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Cardeal Steiner: “Na mesa com Jesus há lugar para todos”

Lembrando que “o nome Mateus significa dom de Deus, presente de Deus, dádiva de Deus”, iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia do 10º Domingo do Tempo Comum. O arcebispo de Manaus disse que “Mateus sabia de seu pecado, da sua traição, do seu desalinho em relação à Lei e seu povo. O dom de Deus narrando o seu encontro com Jesus, como foi atingido pelo mestre, como foi chamado e veio a participar da pregação do Reino”. Antes do chamado de Mateus, “Jesus acabara de curar um paralítico, dizendo: os teus pecados estão perdoados, levanta-te toma a tua maca e volta para casa (Mt 9,1-8)”, mostrou Dom Leonardo. “Ele cura, redime, transforma e devolve à casa o homem que jazia em uma maca. E ao chamar Mateus entra na sua casa: ‘Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: Segue-me!’ Continua a curar a levar a salvação, apresenta a misericórdia, se faz misericórdia. Entra na casa de Mateus e faz refeição com ele. E na casa de Mateus busca curar e sanar a todos os necessitados de saúde, de salvação”, afirmou o cardeal. Se perguntando “Quem era Mateus?”, Dom Leonardo disse que “ele desempenhava a função de cobrador de impostos. Era um dos que cobrava impostos aos israelitas, para entregar aos romanos: um traidor da pátria. Cobradores de impostos, os publicanos eram homens, desprezados, odiados; considerados pecadores, impuros. Os publicanos, transgressores, eram pessoas indesejáveis de quem se deveria guardar distância, deveriam ser excluídos, pois não viviam segundo a Lei. Os publicanos eram pessoas desclassificadas, excluídas da vida social e religiosa, catalogadas como pecadoras, e sem possibilidade de salvação”. O cardeal lembrou as palavras de São Lucas “ao narrar a subida do fariseu e do publicano ao templo: ‘Não sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros e nem como esse publicano’. E Jesus ao olhar para Mateus viu nele um anunciador, testemunhador, propagador do Reino de Deus. O chamou e Mateus não se desviou do chamado, mas logo seguiu: ‘Ele se levantou e seguiu a Jesus’”. O arcebispo de Manaus considera “admirável que o pecador, o transgressor, se levante imediatamente e siga a Jesus. Admirável que deixe a banca, o lugar do ganha pão, do lucro seguro, sem objeções nem pedidos de esclarecimento, deixa tudo e aceita ser discípulo, numa adesão plena, total e radical a Jesus e ao anúncio do Reino. Um verdadeiro discípulo que na sua cotidianidade se encontra com Jesus, escuta o seu convite e segue: ‘levantou-se e o seguiu’”. “Ao se levantar, tem estradas a percorrer, caminhos a experimentar, itinerários por fazer, veredas por ensinar. Desalojado de sua banca é tomado pela alegria do seguimento, pela graça da salvação. Na emoção do chamado convida o Mestre para sentar-se à mesa em sua casa, para refeição. Não mais impostos, enganos, servir os estrangeiros, mas convívio, fraternidade, partilha, vida nova”, afirmou o cardeal. Dom Leonardo recordou que “o sentar-se à mesa, o banquete, era na tradição judaica, o lugar do encontro, da fraternidade, dos laços de família, de comunhão. Sentar-se à mesa com alguém significava estabelecer laços profundos, íntimos, familiares, com essa pessoa. Jesus nos ensina em outras passagens que o banquete é o símbolo do Reino de fraternidade, de comunhão, de amor sem limites, que Ele veio anunciar a todos”. Citando o texto do Evangelho de Mateus: “Enquanto Jesus estava à mesa em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentam-se à mesa com Jesus e seus discípulos.”, o cardeal disse que “os publicanos e os pecadores, os transgressores, vieram participar do banquete, da mesa, da mesa do amor; do amor sem limites. Jesus à mesa do publicano sem encontra entre os pecadores, entre outros publicanos. Soava mal sentar-se entre pecadores, cobradores de impostos. Um verdadeiro escândalo! Mas, o Mestre sente-se bem entre eles, conversa, dialoga, ensina. Foi para isso que vim: salvar os pecadores, dar saúde aos doentes, oferecer misericórdia. Vim sanar, recuperar, devolver a saúde, reintegrar, para que vivam eticamente, sejam misericordiosos, anunciadores do novo Reino. Levem uma vida justa e honesta, nada mais de negócios escusos, corrupção, de vida a serviço do dinheiro”. Segundo o arcebispo de Manaus, “Jesus na casa de Mateus a nos mostrar que ninguém excluído. Na mesa com Jesus há lugar para todos. Ele busca a todos para participar do banquete da misericórdia, da vida. Ele vai em busca, pois ‘Aqueles que tem saúde não precisam de médico, mas sim os doentes’. Deus não se afasta de nós quando pecamos, quando agimos mal, pelo contrário se aproxima para que tenham a vida, vivamos com dignidade”. Dom Leonardo recordou as palavras do profeta Oseias na primeira leitura: “Quero a misericórdia, o amor, e não os sacrifícios, conhecimento de Deus, mais que que holocaustos”, e que “o Evangelho nos admoestava: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’”. Ele insistiu em que “Jesus viu, olhou, repousou seu olhar sobre Mateus e ofereceu-lhe misericórdia. O olhar de Jesus o desperta e ele se vê, se sabe pecador: sabia que não era amado por ninguém, e até era desprezado. Precisamente aquela consciência de ser pecador abriu a porta à misericórdia: deixou tudo e seguiu”, inspirado nas palavras do Papa Francisco. Seguindo com o ensinamento pontifício, disse que “todos os pecadores que encontraram Jesus tiveram a coragem seguir, mas se não se sentissem pecadores não o podiam seguir. A primeira condição para ser salvo é sentir-se em perigo, é perceber-se pecador; a primeira condição para ser curado é sentir-se doente. E ao sentir-se pecador é a condição para receber olhar de misericórdia. O olhar de Jesus que nos busca, deseja, afável, belo, bom, misericordioso, amorável. É o olhar do amor, o olhar da misericórdia, o olhar que nos salva e nos oferece a confiança da salvação, da reconciliação, do novo Reino”. Dom Leonardo fez ver que “aos que se sentem agredidos com a presença de Jesus entre os publicanos, ele adverte: ‘eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores’. E poderíamos pensar que se refere aos…
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Cristãos Leigos e Leigas do Regional Norte 1 participa da 41° Assembleia Nacional do Laicato do Brasil

De 8 a 11 de junho, em Igarassu/PE, acontece a Assembleia Geral Ordinária (AGO) do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), com a participação de mais de 200 leigos e Leigas de todo o Brasil, com tema: Cristãos Leigos e Leigas “Não deixemos morrer a profecia” com a iluminação bíblica: “Ele me ungiu para a anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). No primeiro dia, aconteceu a abertura com a acolhida das delegações de todos os regionais presentes na 41ªAGO. Em seguida, a presidência do CNLB propôs a pauta e pediu a aprovação do regimento interno da Assembleia. A presidente do CNLB Sônia Gomes nos exorta e convida o laicato a anunciar Jesus fora da Igreja.  A professora Tânia Barcelar de Araújo conduziu a Análise de Conjuntura com as dimensões mundial, nacional e do nordeste. Na noite do primeiro dia, procissão e celebração de Corpus Christi além de reuniões privativas da presidência nacional com os presidentes regionais do CNLB e os demais participantes assistiram o filme documentário A Carta refletindo a Laudato Si de Papa Francisco. Na sexta-feira, estamos partilhando e refletindo testemunhos de urgências falando da Criação e economia, da educação e da incidência política. À tarde seguiremos com o testemunho e profecia de Dom Helder, conduzida por Marcelo Barros, momento de partilha dos avanços dos organismos e momento orante. Próximos passos No sábado além de momento orantes vamos meditar sobre a Vocação à Profecia do Laicato e n parte da tarde com celebração da Profecia: início do itinerário Jubilar dos 50 anos do  CNLB, concluindo o domingo com os encaminhamentos e celebração eucarística de envio aos Regionais e organismos filiados. Tivemos a presença do Presidente do Regional Norte 1 Francisco Meireles, além de Antônio Nascimento da Prelazia de Tefé; Mercy Soares, da Arquidiocese de Manaus; Odete, da Diocese de São Gabriel da Cachoeira; Maria Joselha e Cleia da Diocese de Roraima, além de Patrícia Cabral que é Secretária Adjunta do CNLB Nacional e Edney Manauara da Comissão Nacional de Comunicação do CNLB. Francisco Meireles – Presidente CNLB Regional Norte1

Dom Leonardo: “Não seguimos ideologias, seguimos o pão descido do céu”

A Arquidiocese de Manaus celebrou neste 8 de junho a Solenidade de Corpus Christi, ocasião para “testemunharmos a presença de Jesus, uma presença humilde, simples, alimentícia”, afirmou o cardeal Leonardo Steiner no início da celebração eucarística realizada nas ruas do centro da cidade, que também acolheram o decorrer da procissão posterior. Segundo o arcebispo, “podemos testemunhar andando com Ele pelas ruas da nossa cidade essa presença de Deus que nos alimenta, nos fortifica y nos transporta”. O cardeal Steiner começou sua homilia citando as palavras de Jesus na passagem do Evangelho do dia: “Eu sou o Pão Vivo descido do Céu”. Dom Leonardo destacou que “Jesus vai descrevendo o Pão que é Ele mesmo, Ele que alimenta, a vida dele que nos é dada, nos é transmitida, a vida dele, sua palavra, que nos alimenta, nos ilumina, nos guia. Por isso, ele insistiu em que “o pão vivo descido do céu não é o fermento, é o pão vivo, a pessoa de Jesus, a pessoa de Jesus que vai nos iluminando, guiando, nos transformando, vai criando vida da comunidade”. “O pão vivo descido do céu, Jesus que veio ao nosso encontro, o sentido da nossa fé, o sentido das nossas comunidades, o sentido das nossas vocações, o sentido de nos encontrarmos aqui”, ressaltou. Ele lembrou que “quem vive de Jesus, quem se alimenta de Jesus, quem se dessedenta de Jesus, tem a vida eterna”, que segundo o arcebispo “vem na medida que vamos nos deixando tomar por Jesus, vamos nos alimentando de Jesus, vamos bebendo a vida de Jesus”. O arcebispo repassou as leituras do dia, destacando na primeira que “o povo nem sempre foi fiel, mas Deus cuidou de ter um alimento, um alimento que eles não conheciam, mas os alimentou, fez a travessia, chegaram à terra da promessa”. Segundo Dom Leonardo, “é esse pão descido do céu que nos faz fazer a travessia, que nos faz atravessar os desertos da vida, nas dores e os sofrimentos”, uma travessia de esperança, segundo o arcebispo, que nos leva à terra da promessa. Dom Leonardo comparou a terra da promessa com “o Reino novo, anunciado, transformado, vivificado por Jesus”, insistindo em que “não vivemos só de esperança, nós vivemos de uma realidade, o Reino novo, o Reino do céu”. Na segunda leitura destacou que “repartir traz comunhão”, afirmando que “Jesus se reparte, não se reserva, não se retrai, caminha, se entrega, divide, oferece a própria vida”. Se referindo à vida de casa, ele insistiu em que “criamos comunhão quando sabemos nos acolher, sabemos amar, sabemos codividir”, algo que também se dá nas comunidades, “onde existe partilha, existe comunidade, existe comunhão”. Ele também disse que “uma sociedade onde se divide há comunhão”, afirmando que “é tão difícil na nossa sociedade de hoje codividir, é mais fácil dividir, segregar, afastar, fechar a porta de quem às vezes tem um cheiro de droga, tem um cheiro de bebida alcoólica, tem cheiro de urina, tem cheiro de fezes”. O cardeal denunciou que “nós não conseguimos criar comunhão na nossa sociedade, nós vivemos segregados, nós vivemos divididos, porque não sabemos codividir, não sabemos sair ao encontro”. Igualmente destacou que “a Eucaristia é sinal de unidade”, falando de “uma unidade que cria comunhão”, algo que lhe levo a dizer que “muitas vezes como Igreja, também aqui em Manaus, nós não sabemos criar uma profunda comunhão, uma profunda unidade, é apenas os meus interesses, as minhas compreensões”. Frente a isso, insistiu em que “quando olhamos para Jesus na Eucaristia, todos nós pertencemos a Ele, todos nós dele nos alimentamos, todos nós com nosso olhar voltado para Ele, porque dele vivemos, a Ele nós seguimos. Não seguimos ideologias, seguimos o pão descido do céu”. Daí, o arcebispo fez um chamado a “que cresçamos na nossa comunhão, na nossa unidade como Igreja, como Arquidiocese”, denunciando nas comunidades “um outro grupo querendo separar, um outro grupo achando que eles são os verdadeiros adoradores”, questionando se eles são adoradores de Jesus e da Eucaristia, e chamado a que “tenhamos um grande amor a Jesus Eucaristia”.  O arcebispo lembrou dos homens e mulheres que ao longo da história “viveram de Jesus pão descido do céu, repartiram, doaram sua vida, porque olharam para Jesus e viram que a vida é para o outro”, pedindo que “Deus nos dê a graça de saber celebrar bem as nossas Eucaristias, e que Deus nos dê a graça de termos Eucaristia nas comunidades que tem às vezes duas, três vezes por ano”, inclusive na Arquidiocese de Manaus. Isso “porque toda Igreja se alimenta de Jesus, toda Igreja vive de Jesus, o pão descido do céu”. O arcebispo pediu “que Ele nos ajude a caminhar, que Ele nos ajude a esperançar, mas que Ele nos ajude também a repartir para que ninguém passe fome”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Evaristo: “Como Igreja, é necessário manter uma opção preferencial pelos povos indígenas”

Foi com cântico que os indígenas receberam Dom Evaristo Spengler, Bispo de Roraima, na concentração da manifestação contra o Marco Temporal, em Boa Vista. O bispo esteve junto a sacerdotes, religiosos e religiosas e com irmãs da Pastoral indigenista, na manhã desta quarta-feira (07), reafirmando a posição da Diocese de Roraima, contrária ao Marco Temporal e a favor da vida e direitos dos povos originários. Direcionado aos indígenas Dom Evaristo diz que a igreja é aliada e parceira dos povos originários: “Como igreja é necessário manter uma opção preferencial pelos povos indígenas. Somos aliados, somos parceiros, queremos caminhar juntos”, disse Dom Evaristo. O Bispo ainda diz que esse Marco Temporal significa uma grande injustiça: “O marco temporal  significaria cometer uma grande injustiça, porque só aceitaria com direito ao território quando o indígena estava sobre a terra em 1988, quando foi promulgada a constituição”, disse o Bispo. Dom Evaristo ainda reafirma que a igreja quer lutar contra todo projeto de morte. Cita o garimpo e diz que todo direito de vida deve ser preservada.  “O garimpo é um projeto de morte porque traz doença, violência, narcotráfico, a invasão dos territórios indígenas são violência“. “Nós queremos que a vida seja garantida e preservada em todos os seu direitos”, finalizou o Bispo. A manifestação concentra indígenas e suas lideranças contrários ao PL 490 sobre o Marco Temporal, na praça do Centro Cívico, no centro de Boa Vista. Rádio Monte Roraima 

Eucaristia, quando vai ser um direito de todos?

No dia em que a Igreja católica celebra a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, a festa da Eucaristia, que é a fonte e o cume da vida cristã, somos desafiados a nos questionarmos sobre as dificuldades que muitas comunidades têm no interior da Amazônia e em tantos outros lugares para celebrar a Eucaristia. As grandes distâncias, o escasso número de presbíteros, o alto custo para chegar em locais afastados, condiciona essa celebração continua. De fato, o primeiro Mandamento da Igreja diz: “Participar da Missa inteira aos domingos, de outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho”. E o que acontece com quem vive em locais onde a presença do padre é uma ou duas vezes por ano, inclusive a cada vários anos? Como cumprir aquilo que a Igreja manda? O Sínodo para a Amazônia refletiu sobre essas questões, uma reflexão que foi deturpada com questões que não tinham nada a ver. Simplesmente foi planteada a necessidade de procurar caminhos para que as comunidades tenham a possibilidade de celebrar a Eucaristia cada domingo, uma dificuldade que, em menor medida, também é vivida nas cidades, inclusive em Manaus. Não colocamos em dúvida as leis da Igreja, mas também não podemos ter medo a refletir sobre se leis elaboradas séculos atrás continuam respondendo às necessidades daqueles que vivenciam sua fé na Amazônia no século XXI. Na medida em que o medo, ou outros condicionantes, não deixam pensar em caminhos de futuro eclesiais, isso condiciona e deteriora a caminhada da Igreja e a vivência da fé. Não podemos esquecer que a Eucaristia é alimento que fortalece nossa vida e missão como discípulos e discípulas de Jesus. Seu Corpo e Sangue nos aportam o valor necessário para enfrentar os desafios da missão, para ir além e para enxergar a presença daqueles que tem fome de pão, uma dimensão que a Campanha da Fraternidade deste ano nos levou a refletir durante a Quaresma. Quando Jesus é meu alimento, minha vida tem maior energia e isso me ajuda a fazer realidade seu projeto de Reino, um pedido que fazemos cada dia quando rezamos a oração que Ele mesmo nos ensinou. A Eucaristia visibiliza o Reino, porque a entrega, a partilha, são sinais do Reino. Valorizemos a Eucaristia, que ela seja celebração de vida, que não fique só em uma série de ritos e rubricas. Que possamos levar esse alimento para nossa vida cotidiana, uma vida que somos chamados a dar sentido pleno à luz de Jesus e de seu querer nos alimentarmos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Roque Paloschi: Marco Temporal, “o CIMI não pode arredar o pé dessa sua missão de estar junto com os povos indígenas”

Acabar com a demarcação de uma parte importante das terras indígenas, com o consequente aumento dos interesses econômicos sobre esses territórios com o avanço da monocultura, da exploração de madeira, da grilagem, da mineração, é o que está atrás do denominado Marco Temporal, uma questão de suma importância para os povos indígenas no Brasil, que ao longo da história viram como seus territórios foram roubados. Diante disso, a Igreja católica, como vem fazendo há décadas e reforçou no Sínodo para a Amazônia, quer ser aliada desses primeiros habitantes, ajudá-los para que eles possam viver plenamente e com dignidade em seus territórios. O Marco temporal é uma tragedia para o Brasil, “porque nós acabamos desrespeitando a Constituição de 88”, denuncia dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho (RO) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), independentemente da data que for determinada. O texto da Constituição Federal de 1988 quis, segundo o arcebispo, “pagar essa dívida histórica com os povos originários, os povos tradicionais, do reconhecimento de seus direitos e seus territórios”. Ele insiste em que “o Marco Temporal vai contra uma cláusula pétrea da Constituição brasileira, onde ninguém tem o direito de retirar aquilo que é próprio da Constituição, mesmo a Câmara dos Deputados”, denunciando que “a votação da Câmara é um retrocesso, que mostrou essa hostilidade contra os povos indígenas e pouco compromisso com a Constituição Federal, com esse compromisso de cuidar da casa comum”.   Mesmo assim, Dom Roque enfatiza que “a decisão da Câmara não é a última palavra, tem o Senado também, e nós confiamos plenamente que o Supremo Tribunal Federal vai seguir a tese do Indigenato, ou seja, os povos aqui viviam e antes da constituição do próprio Estado brasileiro, esses direitos são inalienáveis, não é possível mexer nesses direitos”. Um processo que conta com uma presença significativa de indígenas em Brasília para acompanhar a votação que retoma nesta quarta-feira. Segundo o arcebispo de Porto Velho, essa “é uma situação que precisa ser resolvida no Brasil, para dar uma segurança jurídica para todos, seja para as famílias que estão colocadas em terras indígenas, mas também para as próprias comunidades indígenas. A Constituição previa aqueles cinco anos das normas transitórias da Constituição, que elas deviam ser reconhecidas, demarcadas e homologadas. O Estado brasileiro não cumpriu e agora voltasse contra a possibilidade de retirar os direitos dos povos originários”.  Seu presidente afirma que “o CIMI desde seu surgimento fez este compromisso de aliança com a causa indígena, e tivemos o momento auge, não só com um grande número de mártires, seja missionários, missionárias e lideranças indígenas, mas o momento auge foi o reconhecimento dos direitos indígenas nos artigos 231 e 232, e agora novamente um momento muito decisivo para a história do nosso país, a votação do Marco Temporal”. Ele insiste em que “por isso, o CIMI não pode arredar o pé dessa sua missão de estar junto com esses povos que historicamente sempre foram vistos como um atrapalho, um estorvo na história do Brasil, mas são os primeiros habitantes destas terras”.   Em uma perspectiva bíblica, Dom Roque diz que “um dia Deus vai nos perguntar como perguntou a Caim, onde está o teu irmão? Onde estão as populações indígenas que em 1500 eram quase 6 milhões e hoje o número é insignificante para este nosso país?”. Questionamentos que o levam a afirmar que “nós temos também essa responsabilidade de defender a vida. E defender a vida não é contra ninguém, e sobretudo defender o direito desses primeiros habitantes do país e juntamente com defender o direito deles, defender o direito de todos, sobretudo dos pobres”. O problema maior, segundo o presidente do CIMI, “é que nós vivemos uma sociedade preconceituosa e discriminatória, e nós não estamos entendendo muitas mentiras em relação ao Marco Temporal”. Ele denuncia que “o Marco Temporal é uma criação onde os que detêm o poder querem impor sobre as comunidades indígenas essa data de 5 de outubro, quando foi promulgada a Constituição de 88 como o marco em que todas as comunidades deveriam estar em seus territórios”. O motivo de ser contra isso está em que “até então, a população indígena no Brasil era tutelada, eles não tinham autonomia e eram conduzidos pela Fundação Nacional do Índio, que ia tirando de um lugar e colocando em outro, e os territórios deles iam sendo ocupados. E é por isso, que hoje é importante o reconhecimento desses direitos porque volto a dizer, essas populações já estavam aqui antes do surgimento do Estado brasileiro, antes da chegada dos europeus”, segundo Dom Roque Paloschi. “Os direitos são originários, são clausula pétrea da Constituição e nós não podemos ignorar isso”, concluiu o presidente do CIMI. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

“Já prestamos um serviço diaconal à Igreja”, afirmam as líderes indígenas no evento da CAL e do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral

A Sala Pio XI do Palácio de São Calixto, no Vaticano, acolheu um diálogo sobre a Amazônia com três mulheres indígenas: as vice-presidentes da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), Ir. Laura Vicuña Pereira Manso e Patricia Gualinga, e a vice-presidente da Rede Eclesial Pan-Amazónica (REPAM), Yesica Patiachi. Um espaço para ver muito mais do que aquilo que está escrito nos livros Um evento organizado pela Pontifícia Comissão para a América Latina em colaboração com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Nas palavras de Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina, “é uma honra que pessoas vindas da nossa América Latina nos tenham honrado com a sua presença”, que vê, nas palavras e na arte presentes na sala, “um espaço onde se pode ver muito mais do que aquilo que se lê nos livros, qual é a situação do nosso continente“. A Ir. Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, sublinhou a importância de trazer a voz dos territórios para o Vaticano, agradecendo o testemunho que estas mulheres indígenas estão a trazer para o Vaticano, algo que estão a fazer em diferentes dicastérios da Santa Sé e com o Papa Francisco, que as recebeu em audiência no dia 1 de junho. Rodrigo Guerra, secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, chamou a atenção para o fato de a Amazônia ser “um ícone, uma mensagem que mostra a dimensão universal que a Igreja Católica tem e a dimensão universal que a Igreja enfrenta em todas as partes do mundo”, insistindo que “a Amazônia tem sido a grande imagem, a grande presença que hoje nos permite ver melhor todas as nossas realidades na Igreja Católica e no mundo inteiro“, refletindo sobre as culturas indígenas e a presença de Deus nelas, “que nos reeducam e nos ajudam a compreender mais e melhor a essência do Evangelho, a mesma fé pode ter rostos diferentes”. Tudo fruto de uma carta ao avô Francisco Lucia Capuzzi, jornalista do Avvenire, moderadora do evento, contou como as três mulheres indígenas chegaram a Roma depois de terem escrito uma carta ao Papa Francisco, em março, para lhe falarem, como fizeram na audiência da semana passada, sobre os ministérios na Amazônia e a necessidade de reconhecer o trabalho que as mulheres já fazem no território amazónico. Segundo a Irmã Laura Vicuña, a carta surgiu informalmente na reunião das presidências da CEAMA e da REPAM, onde pensaram em escrever uma carta ao avô Francisco, que foi entregue ao Papa, que respondeu em cinco dias, o que lhes causou alegria e emoção. No encontro, as mulheres indígenas, recordou a religiosa, falaram ao Papa Francisco sobre o chamado Marco Temporário no Brasil, uma grande ameaça aos povos originários, pedindo solidariedade internacional, “porque aprovar o Marco Temporário é promover o extermínio dos povos indígenas mais uma vez no século XXI“. Ameaças seculares aos povos indígenas da Amazônia Uma realidade vivida pelo povo Kichwa de Sarayaku, ao qual pertence Patricia Gualinga, que salientou que o caso Sarayaku conseguiu “inspirar e tornar-se um símbolo de resistência para outros povos indígenas, porque conseguimos expulsar a empresa que queria extrair petróleo e conseguimos ganhar um julgamento a nível internacional, na Corte Interamericana de Direitos Humanos”, algo que foi conseguido com determinação, perante a ameaça de um impacto ambiental e social irreversível. Yesica Patiachi contou a história da borracha na Amazônia peruana e a tentativa de extermínio de muitas populações indígenas, que foram tratadas como mão-de-obra barata, apropriando-se dos territórios e praticamente exterminando estes povos, como foi o caso do povo Harakbut, a que pertence, que foi reduzido de 50.000 para 1.000 pessoas, em resultado de torturas e assassinatos, algo que continua a perpetuar-se de diferentes formas. Esta é uma realidade vivida por muitos povos da Amazônia peruana, uma história que não é contada nos livros, que nunca registaram a voz dos próprios povos indígenas. Neste contexto, surge a figura do frade dominicano José Álvarez, o Apaktone, considerado um exemplo da defesa dos povos indígenas pela Igreja Católica. Mulheres que prestam serviço diaconal Na audiência com o Papa Francisco, segundo a irmã Laura Vicuña, foi sublinhado que, na Amazônia, 90 por cento do trabalho ambiental, educativo e pastoral é realizado por mulheres, insistindo que “nós já prestamos à Igreja um serviço que é diaconal e, por isso, precisamos que a Igreja reconheça este serviço que já prestamos à Igreja“, sublinhando que não queriam falar de sacerdócio, mas de reconhecer o serviço diaconal em território amazónico. Um reconhecimento do qual ela defendeu a necessidade, pois “nós mulheres somos a maioria, e com isso não queremos rejeitar os homens, queremos caminhar como a Igreja nos propõe, caminhos de sinodalidade, caminhando juntos a partir das nossas diferenças”. Em relação à Conferência Eclesial da Amazônia, a primeira experiência do género na Igreja universal, insistiu que “não temos uma receita, não temos um caminho que outras pessoas já percorreram”, reconhecendo a alegria que as palavras do avô Francisco produziram nelas, quando disse que “não há volta a dar nas mudanças que estão a ser promovidas na Igreja, mas temos de continuar a avançar, temos de continuar a acompanhar nos territórios, e temos também de seguir um processo de conversão, seja conversão pastoral, eclesial, sinodal, ecológica, cultural e social”. Os governos só querem tirar proveito da Amazônia Sobre a posição dos governos da região, Patricia Gualinga denunciou que “o problema é que todos eles basearam as suas economias nos combustíveis fósseis”, na extração, e apesar de reconhecerem a importância da Amazônia e o fato de que algo deve ser feito, “estão a ver como tirar proveito de tudo, até da crise climática“. A partir daí, denunciou que os governos “não tomaram consciência da sua responsabilidade social para com os povos indígenas, que são os que têm mantido as florestas à custa de muito sacrifício e muito sangue”, dizendo que confia na consciência da sociedade civil, “porque só vejo nos governantes que os negócios e a economia se sobrepõem aos direitos humanos”, mostrando que…
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Dom Leonardo: “Nós experimentamos a sua misericórdia e nos damos conta de que Deus não desiste de nós”

Afirmando que “somos gerados pela Trindade e vivemos no mistério da Trindade, pois somos manifestação do Amor”, iniciou o cardeal Leonardo Steiner a homilia da Solenidade da Santíssima Trindade. Segundo o Arcebispo de Manaus, “o amor que nasce do encontro de Deus que é Pai, Deus que é Filho, Deus que é Espírito Santo”. O cardeal Lembrou que “Ele se manifestou em seu amor, saiu de si e veio ao nosso encontro por amor e por amor nos salva. Na manifestação da Trindade começamos a perceber que fazemos parte do Amor, do amor da Trinitário. É o Amor que nos gera como filhas e filhos. No amor somos filhos e filhas do mesmo Pai, irmãos e irmãs do mesmo Filho, e amoráveis no mesmo Espírito”. “A Solenidade da Santíssima Trindade nos faz celebrar e louvar a Comunidade de amor. A nossa celebração é um convite a contemplar Deus que é amor, que é comunidade e que nos gerou para participarmos do mistério de Amor. Deixemo-nos envolver, tomar pelo Mistério de amor e manifestemos a nossa fé, que é alimentada pelo Amor”, enfatizou Dom Leonardo. Citando Santo Agostinho, refletiu sobre o Mistério da Trindade, insistindo em que “Deus amou tanto o mundo que enviou o Filho para que pudéssemos participar de seu amor, da eternidade do Amor. No amor participamos da vida eterna. Não a morte, mas a vida; não a condenação, mas a salvação; não a destruição, mas a plenificação. Sim a eternidade do Amor! Participamos da vida do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Citando o texto bíblico, que diz: “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito”, lembrou as palavras de São Bernardo que nos ensina que “a medida deste amor é amar sem medida”. Segundo Dom Leonardo, “Ele nos amou antes de toda e qualquer possibilidade nossa; ele veio a nos a partir Dele mesmo; Ele nos tocou; Ele nos veio livremente ao e de encontro. Ele se nos tornou acessível, tão acessível a ponto de nós o podermos chamar de Abba, Pai, o podermos pegar na mão e comer, fazer dele o que bem quisermos. Toda essa proximidade e possibilidade é porque Ele gratuitamente, livremente se nos deu, nos amou. Essa gratuidade não é nossa conquista, mas pertence a essência íntima da gratuidade da liberdade do Amor que nos encontrou, ‘nos amou primeiro’!” “Assim, somos convidados à admiração, à contemplação, pois somos amados por Deus. Um amor admirável, extasiável, pois nos enviou o seu Filho único”, afirmou o arcebispo, que também lembrou as palavras do Papa Francisco, que nos chama a descobrir que “o amor de Deus é também uma pessoa, o Espírito Santo que nos restaura e santifica para podermos viver eternamente com Deus”. Uma realidade que ele chamou a descobrir na Primeira Leitura, onde “Moisés grita, enquanto Deus passava diante dele: ‘Senhor, Senhor! Deus misericordioso, clemente, paciente, rico em bondade e fiel’ (Ex 34,4b-6.8-9). Moisés percebe que Javé é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia, pois fiel à Aliança. Deus se revela misericordioso, paciente, sem precipitação; sabe esperar, é esperançoso de conversão. Tolera as misérias e as fraquezas, não abandona, está sempre disposto ao perdão, à benevolência, à misericórdia. Sim, Deus é fiel; cuida de toda a sua obra criada e dos filhos e filhas gerados”. Aplicando isso a nossa realidade, insistiu em que “nós experimentamos a sua misericórdia e nos damos conta de que Deus não desiste de nós. Nos concede a sua Palavra, nos oferece o Pão da vida, nos faz viver crescer na comunidade de fé. E quando pecamos, nos desviamos do caminho Ele nos busca, oferece a salvação, insiste para que vivamos na benevolência, sendo consolo, acolhimento, misericórdia, salvação”. Já na segunda leitura, destacou a saudação de Paulo, que “repetimos ao iniciarmos a celebração Eucaristia. Uma saudação trinitária. Uma atenção especial para que nos demos conta de que a liturgia que está por começar é em nome da Trindade. Toda a ação litúrgica está envolta, envolvida pela graça da Trindade. As nossas comunidades reunidas, movimentadas e gracificadas pelo amor da Trindade. Os encontros, as celebrações na dinâmica de amor trinitário”. Em palavras do cardeal, “as nossas comunidades, a Igreja, a missão da Igreja, nasce do amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo. “Ide e batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”; “Ide anunciai a toda a criatura”. É o amor da Trindade que gera as nossas comunidades e as envia a anunciar, proclamar o amor da Trindade. Sermos a proclamação, o anúncio do Amor que renova o céu e a terra; purifica e vivifica as nossas relações”. “É o amor que constituiu um novo povo”, destacou o arcebispo. Segundo ele, “é o amor que nos fazer Igreja, comunidade, família. É que nos movimentos na vida da trindade. É a Trindade santa que nos deixa viver, sonhar, amar, nos salva. É o amor da Trindade que nos desperta para o cuidado dos últimos, dos deixados de lado, dos desprezados, como nos lembra Santo Agostinho: “Se tu vês a caridade, vês a Trindade”! Acolhimento, aproximação, consolação: a caridade! Mas também é a Trindade que nos desperta para o cuidado de todas as criaturas. Como cantava Francisco de Assis: irmão sol, irmã água, irmão vento…”. Dom Leonardo convidou a descobrir que “na solenidade da Trindade santa aflora um verdadeiro cântico de louvor! Louvamos e bendizemos da nossa participação: o Pai, a quem rezamos Pai-Nosso que estás no céu; o Filho, que nos concede a redenção, a justificação, a salvação; o Espírito Santo, que nos santifica, que habita em nós e vivifica a Igreja. É a revelação, a manifestação do ensinamento de São João: ‘Deus é amor’ (Jo 4,8.16). O Pai é amor, o Filho é amor, o Espírito Santo é amor. E na medida em que é amor, Deus não é solidão, mas comunhão, relação, doação, gratuidade relacional entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. (…) Todos nós vivemos neste amor e deste mistério”,…
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Solenidade da Santíssima Trindade: “Amar é entregar-se a Deus e confiar que Ele proverá”

No domingo em que a Igreja comemora a Solenidade da Santíssima Trindade, Nazaré Silva, nos faz ver que “a liturgia nos convida a nos alegrarmos com a criação e a permanecermos firmes na defesa da vida”. Comentando a segunda leitura, da segunda carta de São Paulo aos Coríntios, a jovem afirma que “somos convidados a alegrar-nos e a avançar para que possamos fomentar uma cultura de paz em nossas comunidades”. “O Evangelho tem tanto a dizer sobre o amor que pode parecer que se perdeu a sua singularidade”, segundo Nazaré Silva. Ela insiste em que “o amor é o carinho que Deus tem por nós, e é por meio desse amor que podemos experimentar a verdadeira felicidade. O amor é o ato de sacrificar sua vida por aqueles que você ama. É uma emoção altruísta e descomplicada”. Segundo a jovem, “amar é entregar-se a Deus e confiar que Ele proverá para você. É também servir aos outros com diligência e compaixão. Às vezes, amar significa desistir de algo para ganhar muito mais em troca. É através do amor que nos tornamos mais semelhantes a Deus”. Diante da atual realidade brasileira, a jovem roraimense, disse que em “uma situação em que os direitos fundamentais dos povos indígenas são violados pela ameaça iminente da Marco Temporal, somos compelidos a agir e nos unir em oração e ação para combater toda e qualquer injustiça infligida a nossos irmãos”. Por isso, “devemos dizer junto não ao Marco Temporal”, conclui. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Evaristo Spengler denuncia as graves consequências do Marco Temporal

Com um pedido de oração a Deus, Nosso Pai, para “que venha em socorro neste momento crítico para a Amazônia, os povos indígenas e para todos nós“, inicia Dom Evaristo Spengler, bispo da diocese de Roraima, sua reflexão com o Povo de Deus e com os Homens e Mulheres de Boa Vontade.  Uma mensagem onde o bispo denuncia “um forte ataque às leis de proteção ambiental e de proteção das terras indígenas“, contravenindo aquilo que defende a Constituição Federal de 1988. Nisso consiste o chamado Marco Temporal, “uma proposta de mudar a Constituição e establecer que o Estado Brasileiro só irá reconhecer o direito dos Povos Indígenas que estavam em suas terras em 1988”, denunciando que “muitos povos foram empurrados para fora de suas terras, expulsos, e suas terras foram ocupadas por invasores”. Na mensagem, Dom Evaristo Spengler faz ver que “as terras indígenas são as áreas mais protegidas da floresta Amazônica e outros biomas“, afirmando que “a preservação da natureza é fundamental para enfrentarmos as mudanças climáticas e a poluição que causam destruição de lavouras, casas e resultam em perda econômica, fome e morte”. Em relação a Roraima diz que “é um dos estados mais poluídos com mercúrio”, pedindo um outro modo de prosperidade duradoura, pois “o bem de alguns não pode causar a morte de outros”. Seu bispo afirma que “a causa dos Povos Indígenas foi assumida em nossa Igreja de Roraima, como anúncio da dignidade humana e uma caminhada para o bem de todos, com prosperidade para todos e não somente para alguns”. Por isso, convida aos cristãos e a todos os irmãos e irmãs de boa vontade “a se unirem na defesa e na garantia  da vida e dos territórios, dos Povos Indígenas e da Natureza”, lhes convidando a rezar junto com ele. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1