Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Autor: Luis Miguel Modino

Dom Luiz Soares: “Não estão nos dando a possibilidade de pensar”

O Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas acolheu no dia 18 de outubro de 2025 o lançamento da reedição de dois livros que tem a ver com a história da Amazônia e da Igreja na capital amazonense. “Centenário da Igreja de São Sebastião de Manaus 1888-1988”, de autoria de Aristóteles Alencar, e “Já é Tempo de Pensar”, de dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus. Estão nos roubando a interioridade O escrito do arcebispo emérito pode ser visto como foi relatado na apresentação como uma voz harmônica com a realidade social de seu tempo, um instrumento para edificar com o bem, ensinar com o exemplo e com a caridade, para fortalecer a fé dos amazonenses, considerando a palavra de dom Luiz Soares Vieira como uma permanente benção de amor para melhor construirmos o futuro. Em suas palavras, dom Luiz iniciou sua reflexão falando sobre o fenómeno de Maio de 1968 e suas consequências em diversos países. O arcebispo emérito citou Marcuse, que disse “estão nos roubando a interioridade”, um fenômeno que hoje continua presente, inclusive está se incrementando, e que levou dom Luiz a dizer que “não estão nos dando a possibilidade de pensar”. Uma realidade que se manifesta na vida corrida, as muitas informações, a perdida do hábito de leitura, o auge da Inteligência Artificial, que coloca em nossa frente o perigo de sermos dominados pela máquina. Mesmo reconhecendo as ajudas da Inteligência Artificial, ele advertiu sobre o perigo de sermos escravizados e perder a possibilidade de pensar. Não perdermos a interioridade Por sua vez, Aristóteles Alencar destacou a importância da obra como instrumento para preservar a história de Manaus e do Amazonas, relatando diversos fatos históricos que provam essa importância. Muitos desses fatos têm a ver com a caminhada da Igreja católica na capital do Amazonas. O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, destacou a importância dos livros na vida e na cultura. Segundo ele, os livros sempre vão dizendo o caminhar da humanidade, nos ajudam a permanecermos lúcidos, a não perdermos a interioridade, que nos faz ser quem somos. Ele destacou a necessidade de sermos pessoas mais completas e mais maduras, de ajudar a ler, a pensar. Isso porque não podemos viver das informações, precisamos reaprender a pensar e os livros nos ajudam muito, encerrou o cardeal.

Dom Adolfo Zon: “Com a Coleta Missionária, estamos dizendo ‘sim’ ao Evangelho que transforma vidas”

No próximo domingo 19 de outubro acontece o Dia Mundial das Missões, que em 2025 tem como tema “Missionários da Esperança entre os povos”, e como lema “A esperança que não decepciona” (Rm 5, 5). Para motivar a Coleta Missionária, que a Igreja do Brasil pede ser realizada nos dias 18 e 19 de outubro, o bispo da diocese de Alto Solimões e vice-presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), dom Adolfo Zon, divulgou uma mensagem nesta quinta-feira, 16 de outubro. Missionários da esperança O texto lembra que “a Igreja no Brasil se une mais uma vez em oração, solidariedade e generosidade com a Coleta Missionária do Dia Mundial das Missões.” Junto com isso, dom Adolfo Zon afirma que “neste ano, o Papa nos convida a sermos missionários da esperança, uma esperança firme, enraizada na fé, que não decepciona porque está voltada para Deus e sustentada pelo amor”. O bispo, que é Missionário Xaveriano, disse que “em um mundo marcado por guerras, desigualdades, desespero e isolamento, os missionários e missionárias da Igreja anunciam que a vida tem sentido, que o amor de Cristo alcança todos os povos, que a esperança cristã permanece mesmo em meio à dor”. Somar-se ao esforço missionário da Igreja É por isso que, “ao contribuirmos com a Coleta Missionária, estamos dizendo ‘sim’ ao envio da Igreja, ‘sim’ à partilha com quem mais precisa, ‘sim’ ao Evangelho que transforma vidas e realidades”, enfatizou o vice-presidente do Regional Norte 1. Segundo ele, “nosso gesto se soma ao esforço missionário da Igreja no mundo inteiro, apoiando dioceses pobres, projetos de evangelização, formação de seminaristas, catequistas e obras de caridade”. Finalmente, dom Adolfo Zon faz um chamado para que “neste mês missionário, sejamos também nós missionários da esperança!” Para isso, ele pede que, “com alegria, fé e generosidade, façamos a nossa oferta nos dias 18 e 19 de outubro. Que a nossa contribuição seja sinal de que a esperança não decepciona (Rm 5,5), porque é sustentada pelo amor de Deus”, e junto com isso que “Sejamos generosos!”

Leão XIV e Lula: os pobres no centro

Segunda-feira, 13 de outubro de 2025, o Papa Leão XIV recebeu em audiência privada Lula, o presidente do Brasil. Podemos dizer que tanto o pontífice como o presidente brasileiro colocam os pobres no centro. Robert Prevost, o agostiniano nascido nos Estados Unidos, escolheu viver como religioso no Peru, no meio dos pobres, e Luiz Inácio Lula da Silva, que experimentou a pobreza em sua infância, assumiu desde seu primeiro mandato a defesa e promoção dos pobres. O amor aos pobres Leão XIV publicou na semana passada sua primeira exortação apostólica, “Dilexi te” (Eu te amei), que pode ser vista como um chamado a viver o Evangelho a partir dos pobres e nos faz a proposta de refletir sobre o amor aos pobres. Na mesma linha, Lula disse depois do encontro com o Santo Padre que “não podemos separar a fé do amor aos pobres”. Durante o encontro o presidente brasileiro manifestou ao Papa a necessidade de “criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade”, fazendo um chamado a ler o documento pontifício e colocá-lo em prática por parte de todos. Nesse sentido, as políticas promovidas pelo governo Lula têm feito com que o Brasil saísse do Mapa da Fome, um grande desafio em um país onde a desigualdade social tem acompanhado a história do país, atingindo especialmente as mulheres, os afrodescendentes, os povos indígenas, os moradores das favelas e do Nordeste e o Norte do país. Transformar estruturas Diante da pobreza somos chamados a superar os preconceitos e a ideia de meritocracia, segundo nos mostra o texto pontifício. Um texto que nos faz entender que somos desafiados como humanidade e como cristãos a transformar as estruturas que geram pobreza, que excluem uma boa parte da humanidade, que é descartada por grupos de poder político e económico. A pobreza é bem mais do que uma ideia, ela tem rosto e nos mostra que o mundo tem perdido a alma na medida em que deixou tomar conta da vida da humanidade a uma economia que mata. Combater a pobreza não é uma ideologia, é uma questão de justiça, é uma atitude necessária naqueles que dizemos ter fé, naqueles que temos o Evangelho como norma de vida. Os cristãos acreditamos em um Deus que não é alheio ao que acontece no mundo, ao sofrimento dos descartados. Os pobres, lugar privilegiado de encontro com Cristo O cristão é obrigado a entender que os pobres são “o lugar privilegiado no encontro com Cristo”. Isso faz com que não possamos ficar indiferentes diante das vítimas da pobreza, mas também é um chamado a assumir a simplicidade evangélica como modo de vida. Uma atitude que nos identifica com Jesus, aquele que quebrou o esquema social estabelecido, que mostrou a compaixão como atitude básica na vida de todos aqueles que acreditam em Deus. Independentemente das motivações que cada um de nós tem o grande desafio é enxergar a presença de Cristo nos pobres e viver o Evangelho não só com palavras, mas também com obras, com atitudes. Isso porque a fé cristã não pode ser separada do amor concreto, da justiça social e da transformação das estruturas que geram miséria e exclusão. Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: “Jesus é o vinho novo na celebração das Bodas entre Deus e a humanidade”

“Celebramos neste domingo, na Igreja no Brasil, a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil”, disse o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, no início de sua homilia. Segundo ele, “o Evangelho nos ensinava que Jesus iniciou a sua presença de salvação com um sinal. As Bodas de Caná na Galileia foi o primeiro sinal de Jesus realizado, indicando o encontro entre Deus e a nossa humanidade. Os sinais sinalizam, indicam realidades que no dia a dia não percebemos. Sinais despertam para a razão, verdades e grandezas desapercebidas e, no entanto, nos deixam participar da festa, do encontro”. Maria percebe a dificuldade O primeiro sinal, recordou o cardeal, “expressa a celebração do amor de dois recém-casados que se encontram em dificuldade no dia mais importante da vida. No meio da festa falta um elemento essencial, o vinho, e a alegria corre o risco de desaparecer entre os convivas. Maria, a Mãe de Jesus, percebeu a dificuldade e diz a Jesus: ‘Eles não têm mais vinho’. As palavras e o gesto de Nossa Senhora é o sinal da participação e do cuidado dela para com a festa de casamento. Nas palavras de Jesus, Nossa Senhora diz aos serventes: ‘Fazei tudo o que ele vos disser!’” Segundo o cardeal, “o mandato, o mandamento, da transformação, a mudança, a alegre continuidade das bodas, pede serviço, trabalho: encher as talhas com águas. O servir é que transforma o encontro das núpcias em sabor, em degustação da preciosidade do amor. As talhas que guardavam a água para a purificação estavam vazias. Jesus pede que sejam enchidas e transforma a água das talhas em vinho. A festa de casamento, sinal da comunidade humana que não tem mais vinho e, por isso, perdeu a alegria de viver, indicando que a humanidade perdeu a esperança”. “Na transformação da água em vinho vemos que Jesus é o vinho novo na celebração das Bodas entre Deus e a humanidade”, sublinhou o arcebispo de Manaus. Isso porque “Ele é o vinho novo da celebração do amor que concede a alegria do encontro e a esperança do caminho. Sinal de que a purificação exterior, não possibilita a alegria, não devolve a esperança. A Mãe de Jesus percebeu que havia necessidade de um vinho novo, um vinho melhor para experimentar a alegria de conviver, experimentar a esperança. O ‘Fazei o que ele vos disser’, acende a esperança, possibilita a alegria de quem vislumbra a beleza e a ternura da celebração do amor”. Falta-lhes o essencial “Irmãs e irmãos encanta o milagre do Evangelho de hoje!”, disse o cardeal. Segundo ele, “a delicadeza da percepção de Maria, o cuidado de Jesus em encher novamente de água as talhas da purificação, o trabalho generoso dos servos, o servir a água transformada em vinho. Toda narrativa Joanea indicando a transformação da nossa vida, da existência humana. Nossa Senhora participando das núpcias, dos encontros de amor, de nossas vidas, percebendo a falta, a penúria, a necessidade, a quase mendicância da nossa vida, atenta à nossa pobreza, fraqueza, dizendo: ‘Eles não têm mais vinho!’ Como que dizendo: falta-lhes o essencial, falta-lhes o vital, o mais importante, falta o que dê sentido ao encontro, falta o vinho… sem o essencial, sem o vital, não acontece mais a festa, vem a morte, desaparece o encanto de viver, a força de viver. E ela, então, nos repete hoje a palavra: ‘Fazei tudo o que ele voz disser!’” “E nós aceitamos o convite de encher as talhas da purificação. As talhas, a nossa vida, tanta capacidade, com tanto de possibilidade de purificação, de transformação na medida em que caminhamos entre a nossa casa, o nosso coração, e a fonte, Deus fonte de nossas vidas. E depois de pensarmos que fizemos tudo o que deveríamos fazer, talhas cheias, repletas da generosidade de nossa pobreza, transbordantes das possibilidades das nossas deficiências, somos, mais uma vez convidados: ‘Agora tirai e levai ao mestre-sala’. Depois de termos feito tudo o que poderíamos fazer vem o convite da transformação: servir! No servir às necessidades dos que desejam celebrar a bodas da vida que somos purificados, transformados, plenificados”, afirmou o cardeal Steiner. Isso porque “o Evangelho na Bodas de Caná nos revela o amor transformativo de Deus; o amor próximo, terno e compassivo, consolador!”, recordou. A vida do seu povo Na primeira leitura, ele destacou que “Rainha Ester vê as necessidades do povo e vai em socorro. Se apresenta ao rei correndo o risco de morte e implora: ‘A vida do meu povo, eis o meu desejo’! Não pensou em si mesma, mas na vida de seu povo. O rei acolheu o pedido de Ester e salvou o povo. O sinal de Ester é o sinal dos pequenos, dos humilhados, que não temem o poder frente a liberdade do conviver. Ester pôs toda a sua vida a serviço da vida do seu povo. Tornou-se sinal de beleza, de inteligência, da esperança, da libertação do povo”. Na segunda leitura, o arcebispo referiu-se a outro sinal: “apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”. Segundo ele, “uma mulher e um dragão, a fragilidade e a pequenez da mulher, que acabara de dar à luz e a força e a violência do dragão, que destrói e persegue. O Apocalipse a indicar a realidade de conflito e perseguição que as primeiras comunidades cristãs da Ásia Menor estavam sofrendo. Os cristãos eram perseguidos, aniquilados, destruídos pelo Império Romano. O dragão é o símbolo desse mal, da força destruidora. A mulher vestida de sol é o sinal de que o mal é vencido. O sinal, Deus gerado menino, não pode ser dominado pelo mal. A Mulher, força das pequenas comunidades, vence a tentação do medo e confia que Deus veio para permanecer junto ao seu povo”. Aparecida, a Mãe atenta O cardeal Steiner relatou que “em 1717,…
Leia mais

Dia das Crianças: o melhor presente é garantir seus direitos

O Dia das Crianças, que no Brasil é comemorado no dia 12 de outubro, deveria nos levar a refletir sobre sua realidade no país e no mundo. Diante de uma data marcada pelos presentes, somos chamados a nos perguntarmos sobre os desafios que as crianças enfrentam e sobre o que dar para elas em vista de um futuro melhor. O amanhã das crianças Não podemos esquecer que nas crianças está o futuro da humanidade, mas a realidade atual tem que nos levar a nos questionarmos como será o amanhã. Uma reflexão que tem que abordar questões relacionadas com as mudanças climáticas e o futuro do Planeta, com a Inteligência Artificial e sua influência na vida cotidiana, na vida laboral, com a proteção das crianças diante de todo tipo de abuso e exploração, com o sistema educativo e a formação do conhecimento e da personalidade, com a violência e as guerras, que atingem a vida de muitas crianças. Uma reflexão que tem que estar presente nos diversos âmbitos, na família, na escola, nas igrejas. Na família a criança vai fraguando sua personalidade, assumindo valores e modos de entender a vida que irão determinar sua existência. Uma tarefa que pode ser complementada na escola, nas igrejas, mas que nunca irão substituir o papel fundamental da família. Direitos da criança e do adolescente Os direitos básicos de uma criança e de um adolescente incluem o direito à vida, direito à saúde, direito à educação e cultura, direito ao lazer, direito à liberdade de se expressar, direito à dignidade e ao respeito, direito à convivência familiar e comunitária, direito à proteção e direito a ter preparo para o trabalho, desde que protegido de exploração, abusos e violência. Direitos que no Brasil estão garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A questão é se de fato esses direitos são respeitados na sociedade brasileira. A realidade nos diz que existem crianças no Brasil que não têm garantidos esses direitos. Diante disso, qual é nossa reação? Até que ponto nos envolvemos para que toda criança, todo adolescente, tenha garantidos seus direitos? Como a gente reage quando sabe que existem crianças e adolescentes que não têm seus direitos respeitados? Garantir os direitos O melhor presente que a sociedade pode dar, mas também cada um e cada uma de nós podemos dar para as crianças e adolescentes é aquele que leve a avançar na garantia desses direitos para todos. Tudo o que acontece na vida da criança que não tem garantidos seus direitos fica no segundo plano, pois está ficando como algo secundário o que de fato é fundamental. Que o Dia das Crianças seja uma oportunidade para mostrar como sociedade a preocupação por elas. Que ninguém se conforme com dar só presentes, com buscar uma felicidade externa nas crianças. O que vai fazer com que elas possam crescer em harmonia e se tornarem adultos construtores de uma sociedade melhor é a garantia de seus direitos, e para isso precisam da ajuda de cada um e cada um de nós. Vamos lhes dar esse presente, o melhor presente. Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: “Jesus nos pede que percorramos, com coragem e empenho, o caminho da fé”

No vigésimo sétimo domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que “aumenta a fé é a súplica dos discípulos a Jesus. O pedido, a súplica, que nasce depois de ouvirem a parábola do pobre Lázaro que nos foi proclamado no domingo passado e depois de ouvirem o ensinamento do perdão”, citando o texto do Evangelho: “Se pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe”. Os apóstolos pedem a graça da fé Ele sublinhou que “diante das revelações de Jesus que não cabem na compreensão dos apóstolos, eles pedem a graça da fé. A fé que permite ultrapassar o que é incompreensível, impensável; uma fé que acolhe e oferece horizonte extraordinariamente sem limites. Diante da dificuldade em acolher os ensinamentos de Jesus os discípulos são despertados para a necessidade de uma fé mais robusta, mais aberta, que leva à liberdade diante das contradições e cruzes da vida. A fé que supera a adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstratas sobre Deus. Fé que é fé, é adesão a Jesus, à sua proposta de vida, à vida do ‘Reino’”. O arcebispo recordou que Santo Ambrósio, nos diz Comentário sobre o Evangelho de Lucas VII, 176-180: “Lembro-me de outra passagem que evoca o grão de mostarda, e onde ele é comparado com a fé; diz o Senhor: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Muda-te daqui para acolá”, e ele há-de mudar-se» (Mt 17,19). […] Se, portanto, o Reino dos Céus é como um grão de mostarda e a fé também é como um grão de mostarda, a fé é seguramente o Reino dos Céus e o Reino dos Céus é a fé. Ter fé é ter o Reino dos Céus. […] Foi por isso que Pedro, que tinha fé, recebeu as chaves do Reino dos Céus: para poder abri-lo aos outros (Mt 16,19). Apreciemos agora o alcance da comparação. Este grão é certamente uma coisa comum e simples; mas, se o trituramos, faz irradiar a sua força. Do mesmo modo, à primeira vista, a fé é simples; mas, tocada pela adversidade, faz irradiar a sua força”. Adesão a Jesus Segundo o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos de Brasil: “a adesão a Jesus e ao seu modo de viver, ao seu Reino, é um caminho incômodo, às vezes difícil, pois é um caminho na fragilidade, nas incertezas, na nossa finitude. Um estar a caminho que devagar vai abrindo horizontes, iluminando as incompreensões, os não saberes, possibilitando novas relações e uma percepção sempre mais profunda e real da vida com Deus”. “Nesse caminhar na fé existe um exercício de abandono. Um abandonar-se na fé, abandonar que é próprio da fé ‘é a máxima ousadia do homem’!”, disse citando Karl Rahner. Isso porque “uma partícula ínfima do cosmos se atreve a relacionar-se com a ‘totalidade incompreensível e fundante do universo” e, além disso, o faz confiando absolutamente com seu poder e em seu amor. Perceber a audácia inaudita que implicada atrever-nos a confiar no mistério de Deus’”, disse seguindo José Antônio Pagola, no “Caminho aberto por Jesus, S. Lucas”. Confiar incondicionalmente no Mistério Em palavras do arcebispo de Manaus, “a mensagem central e original de Jesus consiste precisamente em convidar a cada um de nós a confiar incondicionalmente no Mistério insondável que está na origem de tudo. A confiança que ressoa no anúncio: Não tenhas medo, confiai em Deus, chamai-o de Abbá, pai querido, papai. Ele cuida de vós, até os cabelos de vossa cabeça estão contados. Tende fé em Deus. Não vos preocupes.” Ele recordou o texto de Lucas 12,22-28: “Não fiqueis preocupados quanto a vossa vida, pelo que haveis de comer, nem, quanto aos vosso corpo, pelo que haveis de vestir. A vida vale mais quem o alimento, e o corpo mais que o vestuário. Observai os pássaros não semeiam, nem colhem, não tem dispensa, nem celeiro, e Deus os alimenta. Vós valeis mais que os pássaros do céu. Observai os lírios do campo, como crescem. Não trabalham, nem fiam, no entanto, eu vos digo que nem Salomão em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. Ora se Deus veste assim a erva do campo que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, quanto mais a vós fracos na fé.” O cardeal prosseguiu: “Sim, a fé como confiança, como experimentar o cuidado de Deus para conosco”. O arcebispo referiu-se “à confiança proclamada pelo profeta na primeira leitura. Uma confiança que se torna em determinadas situações um clamor, um confronto: Senhor, até quando clamarei, sem me atenderdes, sem me socorres? Destruição e prepotência estão à minha frente; reina a discussão, surge a discórdia”. Ele considera que “as palavras tão atuais, ressoam os nossos dias, a nossas aflições, e e desilusões. E, no entanto, Habacuc a nos despertar para uma confiança: ‘se demorar, espera, pois ela virá com certeza, e não tardará. (…) o justo viverá por sua fé’ (Hab 1,3; 2,3-4)”. Igualmente, ele recordou as palavras de Paulo a Timóteo que nos ilumina ao ensinar: “Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade. Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Usa um compêndio de palavras sadias que de mim ouviste em matéria de fé e de amor em Cristo Jesus. Guarda o precioso depósito, com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós” (2Tm 1,6;8.13-14). É a fé que tem a nós “O Espírito Santo que nos concede o dom da fé, nos concede a gentileza que percebermos que na dinâmica da fé nós não temos fé, é a fé que tem a nós. Mesmo a possibilidade, a disposição de nos abrimos à fé, é doação da fé. A fé é simples: una, inteiriça, coerente. Simples não quer dizer nem…
Leia mais

A missão é fundamento da Igreja, enriquece a vida de cada batizado

A missão é fundamento da Igreja, um chamado inadiável que recebemos todos os batizados e batizadas. Iniciamos o Mês Missionário, que em 2025 tem como tema “Missionários da Esperança entre os Povos”, e como lema o mesmo que nos acompanha ao longo do Ano Jubilar 2025: “A esperança não decepciona”, citando o versículo 5 do capítulo 5 da Carta aos Romanos. Testemunhas de Deus na vida dos outros Quando a gente deixa de lado a missão, como batizados e batizadas e como comunidade eclesial, nos afastamos da razão de nossa vida de fé. Ninguém pode esquecer que somos desafiados a sermos testemunhas de Deus na vida dos outros. Mas também a reconhecer a presença de Deus nas pessoas e em tudo o que acontece, em tudo o que temos em volta de nós. É N´Ele que está a Esperança que não decepciona, daí o desafio de reconhecê-lo e testemunhá-lo. Fazer missão não pode ser entendido como proselitismo e sim como testemunho de vida. As pessoas vão se encantando com Deus, vão se tornando discípulos e discípulas, na medida em que descobrem N´Ele, a partir do testemunho missionário dos irmãos e irmãs, a Esperança que não decepciona. A conquista de novos membros para a Igreja não é consequência de uma batalha, não é furto de uma imposição. As pessoas respondem ao chamado do Deus que se comunica nas coisas pequenas, na leve brisa, na pequenez da cotidianidade. Ele está conosco, e em nós se apresenta na vida de cada pessoa, que é livre para responder à proposta de vida que Ele faz a cada um através de seu chamado a segui-lo. A missão nos enriquece A missão entre os povos enriquece a vida de cada batizado. Na missão a gente vai se enriquecendo, no convívio, no testemunho de fé, a gente vai aprendendo diversos modos de se relacionar com Deus. Ele nos revela seu rosto, encarnado em pessoas concretas, nos mostra que com Ele nossa vida encontra sentido e pode ser vivida com esperança, com alegria, com sentido. O Documento Final do Sínodo para a Amazônia nos desafia a ser uma Igreja de presença. Podemos dizer que a missão tem mais sentido quando ela nos ajuda a ser presença na vida do povo, quando nos leva a partilhar o cotidiano das pessoas. Missão é bem mais do que celebrar, ela tem que nos levar a dividir o caminho do Evangelho, encarnado em tantas pessoas e situações, encarnado no chão e nas águas da Amazônia. Acompanhar a vida de todas as pessoas Acompanhar a vida de todas as pessoas, mas especialmente a vida daqueles que por diversos motivos perderam a esperança, é sempre um desafio a ser enfrentado por aqueles que assumem o chamado a serem missionários da Esperança entre os povos. Nesse caminhar junto, a gente recebe tanto quanto dá, inclusive bem mais do que dá. Na partilha da experiência de fé com o povo, o missionário carrega as baterias para continuar levando o Evangelho entre os povos. A exemplo de Paulo, aquele que na primeira Igreja, em circunstâncias difíceis, levou a Esperança para as pequenas comunidades que se iniciavam no caminho do cristianismo, na trilha do discipulado, somos chamados por Deus a continuar essa tarefa, a levar adiante essa mesma missão. Sem medo a enfrentar os empecilhos, com a coragem que nasce do fato de caminhar em companhia de Jesus, avancemos ao encontro dos outros e levemos o fundamento de nossa vida pessoal e comunitária: a Boa Notícia do Evangelho. Editorial Rádio Rio Mar

Dom Adolfo Zon: No Mês Missionário “reafirmar o compromisso com a missão”

No início do Mês Missionário, o bispo da diocese de Alto Solimões e vice-presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), dom Adolfo Zon, escreveu uma mensagem onde lembra que “somos chamados a vivenciar o mês missionário sob o belo e profundo tema: ‘Missionários da Esperança entre os Povos’, inspirado pelo lema: ‘A esperança não decepciona’ (Rm 5,5)”. Segundo o bispo, “em tempos marcados por incertezas, desigualdades e tantos desafios humanos e espirituais, a Igreja nos convida a ser sinal vivo da esperança que vem de Deus, uma esperança que não se baseia em promessas vazias, mas no amor derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” Dom Adolfo Zon faz um triplo chamado: reafirmar o compromisso com a missão; ser esperança viva nas comunidades; caminhar juntos, com espírito sinodal, explicitando os passos a serem dados. Ele mostra o desejo do Mês Missionário ajudar a “redescobrir a beleza da missão, reacendendo em nós o ardor pelo anúncio do Reino”, e junto com isso promover nas paróquias e comunidades “momentos de oração, formação missionária, gestos concretos de solidariedade e evangelização nas casas, nas ruas, nas escolas, com especial atenção aos mais necessitados”.

Regional Norte 1 participa de Seminário Nacional da Campanha da Fraternidade 2026

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realizou de 25 a 28 de setembro de 2025 o Seminário da Campanha da Fraternidade 2026, que traz como tema “Fraternidade e Moradia”, e como lema “Ele veio morar entre nós”. O Regional Norte 1 esteve representado pela Ir. Rosiene Gomes, articuladora regional das pastorais sociais, e o padre Alcimar Araújo, vice-presidente da Cáritas Arquidiocesana de Manaus e vice-reitor do Seminário São José. Um grito que emerge da realidade Segundo a religiosa, “estes dias foram dias de grande aprendizado, de experiências, de uma convivência muito agradável, com a participação dos 19 regionais do Brasil e acompanhado também de testemunhos muito vivos, concretos da nossa realidade hoje.” Segundo a Ir. Rosiene “a temática proposta sobre a moradia é um grito que emerge das nossas realidades, um grito urgente de tantas pessoas que sofrem no dia a dia por não ter um teto, não ter uma casa para viver com mais dignidade”. “O que norteou o seminário foi o Texto base da Campanha da Fraternidade, aonde nós vimos o ver, o iluminar e o agir”, relatou a articuladora das Pastorais Sociais do Regional Norte 1. Ela desataca a presença de assessores com grande experiência e capacidade de apresentar a temática proposta. Junto com isso, a importância da partilha de algumas experiências concretas de vários grupos que realizam sua missão nesse campo da moradia. Trabalho com moradores de rua Dentre as partilhas cabe destacar a Pastoral da Moradia, uma pastoral nova no Brasil, que está crescendo nos vários regionais. O Regional Norte 1 ainda não conta com essa pastoral, mas a Ir. Rosiene vê que essa pode ser uma das propostas a surgir na Campanha da Fraternidade 2026, mostrando o compromisso como Igreja, como cristãos. Os participantes do Seminário conheceram o trabalho que a Pastoral do Povo de Rua realiza junto aos moradores de rua no centro de Brasília. Divididos em grupos, os participantes do Seminário foram ao encontro das pessoas que passam a noites nas calçadas da capital do país, dividindo a janta com essas pessoas, sendo também um momento de conversa, de escuta de seus relatos de vida, de suas experiências de vida, segundo conta a religiosa. Esse momento foi acompanhado por uma celebração, sendo rezado o Ofício Divino, tendo a participação dos moradores de rua, que apresentaram as suas músicas, os seus louvores. A Ir. Rosiene destaca esse momento como uma novidade, como algo muito expressivo. Ela disse acreditar que “esta campanha também é uma extensão da própria campanha que vivemos este ano sobre a Ecologia Integral, que é o cuidado com a casa comum. A luta pela moradia também fala da vida, do cuidado com a vida em todas as suas dimensões e sobretudo a vida humana.” Um seminário que é “ponto inicial para começarmos já a pensar como vamos viver esta campanha nas nossas realidades”, concluiu. Cada número é uma pessoa O padre Alcimar Araujo ressaltou a importância de o seminário “para a gente aprofundar a reflexão sobre a problemática da moradia no Brasil. A gente viu em números tudo isso, mas o mais importante é perceber que cada número é uma pessoa. Uma pessoa idosa, uma pessoa doente, uma criança, um pai, uma mãe.” Ele disse que “aí nós percebemos que sem o teto, que é a porta de entrada para todos os direitos, é muito complicado a gente fazer valer os direitos das pessoas”. O presbítero da arquidiocese de Manaus afirma que “a Igreja reflete sobre isso, é a voz profética da Igreja sobre tudo isso.” Ao longo de 2026, o padre Alcimar espera que “a gente consiga articular e rearticular as pastorais sociais, sobretudo, a Pastoral da Moradia nos estados, nos municípios, reaproximar-se dos movimentos de moradia, porque existem no Brasil já, e assim a gente possa fazer valer as políticas públicas que existem para moradia. Em Manaus, nós sabemos que tem um déficit enorme, assim como em outros municípios, mas também não só entregar casas, mas formar lá e também com qualidade e dignidade para todos”.

Cardeal Steiner: “O abismo que se abre na parábola entre os dois modos de viver”

No 26ºDomingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua reflexão afirmando que “o Evangelho a nos apresentar duas pessoas e nelas dois modos de vida, de viver. Um pobre, desvalido, esquecido, maltrapilho, faminto; existencialmente no chão, como que sem chão. Não sabemos como sobrevivia, pois nem migalhas lhe eram permitidas. Temos diante dos olhos um homem, sem valia, desprotegido, apenas protegido e cuidado pelos cães. Um rejeitado da vida, sem eira nem beira”. Olhos fechados para o outro Segundo o arcebispo, “ousaríamos dizer como o profeta Isaías: ‘Não tinha aparência nem beleza para que o olhássemos, nem formosura que nos atraísse. Foi desprezado, como o último dos homens, homem de dores, experimentado no sofrimento e quase escondíamos o rosto diante dele; desprezado, não lhe demos nenhuma importância.’ (Is 53,2-3). Nossos olhos conseguem vê-lo na fome, na miséria, no desprezo, mas se fecham quando vemos suas feridas sendo lambidas pelos cães”. “A deshumanidade nos aterroriza, nos ataca, pode nos tornar insensíveis; ela nos machuca, nos faz sofrer. O afastado e desprezado nos leva a quase descompaixão. E, no entanto, este homem tem um nome: Lázaro. Lázaro que é a expressão de ‘Deus ajuda’, ‘Deus é meu auxílio’. Talvez até possa nascer em nós o desejo de uma prece: Deus vinde em seu auxílio, Deus seja o seu auxílio. E somos conduzidos em nosso olhar meditativo e contemplativo para a morte que conduz à vida: “Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão”. Da miséria à vida, ao seio, à vida abraâmica, à descendência de Deus. Um abismo, encontro no desencontro”, disse o cardeal Steiner. Uma narrativa que nos incomoda Em suas palavras, ele mostrou que “quase nos incomoda a narrativa de Lucas ao contemplar o desprezado e esquecido sendo conduzido à vida da Trindade. Aquele estranhamento de uma vida, não-vida, uma vida não vivida e que se torna vida eterna. Será necessário passar pela não-vida, para entrar na vida eterna?” O presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), recordou as palavras de Santo Agostinho no Sermão 24,3: “Não foi a pobreza que conduziu Lázaro ao céu, mas a sua humildade. Nem foram as riquezas que impediram o rico de entrar no descanso eterno, mas o seu egoísmo e a sua infidelidade”. “O outro modo de vida apresentado pelo Evangelho é de uma pessoa que vive vestido com roupas finas e elegantes. Um estilo de vida que circula entorno de si mesmo, no descuido de si. No seu aparecer, na sua aparência tem luxo e elegância falsa. No seu conviver é de festa, prazer diário. Todos os dias no esplendor e no vagar existencial sem relações, sem envolvimento, sem comprometimento. Já não enxerga mais a entrada de sua vida e viver, perdeu o ingresso, a porta do convívio, perdeu os olhos para além de si mesmo. Os convivas são apenas a possibilidade da veste de si mesmo. Existe ele e mais ninguém”, refletiu o arcebispo de Manaus. Diante disso, o cardeal Steiner sublinhou que “a vida é dom! Ele, no entanto, acaba desprezando a sua vida. Não sabe assumir como dom. Quando dom, está a serviço dos outros, principalmente dos necessitados, dos pobres, que estão à porta do existir. Fechou sua vida à solidariedade, à comunhão, impedindo satisfazer as necessidades mais profundas de sua humanidade: cuidar, partilhar. É apenas desencontro!” Confundir utilidade com felicidade Ele recordou as palavras de Papa Francisco à Pontifícia Academia das Ciências Sociais: “Hoje estamos diante de um paradigma dominante, amplamente difundido pelo ‘pensamento único’, que confunde utilidade com felicidade, divertir-se com o viver bem, e afirma ser o único critério válido para o discernimento. Esta é uma forma sutil de colonialismo ideológico. Trata-se de impor a ideologia de que a felicidade consiste apenas no que é útil, nas coisas e posses, na abundância de coisas, na fama e no dinheiro.” Isso mostra “o sabor do dom da vida que se esvai. Perde o gosto de viver, da solidariedade, do amar sem porque, da gratuidade da porta aberta, do encontro com os necessitados”. O cardeal, seguindo as palavras do profeta Amós na primeira leitura, disse que “fazem ressoar a vida que se perde, se esvazia, se esvai e que acaba desterrada: ‘Ai dos que vivem despreocupadamente em Sião, os que se sentem seguros nas alturas de Samaria! Os que dormem em camas de marfim, deitam-se em almofadas, comendo cordeiros do rebanho e novilhos do seu gado; os que bebem vinho em taças e se perfumam com os mais finos unguentos e não se preocupam com a ruína de José’ (Am 6,4-7)”. Palavras do profeta que o levaram a afirmar: “insensível, viver um mundo à parte, descuidado com a mundo que o rodeia, desligado da graça de pertença à tribo de José. Vida que flutua, desenraizado, sem fonte que satisfaça a sede de viver. Vida destruída, sorvida por si mesma, tomada pelo vazio do viver. Traição!” O abismo do mim mesmo “O abismo que se abre na parábola entre os dois modos de viver e que se fecha ao encontro é a inércia, o esquecimento, a indiferença diante daquele que está à porta. O abismo está na indiferença que às vezes atinge a cada um de nós quando somos indiferentes, nos habituamos a ver pessoas famintas, deserdadas e descartadas, somos indiferentes diante da pobreza, da violência, da injustiça. O abismo que vai se formando quando os olhos deixaram de alcançar a porta e quem está à porta, para além da porta do existir. E perdemos a sensibilidade para as chagas que hoje afligem a tantas pessoas”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele citou as palavras de São Jerônimo: “Oh! Quão infeliz és tu entre os homens! Vês um membro do teu corpo prostrado diante da porta e não tens compaixão! Em meio às tuas riquezas, o que fazes do que te é supérfluo?”. Partindo disso, ele afirmou que “o abismo entre os dois modos de viver podem nos atingir, quando perdemos a…
Leia mais