Diocese de Roraima: novo Diretório Sacramental
A Diocese de Roraima iniciou na manhã de terça-feira (14) a formação sobre o Diretório Sacramental para missionários e missionárias. Durante três dias, os quase 100 participantes aprofundarão a realidade sacramental na diocese para construir o novo diretório à luz do Documento Final do Sínodo da Sinodalidade. O processo inclui escuta, discernimento e comunhão para ampliar a vivência da sinodalidade na Igreja da Amazônia. Dom Evaristo Splenger, bispo da Diocese de Roraima, explica que a construção do novo diretório assume o caminho traçado pela igreja nos Sínodos para a Amazônia, em 2019, e o Sínodo sobre a Sinodalidade. Ou seja, uma igreja com “um rosto mais inculturado, mais amazônico” que caminha de “forma comunitária” com todos os padres, bispos, religiosos e leigos das comunidades. Esse caminho é assumido também no aspecto sacramental. Nele, o sacramento é entendido “como um sinal da presença de Deus, que nos aponta o caminho da salvação” e não como um “rito mágico da igreja”. essa igreja que anuncia… Jesus Cristo que caminha com esse povo na Amazônia, caminha com essa nossa diocese, onde temos tantos imigrantes, tantos povos indígenas. O objetivo é fazer um percurso que começa com os missionários. Em seguida, “é levado para o Conselho de Evangelização da Diocese”, e, posteriormente, para “as nossas comunidades, paróquias, áreas indígenas”, explicou o bispo. Ao final do processo, a expectativa é que o material recolhido para o novo diretório sacramental reflita “a participação de todas as nossas comunidades”. Chegar às pequenas comunidades Pela avaliação de Dom Evaristo, o grande desafio na construção do diretório é fazer com que ele chegue “às pequenas comunidades mais distantes, áreas indígenas, ribeirinhas e nas comunidades do interior”. É fundamental que haja envolvimento de todos, para que o diretório não caia “de paraquedas” e “as pessoas não saibam a motivação”. Por isso, a necessidade de juntos procurar “um melhor caminho para ajudar” as “realidades muito diversas”. “Temos aqui uma realidade que é urbana, onde temos um grande fluxo migratório, então uma grande movimentação de gente. Mas também temos pequenas comunidades numa área ainda de missão, onde estão se formando as comunidades. Onde não temos ainda um catequista, não temos um ministro da palavra”, pontuou. Segundo ele, essas características levantam questionamentos, tais como “Como é que fazemos a preparação para os sacramentos, o batismo? Como é que fazemos a preparação para a primeira eucaristia? Como é que fazemos a preparação para todos os sacramentos?”, indagou o bispo. Essa preocupação não é apenas com rito, mas com todo o “processo de seguimento de Jesus”. Um estímulo para a diocese encontre “novos caminhos”. Colocar em prática o Concílio No primeiro dia, Pe. Luis Miguel Modino, membro da comunicação do Sínodo da Amazônia, refletiu a partir do Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos – Por uma Igreja Sinodal – Comunhão – Participação – Missão. Durante o diálogo, insistiu na sinodalidade “como concreção de uma Igreja Povo de Deus, segundo a proposta do Concílio Vaticano II”. Para ele, o caminho sinodal é “por em prática aquilo que o concílio ensinou sobre a igreja como mistério e povo de Deus”. Mondino recordou que a Igreja “no Batismo dá a mesma dignidade a todos os membros do Povo de Deus”. Ela deve fomentar “a unidade na diversidade”. Para isso, a conversão é apresentada como palavra chave e condição para um caminho sinodal: conversão das relações, dos processos e dos vínculos. “Todo o Povo de Deus é o sujeito do anúncio do Evangelho. Nele, cada Batizado é convocado para ser protagonista da missão, porque todos somos discípulos missionários”, segundo aparece no Documento Final do Sínodo. Diretório para santificação do povo de Deus Responsável por apresentar os Fundamentos dos Sacramentos, Pe. Gilson da Silva, membro do Tribunal Eclesiástico da Interdiocesano, disse que o diretório tem por objetivo “a santificação do povo de Deus”. Nessa dinâmica, o direito canônico “nos convida a ter um olhar, sobretudo, para a liturgia, onde a liturgia se torna um instrumento de salvação, olhar também para o bispo como o litúrgo responsável”. De uma maneira que “todos assumem esse papel no direito de santificação”. Outro ponto destacado são os sacramentais, “que são instrumentos, como as bênçãos, os crucifixos, que ajudam no crescimento da fé e da devoção do povo de Deus”, explicou Pe. Gilson. Além da necessidade de considerar, “diante de uma realidade amazônica”, estão presentes os elementos da inculturação e do cuidado com a casa comum. “a importância do diretório sacramental nessa perspectiva sinodal sobretudo buscar essa conversão, conversão sacramental, uma conversão primeiramente com atitudes, posturas que nos levem a um caminho de santificação”, finalizou.