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Autor: Luis Miguel Modino

Dom Zenildo Lima: CEAMA, “um novo modelo de articulação das forças eclesiais”

De 17 a 20 de agosto de 2025 quase 90 bispos da Pan-amazônia, representando 70 por cento das circunscrições eclesiásticas da região, se reuniram na sede do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), em Bogotá. O primeiro encontro depois do Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro de 2019. Eles foram convocados pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), um dos frutos desse sínodo. Uma experiência de encontro O vice-presidente da CEAMA, dom Zenildo Lima, bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus avalia o momento vivido dizendo que “para alguns de nós foi uma experiência de reencontro, para boa parte foi experiência de um primeiro encontro”, dado que em todos os bispos atuais participaram do Sínodo para a Amazônia. Um encontro que teve como eixos principais a sinodalidade e a Conferência Eclesial da Amazônia como ferramenta para o exercício desta sinodalidade, segundo o bispo. Ele insiste em que “o objetivo muito específico era aproximar as igrejas locais, dioceses, prelazias, os vicariatos apostólicos da nossa Pan-Amazônia, desta realidade que é a Conferência Eclesial da Amazônia”. O vice-presidente da CEAMA destaca o desejo de “alcançar a compreensão e alcançar o coração do episcopado”, uma iniciativa que ele disse ter se alcançado com êxito. Até o ponto de afirmar que “o envolvimento dos bispos foi surpreendente, a adesão dos bispos ao encontro foi muito positiva. E, sobretudo, a gente perceber, a partir de dinâmicas de escuta nos processos de trabalho de grupo, o quanto as igrejas locais da Amazônia têm se esforçado para implementar processos de sinodalidade, seja a partir do Sínodo da Amazônia e seja a partir do recente Sínodo sobre a Sinodalidade”. A sinodalidade está viva Dom Zenildo Lima sublinha que “a sinodalidade está viva, é uma realidade nas nossas igrejas, e perceber que o Sínodo da Amazônia está vivo, é uma realidade nas nossas igrejas também.” Nessa perspectiva, ele destaca que “os bispos apresentaram algumas pautas que consideram muito importantes para que a gente possa enfrentá-las como comunhão do episcopado, mas sobretudo como comunhão das igrejas da Pan-Amazônia, capitaneadas por uma conferência eclesial”. Seu vice-presidente reconhece que “evidentemente ainda teremos que ter cada vez mais lucidez sobre a identidade desta conferência eclesial, sobre a estruturação, a composição desta conferência eclesial, sobre a regulamentação desta conferência e sobre o modo como ela consegue sustentar e apresentar a proposta de caminho de sinodalidade para as nossas igrejas.” Mas em geral, ele afirma que “a avaliação é muito positiva. Acho que alcançamos este objetivo de propor ao episcopado da Pan-Amazônia a proposta, o modelo de uma conferência eclesial como um caminho de desdobramento, seja para o Sínodo da Amazônia, como também para o Sínodo da Sinodalidade”. Os aportes da CEAMA Sobre os aportes da CEAMA, que o Relatório de Síntese da Primeira Sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade reconhece como exemplo de sinodalidade, o bispo mostra sua surpresa dado que no aparece na Fase de Implementação do Sínodo. Isso porque “o Sínodo sobre a Sinodalidade está buscando aquelas conversões das relações, dos processos. dos vínculos e das dinâmicas de formação em torno da sinodalidade”, afirma. Nesse sentido, ele enfatiza que “no que diz respeito a esta conversão dos processos e ao apresentar a conversão dos processos e do modo como nós tomamos as decisões, como nós agimos com transparência em relação à realização destas decisões, a CEAMA se apresenta como uma grande oportunidade de um novo modelo de articulação das forças eclesiais”. Mesmo com os diversos organismos de participação existentes, desde as conferências episcopais até os diversos conselhos de participação, em âmbito das igrejas locais ou mesmo das paróquias ou das comunidades eclesiais, o bispo afirma que “agora pensar um modelo novo que considera novos sujeitos, o que não compromete toda a estrutura hierárquica da Igreja, é uma possibilidade iluminadora.” Nessa perspectiva, a CEAMA aponta que “a nível de Igreja, nossas decisões, nossos processos missionários, nossos processos de consolidação da evangelização, podem ser feitos a partir de diferentes sujeitos, inclusive com tomada de decisões”. Reticências a processos de sinodalidade Diante das reticências e questionamentos com relação à CEAMA e sua estrutura, seu vice-presidente vê isso como “uma reticência ou um questionamento a processos de sinodalidade, uma insegurança diante dos processos de sinodalidade e das mudanças que esses processos implicam na vida da Igreja.” Um receio à sinodalidade que segundo dom Zenildo Lima “pode ter a ver com o receio de perda de poder”, refletindo que “a questão do poder é a questão da anomalia que atrofia a identidade da estrutura hierárquica da Igreja. Ou seja, o que sustenta a estrutura hierárquica da Igreja não é uma concepção de poder. O que sustenta esse dinamismo necessário e hierárquico da Igreja é como ela articula melhor os seus serviços evangelizadores”. Uma realidade que mostra que “uma conferência eclesial acaba sendo uma experiência subsidiária para o Ministério Episcopal, uma experiência subsidiária para o dinamismo hierárquico da Igreja, porque oferece condições de discernimento, que por si só, o dinamismo, a estrutura hierárquica não teria condições de fazê-lo”, enfatiza o bispo. É por isso, que em palavras de dom Zenildo Lima, “a Conferência Eclesial da Amazônia oferece suporte para as conferências episcopais. Assim como a sinodalidade oferece suporte, elementos e ferramentas para a estrutura hierárquica da Igreja”. As igrejas crescem em caminhos de sinodalidade Com relação à mensagem final do encontro, que valoriza “os passos dados na escuta, na articulação das dioceses, na revitalização dos conselhos, no planejamento pastoral, na formação teológica, espiritual, ministerial e pastoral, que busca responder aos sinais dos tempos”, o bispo vê essa mensagem não como perspectivas e ideais, mas como “resultados de partilhas do que as igrejas locais trouxeram.” Ele vê esses elementos compartilhados como prova de que “as igrejas estão crescendo em caminho de sinodalidade, a partir das assembleias diocesanas, dos sínodos diocesanos. As igrejas da Amazônia estão revitalizando esses conselhos de participação, como já são previstos no Código do Direito Canônico, mas que também podem ganhar novos dinamismos com essa perspectiva sinodal”. Um caminho que é fruto do fato de que “as…
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Diocese de Coari realiza Congresso Diocesano Missionário

O Congresso Diocesano Missionário da Diocese de Coari, realizado de 22 a 24 de agosto, marcou um momento de profunda reflexão e partilha na Paróquia Nossa Senhora das Graças. Com o tema “Família missionária, esperança e cuidado com a casa comum”, o evento reuniu cerca de 50 participantes, que se dedicaram a debater e planejar o futuro da evangelização na diocese. Rostro missionário de nossa esperança Os participantes foram divididos em cinco grupos, baseados nas cores missionárias, para aprofundar as discussões. Desde a missa de abertura, eles trabalharam para identificar o “rosto missionário de nossa esperança”, destacando os sinais de vitalidade e fé que, muitas vezes, são ofuscados pelo desânimo. O evento contou com uma participação diversificada, com representantes de pastorais importantes como a Pastoral da Criança, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Juventude e Pastoral do Dízimo, além de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão e membros da Infância e Adolescência Missionária (IAM), da Juventude Missionária e dos Conselhos Missionários Paroquiais (COMIPAS). O encontro serviu como um impulso para a ação e como resultado a diocese de coari vai investir na Semana de Animação Missionária e na implantação dos COMIPAS em toda a diocese. Cabe ressaltar a importância de ampliar a atenção evangelizadora para crianças atípicas, incluindo aquelas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), Síndrome de Down e outras deficiências. Peregrinos de esperança Em um gesto concreto de missão, os participantes realizaram uma visita a aproximadamente 50 casas na comunidade de São Raimundo Nonato, reforçando o lema de serem “peregrinos de esperança”. A realização do congresso foi possível graças ao apoio de diversas pessoas e instituições. A organização agradeceu especialmente ao padre Felipe Jorge, pároco, e à irmã Graça Rodrigues PddM. A generosa acolhida das famílias locais, que hospedaram a maioria dos participantes, e o apoio do Hotel Amazonas também foram fundamentais para o sucesso do evento. O congresso celebrou o crescimento missionário na diocese, com a criação de novos grupos da IAM e quatro novos COMIPAS em Içana-Anori, Nossa Senhora do Beruri, São Francisco de Anamã e Santo Afonso de Manacapuru. O encontro reafirmou o compromisso de seguir em frente, como “peregrinos da esperança entre os povos”. Pe. Raimundo Gordiano Gordiano – articulador do COMIDI, Diocese de Coari

Lideranças das paróquias de Manacapuru e Caapiranga preparam Mês da Bíblia

No mês de setembro, Mês da Bíblia, a Igreja do Brasil faz a proposta de aprofundar no conhecimento de um dos livros que fazem parte do texto Sagrado. Em 2025 será estudada a Carta aos Romanos. Encontro de formação Em preparação para o Mês da Bíblia, a Paróquia Cristo Libertador de Manacapuru, na diocese de Coari, sediou neste domingo, 24 de agosto, das 8h às 16h, no auditório paroquial, a formação bíblica para catequistas e ministros extraordinários da Palavra e da Eucaristia. O encontro, assessorado pelo professor Dr. Mattias Grenzer, da Pontifícia Universidade católica de São Paulo, contou com a participação de representantes das paróquias Cristo Libertador, Nossa Senhora de Nazaré e Santo Afonso, de Manacapuru, e São Sebastião de Caapiranga. O escrito mais exigente em toda a Bíblia O assessor ressaltou que “em muitas comunidades, em muitas famílias, vamos ler esta Carta”. Para isso, segundo o professor Grenzer, que agradeceu a oportunidade de participar desse momento, tem sido importante o momento de formação vivido na diocese de Coari com um grupo bem numeroso e assim preparar bem o Mês da Bíblia. O professor da PUC São Paulo disse que “a Carta aos Romanos talvez seja o escrito mais exigente em toda a Bíblia, uma reflexão ampla”. Uma realidade que levou os participantes do encontro de formação a se esforçar e estudar os fundamentos, para assim animar a fé como pessoas e como Igreja.

Cardeal Steiner: “A medida da porta é Jesus e o seu Evangelho”

No 21º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando as palavras do Evangelho: “Procurai entrar pela porta estreita” (Lc 13,24). Ele enfatizou: “a porta, a porta estreita!” Segundo o cardeal: “No Evangelho de São João, Jesus se apresenta como a porta: ‘Eu sou a porta: se alguém entrar por mim, será salvo’ (Jo 10,9). Para entrar na vida, na salvação, deixar-se tomar por Deus, passamos, entrarmos por Ele, e não por outro. Acolhe a sua palavra, o Evangelho, somos convidados a passar pela porta estreita”. Participar da vida do Reino O arcebispo de Manaus enfatizou que “A porta estreita é uma imagem muito significativa, um modo de participar da vida do Reino.  Jesus apresenta a imagem da época, provavelmente referindo-se ao anoitecer, quando as portas da cidade eram fechadas e apenas uma, mais estreita e pequena, permanecia aberta. Para entrar na cidade, voltar para casa, no anoitecer se oferecida a segurança da porta estreita. Para regressar a casa, só se podia passar por essa porta estreita, pequenina”. Ele lembrou que “assim como para entrar na cidade era preciso ‘medir-se’ com a única porta estreita deixada aberta, também o nós entramos na morada, na casa do Reino pela porta estreita. Porta estreita, à medida de Jesus Cristo. Significa que a medida da porta é Jesus e o seu Evangelho: não o que pensamos, mas o que Ele nos ensina. E assim trata-se de uma porta estreita não porque se destina a poucos, mas porque ser como Jesus, segui-lo, comprometer a vida no amor, no serviço e no dom de si como Ele fez, passando pela porta estreita da cruz. A porta estreita da cruz é larga em generosidade, em amor, em cordialidade, em gratuidade. Entrar no com Jesus na vida do Reino, é superar o egoísmo, diminuir a presunção de autossuficiência, baixar as alturas da soberba e do orgulho”. Segundo o presidente do Regional Norte 1, “quando anoitece na nossa vida, quando se faz noite, sempre existe uma passagem para encontrar a verdadeira morada, participar da graça salvífica. Talvez, quando se faz noite, surge a possibilidade de encontrar a morada verdadeira, o Reino de Deus. Será sempre uma porta estreita que abre a porta larga da redenção, do amor, da misericórdia”. Jesus propõe a porta estreita Ele recordou a pergunta feita a Jesus na passagem do Evangelho do dia: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” O cardeal respondeu que “diante da inquietação pela salvação, Jesus propõe a porta estreita.” Ainda mais, ele sublinhou: “Sim queridos irmãos e irmãs, a salvação é pela simplicidade, pela humildade, pela pequenez. Nada de ostentação, de grandiosidade, de poder, de força. A salvação, o Reino de Deus tem uma passagem que conduz à morada, à plenitude, à eternidade.” “A porta estreita indicada por Jesus, nos despertar para viver de forma responsável, agarrar a vida. compromete-se, recusar a mediocridade, a acomodação, a alienação; não ceder à tentação do bem-estar, mas desejar os valores que transformam a vida; viver para os outros, a serviço, buscando animar, transformar a vida dos irmãos e das irmãs em dificuldade.  A porta estreita é um convite a sermos pequenos, simples, humildes, servos e servas, estar na dinâmica do amor doativo!”, disse o arcebispo de Manaus. Isso porque “se apalparmos a nossa cotidianidade, veremos, que tudo é pequeno, simples, sem ostentação, sem dominação. São relações, quase imperceptíveis, que nos deixam ser família, ser irmão, ser irmã, ser pai, ser mãe”, afirmou o arcebispo de Manaus. Gestos diários de amor que realizamos com esforço Ele recordou que Papa Francisco ao comentar o Evangelho de hoje nos ensina: “Pensemos, para sermos concretos, nos gestos diários de amor que realizamos com esforço: pensemos nos pais que se dedicam aos filhos fazendo sacrifícios e renunciando ao tempo para si mesmos; naqueles que cuidam dos outros e não apenas dos próprios interesses: quantas pessoas são assim, boas; pensemos em quantos se dedicam ao serviço dos idosos, dos mais pobres e mais frágeis; pensemos naquelas que continuam a trabalhar com empenho, suportando dificuldades e talvez incompreensões; pensemos em quantos sofrem por causa da fé, mas continuam a rezar e a amar; pensemos naqueles que, em vez de seguirem os próprios instintos, respondem ao mal com o bem, encontram a força para perdoar e a coragem para recomeçar. Estes são apenas alguns exemplos de pessoas que não escolhem a porta larga do próprio conforto, mas a porta estreita de Jesus, de uma vida vivida no amor. Estes, diz o Senhor hoje, serão reconhecidos pelo Pai muito mais do que aqueles que se consideram já salvos e, na realidade, na vida são ‘iníquos’ (Lc 13,27).” “O Evangelho nos indicava o caminho da porta, ao nos propor a porta do banquete que se fechou, impedindo a entrada daqueles que chegaram tarde. A porta estreita indica uma atenção própria de quem não adormece, se acomoda, negligenciando as oportunidades que a porta oferece. É uma passagem! A vida é uma passagem; passa rapidamente. Sem nos darmos conta, o tempo que temos à nossa disposição se esvai, esvazia, e a porta se fecha e acabamos por não entrar na morada, não participarmos da plenitude do Reino de Deus. Somos convidados a buscar as ‘coisas do alto’, as relações que edificam e realizam”, disse o cardeal Steiner. Ele recordou que “na parábola contada por Jesus há pessoas, vindas ‘do oriente e do ocidente, do norte e do sul’ que têm acesso ao banquete; e há outras pessoas que pensavam ter acesso garantido ao banquete, talvez até em lugar de destaque, mas que não conseguem entrar na sala onde o banquete se realiza. Entrar pela porta estreita e sentar-se à mesa do Reino de Deus não depende de direitos adquiridos por nascimento, ou de um ato formal de adesão a uma instituição, mas depende de seguir a Jesus, o Crucificado-ressuscitado”. Lei como sinalizações para o caminho da Aliança Na primeira leitura, o…
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Bispos da Pan-Amazônia enviam ao Papa Leão XIV a “cruz amazônica” e a “pombinha da paz”

Gesto simbólico desde o encontro de Bogotá reafirma o compromisso com a defesa da vida, dos povos e da Casa Comum No marco do Encontro de Bispos da Pan-Amazônia, realizado em Bogotá de 17 a 20 de agosto, os participantes enviaram ao Papa Leão XIV dois significativos presentes: a cruz amazônica e a pombinha mensageira da paz, símbolos de comunhão, esperança e compromisso com a defesa da Casa Comum e da paz. A cruz amazônica: vida que brota da dor Os bispos receberam durante o encontro cruzes amazônicas elaboradas pelo artesão boliviano José Dorado, de San Miguel de Velasco. São 130 peças confeccionadas com madeira proveniente de árvores queimadas na Chiquitania, região boliviana duramente atingida pelos incêndios florestais. Abençoadas por Dom Robert Flock, bispo de San Ignacio de Velasco, as cruzes representam a dor da terra ferida e, ao mesmo tempo, a esperança de que do sofrimento possa renascer a vida. Este gesto busca manter viva a memória dos 2,8 milhões de hectares devastados em 2024, o pior ano de incêndios em duas décadas na Amazônia. A pombinha mensageira da paz O segundo presente, a “pombinha da paz”, foi trazido do Peru por Carmen de los Ríos e está envolto em tecido da comunidade nativa amazônica Ashaninka. Confeccionada por povos andinos, simboliza o desejo de que “da Amazônia rezamos pela paz”. Símbolo universal da paz, a pombinha, na tradição católica, representa o Espírito Santo, sinal de pureza, paz e presença divina. O cardeal Pedro Barreto, presidente da CEAMA, destacou que este sinal nos convida a ser instrumentos do Espírito Santo, a fortalecer o serviço missionário e a reconhecer os povos originários como guardiões da Casa Comum. Envio ao Papa Leão XIV Ambos os presentes foram entregues ao cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral e representante do Vaticano no encontro. Durante a Eucaristia de encerramento, na Catedral Primaz de Bogotá, em 20 de agosto, Czerny recebeu a cruz e a pombinha em nome dos bispos, comprometendo-se a levá-los pessoalmente ao Papa Leão XIV. Com este gesto, os bispos da Pan-Amazônia reafirmam sua missão de ser construtores da paz e guardiões da criação, em comunhão com toda a Igreja universal. Encontro de bispos da Amazônia Durante quatro dias, 90 bispos de 75 jurisdições amazônicas, convocados pela Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, juntamente com representantes de organismos como o CELAM, a CLAR, a Cáritas ALC, a REPAM, o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral e várias conferências episcopais, participaram do encontro realizado em Bogotá, na sede do Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM. As jornadas foram marcadas por espaços de escuta, oração e diálogo, nos quais foram compartilhados avanços, desafios e resistências do processo sinodal. Segundo os organizadores, o objetivo foi apresentar propostas concretas que permitissem consolidar a missão da CEAMA como organismo eclesial capaz de acompanhar de maneira mais próxima as comunidades da região. Nesse contexto, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, ofereceu uma mensagem que animou os participantes a redescobrirem a força do seguimento de Jesus como motor do compromisso pastoral e da missão da Igreja na Amazônia. “Não se tratou de uma nova organização, mas de um espírito que renova e dá sentido à nossa forma de ser Igreja”, afirmou, sublinhando a dimensão espiritual que deu identidade ao encontro. Julio Caldeira imc

Os bispos da Amazônia apostam na CEAMA, “oportunidade de serviço e renovação para cada comunidade”

Os bispos da Amazônia, reunidos na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho, em Bogotá, a quem agradecem pela acolhida e hospitalidade, de 17 a 20 de agosto, em um encontro convocado pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), publicaram uma mensagem ao final do evento. Um texto, divulgado em 21 de agosto, no qual se define a CEAMA como um sinal de esperança cinco anos após o Sínodo da Amazônia. Reconhecer avanços, resistências, desafios e esperanças Um encontro no qual se quis “ouvir e identificar os processos que, inspirados pelo Sínodo da Amazônia e pela Exortação Apostólica Querida Amazônia, nos permitiram reconhecer nossos avanços, resistências, desafios e esperanças”, segundo a mensagem. O documento agradece as palavras enviadas pelo Papa Leão XIV, nas quais ele indica que “a missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os homens (cf. AG 1), o tratamento justo aos povos que ali habitam e o cuidado da casa comum”. O episcopado amazônico, que se sente “pastores em uma Igreja sinodal”, agradece e reconhece a entrega generosa e arriscada de numerosos membros do Povo de Deus na Amazônia, destacando o exemplo dos mártires, “um testemunho vivo que nos anima continuamente na nossa missão evangelizadora”. Da mesma forma, valorizam-se os avanços significativos “na escuta, na articulação das dioceses, na revitalização dos diversos conselhos, no planejamento pastoral e na formação teológica, espiritual, ministerial e pastoral que busca responder aos sinais dos tempos”. Junto com isso, “uma maior consciência em relação à ecologia integral, ao bioma, à defesa do território e aos direitos de seus habitantes, particularmente dos povos originários”, enfrentando as ameaças que sofrem por sua defesa do ecossistema amazônico, tão importante para a vida de suas comunidades. Resistências e medos A mensagem reflete sobre as resistências e os medos de uma Igreja sinodal e com rosto amazônico, que se manifesta na falta de discernimento e em certo autoritarismo, clericalismo e pouco espírito missionário e disposição e audácia para ir às periferias. Os bispos sentem-se impulsionados a “ser instrumentos de comunhão, comunicação e sinodalidade” e desafiados a gerar prioridades sinodais para a região, bem como a crescer em espírito profético. Tudo isso em “uma Igreja centrada no batismo, do qual surgiram todas as vocações e ministérios”. Nela, os pastores da Amazônia se comprometem a ouvir e compartilhar “com sensibilidade as culturas e espiritualidades dos povos que a habitam”. Uma atitude que nasce do fato de ser terra e da crise climática gerada por um tratamento irresponsável e desrespeitoso. Algo que leva os bispos a renovar seu compromisso com a ecologia integral e o cuidado da casa comum, a caminhar com as comunidades e aprender com a sabedoria ancestral dos povos indígenas. A partir daí, a mensagem ressalta que “a Amazônia não é uma terra vazia para ser explorada; é uma terra habitada, amada e cuidada há gerações, e é lugar da presença de Deus”. Bispos que caminham com o povo Na Igreja da Amazônia, seus bispos dizem caminhar juntos, “cuidando de nossos fiéis e sendo cuidados por eles”, colocando-se ao lado do povo, “compartilhando as alegrias e os sofrimentos das nossas comunidades, aprendendo da sua fé simples e do seu testemunho de ser sal e luz da terra (cf. Mt 5,13-14), deixando-nos sustentar por sua proximidade e por sua oração”. O episcopado amazônico reconhece a CEAMA como “espaço privilegiado de comunhão, discernimento e missão” e se compromete “a fazê-la crescer, fortalecer-se e consolidar-se, para que seja oportunidade de serviço e renovação para cada comunidade cristã da região, e sinal de esperança para toda a Igreja”. Para isso, apostam em programas de formação e esperam encontrar formas de sustentabilidade econômica. Um compromisso que eles confiam à intercessão de Maria, Mãe da Amazônia.

Inter Norte da Cáritas em Manaus busca o Jeito de Ser Cáritas na Amazônia

O Centro de Treinamento Maromba da arquidiocese de Manaus acolhe de 19 a 24 de agosto o Inter Norte da Cáritas Brasileira, com mais de 60 representantes dos regionais Norte 1, Norte 2, Norte 3 e Noroeste. Um encontro dividido em três momentos para abordar o monitoramento nos regionais e no Inter Norte e a formação de incidência, que tem como tema “Jeito de Ser Cáritas na Amazônia: Cuidar, Conviver, Defender, Respeitar e Celebrar”. Avaliar, planejar e refletir Os participantes iniciaram o encontro, que “busca avaliar a caminhada das entidades-membro, planejar ações conjuntas para o próximo período e refletir sobre os principais desafios enfrentados nos territórios da região amazônica”, segundo os organizadores, com um momento de mística, que deu passo aos trabalhos de monitoramento nos regionais, abordando a importância de se fazer PMAS, refletindo sobre os espaços de gestão, a importância de participar, o que priorizar e descobrir as condições de funcionamento enquanto Inter Norte. O encontro, um espaço de convivência, celebração e esperança, está sendo oportunidade para fazer uma articulação e diagnóstico a partir das áreas de atuação da Cáritas, monitorando as ações, permitindo que cada articulação e regional compartilhe conquistas, dificuldades e prioridades. O objetivo é descobrir os âmbitos, tipos e caminhos a serem seguidos, com exemplos concretos. Para isso, será elaborado o piloto do Plano de Incidência em cada Regional. Segundo a articuladora da Cáritas Regional Norte 1, Márcia Maria Miranda, “este é um momento de reafirmar nosso compromisso de ser presença solidária na Amazônia, cuidando da Casa Comum, defendendo os direitos dos povos e fortalecendo nossa missão como rede Cáritas”. Conhecimento da realidade local Os participantes do encontro visitarão realidades e projetos locais acompanhados pela Cáritas: comunidades indígenas, Cáritas paroquial e Centro de Acolhida para a população em situação de rua, abordando igualmente o cenário atual brasileiro e amazônico diante do contexto conjuntural. Um momento para refletir sobre os espaços de gestão, sobre as ações da Cáritas e os resultados, desafios, aprendizados e aquilo que ainda deve ser feito. Na pauta do Inter Norte aparece a reflexão sobre as mudanças climáticas e a COP 30, mostrando a visão da Igreja acerca das Mudanças Climáticas. Para isso, será apresentado o resultado da Pesquisa do Projeto Clima e Pobreza. Igualmente, com relação à COP 30 e a Cúpula dos Povos, será apresentado as propostas da Cáritas. Os participantes irão retomar a reflexão sobre o Sínodo para a Amazônia e o Sínodo sobre a Sinodalidade e abordarão a importância da comunicação na incidência. Fotos: Arthur Amorim

Frente à tentação da individualidade, assumamos que juntos somos mais

Escutar é um dos grandes desafios para poder caminhar juntos. Essa escuta ajuda a avançar no diálogo e descobrir aqueles elementos que nos unem. Na Igreja católica, esse caminhar junto recebe o nome de sinodalidade, uma dinâmica impulsionada decisivamente pelo Papa Francisco, que teve na Igreja da Amazônia seu banco de provas. Uma novidade na história da Igreja Em 2019 foi realizado o Sínodo para a Amazônia, que muitos consideram um passo prévio para o Sínodo sobre a Sinodalidade. Um dos frutos do Sínodo para a Amazônia foi a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), uma novidade na história da Igreja, que já foi vista como exemplo de sinodalidade. Nos últimos dias, de 17 a 20 de agosto, a CEAMA convocou os bispos da Pan-Amazônia para um encontro em Bogotá (Colômbia). Foi o primeiro encontro dos bispos da região depois do Sínodo para a Amazônia e da criação da Conferência Eclesial da Amazônia. Uma reunião que monstra a disposição a continuar o Sínodo para a Amazônia, e sobretudo ser uma Igreja sinodal, que caminha junto, uma Igreja encarnada e inculturada, onde existe preocupação para se ajudar. O encontro enriquece A tentação da individualidade, de decidir em pequenos grupos, sem escutar as diversas vozes, também está presente na vida da Igreja católica, inclusive na região amazônica. Ninguém pode esquecer que o encontro enriquece, dado que nele se faz presente a diversidade de uma região onde a interconexão entre povos e culturas sempre foi presente, também na vida da Igreja. Mesmo enfrentando alguma dificuldade, a sinodalidade é uma realidade viva na Igreja da Amazônia. Isso é algo que devemos aproveitar no dia a dia das comunidades, dado que a prática da sinodalidade, do caminhar junto é algo que nos aproxima do Evangelho e nos ajuda a assumir dinâmicas comunitárias, tão presentes na vida e nas culturas dos povos da Amazônia. Um caminhar junto que é um testemunho para uma humanidade cada vez mais enfrentada e dividida. Dispostos a caminhar junto Cada um, cada uma de nós tem que se questionar: estou disposto a caminhar junto? Sinto a necessidade de escutar, de dialogar, de buscar junto o caminho a seguir? Me abro à novidade que está presente na vida daqueles com quem me relaciono? Olho para o outro como alguém que me enriquece, que me ajuda a descobrir novos caminhos, que me enriquece? Diante de realidades comuns somos desafiados a enfrentar juntos as problemáticas presentes em nosso meio. Juntos somos mais e na companhia dos outros temos a possibilidade de chegar mais longe. Não tenhamos medo dos outros, não vivamos instalados na desconfiança. Pratiquemos a fraternidade que nos faz melhores e nos ajuda a experimentar a presença do Deus comunhão que está no meio de nós. Editorial Rádio Rio Mar

Dom Zenildo Lima: “a sinodalidade é uma realidade viva, latente em nossas igrejas”

Um encontro com um grande potencial sinalizador, disse o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia, dom Zenildo Lima. No final do encontro que tem reunido em Bogotá mais de 90 bispos da Pan-Amazônia, de 17 a 20 de agosto, ele enfatizou o “cansaço histórico que nós vivemos nesses contextos tão violentos, tão intolerantes e que produzem, geram relações de descarte. Por isso mesmo, tão agressivas com a nossa região da Amazônia, com a ausência de experiências, espaços de convivências que sejam sadias e esperançadoras”. Um caminho de construção de novas relações Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “já há alguns anos, a consciência de seu papel evangelizador, anunciador de Jesus Cristo, a nossa Igreja católica tem assumido esse caminho, caminho de aproximação, caminho de construção de novas relações. Caminho de vivência, de experiência de Igreja a partir de relações que estamos chamando de sinodalidade.” Ele recordou a importância do Sínodo para a Amazônia, em 2019, “como um grande sinal”, que provocou o surgimento de novos sinais, sendo a Conferência Eclesial como “a visibilização desse sinal de relações novas, de relações de cuidado, de experiência religiosa que seja esperançadora”. Nessa perspectiva o bispo destacou como muito oportuno, perceber no encontro que as igrejas locais são “espaço por excelência da experiência da sinodalidade”, e que é aí que “estas experiências novas estão acontecendo”, o que faz da Igreja que está na Amazônia “um grande sinal da presença de Deus junto ao seu povo, tão machucado por essas relações violentas”. Dom Zenildo Lima enfatizou que foi um encontro de igrejas, dado que “os bispos trouxeram consigo, de suas igrejas locais, o testemunho desta sinodalidade, o testemunho desta novidade.” Um encontro que tem ajudado a perceber que o Sínodo e a sinodalidade “é uma realidade viva, latente em nossas igrejas”, sendo o encontro uma oportunidade para perceber que “estamos avançando, estamos juntos, estamos fortes”. Povos amazônicos condutores da história O bispo ressaltou o saber e conhecimento dos povos amazônicos, assim como sua consciência muito clara das relações que se estabelecem, sendo assim “construtores e condutores de história.” Diante da reunião dos presidentes da região amazônica, o bispo disse que “muito além de correspondências formais que podem receber dentro de um protocolo, são muito bem conhecedores dos grandes processos, das grandes tensões, dos grandes desafios e das grandes responsabilidades que tem em mãos”. Dos responsáveis pela governança, ele disse esperar “uma capacidade de escolha, de decisão política, a partir de suas consciências, pela vida, pelas relações, pelo bioma.” O bispo pediu decisões para o bem dos povos, dado que “as populações indígenas, os povos tradicionais, aqueles que são os grandes conhecedores das dinâmicas deste território, continuam nos conduzindo, continuam nos inspirando, continuam nos oferecendo os elementos para que o nosso discernimento se faça também segundo uma grande sabedoria que paira sobre esse nosso continente”. Escutar, discernir e compartilhar a caminhada Um encontro que voltou a evidenciar o compromisso da Igreja da Amazônia de levar “este anúncio do evangelho de Jesus para descobrir a grande riqueza das culturas indígenas, e também o grande desafio que temos diante dos efeitos das mudanças climáticas e do desmatamento”, como destacou o arcebispo emérito de Huancayo (Peru) e presidente da CEAMA, cardeal Pedro Barreto, que vê o encontro como um momento para assumir o compromisso de trabalhar juntos, além das fronteiras. O cardeal peruano insistiu que encontro foi oportunidade para “escutar, discernir e compartilhar nossa caminhada juntos, como pastores das Igrejas Particulares que peregrinam na Amazônia.” Da mesma forma, ele afirmou que “a Igreja com rosto amazônico anuncia Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, a partir da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, acompanha e serve às Igrejas particulares em sua missão evangelizadora.” Isso porque “o anúncio, a organização e o compromisso eclesial devem ser acompanhados por um verdadeiro encontro”, chamando a não viver como ilhas, a não se fechar em si mesmo, mas a “amar e ser amado”, ser sinais da “ternura de Jesus, nosso Bom Pastor, que nos chama a participar de sua missão, não por nossos méritos nem pelo tempo que estamos em seu rebanho, mas por sua bondade e misericórdia”. Momento de amadurecimento Uma experiência de escuta que tem a ver com o bioma amazônico, nas palavras da vice-presidente da CEAMA, Patricia Gualinga, bem como com a realidade dos povos indígenas, as ameaças que sofrem e a evangelização a partir da inculturação. Uma dinâmica que levou à descoberta de que “todos estamos compartilhando realidades comuns”, segundo a indígena equatoriana, que insistiu na crise climática, que levou a Amazônia a um ponto sem volta, que tem a ver com muitas violações aos povos. O prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, cardeal Michael Czerny, felicitou a CEAMA pela iniciativa desta reunião dos bispos. Ele disse esperar que este encontro “seja um momento de amadurecimento, um novo começo”, que produzirá coisas novas e interessantes sobre “como a Igreja continua tentando acompanhar o povo de Deus e o grande dom de Deus que é a Amazônia”.

Encontro da CEAMA: “as vozes dos Bispos da Amazônia sejam acolhidas, escutadas e consideradas”

A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), “um dos frutos do Sínodo”, segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), convocou os bispos da Amazônia para um encontro de 17 a 20 de agosto, em Bogotá. Necessária presença das igrejas particulares na CEAMA O cardeal vê Querida Amazônia como “um texto extraordinário que ainda pode nos ajudar muito no futuro.” Ele ressaltou a necessidade da presença na CEAMA das igrejas particulares, pois não pode ficar em um grupo. Mesmo com os avanços, o arcebispo de Manaus disse que “ainda temos um caminho longo a percorrer para que realmente se torne uma conferência eclesial.” Daí a importância desse encontro, dada a necessidade de todos entrar no espírito do Sínodo, “deixar que esse espírito chegue às nossas dioceses, às nossas igrejas particulares, às nossas comunidades”. O arcebispo de Manaus destacou o trabalho sinodal que fazem os bispos da Amazônia brasileira. Por isso, “esse nosso encontro é uma ocasião para afirmarmos a CEAMA, para nos firmarmos como uma Igreja que seja realmente eclesial, isto é, sinodal. Uma Igreja que escute as comunidades, uma Igreja que sabe escutar os leigos, escutar a Vida Religiosa, escutar a todos.” Ele refletiu sobre a diversidade eclesial, que ajuda a construir a Igreja sonhada por Papa Francisco, “uma Igreja que realmente está preocupada com os pequenos. Uma igreja que está preocupada com os povos originários”. Igualmente, o cardeal Steiner destacou a necessidade de “sermos cada vez uma Igreja profundamente encarnada.” Ele disse aos bispos que “nas nossas pessoas, no nosso ministério estão presentes as nossas igrejas, as nossas comunidades. Nós não seríamos bispos se não estivéssemos nas nossas dioceses, nas nossas comunidades.” Isso faz com que o encontro seja oportunidade para que “a CEAMA seja profundamente sinodal e seja uma Igreja realmente e profundamente eclesial. A participação dos leigos se torne cada vez mais profética, cada vez mais ministerial”. A CEAMA um verdadeiro milagre Por sua vez, o prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, disse que “a gestação e o nascimento da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) foram um verdadeiro milagre.” Ele destacou na CEAMA que “a sua missão foi definida em relação com uma pastoral compartilhada e inculturada que se devia promover entre as dioceses amazônicas”. Daí a relevância desse encontro dos bispos da Amazônia, que “tem como objetivo dar graças por tudo isso e, ao mesmo tempo, aprofundar seu chamado, redescobrir sua vocação e sua missão de maneira mais madura, e impulsionar uma nova etapa em sua caminhada.” O cardeal Czerny destacou na CEAMA que “os seus membros e participantes não são apenas bispos, mas que representam todas as vocações dentro do Povo de Deus”, sendo “uma Igreja não apenas de ministérios, mas também de carismas”, seguindo a proposta de Aparecida que afirmou que “os leigos devem participar do discernimento, da tomada de decisões, do planejamento e da execução” da vida e da missão de toda a Igreja. Ser eclesial não a faz menos episcopal Uma realidade que demonstra “uma brilhante e criativa recepção latino-americana, tanto do Concílio Vaticano II, como dos Sínodos sobre a Amazônia (2019) e sobre a Sinodalidade (2023-2024); abraçando a diversidade e potenciando a complementaridade; assim como convidando-nos a implementar dinâmicas comunicativas próprias de uma Igreja sinodal”, sublinhou o prefeito. Ele insistiu em que o fato de ser eclesial, não faz esta conferência menos episcopal, e fez um chamado a centrar-se na Igreja local, onde a Igreja molda “a sua própria identidade na escuta e diálogo com as pessoas, realidades e histórias do território”, segundo aparece em Querida Amazônia. O cardeal Czerny chamou a acrescentar na CEAMA a dimensão pastoral e territorial, que “supõe superar a concepção da Amazônia como um mero lugar geográfico e começar a compreendê-la como lugar da presença e revelação de Deus”, o que tem a ver com a necessidade de uma fé que “não é neutra nem abstrata, mas inculturada”. Junto com isso um chamado para que a CEAMA, mas do que fazer assuma o papel de “coordenar, articular e facilitar” e assim ajudar as igrejas locais “a enfrentar os principais desafios pastorais e realizar a sua missão”. É por isso que o encontro tem como objetivo “que as vozes dos Bispos da Amazônia sejam acolhidas, escutadas e consideradas, e que a CEAMA redefina a sua trajetória, relançando, acompanhando e ajudando as igrejas locais a realizar a sua missão”.