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Comissão para a Amazônia: Compromisso da CNBB de apoio solidário e fraterno à Igreja que está na Amazônia

A Comissão para a Amazônia apresentou nesta segunda-feira, 24 de abril, aos participantes da 60ª Assembleia Geral da CNBB que está sendo realizada em Aparecida de 19 a 28 de abril, os passos dados no último quadriênio. Um momento que começou com a lembrança e agradecimento ao cardeal Cláudio Hummes, durante uma década presidente da Comissão, e de Dom Jayme Chemello, primeiro presidente. Uma Comissão que é “expressão do compromisso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de apoio solidário e fraterno à Igreja que está na Amazônia”, segundo enfatizou o cardeal Leonardo Steiner, presidente da Comissão para a Amazônia. Ele lembrou os princípios: Colegialidade episcopal, sinodalidade, ecologia integral, Igreja com rosto amazônico, escuta ativa e atenta, e diálogo com as outras comissões episcopais, dioceses e instituições. Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, apresentou as ações do quadriênio, centradas no Sínodo para a Amazônia: preparação, articulação do processo de escuta, diálogo com as dioceses, produção de material, sistematização das escutas, organização das ações a presença dos bispos brasileiros em Roma, organização e lançamento da Exortação Pós-Sinodal Querida Amazônia, Acompanhamento das ações pós-sínodo e diálogo com a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). A Comissão para a Amazônia organizou de 6 a 9 de junho de 2022 o encontro Santarém 50 anos, “um encontro que foi expressão de gratidão a Deus por ter encorajado tantos irmãos leigos e leigas, religiosos, religiosas, padres, bispos, a adentrarem nas diversidades desta Amazônia para anunciar o Evangelho”, segundo lembrou Dom Roque Paloschi. “Um encontro sustentado na encarnação na realidade e uma evangelização libertadora”, elementos que fundamentaram o documento 50 anos atrás. “Um encontro que foi uma pequena assembleia sinodal, que quis atualizar um texto muito simples, mas muito prático em termos de evangelização”. O arcebispo de Porto Velho lembrou das palavras do Papa Francisco para o encontro, como “motivo de especial alento”, considerando-o “ocasião de intensa ação de graças ao Altíssimo pelos frutos da ação do Divino Espírito Santo na Igreja que está na Amazônia – durante estas últimas 5 décadas – e por quanto a mesma inspira”. Ele destacou que “as intuições daquele encontro serviram também para iluminar as reflexões dos padres sinodais, no recente Sínodo para a região Pan-Amazônica”, lembrando que o Papa pediu aos participantes que “sejam corajosos e audaciosos, abrindo-se confiadamente à ação de Deus”, e através do Espírito, “anunciar o Evangelho com novo empenho e a contemplar a beleza da criação”. A Comissão para a Amazônia em parceria com a REPAM-Brasil teve Incidência Política com diversos posicionamentos. Em 2019 foi denunciado a devastação da Amazônia, os ataques aos povos tradicionais e os ataques aos defensores de direitos humanos na Amazônia, que gerou uma audiência pública na Câmara dos Deputados e a elaboração de um relatório amplo sobre os direitos humanos na Amazônia, segundo lembrou Dom Evaristo Spengler, bispo da Diocese de Roraima e presidente da REPAM. Em 2021 uma carta aberta ao Povo Brasileiro em decorrência do encontro virtual dos Bispos da Amazônia. Junto com isso a criação em 2022 do Boletim “Amazônia no Congresso”, a Campanha “Eu Voto pela Amazônia” e a Carta “Tempo de Sonhar”. Em 2023, a criação de um núcleo multidisciplinar de direitos humanos e incidência em parceria com a REPAM. Um quadriênio em que a Comissão para a Amazônia potencializou a formação em diferentes aspectos, segundo relatou a Ir. Maria Irene Lopes, secretária da Comissão, como foi o curso de guardiões e guardiãs da casa comum, diferentes temas sobre ecologia integral, materiais sobre a Campanha da Fraternidade. O cardeal Steiner visitou o Povo Yanomami, em nome do Papa Francisco e da CNBB, num momento difícil, insistindo em que “nós víamos no semblante dos indígenas o deseje de ouvir uma palavra de proximidade”. O presidente da comissão destacou a presença significativa e profundamente encarnada da Igreja de Roraima em meio aos povos indígenas, lembrando que o Santo Padre e a CNBB enviaram ajuda para a Diocese de Roraima, uma ajuda também agradecida por Dom Evaristo Spengler, que lembrou a ajuda de algumas dioceses do Brasil. A Comissão para a Amazônia incentivou várias campanhas nos últimos anos, como foi a Campanha Laudato Si´, destacando a importância do filme “A Carta” nessa campanha. Junto com isso diversos períodos de mobilização como a Semana Laudato Si´, Junho Verde, o Tempo de Criação ou a Campanha Amazônia Sem Fome. Junto com o relatório da Comissão para a Amazônia foi apresentado pela Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das POM, o 5º Congresso Missionário, que será realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro de 2023. O Congresso tem como Tema “Ide da Igreja local aos confins do mundo”, e como lema “Pés a Caminho”. A religiosa apresentou os eixos temáticos, que tem como ponto de partida a escuta do Espírito e a primazia da graça, abordando o despertar da consciência missionária, a universalidade da missão, a catolicidade. Junto com isso, o objetivo geral, em vista de impulsionar a missão ad gentes, os 7 objetivos específicos, e a metodologia, que busca despertar a responsabilidade da Igreja local na missão ad gentes e na cooperação missionária. Um congresso que espera reunir mais de 800 participantes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Zenildo: “Precisamos escolher irmãos que estejam em comunhão com o Papa Francisco”

A 60ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é vista por Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, bispo da Diocese de Borba como um encontro “muito fraterno, esperançoso, de irmãos, de pastores, de servidores do Reino, encontro que gera, que fortalece a comunhão, a unidade, a sinodalidade”.  O bispo o avalia como “positivo, porque a partilha, a convivência acaba nos animando para a missão de cuidar, de zelar, de formar, de evangelizar o nosso povo”. Dom Zenildo insiste em que “frente a tantos desafios, devemos lembrar que somos agentes da esperança, devemos tomar iniciativas em prol da evangelização do nosso povo”. Nesse sentido, sublinha que “essa assembleia motiva e anima cada bispo a responder o chamado de Deus para servir a Igreja obedecendo sempre o mandato de Jesus: ide e anunciai que o Reino está próximo”. O bispo da Diocese de Borba faz parte da equipe de redação da carta que será enviada ao Papa Francisco, que para o episcopado brasileiro “é o nosso referencial, o animador, o nosso querido Papa”. Segundo Dom Zenildo, “na mensagem a ele, nós estamos ressaltando justamente essa unidade entre nós, essa comunhão que existe em relação às decisões e a nossa obediência para com o Primado dele. Ele para nós é uma referência de unidade, de amor à Igreja, zelo pela casa comum”. No contexto da sinodalidade e como ela se concretiza entre os bispos e na Igreja do Brasil, o bispo afirma que “a sinodalidade, ela se concretiza entre nós, em primeiro lugar na escuta, quando temos capacidade de ouvir e tomarmos decisões em comum, em conjunto, e ao mesmo tempo praticar isso. As nossas decisões são decisões que devem ser assumidas por todos”. Refletindo sobre o que é vivido nas bases, nas dioceses, Dom Zenildo afirma que “a sinodalidade, ela nos leva a ter humildade em escutar, e gera proximidade em relação aos leigos, à Vida Religiosa e assim por diante”. Em relação aos bispos, o bispo da Diocese de Borba insiste em que “isso nos motiva à colegialidade”. Uma sinodalidade que apresenta desafios, que vem determinados “pelas grandes diferenças de nosso país, as diferenças culturais”. Diante disso, ele insiste em que “precisamos ter habilidade em relação à escuta e à prática”. Nesse sentido, Dom Zenildo disse pensar que “em muitos momentos há uma dificuldade de misturar evangelização com ideologia, e isso até o Papa Francisco nos orienta que devemos evitar, porque a evangelização, ela é muito mais concreta, ela humaniza, ela parte do Cristo, ela parte da Igreja, da comunhão, da unidade”. Frente a isso, o bispo da Diocese de Borba ressalta que “a ideologia ela acaba estragando o processo e a sinodalidade, ela nos leva a viver o processo”. Sobre as eleições, Dom Zenildo afirma que “sempre é um dilema, muito embora precisamos escolher irmãos que estejam em comunhão com o Santo Padre, em comunhão com o Papa Francisco no sentido das orientações, no sentido das pistas para a evangelização”. Ele insiste em que “a gente não pode cair nessa dinâmica de direita, esquerda, mas nós devemos priorizar o bem da Igreja, o bem das dioceses, o bem da CNBB. Tem que valer entre nós a comunhão, isso seria uma resposta para a escolha da Presidência”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Sermos uma Igreja capaz de inserir-se na conversa daqueles que caminham”

Lembrando que Páscoa significa “passagem”, iniciou Dom Leonardo Steiner seu comentário às leituras do III Domingo da Páscoa. Páscoa que é “a passagem de Jesus e nossa pelo deserto da solidão e da morte. Não pertencemos mais à morte. Foi-nos oferecida a vida. Esperamos participar definitivamente da vitória sobre a morte; triunfo manifestado, visibilizado na ressurreição de Jesus”, insistiu o arcebispo de Manaus citando Santo Agostinho. O cardeal Steiner mostra que neste domingo “o evangelho de hoje nos apresenta os discípulos de Emaús”, recordando que “no domingo passado meditávamos a ausência de Jesus pela sua morte conduz os discípulos a refugiarem-se no medo; eles deixam-se tomar pela escuridão da perda, da morte. Jesus se releva, se manifesta e deseja a paz”. Comentando o relato evangélico, Dom Leonardo disse que “hoje, São Lucas nos faz ver dois discípulos caminhando desanimados e desiludidos para a cidade de Emaús. Saem do medo, da prisão domiciliar, do esconderijo e põem-se a caminhar. No caminhar dos discípulos pode-se perceber a dispersão dos discípulos”. Uma situação que provoca perguntas: “e agora? para onde?”, o que já tem uma resposta: “para outro lugar. Abandonam Jerusalém e tomam a estrada para Emaús. Os discípulos abandonam a Jerusalém, a cidade do temor de Deus, a cidade da perfeição; outros a chamam de cidade da paz. Abandonam, desiludidos a cidade que era a fonte da salvação e caminham para outra fonte: Emaús. Emaús quer dizer ‘águas quentes, riacho quente’. No desconforto da perda, no “des-vislumbre” de um horizonte destruído, voltam-se para as águas quentes”. Dom Leonardo faz ver que “os dois discípulos escapam de Jerusalém. Eles se afastam da ‘nudez’ de Deus. Estão escandalizados com o fracasso de Jesus que consideravam o Messias. Nele haviam esperado, acreditado e que agora aparece irremediavelmente derrotado, humilhado, morto. Passados os três dias, no recontar de alguns, Ele teria ressuscitado. Mas eles abandonam Jerusalém que Papa Francisco chama lugar das nossas fontes”. Frente ao pedido de Jesus de permanecer na cidade, o cardeal Steiner afirma que “eles decidem partir revolvendo no coração os sonhos, as desilusões, a esperança desfeita”. Uma atitude que ele vê presente em nós: “são as nossas desilusões, nossos fracassos, as nossas mortes que não suficientemente confrontadas ou iluminadas com a morte e a ressurreição de Jesus. Até aprendemos na catequese que Jesus nos salvou, nos redimiu e que ressuscitando dos mortos nos alcançou a eternidade; mas diante da dureza do acontecer dos nossos dias, no desfazer as figuras que temos de Deus, na fé não amadurecida, também nós deixamos o lugar das nossas fontes e buscamos outras fontes, outros lugares distantes de Jesus. Cedemos ao desencanto, ao desânimo, às lamentações; trabalhamos duro e, às vezes, nos parece acabar derrotados. Então apodera-se de nós o sentimento de derrota, a sensação de uma estação perdida”, afirma, citando o Papa Francisco na JMJ-2013. Ele faz ver que “até procuramos outras igrejas onde são anunciados milagres e curas. Não conseguimos permanecer na espera da fé. Saímos de Jerusalém e buscamos outros lugares, outros caminhos, pois pensamos que a nossa igreja, a nossa comunidade nada mais tem a oferecer. Preferimos caminhar sozinhos sem o incômodo de termos que esperar o tempo da manifestação de Jesus”. Continuando com a análise do relato, Dom Leonardo mostra que “no conversar e discutir, o próprio Jesus se aproxima e começa a caminhar com eles”, insistindo em que “os discípulos, porém, ‘estavam como que cegos, e não o reconheceram’. Na inquietação, a desesperança, no não saber, na cegueira do caminhar Jesus se faz caminho; reflexão, revelação”. O cardeal repara na pergunta de Jesus: “O que ides conversando pelo caminho? O caminho que vocês estão fazendo qual é? Não o caminho de Emaús, mas o caminho da dor, do horizonte perdido; qual é?”. Fazendo ver que esse é “o caminho de compreender a perda do Reino”, Dom Leonardo insiste em que “eles começam a abrir o coração e manifestar tudo o que haviam sonhado e perdido: ‘Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aconteceu nestes últimos dias?”, uma pergunta que encontra outra pergunta em Jesus: “O que foi?”, diante da qual os discípulos responderam: “o que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante todo o povo. Os nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”. Com as palavras dos discípulos nas que eles dizem que “a Ele ninguém viu”, Dom Leonardo disse que “não era pouco o motivo de terem abandonado Jerusalém e buscarem outro lugar para viver. Haviam perdido a casa, o lugar que o Nazareno lhes havia oferecido. Eles o perderam”. Segundo o cardeal Steiner, “na discussão, na tentativa de compreender, na busca que fazem Jesus está presente. Jesus caminha com eles. Pergunta, ouve a angústia e a decepção. Somente depois inicia, enquanto caminha, a desvendar os segredos da decepção e do desconforto da perda. Jesus entra no entardecer, na noite dos discípulos. Porque caminha com eles, os escuta, e inicia o processo de uma verdadeira iniciação à Boa Nova, de como as profecias foram realizadas, eles chegam à revelação, isto é, eles abrem os olhos. Percebem que os diálogos, as palavras, os silêncios repercutiam a presença do Messias”. Dom Leonardo questiona se “talvez, nos falte a ousadia de entrarmos na noite e na solidão das pessoas de hoje. Fazer um caminho com eles. Precisamos ser capazes de encontrar esses homens e essas mulheres que caminham e fazer caminho com eles. Sermos…
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Bispos brasileiros recebem apelo da Igreja da Nigeria por liberdade religiosa

Impactados diante da realidade que vivem os cristãos na Nigéria ficaram os bispos do Brasil presentes na 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece em Aparecida (SP) de 19 a 28 de abril de 2023. Isso depois de escutar o testemunho de dom John Bogna Bakeni, bispo da diocese de Maiduguri, que em vídeo, pois não conseguiu o visto para entrar no Brasil, relatou as consequências da violência praticada pelo Boko Haram, o Estado Islâmico e outros grupos terroristas. Um conflito que nos últimos anos foi em aumento, motivado pelo empenho em estabelecer um califado e governo islâmico na Nigéria. Segundo relato de Ana Manente, presidente do conselho da Ajuda à Igreja que Sofre no Brasil (ACN), os assassinatos, sequestros e ameaças de todo tipo se tornou algo comum, provocando o deslocamento de milhões de pessoas. Uma realidade que levou o bispo a fazer um apelo à Igreja do Brasil: “Precisamos de ajuda, de toda a maneira que vocês possam influenciar o nosso governo para que ele possa cimentar a liberdade religiosa”. Um pedido que encontrou resposta no episcopado brasileiro, que em palavras de seu presidente, Dom Walmor Oliveira de Azevedo disse: “Conte conosco e essas palavras nos abrem horizontes também com relação aos sofrimentos do mundo e também nos interpelam a refletirmos no retiro que agora vamos fazer”. Mais de 300 seminaristas do Brasil são ajudados em sua formação pelo projeto “Comunhão e Partilha”, que garante recursos para que as dioceses com menos recursos possam realizar o processo formativo dos seminaristas. Uma experiência que acompanha a vida da Igreja do país há vários anos e que segundo testemunho de vários bispos tem ajudado a que hoje tenham padres locais em suas dioceses. Aos poucos, os brasileiros vão fazendo sua inscrição para a Jornada Mundial da Juventude, que será realizada em Lisboa de 1 a 6 de agosto. Até o momento já são mais de 12 mil os brasileiros inscritos para o principal evento católico do mundo, segundo a irmã Valéria Andrade Leal, assessora da comissão para a Juventude da CNBB. Junto com o evento, a comissão está propondo a criação de espaços nas dioceses em vista do envolvimento local da juventude. Junto com isso usar os materiais que estão sendo preparados para a JMJ 2023. A Comissão também apresento o Plano de Pastoral Juvenil da Igreja do Brasil, que com o nome “Ao seu lado”, tem como fundamentado a passagem dos discípulos de Emaús, e está dividido em 4 eixos: formação; vocação e missão; estruturas de acompanhamento e assessoria; cidadania: casa comum e dignidade humana. Os participantes da 60ª Assembleia conheceram o trabalho realizado pelo Conselho Episcopal Latino-americano no quadriênio 2019-2023. O cardeal Odilo Scherer, vice-presidente primeiro do Celam lembrou que a atual Presidência, eleita em maio de 2019 e que encerra seu mandado na Assembleia que irá acontecer em Puerto Rico de 15 a 20 de maio, recebeu em Tegucigalpa o encargo expresso da assembleia para “reformular o Celam e para construir uma nova sede para o Celam”, insistindo em que “ambos esses encargos foram devidamente realizados”. Na atual estrutura, o Celam está articulado em 4 centros pastorais: Centro de Gestão do Conhecimento, Centro de Formação – Cebitepal, Centro de Programas y Redes de Ação Pastoral, Centro para a Comunicação. São centros “de articulação e intercâmbio, promovendo iniciativas úteis para o acompanhamento da Igreja nos vários países e para servir às conferências episcopais”, segundo o arcebispo de São Paulo. O Celam também está dividido em 4 regiões: CAMEX, Caribe, Países bolivarianos e Cone Sul, da qual o Brasil faz parte. Dos últimos 4 anos, o cardeal lembrou da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, um pedido do Papa Francisco diante da solicitação de uma 6ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, “realizada com um método sinodal de grande valor, com mais de mil participantes”. Igualmente destacou o envolvimento do Celam na preparação do Sínodo 2021-2024, tendo organizado a Etapa Continental em 4 assembleias regionais, junto com outra da região amazônica, coordenada pela CEAMA. Igualmente, o cardeal informou aos bispos brasileiros que desde 2022, a Santa Sé passou a gestão dos fundos da Fundação Populorum Progressio ao Celam, para apoiar projetos voltados ao desenvolvimento humano integral dos povos indígenas e afrodescendentes. Os participantes da 60ª Assembleia Geral da CNBB iniciaram neste sábado um retiro que tem como tema “O amor de Deus”. O pregador do retiro está sendo Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida (SP), e será encerrado com uma caminhada penitencial e a celebração eucarística no Santuário Nacional ao meio-dia deste domingo 23 de abril. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Bispos de diferentes gerações e um ponto em comum: a visão de que as Assembleias da CNBB promovem a comunhão na Igreja

“O que marca mais é a expressão de colegialidade, a gente trabalha em conjunto. E de diocesaneidade, nós somos uma Igreja ligada ao Papa, ligada à Igreja Universal. Nós não estamos construindo uma mensagem própria, nós estamos construindo uma mensagem de salvação que vem desde Jesus Cristo”. Assim resume as assembleias gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo emérito de Coari (AM), dom Gutemberg Freire Régis. Das 60 assembleias, ele participou de quase 50. A primeira foi em 1974, antes ainda de ser ordenado bispo, como prelado da então Prelazia de Coari (AM). Dom Gutemberg conta que naquele ano foi a primeira vez que a assembleia foi realizada no Mosteiro de Itaici (SP). Com o tempo, o local foi crescendo, mas “a CNBB cresceu mais ainda” e a assembleia precisou ser transferida para um lugar maior, o Santuário Nacional de Aparecida. Religioso redentorista, dom Gutemberg se sente em casa no santuário, que é administrado pela Congregação dos Missionários Redentoristas. “Aí fiz os votos, recebi batina aqui na Basílica Velha”, relembra. “Então essa é uma das grandes razões para que mesmo aposentado eu venha. Porque a gente não vota, não participa tanto diretamente, mas eu participo também porque eu tenho outras vantagens. Me hospedo no convento, nem volto para o hotel”, conta. Primeira vez na Assembleia do Episcopado Na outra ponta, o bispo auxiliar de Belém (PA), dom Paolo Andreolli, foi ordenado no último dia 15 de abril. Italiano, há 15 anos mora no Brasil, com trabalho no Estado do Pará. Dom Paolo participa da assembleia pela primeira vez e, assim como dom Gutemberg, vê no encontro dos bispos um sinal de unidade e sinodalidade. “É interessantíssimo, tem uma variedade muito grande entre norte, centro, sul, leste, mas a gente experimenta contemporaneamente essa riqueza, a unidade, estamos procurando coisas comuns, caminhar juntos”, destaca o bispo. Como padre, dom Paolo precisava se preocupar com os problemas próximos, da paróquia. Como bispo, o horizonte é elevado. “A gente percebe que os problemas continuam, mas estão dentro de um contexto muito maior e para resolver precisamos trabalhar juntos para encontrar soluções”, ressalta. Apesar das diferentes realidades, “a gente percebe que a humanidade é a mesma, as necessidades existenciais do encontro com Cristo, os problemas sociais são mais ou menos os mesmos espalhados em vários lugares”, conta dom Paolo. Grande família Com a diversidade de realidades, o bispo auxiliar de Belém se diz encantado com o respeito e a busca por caminhos para se trabalhar junto, em comunhão com o Papa Francisco e a Igreja. “A gente se percebe como uma grande família. O sonho do Conforti, meu fundador, é fazer do mundo uma só família e a gente percebe, sente esse clima de família, com tantos filhos que trabalham juntos, tantos irmãos que trabalham juntos para o bem comum”, destaca. Para quem está chegando e para quem vem de uma caminhada de quase cinco décadas, a caminhada é sempre de aprendizagem. O próprio caminhar em unidade em meio a realidades diferentes é um processo de aprendizagem, destaca dom Gutemberg. “Porque o ser humano é pessoa que nasce e vai aprendendo: a andar, a comer, a falar. Esse processo de aprendizagem é natural. É isso a conferência, a CNBB, é o que a gente está tentando fazer juntos. Não como indivíduo, cada um querendo resolver por si, nenhuma paróquia sozinha, nenhuma diocese sozinha, mas em comunhão”, relata. Dom Paolo complementa: “a gente experimenta que está dentro de uma caminhada muito grande e está entrando num trem em movimento. Então a gente pula dentro aprendendo coisas novas e tentando entender para dar a contribuição também dentro do processo”. Nessa caminhada, a ajuda de outras pessoas é fundamental. “Através das pessoas conhecidas a gente vai conhecer mais pessoas ainda e, assim, como aquele círculo que você joga uma pedra dentro de uma lagoa, ele vai se ampliando, a gente vai conhecendo um mundo bem maior, mais amplo”, conta dom Paolo. E nesse ponto, a caminhada com os bispos mais velhos se encontra novamente. Todo mundo procura ajudar tanto um quanto outro, aponta dom Gutemberg. “Quando a gente chega como bispo novo, os outros estão muito afáveis e procuram ajudar, orientar quando precisa. E como bispo idoso, muitos procuram ajudar porque a gente já está esquecendo as coisas, já não consegue acompanhar o ritmo que às vezes é muito agitado. Eu já estou experimentando o outro lado, a ajuda do início e agora, então isso é bom”, finaliza dom Gutemberg. Missa com os bispos de recente nomeação No final do segundo dia de assembleia, na quinta-feira, 20 de abril, dom Paolo concelebrou a missa que foi dedicada especialmente aos bispos de recente nomeação, uma experiência emocionante para ele. “Primeira vez que celebro como bispo naquele presbitério [do santuário] vendo que tem jovens bispos que foram eleitos [como eu]. É como uma família, quando nasce alguém é objeto de interesse, de cuidado, faz com que a gente se doe completamente”, destaca. Na sexta-feira, 21 de abril, a missa foi dedicada aos bispos eméritos. Juliana Mastelini, assessora de comunicação da Arquidiocese de Londrina (Fonte: CNBB)

3º Domingo da Páscoa: “Corremos o risco de não reconhecer Cristo caminhando ao nosso redor”

“No terceiro domingo da Páscoa, o Evangelho nos ajuda a questionar e refletir sobre como vemos os que estão ao nosso redor”, afirma Nazaré Silva comentando o Evangelho. Citando o texto que diz “Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram”, a jovem da Diocese de Roraima afirma que “diante da agitação do nosso dia a dia, corremos o risco de não reconhecer Cristo caminhando ao nosso redor, como os discípulos. Precisamos estar atentos e atentas para reconhecê-Lo!” “Sabendo que o mês de abril é marcado por uma causa muito especial: a conscientização do autismo. É importante nos questionamos: minha comunidade aceita crianças, adolescentes, jovens ou adultos atípicos?”, lembra Nazaré. Ela questiona: “Será que nossos espaços são espaços para receber e vivenciar o diferente?  Ou esperamos que todos ao nosso redor sejam iguais? O que nos falta para reconhecer Cristo naqueles que são atípicos?”. De novo citando o texto, onde diz: “Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”, ela pede “que possamos reconhecer Cristo em cada pessoa, que nossas comunidades sejam espaços de respeito e valorização do diferente”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Tadeu Canavarros: Os bispos “não somos donos da Igreja, mas homens que se colocam na construção do serviço”

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está realizando de 19 a 28 de abril sua 60ª Assembleia Geral, que Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos define como “bastante empenhativa, sobretudo porque se torna exigente nesse processo e no ritmo que se estabelece”. Mas ao mesmo tempo, o bispo auxiliar de Manaus destaca que “a assembleia para mim sempre é uma grande oportunidade de encontro da Igreja no Brasil através dos pastores, que são os bispos, que representam cada parcela, cada lugar desse nosso imenso Brasil”. Um momento que é “sem dúvida satisfação de comunhão e de participação e de se sentir um todo. Isso nos alivia bastante naquilo que é realmente exigência da assembleia”, ressalta Dom Tadeu. Em relação com a sinodalidade, um tema presente na reflexão da 60ª Assembleia Geral da CNBB, essa “é uma realidade que se faz pelo caminho que cada diocese tem traçado, que é um caminho de continuidade com algumas perspectivas, sobretudo por exemplo o caminho de Iniciação à Vida Cristã, o caminho da reflexão bíblica, catequético, que cada vez mais se torna uma necessidade urgente para realmente atingir as pessoas nessa adesão e nesse verdadeiro encontro com Jesus Cristo que se dá mediante a Palavra, num caminho de fé mais progressivo, mais exigente, mais autêntico”. Nesse caminho sinodal, de ida e volta, em relação à Igreja de Manaus, que tem vivido seu próprio processo sinodal, Dom Tadeu vê como uma característica que chama bastante a atenção na Igreja onde ele é bispo auxiliar, “a participação dos cristãos leigos, e isso é muito interessante porque a proposta que vem, ela tem uma repercussão bastante positiva e ao mesmo tempo exigente de uma própria resposta singular dessa Igreja, o que nos ajuda e muito de fato a fazer esse caminho de ir ate as bases e das bases realmente construir esses itinerários de fé”. Em relação com o desafio da comunhão num episcopado tão numeroso e diversificado como o brasileiro, Dom Tadeu diz acreditar que “a primeira questão é aquilo que nós somos, não somos donos da Igreja, mas homens que se colocam na construção do serviço”. Nesse sentido, ele destaca que “a particularidade que tem é que a gente pode ser mudado de igreja para igreja nos ajuda também a gerar essa comunhão”. Junto com isso, o bispo auxiliar de Manaus afirma que outra questão importante “se dá pela fraternidade entre os bispos, a cada momento e a cada assembleia, sempre esse grande momento de encontro, de partilha, de conhecimento, de realmente travar um diálogo com aquele que pensa diferente, e como você colocar as suas ideias e ao mesmo tempo partilhar essas ideias, e ao mesmo tempo estar aberto a acolher o outro que é diferente”. Em relação com a eleição dos novos cargos, que se inicia nesta próxima segunda-feira, Dom Tadeu Canavarros pensa que “há uma consciência cada vez mais clara que os cargos, eles são meramente a serviço, a serviço da construção de uma Igreja que tem uma proporção continental como o Brasil, mas ao mesmo tempo a serviço da evangelização. Todos os cargos, e agora há essa troca, se você analisar bem o que significa isso, é estar a serviço dessa instituição para que realmente possa acontecer mais a evangelização em todos os cantos do nosso Brasil”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Odilo Scherer: “A Secretaria do Sínodo está olhando para a experiência e a prática sinodal na América Latina”

“A Secretaria do Sínodo está olhando para a experiência e a prática sinodal que já nós temos na América Latina, para se beneficiar dessa prática na realização desta Assembleia do Sínodo que é um pouco mais complexa do que as outras assembleias do Sínodo, justamente por causa da impostação que o Papa Francisco deu”, afirmou o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e vice-presidente primeiro do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), na 3ª coletiva de imprensa da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida (SP) de 19 a 28 de abril de 2023. O Cardeal Scherer insistiu em que “se antes eram consultados os episcopados, as Conferências Episcopais, para a preparação das assembleias, a preparação do texto de trabalho, agora o Papa quis que o Povo de Deus todo fosse consultado, que a consulta chegasse às bases, às comunidades, às paróquias, às organizações eclesiais e também àqueles que não frequentam a Igreja, mas se identificam de alguma forma com a fé católica e o caminho da Igreja católica”. O vice-presidente primeiro do Celam falou da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe que o Celam organizou e onde ele participou, que definiu como “uma grande experiência sinodal, porque já usou este método sinodal que o Papa está propondo para toda a Igreja, ouvir o Povo de Deus”, sendo realizado em todos os países da América Latina e do Caribe foi feito esse trabalho de escuta, de interação, de síntese em vários níveis até que se chegou na Assembleia Eclesial. Dom Odilo ressaltou que essa Assembleia Eclesial “não foi só de bispos e padres, a maioria dos participantes da Assembleia foram leigos e leigas”, e teve de especial que aconteceu durante a pandemia, com a maioria dos participantes on-line. Segundo o cardeal, foi “uma metodologia que funcionou, se fizeram discussões plenárias, reuniões de grupos, celebrações, sem ser presencialmente”, definindo a experiência como “uma coisa fantástica”. Ele disse ter a percepção de que “a Igreja, queira estar em um lugar ou em outro, é a mesma Igreja, que é o que Papa está querendo fazer perceber, nós somos uma Igreja, uma Igreja que deve caminhar junto, não dividida, dispersa, mas ter a percepção de que ela é uma Igreja unida, com as suas múltiplas facetas e diversidades, a partir das culturas locais, das situações locais, dos problemas locais, mas é uma Igreja, em torno da mesma fé, do mesmo Cristo, do mesmo Evangelho e da mesma missão”. Isso não é algo novo na Igreja do continente, destacou o arcebispo de São Paulo, lembrando que na Conferência de Puebla, em 1979, o tema era “Igreja Comunhão e Participação”, e desde então essa preocupação está presente em todo o continente, insistiu. Nesse sentido, o vice-presidente do Celam lembrou que “nas visitas à Secretaria do Sínodo ouvimos claramente que o Sínodo está olhando para América Latina, querendo aprender da América Latina como levar adiante esta proposta sinodal do Papa Francisco”. As palavras do Cardeal Scherer aconteceram num dia em que os bispos refletiram sobre as Diretrizes para a Ação Evangelizadora que estão sendo elaboradas em vista de ser aprovadas em 2025, insistindo na importância da escuta. Junto com isso foi apresentado o percurso da Igreja do Brasil no processo sinodal, uma temática presente na coletiva de imprensa, onde Dom Ricardo Hoepers afirmou que está sendo “um tempo favorável, o Santo Padre quer mostrar ao mundo a importância desta unidade eclesial”. O bispo de Rio Grande (RS) vê o processo sinodal como espaço de escuta filial ao Espírito Santo, não é um parlamento ou um lugar de reivindicação. “Esta experiência sinodal de escuta trouxe riquezas para nossas dioceses, para dar uma luz maior e uma caminhada em plena unidade”, insistiu o bispo. A Igreja do Brasil se prepara para o Jubileu Ordinário de 2025, que tem como lema “Peregrinos da esperança”, sendo apresentadas as diversas comissões criadas e o chamado do Vaticano a dar ênfase ao lema e logotipo do Jubileu, que será preparado em 2023, com a retomada das 4 constituições do Vaticano II com os “Cadernos do Concílio”, e 2024, ano da oração com escolas de oração e a publicação de notas para a oração. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Percurso brasileiro no Sínodo 2021-2024: Processo cíclico entre o Povo de Deus, as Igrejas locais e a Igreja Universal

Um elemento que marca, ou deveria marcar, a vida da Igreja em todos os níveis é o Sínodo 2021-2024, que recentemente encerrou a Etapa Continental. Dentro dos trabalhos da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que está acontecendo em Aparecida (SP) de 19 a 28 de abril de 2023, foi apresentado o percurso brasileiro no atual Sínodo, conduzido pela Equipe Nacional de Animação do Sínodo, uma equipe sinodal, com três bispos, cinco padres diocesanos, dois religiosos, duas religiosas e duas leigas. Essa equipe, em nome da qual Mariana Venâncio apresentou o caminho percorrido, tem desenvolvido um trabalho de dinamização e assessorias para a realização da etapa diocesana, elaborando posteriormente a Síntese Nacional, feita a partir das sínteses diocesanas, que foi entregue em 15 de agosto de 2022 à Secretaria Geral do Sínodo. Posteriormente, foi essa equipe que organizou a participação brasileira na Etapa Continental, incluindo uma nova escuta e nova síntese. Como foi lembrado, o Sínodo 2021-2024 foi iniciado com a Fase diocesana, realizada entre outubro de 2021 e agosto de 2022, dando passo à Etapa Continental, que foi encerrada em 31 de março. Com o resultado das assembleias continentais será elaborado o Instrumento de Trabalho para a primeira sessão da Assembleia Sinodal a ser realizada de 4 a 29 de outubro de 2023, que está sendo produzido e deve ficar pronto no final do mês de maio. Os bispos representantes da CNBB serão eleitos nesta 60ª Assembleia Geral. Um processo que em outubro de 2024 terá sua segunda sessão da Assembleia Sinodal.  No Brasil foram 261 as dioceses que enviaram suas sínteses, o que representa um 93% do total, que foram a base para a elaboração da Síntese Nacional, junto com outros aportes. Todo o processo sinodal, ele é cíclico, segundo foi indicado, superando assim os processos lineares, se falando de um processo de restituição que leva a um diálogo entre o Povo de Deus, as Igrejas locais e a Igreja Universal, como foi enfatizado. A Etapa Continental na América Latina e Caribe se concretizou em 4 assembleias, participando o Brasil da Assembleia do Cone Sul, realizada em Brasília de 6 a 10 de março. Essas assembleias foram dinamizadas pela equipe escolhida pelo Celam, que produziu entre 17 e 20 de março a Síntese Continental, que expressou o discernimento realizado nas 4 assembleias, um texto que foi lido de 21 a 23 de março pelos secretários gerais e presidentes das Conferências Episcopais, enviado à Secretaria do Sínodo, e que está disponível no site do Celam. O processo cíclico vai marcar todas as fases do Sínodo como aconteceu na consulta diocesana para a Etapa Continental em torno a três questões: experiências novas ou iluminadoras, tensões ou divergências substanciais e prioridades, temas recorrentes ou apelos à ação, um trabalho respondido por 183 dioceses brasileiras, um número menor pela rapidez com que foi realizado e a época em que aconteceu, em tempo de férias. Os delegados brasileiros levaram para a Etapa Continental do Sínodo dez prioridades: espiritualidade eclesial centrada na pessoa de Jesus; alargar a tenda; laicato, com especial atenção às mulheres e juventudes; formação para sinodalidade; estruturas de comunhão e participação; diálogo com a sociedade, ecumenismo e diálogo inter-religioso; Igreja missionária a serviço da caridade; comunicação e mundo digital; superação da ideologização da fé; conversão pastoral e evangelização. Da Assembleia Continental foi destacado a metodologia da Conversa Espiritual. Os participantes foram divididos em comunidades de discernimento, que se reuniam todos os dias para meditar e responder ao documento preparatório desde três passos: escuta ativa, escuta receptiva, partilhar o que nos toca mais profundamente. Uma metodologia para que os grupos não se tornassem espaço de discussão e sim de discernimento para chegar a um consenso comunitário. O número de participantes total foi de 407, o maior número na assembleia do Cone Sul (177), onde o Brasil participou com 80 participantes, representando as vocaciones eclesiais. A maior novidade do processo é o texto da Síntese Continental, com oito eixos temáticos, que resumem o discernido nas assembleias, e quatro questões centrais, onde aparecem propostas para a sessão sinodal de 2023. As questões centrais, apresentadas como proposta do Continente para a Assembleia Sinodal, são: Necessário e constante processo de conversão eclesial, com vistas a uma Igreja missionária sinodal, que diz respeito às relações entre eclesialidade, sinodalidade, ministerialidade e colegialidade e encontra fundamento na eclesiologia do Concílio Vaticano II, a partir da noção de Povo de Deus; primazia de uma espiritualidade de comunhão sinodal, cuja centralidade seja a fidelidade a Jesus Cristo e a missão evangelizadora aos povos; “Considerar o admirável intercâmbio entre o magistério do Povo de Deus, pastores e teólogos”,(n. 101); “Redefinir as implicações mútuas entre o particular e o universal, o valor da experiência eclesial nas periferias e seu impacto no conjunto, o equilíbrio certo e tenso entre prioridades locais, nacionais, regionais e globais, e o desafio de estar aberto à harmonia, trabalho do Espírito” (n. 106). De cara ao caminho futuro foi falado sobre a continuidade do processo nas dioceses, o Instrumento de Trabalho para a Fase Universal e a escolha dos bispos que representarão o Brasil na Assembleia Sinodal. Junto com isso, foi destacado a necessidade de uma formação para a sinodalidade, não se trata de um evento e sim de um modo de ser Igreja, de uma espiritualidade sinodal, e assumir o grande achado da Etapa Continental, a metodologia da Conversa Espiritual, que é capaz de desamar os espíritos e favorece a comunhão. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Luiz Soares: “Eu aprendi muito, mas muito mesmo com o povo da Amazônia, me alargou horizontes”

Os bispos eméritos vivenciam as assembleias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de um modo diferente. Um dos eméritos que participam da 60ª Assembleia Geral da CNBB é Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, que afirma que “antes a gente participava, votava. Nós podemos falar, temos alguns eméritos que estão falando, dando a sua opinião”. Dom Luiz destaca “esse ambiente de fraternidade, sentir-se irmão dos outros, isso é muito bom, ajuda bastante”. Para alguém que é emérito desde 2013, “esse período de emérito é um período que precisa ser preparado”. Lembrando o período em que estava à frente da comissão dos bispos eméritos, o arcebispo emérito de Manaus disse que “eu me lembrava sempre de um documento do Papa Francisco que se chama ‘Preparar-se para sair’, e ele sempre dizia para os bispos: ‘vocês se preparem para sair, se vocês não tiverem um projeto para depois dessa vida de bispo diocesano, vocês vão ter problemas’, e graças a Deus, na minha vida, eu me preparei, tenho um projeto para essa época, e foi um período bom, tranquilo, diferente”. Dom Luiz Soares disse que “a gente participa na assembleia, nós somos convidados”, lembrando que “pelo Direito Canónico, bispo emérito não pertence à conferência”. Diante disso, ele lembra que “nós tentamos várias vezes, inclusive Dom Angélico Sândalo propôs, e a conferência propôs também para o Papa, que houvesse uma mudança no Direito Canônico sobre a situação do bispo emérito, porque é interessante que nós podemos participar de Sínodo, e fazemos parte do episcopado a final de contas, e da Conferência não. Mas infelizmente, como se trata de problema da Igreja universal, não foi aceita essa proposta da Conferência”. O arcebispo emérito ressalta em que “somos 120 bispos eméritos e os bispos que participam realmente são muito poucos, porque não sentem interesse, e é uma pena, porque a presença do bispo emérito numa assembleia como esta ajuda bastante, tanto à assembleia como também ao bispo emérito. Nós podemos levar muitas coisas do que está acontecendo na Igreja do Brasil, não podemos ficar alheios”. Falando sobre as lembranças dos 21 anos em que foi arcebispo de Manaus, Dom Luiz diz que esse tempo “representa uma grande parcela da minha vida e foi um momento forte. Eu quando eu vim para a Amazônia, primeiramente para Macapá, fiquei sete anos e meio, depois fui para Manaus, e minha vida mudou, minha visão da Igreja, minha visão de pastoral, de evangelização, mudou bastante, eu aprendi muito, mas muito mesmo com o povo da Amazônia, me fez um bem imenso, me alargou horizontes”. Dom Luiz insiste em que “antes eu era um padre muito fechado, e quando entrei nessa realidade, realmente me converteu. Hoje eu vejo o mundo, a Igreja, de uma maneira muito diferente do que a via antes de minha ida à Amazônia”. Ele afirma que “eu tenho muitas saudades, muitas saudades mesmo, lembro, agradecendo muito a Deus, do que aconteceu, rezo por Dom Leonardo, que agora é nosso arcebispo, e o bispo auxiliar, pela Arquidiocese de Manaus”. Finalmente, o arcebispo emérito disse que “eu sei que a vida da gente é essa, temos momentos e momentos, temos serviços e serviços. Eu vivi 21 anos servindo a Igreja de Manaus, agora continuo a servir, mas de outra maneira, nas minhas orações, meus pedidos a Deus para que tudo dê certo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1