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Autor: Luis Miguel Modino

Assembleia Regional da CRB: “presença e esse testemunho do Reino aqui na Amazônia”

A Vida Religiosa do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), está reunida em Assembleia Geral Ordinária Formativa, em Manaus, nos dias 13 e 14 de setembro. Mais de 70 religiosos e religiosas convocados a refletir a partir do tema “Vida Religiosa Consagrada: Sentinela de esperança em tempos de travessia”. Tema Central Segundo a assessora, Ir. Sônia Matos, o tema segue a pauta da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Religiosos e Religiosas do Brasil, realizada em Brasília no passado mês de julho. Nessa perspectiva, “as prioridades assumidas na Assembleia Geral, no eixo do seguimento de Jesus, na centralidade da Palavra de Deus, a sinodalidade como um estilo de vida, um modo de viver o Evangelho, e a missão comum, nós vamos traçando, escolhendo as remadas para a Vida Religiosa aqui na Amazônia”. Uma Vida Religiosa que, segundo a Ir. Sônia, “quer ser esse sinal do Reino na profecia de estar sendo, através dos vários carismas, uma presença significativa, que viva realmente a partir da sua identidade carismática e da sua vocação à sinodalidade, essa presença e esse testemunho do Reino aqui na Amazônia”. A exposição da assessora motivou a reflexão em grupos sobre os enfoques: Eclesial, Sinodal, Teológico e Bíblico. Momento de encontro e formação Uma assembleia que sempre procurou “fazer com que a Vida Religiosa tenha esses momentos de encontro e de formação”, segundo a coordenadora da CRB Amazonas e Roraima, Ir. Gervis Monteiro. Ele insiste em que “é uma assembleia formativa, onde nós retomamos toda a caminhada do triênio, sempre com o olhar na assembleia eletiva que aconteceu em julho, em Brasília. E tenta, de uma forma ou de outra repassar o que aconteceu, pegando as diretrizes”. O desejo, afirma a religiosa, é que “toda a Vida Religiosa viva esse momento de confraternização, de partilha, novamente buscando esse olhar, o horizonte que sempre nós como Vida Religiosa temos, ajudar com que as comunidades e nós também possamos viver esse Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, e podermos cada vez mais nos animar como congregações, como Vida Religiosa, como CRB”. Pontos abordados A assembleia tem sido oportunidade para partilhas e informações sobre a CRB Regional e os diversos núcleos e grupos, assim como para refletir sobre a COP 30 e a importância da participação da Vida Religiosa. Os participantes refletem durante a assembleia sobre o Cuidado e Proteção contra abusos de pessoas vulneráveis com enfoque na Vida Religiosa Consagrada. Igualmente serão apresentados os horizontes e prioridades da 27ª Assembleia Geral Eletiva Nacional, sob três eixos: Seguimento de Jesus Cristo, Sinodalidade e Missão comum, assim como os avanços nas remadas (prioridades) da Assembleia Regional de 2024, que devem ser ponto de partida para as prioridades para o novo triênio do Regional (setembro de 2025 a setembro de 2028). Francelina Souza – Coordenação da Pastoral da Comunicação Diocesana de Borba

Jubileu dos Seminaristas do Regional Norte 1: “que todos nós perseveremos no chamado de Deus”

Os Seminaristas do Seminário São José, onde se formam os futuros presbíteros das igrejas locais que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), junto com os seminaristas do Seminário Propedêutico Padre Luiz Gonzaga de Souza, realizaram no dia 13 de setembro de 2025 seu Jubileu da Esperança. Caminhada de oração Os seminaristas percorreram os cinco quilômetros que separam a sede do Seminário São José da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Conceição, junto com o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, e a equipe formativa dos dois seminários. Um percurso de oração e meditação que despertou o interesse das pessoas que estavam nas ruas da capital amazonense. Na catedral, os seminaristas e formadores celebraram a Eucaristia, presidida pelo arcebispo de Manaus. O cardeal Steiner destacou na homilia a necessidade de “nos colocarmos a caminho, porque em cada momento tivemos que viver nossos passos”, refletindo sobre a importância de construir a casa sobre a rocha, segundo as palavras do Evangelho. Ele chamou a refletir sobre o fato de que Deus nos fez e sobre os frutos da redenção e da salvação, dentre eles sermos sinais da misericórdia de Deus. O cardeal Steiner fez um convite “à disponibilidade da nossa parte de nos deixarmos tocar pela redenção, de nos deixarmos tocar pelo mistério da salvação, de nos deixarmos tocar pela vida nova que Jesus com sua morte e ressurreição nos ofereceu.” O arcebispo de Manaus fez um chamado “para que todos nós perseveremos no chamado de Deus”, e que “este pequeno peregrinar nos reforce no caminho da nossa vocação”. Presbíteros para servir, celebrar e alimentar as comunidades Um Jubileu que recolhe a história de uma casa de formação com 177 anos de história, que “vem contribuindo e formando presbíteros para servir, celebrar e alimentar as comunidades eclesiais com a mesa da Palavra e da Eucaristia”, segundo o reitor do Seminário São José, padre Pedro Cavalcante. Ele enfatizou que a esperança “não é uma virtude passiva, que se limita a esperar que as coisas aconteçam”, mas “extremamente ativa, que ajuda a fazer com que elas aconteçam”. O reitor disse querer “firmar compromissos de conversão e santidade”, dentre eles a sinodalidade e a comunhão, o encontro, a acolhida, a escuta, o discernimento, elementos presentes no tríduo em preparação ao Jubileu. Ele insistiu no fato dos seminaristas estar no período formativo, caminho para assumir “uma Igreja encarnada e toda ministerial, sinal do Reino de Deus”, que leve a atualizar no tempo e contexto atual, “tão conflituoso e tóxico, tão indiferente e descartável, tão narcisista e superficial, a viva, forte e transformadora mensagem do Evangelho”. Aos seminaristas, o reitor fez ver a necessidade de se tornar “próximos dos mais pequenos e invisíveis da sociedade, dos desvalidos e doentes, dos sofridos e abandonados, da humanidade sem esperança. E agora mais do que nunca da Casa Comum, tão aviltada e destruída, que merece ser vista e cuidada dentro da perspectiva de uma ecologia integral”, encomendando esse propósito a “Nossa Senhora da Conceição, a Mãe da Esperança”.

Encontro formativo na Prelazia de Tefé para Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis

A prelazia de Tefé realizou os dias 10 e 11 de setembro de 2025 um encontro de formação sobre o “Decreto, Regulamento e Manual de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis” do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), com a assessoria do padre Gilson Pinto, membro da Comissão Arquidiocesana de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis. Agentes de pastoral e representantes da sociedade civil Mais de 50 pessoas, agentes de pastoral, mas também representantes dos conselhos tutelares de municípios da prelazia de Tefé, assim como do Instituto Autista de Tefé e de outros órgãos da cidade de Tefé, que partilharam sua experiência, algo que ajuda no fortalecimento da unidade dentro da Igreja e da Rede de Proteção, em vista de um caminho comum entre a Igreja católica e as entidades governamentais e da sociedade civil. O ponto de partida do encontro foi uma partilha sobre a realidade local, com a participação do bispo local, dom José Altevir da Silva, que junto com os participantes apresentaram situações presentes na prelazia em relação à problemática refletida no encontro. Com uma metodologia dinâmica e participativa, o padre Gilson Pinto foi apresentando o “Decreto, Regulamento e Manual de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis” do Regional Norte 1, possibilitando as perguntas dos participantes para ajudar no melhor conhecimento e enfrentamento dos abusos. Cuidar dos vulneráveis é uma necessidade Não podemos esquecer que cuidar dos vulneráveis é uma necessidade, ainda mais nos espaços eclesiais. No Regional Norte 1, que assumiu essa causa há oito anos, foi criada a Comissão Metropolitana para a proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis, anexada ao Tribunal Eclesiástico, com cinco membros, que também conta com responsáveis pelas dioceses, prelazias, o Seminário São José, a Faculdade Católica do Amazonas e a Caritas Arquidiocesana de Manaus. Aos poucos, o Regional Norte 1 e as igrejas locais que fazem parte dele, estão avançando no trabalho sistemático em vista da proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis nos espaços eclesiais, e assim evitar ter que curar depois as feridas. Para isso se faz necessário ser claros, falar abertamente nos espaços eclesiais, superando os tabus: catequese, grupos de jovens, grupos de coroinhas, Pastoral Familiar, com um olhar para dentro do espaço eclesial. Isso para conseguir que os espaços eclesiais sejam espaços saudáveis.

Nota de Solidariedade da diocese de Roraima com Dom Mário Antônio da Silva

Diante dos ataques “injustos e distorcidos por convocar o Povo de Deus para o 31º Grito dos Excluídos e Excluídas” contra o arcebispo de Cuiabá, dom Mário Antônio da Silva, a diocese de Roraima emitiu uma nota no dia 11 de setembro, onde mostra “incondicional apoio e solidariedade” àquele que foi pastor dessa Igreja entre 2016 e 2022. O texto sublinha que “esses ataques, alimentados por discursos de ódio que só geram divisão, ferem a comunidade cristã e distorcem a missão pastoral que Dom Mário exerce com fidelidade ao Evangelho.” Igualmente, a nota destaca a proximidade do arcebispo, sua “simplicidade, coragem e ternura”, recordando os passos dados em seu ministério episcopal da diocese de Roraima. Um convite a participar do Grito dos Excluídos que mostra cuidado pastoral com os que mais sofrem, mas que encontro respostas negativas, “sintomas de uma polarização vivida na sociedade.” A Igreja de Roraima diz permanecer unida ao arcebispo de Cuiabá, “em oração e comunhão”, e pede a guia e proteção de Maria, Mãe dos pobres.

Assembleia Regional Norte 1 em Manaus de 15 a 18 de setembro: aprofundar na Sinodalidade

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) se prepara para sua 52ª Assembleia, que será realizada na Maromba de Manaus, de 15 a 18 de setembro de 2025, com a participação de mais de 70 representantes das Igrejas locais e das pastorais e movimentos. “Por uma Igreja Sinodal, comunhão, participação e missão” Bispos, presbíteros, religiosos e religiosas, leigos e leigas são convocados para participar de uma assembleia que tem como tema “Por uma Igreja Sinodal, comunhão, participação e missão”, tendo como lema “Eles responderam: ‘nós também vamos contigo’ Jo 21,2-3”. Uma assembleia que busca “aprofundar o Documento Final do Sínodo sobre Sinodalidade e contribuir na construção das Diretrizes da Ação Evangelizadora – CNBB Nacional”, segundo recolhe o objetivo da assembleia, que iniciará com uma celebração eucarística na segunda-feira. Colegialidade episcopal e participação das lideranças Segundo a secretária executiva do Regional Norte 1, Ir. Rose Bertoldo, “a Assembleia do Regional Norte 1 é sempre marcada pela colegialidade entre os bispos e a grande participação das lideranças das nove igrejas locais do Regional Norte 1.” Em 2025, a religiosa destaca que serão estudadas as Diretrizes para a Ação Evangelizadora, que estão sendo elaboradas pela CNBB, e o aprofundamento do Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade para pensar coletivamente sua implementação. A secretária executiva sublinha que “as igrejas locais já estão trabalhando isso, mas a gente quer também, em nível de Regional aprofundar o estudo do Documento Final e a implementação do mesmo a partir das assembleias diocesanas e prelatícias das igrejas do Regional Norte 1”.   A religiosa destaca a importância da análise de conjuntura no início da assembleia, “que neste tempo é importantíssimo para o Regional, pois iremos ter uma visão geral da sociedade, vamos ter uma visão geral das forças políticas, econômicas e eclesiais que irá também contribuir para o estudo posterior sobre o Tema Central da Assembleia.” O Tema Central tem como ponto de partida as Linhas Gerais do Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade. Os participantes irão debater sobre as Implicações do Sínodo para o Regional e para as Diretrizes. Caminhada das pastorais e igrejas locais As pastorais irão apresentar a partir do Documento Final do Sínodo, os aspectos destacamos que estão sendo vivenciados ou devem avançar na pastoral do Regional Norte 1. Igualmente, as dioceses apresentarão, a partir do mesmo documento, os aspectos destacados nas nove Igrejas Locais que fazem parte do Regional Norte 1. Em trabalho em grupos, os participantes irão fazer aportes para as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora. Na pauta aparecem outros pontos como o processo que está sendo realizado nas Igrejas Locais sobre a formação da equipe ampliada, com relação ao Protocolo de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis. Igualmente o trabalho dos chanceleres, a Comunicação em nível Regional, a COP 30, o MUTICOM e a Agenda 2026.

Leão XIV aos novos bispos: “o Bispo é servo, o Bispo é chamado a servir a fé do povo”

Uma audiência com o Papa Leão XIV na Sala do Sínodo encerrou o Curso Anual de Formação para Novos Bispos, realizado em Roma de 3 a 11 de setembro. Organizado pelo Dicastério dos Bispos, o Curso, que teve como tema “Testemunhas e Anunciadores da Esperança fundada em Cristo”, contou com a participação de 192 bispos, dentre eles o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, dom Samuel Ferreira de Lima. Um curso “construtivo e rico, de partilhas, de assuntos muito atuais dentro da perspectiva do Jubileu da Esperança”, segundo o bispo auxiliar de Manaus. Ele destacou que os palestrantes “trouxeram problemáticas vivenciadas nas diversas dioceses e países do mundo e que afetam a Igreja como um todo”. O dom do episcopado é para servir Leão XIV iniciou suas palavras com uma brincadeira: “pensei em vir para este curso vestido de preto também, mas…”, dado que o curso é organizado pelo dicastério que ele comandava. O Papa fez uma advertência aos novos bispos: “o dom que vocês receberam não é para vocês mesmos, mas para servir à causa do Evangelho. Vocês foram escolhidos e chamados para serem enviados, como apóstolos do Senhor e como servos da fé”, sublinhando que “o Bispo é servo, o Bispo é chamado a servir a fé do povo”. Algo que faz parte da identidade do bispo, segundo o Santo Padre. Ele afirmou que “o serviço não é uma característica externa ou uma forma de exercer o papel. Pelo contrário, àqueles que Jesus chama como discípulos e anunciadores do Evangelho, em particular aos Doze, é exigida a liberdade interior, a pobreza de espírito e a disponibilidade para o serviço que nasce do amor, para encarnar a mesma escolha de Jesus, que se fez pobre para nos enriquecer (cf. 2Cor 8,9). Ele nos manifestou o estilo de Deus, que não se revela a nós no poder, mas no amor de um Pai que nos chama à comunhão com Ele”. Leão XIV recordou as palavras de Santo Agostinho a respeito da ordenação do bispo: “Em primeiro lugar, quem preside o povo deve compreender que é servo de muitos.” Uma afirmação que leva a refletir sobre “uma certa ânsia de grandeza” presente nos apóstolos. Igualmente, ele recordou as palavras de Papa Francisco: “a única autoridade que temos é o serviço, e um serviço humilde!”, insistindo em meditar e procurar viver essas palavras. Vigilância, humildade e oração Aos novos bispos, o Papa pediu “que estejam sempre vigilantes e caminhem com humildade e oração, para se tornarem servos do povo a quem o Senhor os envia.” Algo que em palavras de Francisco “se expressa em ser sinal da proximidade de Deus.” Junto com isso, Leão XIV convidou os novos bispos a se “perguntar o que significa ser servos da fé do povo”, destacando a necessidade de, além da “consciência de que nosso ministério está enraizado no espírito de serviço, à imagem de Cristo”, deve “se traduzir no estilo do apostolado, nas várias formas de cuidado e governo pastoral, no anseio do anúncio, de maneiras tão diferentes e criativas, dependendo das situações concretas que vocês encontrarão”. Diante da crise de fé, falta de sentido de pertença e de prática eclesial, o Papa pediu paixão e coragem “para um novo anúncio do Evangelho”, e assim as pessoas possam encontrar “linguagens e formas adequadas nas propostas pastorais habituais.” Junto com isso, Leão XIV fez um chamado a não esquecer “o drama da guerra e da violência, os sofrimentos dos pobres, a aspiração de muitos a um mundo mais fraterno e solidário, os desafios éticos que nos interpelam sobre o valor da vida e da liberdade”. O Santo Padre lembrou aos bispos que “a Igreja envia-vos como pastores atenciosos, cuidadosos, que sabem partilhar o caminho, as perguntas, as ansiedades e as esperanças das pessoas; pastores que desejam ser guias, pais e irmãos para os sacerdotes e para as irmãs e irmãos na fé.” Para isso, ele disse rezar por eles, “para que nunca lhes falte o sopro do Espírito e para que a alegria da sua Ordenação, como um perfume suave, possa se espalhar também sobre aqueles a quem vocês irão servir”. Aprofundar, difundir e aprimorar a sinodalidade Dom Samuel destacou no encontro com Leão XIV a “fraternidade e proximidade dele no falar, no responder cada demanda feita de forma muito simples, direta, sem formalidades”, demostrando comunhão, proximidade, paternidade e união. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “se falou muito de sinodalidade, desse processo que tem que ser aprofundado, difundido, aprimorado, intensificado em nossas dioceses e na própria caminhada da Igreja”. Finalmente, o bispo destaca no encontro que “abriu muitos os horizontes para todos nós que estamos iniciando essa missão e esse ministério”, ajudando muito “em nossa caminhada, em nosso pastoreio, na missão que nos foi confiada”.

Lutar por Democracia, uma exigência cada vez mais urgente

A democracia, o regime de governo aonde o poder vem do povo, foi um dos temas presentes no último Grito dos Excluídos, realizado na semana passada. “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia”, foi o lema, o grito de ordem que ressoou Brasil afora. Um grito que cobra especial importância no atual momento político e social que está sendo vivenciado no país. Lutas constantes e cotidianas A COP30, que será realizada em Belém do Pará em dois meses, e o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) diante da tentativa de golpe de estado, tem que levar a população brasileira a tomar consciência da necessidade de assumir essas lutas como algo constante e cotidiano. Em um governo democrático, todos os cidadãos possuem o mesmo estatuto e têm garantido o direito à participação política. Querer negar esse direito ou não reconhecer as consequências dessa participação política é algo inaceitável. Ninguém pode esquecer que um dos elementos que garante a democracia é a livre escolha dos governantes. Todo cidadão tem direito a emitir seu voto através da eleição. Mas também, todo cidadão é obrigado a reconhecer e aceitar o resultado das urnas. Usurpar o poder do povo As tentativas de usurpar o poder do povo e não reconhecer o resultado das eleições, uma atitude presente nos envolvidos na tentativa de Golpe de Estado de janeiro de 2023, é uma oportunidade para o país refletir sobre o valor da democracia, ainda mais olhando para as consequências da Ditadura Militar presente no Brasil por mais de 20 anos, tempo em que foram negados direitos fundamentais de muitos cidadãos e cidadãs, como a liberdade de expressão, de ideologia, de imprensa, de acesso à informação, de direitos e oportunidades, dentre outros. Papa Francisco, no número 154 da encíclica Fratelli tutti dizia: “Para se tornar possível o desenvolvimento duma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum. Mas hoje, infelizmente, muitas vezes a política assume formas que dificultam o caminho para um mundo diferente”. Olhando a realidade brasileira, as palavras do anterior pontífice, que insiste em colocar a política ao serviço do verdadeiro bem comum, tem que levar a refletir. As tentativas de golpes de estado buscam favorecer pequenos grupos de poder, seja político ou econômico, desrespeitando os princípios democráticos, que devem estar presentes na sociedade. Projeto de nação Na mesma encíclica, o número 178 afirma que “Perante tantas formas de política mesquinhas e fixadas no interesse imediato, lembro que ‘a grandeza política mostra-se quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no bem comum a longo prazo. O poder político tem muita dificuldade em assumir este dever num projeto de nação’ e, mais ainda, num projeto comum para a humanidade presente e futura”. O atual momento tem a ver com o futuro do Brasil, e garantir esse futuro é uma obrigação para quem se diz cidadão. Pensar em defender pessoas concretas, mesmo sabendo que cometeram crimes, é uma atitude inaceitável. Isso porque o futuro do país fica comprometido, fazendo com que o projeto de nação assuma caminhos que não garantem a vida em plenitude para todos e todas. Editorial Rádio Rio Mar

“Honrar a Inocência”: Tríplice Fronteira Peru – Colômbia – Brasil avança na Prevenção e Acompanhamento do Abuso Sexual

Honrar a Inocência. Esse foi o nome do Seminário Internacional de Prevenção e Acompanhamento do Abuso Sexual realizado no Centro Papa Francisco da Paróquia Nossa Senhora da Mercê, em Caballo Cocha (Peru), de 5 a 7 de setembro de 2025. Organizado pela Rede de Combate ao Tráfico de Pessoas da Tríplice Fronteira (Peru – Colômbia – Brasil), esta é mais uma atividade no âmbito do Projeto Magüta. Combate ao tráfico de pessoas Este seminário, que em 2025 contou com mais de 50 participantes dos três países, metade deles indígenas do povo Tikuna, é realizado todos os anos, com o objetivo de refletir direta ou indiretamente sobre temas relacionados ao tráfico de pessoas. Participam líderes eclesiásticos, sociais e comunitários, abordando uma questão muito presente nas comunidades dessa região transfronteiriça, dentro da selva amazônica, onde a facilidade de passar de um lado para outro das fronteiras facilita esse crime e aumenta o risco para a população local. De fato, várias instituições, entre elas algumas ligadas à Igreja Católica, consideram essa realidade como uma urgência inadiável que deve ser atendida por todas as instâncias possíveis, de forma articulada e decidida. O Seminário contou com a assessoria de Juan Ignacio Fuentes (Juancho), missionário leigo em Caballo Cocha, professor e consultor psicológico, com especialização neste tema. Com base em uma metodologia experiencial, por meio de diversas oficinas, buscou-se uma ampla participação e protagonismo de todos os envolvidos. Um espaço de cuidado, reflexão e planejamento Buscava-se “gerar comunitariamente um espaço de cuidado, reflexão e planejamento, no qual se trabalhasse a problemática do abuso sexual, com vistas a fortalecer os agentes pastorais e gerar ambientes de prevenção, proteção e cura em nossas comunidades”, conforme especificava o programa. Nessa perspectiva, dada a profundidade e delicadeza do tema, foi proposto um caminho progressivo de aproximação, que permitisse ver a experiência do abuso de forma serena e cuidadosa, buscando compreender sua complexidade. O caminho proposto teve quatro etapas: observar, compreender, emponderar-nos e cuidar, buscando atender à diversidade de situações. Para isso, procurou-se que cada participante pudesse ouvir, ler e falar o mais possível em sua própria língua: espanhol, português e tikuna. Tudo isso em um processo que buscou cultivar um olhar empático, lúcido e realista sobre esse drama que assola a humanidade e a região da Tríplice Fronteira, para que os agentes educacionais e pastorais estejam atentos, com certas ferramentas preventivas e de acompanhamento e, acima de tudo, motivados para enfrentar essa realidade com amor e responsabilidade, conscientes de que a contribuição que podem dar, mesmo que mínima, pode fazer a diferença. Interesse e generosidade dos participantes No final do encontro, os participantes avaliaram positivamente a experiência. Destacaram-se o clima de fraternidade e participação, o interesse e a generosidade dos participantes, a clareza nas contribuições e na metodologia utilizada, bem como a acolhida no Centro Papa Francisco que, mesmo sendo um local que, por ser novo, precisa de ajustes e melhorias, foi valorizado pela sua beleza e funcionalidade. Algumas sugestões de melhoria vão ao encontro de algumas questões logísticas e de articulação com instâncias formais da sociedade civil. Uma experiência em que se viveram momentos intensos e profundos, como a escuta direta de experiências reais, tiradas deste contexto. Para isso, foi de grande importância a possibilidade de cada participante poder encontrar seu próprio menino-adolescente interior, com suas feridas e sua luz, e os espaços de celebração compartilhados. Um momento que contribui de maneira decisiva para o caminho da Igreja Católica na região, mas também para a própria sociedade civil, uma vez que favorece a construção de redes de cuidado e acompanhamento tão necessárias neste tempo e neste espaço geográfico da Tríplice Fronteira entre Colômbia, Brasil e Peru.

Cardeal Steiner: “ser discípulo de Jesus é aprender, é uma busca”

No 23º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), iniciou sua homilia citando o texto do evangelho do dia: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.” Em suas palavras, ele insistiu em “ser discípulo, discípula de Jesus. caminhar com Jesus, seguir Jesus, com a cruz. Ser discípulos missionários, discípulas missionárias seguindo Jesus, também no carregar a cruz!” Aquele que aprende com Jesus “Discípulo aquele, aquela que aprende com Jesus, vai vendo os seus gestos, ouvindo as palavras, percebe como ele reza. Em vendo e ouvindo, vai se tornando sempre mais discípulo, vai se assemelhando a ele, no seu modo de ser e agir”, explicitou o arcebispo. Segundo ele, “ser discípulo de Jesus é aprender, é uma busca.  Busca aprender, saber, ver o que é, como é, como fazer; experimentar, caminhar. No caminhar, compreender em coerência com o empenho que assumimos em obediência àquele que seguimos: Jesus Cristo. A nossa busca não é outra coisa que o encontro com Jesus Cristo, corpo a corpo participação no seu modo de ser, identificação do nosso modo de ser com a sua vida, com a sua pessoa e com o seu Evangelho”. O cardeal Steiner disse, inspirado em John Vaughn, que “essa realidade do encontro introduz no aprender do discípulo uma seriedade existencial de empenho que poderemos denominar ‘mortal’, isto é: decisão de vida e morte, pois ‘aprender’ de Jesus é um concreto segui-lo para onde quer que ele vá; se for o caso, até a morte. Assim, aprender é bem mais que aprender lições: é seguir, sem hesitar, sem reservas e sem pôr condições”. Viver ao modo de Jesus “Não seria essa atitude, esse modo de viver a Jesus, de segui-lo que vem dito no Evangelho de hoje”, afirmou o cardeal, que citou o evangelho: “Quem não carrega sua cruz e não caminho atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Segundo ele, “esse modo de viver que vai fazendo de todos os momentos, dores, alegria, mortes, a possibilidade de ser como Jesus é: até a cruz. Isto é, as tensões, os dissabores, as incompreensões que nos levam à encruzilhada da vida, como possibilidade de viver ao modo de Jesus. Todas encruzilhadas que nos levam a decisão, de ter que tomar uma direção, de permanecer na tensão até perceber a abertura que existe, o novo caminho a ser trilhado”. “Sim, a cruz é sempre uma tensão, mas uma tensão criativa. Assumi-la, colocá-la sobre os ombros, ou como nos propunha o evangelho: carregar a cruz. No seguimento de Jesus estamos sempre na disponibilidade de tomarmos as tensões existenciais, de convivência, mesmo as dúvidas da fé, como possibilidade que transforma. A cruz como transformação, como foi para Jesus”, sublinhou o arcebispo de Manaus. Ele citou as palavras de Santo Hilário: “Devemos, pois, seguir ao Senhor, tomando a cruz de sua paixão se não na realidade, ao menos com a vontade”. Tome sua cruz Igualmente, mencionou Santo Agostinho, que se pergunta e responde:“O que significa: tome sua cruz? Que saiba suportar o que é doloroso e, desta maneira, siga-me. Porque quando um homem começar a me seguir comportando-se segundo meus preceitos, encontrará muitos que lhe contradirão, muitos que se oporão a ele, e muitas coisas para desanimá-lo. E tudo isso de parte dos que pretendem ser companheiros de Cristo. Também caminhavam com Cristo os que impediam os cegos de gritarem (Mt 20,31). Se você quer seguir a Cristo, tudo se converte em cruz, sejam as ameaças, as adulações ou proibições. Resista, suporta, não se deixe abater.” “No sofrer com Ele, sofrer por Ele e Dele aprendemos as virtudes que ele nos propõe nos seus gestos e palavras:  fraternidade, a filiação divina, a irmandade, o Reino de Deus.  Porque seguir a Cristo consiste em ser ciumento pela virtude e sofrer tudo por Ele”, disse inspirado em São João Crisóstomo. “Carregar a cruz como Jesus que fez a vontade do Pai até a morte e morte de cruz. Fazer a vontade do Pai é algo particularmente exigente e delicado, uma vez que é possível confundir com a vontade do Pai as nossas habilidades, escolhas e desejos. Por isso, a necessidade de toda a vida aprender esse modo ‘sui generis’ aquilo que precisamente denominarmos seguimento. Fazer a vontade do Pai é viver o radicalismo evangélico com aquela atitude de Francisco, quando escutou o Evangelho do ‘discurso Missionário’: ‘é isso que eu quero, isso que procuro, é isso que desejo fazer de todo coração’ (1Cl 22)”, disse o cardeal Steiner. Liberdade e gratuidade Em palavras do presidente do Regional Norte 1, “fazer não significa simples execução de qualquer coisa; também não significa simplesmente uma ordem, um desejo. Fazer a vontade do Pai contém todo o dinamismo da liberdade e da gratuidade de Deus, a saber: é designo de amor do Pai de Cristo Jesus. Fazer a vontade do Pai é deixar-se tomar desta força criadora que enche o universo, que cria novos céus e nova terra, que envia o sol e a chuva sobre justos e injustos. que limpa os vales das sombras de morte com o sopro vivificante da ressurreição, que desce até aos abismos e sobe até aos céus, que cuida dos pássaros do céu e das flores do campo, que derruba os poderosos dos tronos e eleva os humildes. Em uma palavra, fazer a vontade do Pai é ser perfeito como é perfeito o nosso Pai celeste (Mt 5,48)”. A partir do texto evangélico: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me”, ele disse que “parece duro e penoso, diz santo Agostinho. Mas não é nem duro nem penoso, porque quem manda é o mesmo que nos ajuda a realizar o que nos manda. Porque se for verdade a palavra do salmo “conforme as palavras dos vossos lábios, segui os caminhos da lei” (Sal 16,4), também é uma palavra verdadeira a…
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XVII Assembleia Regional da Pastoral da Juventude: avaliar a caminhada e projetar o futuro

A Maromba de Manaus acolhe de 5 a 7 de setembro de 2025 a XVII Assembleia Regional da Pastoral da Juventude, com mais de 30 participantes. O tema que será refletido é “Juventude: espaço de esperança que sonha novos horizontes”, tendo como lema: “O Senhor vai acendendo luzes”. Avaliação e projeção Uma assembleia para realizar uma avaliação da caminhada dos três últimos anos, do ponto de vista das lideranças, e fazer uma projeção do próximo triênio com a construção do Puxirum, que é o Plano de Evangelização da Pastoral da Juventude do Regional Norte I AM/RR, segundo dom Tadeu Canavarros, bispo da prelazia de Itacoatiara e referencial da Juventude no Regional Norte 1. A PJ se encontra presente em todas as Igrejas locais do Regional Norte 1, ao menos com a presença de grupos de base, mesmo que nem todas têm coordenação em nível de Igreja local. Nas bases a Pastoral da Juventude realiza formações de diversos tipos com coordenações de grupo de base, mediante um caminho metodológico dividido em etapas. Uma Pastoral que no Regional Norte 1 assume em sua mística e espiritualidade as características da região de florestas, rios e serras, sendo espaço de encontro e celebração. Nesse campo da espiritualidade, a formação tem ajudado os jovens no Ofício Divino da Juventude ou a Leitura Orante. Junto com isso, retiros espirituais e encontros de espiritualidade fazem parte da caminhada da PJ, que conta com assessores leigos e religiosos. Puxirum Existem dificuldades enquanto às coordenações, que não completam o tempo estipulado por diversos motivos, existindo uma certa dificuldade em encontrar novas lideranças nas Igrejas locais. O Puxirum, Plano de Evangelização da Pastoral da Juventude do Regional Norte 1 tem como fundamentos a espiritualidade, em vista da valorização dos momentos orantes e celebrativos que afirmam o jeito de ser e rezar dos jovens; a formação e relações, que busca formação de lideranças e processos de identidade da PJ, bem como o acompanhamento e Formação das assessorias; ações transformadoras e missionárias, que visam políticas públicas para a Juventude e dimensão integral da Juventude em sua totalidade eclesial e social; cultura e comunicação, buscando formas de evangelização no mundo contemporâneo com as ferramentas digitais culturais; sustentabilidade, para assim garantir a missão evangelizadora no Regional.