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Ir. Santina Perin: “O Papa Francisco, ele nos estimula a sermos cada vez mais humanos e humanizadores”

“Há 10 anos tivemos a grata notícia da eleição de um novo Papa, o Papa Francisco, um gigante para o mundo, um gigante para a Igreja católica”, afirma a Ir. Santina Perin, alguém que com 82 anos continua gastando sua vida na defesa dos migrantes e das vítimas do tráfico de pessoas, aspectos importantes para o atual Pontífice. Segundo a Religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria, “esta pessoa, o Papa Francisco, ele nos estimula a sermos cada vez mais humanos e humanizadores, que saibamos atender a todas as pessoas, que são todas dignas, principalmente os mais vulneráveis, os mais pobres”. A Ir. Santina se refere em sua mensagem em vídeo, publicado em Vatican News “as pessoas que sofrem o tráfico de pessoas, muito vulneráveis, esquecidas e também enganadas”. A religiosa, lembra as palavras do Papa Francisco, quando ele diz que “o tráfico de pessoas é uma vergonha, é uma chaga para a humanidade, é uma chaga para a sociedade”. Ele disse que “falando também nos vulneráveis, pensamos também nos migrantes”, que segundo a religiosa “são nossos irmãos que migram porque necessitam, migram porque estão a procura de uma vida mais digna”. Segundo a Ir. Santina, “o Papa Francisco não cansa de nos dizer, saibamos integra-los, saibamos respeita-los, dar a eles aquilo que eles mais precisam, uma acolhida, uma vida digna”. A religiosa insiste em relação aos migrantes que “eles são pessoas como nós, merecem a valorização, merecem o carinho, merecem serem tratados como pessoas dignas”. Segundo ela, “o Papa Francisco é uma pessoa que atende a todas as necessidades, quem quiser ter diante de si uma figura que os estimule para serem mais humanos, mais cristãos, mais humanos, mais pessoas digamos, é seguir este homem. O Papa Francisco para nós é uma luz, sigamos essa luz e não nos cansemos de fazer o bem”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Altevir: Papa Francisco, “um homem de diálogo, que respeita o diferente”

No dia 13 de março, o Papa Francisco completa 10 anos de pontificado, um tempo que Dom José Altevir da Silva vê como oportunidade de “novos caminhos para a Igreja”. Segundo o Bispo da Prelazia de Tefé, “a Igreja Católica Apostólica Romana nasce da Missão, que tem sua origem no coração da Trindade”. O Bispo destaca o zelo de todos os papas “pela tradição e continuidade da missão de Jesus Cristo”, algo que vem desde o Apóstolo Pedro, isso com a força do Espírito Santo. Uma Igreja que “existe para Evangelizar!”. Algo assumido pelo Papa Francisco em seus 10 anos de Pontificado, que “confirma este compromisso histórico que, à luz da fé, significa: visibilidade da graça de Deus no seu Ministério, como resposta às necessidades urgentes do mundo de hoje”. Lembrando que “ele é o 1º Papa latino-americano de toda a história”, Dom Altevir apresente o Papa atual como “um homem de diálogo, que respeita o diferente; de uma espiritualidade includente, onde tudo está interligado: do ser humano à nossa ‘Casa Comum’”. Junto com isso, o Bispo da Prelazia vê como notável “sua grande contribuição na mudança de postura da Igreja diante de alguns grupos, antes não aceitos pelos católicos: pessoas que não são heterossexuais, mulheres intituladas como mães solteiras, dentre outros. Vale recordar sua frase, no que diz respeito às mães solteiras: ‘Não existe mãe solteira, porque ser mãe não é um estado civil: existem mulheres solteiras que são mães’”. “O Papa abraça a causa dos pobres, dos migrantes, refugiados, da Casa Comum. Tem um olhar especial para a Igreja na Amazônia e seus territórios (Laudato Si’, Sínodo para a Amazônia, Querida Amazônia); uma preocupação inegável com a fraternidade universal (Fratelli Tutti), com o Pacto Educativo Global, com uma economia que esteja a serviço do cuidado da humanidade e da criação (Economia de Francisco e Clara)”, destaca Dom Altevir. Analisando os 10 anos de pontificado, Dom Altevir destaca que “Francisco tem lutado pela unidade não apenas de nós bispos, mas de todos os fiéis”, afirmando que “Ele, por vezes, é amado e rejeitado”, identificando essa realidade com as palavras de Simeão sobre Jesus, o Filho de Deus: “Este Menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição”. Junto com isso, o Bispo da Prelazia de Tefé lembra das palavras do Papa Bento XVI: “Se um Papa sempre recebe aplausos deve se perguntar se fez algo de errado. Pois neste mundo a mensagem de Cristo é um escândalo. Iniciando com o próprio Cristo”. Afirmando que “de fato, nos caminhos da Missão, o mensageiro também é mensagem”, Dom Altevir pede que “Deus seja louvado por estes dez anos do Pontificado de Francisco”, agradecendo ao “missionário de Deus, por tão grande bem que tem sido feito à Igreja!” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

3º Domingo da Quaresma: “Com a Samaritana, Jesus rompeu com as barreiras existências”

Nesta semana que fazemos memória do Dia Internacional da Mulher, Nazaré Silva lembra das palavras do Papa Francisco na Querida Amazônia, “ao chamar atenção para a força e dom das mulheres”, dizendo “sonhar com uma igreja sinodal, que reconheça a mulher e o seu papel central nas comunidades”. Segundo a jovem, “em tempos de violência e intolerâncias, é importante destacar o diálogo de Jesus com a Samaritana, que rompeu com as barreiras existenciais daquela época.  Neste domingo, a liturgia do 3º Domingo da Quaresma, nos deixar um questionamento: “tem sede de quê? Temos sede de justiça? De igualdade?”. Nazaré destaca que “somos convidados e convidadas, a viver a Campanha da Fraternidade, que tem por tema fraternidade em fome com o Lema “Dai-lhes vós mesmo de comer” (Mt 14,16)”. Daí ela destaca que “somos incentivados que em nossas comunidades a assumir suas responsabilidades, linha assistencial, promocional e social”. “Assim como Jesus, no encontro com a Samaritana, na sociedade encontramos muitas pessoas que estão sozinhas e cansadas, necessitados de água”, segundo Nazaré. Ela ressalta que “logo, ao nos colocar a serviço da escuta com o Mestre, poderemos olhar para o outro e se compadecer e conseguiremos questionar as estruturas injustas da sociedade”. Por isso, ela pede que “sejamos luzes, sejamos agua para todos os que encontra-se sozinho e cansados”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Celam conclui Encontros Regionais da Etapa Continental: “Uma experiência de aprendizagem de uma nova forma de ser Igreja”

Após quatro semanas de intenso trabalho, conversa espiritual e discernimento comunitário, as Assembleias Regionais da Etapa Continental do Sínodo 2021-2024 foram concluídas com a Assembleia do Cone Sul, realizada em Brasília, de 6 a 10 de março. Trata-se de um processo que está a ser levado a cabo em todo o mundo, como recordou o Dom Jorge Lozano, que lembrou que a participação nas Assembleias da América Latina e do Caribe se baseou no número de habitantes e dioceses de cada país, procurando reunir o que tornará possível produzir a Síntese Continental a ser enviada à Secretaria do Sínodo antes de 31 de março. O Arcebispo de San Juan de Cuyo (Argentina), e Secretário-Geral do Celam, participou desta vez como delegado, envolvendo-se nas comunidades de discernimento, uma experiência muito agradável pelo fato de poder aprofundar a escuta, aprofundar o discernimento, pensar em propostas em conjunto com outros irmãos. Por esta razão, disse que viveu este momento com um coração agradecido a Deus e ao Santo Padre por esta convocação, agradecendo também a Dom Joel Portella, Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pelo acolhimento fraterno. O Brasil teve uma grande participação neste processo sinodal, salientou Dom Joel Portella, que insistiu que o processo continua e que o encontro foi uma sala de aula de sinodalidade, algo que se aprende fazendo. Um processo que, no caso do Paraguai, como salientou a Blanca Patricia Palacios, responsável pelo processo sinodal no país, foi levado a cabo em continuidade com a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e no contexto do Ano do Laicato, com trabalhos nas diferentes dioceses que criaram as suas equipes sinodais, acompanhadas pela Conferência Episcopal, que desenvolveu ferramentas e realizou duas reuniões para partilhar estas experiências. A secretária da Comissão Pastoral Episcopal da Conferência Episcopal Paraguaia disse que se sentia reforçada como leiga pelo fato de “reconhecer o nosso papel como leigos e agentes pastorais”. Estes são processos que ajudam no crescimento da fé e permitem “ajudar os outros a crescer para que todos tenham uma voz e um lugar na Igreja“, tendo sempre presente que “o objetivo é ser discípulos missionários de Jesus”. Uma realidade também vivida por Sonia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional dos Leigos do Brasil, que definiu este momento como uma oportunidade para o Espírito indicar caminhos e ajudar os leigos, especialmente no Ano Vocacional que o Brasil está a viver, a retomar a sua vocação de responsabilidade na Igreja a partir da eclesiologia do Concílio Vaticano II. Estas assembleias regionais são vistas pelo Padre Pedro Brassesco como “uma experiência de aprendizagem de uma nova forma de ser Igreja“, reaprendendo a ser uma Igreja mais participativa que pode entrar em comunhão com o objetivo da missão de chegar a todos, especialmente aos mais pobres. O Secretário-Geral Adjunto do Celam enfatizou o método, a atitude de escuta, algo fundamental, mas a que não estamos habituados, porque na Igreja se procura mais falar, e aqui a escuta tem sido reforçada. Sublinhou também a importância da oração, porque “não foi um encontro programático, mas um encontro baseado na presença de Deus no nosso meio, que fala através dos nossos irmãos e irmãs”. Ao falar dos resultados do processo, estes aparecerão na elaboração de uma síntese continental, que juntamente com a síntese dos outros continentes permitirá a elaboração de um Documento de Trabalho para a Assembleia Sinodal em outubro de 2023. Destacou também a boa recepção do Documento para a Etapa Continental, “a partir das nuances nas diferentes formas de viver a Igreja em cada uma das regiões”. O Padre Brassesco disse estar agradavelmente surpreendido com o envolvimento e entusiasmo dos 400 participantes nas 4 assembleias da Etapa Continental na América Latina e Caribe, metade dos quais leigos e leigas, procurando ser uma Igreja missionária que leva a atender às diversas realidades. Não podemos esquecer que este é um processo de dois sentidos, que deve ser mantido ativo, como disse Dom Joel. Esta foi uma experiência muito boa, não só nas comunidades de discernimento, com a presença de diferentes países, mas em todos os momentos e ambientes, sublinhou Dom Lozano. Neste sentido, “se há algo de maravilhoso nesta fase, é a comunhão que vem da partilha, através do método de conversa espiritual que nos desafia a escutar, pois é pela escuta que empatizamos. A comunhão é criada a partir da experiência de Deus e da Igreja, quando nos conhecemos, que nos faz companheiros de caminho, superando dificuldades, como a língua”, disse Blanca Patricia Palacios. Na Assembleia, sublinhou a coordenadora do processo sinodal no Paraguai, a questão do clericalismo foi abordada a todos os níveis e é vista como um tema a ser abordado na Assembleia Sinodal em outubro. Também destacou como uma nova questão a promoção da participação das mulheres na tomada de decisões, para poder participar com voz e voto. Sonia Gomes de Oliveira destacou entre estes temas a formação integral, procurando quebrar estruturas ultrapassadas a fim de superar o clericalismo num processo de conversão. Segundo o Padre Pedro Brassesco, diferentes expressões encontraram um caminho comum para alcançar uma grande sinfonia que foi expressa no final de cada um dos encontros, algo manifestado no grande entusiasmo demonstrado em continuar com isto, que ele vê como fruto do Espírito, e assim reavivar a Igreja para encontrar novos caminhos e deixar para trás os medos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

As estacas da Tenda: afunda-las na fé para que o Senhor nos abra os olhos

No caminho sinodal, o Espírito Santo é o guia, o mesmo Espírito que guiou o Concílio Vaticano II, onde no início de cada sessão foi recitada uma oração que o Papa Francisco escolheu como invocação ao Espírito Santo para este caminho, como foi recordado pela delegação argentina na oração de abertura do dia. Um dia que teve as estacas da tenda, dadas pelos bispos argentinos, como centro da reflexão desta peregrinação que os países do Cone Sul estão a realizar na Assembleia em Brasília de 6 a 10 de março com quase 200 participantes. A peregrinação é um ato simbólico para com Deus, dispõe-nos a estar gratos e ao caminhar como povo recorda-nos a necessidade de uma salvação comunitária, recordaram na oração, enfatizando “o processo de alargamento das nossas tendas, de alargamento das mesmas com coberturas de telhados, ápses, novos corpos”.  Nestas tendas, apertamos as suas cordas, “os seus ventos” com o nó que simboliza a irmandade. Tanto a tenda como as estacas dependem do território em que se vai ficar, mas a estaca está sempre escondida debaixo do chão… E se oferece, se esconde, para que a tenda possa ser um refúgio, um lugar de vida partilhada, um lugar de descanso. Além disso, não podemos esquecer que montar uma tenda é uma tarefa coletiva, que uma estaca sozinha nada pode fazer e que as estacas devem ser constantemente verificadas e cuidadas. Tudo isto continua a refletir-se nas comunidades de discernimento, uma experiência muito enriquecedora, nas palavras de Dom João Justino de Medeiros Silva, que destaca a metodologia da conversa espiritual e a heterogeneidade, algo que abre a atenção à palavra e à experiência do outro, num exercício desafiante e edificante, mostrando a sua esperança de que “o que está sendo dialogado, trazido, seja depois de fato aproveitado nos processos seguintes“. Fabiola Camacho, que vê a Assembleia do Cone Sul como algo que encoraja o Espírito, salientando a importância do diálogo espiritual “sendo um método que continue na vida de toda a Igreja para a tomada de decisões“. A Irmã insistiu que “é o Espírito que está no nosso meio, que nos diz, nos conduz e nos inspira a essa Igreja que todos desejamos, uma Igreja mais sinodal”. Um momento para extrair do material utilizado para reflexão “os sinais mais fortes deste coletivo que se está a transformar numa comunidade“, algo que Ivone Maria Perassa considera muito importante. Ao mesmo tempo, ela sublinhou a necessidade de respeitar a escuta popular, cada pessoa e a comunidade. O Padre Richard Arce enfatizou a novidade do método de conversação espiritual e o fato de permitir a todos falar e partilhar num clima de discernimento. Destacou a beleza do encontro, de escutar “com atenção, com afeto, com amor, tentando descobrir tanta vida que existe na nossa América Latina e no nosso Cone Sul“, algo que ele vê como um sinal dos tempos, o que nos diz que “caminhar juntos é possível”, agradecendo ao Papa Francisco por nos ter convidado a caminhar juntos. Dom Oscar Ojea lembrou-nos que “eles têm de se afundar no solo, firmemente, adaptando-se a qualquer tipo de solo”, salientando que “as apostas representam a nossa fé”, uma fé recebida por quase todos nós de uma mulher. Uma fé que é “um ato de responsabilidade para com os outros, para com o nosso próximo“, ao ponto de dizer que “a nossa fé não é uma fuga à realidade, a nossa fé não é um pietismo individualista, nem uma técnica de bem-estar espiritual que acalma a nossa consciência, que nos deixa em paz”. Esta fé, que em muitos casos não conduz ao compromisso, levou o presidente do episcopado argentino a sublinhar que, comparado com Lázaro, que tem um nome, “Lázaro significa que Deus ajuda”, o homem rico “não tem nome, não tem identidade, não é ninguém, tudo o que ele é, é o que ele tem, tudo o que ele é, é puro orgulho, pura vaidade, puro nada”. A partir daí ele chamou a assumir que “afundar a estaca da fé significa pedir ao Senhor que nos abra os olhos, que não os deixe fechar, que não os deixe dormir, num mundo que nos engana constantemente neste aspecto, num mundo que nos faz olhar para o outro lado, um mundo onde não há lugar para muitos na Tenda”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Comissão realiza avaliação do Ano Vocacional e proposta de Texto das Diretrizes para o Serviço de Animação Vocacional do Brasil

A Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou na última sexta-feira, 3 de março, na sede da Conferência, em Brasília (DF), uma reunião ordinária, com o objetivo de planejar as atividades do ano e se organizar em vista da eleição dos próximos membros, prevista para acontecer em abril, durante a Assembleia Geral da CNBB, que será realizada em Aparecida (SP). A reunião contou com a presença dos bispos membros da Comissão, entre eles o presidente dom João Francisco Salm, o bispo referencial da Pastoral Vocacional, dom José Albuquerque, e dom André Vital Félix da Silva. Os assessores também estiveram presentes: os padres João Cândido Neto, Juarez Destro e a irmã Maristela Ganassini. “A Comissão tem uma dinâmica interna de trabalho que é bastante abrangente por abarcar vários segmentos – os ministérios ordenados, a vida consagrada, leigos consagrados, diáconos permanentes, então para dinamizar esse acompanhamento nós nos dividimos entre a gente”, explica o dom André. Para ele, a reunião presencial foi uma oportunidade de acompanhar a experiência que cada um tem em seus âmbitos de atuação. “Acredito ser muito valiosa porque facilita o trabalho e a gente compartilha lá na base, junto a esses segmentos, aquilo que é a proposta da nossa Comissão Episcopal”, acrescentou. Ano Vocacional Um dos assuntos da pauta foi o Ano Vocacional, iniciativa que teve início em toda a Igreja no Brasil em novembro de 2022, e que desde então vem promovendo a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade. O objetivo é suscitar o despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus. Na avaliação da irmã Maristela Ganassini, muitas dioceses, paróquias, congregações têm divulgado suas ações, dentro do contexto do Ano Vocacional, por meio das redes sociais ou até mesmo do site do Ano Vocacional. “Interessante é que esse movimento tem sido feito com todas as fases (adultos, crianças, jovens). E várias pastorais e comissões o assumiram junto conosco”, disse. A Comissão de Comunicação do Ano Vocacional, segundo a irmã, é uma das que mais tem trabalhado e se dedicado para o seu bom funcionamento. Diretrizes para o Serviço de Animação Vocacional Também assunto constante na pauta é a elaboração das Diretrizes para o Serviço de Animação Vocacional. O projeto foi uma das indicações do último Congresso Vocacional do Brasil e a proposta é que o Documento seja composto por três capítulos: Vocação: chamado e resposta ao amor; Um caminho de comunhão; Planejar é preciso.  “As Diretrizes são um anseio antigo registrado no documento conclusivo do Congresso Vocacional em 2019 e , aproveitando o Ano Vocacional, fizemos uma Comissão de subsídios e resolvemos enfrentar esse desafio envolvendo os coordenadores nacionais, mas também uma equipe de voluntários que já estava ajudando nos subsídios do Ano e com muito bom gosto se prontificaram a ajudar”, explica o padre Juarez Destro. Padre Juarez revela que a Comissão fez uma avaliação do texto das Diretrizes e que o mesmo ainda sofrerá alguns ajustes.  A proposta é que o documento esteja pronto e publicado em agosto de 2023, mês vocacional. Encontro Nacional do Serviço de Animação Vocacional  Após a reunião da Comissão aconteceu o Encontro Nacional do Serviço de Animação Vocacional, de 6 a 8 de março, no Centro Cultural de Brasília (CCB).  Dentro da programação, os coordenadores da animação vocacional nos regionais da CNBB também discutiram e aprofundaram o texto das Diretrizes do Serviço de Animação Vocacional. Fonte: CNBB

Mulheres numa Igreja sinodal

Brasília acolhe o Encontro Sinodal do Cone Sul da Etapa Continental do Sínodo 2021-2024, onde participam quase 200 representantes do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai, dentre eles quase 70 mulheres. Numa Igreja sinodal a presença da mulher tem que ser uma necessidade, também nos espaços de decisão. Aos poucos isso vai se tornando uma realidade, mas o caminho ainda é longo, é difícil. É complicado que as mulheres possam ocupar esses espaços de decisão, mas temos exemplos de que as coisas estão mudando. No encontro em Brasília está presente a teóloga leiga casada argentina Emilce Cuda, Secretária da Pontifícia Comissão para América Latina, uma das mulheres com maior responsabilidade na Cúria Vaticana, e a advogada Valeria López, também leiga e casada, que é Secretária Geral Adjunta da Conferência Episcopal do Chile. As mulheres no processo sinodal têm assumido um papel decisivo, são elas que mais falam, fazendo um grande trabalho de corresponsabilidade, mas sem ameaçar o lugar do clero, um temor na mente de alguns. O que as mulheres exigem é que sua palavra seja ouvida, que sua palavra seja reconhecida, que sua palavra influencie na toma de decisões. Mulheres sinodais que são presença de Deus quando estão nas comunidades, nas paróquias, mas também quando elas realizam seus trabalhos no dia a dia, no campo laboral, mas também em casa, nas suas famílias, assumindo a necessidade de unir, de caminhar junto com os outros como uma atitude que brota do coração. O Papa Francisco com as nomeações que ele vai fazendo, nos mostra que é possível reconhecer o papel das mulheres numa Igreja sinodal, querendo ser uma referência para a Igreja, mas também para a sociedade. Na sociedade as mulheres assumem cargos muitas vezes como consequência da pressão social. Na Igreja de Francisco, as mulheres assumem espaços de responsabilidade mesmo diante da pressão para que não seja assim. Mesmo diante das atitudes e palavras de alguns homens, mas também de algumas mulheres, ninguém pode negar o conhecimento e capacidade que muitas mulheres têm. Reconhecer isso pode ajudar a fazer realidade uma Igreja mais sinodal, onde todos e todas caminham juntos, onde a voz é escutada e o discernimento é fruto de todos e todas. Não podemos esquecer o grande aporte que as mulheres têm para ajudar a superar situações que os homens não conseguimos levar adiante. O olhar feminino, que não é melhor nem pior do que o masculino, na medida em que vive a complementariedade, ajuda a crescer a todos. As mulheres conseguem enfrentar os desafios de um outro modo, e por isso sua presença decisiva numa Igreja sinodal. É tempo de nos abrirmos ao Espírito, que nos conduz por novos caminhos, que nos desafia a não termos medo de olhar para os outros, para as outras, com sentimentos de complementariedade, de fraternidade, com vontade de caminhar juntos, entendendo que juntos somos mais. Será que temos coragem para dar esses espaços onde as mulheres possam ajudar a decidir caminhos que respondam àquilo que Deus quer de todos nós hoje? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Sinodal do Cone Sul: As mulheres na Igreja são as cordas que seguram a Tenda

Numa Igreja onde o protagonismo feminino é crescente, a Assembleia Sinodal do Cone Sul, que tem lugar em Brasília de 6 a 10 de março de 2023, reconheceu esta importância e expressou a sua gratidão pela presença de tantos rostos femininos na Igreja na América Latina e no Caribe, uma presença que está a ajudar, no caminho sinodal, a encontrar, através do discernimento, os caminhos que tornam real o que Deus quer para o momento histórico atual. Uma história de luta numa sociedade que nem sempre reconheceu a importância do feminino, como foi evidente na cerimónia da manhã em que as mulheres comemoraram o seu dia, recordando os muitos clamores ainda presentes na vida de tantos que ainda hoje sofrem as consequências da falta de respeito pelas suas vidas e pela sua dignidade. No Dia da Mulher é importante recordar que “tudo tem uma história e é muito importante recordar”, disse Emilce Cuda. A secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina assinala que neste dia, “temos de saber que aqueles de nós que alcançaram lugares de reconhecimento devem a uma longa luta das mulheres para alcançar a igualdade na dignidade humana, uma luta que começou com as mulheres trabalhadoras e da qual hoje não somos o troféu, mas sim temos uma grande dívida”. A teóloga argentina vê o seu serviço na Cúria Vaticana como “um lugar que me desafia a incluir muitas mulheres na Igreja, uma conquista que este processo sinodal está a acompanhar”. As mulheres na Igreja são as cordas que seguram a Tenda, e fazem-no com a ajuda de vários instrumentos, como o demonstrou a oração de abertura do terceiro dia da Assembleia Sinodal. Pela Bíblia, a Palavra como fonte inesgotável de graça da qual Deus falou à humanidade no Antigo Testamento e nas boas novas do Novo Testamento. Por Maria, o modelo de uma mulher aberta à graça e aquela que disse o maior Sim da história. Pela Eucaristia, a oferta de Cristo de amor total por nós, que se dá e nos compromete a ser pão para os outros. Pelos instrumentos utilizados no mundo do trabalho, transformador e significante dos homens e mulheres do nosso tempo. Pela terra, um lugar de pertença que nos recorda as tradições dos nossos povos e culturas. No Dia da Mulher, Alessandra Miranda, da 6ª Semana Social Brasileira, apelou à participação no Sínodo “com especial atenção para o papel da mulher na Igreja”. Para tal, salientou a necessidade de dois movimentos: “reconhecer a mulher e o seu protagonismo nos espaços de poder na Igreja e trazer novas mulheres para serem incluídas em todos os processos decisórios da comunidade eclesial”, insistindo na importância da mulher no mundo, na sociedade e na Igreja. Nelly Leone Correa, capelã da Pastoral Carcerária e Vigária Pastoral da Diocese de San Felipe (Chile), expressou a sua alegria por poder refletir sobre o papel da mulher na Igreja juntamente com bispos, clero, vida religiosa e leigos, dizendo que “as mulheres são a espinha dorsal de todas as Igrejas do Cone Sul, da América e do mundo”. Contudo, salientou que “precisamos de dar mais um passo, como ser mais protagonistas na tomada de decisões da Igreja”, algo que as mulheres estão a pedir e querem enviar através dos participantes na Assembleia Sinodal de outubro, dizendo que “queremos propostas claras, respostas claras aos nossos pedidos“. Uma participação na Assembleia Sinodal do Cone Sul que Mercedes Ísola vê como uma grande alegria e responsabilidade, porque “sente-se um clima forte de presença palpável do Espírito Santo”. A partir daí, ela também insistiu em como as comunidades de discernimento têm vindo a “pensar em conjunto sobre o papel da mulher na Igreja, a corresponsabilidade que temos, a participação que temos como pessoas batizadas, como construímos a Igreja cada uma a partir do nosso papel específico”. A leiga argentina salientou que “é um apelo a ser corresponsável, a ser participante e a fazer parte da Igreja”, algo que ela vê como um compromisso a levar às comunidades, a fim de construir uma Igreja mais sinodal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Comunidades de discernimento: Compreender a missão da Igreja de realizar a evangelização

  A Assembleia Sinodal do Cone Sul, que se realiza em Brasília de 6 a 10 de março com representantes do Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Brasil, ajuda a compreender a necessidade de se deixar conduzir por Cristo através do Espírito Santo, de estar aberto à sua ação, de experimentar a sua presença que anima a vida de todos os batizados.  O Batismo como eixo fundamental da organização eclesial Contemplando a partilha das 21 comunidades de discernimento nas quais os participantes estão divididos mostra o rosto de uma Igreja que se quer organizar e caminhar com o Batismo como eixo fundamental. Isto é algo que nos leva a escutar e a fazê-lo assumindo que a escuta corresponde ao estilo humilde de Deus, é essa ação que Lhe permite revelar-se, que cria seres humanos e ao escutá-los torna-se um interlocutor. Na prática, é isto que a Etapa Continental do Sínodo quer alcançar através da Conversação Espiritual, o instrumento que torna possível o discernimento comunitário. E isto só é possível para aqueles que escutam, sem entrar em debate, aceitando o que o Espírito revela ao outro, mesmo no silêncio. Esta conversa espiritual leva cada um de nós a perguntar a si próprio o que mais nos impressionou, o que nos tocou internamente, a partir do que ouvimos. Trata-se de reconhecer as moções que surgem no coração de cada um ao escutar os outros, moções que por vezes são de paz, alegria, encorajamento, luz, mas que também podem ser o oposto. A partir daí, os sentimentos são partilhados, e quando alguém se coloca na presença de Deus, descobre como eles ajudam a crescer, a purificar o coração e os sentimentos.   À descoberta dos temas para a Assembleia Sinodal de Outubro de 2023 Com base nas tensões ou problemas que cada um sente, as assembleias da Etapa Continental visam identificar as questões, os temas mais importantes ou prioritários a serem tratados na Primeira Sessão da Assembleia Sinodal em Outubro de 2023. Para tal, é necessário começar por escutar a si próprio e a cada pessoa, estar aberto ou disposto a receber e deixar-se enriquecer por novas contribuições ou experiências, sabendo que nem todos pensam da mesma maneira, o que conduzirá ao alargamento da tenda. Tudo isto se baseia na realidade que marca a vida de cada batizado e de cada Igreja, que marca sempre, como demonstrou a delegação chilena, o processo de discernimento eclesial, que no seu caso tem estado fortemente ligado à crise de abusos na Igreja, algo pelo qual pediram perdão perante a Assembleia Sinodal do Cone Sul. É uma questão de alargar a Tenda, mas para isso é necessário saber que esta tenda é móvel, que deve ser alargada porque como fruto de fecundidade a família cresceu, e porque ao alargá-la poderá receber aqueles que chegam no meio do deserto. Uma tenda que tem a ver com a mobilidade, com a família, a fecundidade e a vida, com a hospitalidade, ou seja, com a comunhão e a fraternidade, ideias refletidas por Dom Santiago Silva Retamales, Bispo de Valdivia, no Chile. Aprofundar e fazer o caminho Uma assembleia na qual, com base nas suas experiências locais, os participantes da Assembleia partilham as suas experiências de vida sinodal. Trazem consigo os frutos da escuta das mais diversas comunidades, “que nos ajudam, sob o olhar do Espírito, a aprofundar e a fazer um caminho neste processo de construção da sinodalidade“, como reconheceu a Irmã Rose Bertoldo. Uma sinodalidade que não é algo abstrato e metodológico, mas “uma realidade muito concreta”, nas palavras do padre argentino Luis Albóniga, que se referiu ao trabalho nos grupos como uma oportunidade para “nos formarmos na escuta dos nossos irmãos, na escuta da voz das igrejas irmãs, mas é também escutar o Espírito”, uma experiência que deve ser feita a todos os níveis da Igreja. Uma metodologia que ajuda “a compreender a missão da Igreja nas diferentes situações em que nos encontramos para podermos realizar o trabalho de evangelização“, salientou Dom Geremias Steinmetz. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O cuidado com a Vida, mulheres guardiãs do Bem Viver

Escrevo a partir das experiências que tenho vivenciado nas comunidades, nesta imensa Amazônia, a gente percebe a importância das mulheres na dimensão do cuidado com a vida em todas as suas dimensões. No universo feminino a vida humana não é fragmentada, pois há uma interdependência entre todos os seres que habitam o mesmo espaço. Os territórios fazem parte da vida das mulheres, tudo está interligado. Existem muitos aspectos que vão destruindo essa inter-relação e harmonia que faz possível o Bem Viver. Neste chão da Amazônia avançam brutalmente os grandes projetos, as mineradoras cada vez mais destruidoras, as empresas madeiras que desertifica a floresta, as hidroelétricas que extinguem a biodiversidade, inundando povos, culturas e florestas, aniquilando os sonhos da convivência com a Mãe Terra. Neste contexto de degradação da vida, somos todos desafiados a aguçar o olhar para realidades aparentemente invisibilizadas, nocivas e que reforçam o patriarcalismo e o machismo numa sociedade que insiste em cultivar a cegueira. Não podemos continuar impassíveis diante de tantas situações de morte, manifestadas nas redes bem articuladas dos narcotraficantes, que aliciam cotidianamente crianças, adolescentes e jovens e os introduzem no mundo do crime em troca de ínfimas possibilidades de sobrevivência, o êxodo e a migração forçada, que na busca dos sonhos por uma vida melhor, caem na armadilha destas redes que se aproveitam das necessidades básicas, para tornarem famílias inteiras escravizadas. A naturalização do abuso, exploração sexual de crianças e adolescentes, a crescente violência contra as mulheres, o extermínio das juventudes, a drogadição, o alcoolismo financiado pela indústria de entorpecentes, que atrofia a capacidade de empoderamento e autonomia das pessoas, são realidades que nos interpelam a tomar posição e agir. A naturalização destas violências passa pelo cotidiano da vida das pessoas, e vai dando poder cada vez maior às redes criminosas, que se apresentam como possibilidade de um futuro melhor para quem de fato está caindo nas ciladas de um sistema de exploração e dominação. Um outro aspecto que fica fora do olhar da sociedade e até mesmo da racionalidade, que submete o feminino a categorias secundárias, é o tráfico de pessoas, que vitima principalmente as mulheres, se convertendo na mais brutal de uma violência que muitas vezes começou na mais tenra infância, através do abuso e exploração sexual, que tem se naturalizado na Amazônia, igual tem acontecido com tantas outras violências. A mercantilização do corpo e da corporalidade das mulheres, tratadas como mercadoria e objeto de exploração, tem se tornado um negócio lucrativo que se espalha através dos rios e estradas, até chegar nos cantos mais remotos da Amazônia, sem limite de fronteiras, e com a omissão e conivência das instituições que deveriam garantir o cuidado com as pessoas. Nos processos formativos de prevenção ao tráfico de pessoas, desenvolvidos nas comunidades, aparecem muitos relatos que demonstram a inter-relação entre os crimes do tráfico de drogas, armas e pessoas. As pessoas conhecem, sabem que existe, mas não identificam o crime do tráfico de pessoas como uma realidade presente nesses locais, especialmente nas comunidades indígenas e ribeirinhas, que lentamente rouba os sonhos de uma juventude que busca uma vida melhor nas grandes cidades e que caem na armadilha do crime organizado. Essa exploração, que perpassa a vida dos povos e da floresta, está inter-relacionada. Seguindo a lógica do capital, que explora e dilapida os recursos naturais, a vida das mulheres se vê submetida a esse mesmo processo de exploração. Sendo conscientes que são as mulheres quem mais e melhor cuidam da Casa Comum, como manifestam as pequenas iniciativas gestadas e nascidas nos grupos de mulheres e espalhadas por toda a Amazônia, ignorar esta exploração que elas sofrem, vai ter como consequência inevitável o fim do sistema que afiança o Bem Viver. Garantir o cuidado com a Vida e promover o Bem Viver só vai ser possível na medida em que juntemos esforços e assumamos as causas de quem lida cada dia com esse propósito. Não é possível permanecer em processos que querem desassociar as realidades numa tentativa de implementar um sistema onde o individualismo provoca o enfraquecimento das lutas comuns. O melhor cuidado é aquele que nasce de dentro da realidade. Só quem tem os pés e o coração neste sagrado chão amazônico é capaz de compreender, na sua profundeza, a inter-relação dos processos de vida que se dão, e revelam os muitos modos de entender a vida que aparecem nas diferentes comunidades amazônidas. Aprendamos com essas mulheres, que cuidam do cotidiano da vida as tantas realidades que garantem o Bem Viver. Superemos relações de submissão e exploração, a partir de atitudes que possibilitem a tessitura de aprendizados, que transformem a vida e recriam novas possibilidades geradoras de esperanças. Ir. Rose Bertoldo, secretária executiva CNBB Norte1 – Rede um Grito pela Vida