega do báculo ao novo bispo diocesano, feita por todos os bispos presentes. Como presidente, Dom Leonardo agradeceu a Dom Zenildo por sua presença no Regional Norte1, seu entusiasmo e dedicação, sua missionariedade, afirmando não ter perdido seu espírito de Redentorista, que é o espírito da missionariedade e “que agora se coloca com maior disposição ainda a serviço desta nossa igreja particular”, pedindo para ele a benção e a ajuda de Deus. O cardeal convidou os presentes na celebração a não deixar de anunciar Jesus e introduzir os mais jovens no dom da Palavra de Deus, “para que não abandonem a Igreja por qualquer motivo, mas aprofundem cada vez mais a relação com nosso Senhor Jesus Cristo e se sintam cada vez mais comunidade de fé”, pedindo de Deus a graça da perseverança e da alegria. “Uma Igreja que tem a missão de evangelizar”, segundo Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva enfatizou no início de sua homilia, que nasceu durante o Concílio Vaticano II, vivido em tônica de alegria, uma alegria que “é dom e graça e vem perpassando a evangelização na Igreja até hoje”, segundo o bispo da diocese de Borba, lembrando que o atual pontificado começou com a “Evangelii Gaudium”, a Alegría do Evangelho. Alegria que segundo o bispo foi uma expressão presente na celebração de instalação da diocese de Borba, agradecendo a vida e missão de seus predecessores. Comentando as leituras do dia, 12º domingo do Tempo Comum, Dom Zenildo destacou a confiança em Deus que o profeta Jeremias tem mesmo diante perseguição, solidão e abandono. Ele teve medo e resistiu, mas o Senhor não desiste e o envia para proclamar a justiça, o que provoca o repúdio do povo e da própria família. O essencial não é cumprir a Lei de Moisés, mas acolher a oferta de Salvação que Deus faz a todos por Jesus, afirmou ao elo do texto de São Paulo aos Romanos. Jesus envia seus discípulos para a missão, e lhes diz que não tenham medo, medo do fracasso, medo da morte, medo pela sobrevivência. São atitudes também presentes hoje e que devem levar a Igreja a refletir quando quer realizar a missão evangelizadora. Em sua nova missão como bispo diocesano Dom Zenildo confessou seu amor pela Igreja e pela Missão, algo presente em seu lema episcopal: “Apascenta minhas ovelhas”, insistindo em que vai “continuar zelando, cuidando e defendendo esta porção do povo de Deus a mim confiado”. Uma diocese que seguindo a missão de Cristo, foi chamada pelo bispo a “evangelizar todos e todas e principalmente os esquecidos, ribeirinhos, indígenas, comunidades, cuidar a casa comum”. Uma Igreja que foi convidada por Dom Zenildo a celebrar no dia 13 de julho, nas comunidades, nas áreas missionárias e nas paróquias, os 60 anos de caminhada. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “Não se pode pensar na Igreja que evangeliza na Amazônia sem a participação dos leigos, mulheres e homens”

O encontro continental de Ameríndia, que está sendo realizado em Manaus de 22 a 26 de junho, teve a participação do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, que refletiu sobre a evangelização na Amazônia. O ponto de partida foi a Evangelii Nuntiandi, onde o Papa Paulo VI afirma que toda a Igreja é missionária, que a obra de evangelização é um dever fundamental de todo o povo de Deus. Todos somos evangelizadores Dom Leonardo lembro, seguindo o apresentado na Evangelii Nuntiandi, que “todos somos evangelizadores, todos somos testemunhas do Reino”, insistindo em que “evangelizar não é um ato individual, nem isolado”. Nessa perspectiva, as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil falam de comunidades missionárias, onde todos os batizados são missionários e “nós experimentamos isso na Amazônia”, ressaltou o cardeal. Isso porque “a obra de evangelização é sempre uma obra de Igreja, de comunidade, a sinodalidade nos ajuda a isso, superar os modos individualistas”, afirmou. O arcebispo de Manaus destacou a importância do Encontro de Santarém em 1972, que considera “decisivo para a evangelização da Amazônia”. Naquele encontro aparecem dois princípios: encarnação e libertação, é uma Igreja que não está de passagem, com missionários que vieram, permaneceram e aqui foram enterrados. Um bom odor que perdura, uma missão que definiu como admirável, citando muitas congregações que realizaram esse trabalho. O cardeal vê a necessidade de assumir a realidade, mas ao mesmo tempo ser libertada, “o Verbo encarnado exige uma aproximação com a realidade”, destacou. Ele advertiu sobre a “dificuldade para levarmos em consideração as culturas”, fazendo ver que cada povo tem sua cultura e seus espíritos. A partir de Santarém a Igreja da Amazônia foi se organizando, uma Igreja que se faz carne e arma sua tenda na Amazônia, para anunciar o Evangelho como fonte e sentido da libertação, defesa da casa comum e promoção da vida quando é ameaçada pelo falso conceito de progresso, que explora, deixando assim de promover a justiça e bem-estar para todos”, segundo Dom Leonardo. Inculturação e interculturalidade como caminho de encarnação Em Santarém o futuro foi pensado, e com o decorrer o tempo, o Documento Final do Sínodo para a Amazônia, enfatizou ideias presentes em Santarém, insistindo em que o caminho de encarnação são caminhos de inculturação e de interculturalidade. Partindo da sua experiência como bispo na Amazônia, o cardeal disse que “entender alguma coisa leva tempo”, destacando que “a cultura é fundamental”, e que se faz necessário repensar a partir dos povos, e que para isso precisamos tempo e escutar. Na Amazônia, uma Igreja encarnada e libertadora, princípios de Santarém, é uma Igreja servidora. O arcebispo de Manaus abordou a hermenêutica que o Papa Francisco faz em Querida Amazônia.  Nos quatro sonhos, “na medida em que se vai lendo vamos percebendo dimensões de um todo, que vai se mostrando na medida em que os sonhos se vão explicitando”. Algo que ele definiu como uma hermeneuta da totalidade, que considera fundamento de toda evangelização na Amazônia, totalidade necessária para poder ser uma presença do Reino de Deus. São sonhos que abrem horizontes, que indicam o caminho a seguir, para ser uma Igreja que possa ser transformadora e libertadora. Essa hermenêutica da totalidade vai dando um rosto, mesmo sabendo que na Amazônia não tem um rosto só. Daí a dificuldade de concretizar um rito amazônico diante de tantas culturas, algo que mais uma vez exige muita escuta, insistindo na necessidade de um rito que não seja só litúrgico. Evangelizar a Amazônia a partir de si mesma Reconhecendo a importância dos tantos missionários e missionárias ao longo da história, Dom Leonardo insistiu em que a Amazônia cada vez tem mais consciência de ser evangelizada a partir de si mesma. Ele destacou a importância das comunidades que foram dinamizadas por leigos e leigas, uma Igreja laical, com muitas lideranças femininas, chamando a fazer um esforço para que ela continue assim. Seu arcebispo, lembrou a experiência da assembleia sinodal realizada na Arquidiocese de Manaus, com grande participação dos leigos, também nas decisões. É por isso, que “dinamizar a Igreja a partir de nossos presbíteros não tem como”, afirmou, lembrando que os leigos sentem essa responsabilidade. Nesse sentido, ressaltou que “não se pode pensar na Igreja que evangeliza na Amazônia sem a participação dos leigos, mulheres e homens”. Uma Igreja que cuida da ecologia integral, uma decisão tomada em Santarém 2022, como recolhe o documento do encontro. O cardeal denunciou que na Amazônia, “o massacre dos povos continua, e muitas vezes isso não é conhecido”, sempre tendo a ver com a ecologia. Ele definiu a situação do Povo Yanomami como “mostra de que a humanidade tem chegado muito baixo”. Tudo isso mostra a importância de “uma Igreja que sempre está à escuta de todas as realidades, que não tem medo de dialogar, uma Igreja sinodal, todos participando, todos opinando, rezando, celebrando, ajudando a visibilizar o Reino de Deus”, o que o levou a dizer que “no Norte (do Brasil) ser Igreja é mais encarnado, mais próximo”. Uma Igreja testemunhal Uma Igreja dos mártires, “a Igreja da Amazônia tem muitos mártires e muitos que não sabemos”, disse. Uma Igreja testemunhal, colocando como exemplo a solidariedade da Igreja de Manaus no tempo da pandemia, algo que ele disse nunca ter visto, lembrando que “atendemos mais de 100 mil pessoas, isso pela partilha das pessoas, das empresas, às vezes coisas pequenas”, uma amostra de que “fizemos aflorar a caridade, o amor, a solidariedade no tempo da pandemia”. Uma Igreja que na Amazônia “tem um senso de caminhar juntos, com sensibilidade para com aquilo que é nosso, da Amazônia”, destacando a fraternidade entre os bispos, a ajuda entre eles, mas também uma relação que acontece entre povo de Deus. Finalmente, lembrando as palavras do Evangelho deste domingo, que diz “Não tenhais medo”, insistiu em que o Pai do céu cuida, “uma sensibilidade presente nas comunidades da Amazônia, com expressões profundas de fé e relacionamento”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1