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Autor: Luis Miguel Modino

Proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis: “Que em qualquer suposto abuso, ele não deixe de encontrar um espaço de escuta”

Recordar a própria infância e adolescência é uma atitude que ajuda a se colocar no lugar dos outros, sobretudo no lugar daqueles que sofrem em consequência do abuso e exploração de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis. Essa recordação foi o ponto de partida do encontro da Comissão Ampliada de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece em Manaus de 4 a 6 de abril de 2025, com a participação de quase 30 representantes das nove igrejas locais do Regional. Capacitar para atuar de maneira eficaz Um encontro para contribuir na capacitação da comissão ampliada, proporcionando-lhes o conhecimento e as habilidades necessárias para atuar de maneira eficaz e sensível na prevenção ao abuso, exploração sexual de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis. O Papa Francisco insiste em que “cuidar é compartilhar paixão eclesial e competências com o compromisso de formar o maior número possível de agentes pastorais. Desta forma promove-se uma verdadeira mudança cultural que coloca os mais pequenos e mais vulneráveis no centro da Igreja e da sociedade”, um pano de fundo presente no encontro. Cuidar para que exista uma cultura de proteção A dívida com as crianças, adolescentes e adultos vulneráveis é muito grande, segundo o bispo auxiliar de Manaus e assessor da comissão dom Hudson Ribeiro, que insiste no apelo do Papa Francisco no Motu Próprio Vos Estis Lux Mundi de cuidar para exista uma cultura de proteção, algo que passa por uma consciência, por uma conversão ao respeito às crianças e adolescentes, que leve a promover os seus direitos. O bispo auxiliar de Manaus lembrou o pedido de Jesus no Evangelho para se fazer criança como condição para entrar no Reino dos Céus. Nessa perspectiva, dom Hudson disse que “tudo isso nos leva a acreditar que a gente encontra nas palavras de Jesus, a força para que a gente possa contagiar pessoas pela causa da criança e do adolescente”, algo que as igrejas do Regional Norte 1 da CNBB estão assumindo por meio da comissão ampliada e das comissões nas dioceses e prelazias. O objetivo é fazer com que as comissões tenham condições de receber informações, de refletir sobre a temática, de poder partilhar as experiências que já estão acontecendo nas dioceses e prelazias, lembra o bispo. Uma construção que ele define como sinodal, de escuta, de partilha de experiências, em vista de construir o que dom Hudson chama de mosaico da esperança, especialmente neste ano do Jubileu da Esperança, um tempo em que “a gente encontra pessoas disponíveis” para assumir essa causa, algo que ninguém pode abrir mão e que faz com que a cultura do cuidado passe do desejo, do sonho, para a realização. Um olhar de sensibilidade Para isso, o bispo ressalta que “o nosso olhar tem que ser um olhar de muita sensibilidade para ajudar a identificar quem já faz, quem já cuida, para poder otimizar essas ações, ajudar a dar uma forma mais organizada”, algo que tem criado um pouco mais de consistência, de continuidade, de construção de processos em continuidade. Igualmente, dom Hudson destaca o envolvimento cada vez maior de crianças na rede de proteção, que deve ajudar a criar uma nova cultura que surge a partir das crianças e adolescentes, que começam a se envolver nessas ações, o que ele define como maravilhoso. Entre os passos concretos dados pela comissão, o bispo auxiliar destaca que as comissões foram instaladas em todas as dioceses e prelazias do Regional Norte 1. Isso tem ajudado, pois os casos de suposto abuso estão chegando, e existe uma comissão metropolitana que recebe esses casos para serem analisados e procura estudar os casos e dar resposta às pessoas. Existem canais onde as pessoas já podem acessar, existe um protocolo de proteção, que ele é parâmetro norteador para todas as comissões, sublinha o bispo. Ele destaca que tem sido um trabalho realizado por muitas mãos, onde tem participado os bispos do Regional e muitas outras pessoas, seguindo a metodologia sinodal de escuta, de participação, de construção, de revisão, de se colocar humildemente, em um processo que não é concluído, mas que já vem dando frutos, que possibilitam avançar nesta dinâmica do cuidado com a vida, do cuidado com os mais vulneráveis. Tudo em vista de que “em qualquer suposto abuso, ele não deixe de encontrar um espaço de escuta. Criar espaço de acolhida e de escuta é um desafio, mas graças a Deus é uma realidade que está acontecendo”, concluiu dom Hudson.

A ministerialidade das mulheres chanceleres no Regional Norte 1

Na Igreja da Amazônia, a ministerialidade especifica-se de modos poucos comuns em outras realidades eclesiais. São expressões ministeriais que tem a ver com uma Igreja Sinodal com rosto amazônico, uma Igreja sustentada no Batismo, uma Igreja em que as mulheres assumem espaços de responsabilidade, que historicamente não tinham um rosto feminino à sua frente. Mulheres chanceler: uma novidade na práxis Na diocese de Roraima, a chancelaria é assumida pela Ir. Sofia Quintans Bouzada, enquanto na prelazia de Tefé é uma leiga, Juliana de Souza Martins, que desempenha esse serviço. Isso é uma novidade na práxis, que de modo nenhum contradiz o Direito Canônico, mas que tem que ser visto como um processo de mudança neste momento histórico que a Igreja universal e a Igreja da Amazônia estão vivendo. As reformas que o Papa Francisco vai introduzindo na Cúria Vaticana, com nomeação de mulheres para postos de responsabilidade, aos poucos também vão se fazendo presentes em algumas igrejas locais. O serviço da chancelaria, tradicionalmente assumido por padres, agora exercido por mulheres, é um exemplo disso. Segundo a chanceler da prelazia de Tefé, “com todo esse convite do Papa, a gente percebe também que os nossos bispos também se abrem a esse novo.” É uma aposta dos bispos para as mulheres estar nesses espaços, como é a chancelaria, que mostra que “nossos bispos também estão neste caminho de abertura da Igreja, para esse momento novo com a inserção das mulheres nessas funções”, sublinha Juliana de Souza Martins. As mulheres maioria nas comunidades Ninguém pode esquecer que “as mulheres fazemos parte das comunidades de base, somos a maioria nas comunidades, somos as que alentamos os processos, acompanhamos as pastorais, estamos como verdadeiras diaconisas nas igrejas locais”, segundo a Ir. Sofia Quintans. A religiosa afirma que assumir esses serviços “é simplesmente reconhecer aquilo que já fazemos no dia a dia na igreja local, nas comunidades de base.” A chanceler da diocese de Roraima, afirma que “com nossa competência e nosso modo de ser e estar, ajudamos também para que esta Igreja seja inclusiva, integre a todos, todos, todos, como disse o Papa Francisco, e haja processos novos de relação, processos de inclusão e outra nova sensibilidade incorporada nos processos eclesiais, nas tomadas de decisão, na formação, em tudo.” A Ir. Sofia insiste em que “a mulher faz parte da Igreja, fazemos parte da Igreja faz muito tempo, e nos reconhecermos como chanceleres é algo que é possível na Igreja faz muito tempo. Só que temos inércias incorporadas e se faz necessário quebrar essas inércias.” De fato, as mulheres na chancelaria enfrentam diversos desafios, que em primeiro lugar surgem da grande responsabilidade assumida, da confiança depositada nelas para vivenciar um processo que é uma corresponsabilidade com o Ministério Pastoral do bispo. A chanceler da diocese de Roraima destaca a necessidade do respeito muito profundo à caminhada histórica da Igreja local, “e tentar fazer de ponte com as comunidades, as paróquias, áreas missionárias, áreas indígenas, com a caminhada pastoral da Igreja, com a realidade local e os novos desafios da realidade migratória, dos povos indígenas e também com os desafios dos missionários”, sublinhando que a importância da Cúria ser um lugar de hospitalidade, de encontro e de Igreja em saída, de fazer uma caminhada em conjunto, sinodal. A capacidade e o papel das mulheres Olhando para a Igreja da Amazônia, Juliana de Souza Martins reflete sobre o desafio de reconhecer que o papel da chanceler e do chanceler é um papel importantíssimo, fundamental, dentro da cúria, dar visibilidade. No plano da ministerialidade feminina, uma dinâmica que teve um grande impulso no atual pontificado, se faz necessário da parte das mulheres, “nos dar conta da capacidade e do papel que nós temos dentro da Igreja. Às vezes, com o desafio, por sermos ainda uma Igreja muito masculina, muito paternal.” Ela reconhece o sofrimento das mulheres, mas também os passos já dados, os avanços, afirmando que “é algo muito presente, muito enraizado ainda dentro da nossa Igreja e às vezes isso acaba nos limitando no nosso pensar e no nosso agir. Mas eu acredito que se nós permanecermos firmes enquanto mulheres, nos reconhecermos como figuras transformadoras, importantíssimas para a evangelização da nossa Igreja, eu acredito que é nesse caminho que a gente deve continuar e persistir.” Reconhecer os serviços das mulheres A Ir. Sofia faz um chamado às mulheres para um reconhecimento mútuo, um apoio mútuo, para assumir que “temos qualidades e competências, além de uma experiência espiritual muito forte que sustenta a Igreja toda.” Ela também insiste em “reconhecer os nossos serviços que já estamos a vivenciar na Igreja, dentro das comunidades, dentro das pastorais, de lideranças, com ministérios reconhecidos.” Trata-se de “abrir caminho para outros ministérios que podem ser mesmo reconhecidos, ocupando os espaços, sem ter que pedir licença, dando-nos confiança mútua, mulheres e homens, homens e mulheres, tentando vivenciar essa experiência de missão conjunta, de missão em equipe”, com “conhecimento, responsabilidade, visibilidade, confiança mútua, vivenciando tudo juntos e juntas, em igualdade, com a mesma dignidade, mas em igualdade”, concluiu a religiosa.

Encontro de chanceleres do Regional Norte 1: “Se a Igreja não é encarnada, a chancelaria é uma alfândega”

Os e as chanceleres das igrejas locais que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil estão reunidos nos dias 3 e 4 de abril de 2025 na Casa de Espiritualidade Crostarosa de Manaus. Um encontro que pretende refletir sobre a “Missão do/a chanceler numa Igreja Sinodal com rosto amazônico”. Chancelaria numa Igreja sinodal Uma missão assumida por padres, diáconos permanentes, religiosas e leigas, que tiveram como ponto de partida uma reflexão sobre o conceito de chanceler na dimensão eclesiológica sinodal, seu perfil e sua função, buscando criar sensibilidade de Regional, interajuda, numa mentalidade não clerical, com a assessoria do bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima. O encontro é uma novidade, sendo uma oportunidade para conhecer, aprofundar, esclarecer, receber orientações desde a ajuda mútua, e assim responder às necessidades da Igreja e acompanhar a vida das dioceses e prelazias, o que faz com que o encontro seja de grande valia para os participantes, pudendo superar as dificuldades e desafios. Chancelaria como expressão de comunicação da Igreja O bispo auxiliar de Manaus refletiu sobre como a chancelaria pode ser expressão de comunicação da Igreja, sobre a lógica e dinâmicas de comunicação da Igreja, ajudando a encontrar as pessoas em suas individualidades. Dom Zenildo Lima insistiu em que o chanceler lida com pessoas que chegam com seus pedidos e exigências, não chegam com problemas. A chancelaria é mais do que um trabalho com papeis, com documentos, é evangelizar. “O objeto do nosso trabalho são pessoas, não são documentos”, enfatizou dom Zenildo Lima, colocando diversos exemplos concretos de quem são essas pessoas, mas sublinhando que são sempre pessoas. Na Igreja da Amazônia isso tem se concretizado a partir do conceito de encarnação, um conceito que aparece em Santarém 1972, sendo retomado 50 anos depois, buscando assim ser hospital de campanha e não alfândega, segundo diz o Papa Francisco. Necessidade da encarnação “Se a Igreja não é encarnada, a cúria é burocrática, a chancelaria é uma alfândega”, disse o bispo auxiliar de Manaus. Não se trata de eficiência e sim de evangelização, segundo dom Zenildo. Ele lembrou que a chancelaria não pode ser uma estrutura pesada, refletindo sobre a Constituição Apostólica “Praedicate Evangelium” do Papa Francisco, que trata sobre a Cúria Romana e seu serviço à Igreja no mundo, e suas repercussões nas igrejas locais. O bispo auxiliar apresentou alguns elementos presentes no Magistério em relação à Cúria, no Concílio Vaticano I, Vaticano II e os Códigos de Direito Canônico. Na perspectiva do Concílio Vaticano II, da Pastores Gregis, as características dos colaboradores da Cúria têm a ver com a competência, zelo pastoral e integridade da vida cristã, preparação teológica e técnica, fazendo um chamado aos bispos a escutá-los, a realizar trabalhos evangelizadores e evitar uma mentalidade burocrática. Chancelaria na estrutura da Igreja Na perspectiva do Sínodo sobre a Sinodalidade, a partir do Documento Final do Sínodo, dom Zenildo destacou o coração da sinodalidade e refletiu sobre as motivações que sustentam a sinodalidade e suas concreções, do ser, estruturar e fazer da Igreja. Nessa perspectiva, a chancelaria tem a ver com a estrutura da Igreja, sendo instrumento que ajuda o bispo a governar a Igreja. Nesse sentido, o bispo refletiu sobre as novas relações em torno à chancelaria, sobre o fato de no Regional Norte 1 a chancelaria seja exercida por mulheres, por diáconos permanentes. Igualmente, sobre os processos, sobre o jeito de fazer os discernimentos, tomar as decisões e acompanhar essas decisões. Mas também sobre os vínculos, que leva a entender a chancelaria como um serviço à Igreja local no horizonte da evangelização, do serviço às pessoas, como expressão e salvaguarda da sinodalidade na Igreja local. Chancelaria a serviço da memória O serviço da chancelaria em chave sinodal tem a ver com a redação dos documentos, que deve ter presente o conjunto da Igreja local, não se reduzindo a um ato isolado, também com o registro, em vista da própria memória da Igreja particular, como ferramenta a serviço da memória, bem como um testemunho da encarnação eclesial em determinado período da história. Um encontro que aborda as atribuições, competências e responsabilidades do/a chanceler em vista da corresponsabilidade e a missão dentro e fora da Igreja sinodal. Uma temática que está em relação com a dimensão pastoral e sinodal da missão da Igreja com rosto amazônico e as prioridades para Ação Evangelizadora no Regional Norte 1 da CNBB. Tudo isso numa dinâmica de partilha de experiências da missão de chanceler nas igrejas locais, igrejas com fragilidade estrutural, mas que quer avançar nesse caminho em vista de um serviço organizado. Chancelaria que conhece a Pastoral Tudo isso, segundo insistiu dom Zenildo Lima, desde uma visão ampla, conhecendo e assumindo os planos de evangelização da Igreja local, do Regional, da Igreja do Brasil e da Igreja universal. Ninguém pode esquecer que o Direito Canónico está ao serviço do serviço pastoral, pois “aplicar o Direito exige conhecer a pastoral e exige conhecer a evangelização”, segundo o bispo auxiliar de Manaus. Nesse sentido, ele refletiu sobre as implicações das Diretrizes para a Ação Evangelizadora na chancelaria, numa Igreja Discípula Missionária, que assume e vivencia a ministerialidade de forma dinâmica. Uma Igreja discípula da Palavra, se questionando até que ponto a Palavra inspira a estrutura da Igreja, dado que a Palavra inspira e permite o diálogo e a escuta, permite a interculturalidade. Uma Igreja servidora e defensora da vida, com causas comuns, que atende os vulneráveis e articula o serviço de fé e cidadania.

Viver de mentira

O dia 1º de abril é conhecido no Brasil como “o Dia da Mentira”, mas além das possíveis brincadeiras relacionadas com esse dia, somos chamados a refletir sobre a atual sociedade, empenhada em viver de mentira, inclusive naquilo que tem a ver com elementos fundamentais na vida do ser humano: na política e na religião. A política, segundo o filósofo grego Aristóteles, é a ciência que se preocupa com a felicidade coletiva, que cuida do bem comum. Mas nos deparamos com políticos que mentem para cuidar do próprio interesse ou dos interesses dos grupos que representam. Políticos que se elegeram espalhando mentiras, hoje chamadas fake news, até chegar a assumir os cargos de maior responsabilidade no Poder Legislativo e no Poder Executivo. Políticos mentirosos que contam com o apoio de uma grande camada da população, que acredita ser verdade mentiras repetidas muitas vezes, aumentando a divisão dentro de uma sociedade cada vez mais enfrentada em consequência de mentiras, que, além de faltar à verdade, sustentam no poder pessoas sem escrúpulos, perpetuando os privilégios decorrentes de ocupar os lugares que assumem em seus cargos públicos. Isso faz com que atitudes como a honestidade sejam colocadas em segundo plano, possibilitando que pessoas sem nenhum tipo de moralidade se aproveitem para, em base a mentiras, se beneficiar, prejudicando claramente o conjunto da sociedade. Sustentados na mentira, personagens sem escrúpulos condicionam gravemente o convívio social e fazem com que a vida das pessoas seja cada vez pior. São atitudes que também aparecem no campo da religião, sendo propagadas mentiras, muitas vezes com interesses politiqueiros, pois isso nunca pode ter o qualificativo de político. Independentemente das religiões ou das confissões cristãs, das diversas igrejas, nos deparamos com pessoas que mentem em nome da religião. Um exemplo disso é o que está acontecendo com a doença do Papa Francisco, nos deparando com mentiras que não respondem ao que em verdade está acontecendo. Personagens religiosos, freis, freiras, padres, pastores, bispos, que se aproveitando da boa fé das pessoas, constroem discursos que não respondem à verdade, ou lucram às costas do povo, muitas vezes dos mais pobres, que são enganados em nome daquele que é fonte de Verdade, em nome de Deus. Discursos religiosos que manipulam, que abusam espiritualmente das pessoas, que mentem, e em consequência pecam, pois a mentira é um pecado, segundo os mandamentos da Lei de Deus, mesmo se apresentando como referentes religiosos, quando em verdade são lobos com pele de cordeiro, manipuladores do povo sem escrúpulos. Não podemos deixar que o momento histórico que estamos vivendo seja definido como o Tempo da Mentira, pois isso irá danando a estrutura social e condicionando gravemente o presente e o futuro da humanidade. Isso depende de todos, mas também de cada um e cada uma de nós, que às vezes nos tornamos cumplices passando adiante mentiras que só beneficiam pessoas sem escrúpulo e sem moralidade. Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: “O amor, não interroga, não tira satisfação, não cobra”

“Um dos textos mais tocantes e extraordinariamente amorosos que acabamos de escutar. Na quaresma, tempo de conversão, volta à casa do Amor, São Lucas a nos encantar com o Pai de dois filhos”, disse no início da homilia do quarto domingo da quaresma o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Ele lembrou que “ao ver o filho ao longe vindo para casa o pai, ‘correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijo’. Beija efusivamente o filho, esquecido do estado de impureza em que ele se encontra. Ouvíamos como viveu sem poder alimentar-se do que comiam os porcos. O amor não espera, corre, abre os braços, cobre de beijos, mais que o amado à sua amada, a amada ao seu amado. São beijos, conforme o Evangelho, de ternura paterno-materna, pura compaixão. Seus gestos são mais de uma mãe do que de um pai. E os beijos e abraços maternos, nascidos das entranhas, são, diante de todo o povoado, sinais de acolhimento, perdão e, ao mesmo tempo, proteção e defesa.” O arcebispo de Manaus destacou que “ao voltarmos nossos olhos para a cena, vemos o filho colocando a sua vida aos pés do pai. Ali, na nudez de si mesmo, coberta pelos abraços e beijos paternos, sente-se novamente um homem livre. Diante de tanto afeto, abraços e beijos, diante do acolhimento e da paternidade recebida, está nu diante do pai: ‘pequei contra Deus e contra ti, trata-me somente como um empregado teu’. Sente-se coberto, recoberto pelo manto do amor paterno.” “Não ouve da parte do pai nenhuma afirmação como: finalmente você reconheceu, finalmente você voltou! Não. Nada. Nenhuma palavra de interrogação, nenhum por quê, nenhuma satisfação, nenhuma cobrança, nenhum sinal de desgosto, nenhuma repreensão, nenhuma expressão de desapontamento, nenhuma interjeição, nem mesmo qualquer coisa que pudesse insinuar: por que fizeste isso?… Também não: como é bom vê-lo!… Nada. Nem mesmo diz: eu aceito você, que bom que você voltou, eu te perdoo…. Nenhuma palavra, mas silêncio acolhedor. Aquela espacialidade de um encontro de amor. É que o amor, não interroga, não sabe do porquê, não tira satisfação, não cobra, não repreende, não expressa desapontamento. O amor é gratuidade, não tem tempo para a interrogação”, segundo o cardeal Steiner. Ele insistiu em que “todas as palavras seriam superficiais demais para dizer, expressar, proclamar, cantar o transbordamento do coração do pai saudoso. O coração cheio de misericórdia, o coração que era só paternidade. Ele, o velho ancião, nada diz ao filho. No amor, na gratuidade do amar a presença, a proximidade é tudo: aquece, reconcilia, transforma, liberta, cobre a nudez.” “A palavra vem depois do silêncio, do encontro, depois do face a face, depois de olhos nos olhos. Só então, depois de tudo acolhido, recolhido, tudo abraçado, tudo beijado, tudo reconciliado, tudo acarinhado, tudo ser amor-liberdade, ser gratuidade amorosa, rompe-se o silêncio”, sublinhou o arcebispo, que citou o texto evangélico: “trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. Colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o, para comermos e festejarmos. Pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado.” Em suas palavras reparou em que “faltava o filho mais velho. Chegou à casa, depois de um dia cumprindo fielmente seu trabalho. Ao ouvir a música e as danças e saber da volta do irmão, fica desconcertado. A volta do irmão não lhe traz alegria como a seu pai, mas ressentimento. Nunca tinha saído de casa como o irmão, mas agora se sente um estranho diante da família e dos vizinhos reunidos para acolher o irmão que voltara. Não havia se perdido num país distante, mas se encontra perdido na sua filiação.” Nessa tessitura, mostrou que “incomodado com a medida sem limites do pai em relação ao irmão, rejeita o convívio amoroso e livre. Rejeita o amor do próprio pai e começa a reivindicar. Mora com o pai, mas não tem magnanimidade do pai. Todos os anos passados na intimidade do pai não foram suficientes para torná-lo como o pai, na pulsação, na vibração de um amor-liberdade, na gratuidade, na cordialidade, que enche e pervade todas as coisas, todos os seres e todos os momentos de encontro e desencontro.” “O pai, mais uma vez, deixa a casa, corre ao encontro e convida o filho para que entre em casa, participe da festa da família e da aldeia.  Não grita, não dá ordens. Como uma mãe, mais uma vez, abraça e o cobre de beijos, suplicando para que entre e participe da festa. Abraça e beija a estreiteza, a não-liberdade do filho mais velho”, disse o cardeal. Diante disso, “o filho, no entanto, não se deixa tomar pela medida do amor, da gratuidade, da misericórdia paterna. Rejeita, reclama, acusa”, enfatizou o arcebispo, citando as palavras do filho: “Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Mas, quando chegou esse teu filho que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo”. Ele insistiu em que “espanta-nos a explosão de rancor, a dureza, o fechamento, a mesquinhez do mais velho, apesar de trabalhar e participar cotidianamente da vida do pai. Passou a vida cumprindo ordens do pai como um escravo, não sabendo, como filho, admirar a beleza do amor paterno. A vida de trabalho sacrificado, a dedicação cotidiana endureceu o coração. Denuncia e rejeita o irmão, ao lançar no rosto do pai a vida do irmão que acabara de chegar”, citando o texto de Lucas: “esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas”. Não o reconhece como irmão, pois insiste com o pai: “teu filho”…, “teus bens”…. É por isso, que segundo o arcebispo de Manaus, “não o aceita mais como irmão. Humilha o pai e descredencia o irmão, denunciando sua vida libertina com prostitutas. Apesar de tão certinho em tudo fazer, carece da alma paterna. Não entende o amor do pai em relação ao irmão desaparecido e morto. Ele…
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Diocese de Borba realiza Congresso Bíblico Catequético 2025

“Viver a mistagogia da catequese identifica o cristão missionário católico” (Ir. V. Cristiane R. de Melo) Nos dias 28 e 29 deste mês de março de 2025, a diocese de Borba vivenciou, na dimensão da mistagogia catequética, a versão 2025 do Congresso bíblico catequético. Sendo este um evento realizado nas quatro foranias da Diocese. Concomitante ao Congresso bíblico, deu-se também a abertura dos trabalhos para o Congresso da Juventude, na paróquia de Nossa Senhora de Nazaré e São José, forania São Mateus, Nova Olinda do Norte – AM. Com a temática Catequese mistagógica que forma discípulos missionários na comunidade. e o lema rezado foi; “Senhor, dá-me dessa água que jorra para a vida eterna” (Jo 4, 15), a dinâmica do Congresso forânico se fez em quatro eventos acontecendo simultaneamente. Assim, em cada forania esteve presente um assessor que palestrou nos dois dias de congresso. Na forania São Marcos, a assessora foi a Irmã Cristiane R. de Melo, comunicadora e consagrada da Congregação das irmãs Paulinas. As narrativas bíblicas foram pontos que verberaram nas reflexões, bem como os Documentos da Igreja Católica. Pontos fortes foram colocados para os congressistas; Jesus é o sacramento do Pai e a Igreja é o sacramento de Cristo; A Igreja é sacramento por sua própria realidade de esposa de Cristo; Quem ministra o sacramento é a igreja. A forania São João,  no município de Autazes, foi assessorada pelo padre Cleiton Silva, pároco da Paróquia de São Pedro, Mogi das Cruzes. Que afirmou “Que o coração deve estar onde os pés estão pisando” (Pe. Cleiton) Ensinamentos como “Falar com segurança sobre cristo é ser mistagogo; Os estudo dos sacramentos, que nos traz a arte sermos iniciados no mistério da páscoa de Cristo foram pontos de reflexão nas quatro foranias. Logo, Ser mistagogo é conduzir o outro para a vivencia do mistério de Deus. Nós somos o corpo de cristo, o que é ofertado a Deus não é só o corpo e sangue de Cristo, mas também toda assembleia. Na forania São Mateus, o assessor foi o padre James Batista, da Congregação do Santíssimo Redentor,  que partilhou que “o mistério da missa é a catequese do Cristão”. A irmã Cristiane R de Melo, na forania São Marcos afirmou que “no primeiro testamento tempos leis, histórias, crônicas, poesias de amor nos Cânticos, temos novelas e algumas fábulas” Eis a necessidade de compreender cada texto narrativo presente na Bíblia. Portanto, este congresso bíblico objetivou estimular o estudo bíblico, em suma, na vivência da catequese e nas diversas pastorais, bem como fomentar a reestruturação e fortalecimento da Pastoral da Catequese nas foranias, nas  paróquias e áreas missionárias. A palavra Catequese se origina do verbo grego “Katechein”, que significa ensinar, educar, assim, catequese é a ação de ensinar e instruir os batizados na fé cristã (CNBB – 2008) ela tem como fonte básica o evangelho e como meta a fé e a conversão dos seus ouvintes praticantes, com a aceitação de Cristo morto e ressuscitado. Fazer catequese é fazer ecoar. Assim o catequisando é aquele que está fazendo ecoar a palavra de Deus em sua vida. A missão do batizado é tríplice, sendo profética, real e sacerdotal.  O catequista-mistagogo deve compreender que a igreja não espera mais nenhuma revelação, porque em Jesus toda revelação já foi dada. O momento reflexivo nas foranias foi único, fortalecedor e de renovação espiritual para toda diocese de Borba. “Para uma vivência verdadeira  e mistagógica  devemos priorizar a Palavra, a Catequese e a Comunidade”,  assim Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva pontuou na abertura do Congresso Bíblico Forânico, em missa celebrada na Paróquia de Nossa senhora de Nazaré e São José, forania São Mateus, no município de Nova Olinda do Norte – AM. O encerramento do Congresso Bíblico foi com a Santa Missa em cada forania desta Diocese de Borba. Francelina L. de Souza, Coordenadora da Pastoral da Comunicação da Diocese de Borba 

Retiro do Clero da Prelazia de Itacoatiara aprofunda a espiritualidade do padre diocesano

O clero da Prelazia de Itacoatiara realizou seu retiro anual de 24 a 28 de março. O retiro, que aconteceu no mosteiro Água Viva, no território da prelazia, contou com 16 participantes, incluído o bispo, dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, que foi o pregador. O tema do retiro tem sido “Ele está no meio de nós”, tendo como lema: “Cinco pães e dois peixes” (cf. Mt 14,13-21). Segundo dom Tadeu, “tem sido dias de bastante espiritualidade, sobretudo refletindo e aprofundando a espiritualidade do padre diocesano.” O bispo da prelazia de Itacoatiara destacou que “sem dúvida, o espaço do Mosteiro Água Viva tem facilitado os momentos de oração, de silêncio e de meditação.” Ele ressaltou que “contamos com as orações de todos, sobretudo porque pelas mídias sociais, o povo da prelazia tem acompanhado de perto nossos padres nesse momento.”

COP-30: Uma oportunidade para ser cientes das ameaças e exigir uma política do cuidado

Belém do Pará, que nesta terça e quarta-feira, 25 e 26 de março, sediou a Pré-COP, um evento organizado pela Igreja católica e que contou com a presenças dos seis regionais que fazem parte da Amazônia brasileira, será sede em novembro da COP-30, a Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas. Mesmo que algumas pessoas neguem isso, a atual crise climática é mais do que evidente, mas se faz necessário aprofundar no conhecimento dos dados científicos para rebater aqueles que negam as consequências do aquecimento global, que prejudica gravemente às pessoas mais vulneráveis e provoca um grave impacto sobre o território amazônico. A COP-30 é uma oportunidade para pensar em caminhos concretos que ajudem a mitigar as graves consequências das mudanças climáticas em todos os níveis, tanto localmente, como em cada país e no mundo todo. Essa realidade tem que estar cada vez mais presente na agenda global, tem que fazer parte das discussões nos parlamentos, que não podem ignorar o clamor do povo, especialmente dos mais pobres e vulneráveis, constantemente atingidos pelos impactos do aquecimento global. Todos os grandes atores em nível mundial, também a Igreja católica, deveriam ser uma voz firme em defesa do Planeta e da humanidade. De fato, a Igreja católica, uma dinâmica acrescentada no pontificado do Papa Francisco, sempre foi uma voz profética em defesa do Planeta, da Criação de Deus, defendendo os povos originários, aqueles que ensinam, mesmo que muitas pessoas não queiram aprender, o que significa o cuidado da Mãe Terra. Não podemos negar, pois isso nos distancia de Deus, que nossa fé tem que se expressar nas obras, no compromisso com o reino de Deus, com um mundo melhor para todos e todas, com um desdobramento da nossa fé no campo social. Se temos fé, não podemos ficar calados diante da exploração desmedida e irracional que sofre o Planeta, sobretudo na região amazônica, onde a conversão ecológica é uma urgência inadiável, ainda mais diante das denúncias que os povos originários e as comunidades fazem, cada vez mais forte, mas infelizmente, cada vez mais ignoradas. Se a sociedade e a Igreja católica no Brasil deixar passar a oportunidade de incentivar a população a tomar consciência da realidade climática, vai ser dado um passo a mais na destruição do Planeta. Só superando visões superficiais vamos entender a verdadeira problemática climática. Se faz mais do que urgente atuar, juntos, assumindo nosso compromisso com a vida, e para aqueles que temos fé, nosso compromisso com Deus.

Regional Sul 1 envia padre Eduardo Alves de Lima como missionário para a diocese de Parintins

Na manhã de hoje, dia 26, a celebração da Missa na sede do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em São Paulo, marcou o envio missionário do Pe. Eduardo Alves de Lima para o Regional Norte 1. Do clero de Jales, até então o sacerdote era coordenador diocesano de pastoral e, nos próximos dias parte para o território amazônico para exercer o ministério como missionário na Diocese de Parintins. O arcebispo de Sorocaba e presidente do Regional Sul 1, Dom Júlio Endi Akamine, recentemente nomeado pelo Papa Francisco arcebispo coadjutor Arquidiocese de Belém (PA), fez o envio missionário do Pe. Eduardo juntamente com os membros da presidência da entidade e dos bispos que integram o Conselho Episcopal do Regional (CONSER Sul 1). “Deus é o destino de felicidade e de vida plena a todos”, indicou Dom Júlio sobre a Liturgia da Palavra da 3ª Semana da Quaresma ao afirmar que a liberdade verdadeira consiste em viver o amor, obedecer a Deus e exercer a “memória agradecida pelo chamado”. Ao enviar o Pe. Eduardo, Dom Júlio enfatizou que “ser missionário é colocar a vontade do Pai como o mais valioso da vida”. O bispo diocesano de Jales, Dom José Reginaldo Andrietta, que marcou presença no envio e, sobre o ato missionário e o apoio do Regional Sul 1, disse que “quem proporciona ao outro daquilo que tem de riqueza, em sua pobreza, se enriquece! Essa riqueza de entusiasmos pastoral que é o Pe. Eduardo, o qual enviamos com gratidão”, concluiu. “Anseio por este envio há muito anos e sempre tive este esse ardor missionário para o trabalho no território amazônico”, destacou o sacerdote que exercerá o ministério na diocese que integra o Regional Norte 1 da CNBB. Feliz nova missão No final da celebração, Dom Moacir Silva, vice-presidente da entidade, também agradeceu Dom Júlio que, em breve irá para Belém, no Regional Norte 2, como arcebispo coadjutor: “muito obrigado pelo tempo que o senhor esteve conosco no Regional e na presidência! Seja feliz na nova missão. Confiamos seu ministério nas mãos da Virgem de Nazaré!”, concluiu. Fonte: CNBB Regional Sul 1 – Fotos: Edite Neves I Pascom Regional Sul 1

Pré-COP da Região Norte: Ajuda coletiva para descobrir os desafios e crescer em incidência

A sede do Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Belém do Pará, acolheu nos dias 25 e 26 de março de 2025, a Pré-COP Norte, com a participação de quase 50 representantes dos Regionais Norte 1, Norte 2, Norte 3, Noroeste, Nordeste 5 e Oeste 2, dentro do programa Igreja rumo à COP-30, organizado pela CNBB Nacional e que quer provocar uma reflexão em torno ao cuidado da casa comum, tema da Campanha da Fraternidade 2025. O encontro conta com a participação de cinco representantes do Regional Norte 1, o bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson Ribeiro, a secretária executiva do Regional, Ir. Rose Bertoldo, a articuladora das Pastorais Sociais, Ir. Rosiene Gomes, a coordenadora de pastoral da arquidiocese de Manaus, Ir. Rosana Marchetti, e o coordenador do laicato no Regional Norte 1, Francisco Meireles.   Uma celebração eucarística, presidida pelo bispo auxiliar de Belém e membro da comissão da CNBB em preparação à COP-30, dom Paolo Andreolli, iniciou o encontro. No dia da Anunciação do Senhor, o bispo destacou a importância dos sinais, de ser um sinal, de esperançar, de “fazer acontecer o que a gente espera e deseja.” Ele ressaltou que “o filho de Isabel se torna para Maria um sinal de que nada é impossível para Deus”, fazendo um chamado aos participantes do encontro a ser um sinal, a entrar no caminho da conversão ecológica, a passar da lógica extrativista à lógica do cuidado. Um encontro, o primeiro dos cinco que serão realizados em cada uma das grandes regiões do Brasil, que pretende facilitar processos de convergência, “tentar compreender qual é o nosso papel com respeito ao desafio da ecologia integral”, segundo o assessor da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora, padre Dário Bossi. Ele destacou a importância do Magistério do Papa Francisco e do trabalho ecuménico e a interação com outros processos populares como a cultura dos povos e outras iniciativas. O objetivo é buscar a ajuda coletiva para descobrir os desafios da COP-30 como igrejas locais e na incidência nacional e internacional. Se trata de compreender como a COP-30 interpela nos diversos níveis da presença como Igreja, em vista de fortalecer a ação das igrejas nos territórios, dado que é a partir dos territórios que acontecem as mudanças e se faz a diferença, tecendo redes. Junto com isso, ser multiplicadores nos espaços onde cada um habita. Um encontro que “independente da questão do foco, que são as questões climáticas que atingem todo o planeta, mas que tem um impacto, sobretudo, sobre nós que vivemos na Amazônia”, afirma o bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson Ribeiro. Segundo ele, a Pré-COP “é um encontro que nos provoca bastante a pensar que a crise que estamos vivendo. Ela é pior do que aquilo que a gente imaginava, e aí a gente está tendo essa oportunidade de aprofundar esses conhecimentos com pessoas convidadas, que partilham dessas experiências nas nossas comunidades, nos nossos grupos, nos territórios onde a Igreja está atuante, mas também está tendo a oportunidade de escutar cientistas que pesquisam na área, que estão aqui na região amazônica, que têm isso atualizado com o resultado dessas pesquisas sobre o impacto do aquecimento global sobre os territórios, e isso tem nos alertado para pensar em alternativas mais concretas.” O bispo insiste na necessidade de que “isso esteja na agenda global, passe pelas discussões nos parlamentos, passe por uma questão de governança, e não apenas pelos estados, pelos municípios, que se valorizem as iniciativas que estão ali presentes, mas que de fato o grito do povo, o grito dos pobres, o grito daqueles que são os mais vulnerabilizados e são atingidos por esses impactos do aquecimento global, eles encontrem eco no nosso coração de Igreja.” Diante dessa realidade, ele pede “que sejamos voz, que sejamos mãos, que sejamos também braços. Esse grito de alerta do cuidado para com o Planeta, sem perder a esperança, mas sendo bastante objetivo diante dos dados que nós temos recebido, que são os impactos do aquecimento global sobre o Planeta, com impacto sobretudo sobre aqueles que vivem na Amazônia.” A Igreja católica sempre teve um papel histórico de profetismo diante da crise socioambiental, segundo mostrou em sua reflexão o bispo emérito da diocese do Xingú, dom Erwin Kräutler. Ele fez um chamado à responsabilidade em vista das futuras gerações, a denunciar como Igreja que “a Amazônia não é para o lucro, a Amazônia é para viver e para sobreviver”, a pensar de modo especial nos povos originários. Nesse sentido, como mostrou a análise do professor Mário Tito sobre as conferências do Clima em tempos de crise, que abordou o contexto geral e temas centrais, se faz necessário assumir que “a nossa fé tem que ter um desdobramento no campo social”, especialmente na Amazônia, uma região que tem sido explorada de maneira irracional e que tem que levar a pensar nas pessoas e seu desenvolvimento na perspectiva da ecologia integral, cuidando da vida e ao mesmo tempo no meio ambiente. Os participantes do encontro conheceram os Eixos Temáticos da Conferência do Clima e refletiram, com a assessoria de Ima Vieira, sobre “Crise climática e eventos extremos no bioma amazônico e área litorânea da macrorregião Norte”. Junto com isso foram apresentadas vivencias nos territórios: indígena, pescador, quilombola e agricultor, com depoimentos muito fortes, denunciando os grandes projetos, sobretudo as mineradoras, destacando o papel da Igreja para que eles possam continuar existindo. Os participantes conheceram os passos da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), junto com a Cúpula dos Povos, sendo realizadas rodas de Conversa por regional, que apresentaram seus compromissos em vista dos acordos da macrorregião. Diante da COP-30 “a Igreja do Brasil está se mobilizando para que haja uma conscientização maior da população em si, da sociedade, para tomar ciência de tudo o que está acontecendo no mundo, principalmente aqui na nossa realidade, aqui na Amazônia”, segundo a Ir. Rosiene Gomes. A articuladora das Pastorais Sociais no Regional Norte 1 da CNBB destaca a importância da Pré-COP, porque nos faz…
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