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60ª Assembleia Geral da CNBB: Liturgia, Doutrina da Fé e Novas Diretrizes marcam a segunda jornada

A Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), iniciada no dia 19 de abril, prosseguiu nesta quinta-feira seus trabalhos. A oração dos Laudes, primeiro momento de cada jornada, deu passo a uma pauta que começou com uma reflexão em torno à nova edição do Missal, uma tradução da 3ª edição, que, segundo Dom Edmar Peron, bispo da diocese de Paranaguá (PR), e presidente da Comissão Episcopal de Liturgia da CNBB, responde ao dinamismo da Igreja. “Mais importante do que a aprovação do Missal é como ele será recebido em nossas comunidades”, insistiu Dom Edmar Peron, que chamou a entender a liturgia não como rubricas e sim como evento de salvação, não caindo no rubricismo, passando do rito a ser observado para o rito a ser celebrado. O bispo falou de algumas atitudes fundamentais: estupor, formação e silêncio, questionando aos presentes, seguindo a pergunta do Papa em Desiderio Desideravi sobre “como recuperar a capacidade de viver plenamente a ação litúrgica?”. O Missal, que foi promulgado no dia 25 de março deste ano, por decisão do Conselho Permanente da CNBB será de uso facultativo até o primeiro domingo do Advento e depois se tornará obrigatório. A Comissão de Doutrina da Fé da CNBB refletiu sobre o papel da Igreja na transmissão da fé e dos bispos como “pais da fé”. Dom Pedro Cipolini, bispo de Santo André (SP), e presidente da Comissão destacou o interesse pastoral da comissão, relatando as atribuições que o Estatuto da CNBB lhe confere. O bispo mostrou algumas luzes e sombras da vivência da fé na Igreja do Brasil, destacando que a Igreja do Brasil foi uma das que melhor acatou o Concilio Vaticano II, assim como a sinodalidade. Em relação ao Estatuto Canônico e o Regimento da CNBB, o primeiro deles foi aprovado em 2022 e nesta 60ª Assembleia Geral os bispos têm que aprovar o Regimento, que tem a mesma estrutura do Estatuto. Segundo Dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto, muita coisa mudou nos últimos 20 anos em que tem regido o atual regimento, se tornando necessário incorporar essas mudanças. Ao longo da Assembleia os bispos irão estudando o novo Regulamento com o fim dele ser aprovado. Um trabalho que já está sendo realizado nos encontros por regionais, que começaram nesta quinta-feira e nas reuniões privativas, que também começaram neste dia 20. Algumas dessas questões foram abordadas na coletiva de imprensa, que contou com a participação de Dom Edmar Peron, Dom Pedro Cipolini e Dom Leomar Brustolin, arcebispo de Santa Maria (RS), que refletiu sobre o processo das novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que deveriam ser renovadas nesta assembleia, mas que em função do Sínodo 2021-2024 só serão publicadas em 2025, que estão sendo elaboradas com muita escuta, “para saber onde estamos e para onde vamos”, destacou o arcebispo de Santa Maria. Tendo como ponto de partida a fé, Dom Leomar refletiu sobre como falar às novas gerações diante da atual conjuntura e as novas tecnologias, que aproximam e distanciam, e junto com isso a preocupação exclusiva no presente por parte das novas gerações, o individualismo, a religião privatizada, a falta de comunidade, elementos que demandam uma conversão pastoral. O arcebispo vê as novas diretrizes como oportunidade para se questionar em torno a como transmitir a fé às novas gerações, e junto com isso como refletir em torno ao senso de pertença eclesial, a comunhão, a sinodalidade e a diocesaneidade. Isso numa sociedade em que mais do que acolhida, se dá uma escolha da fé. Dom Leomar Brustolin fez uma relação entre as 3 palavras chave do Sínodo e as novas diretrizes: comunhão como formar comunidades integradas na pluralidade de experiencias, fazer das paróquias casa de irmãos; participação como senso de pertença, insistindo na questão dos ministérios ordenados e ministérios leigos; missão na perspectiva de colocar a dimensão missionária como transversalidade de todas as Diretrizes. O arcebispo de Santa Maria insistiu em não pensar só em questões religiosas e sim na diversidade de realidades, em trabalhar a fraternidade e amizade social, insistindo em que na elaboração das Diretrizes, estamos ainda num processo de escuta. Tanto Dom Edmar Peron como Dom Pedro Cipolini insistiram em questões apresentadas aos bispos na plenária da 60ª Assembleia Geral da CNBB. Na questão da Liturgia o bispo de Paranaguá insistiu em que “é para a Liturgia que converge a vida da Igreja e da Liturgia a Igreja recebe uma graça para entender sua missão”, tendo como fundamento a Sacrosanctum Concilium. Na dimensão da Doutrina da Fé, Dom Pedro Cipolini destacou que “não podemos compreender a Igreja sem a fé”, considerando que a questão da fé é de primeira importância em tudo o que a Igreja faz. Resgatar a unidade diante da fragmentação é um elemento fundamental nas novas diretrizes, segundo dom Leomar Brustolin, que insistiu em que “ser católico é aceitar formas diferentes de pensar, a unidade não se faz sem um esforço de superar essa fragmentação”. Ele afirmou, seguindo Evangelii Gaudium que a Igreja existe para evangelizar, formar discípulos missionários a partir do encontro com Jesus Cristo que sempre é comunitário. Seguindo a dinâmica do Sínodo, que implementou o Sínodo Digital como um instrumento que tem ampliado a escuta, Dom Leomar afirmou que “pode ser que a gente fique escutando sempre os mesmos, os que já estão em casa, pelo que essa proposta de ampliar a escuta é indispensável”. Junto com isso, “escutar aquilo que a gente não gosta de ouvir”, vendo como fundamental para a Igreja do Brasil “escutar os que se afastaram da Igreja” e quem vem em função dos sacramentos, buscando conhecer “qual é a percepção da presença pública da Igreja, a relevância da Igreja numa sociedade como a nossa”. Uma escuta digital “para que possamos ir ao encontro daqueles que estão em outros areópagos que não são necessariamente aqueles que estamos habituados a frequentar”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Regional Norte1 elege nova Presidência: Dom Leonardo, Dom Adolfo e Dom Altevir

O Regional Norte1 da CNBB elegeu nesta quinta-feira sua Presidência para o quadriênio 2023-2027. O novo presidente é o Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo da Arquidiocese de Manaus, a vice-presidência será assumida por Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese de Alto Solimões, e Dom José Altevir da Silva, bispo da Prelazia de Tefé será o novo secretário. Na secretaria executiva do Regional Norte1 foi confirmada a Ir. Rose Bertoldo, que continuará desempenhando a função que assumia até agora. A religiosa disse continuar assumindo esse serviço em função de seu compromisso com a Amazônia e com a Igreja do Regional Norte1, onde tem realizado sua missão, principalmente no combate ao trafíco de pessoas e à exploração sexual de crianças e adolescentes desde há mais de 10 anos. Os bispos do Regional Norte1 agraceceram o trabalho daqueles que assumiram a Presidência no quadriênio 2019-2023, Dom Edson Damian, bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, que foi o presidente nos últimos quatro anos, Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, que foi vice-presidente, e Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, bispo da Diocese de Borba, que assumiu a secretaria do Regional. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Ionilton: “Não é porque mudou o governo que vai mudar a postura profética de sempre da CNBB”

A 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), iniciada nesta quarta-feira 19 de abril de 2023, contou em seu primeiro dia com diversos momentos importantes. Dentre eles dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, destaca em primeiro lugar “o relatório de atividades da Presidência, que está encerrando seu tempo, que serviu para mostrar o que a Igreja no Brasil viveu, apesar da pandemia e do anterior governo que dificultou muito as relações com a Igreja”. Dom Ionilton destaca que “a Presidência da CNBB, na pessoa de Dom Walmor principalmente, conseguiu levar adiante, dando para perceber a quantidade de notas, de manifestações que a CNBB teve nesses quatro anos, falando da realidade da Igreja, mas também da realidade do nosso povo”. Nas análises de conjuntura social e eclesial, o bispo da Prelazia de Itacoatiara destaca a apresentação de assuntos como “a polarização da sociedade civil, mas que acaba afetando a Igreja, a exploração religiosa por parte da extrema-direita, cooptando Deus, pátria e família”. Diante disso, dom Ionilton destaca a insistência da análise no “caminho da formação a partir da Palavra de Deus, da doutrina da Igreja para tentar conseguir arrumar o passo”. Na análise de conjuntura social, o bispo destacou, algo que explicitou no plenário após a apresentação, o ponto da “financeirização do capitalismo, uma questão muito forte nos últimos quatro anos com o governo que se encerrou”. Uma realidade que “nós que estamos no Amazonas percebemos isso com mais ênfase ainda com a questão das queimadas, a derrubada da floresta, a questão da poluição das águas por causa do garimpo ilegal”. Dom Ionilton insistiu em como a análise de conjuntura “destacava esse grande prejuízo que foi o avanço do capitalismo com o agronegócio, com as mineradoras”, um fato no Regional Norte1, diante do qual “nós esperamos encontrar caminhos de superação nesse novo tempo que começa agora”. O desafio no campo social, segundo o bispo, é “a gente conseguir fazer uma incidência política com esse novo governo que está começando que sinaliza alguma abertura maior para as questões sociais”. Isso leva dom Ionilton a ver a necessidade de “apostar no revigoramento dos organismos de fiscalização, IBAMA, FUNAI, ICMBio, que são organismos que ajudam a preservar o ambiente, preservar a natureza, o nosso bioma Amazônia”. Junto com isso, fazer incidência política, pois “não dá para a gente assistir de camarote o governo caminhar, a gente precisa de alguma maneira fazer também a nossa parte enquanto Igreja como sempre fizemos”. Nesse sentido, resgatando as palavras de dom Francisco Lima na apresentação da conjuntura social, “não é porque mudou o governo que vai mudar a postura da CNBB, vai ser a mesma postura profética de sempre”, algo do qual dom Ionilton diz ter certeza, se referindo ao tema do arcabouço fiscal, que “ainda é um ponto realmente enigmático, a gente precisa aprofundar mais isso, também como Igreja, mas o caminho é a incidência política, não deixar que a força do Congresso Nacional, que ainda é uma força de direita, de extrema-direita, predomine para essas votações no Congresso e que o interesse da população seja respeitado, e para isso precisa que haja movimento popular e social, e também no nosso caso como Igreja, como CNBB, fazer a incidência que a gente vinha fazendo e temos que fortalecer muito mais agora”. A realidade eclesial apresentada “é muito forte em nosso Regional Norte1”, segundo dom Ionilton. Ele afirma que “a gente teve muita dificuldade de trabalhar a formação e a conscientização a partir da cartilha da CNBB ‘Encantar a Política’ do Conselho do Laicato”. O bispo destaca a resistência existente que levava a dizer que “tratar desses assuntos acaba sendo uma politização da Igreja, pensar no pobre, pensar na defesa da natureza”, uma realidade que vai continuar, insiste dom Ionilton. O bispo da Prelazia de Itacoatiara coloca como exemplo disso o fato de ter “um grupo grande de pessoas que se dizem católicas, que usam símbolos católicos, como Nossa Senhora de Fátima, o terço, a devoção a Nossa Senhora, mas que faz um trabalho contra a Igreja. Fala mal do Papa, fala mal da CNBB, criticam qualquer pessoa da Igreja que tem uma postura na linha da opção pelos pobres, e aí fica um grupo que hoje tem a força das redes sociais”. Frente ao trabalho nas dioceses, paróquias, comunidades, “chega com muita mais força e rapidez pelas redes sociais uma onda contrária àquele ensinamento que a gente está tentando trazer do Papa Francisco, de suas encíclicas, das mensagens da CNBB, a posição da CPT, do CIMI, que é a posição também do Regional Norte1”, destaca dom Ionilton, que ressalta que “as vezes as pessoas não conhecem e fazem uma oposição cerrada, batem de frente, não aceitam aquilo que a gente está tentando fazer com que as pessoas se envolvam mais, a partir da fé, nesse compromisso de transformação da sociedade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Presidência da CNBB faz balanço de um quadriênio em que teve que se “reinventar para dar novas respostas”

Tendo como ponto de partida a ideia de que “nós comunicamos para humanizar, nós comunicamos para evangelizar”, segundo indicou dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte e presidente da Comissão para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e insistindo em que essa comunicação quer ser  uma contribuição para que “a sociedade também comunique melhor aquilo que ela tem que comunicar”, iniciou a primeira das coletivas de imprensa da 60ª Assembleia Geral da CNBB que acontece em Aparecida de 19 a 28 de abril de 2023. “Um encontro de comunhão das diferenças”, insistiu Dom Mol, dado que a assembleia da CNBB é uma “experiencia de unidade e de comunhão”, com diferentes, formando “um corpo cujos membros têm funções diferentes e colaboram para uma mesma função”. O bispo auxiliar de Belo Horizonte chamou a assumir, na dinâmica do caminho sinodal, uma atitude de escuta, apresentando o trabalho da atual presidência como um trabalho enorme com peculiaridades jamais imaginadas no decorrer da história, especialmente com a pandemia, com realidades que o Brasil nunca tinha vivido. No breve relato do vivido na gestão da atual presidência, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, começou agradecendo o trabalho dos meios de comunicação nesse tempo de “tantas mentiras e de tantas divisões, uma comunicação buscando mostrar a verdade, motivar corações para o bem e abrir novos caminhos com o Evangelho de Jesus e com os serviços prestados pela Igreja no coração da sociedade”. Um tempo que foi definido seguindo a metáfora da Igreja como uma barca numa travessia, utilizada pelo Papa Francisco em 27 de março 2020 na Praça de São Pedro. Diante da convulsão vivida no Brasil nos últimos quatro anos do ponto de vista político, e dos descompassos que atingem de modo especial os mais pobres e sofredores, o que fez com a CNBB foi obrigada a “nos reinventar para dar novas respostas”. Isso num dos quadriênios mais difíceis nos 70 anos da CNBB, que é olhado pelo presidente da CNBB com o coração agradecido e com grande alegria pela experiencia que fizemos com muitas mãos e muitos corações e colaborações competentes, que fez com que muitas coisas cresceram, mesmo com as dificuldades da pandemia e da situação política. O arcebispo chamou a ser uma Igreja em saída e sinodal, que “tem que ir para a vida das pessoas no confronto com aquilo que elas vivem, sofrem, carregam, sonham, e sobretudo na tarefa de construir uma sociedade justa, fraterna, solidária, porque somos cidadãos do Reino a caminho dele”, dando assim novas respostas, fruto da articulação de muitos que confirma esse caminho como Igreja servidora no mundo, dado que “estamos ao serviço da vida, ao serviço do povo de Deus”. Dom Walmor Oliveira de Azevedo lembrou que nos 70 anos de história, “a CNBB sempre esteve do lado dos pobres, dos sofredores”, o que a levou a passar por dificuldades e incompreensões, “pela coragem profética de estar ao lado dos pobres criando uma nova cultura social, política, espiritual e humana”. Nesse sentido, ele lembrou a campanha É Tempo de Cuidar, como expressão de solidariedade muito importante, que responde à exigência intrínseca à luz do Evangelho de Jesus Cristo de cuidar dos pobres, ainda mais diante do aumento da pobreza e da fome num país celeiro do mundo. Em relação à violência nas escolas, o presidente da CNBB vê essa realidade como “consequência dos caminhos que nós temos tomado muitas vezes lamentavelmente a partir de lideranças políticas importantes fomentando o ódio, fomentando as desavenças, fomentando as dificuldades, e sobretudo fomentando o comprometimento da fraternidade universal”. Frente a isso, seguindo o Pacto Global pela Educação, chamou a “encontrar caminhos de diálogo, caminhos de serviço e indicações concretas” frente a essa violência nas escolas, pois viver a fé cristã é humanizar-se, buscando estabelecer a cultura da paz. Na coletiva foi abordado a questão do Fundo Nacional de Solidariedade, sendo destacado por Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário geral da CNBB, a importância da Campanha da Fraternidade, expressão de caridade e solidariedade, que na Quaresma anima a descobrir o sofrimento alheio desde diferentes propostas, dentre elas a Coleta da Solidariedade, que alimenta esse Fundo Nacional de Solidariedade. Em relação à sinodalidade, seu presidente destacou que a CNBB está neste horizonte da sinodalidade na sua história organizacional, com marcas de participação, destacando o necessário investimento em sinodalidade, “como uma experiência importante que cria uma nova cultura”, dado que “a CNBB é uma expressão de comunhão dos bispos do Brasil marcadamente sinodal”. No dia dos povos indígenas, Dom Mário Antônio da Silva, arcebispo de Cuiabá e 2º vice-presidente da CNBB, destacou que a Conferência e a Igreja do Brasil tem abraçados as dores e as causas dos povos indígenas de maneira muito solidária, chamando a “reconhecer o protagonismo dos povos indígenas e comunidades tradicionais e reconhecer sua sabedoria e beber dessa fonte para descobrir soluções para os muitos problemas que vivemos hoje em nossa nação e em nosso Planeta, sobretudo na questão da preservação ambiental”, indicando passos a serem dados. A polarização política e religiosa presente na sociedade levou Dom Walmor Oliveira de Azevedo a “consequências grandes e pesadas com a vida dos mais pobres e sofredores”, demandando a Igreja a ajudar na construção de uma cultura da paz, da justiça, do respeito à vida e à dignidade humana. Isso em vista da Igreja ajudar o Brasil a ser melhor. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e 1º vice-presidente da CNBB, destacou o trabalho de apoio e construção das comissões da CNBB, dos bispos e assessores, um trabalho que se faz em favor da Igreja e dos mais necessitados, que vai além dos que passam fome. Ele insistiu em que sem educação não há transformação da sociedade, fazendo ver a necessidade de reconstruir o tecido social. Nesse âmbito, ele abordou a questão da comunicação digital e a necessária aprendizagem de tudo o que faz referência à tecnologia, diante da qual existe um…
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60ª Assembleia CNBB, análise de conjuntura social: “Ação, concreta, responsável e ética, que una a todos em torno de nosso futuro”

  Abordar os grandes desafios da sociedade brasileira tem sido o propósito da análise de conjuntura social apresentada aos bispos no primeiro dia da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que está sendo realizada em Aparecida de 19 a 28 de abril de 2023. Elaborada pelo Grupo de Análise de Conjuntura da CNBB – Padre Thierry Linard, a análise, apresentada por Dom Francisco Lima, parte da ideia da dificuldade de realizá-la em um momento histórico “em que as transformações, possivelmente, estão mais velozes que a nossa própria percepção”, e quer ser um instrumento que ajude na vivência dos próximos passos da CNBB. O início de 2023 é visto como “uma espécie de kairós, em uma conjuntura que se apresentou com diversos e complexos elementos logo após as eleições nacionais de outubro”, o que se concretizou em “estratégias de resistência ante a mudança no Poder Executivo”, buscando “tentar mudar a realidade eleitoral” fora da Constituição, o que foi combatido pelo Poder Judiciário, chegando em um ponto final em que “a democracia foi vitoriosa!”. O texto relata as diversas posições dentro das Forças Armadas, a cooptação por parte de setores radicalizados das Polícias Militares de muitos Estados e a Polícia Rodoviária Federal, a saída do país do Ex-presidente, ou o ataque aos poderes da República no domingo 8 de janeiro de 2023, por adeptos mais radicais do “bolsonarismo”, visto como “uma articulação de forças empresariais, financeiras, políticas e sociais”. Diante dessa realidade, os analistas afirmam que “o governo Lula está posto, mas ainda não está totalmente composto!”, um governo que iniciou seu mandato com um caráter popular, com a presença na posse do Presidente da República de “homens e mulheres carregados de histórias e lutas”. O mundo está marcado por incertezas, pelo que o Papa Francisco define como “uma guerra mundial em pedaços”, que está conduzindo ao “parto de um outro mundo multipolar”, com tensões surgidas dos mesmos velhos motivos: economia, território, tecnologia e terror. Isso num mundo determinado pela desigualdade social, pelo aumento da imigração, pela crise da democracia representativa, o incremento das tecnologias digitais, o recrudescimento de governos autocráticos e de movimentos autoritários cada vez mais atuantes, a partir de estratégias de desinformação, com eleições polarizadas e sociedades divididas. Tudo isso repercute na realidade latino-americana, que é analisada, mostrando um olhar sobre como o processo eleitoral brasileiro de 2022 impactou no reordenamento geopolítico global e regional. O texto apresenta os grandes desafios brasileiros, no campo da economia, marcado pela financeirização, o neoliberalismo e o lucro financeiro, que se contrapõe à “deterioração dos serviços públicos essenciais oferecidos a parcelas imensas do povo brasileiro”; no campo da política, abordando a questão da governabilidade e governança pública e a atual realidade política que o Brasil vive, analisando os passos que estão sendo dados entre os diferentes poderes da República. No campo da política foi refletido sobre sua relação com a religião, mostrando como uma questão crucial o uso da religião “para a manipulação político-eleitoral ou para a difusão de discursos de ódio e fake News”, inclusive para a ascensão da extrema-direita. Do mesmo modo, foi refletido sobre a militarismo e sua relação com a política, que incide na democracia e aumenta as polarizações. No campo da sociedade e da cultura, a análise de conjuntura social reflete sobre o drama da desigualdade social e racial, consequência das “muitas e severas sequelas da crise econômica causada pela pandemia”, que levou 33,1 milhões de pessoas a passar fome no Brasil, ao aumento de jovens que nem estudam, nem trabalham, a um maior endividamento da população, com um racismo estrutural e cotidiano que machuca o tecido social brasileiro. No mesmo campo, o drama socioambiental e cuidado com a Casa Comum, destacando a determinação do governo Lula na reconstrução da agenda ambiental brasileira. Isso tem se concretizado numa maior valorização dos povos indígenas, com a criação do Ministério dos Povos Indígenas e ações estratégicas e integradas para o combate ao desmatamento, e a mineração. A análise aborda a questão do desarmamento e a cultura da paz frente às violências, com o novo governo enfrentando desde o primeiro dia da política de incentivo ao armamento da população, uma urgência diante dos ataques às escolas nos últimos dias. Também foi abordada a crise do pertencimento e o problema das identidades, insistindo em que “parece ter-se perdido a referência da comunidade”. Finalmente, a análise apresentou sinais dos tempos e de esperança, destacando os resultados do diálogo do governo federal com os outros poderes, o protagonismo dos movimentos sociais e o respeito aos conselhos de controle social, o multilateralismo nas relações internacionais. Diante disso se destaca a importância da formação política, da educação, vendo como uma urgência um grande projeto de pacificação nacional. Para isso, “o nosso mais importante sinal é o da ação, concreta, responsável e ética, que una a todos em torno de nosso futuro. A maior esperança é esperançar-nos todos os dias e em todas as circunstâncias. Sem medo, pois a esperança é a nossa coragem!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

60ª Assembleia Geral da CNBB no final de “um quadriênio muito tumultuado”, afirma Dom Edson Damian

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) inicia nesta quarta-feira 19 de abril sua 60ª Assembleia Geral que tem como temática principal a avaliação global da caminhada. Uma assembleia que acontece no final de “um quadriênio muito tumultuado, porque dentro dele, nós fomos atingidos pela pandemia, e ficamos isolados, tantas atividades foram suspensas e nós viramos contemplativos”, segundo Dom Edson Damian. Um tempo em que “a gente pode parar para contemplar a ação da Igreja, a ação do Espírito nas nossas pastorais, e retomamos logo depois com muito entusiasmo, muito vigor”, destacou o bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira e presidente do Regional Norte1 da CNBB. Ele diz ter assumido esse encargo com muita alegria e com muita dificuldade, nos últimos anos de seu episcopado. Dom Edson apresentou sua renúncia como bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira no dia quatro de março deste ano, e está esperando que ela seja aceita pelo Papa Francisco. As dificuldades foram motivadas, segundo o presidente do Regional Norte1, pelo isolamento da diocese, a precariedade dos meios de comunicação e as distâncias enormes. Dom Edson Damian agradece aos seus irmãos que assumiram a Presidência do Regional junto com ele, dom Tadeu Canavarros e dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, e à secretária executiva, a Ir. Rose Bertoldo, em quem destacou que ela assumiu “com muita dedicação e muito empenho, e incentivou as pastorais, inclusive muitas reuniões em que eu não podia estar presente, a gente combinava a distância e ela conseguia dar conta com a ajuda de dom Tadeu, nosso vice-presidente, que está em Manaus”. Dom Edson Damian agradece a Presidência da CNBB que está encerrando seu mandato. O presidente do Regional Norte1 disse imaginar as pressões recebidas por parte da Presidência da CNBB do anterior governo. Ele destaca que diante dessa conjuntura, “Dom Walmor soube ter um equilíbrio muito grande, soube manter a fidelidade à Igreja, ao Papa, às Diretrizes da CNBB e manter nossa Igreja unida”. O bispo de São Gabriel da Cachoeira insistiu em que “teve pessoas que escolheram outro caminho, infelizmente, e isso nos entristece”. Essa atitude leva o bispo a dizer que “esperamos que agora, que o Brasil vive novos tempos de reconstrução da democracia, queremos que a Constituição seja observada, que a democracia seja defendida, que a nova Presidência da CNBB assuma esses compromissos muito importantes para o povo brasileiro”. Dom Edson se referiu “aos pobres que passam fome”, considerando que “a Campanha da Fraternidade foi providencial, foi profética, diante dessa situação de 33 milhões de brasileiros ou mais que passam fome”. O presidente do Regional Norte1 chamou a “atender os desempregados, cuidar da educação e da saúde do povo, são necessidades básicas e fundamentais”. Diante disso chamou os bispos a “fazer a nossa parte em relação à fome, o desemprego, a educação e a saúde”. Desafios que se referindo à Igreja da Amazônia, “o povo logo pensa no drama do Povo Yanomami”, destacando que “graças a Deus o governo está agindo com muita firmeza”, insistindo na importância das medidas que o Governo Federal está realizando no combate do garimpo ilegal. Segundo Dom Edson, “o governo não pode retroceder na defesa dos povos indígenas, principalmente dos yanomami, que estão à beira de um genocídio”. Junto com isso, o bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira destaca as necessidades do povo ribeirinho, caboclo, que é um povo muito pobre, que tem muitas necessidades. Diante disso lança o desafio de “assumir com muita garra a defesa dos povos indígenas e de projetos que os ajudem a se manterem unidos”. Ele destaca a importância da agricultura familiar e do Ministério da Agricultura Familiar, insistindo na amizade do atual ministro com a diocese de São Gabriel da Cachoeira, onde esteve várias vezes. Dom Edson insiste em que “nós temos pessoas a quem vamos nos dirigir para cobrar aquilo que o povo da Amazônia mais precisa”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

60ª Assembleia Geral da CNBB será realizada em Aparecida de 19 a 28 de abril

Mais de 400 bispos, junto com assessores e pessoal de apoio, estão chegando em Aparecida, sede do Santuário Nacional, para participar da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que será realizada de 19 a 28 de abril. Do Regional Norte1 participam os 10 Bispos titulares e 3 eméritos, junto com a Secretária Executiva. Uma assembleia eletiva, segundo informa a própria CNBB, onde os bispos irão escolher a nova presidência e os membros das 12 comissões que fazem parte de sua estrutura organizativa; dois representantes para o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e dois delegados para o Sínodo 2023. Ao longo dos 10 dias de assembleia o programa consta de 22 temas prioritários. Sobre o que irá acontecer a Assessoria de Comunicação da Conferência informará diariamente, acontecendo diariamente as coletivas de Imprensa onde serão abordadas as temáticas de cada dia. Os bispos celebrarão a Eucaristia cada dia no Santuário Nacional, que participarão de uma celebração penitencial, uma celebração inter-religiosa e um retiro espiritual. Os bispos que fizeram parte da presidência no quadriênio 2019-2023 avaliaram um tempo marcado pela pandemia da Covid-19 e pelas polarizações ideológicas, segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo. Desse tempo de pandemia, o presidente da CNBB destacou que a Igreja “intensificou ainda mais o seu trabalho de amparo espiritual e social. Para isso, rapidamente aprendeu a lidar com as novas ferramentas tecnológicas de comunicação, fazendo-se presente no dia a dia das pessoas de muitas formas. Criou também ações para minimizar o sofrimento daqueles que passaram pelas consequências econômicas da pandemia, referência especial à iniciativa ‘É tempo de cuidar’”. O Arcebispo de Belo Horizonte enfatizou “a escalada das polarizações, com rupturas, inclusive, dentro das famílias, provocadas por desavenças político-ideológicas. Um cenário triste, emoldurado pela disseminação crescente de notícias falsas. Um momento ápice dessas polarizações foi vivenciado no último processo eleitoral”. Diante disso, a CNBB “sempre se manteve ao lado dos pobres, fiel aos valores do Evangelho, elevando, corajosa e profeticamente, a sua voz, para denunciar ameaças à sociedade e à democracia, e descasos para com os mais pobres”, buscando fomentar a escuta e o diálogo. Dom Mário Antônio da Silva destaca do último quadriênio “o espírito de comunhão entre os membros da presidência”, a busca por semear a Esperança e preocupação da presidência com a gestão e a sustentabilidade da CNBB. Tudo isso sob a condução e iluminação do Espírito Santo, “dando-nos a possibilidade de indicar caminhos de unidade e de sinodalidade”, segundo o 2º Vice-presidente da CNBB. Ele enfatizou a importância das “inúmeras videoconferências com os regionais da CNBB, favorecendo a escuta das dores e alegrias, bem como partilha de experiências vitoriosas e outras angustiantes dos irmãos bispos junto às suas dioceses. Tudo isso nos fez sentir mais próximos e mais solidários como pastores frente às necessidades do nosso povo”. Segundo Dom Jaime Spengler, o que conduziu e orientou a ação da presidência foi “o desejo de colaborar para fomentar a razão mesma de ser da Conferência: promover a comunhão entre os Bispos”. O 1º vice-presidente disse se sentir marcado pela visita à Diocese de Roraima, onde verificaram o trabalho de acolher os migrantes venezuelanos e haitianos, desenvolvido pela diocese de Roraima e o Exército brasileiro, com a colaboração de variadas forças da sociedade”. O Secretário Geral da CNBB destacou a atuação na evangelização, num tempo em que houve uma mudança substancial no jeito de ser Igreja, que tem como fundamento a presencialidade, numa Igreja que tem impulsado as comunidades eclesiais missionárias; gestão dos bens temporais, um desafio diante de novas leis e realidades; e diálogo com a sociedade-governo, destacando “o Pacto pela Vida e pelo Brasil, como serviço dialogal com a sociedade brasileira, serviço vivenciado em união com diversas entidades na defesa da vida e da democracia”. Dom Joel Portela Amado vê como motivo de alegria a participação no Sínodo sobre a sinodalidade. De cara ao futuro, os membros da presidência destacam algumas prioridades, “investir cada vez mais na sinodalidade, acolhendo convocação vinda do luminoso magistério do Papa Francisco” segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, algo que marcará as novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora no Brasil, que “serão construídas também a partir do exercício da sinodalidade”. Por sua parte, Dom Mário Antônio da Silva insiste na “unidade e a comunhão do episcopado”, junto com a insistência na sinodalidade. Diante das diversas crises: crise econômica, política, social, do humanismo, ética, eclesial, de fé, Dom Jaime Spengler, disse que ao pautar as ações do episcopado, “a referência maior será sempre o Evangelho do Crucificado-Ressuscitado, a Doutrina Social da Igreja e a Tradição”, buscando assim “promover o bem comum e o cuidado pela vida nas suas diversas expressões, a fim de que todos possam ter vida e vida em abundância”. Dom Joel ressaltou os desafios sociais, que, em algumas situações se agravaram: fome, situações análogas ao trabalho escravo, espoliação do meio ambiente, aborto, entre outras. Situações que define como “formas de agressão à vida, que precisa ser incansavelmente defendida”. O Secretário Geral falou de um conjunto de questões desafiadoras, uma única questão com diversas facetas, o que demanda “aprender a trabalhar em comunhão, unindo forças”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Lançado Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2022: memória, histórias, análises, resistências

A Comissão Pastoral da Terra lançou nesta segunda-feira 17 de abril na Universidade de Brasília o “Caderno de Conflitos Brasil 2022”, que já está na 38ª edição, dentro de um dia de seminários em que tem sido discutido a partir das propostas dos povos, como ter vida digna. Um caderno que mais do que um relato sobre a violência no campo, “ele traz memória, ele traz histórias, e muito além dos dados inúmeros que são apresentados aqui, ele traz análises das realidades do campo, e ele traz também as resistências e ele traz a identidade desses povos”, um caderno que “simboliza muito mais do que simplesmente números”. No evento participou Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia de Itacoatiara e Presidente da Comissão Nacional da Terra (CPT). Em 2022 foram 47, 6 mulheres, os assassinatos no campo, o que faz ver que essa realidade tem que ser mudada, ainda mais no dia em que o Brasil faz memória do Massacre de El Dorado dos Carajás. Um caderno que quer fazer também memória de Dom Tomás Balduino, no ano do centenário de seu nascimento. “Com amor e com temor”, disse estar presente no lançamento pela primeira vez Dom Silvio Dutra, amor pela causa e temor por não ter muita familiaridade com esse tipo de encontros. O Bispo da Diocese de Vacaria – RS ressaltou “aquilo que está sendo feito aqui baseado, sedimentado em aquilo que cremos, nas verdades que cremos, nos valores que cremos, nas lutas que cremos”. Algo que o Bispo fundamentou no relato do Livro do Êxodo, na Gaudium et Spes e na Doutrina Social da Igreja, que anuncia e denúncia realidades que existem. Dom Silvio Dutra chamou a não ser sentinelas mudas e sim alguém que como Deus está sensível, desce e vai libertar o seu povo. Sobre a violência, algo contrário à vontade de Deus, o vice-presidente da CPT destacou, seguindo a Doutrina Social da Igreja, que “a violência nunca constitui uma resposta justa, a Igreja proclama, com a convicção de sua fé em Cristo e com a consciência de sua opção, que a violência é má, que a violência como solução para os problemas é inaceitável, que a violência é indigna do homem. A violência é uma mentira, pois é contrária à verdade da nossa fé, à verdade da nossa humanidade”, fazendo ver a necessidade no mundo atual dos profetas não armados. Antes de apresentar os dados recolhidos no Caderno de Conflitos, José Geraldo de Souza Junior, professor da Universidade de Brasília, fez uma reflexão em torno a essas temáticas, desde uma perspectiva histórica e antropológica, recolhendo histórias de luta no Brasil. O Caderno é fruto de um trabalho conjunto, segundo lembrou Tales Pinto, do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, que começou mostrando um aumento de 10,39 por cento nos conflitos no campo em relação a 2021, superando os dois mil, que vem acontecendo em diferentes modos, como foi relatado, mostrando onde se localizam esses conflitos no país. Uma violência que é contra as pessoas, vítimas de assassinatos e ameaças, o que o levou a reclamar a necessidade de políticas de proteção. São conflitos por terra, por água, conflitos trabalhistas, que se fazem presentes na vida dos povos do campo no Brasil. Uma violência presente no Vale do Javari, na fronteira entre o Brasil e o Peru, uma região com maior número de povos isolados no mundo, segundo relatou Beto Marubo, liderança Univaja. Ele foi detalhando o que acontece na região e o trabalho realizado por Bruno Pereira, sobretudo empoderando os indígenas, assassinado naquela região em 2022. Por isso foi destacado a necessidade de o Governo Brasileiro fazer a proteção desses indígenas. Um Caderno de Conflitos que tem uma enorme importância para os trabalhos de pesquisa nas universidades brasileiras, como foi mostrado no lançamento. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “O Ressuscitado nos indicando a misericórdia como a razão de ser e itinerário da Igreja”

O Evangelho do 2º Domingo da Páscoa “a nos dizer que os discípulos viram o Senhor e que Tomé desejava ver”. Assim, depois de citar o texto iniciou o Cardeal Leonardo Steiner sua homilia, falando do ver, como eles disseram a Tomé. O Arcebispo de Manaus perguntou-se “como o viram?”, dizendo que “mostrou-lhes as mãos e o lado”, e insistindo em que “Tomé que desejava ele mesmo ver e tocar diz: ‘a marca dos pregos em suas mãos’. E sem tocar, de apenas ter visto, acreditou”. Segundo Dom Leonardo, “os discípulos viram o Senhor e Tomé desejou, ele mesmo, ver a Jesus. Tomé é admirável, pois ele mesmo deseja ver. Mais que ver, deseja tocar o lugar dos cravos, o lugar da lança. Ele desejava ver e tocar o lugar da dor e da morte. Não no ouvir dizer, no contar e recontar dos outros, mas ele mesmo. Desejava ver e tocar Jesus, ele mesmo, não outro, ele em pele e osso”. Lembrando que o Evangelho chama Tomé de “Dídimo”, que quer dizer gêmeo, o Cardeal Steiner disse que “na resposta de Tomé somos verdadeiramente irmãos gêmeos de Tomé. Também não nos basta saber de Deus, saber sobre Deus, da existência de Deus. Um Deus ressuscitado, mas longínquo, não preenche a nossa vida; não nos atrai um Deus distante, por mais que seja justo e santo. Nós também desejamos e precisamos ‘ver a Deus’, ‘tocar com a mão’. Ver e tocar a Ele ressuscitado, e o ressuscitado por nós”, recordando as palavras do Papa Francisco, na Homilia do II Domingo da Páscoa em 2018. Dom Leonardo lembrou as palavras de Santo Agostinho no Comentário ao Evangelho de São João, onde “nos diz como Tomé despertou para o ver a Jesus”. Ele questionou: “O que viu Tomé ao ser provocado a tocar as chagas e o lado aberto? O que o levou a saltar para a fé, no ver, sem tocar, para a adoração e exclamação: ‘Meu Senhor e meu Deus?”. Segundo o purpurado, “viu, como que entrou nas chagas e no lado aberto e no ver contemplou o amor sem medidas, o amor desmedido. O amor que o amara até o fim. Mesmo tendo abandonado o seu Mestre, Jesus o amara até o fim, dera vida por ele. Não houve necessidade de tocar como desejava e impusera aos outros discípulos. Ao ver, as chagas, é tocado, atingido no seu ser. Antes de tocar, é tocado, antes de ver, foi visto. Ele tinha razão no desejo de tocar e não receber notícias. Desejara um encontro, e eis que o Senhor se torna visível e se apresenta com o amor com que o amara. E na admiração, na simpatia, na afeição, na cordialidade, na reverência, exclama: ‘Meu Senhor e meu Deus’!” “Meu Senhor e meu Deus! Quanta ousadia de Tomé de desejar tomar posse de Deus: meu Senhor, meu Deus? Não que Tomé se apossar-se de Jesus, mas desejou expressar a sua disposição e disponibilidade de ser todo dele, a sua nova pertença. Senhor se assim me amaste, sou todo teu, faze de mim o que quiseres, o que de mim fizeres eu te agradeço”, afirmou o Cardeal com as palavras de Charles de Foucauld. Ele vê essa afirmação, “como se confessasse, nada mais meu, mas tudo teu, todo teu!”. Citando de novo a Homilia do Papa Francisco em 2018, Dom Leonardo lembrou que “entrando hoje, através das chagas, no mistério de Deus, entendemos que a misericórdia não é mais uma de suas qualidades entre outras, mas o palpitar do seu coração. E então, como Tomé, não vivemos mais como discípulos, discípulas vacilantes; devotos, mas hesitantes; nós também nos tornamos verdadeiros enamorados do Senhor! Não devemos ter medo desta palavra: enamorados do Senhor!”. No envio de Jesus aos discípulos, Dom Leonardo vê que eles são “enviados como misericórdia, como reconciliação. Trancados, desconfiados, amedrontados, refugiados, agora enviados, enviados como reconciliação, como misericórdia. Misericórdia que é a paz. ‘A paz esteja convosco’. O medo, a dor, levou-os a viver fechados, escondidos; haviam perdido o caminhar. Estavam feridos, vidas feridas, fechadas. E Jesus oferece-lhes a paz, indica-lhes a paz como horizonte de vida. A paz que vem pela misericórdia”. “Depois de serem erguidos, levantados, transformados com a misericórdia, os apóstolos são enviados como misericórdia”, lembro o Arcebispo de Manaus. “Sim, levanta-os e transforma-os com a misericórdia na força do Espírito Santo. Obtendo misericórdia, tornam-se misericordiosos. Podem perdoar, porque foram perdoados, pois receberam o Espírito Santo, o dom da Paz. É muito difícil ser misericordioso, se não nos damos conta de termos recebido misericórdia”, afirmou o Cardeal. Inspirado na Misericordiae Vultus do Papa Francisco, Dom Leonardo lembrou que “é próprio de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua omnipotência. A misericórdia divina não é, de modo algum, um sinal de fraqueza, mas antes a qualidade da onipotência de Deus. É por isso que a liturgia, numa das suas orações mais antigas, convida a rezar assim: ‘Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis…’ Deus permanecerá para sempre na história da humanidade como Aquele que está presente, Aquele que é próximo, providente, santo e misericordioso”. Citando a passagem dos Atos dos Apóstolos da liturgia do dia, Dom Leonardo lembrou que “neste segundo domingo de Páscoa celebramos a Misericórdia que Jesus oferece aos discípulos ao enviá-los: ‘recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados’. O Ressuscitado nos indicando a misericórdia como a razão de ser e itinerário da Igreja”. “A misericórdia participação no amor misericordioso do Crucificado-ressuscitado. A graça de termos sido despertados e participarmos do amor redentor. Essa participação nos faz sinal da misericórdia ao ‘partir o pão pelas casas’ e repartir de tal forma que todos possam ter o necessário, pois todos são participantes da misericórdia de Deus”, afirmou o Cardeal Steiner. Ele chamou a que “participemos da misericórdia, peçamos misericórdia, ofereçamos misericórdia. A graça da misericórdia!”. Finalmente, Dom Leonardo fez ver que “nós somos da linhagem de Tomé, pois vemos sem tocar. Vemos…
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2º Domingo da Páscoa: “É no espaço comunitário que a ressurreição se concretiza”

Anunciando que “Cristo ressuscitou e está vivo entre nós!”, iniciou sua reflexão sobre o 2º Domingo de Páscoa a Irmã Michele Silva. A religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria destacou que “o tempo pascal nos convida a vivenciarmos a alegre esperança da ressurreição em nossas vidas”.  Olhando a liturgia do dia, ela afirma que “nos apresenta o rosto misericordioso de Deus Pai e Mãe, que se revela na comunidade e deixa a sua paz, por meio da ação do seu Espírito criador e dinamizador da missão”. Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, a religiosa destaca que “temos o retrato das primeiras comunidades cristãs que nos inspiram hoje: Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações e tinham tudo em comum; um modelo de comunidade sinodal que buscamos hoje, onde o discipulado de iguais é possível!”. “O salmista reconhece a bondade e a misericórdia de Deus: Dai graças ao Senhor, porque ele é bom, eterna é a sua misericórdia!”, afirma a Ir. Michele, que ressalta que a segunda leitura, da primeira carta de São Pedro, “nos traz a alegria e a esperança do Cristo ressuscitado, apesar das provações, medos e aflições que passamos nos últimos tempos, Deus sempre revela o seu amor e misericórdia para conosco e nos faz nascer de novo para uma esperança viva”. Comentando a passagem do evangelho segundo João, “nos apresenta um dos relatos da experiência do Cristo ressuscitado realizado em comunidade. É no espaço comunitário que a ressurreição se concretiza. Jesus se revela aos discípulos e discípulas no lugar onde se encontravam: fechados, com medo, mas unidos, e deseja a sua paz por três vezes! Mostra as mãos, os pés e o lado, e os envia com a força da Divina Ruah para serem continuadoras da sua missão”, segundo a religiosa. Partindo da figura de Tomé, que não estava presente e não crê, ela questiona: “quantas vezes somos incrédulas e também não nos abrimos para a ação de Deus em nossas vidas?”. A religiosa insiste em que “os sistemas opressores e nossas racionalidades nos ‘endurecem’ e não conseguimos nos abrir para o Cristo ressuscitado, na esperança de um tempo novo, só tocando o chão da realidade e caminhando em comunidade faremos processos profundos e ressuscitantes entre nós!”. Finalmente, a Ir. Michele Silva deseja “que este tempo pascal renove nossa fé, esperança e amorosidade na caminhada sinodal que estamos trilhando!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1