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Autor: Luis Miguel Modino

Nossa força na Tríplice Fronteira está em caminharmos juntos

Entre os dias 16 a 18 de setembro um grupo de 28 missionários da tríplice fronteira de Brasil, Perú e Colômbia estiveram reunidos na Reserva Ecológica Ágape em Leticia- Colômbia.  O objetivo geral do encontro foi gerar espaço de formação, fazer memória do processo histórico dos encontros dos missionários da tríplice fronteira, refletir e tecer redes de cuidado com a vida na Amazônia. A convivência nestes dias se deu em um clima de harmonia, alegría de poder estar juntos compartilhando sonhos, esperanças e desafios. Diálogo como ferramenta de comunhão Em este espaço tivemos o acompanhamento da futura secretária da REPAM Panamazônica, Clara Gricel Ximena Lombana. Ela trabalhou com os missionários sobre direitos humanos e apresentou a cartilha da REPAM de orientação de como fazer a incidência política. A sugestão é que os missionários das três jurisdições eclesiásticas priorizem o diálogo como uma ferramenta poderosa de comunhão e que tenham um plano de trabalho comum no território e que seja um processo permanente na tríplice fronteira. O ideal é construir uma proposta de formação para os missionários (religiosos, leigos), sacerdotes e lideranças das comunidades do próprio território. Foi sentida a necessidade de que as três igrejas locais fortaleçam o diálogo e juntos possam buscar caminhos pastorais na tríplice fronteira.  Estão construindo novas territorialidades políticas. É um momento global muito delicado. Os povos indígenas são profecia e é importante empoderar-los. É muito importante estar na missão com a consciência de que não somos eternos, por isto é necessário tecer redes, fazer processos coletivos, superar a autoreferencialidade pessoal e institucional e pensar novos modelos de comunidades missionárias para a manutenção das presencias dos diversos carisma na Amazônia, considerando também os missionários do próprio território. Aprender, olhar, apostar     Os missionários que habitam este território amazônico da tríplice fronteira são convidados a tirar as sandálias dos pés e sentir a terra que pisa com a mente e com o coração, aprender com as pessoas, olhar os povos originários, afros e ribeirinhos; apostar pela incidência da justiça social e direitos ambientais. Agradecemos a REPAM por escutar e acolher nosso pedido de acompanhamento e formação. Agradecemos a todos os missionários que já passaram e deixaram suas pegadas de testemunho e profecia. Agradecemos a todos os missionários que estão presentes e que no cotidiano da vida tecem relações, redes de cuidado e compromisso com a vida, especialmente com os mais necessitados. Gratidão a Equipe Itinerante pela presença alegre e mística entre nós. Pelo grupo dos Missionários da tríplice fronteira, Ir. Lizete Soares da Cunha

52ª Assembleia Regional Norte 1: Procurar o caminho para promover uma evangelização sinodal

As Diretrizes da Ação Evangelizadora marcam a vida pastoral da Igreja do Brasil, também no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1). Elas são iluminadoras para a caminhada da Igreja, e que ajudam para poder afirmar que “Jesus Cristo é anunciado com clareza em nossa região”, segundo disse o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima. O horizonte do Reino de Deus A Igreja do Regional Norte 1 tem feito um chamado á conversão, a descobrir os sinais de sinodalidade, a entender que as assembleias são momentos que tratam não só como a Igreja se organiza, senão como a Igreja é. Daí a insistência em que “estamos trabalhando nossa identidade”, disse dom Zenildo, procurando que “não fique longe da nossa perspectiva o horizonte do Reino de Deus”, recordando as palavras do arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, cardeal Leonardo Steiner. A evangelização da Igreja no Brasil e as diretrizes não podem esquecer que o mundo é cada vez mais urbano, uma realidade presente no Brasil e na Amazônia. Junto com isso, o “ethos religioso brasileiro”, marcado hoje pela pluralidade de religiões, de caráter individual, mutante e palpável. Algo que provoca um descompasso entre o querer da Igreja no que faz referência à evangelização e os caminhos que está tomando a sociedade, com uma Igreja que tem uma incidência cada vez menor na vida cotidiana. Diante disso missão, comunidade e iniciação cristã aparecem como elementos que não podem ser ignorados. Iniciação à Vida Cristã, comunidades de discípulos missionários, liturgia e piedade popular, cuidar das fragilidades das pessoas e da casa comum, aparecem como elementos presentes nas novas Diretrizes que estão sendo elaboradas. Tudo isso em uma sociedade marcada pela indiferença, migração e crise humanista, a manipulação das ideias e informações, o cansaço, a crise política e o novo cenário religioso. Elementos que marcam a caminhada No Regional Norte 1, nas igrejas locais e as pastorais, existem elementos que marcam a caminhada: o anúncio querigmático, a centralidade da Palavra de Deus, a Iniciação à Vida Cristã, o seguimento de Jesus Cristo, a família, o diálogo com as novas expressões religiosas, a missão, a ecologia integral, a avaliação dos processos e o fundo para a Evangelização. Diante disso o grande desafio é procurar o caminho para promover uma evangelização sinodal, para evangelizar sinodalmente. Uma dinâmica que deve partir das situações e realidades que estão nos chamando a atenção, mas também das propostas que aparecem no Instrumento de Trabalho das Diretrizes: Iniciação à Vida Cristã, comunidades de discípulos missionários, liturgia e piedade popular e cuidar das fragilidades. Se busca assumir coletivamente como Regional Norte 1 as causas comuns que devem marcar o caminho evangelizador. Existem situações que levam à reflexão na Igreja do Regional Norte 1. Dentre outras, foi destacada a realidade política, as redes sociais e a internet como espaço em disputa e como instrumento de manipulação, gerando uma espiritualidade de guerra e de combate aos outros. Junto com isso, o impacto das facções, do garimpo, da pirataria, das guerras urbanas, do narcotráfico no território e nas pessoas. Uma realidade eclesial marcada pelo individualismo, a fragilidade da identidade católica, a falta de pertença e de inserção eclesial, a preocupação com a vida comunitária, lugar privilegiado para a vivência da fé e da formação para o discipulado missionário. Igualmente foi destacada a mobilidade religiosa, o avanço de grupos evangélicos neopentecostais de modo sistemático e organizado, a espiritualidade marcada pela teologia da prosperidade e do domínio, realidades que interpelam a evangelização sinodal. Caminhos de evangelização O Documento de Aparecida fala sobre a diferença do olhar do discípulo missionário, marcado pelo amor e o comprometimento, em vista de um processo de redenção de Deus, sempre muito amoroso. Daí surgem os caminhos de evangelização, com alguns elementos destacados: a Palavra de Deus, no estudo, na celebração, nos círculos bíblicos; a Iniciação à Vida Cristã como formação para o discipulado; as comunidades, lugar de evangelização, de formação do sujeito e da promoção da vida plena, de preocupação com a ecologia integral; a identidade missionária, caminho e fundamento da evangelização sinodal; a atenção aos jovens; a opção pelos pobres, como cabeçalho do comprometimento. Os elementos que não podem ser ignorados nas Diretrizes a serem construídas partem do binômio eclesialidade-sinodalidade, que leve a recolocar as estruturas em chave de sinodalidade, com um instrumento metodológico de avaliação das iniciativas evangelizadoras. Uma dinâmica que deve ter em conta a realidade atual deve marcar as propostas evangelizadoras em vista do cuidado da vida plena. Comunidade, formação, sinodalidade “Reafirmar a comunidade” deve ser sempre o propósito na Igreja católica, segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1. Algo que deve ser feito, “pessoa a pessoa, não virtual”, em uma sociedade em que diante do avança da tecnologia e da Inteligência Artificial, “as relações não estão mais sendo construídas, mesmo familiarmente”, sublinha o cardeal. Ele destaca “a questão das relações da comunidade, das relações interpessoais, cada vez mais se exige um cultivo”. Igualmente, o presidente do Regional Norte 1 ressalta a questão da formação para todos, um elemento destacado no Sínodo da Sinodalidade e na reflexão da 52ª Assembleia Regional Norte 1. Uma formação “para poder darmos as razões da nossa fé”, e que deve ser oferecida às comunidades. Junto com isso a eclesialidade sinodal, um caminho feito no Regional Norte 1, mas que deve ser aprofundado. Refletindo sobre a avaliação, o cardeal Steiner afirma que “nós poderíamos avaliar as nossas ações, nossos projetos, mas é tão difícil, quase impossível, avaliar a fé, até que ponto nós cremos”. Nesse sentido, ele disse ter a impressão de que “a fé é que nos tem, não que nós temos fé”, que “nós fomos despertados para a fé”, que “a experiência da fé é algo extraordinário que não se consegue mensurar”. Junto com isso ele vê a necessidade de abordar a questão da ideologização da fé, “que não é mais fé, é uma ideologia”. O cardeal falou dessa “espécie de segurança que se busca hoje…
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Não ter medo de caminhar juntos

As nove igrejas locais que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: Manaus, Alto Solimões, Tefé, Coari, Borba, Itacoatiara, Parintins, Roraima e São Gabriel da Cachoeira, estão reunidas em assembleia. A sinodalidade, caminhar juntos, está sendo o ponto central do debate. Testemunhas da riqueza da diversidade Em um mundo dividido, polarizado, enfrentado, sermos testemunhas de que a diversidade não pode ser elemento de divisão e sim algo que nos enriquece, é um grande desafio. As guerras cada vez mais mortíferas, o clima de crispação social, inclusive familiar, o enfrentamento entre as pessoas por motivos nímios, dentre outras situações, só pode ser superado se todos nós nos convencermos que podemos caminhar juntos. Mesmo diante dos desafios a serem enfrentados, a Assembleia do Regional Norte 1 tem mostrado que em muitas comunidades da Igreja católica são vivenciadas situações que representam um verdadeiro testemunho de acolhida dos outros, de valorização de cada pessoa, de compromisso com aqueles que sofrem, com os vulneráveis e descartados pela sociedade. Juntos somos mais Caminhar juntos, porque juntos somos mais, porque o outro nunca pode ser visto como um inimigo, porque a vivência da fraternidade é caminho para nossa realização pessoal, mas também para a construção de um mundo melhor para todos e todas, para a concretização do Reino de Deus. O Documento Final do Sínodo da Sinodalidade nos fala de conversão das relações, dos processos e dos vínculos. Diante disso devemos nos fazermos algumas perguntas: Como me relaciono com os outros? Que olhar eu tenho para com aqueles que pensam diferente? Que caminhos escolho na construção da sociedade? Que vínculos eu estabeleço com os outros? Valores que geram unidade Responder a essas perguntas e assumir a necessidade de entrar no caminho da conversão em nível pessoal e comunitário pode ajudar a descobrir a riqueza de caminhar juntos. Pode nos ajudar a sentir a necessidade de construir um mundo sustentado em valores que geram unidade, que nos levam a olhar para os outros como aqueles que nos ajudam a crescer. Em um mundo que aos poucos se desmorona, a sinodalidade deve ser um testemunho que ajude as pessoas a ter um olhar diferente, a resolver os problemas a partir da escuta, do diálogo e do discernimento em comum. Não tenhamos medo de caminhar juntos, de apostar na sinodalidade, de tentar outros modos de nos relacionarmos. Editorial Rádio Rio Mar

A Sinodalidade nas igrejas locais do Regional Norte 1: um processo de assimilação e caminhar juntos

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) realiza sua 52ª Assembleia de 15 a 18 de setembro de 2025 em Manaus. Com a presença de mais de 70 representantes das nove igrejas locais, das pastorais e serviços, a sinodalidade está sendo o fio condutor de um encontro marcado pela partilha da realidade local. Viver a comunhão Nas igrejas locais do Regional Norte 1 nos deparamos com sinais de sinodalidade. Não pode ser ignorado que a experiência sinodal é um processo que exige assimilação, um exercício de caminhar junto e viver a comunhão. Para avançar nesse caminho de renovação da Igreja a arquidiocese de Manaus está realizando encontros formativos, em diversos âmbitos, a partir do Documento Final do Sínodo, tendo como fruto dessa sinodalidade as diretrizes da ação evangelizadora da arquidiocese. No Regional Norte 1, um dos desafios para as igrejas locais são as distâncias e as dificuldades logísticas que essa realidade provoca. Na diocese de São Gabriel da Cachoeira, a mais extensa e indígena do Brasil, a comunhão é vivenciada entre os povos, lideranças e organizações indígenas e a Igreja do Rio Negro. Uma Igreja que incentiva a participação ativa e protagonismo dos leigos, que assume a proteção de crianças, adolescentes e crianças vulneráveis, o enfrentamento do tráfico de pessoas e o acompanhamento aos migrantes, doentes e pessoas necessitadas de diversos modos. Protagonismo juvenil Igrejas que incentivam o protagonismo juvenil, como acontece na diocese de Borba, mas também a missão, um compromisso assumido pelas pastorais, com uma equipe itinerante missionária que apoia as equipes locais, e o incentivo dos círculos bíblicos, em vista da animação bíblica da pastoral. Passos que ainda encontram desafios, como é a necessidade de avançar na conversão e na escuta. As diversas atividades diocesanas no âmbito da missão e da formação, com grande envolvimento do laicato, sobretudo das mulheres, são expressões de sinodalidade na diocese de Parintins. Uma Igreja local que tem avançado no fortalecimento das pastorais, movimentos e serviços, na maior presença nas ações sociais e no olhar mais atento ao cuidado da casa comum. O desafio é um maior diálogo com as diversas expressões religiosas em vista de ações sociais e ecológicas, avançar na prestação de contas, maior conhecimento da Doutrina Social da Igreja, superar o clericalismo e o individualismo, maior articulação entre as lideranças juvenis, e um programa de formação contínua. As assembleias diocesanas, conselhos, encontro das coordenações, encontros do clero, planos diocesanos de pastoral são realidades cada vez mais presentes nas igrejas locais. As diversas atividades e pastorais, segundo foi relatado pela diocese de Coari, são expressão de sinodalidade. Um caminho que vai adiante, mesmo reconhecendo a necessidade de uma maior escuta do povo, a presença da Igreja nos momentos de dor, e o desafio de aumentar as pastorais em saída e ajudar o povo a entender e aprofundar na sinodalidade. Governo mais sinodal e próximo Aos poucos o estilo de governo vai se tornando mais sinodal e próximo na prelazia de Itacoatiara, que fomenta a vida comunitária a partir da Iniciação à Vida Cristã, a presença missionária nas comunidades, a participação do laicato que assumem diversos ministérios e serviços, com ampla maioria de mulheres. Entre os desafios, fortalecer a escuta real para o discernimento pastoral, mais transparência na prestação de contas, dar mais voz aos jovens e mulheres nas decisões e viver uma espiritualidade sinodal no dia a dia. As expressões de sinodalidade se fazem presente na diocese de Alto Solimões, dentre elas as assembleias em diversos níveis e a grande diversidade de ministérios laicais instituídos. Para isso está se avançando na formação de ministros e na Iniciação à Vida Cristã, com grande presença dos círculos bíblicos nas comunidades. Uma Igreja que também enfrenta desafios no campo do discernimento, no anúncio, entender o batismo como manancial da vida cristã, o resgate da eclesiologia do Povo de Deus nas Comunidades Eclesiais de Base, a passagem do devocionismo desencarnado ao seguimento de Jesus, a implementação dos diversos conselhos e o avance na prestação de contas. Um exemplo de avanço na sinodalidade é o protagonismo das mulheres. Na prelazia de Tefé duas áreas missionárias são conduzidas por mulheres, algo que ajuda nesse avanço. Uma Igreja que potencia o protagonismo do laicato com os animadores e animadoras de setor, na assembleia do laicato, na VI Assembleia das CEBs, em vista de fortalecer a sinodalidade da Igreja, com a participação de mais de mil pessoas. Essa sinodalidade se faz igualmente nas pastorais ou na escuta do bispo nas visitas pastorais às paróquias e comunidades. Decidir conjuntamente a caminhada A espiritualidade cotidiana de sinodalidade anima a diocese de Roraima, uma Igreja que tem uma compreensão de Igreja que brota do batismo, onde todo o Povo de Deus é convidado a participar, especialmente na assembleia sinodal da Igreja de Roraima, em vista de decidir conjuntamente a caminhada a Igreja diocesana, que em 2025 celebra o Jubileu dos 300 anos de evangelização. Uma diocese com coordenações que valorizam a presença dos leigos, algo que se concretiza na equipe sinodal diocesana, que se faz presente nas paróquias e comunidades. Uma Igreja que vai além-fronteiras e tem estabelecido parcerias com a Igreja de Santa Elena (Venezuela), e de Lethem, na Guiana. Uma Igreja que investe em formação missionária com chave na sinodalidade, e que é desafiada no campo da pastoral urbana e no mundo digital. Para acompanhar a vida das comunidades, das paróquias, das igrejas locais, o Seminário São José da arquidiocese de Manaus, um sinal de sinodalidade, forma padres para a Amazônia. 47 jovens chegados das diversas igrejas locais são acompanhados pela equipe formativa, que ajudam a descobrir os elementos próprios que devem configurar a vida dos futuros presbíteros. Um sinal de sinodalidade que também pode ser percebido no Tribunal Eclesiástico, que presta um serviço às nove igrejas locais e é um espaço de escuta. Nessa perspectiva, o bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson Ribeiro, afirmava na missa com que iniciou o terceiro dia que “somos convidados nessa assembleia sinodal, ao voltar…
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Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: conversão das relações a partir da missão

As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora têm acompanhado a vida da Igreja do Brasil nas últimas décadas. Desde 2022 estão sendo elaboradas novas diretrizes, que partiram de um processo de escuta, uma dinâmica que ainda continua, que aportou muitas contribuições segundo o bispo da prelazia de Tefé e membro da equipe responsável das diretrizes, dom José Altevir da Silva. Construção em comum Diversos atores, coordenadores diocesanos de pastoral, assessores das comissões episcopais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, representantes dos Organismos do Povo de Deus, as próprias dioceses a partir de fichas de trabalho, o Documento Final do Sínodo da Sinodalidade, tem ajudado a avançar no caminho de construção das diretrizes, que tem assumido uma metodologia sinodal, sustentada na conversação espiritual. Tudo isso está recolhido no Instrumento de Trabalho, que tem procurado objetividade, claridade e acessibilidade, com uma linguagem simples que tem na missão um elemento que atravessa todo o texto, em vista de um verdadeiro instrumento de comunhão e ação evangelizadora e em continuidade com o Sínodo da Sinodalidade. A assembleia do Regional Norte 1, que está sendo realizada no Centro de Formação da arquidiocese de Manaus, de 15 a 18 de setembro de 2025, quer ser uma oportunidade para aportar elementos que devem estar presentes nas Diretrizes Gerais a partir da realidade das igrejas locais e das três conversões necessárias que propõe o Sínodo: das relações, dos processos e dos vínculos. Igreja peregrina e sinodal As diretrizes têm como objetivo “evangelizar, anunciando Jesus Cristo, como Igreja peregrina e sinodal, fundada na Palavra e nos Sacramentos, no testemunho de fé, esperança e caridade; formando comunidades de discípulos missionários, valorizando a piedade popular; fiel à evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Criação, a caminho da plenitude do Reino”. A sinodalidade desafia a promover processos e não só eventos, animados pelo Espírito, tendo o Povo de Deus como ponto de partida e retorno, com uma pluralidade de sujeitos, promovendo a espiritualidade sinodal e uma renovação missionárias e sinodal das paróquias. Daí a questão que foi motivo de debate entre os participantes da Assembleia: O que hoje o Espírito diz à Igreja do Regional Norte 1? Conversão das relações Os participantes da assembleia destacam a necessidade de uma evangelização sinodal, que tem como base uma espiritualidade encarnada e a escuta do Espírito Santo e promove uma formação integral, que abrange todas as dimensões, com comunidades que anunciam e defendem a vida. Junto com isso a caridade pastoral, a escuta, diálogo e conversação espiritual. Se faz necessário acolher, uma conversão das relações a partir da missão, que tem como base o batismo, que deve ajudar no protagonismo laical, no incentivo da ministerialidade e na presença de mulheres em espaços de decisão, também em instâncias maiores. Isso porque a missão é de todo o Povo de Deus. O desafio é fazer realidade uma Igreja mais sinodal do que sacramental, que demanda rever os processos de acompanhamento e uma formação sinodal gerando uma pertença eclesial que se concretiza na vida em comunidade. O discernimento em todas as dimensões possibilita avançar no caminho da sinodalidade. A opção por Jesus deve ser entendida como base de todo processo, algo que se faz presente na Iniciação à Vida Cristã e na família, base de toda a realidade. Centralidade da Palavra de Deus Assumir a dinâmica da inculturação e da interculturalidade se torna uma necessidade, assim como o diálogo com as novas expressões juvenis. A Palavra de Deus deve ser colocada no centro, como fundamento da espiritualidade bíblica e de uma Liturgia comprometida com a vida e com a ecologia integral. Tudo isso em comunidade, destacando as comunidades eclesiais de base, criar comunidades onde se realizam círculos bíblicos, a liturgia dominical, onde se faz necessária uma alternância nas lideranças. Nessa perspectiva, as constantes mudanças no clero e na Vida Religiosa é visto como algo que dificulta a missão. Devem se dar passos para fortalecer a comunhão, para entender que a missão tem que levar em consideração a diversidade de cada lugar. Promover um trabalho pastoral inclusivo que acolha todas as novas realidades, com um trabalho pastoral em saída, mas sem esquecer a necessidade de recursos financeiros para garantir a presença em comunidades remotas. Sinodalidade nas pastorais A sinodalidade se faz presente nas pastorais do Regional Norte 1 e leva a descobrir a importância dos processos de escuta, segundo acontece no Laicato, ajuda a avançar na organização da Pastoral da Saúde, a ser testemunhas de humanidade diante de uma realidade social que invisibiliza o idoso, uma dinâmica presente na Pastoral da Pessoa Idosa. As comunidades eclesiais de base se apresentam como uma presença nas pequenas comunidades como espaços de vocações. Do mesmo modo, a Pastoral da Criança, em sua tentativa de buscar vida plena para todas as crianças, mesmo a diversidade de realidades no Regional, que desafia o trabalho cotidiano. Um acompanhamento, neste caso com as pessoas com HIV, assumido pela Pastoral da AIDS. Mas também uma presença nas cadeias, que é assumida pela Pastoral Carcerária.

52ª Assembleia Regional Norte 1, um claro exemplo de Igreja sinodal

Iniciou nesta segunda-feira, 15 de setembro de 2025 a 52ª Assembleia Regional Norte 1. Mais de 70 representantes das nove igrejas locais que fazem parte do regional se encontram na Maromba, o Centro de Treinamento de Lideranças da arquidiocese de Manaus, até quinta-feira, 18 de setembro, para refletir sobre a sinodalidade, um modo de ser Igreja que por décadas acompanha a vida da Igreja no regional. Um claro exemplo de Igreja sinodal Pode ser dito que estamos diante de uma assembleia eclesial, um claro exemplo de Igreja sinodal, pois se trata de um espaço onde a voz de todos e todas é escutada e serve como base do discernimento. Bispos, presbíteros, diáconos, representantes da Vida Religiosa e do laicato buscando em comunhão o caminho a seguir como Igreja comprometida no anúncio do Evangelho na Amazônia, no meio à diversidade de povos e realidades presentes nas cidades e nas comunidades espalhadas na floresta. Uma assembleia que iniciou com a celebração eucarística presidida pelo arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Ele refletiu sobre a centralidade da Cruz, onde convergem para um ponto, “todos os sofrimentos, as cruzes, as violências, as alegrias, os amores, os desesperos, os clamores, os gritos, tudo parece convergir para um ponto só.” O arcebispo salientou que “na cruz existe uma centralidade, nessa centralidade está aquele que se diz nossa humanidade, a fragilidade”. As dores do mundo No dia em que a Igreja celebra Nossa Senhora das Dores, o cardeal Steiner disse que “na Mãe das Dores, vemos todas as dores”, recordando as dores do mundo, “das crianças, das mulheres, no mundo da fome, no mundo da guerra, no mundo dos desencontros, das injustiças, dos dominadores e dos destruidores, dos governos, das pátrias, das nações”, destacando que “dentro da finitude humana existe resgate, redenção, salvação”. O cardeal Steiner ainda se referiu às dores da nossa casa comum, “de todos os seres, destruídos, dominados, comercializados, financiados”, sublinhando que “no meio dessas dores estamos nós.” O presidente do Regional Norte 1 disse que “nós desejamos colaborar com as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, desejamos, justamente, que o anúncio da cruz seja um anúncio de esperança, porque salvação. A dor seja anunciada, até denunciada, mas na dor também existe salvação.” Para isso, ele pediu “que essa nossa assembleia nos anime e que essa nossa assembleia sempre nos faça olhar tudo com o olhar da Mãe das Dores”. Empenho na missão A apresentação dos participantes e da pauta, que foi aprovada, deu passo ao relatório das atividades do Regional no período de setembro de 2024 a setembro de 2025, um trabalho guiado pelas Diretrizes da Ação Evangelizadora do Regional Norte 1. Nessa perspectiva foi salientado que “houve grande empenho por parte dos bispos, coordenadores, coordenadoras, agentes de pastoral, lideranças leigas e leigos em colocar em prática o que foi assumido nas diretrizes. Cada igreja local construiu seu plano partir das mesmas, contribuindo para a unidade do Regional nesta dinâmica da sinodalidade”. No relatório foi destacado a nomeação de um novo bispo auxiliar para a arquidiocese de Manaus, dom Samuel Ferreira de Lima. Igualmente, no âmbito do compromisso do cuidado com a vida, em todas as Igrejas do Regional foi dado a conhecer e estudado o “Protocolo e Manual de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis”, desencadeando um processo de formação em nível regional, capacitando a equipe ampliada com dois representantes de cada Igreja local. No Regional Norte 1, a arquidiocese de Manaus tem mostrado contribuição e proximidade com as outras igrejas locais na elaboração dos projetos, assessorias na linha jurídica e outros, uma expressão da colegialidade e compromisso entre as Igrejas, marcas de comunhão numa Igreja que caminha junto. Memória da caminhada-comunhão Ao longo do último ano cabe destacar a participação do presidente do Regional na Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade e no Conclave em que foi eleito o Papa Leão XIV. Igualmente, a vivência com intensidade da Campanha da Fraternidade, atingindo um número bem maior de lideranças que foram capacitadas e trabalharam o tema nas mais diversas comunidades. Nessa perspectiva, cabe destacar a produção dos materiais no Regional para essas campanhas. Um relatório que é uma breve memória da caminhada-comunhão no Regional Norte 1, onde se percebe as inúmeras atividades ao longo do ano e as forças vivas que existem e assumem um caminho expressão de sinodalidade, que escuta e respeita às diversidades e vivencia a dinâmica da interculturalidade. “Um relatório que mostra o muito trabalho realizado e a dinamicidade do nosso Regional”, finalizou o cardeal Steiner.

Encontro da Pastoral Carcerária da Prelazia de Tefé: um sinal de esperança e misericórdia

Nos dias 12 e 13 de setembro de 2025 aconteceu o Retiro da Pastoral Carcerária da Prelazia de Tefé. O objetivo do encontro, que contou com a presença de 20 participantes das paróquias de Tefé, Japurá, Fonte Boa e Maraã, foi organizar e fortalecer esta Pastoral na prelazia. Dias de convívio e aprendizado No encontro se fizeram presentes o bispo local, dom José Altevir da Silva, a coordenadora assessora da justiça restaurativa da Pastoral Carcerária Nacional, irmã Petra Silvia Pfaller, e o coordenador da Pastoral Carcerária do Regional Norte 1, diácono Leonardo Lucas. Segundo os organizadores “foram dois dias de convívio e aprendizado e com certeza muito fecundos que animou os participantes.” No encontro foram escolhidos membros de referência para formarem uma equipe a nível de prelazia. Pastoral estruturada e organizada Dom José Altevir destaca a importância desse primeiro encontro para reorganizar a Pastoral Carcerária, dado que “até hoje não tinha uma pastoral organizada e não tinha representante da prelazia em outras instâncias”. O bispo destaca a presença da coordenação nacional e regional e da assessoria nacional, assim como o fato de ter sido criada uma equipe grande, bastante diversificada, com a presença de diversas paróquias, “com o intuito de organizar a Pastoral Carcerária, de modo que ela possa trabalhar como Pastoral Carcerária com toda sua estrutura, com toda sua organização”. Dom José Altevir salientou que “para nós é um sinal de esperança muito grande essa formação que houve neste final de semana.” Mais uma mostra de compromisso na prelazia de Tefé em vista de ser chama viva de esperança e da Misericórdia de Deus com todos os irmãos e irmãs encarcerados.

Nota de Pesar da diocese de Parintins pela Páscoa de Pe. Benito di Pietro

A diocese de Parintins emitiu uma Nota de Pesar pelo falecimento do Pe. Benito di Pietro, que fez sua Páscoa nesta segunda-feira, 15 de setembro de 2025, em Rancio di Lecco (Itália). Missionário do PIME, o padre falecido doou sua vida na missão ad gentes, particularmente na diocese de Parintins, de 1968 a 2018. Segundo a nota, assinada pelo bispo diocesano, dom José Albuquerque de Araújo, o bispo emérito, dom Giuliano Frigeni, e o chanceler, Pe. Marcos Aurélio, “Pe. Benito deixa como legado o seu testemunho de fé e de obediência à vocação e missão que Deus lhe confiou, mas, também, às obras sociais que foram organizadas por ele”.

“Semeaduras”: a Arquidiocese de Manaus divulga suas Práticas de Ecologia Integral

A ecologia integral e o chamado ao cuidado da Casa Comum pode ser considerado um dos grandes legados de Papa Francisco, um caminho que continua sendo trilhado pelo Papa Leão XIV. Na arquidiocese de Manaus, no coração da maior e mais importante floresta do mundo, a Amazônia, a Assembleia Sinodal Arquidiocesana, no ano 2022, assumiu essa missão como um dos grandes desafios, que está se concretizando de modo transversal em todas as dimensões da missão. O cuidado da Criação em todos os espaços Na frente desse trabalho está a Comissão para a Ecologia Integral, que quer levar esse cuidado com a criação a todos os espaços: doméstico, laboral, comunitário e eclesial. As diversas práticas de ecologia integral na arquidiocese de Manaus estão sendo divulgadas a través de uma publicação, que tem como nome “Semeaduras”. Um pequeno texto que ajuda a conhecer e espalhar práticas que deveriam ser assumidas por todos aqueles que acreditam no Deus Criador, mas também por aqueles que se preocupam com o futuro do Planeta e da humanidade. Na arquidiocese de Manaus, segundo recolhe o texto, diversas paróquias e áreas missionárias realizam gestão de resíduos, um exemplo que leva à Comissão para a Ecologia Integral a lançar o desafio de assumir essa prática por parte daqueles que ainda não a iniciaram. Nesse caminho da ecologia integral se faz necessário impulsionar parcerias institucionais e comunitárias com outras religiões, associações de moradores, universidades, escolas, cooperativas e grupos de diferentes segmentos. Práticas presentes Dentre as práticas cada vez mais presentes, o livreto “Semeaduras” recolhe a coleta de resíduos eletrônicos, de óleo de cozinha para a fabricação de sabão ecológico, de materiais recicláveis, as hortas comunitárias, a coleta de material orgânico para compostagem, ações sociopolíticas em defesa da casa comum, feiras de economia ssolidária, dentre outras práticas. Essas práticas são assumidas a partir de campanhas educativas com foco no cuidado da Casa Comum, especialmente na Catequese, tendo como fundamento a encíclica Laudato si´, em vista de um novo estilo de vida. Nos últimos anos, tem surgido na arquidiocese de Manaus os educadores ambientais. Eles iniciaram sua missão na Festa de Pentecostes, o maior evento religioso da Igreja de Manaus, mas aos poucos estão se fazendo presentes em outros momentos e espaços. Sua missão é orientar com relação à redução dos resíduos e a conservação do ambiente. Junto com isso a formação para as causas indígenas, os projetos de transição energética, com fontes de energia eólica e solar. Iniciativas que são divulgadas no Programa Laudato si´, que toda semana, na Rádio Rio Mar, veículo de comunicação da arquidiocese, aborda temáticas relacionadas à espiritualidade ecológica e questões socioambientais. Projetos arquidiocesanos Em nível arquidiocesano são vários os projetos desenvolvidos: Projeto Educação em Saúde Ambiental, com a participação de crianças e adolescentes; Casa Amazônica de Francisco e Clara, em vista de uma educação e espiritualidade ecológicas a serviço dos povos amazônicos; Associação de Catadores Filhos/as de Guadalupe, que gerencia resíduos sólidos e promove a formação no campo da ecologia integral; Projeto “Papel de cada um na Casa Comum”; Projeto Horta Escola. Dar a conhecer essas práticas é de extrema importância, ainda mais no Tempo de Oração pelo Cuidado da Casa Comum e às portas do 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação, que será realizado em Manaus de 25 a 28 de setembro de 2025, com o tema “Comunicação e Ecologia Integral: transformação e sustentabilidade justa”, que reúne estudantes, profissionais e representantes de pastorais e agentes sociais de todo o Brasil.

Cardeal Steiner: “Reconhecendo nossas murmurações e desacertos somos salvos”

“No Ano santo da redenção o Evangelho nos apresenta na liturgia de hoje a salvação que vem da cruz! A Igreja celebra hoje Exaltação da Santa Cruz”, disse o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Steiner. Elevado para ter vida eterna Ele mostrou que “Jesus no Evangelho dirige nossos olhos para o Filho do Homem elevado na cruz: ‘Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna’”. Na primeira leitura, destacou o cardeal, “vimos com o povo murmurava contra Deus e contra Moisés. Então ‘O Senhor enviou serpentes ardentes entre o povo. Elas morderam as pessoas e um grande número de israelitas morreu’ (Nm 21, 4-9). As serpentes da murmuração eram muitas e mortais. Foi necessário levantar a serpente da murmuração sobre uma cruz, torná-la visível, para que o povo visse o pecado da murmuração. Ao ver o pecado da murmuração na serpente erguida os Israelitas percebessem o seu pecado e fossem salvos. Por isso, Deus ordenou a Moisés: ‘Faz para ti uma serpente ardente e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido, olhando para ela, será salvo’”. O arcebispo de Manaus disse que “Deus não faz morrer as serpentes, poupa-as. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida. A serpente foi elevada para obter a salvação. Jesus foi elevado na Cruz, para que pudéssemos perceber a nossa fraqueza e pecado em contemplando o amor gratuito que dela pende e sejamos salvas. Nele pendente vemos os pecados da murmuração venosa que pode nos matar. Reconhecendo nossas murmurações e desacertos somos salvos. Como lemos em outro passo do Evangelho: ‘Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis quem sou’ (João 8,28). Ele o libertador, o salvador, o que redime!” Jesus tomou a morte e pregou-a na cruz No ensinar de Santo Agostinho, recordou o presidente do Regional Norte 1, “poderíamos dizer que Jesus tomou a morte e pregou-a na cruz. Com a morte levantada e pregada na cruz fomos salvos e libertos; libertos da morte. Jesus no Evangelho recorda o que aconteceu no passado de forma simbólica: “Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3,14-15). Mistério profundo!, nos diz Santo Agostinho”. Ele perguntava, disse citando Santo Agostinho no Sermão sobre o evangelho de João, 12: “O que representam as serpentes que mordem? Representam os pecados que provêm da mortalidade da carne. E o que é a serpente que foi elevada? É a morte do Senhor na cruz. Com efeito, como a morte veio pela serpente (Gn 3), foi simbolizada pela efígie de uma serpente. A mordedura da serpente produz a morte; a morte do Senhor dá a vida. O que significa isto? Que, para que a morte deixe de ter poder, temos de olhar para a morte. Mas para a morte de quem? Para a morte da Vida – se é que se pode falar da morte da Vida; e, como se pode, a expressão é maravilhosa. Hesitarei em referir o que o Senhor se dignou fazer por mim? Pois Cristo não é a Vida? E, contudo, Cristo foi crucificado. Cristo não é a Vida? E, contudo, Cristo morreu. Na morte de Cristo, a morte encontrou a morte. […] a plenitude da vida engoliu a morte, a morte foi aniquilada no corpo de Cristo. É isto que diremos à ressurreição quando cantarmos triunfantes: ‘Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?’ (1Cor 15,55)”. A morte não tem poder Segundo o arcebispo, “no Ano Santo da Redenção vislumbramos que a morte foi tragada pela vida; que a morte não tem poder, pois na cruz a vida venceu! Somos hoje convidados a olhar para a cruz como salvação, pois nela pende a vida, Cristo Jesus”. Ele enfatizou que “foi na cruz que se manifestou em plenitude o amor, como nos foi proclamado: ‘Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.’” O cardeal questionou: “E como nos salvou?” Ele disse que “São Paulo, nos ensinava na carta aos Filipenses que Jesus se esvaziou a si mesmo, assumindo a condição humana de escravo e tornando-se igual aos homens… humilhou-se a si mesmo, fazendo obediente até a morte, e morte de cruz.  Humilhou-se, aniquilou-se, fez-se morte, quase ousaríamos dizer ‘pecado’, para que fossemos salvos. Sim, irmãos e irmãs, amor maior não poderíamos merecer. Talvez por isso, São Paulo usou uma expressão fortíssima: ‘Fez-se pecado’. Poderíamos usar o símbolo bíblico do Evangelho: ‘Fez-se serpente’. Como afirmava Papa Francisco: O Filho do homem, como uma serpente, ‘que se fez pecado’, foi elevado para nos salvar”. A serpente alerta para a salvação no deserto “A serpente alerta para a salvação no deserto, no desconforto, na precisão, no conflito que gerou a murmuração, o afastamento da aliança, foi elevada e quem a olhava, ficava curada. Curado, pois viu na serpente a miséria da murmuração, do afastamento de Deus. Para nós esta salvação, não foi realizada com a varinha mágica por um deus que faz coisas; mas com o sofrimento do Filho do homem, com o sofrimento de Jesus Cristo. Um sofrimento tão grande que levou Jesus a pedir ao Pai: ‘Pai, se for possível afasta de mim este cálice’. Na angústia acompanhada pela entrega máxima: ‘Nas tuas mãos entrego o meu espírito’”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele recordou as palavras de Papa Francisco comentando esta passagem: “assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim…
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