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Autor: Luis Miguel Modino

Apoiar o novo Papa, compromisso na décima primeira Congregação Geral

Apoiar o novo Papa é um compromisso e uma responsabilidade assumida por todos os cardeais, segundo foi comunicado pelo diretor da Sala Stampa vaticana, Matteo Bruni, no final da décima primeira Congregação Geral, realizada na tarde do dia 5 de maio de maio de 2024. Na terça-feira, 6 de maio, será realizada a última antes de chegar na casa Santa Marta, entre a tarde desta terça-feira e a manhã do dia 7, em que será celebrada a Missa Pro Eligendo Pontifice. Um Papa sucessor de todos Os 20 cardeais que interviram deixaram claro que o sucessor de Francisco terá de ser o sucessor de todos. Da penúltima Congregação Geral participaram 170 cardeais, 132 dos quais são eleitores. Um dos principais temas foi o da migração, dentro da Igreja e na sociedade. Segundo Bruni “foi falado da migração dentro da Igreja, dos migrantes como uma dádiva, mas também da necessidade de apoiar os migrantes na fé durante sua migração”. O problema da guerra foi outro tema presente nas reflexões dos cardeais que interviram. Junto com isso foi abordado o tema da sinodalidade, enfatizando a necessidade de uma eclesiologia da comunhão entre os membros da Igreja. Uma atitude que deve se fazer presente no Conclave que inicia na tarde da quarta-feira 7 de maio. Um Papa pastoral Os jornalistas fizeram diversas perguntas sobre a varredura da rede no Vaticano durante o conclave (que não afetará a Sala Stampa ou a Via della Conziliacione). Também se falou de “um Papa pastoral, com uma perspectiva da Igreja Católica, particularmente em um mundo em diálogo, com portas abertas e com a construção de diferentes mundos religiosos e culturais”. Aos poucos, vai se aproximando um momento de grande importância na vida da Igreja. Nos cardeais radica a responsabilidade da eleição daquele que deve continuar o legado de Francisco. Um desafio que deve implicar o compromisso de todos aqueles que irão participar do Conclave, mas também de todo o povo de Deus que acompanha impaciente a fumata branca.

132 cardeais dos 133 eleitores presentes na Décima Congregação Geral

As congregações gerais, as reuniões que acontecem em preparação ao Conclave, entram em momentos decisivos. Nesta segunda-feira, 5 de maio, os cardeais se reúnem de manhã e de tarde, buscando partilhar sua visão do mundo e daquele que deve suceder Francisco. Tudo em vista do Conclave, que inicia às 16:30 desta quarta-feira na Capela Sistina, com a presença de 133 cardeais eleitores. Final dos dias de luto pelo Papa No domingo 4 de maio foram encerrados os Novendiales, os nove dias de luto depois da morte do Papa. Cada dia, presididas por um cardeal, foram celebradas missas na Basílica de São Pedro, com participação destacada cada dia de determinados grupos, tendo sido os cardeais os convocados no último dia. Na celebração, como aconteceu ao longo dos nove dias de luto, foram lembrados alguns destaques do pontificado de Papa Francisco. Na congregação geral desta segunda-feira, a décima, que iniciou com uma oração, segundo o diretor da Sala Stampa, Matteo Bruni, participaram 179 cardeais, deles 132 eleitores, dos 133 que entrarão na Capela Sistina. Interviram 26 cardeais, que falaram sobre o direito canônico, sobre o papel do Estado da Cidade do Vaticano, sobre a natureza missionária da Igreja, sobre o papel da Cáritas em defesa dos pobres. Se faz necessário “um Papa presente e próximo, uma porta de acesso à comunhão e à igualdade em um mundo em que a ordem mundial está em crise”, mas também em um mundo fragmentado. Numerosa presença de jornalistas Na sala do Sínodo foi mencionada pelos cardeais a presença de muitos jornalistas. De fato, nesta segunda feira aumentou muito o número de jornalistas no Vaticano, um número que deve aumentar ainda mais até o início do Conclave. Isso tem sido visto pelos cardeais como algo que diz muito sobre o quanto o Evangelho tem sentido no mundo de hoje, e como esta é também uma chamada da responsabilidade. Foi lembrada a oração de Papa Francisco durante a Covid, e nas intervenções apareceu a preocupação diante das divisões na Igreja. Se falou de vocações, se falou da família e da educação dos filhos. Foi destacado a Dei Verbum, o documento do Concílio Vaticano II que fala sobre a Palavra de Deus, enfatizando que é um instrumento para o povo de Deus. Igualmente foi dito que é importante entender na celebração da Eucaristia que é o sacramento de Cristo aos pobres. O cardeal Re, decano do Colégio cardinalício informou que o Camerlengo, cardeal Farrell, fez no sábado, o sorteio dos quartos na Casa Santa Marta. Foi lembrado que alguns desses cardeais, ficarão na Casa Santa Marta Vecchia, que é vizinha. Os cardeais foram convocados para estar na Casa Santa Marta na tarde desta terça-feira, 6 de maio, mas podem chegar até antes da Missa Pro Elegendo Pontífice, que será celebrada às 10 hora de Roma da quarta-feira, ficando assim isolados do exterior.

Um Papa despojado, servidor, semelhante aos homens

O hino de Filipenses 2:5-11 poderia ser considerado um bom termômetro a ser usado pelos 133 cardeais que, na tarde de quarta-feira, 7 de maio, às 16h30, entrarão na Capela Sistina. Na tarde de terça-feira, eles terão que estar na Casa Santa Marta, isolados do mundo exterior, para o qual é proibido qualquer dispositivo que permita a comunicação com o mundo exterior. Os quartos e a bagagem dos purpurados serão revistados. Um Papa despojado O propósito é eleger o sucessor de Pedro, mas também, e ninguém pode se esquecer disso, o sucessor de Francisco. No último pontífice, podemos dizer que as palavras de Paulo aos Filipenses se tornaram realidade: “Ele se esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens”. Alguns de seus amigos, quando o encontraram, comentaram que haviam estado com Jorge. Uma maneira de se referir ao Santo Padre que de forma alguma desmerecia o que ele era, o Sumo Pontífice, embora ele mesmo gostasse de ser considerado o Bispo de Roma. Francisco foi um Papa de sinais, com muitos detalhes que deveriam ser levados em conta por seu sucessor. Esses detalhes sempre tiveram grande aprovação dentro do catolicismo e entre muitas pessoas que não eram católicas ou não tinham uma prática religiosa frequente. Embora alguns possam pensar que tinha uma forte oposição, foram poucos os que pensaram dessa forma, embora seja verdade que eles tinham poderosos instrumentos de difusão de suas teorias na mídia, especialmente nas redes sociais. Os sinais de Francisco Seus sapatos, suas roupas litúrgicas, sua maneira de se comunicar, não apenas com as palavras, mas também com os gestos, a maneira como se vestia, o modo como ele se locomovia, em carros populares, sua renúncia a privilégios, presentes, sempre insistindo em pagar suas contas… são sinais do que ele tinha em seu coração, que nos mostram sua determinação de se despojar, de ser um servo, de ser semelhante aos homens, de ser um entre muitos. Entre os cardeais escolhidos por Francisco, especialmente entre aqueles que vieram das chamadas periferias, encontramos muitos exemplos disso. Um papa que busca retornar a elementos que possam diferenciá-lo teria um impacto negativo em seu papado. A pompa é mal vista pela maioria das pessoas, e querer usar sinais que se refiram a isso, uma prática entre alguns cardeais, até mesmo entre alguns dos considerados papáveis, não seria o caminho a seguir. Nenhum papado autorreferencial Um papa que procurasse se divinizar estaria se distanciando Daquele que, sendo de natureza divina, assumiu a natureza humana. Um papado autorreferencial, vivendo em seu próprio mundo, com pouco contato com as preocupações do povo, distanciaria ainda mais a Igreja do mundo, que, não nos esqueçamos, é o destinatário do anúncio do Evangelho. Aqueles que acusaram Francisco de ser um populista são aqueles que fizeram campanha pelo retorno de uma Igreja distanciada do mundo, o que na realidade a tornaria uma Igreja ignorada pela grande maioria. Se pedirmos e esperarmos a presença do Espírito na Sistina, que seja o mesmo Espírito que inspirou as Escrituras, o mesmo Espírito em nome do qual o Ressuscitado enviou seus discípulos. Que nenhum discípulo, nem mesmo o próximo Papa, tenha medo de se abaixar, de servir, de assumir a condição humana. O Evangelho não pode ser imposto de cima para baixo, ele é compreendido e assumido melhor quando é proclamado olhando-nos nos olhos, quando descemos do pedestal no qual nos colocamos ou no qual gostaríamos estar.

Cardeal Steiner em sua paróquia em Roma pede orações pelo Conclave

No III Domingo da Páscoa, dia em que o Colégio Cardinalício não realizou congregação geral, os cardeais celebraram a eucaristia em suas paróquias de Roma. O Papa confia uma igreja romana a cada um dos cardeais. O arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), celebrou na paróquia de São Leonardo da Porto Maurizio. Pedro, tu me amas? Na homilia, o cardeal Steiner destacou três pensamentos. No Evangelho, ele se referiu à pergunta de Jesus a Pedro por três vezes: “Pedro, tu me amas?” Uma pergunta que leva a estabelecer uma relação profunda, refletiu o arcebispo de Manaus. “Podemos entender como cada vez mais Deus pergunta se nós o amamos, não porque duvida do nosso amor, mas para nos lembrarmos e aprofundarmos, correspondermos a este amor que veio da Cruz. É um amor tão grande, que é tudo”, disse o arcebispo. Ele lembrou que “estamos no tempo da Páscoa e esse é o primeiro pensamento, cada vez que perguntamos a Deus, Deus nos ama, eu te amo, como Ele me ama, com a mesma liberdade, com a mesma intensidade, com a mesma profundidade”, sublinhando que “Deus nos faz a nossa vida, quando Ele nos chama a amar”. O segundo pensamento que o cardeal destacou “é da segunda leitura da Bíblia, é belíssimo. Quando fechamos os olhos e vemos a multidão, todos ali, a glória, o poder. Todos os crentes que disseram, confessaram o amor de Deus. Quantas vezes Deus não perguntou a esses homens, a essas mulheres, que estão agora na eternidade, participando intensamente da vida de Deus, mas eles peregrinaram neste mundo, como fazemos nós. Deus também nos pergunta, tu me amas?”. Para isso, se faz necessário nos abaixar diante dos outros. Segundo o cardeal Steiner, “nós fazemos parte dessa multitude, a Igreja sempre falou da comunhão dos santos”, o que significa que não estamos sozinhos. Ele vê essa experiência de amar Deus e amar os outros como uma participação da Trindade”. O terceiro pensamento que ele destacou foi que toda Jerusalém percebia o anúncio da morte e da ressurreição de Jesus. Lembrando um pensador do Medioevo que diz que “Jerusalém não é uma cidade. Jerusalém é toda a vida do mundo, a nossa vida, o mundo é Jerusalém”. Ele destacou que todo o mundo sentia o anúncio da morte, afirmando que o amor é a morte ressuscitada pelo amor. Daí surge a pergunta “Tu me amas?”, dizendo que esse amor é uma participação do amor de Deus. A arquidiocese de Manaus A leitura do Livro dos Atos, levou o cardeal Steiner a pensar na arquidiocese de Manaus, com suas 1.300 comunidades, em uma diocese de 94.000 quilômetros quadrados. Uma realidade que lhe leva a se perguntar como poder levar essa bela notícia a todos, para que todos possam dizer amo a Deus. Isso lhe levou a pedir que nossa vida seja uma correspondência de amor. No final da celebração, o cardeal Steiner, um dos 133 que na tarde da quarta-feira entrarão na Capela Sistina para eleger o sucessor de Francisco, pediu orações pelo Conclave. Ele lembrou Papa Francisco, que “nos ensinou a viver o evangelho com alegria”. Um Papa que ele definiu como um homem de paz, um homem de esperança, um homem de Deus.

Um Papa que mostra que o Evangelho é sempre uma novidade

O cristianismo permanecerá vivo na medida em que as pessoas puderem descobrir a novidade que ele contém. Proclamamos alguém que está vivo entre nós, que não faz parte do passado, que nos abre para o presente e para o futuro como aquilo que nos leva a sonhar com a utopia de um mundo melhor para todos, todos, todos, com o Reino de Deus. A importância do Vaticano II Um Deus que se tornou mais compreensível para a humanidade com o Concílio Vaticano II. Foi nessa dinâmica conciliar que Francisco, o Papa dos deserdados da Terra, que nunca deu as costas aos pobres, exerceu seu pontificado. Esse é um legado pelo qual não devemos deixar de agradecer, pois tem sido um testemunho de autenticidade evangélica, que deve ser sempre um ponto de referência para a Igreja em qualquer momento da história. O grande desafio é responder às preocupações da humanidade, algo que Francisco tem feito em suas encíclicas, exortações e constituições evangélicas, mas também em suas homilias, discursos e em tantos momentos em que saiu do roteiro, que é onde o autêntico Bergoglio aparece. Um magistério que a Igreja, mas especialmente seu sucessor, deve continuar a promover ou, pelo menos, não deve deixar de levar em conta. Os últimos anos de seu pontificado foram marcados por seu firme compromisso com a sinodalidade, por seu chamado a olhar para o futuro, a ser corajosos, proféticos, uma qualidade que os cardeais pediram explicitamente para o próximo Papa nas congregações gerais, um Papa profético. Apostar na coragem que se sente quando se experimenta o impulso do Espírito, que nos leva a proclamar o Evangelho, com alegria e sem medo, como uma Igreja sinodal em missão. O batismo como sacramento fundamental Daí a necessidade de continuar em um caminho que tem como data marcante a Assembleia Eclesial convocada por Francisco para outubro de 2028. Seu sucessor é desafiado a encorajar esse processo, na prática, com um compromisso resoluto, sem ficar só em palavras. Mostrar que estamos diante de um caminho que tem como fundamento o Espírito que nos chama a viver em comunhão, a caminhar juntos, entendendo que o Batismo é o primeiro sacramento, o fundamento da vida cristã, independentemente do ministério que a Igreja confia a cada pessoa. Um Espírito que se revela quando, como e em quem Ele quiser. No final das contas, a Igreja é Mãe, e uma mãe sempre quer um futuro melhor para seus filhos, especialmente para aqueles que, por vários motivos, estão passando por momentos difíceis. Isso é o que pode construir a novidade que o futuro exige da Igreja. Está na hora de ela encontrar aquele que pode guiá-la, uma missão confiada aos 133 cardeais que entrarão na Capela Sistina na tarde de quarta-feira, 7 de maio, para eleger o sucessor de Pedro e Francisco.

Nona congregação geral: Um Papa profético e uma Igreja não fechada no Cenáculo

A quatro dias do início do Conclave, que começa na tarde de quarta-feira, 7 de maio, os cardeais participaram na manhã deste sábado, 3 de maio, da nona congregação geral. Estavam presentes 177 cardeais, dos quais 127 eleitores, e depois da oração, foi realizado o sorteio dos cardeais que irão acompanhar o cardeal Marx em suas funções durante o Conclave, sendo eleitos os cardeais Prevost e Semeraro, segundo informou o diretor da Sala Stampa vaticana, Matteo Bruni. 26 cardeais interviram neste sábado Bruni disse que na segunda-feira, no domingo não será realizada congregação geral e os cardeais devem celebrar missa nas paróquias de Roma onde eles são titulares, irão acontecer duas sessões na congregação geral, às 9 horas da manhã e 17 horas, no horário de Roma. Na nona congregação geral interviram 26 cardeais. Entre as temáticas destacadas pelo diretor da Sala Stampa a comunhão na Igreja e a fraternidade no mundo. Alguns cardeais recordaram com gratidão o Papa Francisco, citando frequentemente a Evangelium Gaudium e lembrando os processos iniciados pelo último pontífice. Foi falado de colaboração e solidariedade entre as igrejas, e sobre o serviço da Igreja e do Papa a favor da paz e do valor da educação. Uma Igreja luz do mundo Os cardeais pedem que o próximo Papa seja profético e que a Igreja não se feche no Cenáculo, mas que leve luz ao mundo que desesperadamente precisa de esperança, que conduz o Jubileu deste ano. Foram retornados alguns temas dos dias passados, como o da sinodalidade e da colegialidade, o olhar para o mundo, a sede e o interesse com que o mundo olha para a Igreja. Uma Igreja que vive no mundo, mas não no próprio mundo, com o risco de se tornar insignificante. Também tem sido falado de diálogo ecumênico e de missão. Aos poucos, os cardeais vão avançando em sua reflexão, fruto da escuta e do diálogo, em vista da eleição do sucessor de Francisco. Aos poucos vão se vislumbrando os rasgos que deveriam ser assumidos pelo próximo pontífice, uma dinâmica que marcou o rumo do conclave realizado em 2013.

Um Papa sem medo de sujar seus sapatos

A cada dia que passa, o ritmo cardíaco vai acelerando. A poucos dias do início de um Conclave incerto, embora haja nomes circulando, fala-se mais de atitudes, de maneiras de entender a Igreja e o papado. As poucas informações que saem da Sala do Sínodo, onde ocorrem as congregações gerais, dão origem a indagações, embora também possamos dizer que elas nos levam a sonhar. A missão é fundamento da Igreja Há elementos que não podem ser ignorados; eles são fundamentais para ser uma comunidade de discípulos e discípulas. Ninguém pode ignorar o fato de que a missão é o alicerce da Igreja. O mandamento de Jesus aos seus discípulos, incluindo todos nós que somos ou queremos ser hoje, obviamente todos os cardeais e o possível Papa, é “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. Pode ser usado o argumento de que todos os cardeais consideram a missão como algo fundamental em suas vidas, mas quando se fala em missão, pensa-se em realmente ir até os confins da terra. Trata-se de chegar às periferias, como Francisco tanto disse, especialmente naqueles lugares onde você suja os sapatos e entre aqueles com quem você pode sujar as mãos. Um Papa samaritano Esse é um perfil que não falta entre os eleitores. Há vários cardeais sem pompa, homens simples que já percorreram muitos quilômetros em estradas empoeiradas, que nunca tiveram o menor receio de se misturar com os descartados, de levantar os vulneráveis, de se mostrar samaritanos. Para que a misericórdia se torne carne, estender a mão aos pequenos é uma premissa necessária. Estamos saindo de um papado que é acusado de não ter olhado para a parte interna, para a estrutura eclesiástica. Algo que, por outro lado, Francisco nunca escondeu, pois optou por uma Igreja em saída, uma Igreja pobre e para os pobres. Admitindo a possibilidade de um papado mais equilibrado, seria um erro alguém se preocupar demais com o bem-estar da Igreja, com a estrutura, com o que está dentro, com a sacristia. Não podemos nos esquecer de que o testemunho é válido quando deixamos transparecer as atitudes de Jesus de Nazaré. Uma Igreja que não tem medo de se expor Uma Igreja e um Papa com sapatos sujos nos ajudam a tornar presente Aquele que andou pelos caminhos da Galileia, que saiu para encontrar as pessoas, que não ficou trancado em sua zona de conforto. Uma Igreja que se coloca em campo aberto, que assume riscos, movida por sua confiança no Senhor, para ir aonde a maioria não quer ir, aonde o medo não nos permite chegar. As perguntas são claras: o estilo de vida de Francisco influenciará a escolha de seu sucessor? A Igreja em saída, pobre para os pobres, que suja e gasta seus sapatos, terá continuidade? É um tempo de oração, de espera pelo sopro do Espírito Santo. Mas sem ignorar o fato de que o próximo pontífice será aquele que obtiver dois terços dos votos dos 133 cardeais que entrarão na Capela Sistina na tarde de 7 de maio.

Com a chaminé já instalada continuam os debates prévios em busca do novo Papa

Depois da pausa de 1º de maio, na manhã desta sexta-feira foram retomadas ascongregações gerais, com a participação de 180 cardeais. Deles 120 eleitores, dado que a grande maioria já está em Roma, só faltam 6 em fazer o juramento, os dois que já anunciaram não irão participar e mais quatro que ainda não chegaram em Roma. A chaminé instalada na Capela Sistina Tudo  isso no dia em que um dos grandes sinais do Conclave foi instalada, a chaminé por onde aparece a fumaça que anuncia o resultado das votações, foi instalada no teto da Capela Sistina, onde na tarde da quarta-feira 7 de maio, entrarão os 133 cardeais eleitores, que permanecerão isolados até aparece a fumaça branca, sinal tradicional de que o Papa tem sido escolhido. Foram duas horas e meia de reunião, segundo comunicou aos jornalistas o diretor da Sal Stampa vaticana, Matteo Bruni. O tema principal que foi abordado nesta sexta-feira foram os abusos sexuais e os escândalos financeiros, enfatizando que isso é um “contratestemunho”. Diante disso, foi enfatizado que deve ser encontrado o modo para superar “uma ferida aberta que tem que ser fechada”. Diversidade de temas abordados Os 25 cardeais que interviram também destacaram a evangelização como “centro do pontificado de Papa Francisco”. Igualmente foi partilhado sobre a “hermenêutica de continuidade” entre São João Paulo II e Francisco”, os jovens, o sofrimento da Igreja do Médio Oriente, procurar instrumentos mais eficazes de evangelização, das paróquias e comunidades até a Cúria vaticana, e dar passos que ajudem na busca do testemunho e da unidade. Igualmente, foi debatido sobre a vigência do Direito Canônico e sobre a sinodalidade, um dos grandes temas no pontificado de Papa Francisco. Foram destacados três aspectos com relação à sinodalidade: a colegialidade, a missão e o secularismo, sempre em vista da missão. Tudo isso antes de entrar em Conclave e se fechar na Casa Santa Marta, onde não tem quartos para os 133 eleitores. Será realizado um sorteio para determinar que irá se hospedar na chamada Santa Marta velha.

Dom Luis Marín: “A sinodalidade é irreversível e marcará o futuro da Igreja”

Um dos grandes legados deixados por Francisco é a promoção da sinodalidade, que “não é uma invenção dele, mas faz parte do que a Igreja é em si mesma”. Essa é a opinião do subsecretário da Secretaria Geral do Sínodo, Dom Luis Marín de San Martín, que se diz otimista, ressaltando que “a sinodalidade é irreversível e marcará o futuro da Igreja”. Ele destaca a “abertura ao Espírito” do último Papa como uma herança muito profunda. Com relação ao próximo pontífice, espera que se esforce pela paz, que se comprometa com a vida e sua dignidade e que promova a cultura cristã, em diálogo com o mundo. Para o Papa que será eleito no Conclave que começa em 7 de maio, ele pede “nosso apoio e fidelidade, seja ele quem for”. Poucos dias após a morte do Papa Francisco, a atmosfera é de pré-conclave e expectativa de outro Papa. Para alguém que trabalhou em um dos elementos fundamentais do pontificado de Francisco, especialmente nos últimos anos, como a sinodalidade, apesar da morte do Papa da sinodalidade, podemos dizer que a sinodalidade ainda está tão viva quanto antes? O Papa Francisco promoveu resolutamente a sinodalidade porque ela é uma dimensão constitutiva da Igreja. Isso é atestado pela Sagrada Escritura, pela eclesiologia, pela patrística, pela história e pelo direito canônico. A sinodalidade está viva e nunca poderá morrer, porque não é uma invenção de Francisco, mas faz parte do que a Igreja é em si mesma. Nosso compromisso é ajudar a torná-la um modo de vida em toda a Igreja e em tudo o que é Igreja. Acredito sinceramente que esse é um compromisso com a coerência como cristãos. O próximo Papa será, de alguma forma, obrigado a continuar nessa linha de sinodalidade? A Igreja não retrocede no tempo, ela sempre vai para frente, vive no presente e olha para o futuro; voltar ao passado é impossível. Pretender fazer isso só gera frustração e melancolia. O próximo papa, é claro, continuará a desenvolver a linha eclesiológica do Concílio Vaticano II, da qual a sinodalidade é um fruto maduro. No entanto, há espaço para nuances, estilos, acentos e prioridades. Mas sou muito otimista, a sinodalidade é irreversível e marcará o futuro da Igreja. Não devemos esperar um Francisco II, mas que elementos de seu pontificado o próximo pontífice deve ter em mente? Cada papa é diferente. Ele não é e não pode ser uma fotocópia do anterior. Cada um tem sua própria personalidade, sua própria maneira de ver a vida, suas próprias características, sua cultura e formação; cada pessoa é diferente. Entretanto, se considerarmos os papas dos últimos séculos, veremos que eles têm duas características em comum. Em primeiro lugar, a união com Cristo e a disponibilidade para o Espírito. E, em segundo lugar, o amor pela Igreja e o serviço ao povo de Deus. O Papa Francisco deixa um legado muito profundo. Eu destacaria, acima de tudo, sua abertura ao Espírito. Isso o tornou um homem muito livre. Gostaria que o próximo Papa continuasse essa linha de abertura, de liberdade. De parresia evangélica. Ele também foi um Papa muito humano, muito solidário com os homens e mulheres de nosso tempo. Embora fosse um homem de caráter forte e personalidade marcante, encontramos nele um pai que nos acolheu, abraçou, ajudou e caminhou conosco. Ele também foi um Papa que se fez entender, que se conectou com pessoas simples. Aquelas frases concretas e lapidares que ele usou, tão bonitas, tocaram o coração e ficaram com ele. O próximo Papa terá de levar em conta essa herança. Com seu próprio estilo, ele ajudará todos nós, que formamos o povo de Deus, a continuar caminhando com passo firme, com esperança e com o maior entusiasmo possível nos tempos em que vivemos. E dada a situação que o mundo e a Igreja estão atravessando, quais são as principais questões urgentes que o próximo Papa deve enfrentar? Com relação ao mundo, a primeira coisa é o compromisso com a paz. É terrível que, mesmo depois de tantos conflitos devastadores no século XX, ainda estejamos comprometidos com a guerra, a força e a destruição. Essa é uma das maiores urgências que temos hoje: a luta pela paz. Para isso, os cristãos devem ser a voz daqueles que não têm voz. E devemos denunciar as injustiças que são tanto a causa quanto a consequência dessas situações. Também temos um compromisso com a vida e sua dignidade, desde o primeiro momento até o último. A Igreja deve oferecer uma alternativa válida, crível e concreta à cultura da morte, que está avançando. E, em terceiro lugar, eu gostaria que a Igreja continuasse a gerar cultura cristã, em diálogo com o mundo. Sem se fechar de forma autista em suas seguranças ou se deixar levar pela tentação das trincheiras. É necessário saber ler os sinais de nosso tempo. Às vezes a mensagem não passa porque usamos uma linguagem que não é mais compreendida, estamos ausentes, vivemos ancorados em um mundo que não existe mais.  Precisamos repensar nossa presença tanto na mídia quanto nos fóruns culturais. Francisco plantou muitas sementes durante seu pontificado, quais são os frutos que foram colhidos e os que ainda estão por vir? O fruto será, obviamente, a forte vivência da fé cristã e seu testemunho. Ou seja, o encontro experiencial com Cristo e o desafio de comunicá-lo na missão evangelizadora. As sementes da participação foram lançadas, da corresponsabilidade diferenciada que brota do batismo. Devemos continuar a progredir nesse sentido. Fazemos parte da Igreja, não somos espectadores, mas membros, do corpo de Cristo. Sempre sabendo que toda responsabilidade na Igreja é serviço.  Nessa linha, devemos continuar a desenvolver a colegialidade episcopal, a descentralização e, ao mesmo tempo, a comunhão e a troca de dons entre as Igrejas. Outra semente é a da unidade pluriforme, a integração da unidade e da pluralidade na Igreja. Primeira unidade (de fé, de sacramentos, de hierarquia). Disso resulta tanto a pluralidade de vocações, carismas e ministérios (superando o clericalismo) quanto a consideração de uma…
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Implantação da Pastoral da Sobriedade na paroquia de Benjamin Constant

Aconteceu no auditório Benjamin Constant, no dia 24 de abril, o encontro promovido pela Paróquia Imaculada Conceição para a implantação da Pastoral da Sobriedade. Estiveram presentes várias outras instituições e, nos receberam com muito carinho e cheios de boa vontade e esperança com propósito de ajudar com parcerias, fornecendo seus serviços e formando redes. O objetivo do encontro foi “Prevenção, Recuperação Intervenção, Reinserção e Políticas públicas voltadas para Dependência química ou outras dependências”.  Também tivemos a oportunidade de apresentar a Pastoral ao Padre João Evandro da Paróquia São Sebastião em Atalaia do Norte. Visitamos Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese de Alto Solimões e almoçamos com ele, onde ouvimos dele uma rica orientação sobre o trabalho da Pastoral da Sobriedade que é um Organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Pastoral da Sobriedade Regional Norte 1